521
ANTROPOLOGIA VÁRIOS AUTORES Como consultar este volume Cada volume desta Enciclopédia constitui um pequeno tratado, uma unidade perfeitamente autónoma, porquanto compendia toda uma disciplina. O assunto encontra-se articulado numa série de compactas monografias sobre os temas fundamentais da ciência ou da arte em questão, alfabeticamente ordenados, que se identificam por um cabeçalho em negro. A fim de permitir uma mais eficaz e rápida procura, cada tomo inclui, no final, um amplo índice analítico com a indicação da página onde se explicam no texto assuntos de importância menos fundamental incluídos na exposição. Por exemplo, se o leitor deseja informar-se sobre a cultura do homem pré-histórico, encontrará no índice, na palavra cultura, além da remissão das páginas onde são tratados os vários aspectos particulares de cultura, a indicação do tema Antropologia cultural no qual se descrevem os factos específicos da manufactura de utensílios no quadro generalizado da análise da linguagem e do comportamento humanos. As palavras registadas no índice analítico são impressas no texto em itálico para facilitar a sua localização. O sinal -> indica que a explicação pode completar-se com a leitura do artigo objecto da remissão. Desta maneira estabelece-se uma concatenação entre os diversos elementos constitutivos do assunto tratado proporcionando ao leitor uma noção coerente e orgânica de todos eles. Os períodos ou frases enquadradas no texto pelo sinal constituem contribuições originais, notas explicativas ou esclarecimentos necessários do responsável pelo artigo nesta edição em língua portuguesa. Os volumes reúnem deste modo as vantagens de um dicionário enciclopédico às de um manual de introdução a uma disciplina, o que torna esta colecção um magnífico material de consulta de incomparável valor para toda a pessoa culta.

Enciclopedia de Antropologia

Embed Size (px)

Citation preview

ANTROPOLOGIA VRIOSAUTORES Comoconsultarestevolume CadavolumedestaEnciclopdiaconstituiumpequenotratado,umaunidadeperfeitamenteautnoma, porquantocompendiatodaumadisciplina.Oassuntoencontrasearticuladonumasriede compactasmonografiassobreostemasfundamentaisdacinciaoudaarteemquesto, alfabeticamenteordenados,queseidentificamporumcabealhoemnegro.Afimdepermitiruma maiseficazerpidaprocura,cadatomoinclui,nofinal,umamplondiceanalticocoma indicaodapginaondeseexplicamnotextoassuntosdeimportnciamenosfundamental includosnaexposio.Porexemplo,seoleitordesejainformarsesobreaculturadohomem prhistrico,encontrarnondice,napalavracultura,almdaremissodaspginasondeso tratadososvriosaspectosparticularesdecultura,aindicaodotemaAntropologiacultural noqualsedescrevemosfactosespecficosdamanufacturadeutensliosnoquadrogeneralizado daanlisedalinguagemedocomportamentohumanos.Aspalavrasregistadasnondiceanaltico soimpressasnotextoemitlicoparafacilitarasualocalizao. Osinal>indicaqueaexplicaopodecompletarsecomaleituradoartigoobjectoda remisso.Destamaneiraestabeleceseumaconcatenaoentreosdiversoselementosconstitutivos doassuntotratadoproporcionandoaoleitorumanoocoerenteeorgnicadetodoseles.Os perodosoufrasesenquadradasnotextopelosinalconstituemcontribuiesoriginais,notas explicativasouesclarecimentosnecessriosdoresponsvelpeloartigonestaedioemlngua portuguesa.Osvolumesrenemdestemodoasvantagensdeumdicionrioenciclopdicosdeum manualdeintroduoaumadisciplina,oquetornaestacolecoummagnficomaterialde consultadeincomparvelvalorparatodaapessoaculta.

EnciclopdiaMeridiano//Fischer Antropologia Redacoecoordenaodos Proi.GerhardHeberer,Dr.GottiriedKurth e Prol.RseSchwidetzkyRoesing

EditoraMeridiano,

TtulodaobraoriginalANTHROPOLOGIE byFischerBchereiKG,FrankfurtaniMain undHamburg CapadeFelixGyssler Laedioportuguesa:Novembro1967 2.aAbril1971 3.aMaro1974 4.aFevereiro1979 CoDyrightby (0 EditoraMeridiano,LimitadaR.daMisericrdia,67Lisboa2

Traduode A.DIASRIBEIRO LUISM.FONTES RUDIGERDIERM V.MOURARAMOS Revisode AMRICODEBRITO PrefcioesupervisodeM.B.BARBOSASUEIRO Prof.cat.jub.Anatomia Fac.MedicinaLisboa Colaboraode GERMANOF.SACARRAO Prof.cat.Zool.eAntrop. Fac.CinciasLisboa J.ARAIriJOMOREIRA Assist.FsicaMdicaFac.CinciasPorto CARLOSALMAAAssist.Zool.eAntrop.Fac.CinciasLisboa RUYCINATTI Dip.Antrop.Soe.eEtnog. UniversidadeOxford JOSPCUTILEIRO Dip.Antrop.Soe.eEtnog.UniversidadeOxford JOSEPEDROMACHADO Lic.Fil.Rom.Aca.Bras.Filologia

Colaboraramnaredacooriginaldestevolume GERH"DHEBERER:IntroduoAntropologiaGentica daspopulaesHistriadaantropologiaMtodosdaantropologiaOrigemdohomem PaleontropologiaSistemticadosprimatas. GOTTFRIEDKURTH:ConceitoderaaGnesedasraas Histriadasraas. ILSESCHW1DETZKYROESING:AntropologiaculturalAntropologiasocialComprovaoda paternidadeConstituioCrescimentoDemografiaFisiologiadasraasGenticahumana Psicologiadasraas.

