ENCEA - Registro de experiências de EA e comunicação em UCs 2014 relatório técnico contendo registros de experiências de educação ambiental e comunicação desenvolvidas em

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Relatório técnico contendo registros de experiências de educação ambiental e comunicação desenvolvidas em unidades de conservação, categorizando-as por bioma e por categoria de UC. Realizado para o MMA-ICMBio, com a finalidade de subsidiar a implementação da Estratégia Nacional de Comunicação e Educação Ambiental (ENCEA).

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  • 1SOLAR FORMAO, PESQUISA E GESTO LTDA EPPCNPJ: 06.079.533/0001-97

    Qd. 204, Bl. A Lote 2, Ed. Alfa Mix, Sala 250, guas Claras, Braslia/DF CEP71939-540 Telefax: 061 3364-2097

    [email protected] * www.solarconsultoria.com

    Contratante:Instituto Interamericano de Cooperao Agrcola IICA.

    Projeto:BRA/IICA/09/005 EDUCAO AMBIENTAL.

    Beneficirios:Ministrio do Meio Ambiente MMA.Instituto Chico Mendes de Biodiversidade ICMBio.

    Executora:Solar Formao, Pesquisa e Gesto.

    Objeto:Desenvolvimento de estudo tcnico sobre o processo de implementao daEstratgia Nacional de Comunicao e Educao Ambiental em unidades deconservao ENCEA.

    janeiro/2015

    PRODUTO 2Documento no formato de relatrio tcnico contendo registros de experincias

    de educao ambiental e comunicao desenvolvidas em unidades deconservao, categorizando-as por bioma e por categoria de UC.

  • 2REPBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

    Presidenta: Dilma Rousseff

    Vice-Presidente: Michel Temer

    MINISTRIO DO MEIO AMBIENTE

    Ministra: Izabella Teixeira

    Secretrio Executivo: Francisco Gaetani

    SECRETARIA DE ARTICULAO INSTITUCIONAL E CIDADANIA AMBIENTALSecretria: Regina Gualda

    DEPARTAMENTO DE EDUCAO AMBIENTALDiretor: Nilo Diniz

    Gerente: Renata Maranho

    Equipe TcnicaPatrcia Barbosa

    Taiana Brito Nascimento

    INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAO DA BIODIVERSIDADECoordenacao Geral de Gestao Socioambiental: Daniel de Miranda Pinto de Castro

    Coordenacao de Educacao Ambiental: Karina Dino

    SOLAR CONSULTORIADiretor / Gerente de Projeto: Joo de Jesus

    Coordenador: Luiz Fernando Ferreira

    Equipe Tcnica:Debora Menezes PesquisadoraVivian Battaini PesquisadoraLia Chaer Assistente de pesquisaIsabela Kojin Peres - Assistente de pesquisa

    Este produto foi realizado no mbito do Projeto de Cooperao TcnicaBRA/IICA/09/005 EDUCAO AMBIENTAL EEN

    Ministrio do Meio Ambiente

  • 3SUMRIO

    1. INTRODUO................................................................................................................... 9

    2. REVISO BIBLIOGRFICA ........................................................................................... 12

    2.1.Sistematizao................................................................................................................ 12

    2.2.SNUC ...............................................................................................................................13

    2.3.ENCEA ........................................................................................................................... 17

    2.4.Educao Ambiental........................................................................................................ 21

    2.5.Comunicao .................................................................................................................. 26

    2.6.Educomunicao Socioambiental ................................................................................... 29

    3. PROCEDIMENTOS METODOLGICOS ......................................................................... 32

    4. RESULTADOS.................................................................................................................. 34

    4.1. Pesquisa nas redes virtuais............................................................................................ 34

    4.2. Entrevista com o Departamento de Comunicao (Decom) do ICMBio ....................... 36

    4.3.Relatrios da Coordenao de Educao Ambiental (Coedu ICMBio) ....................... 36

    4.4. Indicaes de experincias ........................................................................................... 38

    4.5. Formulrios enviados para os servidores do ICMBio .................................................... 38

    4.6. Educao Ambiental e Comunicao nos Planos de Manejo ....................................... 40

    4.7. Educao Ambiental e Comunicao nas Unidades de Conservao mais visitadas .. 50

    4.8. Entrevistas e contatos com as Unidades de Conservao ........................................... 53

    5. AS UNIDADES DE CONSERVAO E SUAS EXPERINCIAS COMEDUCAO AMBIENTAL E COMUNICAO SISTEMATIZAO DASEXPERINCIAS ................................................................................................................. 54

    5.1 BIOMA AMAZNIA ........................................................................................................ 54

    5.1.1. Reserva Extrativista Arapixi......................................................................................... 54

    5.1.2.Parque Nacional Campos Amaznicos........................................................................ 58

  • 45.1.3. Floresta Nacional de Carajs ..................................................................................... 61

    5.1.4 Reserva Extrativista Quilombo Frechal ...................................................................... 76

    5.1.5. Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque ........................................................ 79

    5.1.6. Reserva Extrativista do Rio Unini ............................................................................... 84

    5.1.7. Floresta Nacional dos Tapajs.................................................................................... 86

    5.1.8. Floresta Nacional de Tef, Resex do Baixo Juru, Resex do Rio Juta ..................... 88

    5.2. BIOMA CAATINGA ....................................................................................................... 93

    5.2.1. Parque Nacional da Chapada Diamantina ................................................................. 93

    5.2.2. Floresta Nacional Contendas do Sincor ................................................................... 96

    5.2.3.Parque Nacional Serra da Capivara ............................................................................ 99

    5.3. BIOMA CERRADO ...................................................................................................... 103

    5.3.1 Parque Nacional de Braslia ...................................................................................... 103

    5.3.2 Parque Nacional Das Emas ....................................................................................... 110

    5.3.3 rea de Proteo Ambiental Nascentes do Rio Vermelho......................................... 113

    5.3.4 Estao Ecolgica Serra das Araras ......................................................................... 117

    5.3.5 Parque Nacional da Canastra .................................................................................... 119

    5.3.6. Estao Ecolgica Serra Geral do Tocantins............................................................ 122

    5.3.7 Floresta Nacional de Silvnia .................................................................................... 126

    5.4 BIOMA MATA ATLNTICA......................................................................................... 132

    5.4.1. Parque Nacional Aparados da Serra......................................................................... 132

    5.4.2. rea de Proteo Ambiental Carste Lagoa Santa .................................................... 137

    5.4.3. Parque Nacional Campos Gerais ............................................................................. 140

    5.4.4. Parque Nacional do Descobrimento/Resex Marinha do Corumbau ......................... 143

    5.4.5. Floresta Nacional de Goyatacazes........................................................................... 148

    5.4.6. Floresta Nacional de Ibirama .................................................................................... 150

    5.4.7. Parque Nacional do Iguau ...................................................................................... 152

  • 55.4.8. Floresta Nacional de Ipanema .................................................................................. 160

    5.4.9. Parque Nacional do Itatiaia........................................................................................ 164

    5.4.10. Parque Nacional do Pau Brasil ............................................................................... 169

    5.4.11. Reserva Biolgica das Perobas ............................................................................. 174

    5.4.12. Parque Nacional de So Joaquim........................................................................... 177

    5.4.13. Parque Nacional Serra da Bocana......................................................................... 179

    5.4.14. Parque Nacional Serra dos rgas ........................................................................ 184

    5.5. BIOMA MARINHO COSTEIRO.................................................................................. 187

    5.5.1. Reserva Extrativista Marinha Baa do Iguape.......................................................... 187

    5.5.2. rea de Proteo Ambiental da Baleia Franca ......................................................... 189

    5.5.3. Estao Ecolgica de Carijs ................................................................................... 201

    5.5.4. Reserva Extrativista do Cassurub........................................................................... 205

    5.5.5. rea de Proteo Ambiental Costa dos Corais ....................................................... 209

    5.5.6. Ao Integrada rea de Proteo Ambiental Guapimirim e Estao Ecolgica da

    Guanabara .......................................................................................................................... 216

    5.5.7. Parque Nacional dos Lenis Maranhenses ............................................................ 222

    5.5.8. Reserva Biolgica Marinha do Arvoredo .................................................................. 227

    5.5.9. Parque Nacional Marinho dos Abrolhos .................................................................. 231

    5.5.10. Parque Nacional Marinho de Fernando De Noronha ............................................. 238

    5.5.11. Reserva Extrativista de Pirajuba........................................................................... 244

    5.4.12. Reserva Extrativista de Soure ................................................................................ 247

    6. ANALISES DAS EXPERINCIAS SISTEMATIZADAS ................................................ 253

    6.1 O Plano de Manejo e as aes sistematizadas ............................................................ 255

    6.2. Responsveis e propositores das aes ..................................................................... 258

    6.3. Motivao e objetivos das aes.................................................................................. 261

    6.4. Parceiros ...................................................................................................................... 264

  • 66.5. Sujeitos da ao .......................................................................................................... 266

    6.6. Perodo de desenvolvimento ....................................................................................... 269

    6.7. Atividades e temas ...................................................................................................... 272

    6.8. Avaliao ..................................................................................................................... 275

    6.9. Comunicao ............................................................................................................... 277

    7. CONSIDERAES FINAIS ........................................................................................... 280

    8. REFERENCIAIS BIBLIOGRFICOS ............................................................................. 286

    9. ANEXOS

    Anexo 1 Roteiro de sistematizao das experincias.......................................................315

    Anexo 2 cruzamento da unidades de conservao identificadas......................................317

    Anexo 3 Formulrio online para unidades que desenvolvem atividades de EA e

    Comunicao........................................................................................................................318

    Anexo 4 Formulrio online para as unidades sem experincias de EA e Comunicao..322

    Anexo 5 Quadro com programas de educao ambiental e comunicao nas Unidades de

    Conservao Federais e como so inseridos no Plano de Manejo......................................327

  • 7LISTA DE GRFICOS

    GRFICO 1 - USO PBLICO EM UNIDADES DE CONSERVAO ..................... 42

    GRFICO 2 PROGRAMAS DE EDUCAO AMBIENTAL NOS PLANOS DE

    MANEJO ................................................................................................................... 43

    GRFICO 3 PROGRAMAS DE EDUCAO AMBIENTAL E COMUNICAO NOS

    PLANOS DE MANEJO .................................................................................... 44

    GRFICO 4 NOMENCLATURA DOS PROGRAMAS DE EDUCAO

    AMBIENTAL ...................................................................................................................

