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Embriões Excedentários

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Embriões Excedentários

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Posição da comunidade cientificaOs embriões excedentários produzidos para facilitar os tratamentos de infertilidade, mas que, por várias razões, acabam por não ser implantados no útero, constituem uma fonte óbvia de células estaminais embrionárias para investigação. Os cientistas desta área de investigação defendem que, uma vez que os embriões excedentáriosserão destruídos ou congelados indefinidamente, deverão poder ser utilizados em projetos de investigação científica que poderão produzir benefícios, e que a investigação nestes embriões suscita menos problemas éticos do que a investigação que utiliza tecido de fetos mortos, uma vez que o desenvolvimento embrionário não terá ainda ultrapassado a fase de oito células. Muitos cientistas apontam que destruir embriões humanos e um desperdício imoral, pois podem ser benéficos para trabalhos com células estaminais. Já outros cientistas defendem que a vida do embrião, desde o zigoto, deve ser protegida para não se correr o risco de discriminar seres humanos, instrumentando uns em benefício de outros. O embrião deve ser protegido como uma pessoa para evitar o risco de o discriminar ao admitir a sua destruição para o benefício de outras pessoas.

Posição da comunidade religiosaA comunidade religiosa opõe-se a este tipo de investigação em embriões, salientam que a derivação de células estaminais embrionárias de blastocistos implica, necessariamente, a destruição do embrião. Defendem que o embrião tem um estatuto moral equivalente ao de um ser humano e consideram esta prática inaceitável.deve ser promovida a proteção dos embriões humanos que sobram nos processos de fecundação assistida, e o erro cometido com a produção e armazenamento destes embriões não justifica um outro erro, como seja a sua utilização em investigação, reduzindo-os ao estatuto de coisas ou objetos e negando o seu significado ontológico, ainda mais quando essa mesma investigação pode ser realizada recorrendo a células multipotentes adultas. Defendem ainda a proibição da produção de embriões humanos para a investigação e a utilização de recursos públicos apenas na promoção de investigações e terapias que utilizem células multipotentes humanas adultas. D. José Policarpo, ex-cardeal patriarca de Lisboa, considerou que processo técnico-científico devia evitar a existência de embriões excedentários.

Posição dos paisPor mais que se discuta sobre este assunto, afirmar que os embriões pertencem a quem os formou é uma verdade indubitável. A decisão dos casais, direta ou indiretamente, é afetada por vários fatores que, vão desde a própria equipa médica até à sociedade que os rodeia. Muitos pacientes “deixam tudo nas mãos” dos profissionais quando chega a hora da decisão e, estes podem induzi-los em erro, “obrigando-os” a tomar uma decisão que mais tarde se poderão arrepender. Segundo depoimento de um provável futuro pai, as equipas médicas podem fazer “pressão” para que os futuros pais olhem para a existência de embriões excedentários como uma obrigatória consequência das aplicações de tecnologias de PMA.

Posição dos políticosNa União Europeia há uma acentuada diferença entre os vários Estados-Membros, diferença já adotada anteriormente quando referido o número de anos que os embriões podem sercriopreservados. Na Irlanda, a Oitava Emenda Constitucional, a 7 de outubro de 1983, proíbe em absoluto a investigação em embriões. Já na Alemanha, a legislação em matéria de investigação em embriões permite só aquelas que efetivamente beneficia o embrião e que tem por objetivo a gravidez. Por outro lado, países como Finlândia, Grécia, Espanha e Suécia, durante os primeiros 14 dias de desenvolvimento embrionário é permitido realizarem alguns tipos de investigação em embriões. Em Portugal, segundo o artigo 9º da lei 32/2006 é proibida a criação de embriões através da PMA com o objetivo deliberado da sua utilização na investigação científica. O recurso a embriões para investigação científica só pode ser permitido desde que seja razoável esperar que daí possa resultar benefício para a humanidade, dependendo cada projeto científico de apreciação e decisão do CNPMA (Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida.)