AreproduototalouparcialdeartigosincludosnestevolumereguladapeloPreceituadono Decreton.,13725

ADVERTNCIA Estevolumeoresultadodosesforosdumgrupodeconsagradoscientistasquenospermite coordenaronossoconhecimentosobreaorigemdohomem,ahistriadasuaevoluo,sua distribuioporraaseseusaspectosbiolgicos.aprimeiraobraemlnguaportuguesana qualsepodeencontrar,conjuntamente,temassobreacomprovaodapaternidade,biologia social,genticadaspopulaescomotambmsobrepaleontropologiaeserologiahumanas. Amatriabasedestelivroestaoalcancedetodoseosseuscolaboradorestrabalharamno sentidodeactualizaremomaispossvelalgunsdostemasqueoconstituem,preservandocontudoa essnciadooriginaletornandooparticularmenteacessvelaoleitorquenoestejaainda familiarizadocomosassuntosversados. Aestaedioportuguesa,almdecontribuiesdispersasporvriostemas,foiacrescentadoo artigoreferenteBiotipologia,daautoriadoDr.CarlosAlmaa,comoigualmenteseincluram muitaspginasoriginaisdoProf.G.F.Sacarro,emespecialnostemasquerespeitamOrigem dohomem,Paleontropologia,ConceitoderaaeSistemticadosprimatas. Amaiordificuldadenacoordenaodapresenteedioresidiu,porm,naadopodumaapropriada euniformeterminologia,poissendoaantropologiaumacinciaempermanenteevoluoverifica se,queremobrasoriginaisportuguesasqueremtraduesdaespecialidade,critriosdiferentes nasdesignaesporcadaqualperfilhadasenainevitvelcriaodeneologismos.Grandeparte dostermosultimamenteempregadosemescritossobreantropologiaoucinciasauxiliaresnose encontramregistadospelosdicionaristas.Impunhase,portanto,procuraruniformidadepara certaspalavrasdeempregomaiscorrente,especialmenteasquedesignamculturas,raas,povose grupostnicos.

Advertncia Morosaseinmerasconsultasforamdirigidasaantroplogos,emlogos,arquelogos,pr historiadores,fillogoselinguistasatseencontrarumaaceitaoquaseunnimeparaa nomenclaturaautilizarnestaobra. Semsepretenderconsiderarcomodefinitivaaterminologiaagoraadoptada,apresentaestelivro, almdoseuvalorintrnseconadivulgaodumacinciatoexcitantecomoaantropologia,o mritodetercontribudoparaasuauniformidade. 10

PREFCIO Apalavraantropologia(dogregoavOpwrog,homem++,kuyo,tratado)significaetimologicamente acincia,oumelhor,oconjuntodecinciasqueversamoestudodoHomem. jnotempodeAristteleshaviaantroplogos,filsofosquecultivavamoestudodasactividades mentais,tidascomooscaracteresmaisespecificamentehumanos.Essespsiclogosemantecipao entendiamqueoHomemseassinalaentreosseresvivospelofulgordaactividademental,eassim apalavraantropologiaseaplicavaaoestudodosfactoresquemaisdistinguiamoHomem.Tal conceitofoiseperdendoeotimosurgeentonalinguagemdostelogos,eporventuracriadode novo,paraexprimiracesesentimentosatribudosaDeus,masquesoprpriosdoshomens.De resto,estaaceponoalcanouusocorrentio. ReapareceotermonaRenascena,assumindoasignificaodecdigodepreceitosmorais,com MagnusHundt:(1501),eassimfoiperdurando.Kantpublicouem1788oseuEnsaio,de Antropologia,contendoproblemasdetica,eporsinaldeleituraaliciante,emboraredigidos naqueleestilodifcil,bempeculiardocrticodarazopura.Anosantes(1772),D'Alemberte DiderotregistaramapalavranaEnciclopdiaerepertaramseetimologiadetratado,sobreo Homem,massemaludirnaturezadosassuntosaliincludos. Desderemotostemposqueseencontram,nasmaisdiversasobras,factosqueactualmentepertencem aoquadrodascinciasantropolgicas.Nosculoxviiidesenvolveseaacoprticado cartesianismo,osconhecimentosjexistentessocatalogados,surgindonovascincias,por virtudedapaixometodolgicaqueseassenhorearadetodosospensadores.Essametodizao rasgavatambmhorizontesnovosnaobservaoeinterpretaodosfenmenosenomea 11