    .................45

    GRFICO 5 PROGRAMAS DE COMUNICAO NOS PLANOS DE MANEJO .. 46

    GRFICO 6 NOMENCLATURA DOS PROGRAMAS DE COMUNICAO ........ 47

    GRFICO 7 - NMERO DE VISITANTES EM TODOS OS PARQUES NACIONAIS

    BRASILEIROS, ENTRE 2006 E 2013 (FORNECIDO PELO ICMBIO) .................... 49

    GRFICO 8 - REPRESENTATIVIDADE POR REGIES DO PAS ...................... 252

    GRFICO 9 REPRESENTATIVIDADE DE CATEGORIAS DE UNIDADE DE

    CONSERVAO .................................................................................................... 252

    GRFICO 10 - EXISTNCIA OU NO DE PLANO DE MANEJO NAS

    UNIDADES ....................................................................................................................

    ..............256

    GRFICO 11 RESPONSVEIS PELAS AES................................................. 257

    GRFICO 12 - PROPOSITORES DAS AES .................................................... 258

    GRFICO 13 - MOTIVAES PARA AS AES ................................................. 260

    GRFICO 14 - PRINCIPAIS PARCEIROS DAS AES ...................................... 263

    GRFICO 15 - SUJEITOS DAS AES ............................................................... 265

    GRFICO 16 - PERODO DE DESENVOLVIMENTO DAS AES ..................... 268

    GRFICO 17 - DESENVOLVIMENTO DE AVALIAO NAS AES .................. 273

  • 8LISTA DE QUADROS

    QUADRO 1 CONTRIBUIES DA EDUCOMUNICAO PARA A GESTOPARTICIPATIVA........................................................................................................ 30

    QUADRO 2 NMERO DE VISITANTES NAS 20 UCS MAIS VISITADAS ........... 52

    QUADRO 3 REPRESENTATIVIDADE DE BIOMAS ........................................... 251

    QUADRO 4 DENTIFICAO DAS DATAS DOS PLANOS DE MANEJO DAS

    UNIDADES ............................................................................................................. 256

    QUADRO 5 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS .................................................... 273

    QUADRO 6 TEMAS TRABALHADOS .................................................................274

  • 91. INTRODUO

    O Ministrio do Meio Ambiente (MMA) e o Instituto Chico Mendes de

    Biodiversidade (ICMBio), por intermdio da Solar Consultoria, e em parceria com o

    Instituto Interamericano de Cooperao para a Agricultura (IICA), coordenam essa

    consultoria com o objetivo de desenvolver estudo tcnico sobre o processo de

    implementao da Estratgia Nacional de Comunicao e Educao Ambiental em

    unidades de conservao Encea1. A

    Estratgia Nacional de Comunicao e Educao Ambiental um documento que

    traz diretrizes, objetivos e propostas para o desenvolvimento de polticas pblicas,

    programas e aes de Educao Ambiental, na interface com a Comunicao,

    incluindo tambm aes no campo da Educomunicao. Este documento compe

    estratgias no contexto do Programa Nacional de Educao Ambiental (ProNEA),

    com base na Poltica Nacional de Educao Ambiental (Lei 9.795/1999).

    Dessa forma, a

    consultoria visa fortalecer e qualificar as aes de educao ambiental e

    comunicao em Unidades de Conservao, em consonncia com as diretrizes da

    Poltica Nacional de Educao Ambiental, do Sistema Nacional de Unidades de

    Conservao e Estratgia Nacional de Comunicao e Educao Ambiental e ser

    desenvolvido entre setembro de 2014 a maio de 2015. As

    principais aes do projeto so:

    Etapa 1: Oficina de gestores e educadores com o objetivo de construir as

    diretrizes, as abordagens metodolgicas e as ferramentas de educao ambiental e

    de comunicao para o material educativo.

    Etapa 2: Levantamento de experincias de educao ambiental e

    comunicao desenvolvidas em unidades de conservao

    Etapa 3: Proposio de indicadores para acompanhamento, monitoramento e

    avaliao das aes de educao ambiental propostas para os programas de

    educao ambiental e comunicao nas UCs.

    1 De acordo com concorrncia N 040/2014.

  • 10

    Etapa 4: Consolidao dos trabalhos em formato de Material Educativo de

    Apoio a Construo dosprogramas de educao ambiental e comunicao das

    unidades de conservao

    Esse relatrio relaciona-se com a segunda fase do projeto e est organizado

    em: Introduo, reviso bibliogrfica, procedimentos metodolgicos, resultados,

    anlises, consideraes finais e recomendaes.

    A reviso bibliogrfica traz uma breve contextualizao terica das temticas

    trabalhadas no relatrio, a saber: sistematizao, Snuc, Encea, Educao Ambiental,

    Comunicao e Educomunicao. Os

    procedimentos metodolgicos descrevem as tcnicas utilizadas para levantamento

    dos dados: secundrios (redes virtuais; relatrios fornecidos pela Coordenao de

    Educao Ambiental, Coedu, do ICMBio; indicaes; planos de manejo; anlise da

    lista de UCs mais visitadas; e formulrio online) e primrios (entrevistas por telefone

    e Skype com responsveis pelas aes). Os resultados

    foram organizados de acordo com cada procedimento adotado. E foi includo o item

    sistematizao das experincias que traz os relatos das atividades efetivamenterealizadas e/ou em andamento organizadas por meio de um roteiro construdo de

    modo participativo por MMA, ICMBio e Solar Consultoria. O levantamento

    feito nos 139 Planos de Manejo disponibilizados no portal2 do ICMBio visava

    identificar de que forma so planejadas as aes e programas de Educao

    Ambiental e Comunicao nas UCs. Considerando que o plano de manejo um

    documento tcnico para nortear as normas de uso e o cumprimento de objetivos

    estabelecidos na criao da unidade, verificar como a Educao Ambiental e a

    Comunicao esto colocadas pode trazer indicadores importantes para a

    implementao da Estratgia Nacional de Comunicao e Educao Ambiental

    (Encea), que foco dessa contratao. O

    relatrio contm 72 registros de experincias de Educao Ambiental e

    Comunicao desenvolvida em 50 Unidades de Conservao (UCs) federais em

    seis biomas brasileiros (Amaznia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlntica, Pampa e

    2 As informaes sobre os planos de manejo das UCs federais esto disponveis ao pblico no endereo http://www.icmbio.gov.br/portal/biodiversidade/unidades-de-conservacao/planos-de-manejo/lista-plano-de-manejo.html. O ltimo acesso para a pesquisadeste relatrio foi realizado em 26 out 2014.

  • 11

    Marinho-Costeiro). As duas unidades de conservao federais do bioma Pantanal

    informaram que no realizam atividades de educao ambiental e/ou comunicao.

    O material levantado uma amostra do universo de 320 UCs existentes no

    pas, e trazem os mais diversos atores sociais, atividades, resultados e

    desdobramentos. So 72 experincias recentes, realizadas nos ltimos cinco anos

    e/ou em andamento, em seis das 12 categorias previstas no Sistema Nacional de

    Unidades de Conservao (Snuc):

    UCs de Uso Sustentvel: Floresta Nacional (Flona), Reserva Extrativista

    (Resex), rea de Proteo Ambiental (APA);

    UCs de Uso Integral: Estao Ecolgica (Esec), Reserva Biolgica (Rebio),

    Parque Nacional (Parna).

    As categorias de unidades de conservao no contempladas devido a

    ausncia de informaes sobre as aes foram: Reserva de fauna, Reserva de

    Desenvolvimento Sustentvel, Reserva Particular de Patrimnio Natural, rea de

    Relevante Interesse Ecolgico UCs de Uso Sustentvel; Monumento Natural e

    Refgio da Vida Silvestre UCs de proteo integral.

    Por fim, h anlises das experincias, consideraes finais e

    recomendaes que podem auxiliar o fortalecimento da ao governamental na

    formulao e na execuo de aes de comunicao e educao ambiental no

    mbito do Snuc.

    No mbito da contratao, essas experincias aqui sistematizadas, bem como

    processo de busca das mesmas, trazem indcios importantes para as prximas

    etapas da consultoria da oficina com gestores do ICMBio ao relatrio de

    indicadores, passando pela produo de material educativo para apoiar a construo

    de aes, projetos e programas de EA e comunicao nas UCs. Parte do que foi

    levantado nessa pesquisa ainda poder ser aproveitado para ampliar o banco de

    dados de aes de educao ambiental que o ICMBio j iniciou, favorecendo o

    acesso informao do que as UCs federais esto realizando na rea, junto

    sociedade em geral.

  • 12

    2. REVISO BIBLIOGRFICA

    2.1 Sistematizao

    A sistematizao uma interpretao crtica dos processos vividos, que

    envolve a identificao, a classificao e o reordenamento dos elementos da prtica.

    Tendo a experincia como objeto de estudo e interpretao terica, de forma que

    possibilite a formulao de aprendizagens e sua disseminao (HOLLIDAY, 2006,

    p.7).

    De acordo com Holliday:

    A sistematizao aquela interpretao crtica de uma ou vriasexperincias que, a partir de seu ordenamento e reconstruo, descobre ouexplicita a lgica do processo vivido, os fatores que intervieram no ditoprocesso, como se relacionam entre si e porque o fizeram desse modo(2006, p.24).

    A sistematizao um meio de alcanar os objetivos, que a orientam e lhe

    do sentido, no caso desse produto, tem-se como meta analisar a relao das

    experincias de educao ambiental e comunicao com as Diretrizes da Encea,

    com vistas a contribuir com a qualificao e disseminao das aes desenvolvidas

    nas Unidades de Conservao brasileiras.

    A sistematizao contribui, enquanto processo, para refletir sobre o que feito

    nas unidades e, enquanto produto, permitir que as aes sejam efetuadas de forma

    mais premeditadas (HOLLIDAY, 2006, p.30). importante ressaltar que a finalidade

    no comparar experincias, ou fazer uma avaliao hierrquica, mas sim

    compartilhar criticamente os resultados que surgem da interpretao dos processos

    e proporcionar uma reflexo coletiva acerca das contribuies e ensinamentos das

    experincias particulares (HOLLIDAY, 2006, p. 32). Para tanto, foi necessrio fazer

    com que as experincias se comunicassem entre si (HOLLIDAY, 2006, p. 33) por

    meio da formulao de um roteiro de sistematizao das experincias que foi

    produzido em parceria Solar, MMA e Coedu (anexo 1).