Argumento finalo embrião humano fora do corpo da mulher é uma estrutura viva muito sensível e que põe à prova a capacidade de cada um refletir sobre o que não é visível ao olhar comum e só pode ser conhecido, indiretamente, pelas informações das ciências biológicas que o observam ao microscópio. não é fácil, ao cidadão comum, conceptualizar o embrião humano nem compreender e aceitar que, porque todos os seres humanos foram, um dia, no princípio, embriões, o embrião é a forma mais simples que pode assumir um corpo humano. e que é sobre esta forma corporal que temos de refletir e decidir quando se levanta a questão de poder ser usado para outros fins que não o do seu próprio desenvolvimento. porque não é fácil, a informação a dar tem de ser simples, compreensível e honesta, os valores e os interesses têm de ser expostos com imparcialidade e transparência e as opções possíveis claramente delineadas.As diferentes posições assumidas pelas comunidades científica e religiosa, pelos progenitores e pela comunidade em geral, inserem-se num vasto leque que, nos seus extremos, engloba perspetivas que vão desde a atribuição ao embrião humano de um estatuto de pessoa plena e condenam todas e quaisquer práticas de investigação que promovam a sua destruição, até perspetivas que não lhe atribuem qualquer estatuto que não seja o de “material” passível de ser doado, transacionado, manipulado e usado em benefício da humanidade.Esta dificuldade em alcançar um consenso internacional relativamente ao destino dos embriões excedentários criopreservados reflete-se, em termos políticos, no facto de nos 41 países que subscreveram a Convenção

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Europeia sobre os Direitos do Homem e a Biomedicina, a regulamentação da investigação em embriões ir desde a sua proibição absoluta à tolerância da criação de embriões exclusivamente para fins de investigação.

Bioética

O embrião humano, desde a fertilização, dispõe de um património genético inovador, resultante da fusão dos gâmetas, e que tem uma dinâmica interna para se tornar num feto, mais tarde numa criança e num ser humano adulto. Ou seja, que a fertilização, em especial a singamia, origina um novo genótipo humano; É neste momento que surge, novamente, uma constituição cromossómica diploide, que se determina o sexo do novo ser humano e que se aumenta a diversidade genética da nossa espécie; A formação do zigoto e posterior desenvolvimento em embrião, feto e recém-nascido, constitui, biologicamente, um processo contínuo sem linha divisória aparente; e que esta continuidade prosseguirá incessantemente até à morte do ser humano; Assim, a única aparente descontinuidade, ao longo do processo evolutivo de um ser humano, verifica-se durante o processo de fertilização, em especial após a singamia, no qual dois elementos biológicos distintos, com diferentes patrimónios genéticos, se fundem num único elemento, que, este sim, se desenvolverá progressivamente até ao nascimento; O zigoto possui o potencial necessário para se desenvolver numa pessoa humana, dado que é o mesmo indivíduo que se está lentamente a transformar nele mesmo até adquirir as características necessárias para ser considerado como um membro da comunidade moral, isto é, uma pessoa humana; Esta potencialidade é a expressão suprema da humanidade uma vez que cada ser humano só é verdadeiramente uma pessoa enquanto dispuser do potencial para exprimir e modificar a sua personalidade; Que potencialidade não se refere a uma mera possibilidade, mas a um programa que possui um dinamismo interno com grande probabilidade de se vir a desenvolver e exprimir; Que, por estes motivos, largos sectores da sociedade entendem que o embrião humano tem um direito inalienável à vida e ao desenvolvimento; Que, de facto, a aplicação das técnicas de Procriação Medicamente Assistida tem originado, em todo o mundo, um número considerável de embriões excedentários; Que por embrião humano “excedentário”, “supranumerário” ou “supérfluo” se deve entender aquele embrião que não foi, nem irá ser transferido para o útero materno – no âmbito de um processo de fertilização in vitro – porque:

a) Foram criados mais embriões do que aqueles que podem ser transferidos num só ciclo e, posteriormente, o casal não pode ou não quer utilizá-los; ou

b) Não é possível a dação desses embriões a outro casal (infértil ou não);

Que por “embrião de investigação” se deve entender aquele embrião que foi especial e especificamente concebido para ser objeto de experimentação, independentemente de ter sido ou não projetada a transferência ulterior, e consequente implantação no útero materno2; Que a entidade humana que decorre da clonagem por transferência somática nuclear não deve ser considerada como um “embrião” dado que, entre outros fatores, não cumpre o requisito essencial de se tratar de um novo genoma humano (património genético inovador) distinto do da célula que lhe deu origem; Que a embriologia, enquanto ciência autónoma, deve encontrar uma designação apropriada para esta entidade humana sendo de excluir expressões tais como “embrião somático”3, “pseudo-embrião”, “quase-embrião”, “clono-to”, “clonão” ou “constructo”, dado que o embrião é apenas, e tão só, o produto da fusão dos gâmetas.