damentenosquerespeitavamscinciasdanatureza.Afilosofiaconsagradaemumaartede acrobaciamental,paraalimentardevaneiosimaginativoseasmaranhasdosraciocnios,sofriao embatedanovafilosofianatural,combasenaobservaoconcretaenaobjectivaorigorosados factosnaturais. PelodecursodosculoxviiifoisemanifestandoumnovocritrioparaoestudodoHomem,quanto anatomia,comparaodelacomadosoutrosanimaiseaindanasuaaplicaoaosprimeiros ensaiosdeclassificaoracial,devendorecordarseosnomesdealgunscientistas,comoBuffon, Blumenbach,Lineu,Daubenton,Soemmerring,Camper,White.Comodealbardosculoxix intensificouseoestudodoHomem,nopontodevistanaturalstico,emlargaescala,epassoua aparecerovocbuloantropologiaparadesignaraorientao.Assim,encontraseemSerres,em 1838,comoprofessordeAntropologia,ouHistriaNaturaldoHomem,noMuseudeHistriaNatural deParis,aindividualizaodecinciasrecentes,nosculoanteriorenoquedecorria,por exemploanatomiageral,embriologia,fisiologia,anatomiapatolgica,anatomiacomparadaou filosfica,anatomiaplsticaouartstica,demografia,paleontologia,etnologiaeetnografia, sociologia. Osmaisdenodadosfomentadores,directosouindirectos,daantropologianosprimeirosanosdo sculopassadoforamdecertoPrichard,Cuvier,Lamarck,I.GeoffroySaintHilaire,Serres, emboraasrespectivasdoutrinasnofossemconcordantesmasatantagnicasemmuitosaspectos. Aliteraturacientficafoi~seenriquecendovaliosamentecomescritosdendoleantropolgica, nosprimeiroscinquentaanosdosculoxix,nosassuntosqueapaixonavamosnaturalistas.A doutrinacriacionistadeCuvier,segundoaqualosseresvivoshaviamsidocriados independentemente,comcaracteresmorfolgicosimutveis,estavanodeclnio,pelainflunciado lamarckismo,segundooqualasespciessetransformamsobaacodomeioemquevivemeao qualtmdeadaptarseparasobreviver.Eraodesenvolvimentodadoutrinatransformistaquena segundametadedosculofloresceria,emboracommodalidadescomooevolucionismodeSpencereo darwinismo,oudoutrinada 12

Prefcio seleconatural,aquemaissecelebrizou,at.oaparecimentodomutacionismodeDeVries.O positivismodeAugustoComteexerceutambmgrandeinfluncianalaboraodosensaios antropolgicos. Foinosmeadosdosculopassadoqueaantropologiasetomoucinciadamoda,oquecomprovado pelafundaodenumerosassociedadescientficasdestinadasacultivla.ExistiaemParisuma SociedadedeEtnologia,inauguradaem1839,aqualmudouonomeparaSociedadedeAntropologia deParisem1859eaindahojeexiste.Apartirdesseano,at1874,fundaramsesucessivamente novassociedadesnasprincipaiscidadeseuropeias,edamosnotciadealgumasdez.Surgiua tcnicaantropomtrica,qualestligadoonomedePaulBrocacomoomaisilustrecorifeu, emboranosejaocriadordomtodo,quealisvinhadelonge.Quetelet,astrnomoematemtico, teveaideiadeestudarosfenmenosvitaispelosmtodosestatsticosqueusavanaastronomia, sendoassimumprecursordabiometria,institudaporPearsonjnoscomeosdosculoxx.Outro impulsoextraordinriosemanifestounosestudosdaprhistria,emquetambmBrocafoidos maiseminentesinvestigadores. Comearamaefectuarsecongressosdeantropologia,nosquaisaprhistriaseassinalavacomo cinciapreferida. Nodecursodoltimoquarteldosculoxix,comLombroso,apareceuaantropologiacriminal,que originouigualmentecongressosespeciais.AescoladeLombrosoalcanougrandenomeadaeassuas doutrinasultrapassaramosmeioscientficoseatingiramograndepblicodeculturamdia. Olabordosantroplogos,deorientaoespeculativa,filosfica,podedizerseque exclusivamentenaprimeirametadedosculoassumiuparaasegundametadeumcarcterde aplicaoprtica.Podemapontarseapropsitonumerososestudosdesistemticaapuradaparaa tcnicadaidentificaohumana,baseandosesobretudonasinaltica enaantropometria.Outraespecializao,tambmdecarcterprtico,aantropologiaescolar oupedaggica,queactualmentecontaavultadiliteraturadomaiorinteresse. Nosculopresentecumpredestacar,noelencodascinciasantropolgicas,aindividualizaoda constitucionals 13

Prefcio tica,biotipologia,biometriahumana,antropobiologia,genticahumana,eugenia. EmPortugalfoitambmnosmeadosdosculoxixqueserevelaramosprimeirosantroplogos.A antigaComissodosServiosGeolgicosdoReino,hojeServiosGeolgicos,organizouummuseu antropolgico,ondeseforamcoleccionandoosmateriaiscolhidoseestudadosporCarlosRibeiro, PereiradaCosta,NeryDelgado,PaulaeOliveira.CarlosRibeirofruiufamainternacionalcoma suainterpretaodequeunsslicesencontradosemterrenosterciriosdosvalesdoTejoedo Sadotinhamsinaisdetrabalhosdehomindeos.Otrabalho,publicadoem1871,teveaaceitao deMortillet,quedenominouohipotticohomindeoHomosmiusRibeiroi. Entreosintelectuaisportuguesesadquiriuentoaantropologiacertavogaeeradobomtom falarfrequentementedessacincia.ASociedadedeCinciasMdicaseaSociedadedeGeografia criaram,em1879,comissespermanentesdeantropologia,dasquaisaindaperduraadestaltima. UmacontecimentodenotvelrelevofoiareunioemLisboa,noanode1880,doIXCongresso InternacionaldeAntropologiaeArqueologiaPrhistrica,emquetomaramparteumastrs centenasdosmaisilustrescientistaseuropeusdessetempo.Oscongressistasportugueseseram oitentaesete,ondeseencontravamosmaioresnomesdosintelectuaisdapoca. Oensinooficialdaantropologiainiciousenonossopascomacriaodactedrade AntropologiaeArqueologiaPrhistrica,fazendopartedaformaturanaantigaFaculdadede FilosofiaNaturaldaUniversidadedeCoimbra.FoidevidaaBernardinoMachado,professorda referidaFaculdadedaquelaUniversidade;arespectivapropostadeleifoiaprovadapelo ParlamentoeoDoutorBernardinoMachadoassumiuaregnciadacadeiraquebrilhantementeocupou durantemuitosanos.Tambmomesmoprofessorfundounessetempo,naUniversidadedeCoimbra,um museudeetnografia,contendocolecesdecabeassseashumanasemoldesdeumlegado testamentriodoclebreexcntricoocomendadordaGamaMachado.Deveseaindaaomesmo professor,quandonoanode1893foiministrodas 14