    A metodologia utilizada para a sistematizao varivel de acordo com seus

    objetivos e preferncias metodolgicas de quem a executa, Holliday prope 5 etapas

    (2006, p. 72):

  • 13

    a) O ponto de partida: acesso s informaes, no caso, registro das

    experincias desenvolvidas;

    b) As perguntas iniciais: que se relacionam com a definio do objetivo,

    delimitao e eixo de sistematizao (Um eixo de sistematizao como um fio

    condutor que atravessa a experincia e se refere aos aspectos centrais dessa(s)

    experincia(s) que nos interessa sistematizar nesse momento (HOLLYDAY, 2006,

    p.81), alm disso, essencial a explicitao do contexto terico para confront-lo,

    enriquece-lo e transform-lo com as contribuies da sistematizao (p.84)

    c) Recuperao do processo vivido; reconstruir a histria, ordenar e classificar

    a informao;

    d) A reflexo de fundo; Analisar, sintetizar e interpretar criticamente o

    processo.

    e) Pontos de chegada; formular concluses sobre as reflexes e comunic-

    las.

    2.2. Sistema Nacional de Unidades de Conservao (Snuc)

    Apesar de haver hoje em dia uma tendncia conservacionista crescente, a

    conscincia da importncia da conservao e preservao de recursos naturais e as

    iniciativas no sentido de viabiliz-las no so fatos recentes.

    O Artigo 225 da Constituio de 1988 garante o direito de todos ao meio

    ambiente ecologicamente equilibrado, e pressupe a definio e manuteno de

    espaos territorialmente protegidos em todas as unidades da federao, de acordo

    com o disposto no inciso III do seu 1. Em sintonia com este artigo foi elaborado o

    Snuc, que passou por um longo processo desde sua concepo primeira at a

    edio em forma de Lei.

    Assim, ser descrito aqui um breve histrico da criao do Sistema Nacional

    das Unidades de Conservao, apresentando seus objetivos e principais diretrizes,

    alm das diferentes categorias de Unidade de Conservao, destacando a

    importncia das mesmas para a preservao da biodiversidade e da

    compatibilizao com o desenvolvimento social e econmico das comunidades.

    Em 1970 foi concebido um planejamento com as diretrizes imprescindveis

    para garantir a preservao ambiental no Brasil. O Instituto Brasileiro de

  • 14

    Desenvolvimento Florestal (Ibdf) e a Organizao no governamental Fundao

    Brasileira para a Conservao da Natureza, propuseram o Plano do Sistema de

    Unidades de Conservao do Brasil, publicado em 1979, que apresentava

    categorias de manejo ainda inexistentes. Mais tarde, o Ibdf elaborou a segunda

    etapa do plano, dando origem ao Sistema Nacional de Unidades de Conservao

    (Snuc), sancionado pelo governo em 1982.

    Apesar de constituir um importante passo em direo criao das UCs, o

    Snuc no apresentava amparo legal para categorizao e estabelecimento formal

    das Unidades. Assim, em 1988, uma parceria entre a ONG Fundao Pr-Natureza

    (Funatura), a Secretaria Especial do Meio Ambiente (Sema) e o Ibdf, mais tarde

    substitudo pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

    Renovveis (Ibama), alavancou a reviso das categorias de UCs e a elaborao de

    um Anteprojeto de Lei, com objetivo de fornecer suporte legal ao Snuc. Em 1989, o

    Ibama e a Funatura publicaram duas verses de Anteprojetos de Lei.

    Apenas em 18 de julho de 2000 foi sancionada a lei que instituiu o Snuc, aps

    muitas discusses no Executivo e Legislativo, alm de diversas consultas pblicas e

    modificaes. Assim, foi oficializado o sistema como um conjunto de diretrizes e

    normas que possibilitam a criao, implantao e gesto de unidades de

    conservao, por parte das esferas governamentais federal, estadual e municipal.

    De acordo com o primeiro inciso do Art. 2 da Lei No 9.985, de 18 de julho de

    2000:Unidade de conservao: espao territorial e seus recursos ambientais,incluindo as guas jurisdicionais, com caractersticas naturais relevantes,legalmente institudo pelo Poder Pblico, com objetivos de conservao elimites definidos, sob regime especial de administrao, ao qual se aplicamgarantias adequadas de proteo (pg. ?)

    Portanto, as Unidades de Conservao abrangem um territrio que apresenta

    caractersticas ambientais de inestimvel valor devido a sua vegetao, bacia

    hidrogrfica, e biodiversidade do ecossistema. A preservao desses territrios

    imprescindvel para a manuteno do equilbrio ecolgico e garantem servios

    ambientais como o fornecimento de gua, controle trmico, reduo da poluio,

    sobrevivncia de polinizadores para manuteno de cultivos agrcolas, proteo do

    solo e de encostas, manuteno de bancos genticos e mitigao aos efeitos das

    mudanas climticas.

  • 15

    H 12 categorias de Unidades de Conservao (UCs) federais, estaduais e

    municipais, que so definidas pelo Snuc e diferenciadas de acordo com o objetivo e

    grau de proteo, podendo permitir usos distintos por parte da sociedade. De

    maneira estratgica, parte das unidades que exigem maior cuidado e menor

    interveno humana definem as Unidades de Proteo Integral. Por outro lado, h

    regies que podem ser utilizadas para gerao de renda, aliada preservao

    (Unidades de Uso Sustentvel). Assim, possibilitada a conservao da

    biodiversidade e o desenvolvimento sustentvel das comunidades tradicionais.

    Segue abaixo a descrio das diferentes categorias de UC, conforme art. 7

    da lei 9985/2000

    Unidades de Proteo Integral: Tem como objetivo bsico preservar anatureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais, com

    exceo dos casos previstos nesta Lei.

    De acordo com o artigo 8o, o grupo das Unidades de Proteo Integral

    composto pelas categorias: Estao Ecolgica (Esec); Reserva Biolgica (Rebio);

    Parque Nacional (Parna); Monumento Natural; Refgio de Vida Silvestre.

    Unidades de Uso Sustentvel: Tem como objetivo bsico compatibilizar aconservao da natureza com o uso sustentvel de parcela dos seus recursos

    naturais.

    De acordo com o artigo 14o, o grupo das Unidades de Uso Sustentvel

    apresenta as seguintes categorias de unidade de conservao: rea de Proteo

    Ambiental (APA); rea de Relevante Interesse Ecolgico; Floresta Nacional (Flona);

    Reserva Extrativista (Resex); Reserva de Fauna; Reserva de Desenvolvimento

    Sustentvel; e Reserva Particular do Patrimnio Natural.

    Os objetivos do SNUC so descritos no Artigo 4o, sendo composto por 13

    itens listados abaixo:

    I - contribuir para a manuteno da diversidade biolgica e dos recursos genticosno territrio nacional e nas guas jurisdicionais;

    II - proteger as espcies ameaadas de extino no mbito regional e nacional;III - contribuir para a preservao e a restaurao da diversidade de ecossistemasnaturais;

    IV - promover o desenvolvimento sustentvel a partir dos recursos naturais;V - promover a utilizao dos princpios e prticas de conservao da natureza noprocesso de desenvolvimento;

  • 16

    VI - proteger paisagens naturais e pouco alteradas de notvel beleza cnica;VII - proteger as caractersticas relevantes de natureza geolgica, geomorfolgica,espeleolgica, arqueolgica, paleontolgica e cultural;

    VIII - proteger e recuperar recursos hdricos e edficos;IX - recuperar ou restaurar ecossistemas degradados;X - proporcionar meios e incentivos para atividades de pesquisa cientfica, estudos emonitoramento ambiental;

    XI - valorizar econmica e socialmente a diversidade biolgica;XII - favorecer condies e promover a educao e interpretao ambiental, arecreao em contato com a natureza e o turismo ecolgico;

    XIII - proteger os recursos naturais necessrios subsistncia de populaestradicionais, respeitando e valorizando seu conhecimento e sua cultura e

    promovendo-as social e economicamente.

    As Unidades de Conservao representam um patrimnio nacional de valor

    inestimvel, com um potencial para propiciar significativos benefcios sociedade e

    ao desenvolvimento do pas, de maneira controlada e sustentvel, respeitando a

    capacidade natural de resilincia da natureza.

    Alm disso, de acordo com a categoria de Unidade de Conservao, a

    Educao ambiental permitida e incentivada, propiciando a divulgao da

    importncia da preservao da rea, valorizao e empoderamento por parte da

    comunidade do entorno. A Educao Ambiental destacada nos artigos 4 e 5 que

    ressaltam os objetivos e as diretrizes do SNUC respectivamente:

    No Art. 4o o item XII ressalta o objetivo de favorecer condies e promover a

    educao e interpretao ambiental, a recreao em contato com a natureza e o

    turismo ecolgico

    De acordo com Art. 5o, o item IV ressalta que o SNUC regido por diretrizes

    que

    busquem o apoio e a cooperao de organizaes no-governamentais, deorganizaes privadas e pessoas fsicas para o desenvolvimento deestudos, pesquisas cientficas, prticas de educao ambiental, atividadesde lazer e de turismo ecolgico, monitoramento, manuteno e outrasatividades de gesto das unidades de conservao.

  • 17

    Assim, a existncia e manuteno das Unidades de Conservao deve

    proporcionar benefcios sociedade e para a preservao dos biomas, por fornecer

    servios ambientais, garantir a educao e interpretao ambiental e permitir o

    desenvolvimento sustentvel, de forma a resguardar o patrimnio natural para as

    futuras geraes e manuteno da biodiversidade.

    Contudo, h muitos percalos a serem encarados pelo Brasil, no somente

    em relao ao aumento da proteo de ecossistemas ricos em biodiversidade e de

    elevada vulnerabilidade, mas tambm consolidao e estabelecimento das

    unidades j existentes. Para tanto, necessrio que as unidades de conservao

    tenham a garantia de sustentabilidade financeira, alm do reconhecimento por parte

    da sociedade dos benefcios gerados por estas reas, o que propiciado de

    maneira significativa pela Educao Ambiental (Sousa; Santos; Salgado e Araujo,

    2011).

    2.3. A Estratgia Nacional de Comunicao e Educao Ambiental(Encea)

    A presente seo tem como finalidade proporcionar o panorama histrico de

    construo da Encea e apresent-la de forma sucinta e objetiva, de forma a

    contextualizar e embasar o trabalho aqui desenvolvido.