A investigação em embriões criados para fins experimentais – fora de qualquer projeto parental – deve ser considerada ilegítima porque viola o princípio básico do valor intrínseco, não-instrumental, do ser humano;Caso venha a ser aprovado qualquer tipo de investigação em embriões humanos esta deve ser, sempre, precedida:a) De uma revisão sistemática efetuada por uma comissão pluridisciplinar e independente – especificamente constituída para o efeito – e distinta das Comissões de Ética para a Saúde (CES) em funcionamento na maioria dos hospitais portugueses;b) Da obtenção de consentimento informado, livre e esclarecido junto dos dadores de gâmetas de uma forma expressa, de preferência por escrito, não sendo razoável a sua presunção.

PortugalÉ legal utilizar embriões humanos na investigação médica?Não. Em Portugal, nunca houve consenso sobre o estatuto do embrião. Isto impediu todas as tentativas de legislar a procriação clinicamente assistida (nas últimas 2 décadas foram propostos mais de 10 projetos de lei). Existe um Decreto muito generalista (Decreto 135/VII (1997) publicado pelo Conselho de Ministros) proibindo "a criação ou utilização de embriões para fins de investigação ou experimentação científica ". Aceita, no entanto, a investigação "quando esta tenha como único propósito beneficiar o embrião ".É legal a produção de um embrião unicamente para fins de investigação médica?Não. O Decreto 135/VII (1997), publicado pelo Conselho de Ministros, proíbe "a criação ou utilização de embriões para fins de investigação ou experimentação científica ". No entanto, aceita a investigação "quando esta tenha como único propósito beneficiar o embrião". A Convenção Europeia para a Proteção dos Direitos Humanos e Dignidade do Ser Humano no que respeita à Aplicação da Biologia e Medicina (igualmente denominada Convenção de Oviedo) começou a vigorar em Portugal em dezembro de 2001. O Artigo 18 proíbeexpressamente a "criação de embriões humanos para fins de investigação "É legal utilizar embriões humanos para produzir células estaminais?

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Em Portugal não existe legislação respeitante às células estaminais. No entanto, o Artigo 18 da Convenção de Oviedo que tem funciona como lei em Portugal proíbe a "criação de embriões humanos para fins de investigação ".É legal clonar um embrião humano para investigação médica (clonagem terapêutica)?Em Portugal, não existe legislação sobre clonagem terapêutica. Porém, o Artigo 18 da Convenção de Oviedo que tem força de lei em Portugal proíbe explicitamente a "criação de embriões humanos para fins de investigação ". A comunidade científica portuguesa, contudo, concorda com esta possibilidade tecnológica eEncara-a como uma esperança para a medicina do futuro.Existe alguma lei que proíba a clonagem reprodutiva?Sim. A Lei sobre Técnicas de Procriação Assistida, promulgada pelo Parlamento em julho de 1999, proíbe a clonagem reprodutiva e criminaliza a sua utilização.

http://www.bionetonline.org/Portugues/Content/sc_eth.htm

Os cientistas esperam que as células estaminais humanas possam abrir caminho a novos tratamentos para doenças que de outra forma seriam incuráveis, tais como a doença de Parkinson, doenças cardíacas, doença de Alzheimer, paralisia, acidentes vasculares cerebrais e a diabetes.Actualmente, as células estaminais são retiradas de embriões humanos apenas alguns dias após a fertilização. Nesta fase, o embrião mede cerca de um quarto do tamanho de uma cabeça de alfinete.

A utilização de um embrião provoca problemas éticos. Os cientistas esperam poder utilizar, no futuro, células estaminais retiradas de adultos, depois do devido consentimento.

É correcto utilizar um embrião como uma "fábrica" de células estaminais?Para alguns, um embrião recente é apenas uma bola de células sem quaisquer características humanas formadas, passível de investigação médica. Para outros, a investigação com embriões é inaceitável porque consideram o embrião um humano tão completo como um bebé ou um adulto.

Um embrião é um ser humano ou apenas uma bola de células?