Prefcio ObrasPblicas,afundaodoMuseuEtnogrficoPortugus,actualmenteinstaladonoedifciodo MosteirodosJernimos,comonomedeMuseuEmolgicoDr.LeitedeVasconcelos,emhomenagem memriadoseuprimeirodirector.Tambmem1897criouBernardinoMachadoaSociedadede AntropologiaemCoimbra.NamesmacidadefoiorganizadooInstitutodeAntropologiaporEusbio Tamagniri,quesucedeuaBernardinoMachadonactedra,atjubilarse,em1948,aoqualse seguiramosProfs.JosAntunesSerraeXavierdaCunha.Numerosostrabalhostmsidopublicados nesseInstitutopormuitoinvestigadores,dosquaissedestacamEusbioTamagnini,J.A.Serra, BarroseCunha,AntnioThemido,QueirsLopes,CanedodeMorais,CardosoTeixeira,Simesde Carvalho,DuarteSantos,IsinnioCardoso,W.L.Stevens,MaximianoCorreia,XavierdeMorais, MariaMaiaNeto. Desde1887existianoPortoaSociedadedeCarlosRibeiro,quetinhacomoseurgoaRevista de,CinciasNaturaiseSociais,queapartirde1898passouachamarsePortugaliaeterminou noanode1908.Contavamseentre osseusprincipaiscolaboradoresRicardoSevero,FonsecaCardoso,JosFortes,RochaPeixoto.Em 1911oprimeirogovernodaRepblicaPortuguesainstituiuaUniversidadedoPorto,transitandoa antigaAcademiaPolitcnicaparaaFaculdadedeCincias,naqualfoiinstitudaumactedrade AntropologiaeparaelanomeadoMendesCorreia,aindacomadirecodoInstitutode Antropologia.Estecientistaassumiumaistarde,emLisboa,adirecodaEscolaSuperior Colonial,actualmenteInstitutoSuperiordeCinciasSociaisePolticasUltramarinas,at jubilarse,tendofalecidopoucotempodecorrido.Deixounumerosostrabalhosnosdiferentes ramosdascinciasantropolgicas. OInstitutodeAntropologiadoPorto,hojecomonomedoseufundador,foiaseguirdirigidopor AlfredoAtadeeactualmenteestsobadirecodoprofessordacadeira,DoutorSantosJnior. Noanode1918fundouMendesCorreiaaSociedadePortuguesadeAntropologiaeEtnologia,cuja revistapublicaosseustrabalhoseaindadeoutroscolaboradores,AlmdeMendesCorreiaedos seusdiscpulosAlfredoAtadeeSantosJnior,temosamencionar 15

Prefcio muitosoutroscientistasportuguesesdedicadosantropologia,comoJ.A.PiresdeLima,Hemni Monteiro,AmricoPiresdeLima,BettencourtFerreira,AmndioTavares,LusdePina,Filipe Ferreira,ConstncioMascarenhers,LinoRodrigues,MeloAdrio,FernandoC.PiresdeLima. Efectuouseem1930oXVCongressoInternacionaldeAntropologiaeArqueologiaPrhistrica, simultaneamentecomaVAssembleiaGeraldoInstitutoInternacionaldeAntropologia,comassuas sessesnoPortoeemCoimbra.TambmnoPortosereuniu,em1934,o1CongressoNacionalde AntropologiaColonial. EmLisboa,depoisdoCongressode1880,assecesdeAntropologiadaSociedadedeGeografiae daSociedadedasCinciasMdicastiveramdiminutaactividade.LeitedeVasconcelosfundoua revistaOArquelogoPortugus,ondeinseriagrandepartedosseusescritos,queversam principalmentesobreetnografia;nestapublicaocolaborouigualmenteEstciodaVeiga. FranciscoFerrazdeMacedo,naturaldegueda,foraparaoBrasilaindacrianacomospais. FormouseemMedicinanacidadedoRiodeJaneiroeaexerceuclnicaduranteanos,conseguindo destemodoamealharfortuna.Apaixonadopelaantropologia,frequentouaEscoladeAntropologia deParis.InstalouseemLisboaeaquiviveunosltimosvinteecincoanosdosculopassadoe nosprimeirosdopresente,falecendoem1907.Escreveubastantesmemrias,ensaios, comunicaes,notciassobretemasantropolgicoseorganizouumacolecodemilcabeassseas humanaseduzentosesqueletoshumanos,identificados,que,poucoantesdemorrer,ofereceuao MuseuBocage,daEscolaPolitcnica,econstituivaliosacolecoparaestudosdeosteologia humana.AlgunsestudoscomessematerialforamrealizadosporAntnioAurliodaCostaFerreira, antigodiscpulodeBernardinoMachadoemCoimbraequesefixaraemLisboapoucoantesdamorte deFerrazdeMacedo.CostaFerreiraexerceuocargodenaturalistadoMuseuBocage,naseco antropolgica,atprximodadatadasuamorte,em1922. RestauradaaUniversidadedeLisboa,noanode1911,aantigaEscolaPolitcnicapassoua FaculdadedeCincias 16