    Histrico

    Em outubro de 2006 foi publicada a Portaria n 289, do Ministrio do Meio

    Ambiente, instituindo um Grupo de Trabalho (GT) para desenvolver as atividades

    necessrias construo da Encea, com integrantes do MMMA, Ibama e MEC.

    Mais tarde, em agosto de 2007, o ICMBio foi criado a partir da diviso do

    Ibama. Dessa forma, as aes de execuo da poltica ambiental, planejadas pelo

    MMA, passaram a ser responsabilidade compartilhada pelo ICMBio, Ibama e Servio

    Florestal. Soma-se a isso, o fato da nova configurao do Ibama ter extinto a

    Coordenao Geral de Educao Ambiental.

    A diviso do Ibama e criao do ICMBio ocorreu em um contexto de

    discrdias na instituio e de fragilidades, evidenciadas principalmente pela

    ausncia de um planejamento especfico para a Educao Ambiental:

  • 18

    Apesar de alguns servidores participarem desse momento inicial [de criaoda Encea], o conjunto de educadores da instituio prefere no se envolvernessa construo. Esse fato agravado por estarmos falando das pessoasque acreditam na participao como estratgia de gesto ambiental, porquedentro da autarquia temos tambm um grupo de servidores que consideramque os processos participativos demandam muito tempo e atrasam oprocesso de tomada de deciso. O ICMBio recm criado tambm nascesem uma estrutura prevista para a Educao Ambiental (hoje temos umaCoordenao de Educao Ambiental), naquele momento, os servidoresiniciam uma greve contra a diviso do Ibama (FABI, 2014, p.31 e 32).

    Assim, o ICMBio passou a integrar o Grupo de Trabalho para desenvolver as

    atividades necessrias construo da Encea em 2007 porm com pouco apoio dos

    seus servidores. Para subsidiar a estratgia, inicialmente foi necessrio realizar o

    Mapeamento e diagnstico das aes de Educao Ambiental e Comunicao,

    evidenciando suas fragilidades e potencialidades. A publicao do Mapeamento e

    Diagnstico das Aes de Comunicao e Educao Ambiental no mbito do Snuc

    veio a ocorrer mais tarde, em 2008, aps alguns eventos como encontros e oficinas

    para apresentao, compartilhamento e elaborao participativa das diretrizes da

    Encea.

    Em junho de 2007 ocorreu o primeiro momento de apresentao da Encea

    durante o V Congresso Brasileiro de Unidades de Conservao, em Foz do Iguau

    (PR). O intuito da apresentao foi compartilhar a demanda pela elaborao e colher

    sugestes sobre a elaborao participativa do documento. Como resultado o grupo

    iniciou a sistematizao das contribuies advindas das apresentaes e debates da

    Estratgia e elaborou a primeira proposta de estrutura para o documento. Alm

    disso, desenvolveu-se uma proposta para a elaborao participativa da Encea, como

    um documento a ser aprimorado periodicamente.

    Segundo FABI (2014), a apresentao do documento ocorreu em um

    momento atribulado, marcado por discrdias e mobilizaes para defender a

    unidade da autarquia. Essa condio pode ter conduzido a uma rejeio por um

    conjunto importante de servidores das autarquias do Ministrio, que seriam parceiros

    em potencial. O autor destaca que a continuidade do processo no ICMBio pode ter

    sido responsvel por diluir parte dessa rejeio ao longo do tempo (FABI, 2014, p.

    32).

    Um ano aps o encontro, em junho de 2008, o GT Encea realizou uma oficina

    com colaboradores, em Braslia, com objetivo de debater a estrutura proposta e

    aprofundar o contedo do documento. Os convidados foram indicados por sua

  • 19

    experincia em Educao Ambiental e Comunicao, considerando distintos

    processos relacionados a Unidades de Conservao. No evento, foram realizadas

    oficinas especficas nas Coordenaes Regionais do ICMBio, envolvendo membros

    das trs esferas de governo e da sociedade civil organizada, alm da realizao de

    consultas pblicas presenciais e distncia.

    Dando continuidade participao e aos levantamentos realizados nos

    encontros de 2007 e 2008, em novembro de 2010 foi realizada uma oficina nacional

    na Acadebio, no centro de formao do ICMBio. O propsito era finalizar o processo

    em conjunto com os gestores de unidades de conservao de todo o pas e

    sistematizar a primeira verso da Encea. A anlise do documento final, fez com que

    sua nomenclatura inclusse a palavra Diretrizes para a Encea.

    Aps a consolidao do documento, o processo manteve continuidade. Em

    2011 ocorreu uma Oficina estadual na Bahia e a Proposta de Recomendao

    Conama. Em setembro de 2013, o Workshop Educao Ambiental e Comunicao

    Rumo Encea, ocorreu durante o Seminrio Brasileiro sobre reas Protegidas e

    Incluso Social (Sapis), de forma a difundir os eixos e diretrizes do documento,

    evidenciando sua importncia para a gesto participativa e incluso social.

    O presente trabalho parte de um estudo realizado pela Solar Consultoria,

    para aprimoramento do diagnstico, definio de indicadores e produo de

    materiais no mbito da Encea

    O que a Encea

    O documento se divide em uma parte introdutria composta por:

    apresentao, prefcio, introduo, um breve resumo do que se trata o Snuc,

    histrico do processo de elaborao da Encea e documentos de referncia.

    Posteriormente, h a definio da Encea e sua contextualizao em unidades de

    conservao, alm do objetivo geral, objetivos especficos, pblicos envolvidos,

    princpios, eixos, diretrizes e aes estratgicas e consideraes finais.

    A Encea tem em seu cerne a incluso e participao social nos processos de

    criao, implantao e gesto das Unidades de Conservao federais, estaduais e

    municipais, com resultante fortalecimento da cidadania. Dessa forma, o

    (re)conhecimento, valorizao, criao e implementao das Unidades de

  • 20

    Conservao federais, estaduais e municipais, so estratgias bsicas e

    imprescindveis, conforme previsto no Snuc (MMA, 2010, p.19 e 20).

    Para tanto, aes de Comunicao e Educao Ambiental em Unidades de

    Conservao, Corredores Ecolgicos, Mosaicos e Reservas da Biosfera, em seu

    entorno e nas zonas de amortecimento, tem de ser fortalecidas e estimuladas, e

    fazem parte do objetivo central da Encea.

    As aes de educao ambiental e comunicao so recomendadas a todos

    os pblicos, e apresentam como princpios: participao, dilogo e interatividade, Uc

    como cenrios sociais, pertencimento, transdisciplinaridade, tica ambiental, justia

    ambiental, pensamento crtico, emancipao, valorizao da cultura e do

    conhecimento tradicional local e isonomia e equidade entre grupos sociais e

    intrainstitucional.

    Tais princpios devem ser aplicados nas diferentes etapas, para que haja

    coerncia e coeso nas aes. Assim implementao das aes pela Encea

    recomendada em 3 eixos: criao de UC (nos estudos tcnicos preliminares e na

    realizao de consulta pblica); implantao de UC (elaborao de Plano de

    Manejo, na criao de Conselho gestor); e gesto de UC (na consolidao territorial,

    na proteo, no manejo da biodiversidade e dos recursos naturais, no uso pblico,

    na pesquisa e monitoramento, nas autorizaes e processos de licenciamento, na

    gesto de conflitos socioambientais, na gesto participativa, na integrao com as

    comunidades, e na articulao inter-instituional).

    Para tanto, h 5 diretrizes principais, cada qual com 8 a 15 aes

    estratgicas:

    Diretriz 1: Fortalecimento da ao governamental na formulao e execuo

    de aes de comunicao e educao ambiental no mbito do Snuc;

    Diretriz 2: Consolidao das formas de participao social nos processos de

    criao, implementao e gesto de Unidades de Conservao;

    Diretriz 3: Estmulo insero das Unidades de Conservao como temtica

    no ensino formal;

    Diretriz 4: Insero das Unidades de Conservao como temtica nos

    processos educativos no-formais;

  • 21

    Diretriz 5: Qualificao e ampliao da abordagem da mdia com relao s

    Unidades de Conservao e estmulo s prticas de comunicao

    participativa com foco educativo na gesto ambiental.

    2.4. Educao Ambiental

    A educao ambiental um conceito polissmico, relacionado aos

    referenciais de sociedade, educao e ambiente e vem sendo incorporada como

    uma prtica inovadora em diferentes mbitos.

    Neste sentido, Carvalho (2001) destaca tanto sua internacionalizao como

    objeto de polticas pblicas de educao e meio ambiente em mbito nacional,

    quanto sua incorporao num mbito mais capilarizado, como mediao educativa,

    por um amplo conjunto de prticas de desenvolvimento social (p. 44).

    Para Sorrentino et al (2005) a educao ambiental surge como das possveis

    estratgias para o enfrentamento da crise civilizatria, pois sua perspectiva crtica e

    emancipatria visa deflagrao de processos nos quais a busca tanto individual

    quanto coletiva por mudanas culturais e sociais esto dialeticamente indissociadas

    (p. 285).

    No entanto, o conceito de educao ambiental abrangente, o que pode

    trazer impreciso, generalizao e a suposio de que h convergncia do variado

    conjunto de prticas que se denominam educao ambiental. Nesse sentido,

    Carvalho (2001) traz a reflexo:

    existe uma educao ambiental ou vrias? Ser que todos os que estofazendo educao ambiental comungam de princpios pedaggicos e de umiderio ambiental comuns? A observao destas prticas facilmentemostrar um universo extremamente heterogneo no qual, para alm de umprimeiro consenso em torno da valorizao da natureza como um bem, huma grande variao das intencionalidades socioeducativas, metodologiaspedaggicas e compreenses acerca do que seja a mudana ambientaldesejada (CARVALHO, 2001, p.44)

    Buscando conceituar e caracterizar a educao ambiental que oriente este

    trabalho tem-se como principais referenciais a Poltica Nacional de Educao

    Ambiental, o Programa Nacional de Educao Ambiental e o Tratado de Educao

    Ambiental para Sociedades Sustentveis e Responsabilidades Globais, documentos

    que norteiam as polticas pblicas de educao ambiental no pas e que esto

  • 22

    citados na Encea. Dessa forma, ser feito um breve resgate dos mesmos luz das

    unidades de conservao.

    Somado aos documentos oficiais importante frisar que os cursos que vem

    sendo realizados e o fortalecimento da EA nas UCs desde o tempo do Ibama,

    fortemente personificado no professor Quintas, tm contribudo positivamente com

    as aes de educao ambiental desenvolvidas nas unidades que, para alm de

    um ecossistema natural, um espao de relaes socioambientais historicamente

    configurado e dinamicamente movido pelas tenses e conflitos sociais

    (CARVALHO, 2001, p. 45).