Os direitos do embrião prevalecem sobre os direitos de um adulto ou de uma criança que padece de uma doença incurável?

Quando é que um embrião ou feto se torna num ser humano?Para algumas pessoas, tal ocorre no momento da conceção. Para outras, o estado humano aumenta à medida que o feto se desenvolve no útero. Em que momento considera que um feto tem os mesmos direitos que um outro ser humano?

No momento da concepção? Dois meses após a fertilização, quando a cabeça e o corpo são reconhecíveis, embora o embrião não

tenha qualquer consciência uma vez que o cérebro ainda não se desenvolveu? Aos 5 meses e meio quando o feto consegue responder aos sons e sobreviveria, caso nascesse? Só quando o bebé nasce?

É possível obter embriões de modo ético?Existem algumas centenas de milhar de embriões excedentários armazenados em congeladores por toda a Europa. Para alguns deles, o seu destino é incerto. Na Alemanha, a lei explicitamente previne a criação de embriões excedentários, permitindo apenas a fertilização de alguns ovos de cada vez, sendo todos implantados na mãe.

Será que esta abordagem deveria ser aplicada em toda a Europa? O que se deveria fazer com os embriões excedentários? Deveriam ser simplesmente eliminados, ou

deveriam ser utilizados para a investigação da cura de doenças?Existem outras fontes de células estaminais?Investigações recentes sugerem que a medula óssea dos adultos poderá conseguir produzir células estaminais.

Será ético centrar a investigação médica na obtenção de células estaminais adultas, se entretanto morrerem pessoas que padeciam de doenças que as células estaminais embrionárias poderiam ter curado?

Deveria a utilização de embriões para células estaminais ser permitida se a medula óssea dos adultos pudesse produzir células estaminais igualmente boas?

Será que "conta a intenção"?Em congeladores por toda a Europa existem algumas centenas de milhar de ovos, bem como mil milhões de espermatozoides que sobraram de tratamentos de fertilidade. Uma hipótese é utilizar os espermatozóides para fertilizar os ovos, criando assim mais embriões para a investigação de células estaminais.

Será aceitável criar um embrião com a única intenção de o utilizar para investigação antes de o eliminar?

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Como é que se sentiria se o seu ovo ou espermatozoides armazenados fossem misturados com um ovo ou espermatozoide completamente desconhecidos, criando um embrião com o único objectivo de investigação?

Será a clonagem humana uma opção melhor?Pegar num ovo não fertilizado e introduzir o seu próprio ADN poderia dar origem a um embrião que seria um clone seu. Caso tivesse, por exemplo, diabetes ou a doença de Alzheimer, este embrião poderia ser utilizado para fornecer células estaminais para o curar. Algumas pessoas pensam que deveriam ter o direito de fazer o que quisessem com o seu próprio ADN, mesmo que fosse para clonagem. Outras acham que isso dará um "empurrão" à clonagem reprodutiva.

É melhor utilizar um embrião clonado ou um embrião excedentário, que tem uma combinação genética única?

Se nunca houve a intenção do embrião clonado chegar a bebé, será que "tem os mesmos direitos" que um embrião criado para ser implantado no útero?

Será que as vantagens desta investigação prevalecem sobre os custos?Quem tem prioridade nos direitos? É frequente os especialistas em bioética terem em atenção as vantagens e desvantagens. Neste caso, o embrião em si não só é prejudicado, como é eliminado na investigação. Por outro lado, uma pessoa que padeça de uma doença incurável poderia ser curada através das células estaminais originárias desse embrião.

Quem tem prioridade nos direitos? O adulto em fase terminal ou o embrião congelado há quatro dias? Será que as vantagens da investigação das células estaminais prevalecem sobre os danos que possam

vir a ser causados?Um consenso europeu?Alcançar um consenso sobre o que deveria ou não ser permitido tem-se verificado uma tarefa muito difícil em todos os países membros da União Europeia (UE). Os países da UE são cultural e historicamente muito diferentes e um único modelo ético é improvável.

O interessante desta diversidade é que países diferentes se vão concentrar em abordagens diferentes - por exemplo as células estaminais adultas num país e as células estaminais embrionárias noutros.

Sem a existência de um consenso entre os estados-membros da UE, será que quem necessitar de uma terapêutica de células estaminais se deslocará simplesmente ao país vizinho onde este esteja à disposição?