Prefcio enelacriadoumcursodeAntropologia,regidopeloprofessordeZoologia,BaltasarOsrio,com oDr.BettencourtFerreiranocargodeassistente.Seguiuse,apartirde1926,oDr.Fernando FradenaregnciatericadeAntropologiaensnaregnciadasaulasprticas.De1940a1961 regemosessecurso,sucedendonosoProf.GermanoSacarro.Durantebastantesanosrealizmoso ensinoprticojuntamentecomoterico.OProf.RicardoJorge,directordoMuseuBocage, iniciouapublicaodeumarevista,em 1927,comottulodeArquivosdoMuseuBocage,naqualpublicoubastantestrabalhos,algunsem colaboraocomHerculanoVilelaeVianaFernandes. Apartirde1912,oProf.HenriquedeVilhena,quedirigiraoInstitutodeAnatomiadaFaculdade deMedicinadaUniversidadedeLisboa,iniciouapublicaodoArquivodeAnatomiae Antropologia,actualmentenoXXXIIIvolume,ondeseencontramnumerososartigossobre antropologia. Noanode1919foicriadooCursoSuperiordeMedicinaLegal,doqualfaziaparteumcurso semestraldeAntropologiaCriminal,regidoporXavierdaSilva,aquemsucedemos,em1949,aps ajubilaodaquelecolega. OInstitutoSuperiordeCinciasSociaisePolticasUltramarinaspossuiumacadeirade Etnografia,regidapeloDr.AntniodeAlmeida,autordenumerosostrabalhos,principalmente sobreaborgenesdeAngola.. Foifundadoem1933oInstitutoPortugusdeArqueologia,HistriaeEtnologia,quepublicaa revistaEthnos. EfectuouseemLisboa,noanode1952,oICongressodeMedicinaTropical,ondehaviaumaseco deAntropologia,EtnologiaeNosologia. DevedizersequeosestudossobreaantropologiadoUltramarPortugustmdespertadoo interessedealgunsinvestigadores,dosquaissedestacamosnomesdeGermanoCorreia,Santos Jnior,AntniodeAlmeida,AlexandreSarmento. OProf.VtorFontes,discpulodeA.A.CostaFerreira,escreveunumerosostrabalhos antropolgicosnosdoisinstitutosdequefoidirector,odoDoutorAntnioAurliodaCosta F=eira,paracrianasanormais,eoInstitutode 17

Prefcio AnatomiaHenriquedeVilhena,daFaculdadedeMedicinadeLisboa. Peloexposto,bemsecompreendequeaantropologianosejapropriamenteumacincia,maso conjuntodetodasascinciasrespeitantesaoHomemconsideradoindividualoucolectivamente. AntropologiapoisumaenciclopdiadetudoquantodirectamentedizrespeitoaoHomeme Humanidade. Consignasedestemodoadificuldadehavidanadefiniodeantropologiademaneiraaceitvel. Convmno entantoqueapontemosalgumasdelas. Chamaramlhe,nosculopassado(Quatrefages),histrianaturaldoHomem,oquebastante impreciso.Outra,jdestesculo,tambminfeliz,adeFrassetto,queadesignaporzoologia doHomem.Broca,humsculo,tentoudefinirlheombitocomooestudodogrupohumanono conjunto,nospormenorescnasrelaescomorestodanatureza. Lehmannemitiuumadefinioqueobtevebastanteaceitao:estudofsicoepsquicodognero, humano,dopontodevistacomparado. AdeMendesCorreiamaissatisfatria,aoreferirqueaantropologiaestudaoscaracteres humanosfsicosepsquicosquetminteressedotriplopontodevista:LO,daposiodoHomem naescalazoolgica;2.O,daorigemdoHomemeconhecimentodosprimeiroshomindeos;3.O,da classificaodasraas,povosetiposhumanos. Pelanossaparte,entendemosqueantropologiaoconjuntodecinciasemquesefazoestudo doHomem,noscomfimespeculativomastambmcomodeaplicao,consideradoindividuale colectivamente,nosquantoconstituioeestrutura,quernormalquerpatolgica,como dinmicavital,origem,situaonaescalazoolgicaesuaevoluo,aplicandosenesse estudoosmtodosquevaratalpossamserempregados. Conformeatrsreferimos,foiapartirdosmeadosdosculopassadoquecomearamaformarse novascincias,pelanecessidadedecodificaragrandesomadeconhecimentosacumuladosjea cadapassoacrescentadoscom 18