    Os cursos e as aes de Educao Ambiental do ICMBio trazem a concepo

    de educao ambiental crtica, mas nomeada como Educao para a gesto

    ambiental. A especificidade desta no mbito da traduo crtica est na sua

    finalidade, qual seja, estabelecer processos sociais, polticos-institucionais e prticas

    educativas que fortaleam a participao popular em espaos pblicos, o controle

    social das polticas pblicas e a reverso das assimetrias no uso e na apropriao

    de recursos naturais, tendo por referncia os marcos regulatrios da poltica

    ambiental brasileira (IBAMA/ CGEAM, 2005; QUINTAS, 2000, In: LOUREIRO,

    C.F.B., SAISSE, M. 2014, p.106)

    Tratado de Educao Ambiental para Sociedades Sustentveis eResponsabilidade Global

    O Tratado fruto da 1 Jornada Internacional de Educao Ambiental,

    realizada no Rio de Janeiro, durante o Frum Global da Eco/92, evento paralelo 2

    Conferncia das Naes Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Rio/92 e

    traz a EA como um processo de aprendizagem permanente, baseado no respeito a

    todas as formas de vida. Tal educao afirma valores e aes que contribuem para a

    transformao humana e social e para a preservao ecolgica e que requer

    responsabilidade individual e coletiva a nvel local, nacional e planetrio.

    Sua construo contou com a participao de educadoras e educadores,

    entre adultos, jovens e crianas, de oito regies do mundo (Amrica Latina, Amrica

    do Norte, Europa, sia, Estados rabes, frica e Pacfico do Sul), sendo publicado

    em cinco idiomas e revisitado em 2006. Possui 16 princpios e 22 diretrizes que

    orientam seu plano de ao.

  • 23

    Traz como perspectiva a construo de sociedades sustentveis, com

    pessoas que se ecoeducam e educam umas as outras na perspectiva do dilogo

    permanente e, portanto, dirigida a toda sociedade e grupos sociais.

    Poltica Nacional de Educao Ambiental (Pnea)

    A Pnea foi instituda em 1999 pela Lei no 9.795 sob a coordenao do rgo

    Gestor, Ministrios do Meio Ambiente e da Educao ela traz a seguinte definio de

    educao ambiental:

    os processos por meio dos quais o indivduo e a coletividade constroemvalores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competnciasvoltadas para a conservao do meio ambiente, bem de uso comum dopovo, essencial sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade (artigo 1,Pnea).

    A Pnea enuncia, em seu artigo 2, que a EA deve estar presente nas

    modalidades do processo educativo de carter no formal, e destaca que essa

    modalidade a ser desenvolvida nas unidades de conservao, sendo

    responsabilidade dos rgos integrantes do Sinama: promover aes de educao

    ambiental integradas aos programas de conservao, recuperao e melhoria do

    meio ambiente (art.3).

    A educao ambiental no formal, presente no Art. 13, envolve as aes e

    prticas educativas voltadas sensibilizao da coletividade sobre as questes

    ambientais e sua organizao e participao da qualidade do meio ambiente,

    enfatizando que o Poder Pblico dever incentivar, entre outros, a sensibilizao

    ambiental sobre a importncia das unidades de conservao, bem como a

    sensibilizao ambiental das populaes tradicionais ligadas estes territrios.

    No seu artigo 4 a poltica define como princpios bsicos da EA:

    enfoque humanstico, holstico, democrtico e participativo; a concepo demeio ambiente em sua totalidade, considerando a interdependncia entre omeio natural, o scioeconmico e o cultural, sob enfoque dasustentabilidade; o pluralismo de ideias e concepes pedaggicas, naperspectiva da inter, multi e transdiciplindaridade; a vinculao tica, aeducao, o trabalho e as prticas sociais; a garantia de continuidade epermanncia no processo educativo; a permanente avaliao crtica doprocesso educativo; a abordagem das questes articuladas locais,regionais, nacionais e globais; e o reconhecimento e o respeito pluralidadee diversidade individual e cultural. (pg. 1)

  • 24

    Entre os objetivos fundamentais da EA apresentados no artigo 5 da Pnea

    destacam-se:

    II a garantia de democratizao das informaes ambientais;

    III o estmulo e o fortalecimento de uma conscincia crtica sobre a

    problemtica ambiental e social;

    IV o incentivo participao individual e coletiva, permanente e

    responsvel, na preservao do equilbrio do meio ambiente, entendendo-se a

    defesa da qualidade ambiental como um valor inseparvel do exerccio da cidadania;

    e

    VII o fortalecimento da cidadania, autodeterminao dos povos e

    solidariedade como fundamentos para o futuro da humanidade.

    Vale ressaltar que os parmetros estabelecidos na Pnea compem as

    diretrizes usadas nas demais leis da rea ambiental e administraes pblicas a

    nvel nacional servindo de padro s mesmas.

    Programa Nacional de Educao Ambiental (Pronea)

    O Programa Nacional de Educao Ambiental (Pronea), coordenado pelo

    rgo gestor da Poltica Nacional de Educao Ambiental, tem sua ltima verso

    datada de 2004 (aps ampla consulta pblica) e traz como misso educao

    ambiental contribuindo para a construo de sociedades sustentveis com pessoas

    atuantes e felizes em todo o Brasil.

    Ele desempenha um importante papel na orientao de agentes pblicos e

    privados para a reflexo e construo de alternativas que almejem sociedades

    sustentveis, tendo a Educao Ambiental como um dos elementos fundamentais na

    gesto ambiental.

    O documento do programa organizado em: apresentao, justificativa,

    antecedentes, diretrizes, princpios, misso, objetivos, pblicos, linhas de ao,

    estrutura organizacional e anexos.

    O PRONEA previu trs componentes: (a) capacitao de gestores eeducadores, (b) desenvolvimento de aes educativas, e (c)desenvolvimento de instrumentos e metodologias, contemplando sete linhasde ao: (1) educao ambiental por meio do ensino formal, (2) educao

  • 25

    no processo de gesto ambiental, (3) campanhas de educao ambientalpara usurios de recursos naturais, (4) cooperao com meios decomunicao e comunicadores sociais, (5) articulao e integraocomunitria, (6) articulao intra e interinstitucional, e (7) rede de centrosespecializados em educao ambiental em todos os estados (p.25).

    As diretrizes do Pronea so: transversalidade e interdisciplinaridade;

    descentralizao espacial e institucional; sustentabilidade socioambiental;

    democracia e participao social; e aperfeioamento e fortalecimento dos sistemas

    de ensino, meio ambiente e outros que tenham interface com a educao ambiental.

    A descentralizao espacial e institucional, bem como a democracia e a

    participao social tambm so diretrizes do ProNEA, e por isso, fundamental a

    gerao e a disponibilizao de informaes que garantam as bases necessrias

    para processos e gestes participativas nas polticas pblicas ambientais e que,

    consequentemente, possibilitem controle social com o empoderamento dos grupos

    sociais, para que esses possam, de maneira qualificada, atuar nos processos

    decisrios sobre o acesso e uso dos recursos naturais. Neste sentido, preciso

    tambm que a educao ambiental busque superar assimetrias cognitivas,

    organizativas e de poder. Assim, sua prtica deve ir alm da disponibilizao de

    informaes.

    Entre os princpios do Pronea, ressalta-se: a democratizao da produo e

    divulgao do conhecimento e fomento interatividade na informao; o pluralismo

    de ideias e concepes pedaggicas; a garantia de continuidade e permanncia do

    processo educativo e a permanente avaliao crtica e construtiva do processos

    educativo.

    A Pronea traz entre seus 20 objetivos o acompanhamento dos

    desdobramentos dos programas de educao, de modo a zelar pela coerncia entre

    os princpios da educao ambiental e a implementao das aes pelas instituies

    pblicas responsveis.

    Vale ainda ressaltar as linhas de ao e estratgias do Pronea:

    1. Gesto e Planejamento da Educao Ambiental no pas

    - Planejamento da educao ambiental com base na gesto ambiental integrada;

    - Formulao e implementao de polticas pblicas ambientais no mbito local;

  • 26

    - Criao de interfaces entre educao ambiental e os diversos programas e

    polticas de governo, nas diferentes reas;

    - Articulao e mobilizao social como instrumentos de educao ambiental;

    - Estmulo educao ambiental voltada para empreendimentos e projetos do setor

    produtivo;

    - Apoio institucional e financeiro a aes de educao ambiental;

    2. Formao de educadores e educadoras ambientais

    - Formao continuada de educadores, educadoras, gestores e gestoras

    ambientais, no

    mbito formal e no-formal;

    3. Comunicao para a educao ambiental

    - Comunicao e tecnologia para a educao ambiental

    - Produo e apoio elaborao de materiais educativos e didtico-pedaggicos

    4. Incluso da educao ambiental nas instituies de ensino

    - Incentivo incluso da dimenso ambiental nos projetos poltico-pedaggicos das

    instituies de ensino;

    - Incentivo a estudos, pesquisas e experimentos em educao ambiental;

    5. Monitoramento e avaliao de polticas, programas e projetos de educao

    ambiental

    - Anlise, monitoramento e avaliao de polticas, programas e projetos de educao

    ambiental, por intermdio da construo de indicadores;

    2.5. Comunicao

    Compreender o conceito de comunicao fundamental para orientar e

    avaliar as experincias das reas de Comunicao, Educomunicao e at mesmo

    de Educao Ambiental.

    A comunicao como processo a base das relaes humanas; e se serve

  • 27

    de ferramentas ou meios que, a princpio, devem favorecer a comunicao do

    telefone s redes sociais na internet. Bordenave (1983) que comunicao muito

    mais do que os meios, inclusive os de massa; ele enumera os elementos bsicos da

    comunicao como sendo: a realidade onde essa comunicao se realiza; os

    interlocutores que participam dessa comunicao e os contedos compartilhados; os

    significados, os smbolos utilizados nessa comunicao; e os meios para transmitir

    essa comunicao.

    O Tratado de Educao Ambiental para Sociedades Sustentveis com

    Responsabilidade Global, documento que influenciou as polticas pblicas de

    educao ambiental no Brasil, traz como diretriz: Garantir que os meios de

    comunicao se transformem em instrumentos educacionais para a preservao e

    conservao dos recursos naturais apresentando a pluralidade de verses com

    fidedignidade e contextualizao as informaes e estimular transmisses de

    programas gerados pelas comunidades locais.