Prefcio outrosderecenteaquisio,graasaoentusiasmoqueoscientistasmanifestarampelascincias danatureza. CadaobraqueactualmentesepubliquecomonomedeAntropologiaassumirfeioprpria, organizadasegundoaopiniodoautordeacordocomoconceito,quetenhadandolebsicadessa cincia.Dadaadiversidadedoscritrios,entreessasobrasencontramseprofundas divergncias,nosnosobjectivosdoutrinrios,comotambmnoprogramaparaaexposiodos factos.Oavultadonmeroeaextensodosconhecimentosditosantropolgicosexplicaequi justificaaquebradeunidadedoutrinalpatenteadadeobraparaobra. Masverificasetambmqueosseusautoresprocuramseleccionarerelacionarfactosda observao,nointuitoclarodeestabelecerconjuntosqueimpliquemescopoclassificador. Sedifcildefinir,nomaisfcilclassificar,dondeoamlgamademtodos,quetraduzem subtilezasdeopiniesemesmoobnubilaesnaarteespinhosadolaborcientfico. Broca,em1866,classificavaascinciasantropolgicasem:antropologiazoolgica,antropologia descritivaouetnolgicaeantropologiageral.Topinard,em1885,apresentouumaclassificao maiscomplexa:A)Antropologiapropriamenteditaouzoolgica,compreendendoduasseces: 1)geral(adaespciehumana);2)especial(adasraashumanas);B)Etnografia,emduas seces:1)geral(comumatodosospovos);2)especial(particulardecadapovo). Em1891,aEscoladeAntropologiadeParis,aindanoauge,possuadezanovecadeirasoucursos, cujarelaoimplicaumplanoclassificador.Eramosseguintes:AntropologiaeEmbriologia, AntropologiaAnatmica,AntropologiaBiolgica,AntropologiaGeral,AntropologiaLingustica, AntropologiaPatolgica,AntropologiaFisiolgica,AntropologiaPrhistrica,Antropologia Zoolgica,Demografia,Etnografia,EtnografiaComparada,EtnografiaeLingustica,Etnologia, GeografiaAntropolgica,GeografiaMdica,Sociologia,EtnografiaGeral,PaleontologiaHumana. 19

Prefcio Briton,em1892,propsaseguinte:somatologia(contendoanatomia,fisiologia,biologiahumana, psicologia);etnologia;etnografia;arqueologia. Martin,em1900,apresentouaseguinteclassificao:antropologiafsica(sinnimode somatologiaoudemorfologia);antropologiapsquica(sinnimodeetnologiaedeetnografia). Tylor,em1906,fezconhecerasuaclassificao,quedespertoumuitointeresseentreos antroplogos:I)Antropologiafsica,comassubdivisesem:antropologiazoolgica; antropologiapalcontolgica;antropologiaetnolgica;II)Antropologiacultural,comestas subdivises:arqueologia;etnologia;sociologia,subdivididaem:organizaodogovernocda sociedade;ideiasmoraisecdigos;prticasreligiosas;expressodopensamento,linguagem escrita,desenho,etc.;tecnologia(artes,indstrias,suasdistribuiesgeogrficas). Frassetto,em1908,formulouaquesesegue:antropologiafsica,comaseco:a)geral, compreendendo:antropologiazoolgicacantropogeografia;antropologiaembriolgicaou antropogenia;antropologiaanatmica;antropologiafisiolgica;antropologiapatolgica; antropologiabiolgica,eb)especial,compreendendoantropologiapalcontolgicaou paleontropologia. Nasclassificaesmencionadasnofiguramalgumasespecializaes,quesetmorganizadoe caracterizadoindubitavelmentecomocinciasactuais,comoantropometria,compreendendoa somatometriaeaosteometria,hojemuitodesenvolvidaspelaaplicaodosmtodosestatsticos desdeacriaodabiometriaporKarlPearson,constitucionalsticaebiotipologia,que originaramarecentepsicossomtica,noantropologia,comquesedesignapresentementea antropologiacultural,antropotaxia(classificaodasraashumanas),origemdoHomem,aquese deveaplicaronomedeantropogenia,queoutrosempregamcomosinnimodeembriologiahumana, genticahumana.Tambmnofiguramasespecializaesdadenominadaantropologiaaplicada,como antropologiacriminal,antropologiajudiciria,antropologiaescolaroupedaggica,antropologia militar,sinalticaeidentificao. 20

Prefcio AfirmouSfoclesquenomeiodetodasasmaravilhasnohmaravilhamaiordoqueoHomem. Quandooscientistasquiseramconhecerestamaravilhacompreenderamqueummundode extraordinriassurpresasselhesofereciaaestimularlhesainteligncianodesejode justificarodeslumbramentoqueosatingira,levandoosaaprofundaroconhecimentodoHomemcom acriaodenovascincias. Lisboa,Outubrode1967. M.B.BarbosaSueiro 21

INTRODUO Darumquadrocompletoeexaustivodaantropologianotarefafcil,poisqueestacinciatem apresentadonotranscorrerdotempoumaextraordinriavariedadedeaspectosedesenvolvimento emdiversossentidos.Nopossvelporessarazodelimitlanitidamente,assimcomoqualquer dascinciasafinsetnologia,psicologiaetambmasociologia.Existemvastaszonasmarginais comproblemticaprpria.Nopresentevolumepropomonostratarespecialmenteaantropologia fsica,queessencialmenteumadisciplinadascinciasnaturaisetrabalhacommtodos anlogos.Vistooseuobjectivoconsistirnoestudodohomemdopontodevistabiolgico, apropriado,comopropsE.Fischer,falardeantropobiologia;derestotambmE.v.Eickstedt estabeleceu,comfundadasrazes,anecessidadedeacrescentar,aoladodabotnicaeda.,:) Ioga,umterceiroramodabiologia,umabiologiahumanageral,daqualaantropologiafsica deveriaserapenasumsectorfundamental.Nestevolumeencontrarsealmdissoumatemtica muitovariada:nelaprocurousedestacaraantropologia,comocinciadohomem,dodomnio exclusivamentebiolgicoparaainserirnumacinciageraldohomem,naqualpossamencontrar oseulugartambmasdisciplinashumansticas. Apresentamosestevolumeesperanadosemqueoseucontedocontribuaparaadifusodeum conhecimentomaisprecisosobreumsectormalexploradopelainvestigaocientficaepara dissiparospreconceitosqueosmovimentosracistas,esobretudoonacionalsocialismo,tentaram criaremtomodele.Osredactoresdovolumecolaboraramnumplanodeabsolutaigualdade.A direcodaobrafoiconfiadaaosignatrio.Nacompilaodotrabalhonosurgiramquaisquer divergnciasdignasdereparoentreostrscolaboradores,Istosignificaqueaantropologia, noobstanteasua 22

Introduo breve,mastrabalhosaexistncia,apesardadiversidadedasuaproblemtica,quevaidafsica molecularpsicologiadaprofundidade,estjhojeconsolidadadeformaatornarpossveluma exposiotocomplexacomoapresente.bvioquequandosechegasparticularidades, especialmentesesetratadeproblemasmuitoprofundos,noexisteumaopiniounnime,poisque numacincianaqualnopossvelempregaraexperinciaprojectadatalunanimidadenose podeobter.Osnossosconhecimentossomesmohipotticos,provisrios,sembasesestveis;a hiptese,porm,oprimummovensdacincia,eistonomenosvlidoparaaantropologia. Esformonos,noentanto,porconfrontar,semprequefoipossvel,oelementopuramente hipotticoreferenteaoconjuntodasteoriascomosdadosseguramenteestabelecidos.Porgrande quesejaonmerodecorrelaesaindanodetodoclaramenteasseguradas,eporfragmentrio quesejaomaterialdequedispomos,restatodaviaumfundoslidodeconhecimentosobreoqual sepoderedificarequelcito arriscaraprevisoconstituirnofuturoabaseparaumulteriordesenvolvimentodesta cinciatodifcil.bviamenteestelivronosepropeesgotar,nemsequeraproximadamente, nasparticularidades,aantropologiacomocincianaturalebiolgica,nemfoinossointuito escrevertalobracomopadroparaoespecialista.Pelocontrrio,estelivrodirigidoao profano,quertrabalheemdisciplinasafins,quertenhasimplesmenteuminteressegeralpela nossacincia;paraelealeituradestelivropoderserproveitosa.Depararselheotalvez problemasefactossobreosquaisantesnoterprovavelmentetidoocasiodesedebruar,ou quetalveztivessemesmoignorado.Assim,paracitaraoacasoumexemplo,indicamsealgumas entreasrazesmaisprofundasdaantropologiamdicaeacercadaantropologiafisiolgica forneceseumabasequepodertambmestimularaantropologiateolgica. Naredacodosartigosprocurousefugiresquematizao,demodoqueoleitorpossa reconstituirsemesforoumquadroorgnicodamatria.Cadaartigoapresentaseantecomo individualidadebemdefinidaatrsdaqualnonaturalmenteimpossvelreconheceraperso 23

Introduo naldadedoautor.Osredactoresdestevolumeesperamterconseguidodarunidadeaosvrios sectores,todiversosedivergentes,daantropologia,detalmodoqueestadaimpressode umavisounitriadohomem. AgradecemoscasaeditoraeredacodaEnciclopdiaoauxlioeacompreensodemonstrados durantearedacodestaobra. GerhardHeberer 24

AntropologiaAntropologiasignificaetimologicamentecinciadohomem.Otermoremontaa Aristteles,massurgenovamenteem1655empregadoporumannimoparaindicaraanatomiaea fisiologiahumanas.Aantropologia,queshpoucosdecniosatingiugrandedesenvolvimento cientfico,noalcanouaindaumadefiniounitrianoseucampodeinvestigao.Recentemente algumassugestesforampropostasparadefiniraantropologiacomocinciaedelimitaroseu objectivo.(E.vonEickstedt, 1937;E.Fischer,1953;K.Saller,1957).Nestetrabalhoreportarnosemosespecialmentea Fischer(195355).ActualmenteumadasprimeirastentativasdedefinioadadaporR.Martin, quenasuaobrajclssicaLehrbuchderAnthropologieinsystematisherDarstellung(1914) (TratadoSistemticodeAntropologia)adefiniucomohistrianaturaldoshomindeosnasua evoluonoespaoenotempo.Estadefiniomarcoudurantemuitotempooconceitode antropologiaemtodosospases,com excepodosdalnguainglesa.Nestesaantropologiadivididaemdoisramos:1)histria naturaldoshomindeos,chamadaantropologiafsica,e2)etnologiaeetnografia(sociologiae etnografia),oquedemresultadoenglobaremsenelavastossectoresdahistriada civilizao.OdesenvolvimentorecentedacinciaantropolgicamostraqueadefiniodeMartin muitorestrita,poisquenoquerespeitahistrianatural,aantropologiaabrange unicamenteopresenteeofuturo.Comocincianaturalaantropologiacompreendetudooque analisvelcomosmtodosdascinciasnaturais(>Mlodosdeantropologia),ousejaa morfologia(oestudodescritivodasformassomticas)eafisiologia(cinciadasfunesdo corpo),compreendidososprocessosbiolgicoseasvariaeshereditrias,comoavariabilidade, amutabilidadedetransmissodecaracteres,osmecanismosevolutivos(seleco,derivao gentica,etc.),agnesedosgruposhumanoseahistriadaevoluodoshomindeos(formao dasespciesesuadistribuiogeogrfica).Tambmtmde 25