    A Poltica Nacional de Educao Ambiental (lei 9.795/1999) traz duas

    referncias importantes que fazem parte do universo da Comunicao. Em seu

    texto, indica que a Educao Ambiental so processos de construo de valores

    sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competncias voltadas para a

    conservao do meio ambiente. Indica, ainda, que papel da EA garantir a

    democratizao de informaes ambientais, fortalecer a conscincia crtica e

    incentivar a participao coletiva e individual na preservao do equilbrio do meio

    ambiente.

    J a Encea complementa esses referenciais junto ao universo das UCs,

    reforando que a participao social na criao, implementao e gesto de

    Unidades de Conservao s possvel com a criao e o fortalecimento de

    programas e projetos de EA e de comunicao que, entre outros incentivem a

    apropriao dos meios de comunicao e produo de informao pelas

    comunidades e instituies envolvidas e afetadas (MMA/ICMBio, 2011, p. 20-21).

    Uma de suas diretrizes justamente a qualificao e ampliao da

    abordagem da mdia com relao s Unidades de Conservao e o estmulo

    prtica de comunicao participativa com foco educativo na gesto ambiental. Entre

    seus objetivos tambm esto:

  • 28

    - Incentivar a apropriao dos meios de comunicao e produo de informao

    pelas comunidades e instituies envolvidas e afetadas pela criao, implementao

    e gesto de UC;

    - Promover a criao de estruturas de produo e gesto popular de comunicao

    que possibilitem a reflexo acerca de questes emergentes da criao e

    implementao da UC, ampliando o alcance e as possibilidades de dilogo;

    Mas, pensar comunicao em projetos, programas, processos de Educao

    Ambiental significa entender esses elementos, como se relacionam, e criar

    estratgias para favorecer uma comunicao que, entre outros, democratize

    informaes, favorea posturas crticas, circule o conhecimento e contribua para a

    participao social.

    uma rea de atuao de pesquisadores em Comunicao, onde autores

    como Aguiar & Cerqueira (2012) denominam como Comunicao Ambiental, um

    campo de prticas e estudos de aes comunicativas que abrangem os atores

    envolvidos (dos cidados comuns aos cientistas e governos, entre outros) nas

    questes socioambientais e os meios e situaes por onde circulariam mensagens

    associadas a temticas ambientais e ecolgicas (Aguiar & Cerqueira 2012, p. 12).

    Educao Ambiental no existe sem comunicao, assim como a participao

    requer a essncia da Comunicao, que seria um processo dialgico onde ser

    dialgico no invadir, no manipular, no sloganizar (Freire 1983, p. 49).

    A questo do direito informao parte importante do campo da

    Comunicao no contexto das UCs, onde muitos conflitos, em parte, tm a ver com

    a pouca circulao de informaes, muitas delas pblicas, mas nem sempre

    disponibilizadas nos meios acessveis aos usurios das UCs; ou pouco

    disponibilizadas, apenas a pblicos especficos, e ainda pouco decodificadas pelos

    pblicos envolvidos.

    H leis especficas sobre acesso a informao socioambiental como o caso

    da Lei 10.650/2003, que obriga os rgos ligados ao SISNAMA (Sistema Nacional

    de Meio Ambiente) a permitir o acesso pblico a documentos, processos

    administrativos, entre outros, que tratem de questes ambientais, e garante a

    qualquer cidado brasileiro o acesso a informaes em todos os meios possveis.

  • 29

    2.6. Educomunicao Socioambiental

    A interface difusa, embora necessria, entre Educao Ambiental e

    Comunicao, ganhou mais destaque nas polticas pblicas a partir de um

    subprograma de Educomunicao Socioambiental que faz parte do Programa

    Nacional de Educao Ambiental, lanado em 2008. Embora no descreva o campo

    da Educomunicao e suas possibilidades, esse programa traz a preocupao de

    no se tratar a Comunicao como ferramenta de marketing e divulgao,

    reconhecendo a importncia da Comunicao nos processos educativos.

    J a ENCEA (2011) traz o conceito de Educomunicao de maneira mais

    sucinta, resumindo-o como um campo de estudos e de prticas metodolgicas,

    aplicadas em projetos e programas de educao e gesto ambiental, entre outros,

    onde a comunicao tem papel diferenciado nos processos educativos, de gesto e

    de mobilizao social (ENCEA, 2011, p. 39). O documento continua, definindo que:

    A Educomunicao pressupe formao de pessoas para utilizarem acomunicao como ferramenta de interveno da realidade em que vivem,produzindo seus prprios canais de comunicao de forma coletiva. Implicana reflexo e no desenvolvimento de aes coletivas que garantam oacesso informao de qualidade, seja ela ambiental, cultural, social, entreoutras, visando a garantir de acesso aos recursos tecnolgicos queproporcionam o fazer educomunicativo (ENCEA, 2011, p. 39).

    O campo da Educomunicao foi pesquisado por autores como Soares

    (2000), que o descrevem como o campo de interveno social onde aes de

    planejamento, implementao e avaliao de processos, programas e produtos,

    fortalecem os chamados ecossistemas educomunicativos nos espaos educativos

    (SOARES, 1999). A expresso ecossistemas educomunicativos diz respeito a

    ampliao das relaes de comunicao entre os envolvidos no processo educativo.

    Esse campo, que nasceu dos movimentos sociais entre as dcadas de 1970 e 1980,

    preocupados com a leitura da mdia e ainda os rumos da educao, foi desenvolvido

    a partir das reflexes sobre a relao entre educao e comunicao do prprio

    Soares, e ainda Paulo Freire, Mrio Kaplun e Jesus Martim-Barbero.

    Educomunicao no se trata apenas de produo coletiva de jornais, vdeos

    ou programas de rdio. Soares (2000) dividiu a Educomunicao em quatro reas:

    educao para comunicao; mediao tecnolgica na educao; gesto da

    comunicao; e reflexo epistemolgica (SOARES, 2000). Menezes (2014) fez uma

  • 30

    leitura dessas reas dentro das prticas educativas junto s UCs, descritas no

    quadro abaixo, associando-as s diretrizes propostas na ENCEA:

    Quadro 1 Contribuies da Educomunicao para a gesto participativa

    1) Educao para a comunicao Nessa rea o foco a reflexo crtica sobre a

    produo dos meios de comunicao. No campo da educao ambiental, significa propor

    uma leitura sobre a mdia, o que ela produz sobre questes socioambientais. Porm,

    mais do que refletir sobre os veculos de comunicao de massa, o olhar da

    educomunicao a partir deste princpio prope tambm um cuidado, uma espcie de

    preocupao educomunicativa com a produo de outros meios comunicativos, como

    cartilhas e outros materiais educativos no mbito das UCs. Na prtica, isso significa

    desde planejar com maior cuidado estes produtos educativos, at incluir de alguma

    forma, a participao dos atores que so o pblico desses produtos em sua construo e

    avaliao. Essa participao tambm uma forma de dilogo.

    2) Mediao tecnolgica da comunicao Inclui a expresso dos atores sociais

    produzindo seus prprios meios, coletivamente, sejam jornais, programas de rdio,

    vdeos, blogs, utilizados para debater temas socioambientais. Esse princpio tambm

    trata da garantia de se incluir a utilizao de Tecnologias de Informao e Educao (as

    TICs) de forma democrtica, passando pela reflexo crtica sobre a utilizao desses

    meios, que nem sempre livre e autnoma. A prtica desse princpio da educomunicao

    se estende ao estmulo de espaos de democratizao da informtica, como telecentros,

    mas precisa incluir tambm a democratizao do uso das ferramentas por meio do ensino

    (crtico) de utilizao do computador e dos recursos da internet. Destaca a Encea

    (MMA/ICMBio 2011) que estes materiais construdos coletivamente, alm de valorizar a

    cultura local e a organizao social, tambm podem contribuir para ampliar o dilogo na

    gesto participativa, abrindo espao para negociaes, esclarecimentos, favorecendo a

    troca de informaes a partir do olhar comunitrio, e no somente a partir do olhar do

    rgo gestor.

    3) Gesto da comunicao no espao educativo A proposta do olhar educomunicativo

    sobre a gesto da comunicao engloba o planejamento, a implementao e a avaliao

    de projetos e programas de educomunicao de forma participativa. Na prtica, alm de

    produzir mdia, esse olhar sugere que os atores sociais planejem, por exemplo, que tipo

    de mdia querem construir. Ou ainda, que estratgias de comunicao e produtos acham

    necessrio implementar, por exemplo, no mbito da gesto de um projeto ou programa.

    At a presena de marcas financiadoras de um projeto, nessa tica da gesto

    educomunicativa, deveria ser debatida com os participantes envolvidos num projeto.

    4) Reflexo epistemolgica a quarta rea de interveno proposta por Soares: a

  • 31

    realizao de pesquisas acadmicas para se refletir sobre o campo. No mbito das UCs,

    trata-se de uma necessidade atual, pois h vrias iniciativas prticas envolvendo

    educomunicao ocorrendo, e que precisam ser sistematizadas e analisadas sob o foco

    das contribuies gesto participativa.Fonte: Menezes, 2014, p. 3, a partir de Soares (2000).

    3. PROCEDIMENTOS METODOLGICOS

  • 32

    As estratgias para chegar aos resultados alcanados neste relatrio foram

    as seguintes:

    Pesquisa nas redes virtuais por meio de palavras-chave nos portais Google e

    Google Acadmico e no Portal do Instituto Brasileiro de Informao em

    Cincia e Tecnologia (Ibict);

    Entrevista com o Departamento de Comunicaes (Decom) do ICMBio;

    Anlise de tabelas e relatrios fornecidos pela Coordenao de Educao

    Ambiental (Coedu) do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio)

    sobre as aes de educao ambiental desenvolvidas nas UCs que so

    apoiadas pela Coedu;

    Indicaes de experincias exitosas feitas para a equipe de consultoria, por

    tcnicos da Coedu, tcnicos do MMA, instrutores da Academia Nacional da

    Biodiversidade (Acadebio) e contatos enviados a grupos virtuais de redes de

    educao ambiental (por e-mail e pelo Facebook);

    E-mail enviado a todos os servidores do ICMBio solicitando preenchimento de

    formulrio online sobre aes de EA e Comunicao desenvolvidas nas

    unidades ou preenchimento de formulrio de no experincia;

    Anlise dos Planos de Manejo e levantamento de como aparece a Educao

    Ambiental e a Comunicao nos respectivos documentos disponibilizados no

    site do ICMBio;

    Lista das Unidades de Conservao mais visitadas em 2011, 2012 e 2013, e

    levantamento de como os Programas de EA e Comunicao aparecem em

    seus Planos de Manejo.

    Entrevistas por Anlise telefone e Skype para solicitar relatrios e materiais

    referentes s experincias (quando no encontrados dados em nossa

    pesquisa de dados secundrios acima descrita) e complementar informaes.

    O instrumento norteador, tanto para a seleo de informaes dos dados

    secundrios, quanto para as entrevistas realizadas com os responsveis pelas

    experincias, foi um roteiro mnimo de sistematizao (Anexo 1). Ele foi construdo a

    partir das necessidades apontadas pelo Termo de Referncia seguido pela

  • 33

    consultoria, e adaptado de acordo com um formulrio de pesquisa que foi finalizado

    pelas equipes da Solar, do DEA/MMA, e do ICMBio. Como se trata de um

    instrumento de entrevista, as adaptaes foram necessrias facilitar o dilogo e a

    organizao das informaes nesse relatrio.

    4. RESULTADOS

    Acessar as informaes relacionadas s atividades de Educao Ambiental e

    Comunicao realizadas nas UCs um desafio, nas entrevistas com gestores e

  • 34

    analistas ambientais do ICMBio, e em contato com a Coordenao de Educao

    Ambiental, os motivos apontados para a dificuldade na rea so: falta de prtica

    interna do Instituto em sistematizar experincias nessas reas; falta de tempo de

    gestores e analistas, em nmero reduzido nas unidades e tendo outras prioridades;

    e, ainda, falta de conhecimento sobre a sistematizao de informaes relacionadas

    a temas como a Comunicao e a importncia de sua associao com a Educao

    Ambiental.

    A seguir, sero descritas as diferentes etapas procedimentais e os resultados

    obtidos em cada uma delas. O procedimento adotado foi identificar se a unidade

    localizada havia sido identificada por outro procedimento de pesquisa, dessa forma,

    foi priorizado as UCs apontadas por mais de um procedimento (anexo 2

    cruzamento da unidades de conservao identificadas) objetivando obter maior

    detalhamento sobre suas experincias realizadas. As unidades de conservao nas

    quais foi possvel obter informaes mais detalhadas a respeito das atividades esto

    descritas nesse relatrio.

    4.1. Pesquisa nas redes virtuais

    Para a busca nas redes virtuais foram selecionados sites reconhecidos

    nacionalmente por sua abrangncia de dados armazenados, seu reconhecimento no

    campo cientfico e na rea especfica da pesquisa e o site do ICMBio. Os sites

    pesquisados foram: Google/Google Acadmico, Scientific Electronic Library Online

    (Scielo), Instituto Brasileiro de Informao em Cincia e Tecnologia (IBCT),

    Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior (Capes), Revista

    Brasileira de Cincias da Comunicao (Intercom), pginas das UCs no site do

    ICMBio e Facebook. A pesquisa foi realizada com as palavras-chave unidades de

    conservao, junto com educao ambiental, educomunicao e gesto

    participativa.

    A pesquisa na rede virtual exigiu um cuidado especial, pois obteve uma

    grande quantidade de resultados no cruzamento das palavras. Porm o olhar

    voltado busca por relatos de experincias proporcionou a identificao de 33

    Unidades de Conservao que so: APA Delta do Jacu ; APA do Bateias; APA do

    Maracan; APA Ibirapuit; APA Rota do Sol; Corredor de Biodiversidade Emas-

  • 35

    Taquari; Estao Ecolgica Cui; Estao Ecolgica Mata Preta; Flona de Tef;

    Flona Passo Fundo; Flona So Francisco de Paula; Flona Tapajs; Flona de

    Chapec; Parna das Araucrias ; Parna da Serra dos rgos; Parna da Serra do

    Cip; Parna da Tijuca; Parna de Superagui; Parna do Descobrimento; Parna do

    Iguai; Parna do Pau Brasil; Parque Nacional Marinho da Taquara; Parque Nacional

    Marinho de Marapendi; RVS Complexo Tapacur; RVS dos Campos de Palmas;

    Rebio das Perobas; ReBio do Arvoredo; Resex Cassurub; Resex do Baixo Juru;

    Resex do Rio Jata; Resex Marinha de Soure; Resex Marinha do Corumbau; e

    Resex Tapajs-Arapiuns.

    Destaca-se aqui a pesquisa realizada no canal Educachico3. Nele h um

    universo grande de notcias curtas sobre aes das UCs na rea Sala de Notcias,

    das quais algumas se relacionam s aes de Educao Ambiental e eventualmente

    de Comunicao nas UCs. O acesso as informaes especficas das temticas

    desejadas dificultado, pois no h diviso da categoria Educao Ambiental para

    fazer a busca filtrada. J

    na rea que apresenta cada UC, a maioria apresenta um grupo mnimo de

    informaes: nome da unidade, bioma, rea, data de criao, vinculao a CR,

    endereo, decreto de criao, plano de manejo e outros documentos relacionados

    ao universo da gesto. Algumas UCs que recebem visitao possuem um canal

    diferenciado dentro do portal, com rea de fotos, orientaes a visitantes, mapas e

    notcias; porm, quando h notcias, nesses canais ela nem sempre atualizada ou

    traz informaes sobre experincias de EA e comunicao nas UCs.

    No canal Educachico foi iniciado um banco de experincias em EA, mas a

    fonte para este banco so as tabelas da Coedu disponibilizadas para a consultoria.

    Dessa forma, os dados levantados no canal foram semelhantes aos da anlise das

    tabelas. Nesse banco de dados on line, os dados das tabelas so apresentados em

    forma de um mapa. Ao clicar em cada ponto do mapa, que seria uma ao-

    experincia, h uma ficha indicando o nome da UC, o objetivo do projeto, os sujeitos

    prioritrios da ao educativa e o nmero de participantes.

    3 http://www.icmbio.gov.br/educacaoambiental/destaques/160-banco-de-dados-viabiliza-compartilhamento-de-experiencias-sobre-educacao-ambiental.html. ltimo acesso em 28 out 2014.

  • 36

    4.2. Entrevista com o Departamento de Comunicao (Decom) do ICMBio

    Quanto ao relacionamento das UCs com as ferramentas de comunicao na

    Internet, o Departamento de Comunicaes Decom do ICMBio est envidando

    esforos para o ordenamento e a institucionalizao do uso destas ferramentas.

    Est em elaborao uma Instruo Normativa visando adequar toda a comunicao

    do Instituto s regras do Sistema de Comunicao do Governo Federal Sicom.

    Em entrevista no dia 29 de outubro de 2014, com o Sr. Joo Freire,

    Supervisor da Diviso de Comunicao - Decom do ICMBio, foi passada a

    informao de que todas as UCs possuem acesso Internet e podem ter uma

    pgina no Site oficial do ICMBio, porm das 320 UCs Federais, h atualmente

    apenas 29 UCs que possuem pginas na Internet disponibilizadas por meio do

    Portal do ICMBio e outras duas esto em processo de elaborao.

    Em relao utilizao de outras ferramentas, como por exemplo as redes

    sociais, verifica-se que existem mais de 80 pginas sobre UCs no Facebook, porm

    no so oficiais. O ICMBio possui uma pgina oficial no Facebook que possui

    atualmente cerca de 135 mil seguidores e um alcance de 2,5 milhes de

    pessoas/ms. Quanto ao site oficial do ICMBio fomos informados que possui 450 mil

    acessos/ms e mais de 100 mil usurios.

    No existem pesquisas que tenham sido realizadas pelo Decom, com

    levantamentos especficos sobre aes de Educao Ambiental e/ou Comunicao

    realizadas pelas Unidades de Conservao.

    4.3. Relatrios da Coordenao de Educao Ambiental (Coedu ICMBio)

    A Coedu responsvel, no ICMBio, pela implementao das diretrizes da

    Poltica Nacional de Educao Ambiental (Pnea) e da Estratgia Nacional de

    Comunicao e Educao Ambiental (Encea) nas UCs federais e nos Centros

    Nacionais de Pesquisa e Conservao. Essa Coordenao, realiza, entre outros,

    processos formativos envolvendo analistas ambientais do ICMBio, representantes da

    sociedade civil e de instituies pblicas na regio de diversas UCs do Brasil.

    A Coordenao de Educao Ambiental do ICMBio forneceu consultoria 4

    tabelas com informaes sobre as atividades de educao ambiental que apoiou nos

  • 37

    anos de 2011, 2012 e 2013. Em trs das tabelas esto disponveis as informaes:

    nome da Unidade, ttulo da ao e ano; e algumas indicando objetivos e sujeitos da

    ao educativa. A quarta tabela contm informaes mais detalhadas de atividades

    apoiadas pela Coedu no perodo de 2011 a 2014: nome da ao, objetivo, pblico,

    nmero de participantes, perodo de realizao e formato da ao.

    A partir da anlise desse material foi possvel identificar que todas as aes

    esto relacionadas Educao Ambiental, mas, no foi possvel identificar aes de

    Comunicao associadas. Nas tabelas de 2011 foram citadas 17 UCs (anexo 2), na

    tabela de 2012 foram identificadas 26 UCs (anexo 2), na tabela de 2013 (anexo 2)

    encontradas 35 UCs e na de 2011-2014 (anexo 2), 61 unidades. Ao todo foram

    identificadas 86 UCs diferentes. importante ressaltar que existe sobreposio de

    UCs nessas tabelas, pelo fato da ltima tabela citada ter sido construda a partir das

    aes mencionadas nas tabelas anteriores que apresentavam informaes

    suficientes para maior detalhamento e/ou pelo fato da UC dar continuidade a um

    projeto ou criar um projeto novo aparecendo em mais de uma tabela. Somente as

    aes desenvolvidas em 2014 no estavam nas tabelas anteriores.

    A anlise das tabelas permitiu ter uma viso geral das aes, sendo que a

    maioria das atividades centrada em reunies de conselhos consultivos e sua

    capacitao, atividades pontuais de EA em dias comemorativos (com estudantes

    e/ou comunidade), capacitao para a comunidade do entorno, capacitao de

    professores e formao de jovens. Porm, no foi possvel ter uma dimenso da

    realidade destas experincias a partir das tabelas fornecidas, assim, solicitamos

    documentos e relatrios mais detalhados. A Coedu disponibilizou estes documentos

    do perodo entre segundo semestre de 2013 e 2014. Entre os documentos

    encontram-se: formulrios de solicitao de recursos (em maior quantidade,

    matrias produzidas pela Assessoria de Comunicao do ICMBio (Ascom), alguns

    relatrios consolidados e folders de divulgao das aes.

    Ao final, na anlise destes materiais, foram encontradas detalhamento de

    experincias de educao ambiental desenvolvidas em 27 unidades de conservao

    diferentes. A saber: APA Baleia Franca; APA Costa dos Corais; APA Guapimirim;

    Esec Serra das Araras; Esec Serra Geral do Tocantins; Flona Contendas do Sincor;

    Flona de Tef; Flona Tapajs; Parna Aparados da Serra; Parna Campos

    Amaznicos; Parna Campos Gerais; Parna Chapada Diamantina; Parna do Iguau;

    Parna do Pau Brasil; Parna Itatiaia; Parna Marinho dos Abrolhos; Parna Montanhas

  • 38

    do Tumucumaque; Parna So Joaquim; Parna Serra dos rgos; Rebio das

    Perobas; Resex Baixo Juru; Resex Cassurub; Resex Corumbau; Resex do Rio

    Unini; Resex Quilombo do Frexal; Resex Rio Juta; e Resex Soure.

    4.4. Indicaes de experincias

    Foram solicitadas indicaes de experincias exitosas para a equipe de

    consultoria, coordenadora da Coedu, tcnicos e consultores do MMA, instrutores da

    Academia Nacional da Biodiversidade (Acadebio) e contatos enviados a grupos

    virtuais de redes de educao ambiental e temas correlatos a UCs (por e-mail e pelo

    Facebook). Tambm foram contatados pesquisadores atuantes na rea de Educao

    Ambiental relacionada a Unidades de Conservao, as principais ONGs que atuam

    nos biomas brasileiros (SOS Mata Atlntica, Conversao Internacional, World Wide

    Fund for Nature - WWF) e uma rede de contatos pessoais dos consultores. Foram

    indicadas 22 unidades, a saber: APA Baleia Franca; APA dos Corais; APA

    Guapimirim; APA Nascentes do Rio Vermelho; Flona de Ibirama; Flona de Ipanema;

    Flona de Goytacazes; Flona Tef; Parna do Iguau; Parna Montanhas do

    Tumucumaque; Parna das Emas; Parna da Serra da Bodoquena; Parna da Serra

    dos rgos; Parna da Tijuca; Parna do Cabo Orange; Resex Delta do Parnaba;

    Rebio das Perobas; Resex de Cassurub; Resex do Baixo Juru; Resex Juta;

    Resex Rio Cajari; e Resex Pirajuba.

    4.5. Formulrios enviados para os servidores do ICMBio

    Em 30 de novembro de 2014 foi feita comunicao com todos os e-mails de

    servidores do ICMBio lotados nas unidades de conservao, solicitando que os

    responsveis preenchessem formulrio com informaes sobre experincias de

    Educao Ambiental e Comunicao nas UCs no perodo de 2012 a 2014. Tambm

    foi solicitado que as UCs sem experincia preenchessem outro formulrio,

    informando especialmente sobre as justificativas de no elaborarem projetos e

    programas (Anexos 3 e 4).

    O formulrio de experincias realizadas/em andamento tem alguns elementos

    diferentes da ficha de sistematizao proposta por esta consultoria, pois os

    interesses da Coedu diferem em alguns pontos aos da Consultoria. Foi necessrio

  • 39

    complementar as informaes destes formulrios, entre outros, por meio de

    entrevistas e contatos com as Unidades.

    At o dia 23 de dezembro de 2014, 20 UCs e um Centro Nacional de

    Pesquisa e Conservao de Peixes Continentais (Cepta) preencheram 30

    formulrios de levantamento de experincias de Educao Ambiental e

    Comunicao, so elas: Resex Marinha de Soure (2 experincias); Parna de Boa

    Nova; RVS de Boa Nova; Parna do Descobrimento; Flona de Carajs; Flona de

    Tapajs; Parna da Chapada Diamantina; Parna de Braslia; APA da Baleia Franca (4

    experincias); Parna do Itatiaia (2 experincias); Parna dos Campos Amaznicos;

    Resex do Unini; APA Carste de Lagoa Santa; Esec Carijs; Parna Marinho dos

    Abrolhos; Flona de Silvnia (6 experincias); Resex Quilombo Frechal, Parna do

    Iguau (2 experincias), APA Guapimirim; Esec Guanabara; e Cepta de So Paulo.

    Para a sistematizao proposta neste relatrio, no consideramos os

    formulrios preenchidos pelo Parna de Boa Nova/RVS de Boa Nova e pelo Parna do

    Descobrimento. O Parna de Boa/RVS Boa Nova no tem experincia, preencheu o

    formulrio indicando apenas a rede social do parque no Facebook. J o Parna do

    Descobrimento no desenvolveu ainda o projeto citado.

    O baixo ndice de respostas pode ter sido motivado por falta de tempo dos

    gestores e analistas, falta de sistematizao/memria de atividades e projetos, entre

    outros. Deve-se registrar que os prazos entre o envio dos formulrios e seu retorno,

    e de limite para anlise das respostas pela consultoria foram bem apertados.

    De fato, o formulrio enviado pelo ICMBio foi mais um complemento

    pesquisa da consultoria, que optou pela estratgia principal de levantamento de

    dados secundrios, cruzamento de dados com sugestes de analistas ambientais e

    entrevistas com os analistas para preencher o roteiro mnimo de sistematizao,

    pois idealmente, seria necessrio maior tempo para divulgao desses questionrios

    junto s UCs, alm de estratgias de divulgao desses para alm de esforo em

    redes sociais e envio de e-mails por exemplo, formulrios poderiam ser

    preenchidos em eventos/encontros e reunies que o ICMBio realiza com seus

    gestores, porm o prazo previsto para a realizao do trabalho de consultoria no

    permitiu a adoo deste tipo de estratgia.

    Foram preenchidos no total, sete formulrios de no experincia de Educao

    Ambiental e Comunicao, a saber: Esec Mata Preta (SC); Rebio de Santa Isabel

  • 40

    (SE); Parna/REVIS de Boa Nova (BA); Parna de Monte Pascoal (BA); Parna da

    Chapada dos Guimares (MT); Resex do Rio Cajari (AP); e Parna do Pantanal

    Matogrossense (MT).

    Todos responderam que conhecem a Encea e informaram que a justificativa

    para no implementar atividades/projetos e programas a falta de recursos

    humanos e infraestrutura; uma das UCs (a Esec Mata Preta) informou ainda outros

    motivos como a no visitao pblica na UC; falta de articulao da Coordenao de

    Educao Ambiental do ICMBio com as UCs; falta de esclarecimento/explicitao e

    discusso sobre pressupostos tericos e metodolgicos adotados pelo ICMBio; falta

    de articulao entre as UCs; entre outros.

    O responsvel pelo preenchimento ter associado a falta de projetos de EA e

    comunicao ao fato de no receber visitantes, mostra um certo desconhecimento

    sobre o Snuc , a Poltica Nacional de Educao Ambiental (Pronea) e a Encea, uma

    vez que o foco da gesto participativa e das aes de EA e comunicao numa UC

    no devem se restringir a recepo de visitantes.

    Nas respostas, as UCs apontam diversos parceiros potenciais para envolver

    em aes de EA e comunicao, como outras UCs e ainda Mosaicos e Secretarias

    Estaduais e Municipais de Educao. E apontaram a necessidade de parceiros para

    a estruturao da proposta metodolgica, execuo e apoio logstico, e repasse de

    recursos.

    As UCs ainda apontaram o uso de ferramentas de comunicao, como

    pginas na rede social Facebook, blogs, folhetos, espaos em programas de rdio

    (no especificaram e nem consideraram como uma atividade para se preencher o

    outro formulrio), reunies, entre outros.

    4.6. Educao Ambiental e Comunicao nos Planos de ManejoAs caractersticas climticas e geomorfolgicas diversificadas no Brasil

    propiciaram a formao de biomas bastante variados, que abrigam fauna e flora

    adaptadas s condies dominantes. No entanto, o modelo de desenvolvimento

    econmico e industrial adotado vem acarretando na reduo de reas naturais

    preservadas, ameaando, dessa forma, o equilbrio ambiental e levando muitas

    espcies extino.

  • 41

    Dessa forma, vem ficando evidente a importncia da gerao de uma

    conscincia crtica e participativa para a construo de um desenvolvimento

    socialmente e ambientalmente equilibrado. Dentro dessa perspectiva, a criao e

    manuteno de Unidades de Conservao, distribudas por todos os biomas

    brasileiros uma medida que auxilia na preservao da biodiversidade da fauna e

    da flora, e das culturas tradicionais, alm da proteo de reas de mananciais,

    possibilitando a realizao de pesquisas cientficas, atividades educacionais e de

    interpretao ambiental, recreao e turismo ecolgico, por meio do contato com a

    natureza.

    Alm disso, a educao ambiental considerada um importante instrumento

    para a conservao da natureza e preservao dos biomas, de maneira integrada

    com as comunidades. O objetivo maior da Educao Ambiental engendrar uma

    relao equilibrada de envolvimento e responsabilidade na relao homem natureza

    por meio de sua sensibilizao e conscientizao, alterando sua atitude em relao

    ao ambiente.

    Juntamente com aes educativas, para que os diferentes biomas sejam

    preservados imprescindvel que haja seu manejo de forma diferenciada, estudando

    com profundidade suas peculiaridades, para conhecer os ecossistemas e as

    interferncias antrpicas, gerenciando conflitos e elaborando meios de integrar as

    atividades humanas de maneira sustentvel, ou seja, conciliando o desenvolvimento

    da comunidade e a preservao da biodiversidade.

    As reas de proteo so agrupadas em Unidades de Conservao de Uso

    indireto (Proteo Integral) e direto (Manejo Sustentado). No caso das UCs de uso

    indireto, no permitida a explorao ou o aproveitamento dos recursos naturais,

    mas por apresentar caractersticas de grande relevncia sob os aspectos

    ecolgicos, cnico, cientfico e cultural, comportam a visitao pblica com fins

    recreativos e educativos. No caso das categorias Reserva Biolgica, Estao

    Ecolgica e Reserva