Antropologia sertomadosemconsideraoosoutrosprimatas,eparticularmenteossmiosantropomorfos,pelo factodeseremosmaisprximosparentesdoshomindeos.Estecomplexocontedodahistria naturaldoshomindeos,aquisumariamenteesboado,constituis@mentepartedaquiloqueuma cinciadohomemdeveindagar.Osmtodosdascinciasnaturaispermitemnosapreciarunicamente umaspectodohomemmasnoasuapsiqueeasmanifestaesdasuaactividade.Sebemqueo estudodosgmeosedasfamlias,aetnografiaeaetnologiarespeitemessencialmentes cinciasnaturaisnoqueserefereaplicaodosseusmtodos,todaviaalargasetambmao sectordascinciasdoesprito.Salientemos,comoE.Fischer,queoantroplogoprestesa terminarasuainvestigaonopodesuporiralcanaroseutermoouteresgotadotodasas fontesdacinciaparaoconhecimentodohomem.Hnaantropologiaumaspectoqueaaproxima dascinciasdoesprito,peloquenopodeserconsideradaapenascomoumahistrianatural doshomindeos.AdefiniodeMartinmostrasedestemodoincompleta:narealidade nopodemosaplicarotermoantropologiaadisciplinasdistintasdahistrianaturaldohomem, aindaqueigualmenteseinteressempelanaturezahumana;temosassimumaantropologiafilosfica (M.Scheler),umaantropologiacultural(E.Rothacker),umaantropologiacrist(H.Thielicke), umaantropologiamdica(V.v.Weizscker):noqueserefereaestaltimaclaramente compreensvelqueestadisciplinanosepodenitidamenteseparardaantropologiacomocincia natural.Apossibilidadedefundirnumaantropologianicaosdoismodosdeobservarohomemo dascinciasnaturais,porumlado,eodascinciasdeesprito,poroutroparteprecisamente doprincpiodequeohomemconstituiumaunidadefsicoespiritualquepodeseranalisadapor qualquerdosmodos.Oobjectivoconsisteemobterumquadrodanaturezadohomem.Esteprocesso sntesepodeserporissodefinidoglobalmente.jEgonvonEickstedtclassificaraa antropologia,aoladodabiologiadosanimais(zoologia)eadasplantas(botnica),comoa terceirabiologia,ousejaabiologiadohomem.E.Fischerpropsousodotermode antropobiologiaparaestabiologianaturalsticado 26

Antropologia homem,poisqueelaultrapassouoconceitoconvencionaldaantropologiacomohistrianatural doshomindeos,enquantocomonomedeantropologia,correspondentementeacepoliteraldo vocbulo,sepoderindicaroestudodohomememgeral.Otermoabrangeriadestemodoquera investigaonaturalqueradoesprito(compreendidastambmametafsicaeateologia). Nestaenciclopdiamanteveseoconceitotradicionaldeantropologianosentidodeuma disciplinanaturalstica,noesquecendopormasligaesqueelatemtambmcomascinciasdo esprito.Aconfusoquereinanumaparte,felizmentenomuitoextensa,doliteratura cientfica,naverdade,considervel,masapesardissonotemprovocadoqualquerdano verdadeiraantropologia.Oleigonoirprocurarumfilsofoouumtelogoouummdico,aum institutodeantropologia.Poroutrolado,topoucoazoologiaseocuparintensamente,por exemplo,dainvestigaodocomportamento(behaviorismo;psicologiaanimal)ultrapassandoassim limitesjdehmuitoestabelecidosemudandooseunomeparazoobiologia.bviamenteesta analogianoapropriada,porque,dadaaposioparticulardohomemperanteosanimaisem razodasuainteligncia,naantropologiaasituaobemdiferente.Emtodoocasoa antropologianovaiaopontodepretendertornarpossvelaelaboraodeumaexaustiva investigaodanaturezadohomem. DeacordocomoesquemadeE.Fischer,nestaobraarticularemoscomosegueaesferadeacoda antropologia: 1)Morfologiahumana:morfologiageralecomparadado corpo,dossistemasorgnicosedosrgosdoshomindeos; 2)Estudodasraas:morfologiasistemticaehistria dasraas; 3)Paleontropologia:morfologiadoshomindeosfsseis(noquadrodosprimatas),histriada evoluo humana(antropogneses). 4)Genticahumanaouantropogentica(doutrinada hereditariedadehumana):mecanismoshereditrios,doutrinadavariabilidade,seleco,gentica daspopulaes,leisdadiferenciaoracial(vertambm3). 27

Antropologiacultural 5)Fisiologiahumana:investigaocomparadadasfunescorporais; 6)Psicologiahumana:investigaodasdiferenasdocomportamento; 7)Patologiahumana:aberraesmorfolgicasefisiolgicas,relaescomagenticahumana; 8)Antropologiasocial:sociologiadosgrupos,antropologiadosgrupos; 9)Antropologiaaplicada:eugentica,higieneracial. Paraobterosseusresultados,aantropologiarecorreaosmtodosdepesquisautilizadospela biologiageral,adaptadosaoobjectivodasuainvestigao(ohomem:>Mtodosde antropologia). Aantropologianopretendeabrangerohomemnoseutodo,isto,noseuaspectoespiritual inescrutvel,comosmtodosdascinciasnaturais,nemtopouconeglo(E.Fischer). AntropologiaculturalOhomemvivenummeioculturalcriadoporeleprprio;istoque fundamentalmenteodistingue.Nopossvel,portanto,umacaracterizaodohomemsema anliseedefiniodesteaspectodocomportamentohumano.Atarefadaantropologiacultural consisteemelaborareinterpretar,apartirdomaterialcientficoexistente,oqueessencial paratalefeito.Aantropologiaculturaldescreveasvariantesdeculturacomovariantesde comportamentoe,portanto,constituipartedeumainvestigaobiolgicadocomportamento (etologia).Assuasatribuiesmaisimportantesso:1)Oestudodavariabilidadedeelementos culturaisedeculturas,distinguindoentreconstantesevariantesculturais;2)Oconfrontoe, emdeterminadoscasos,acomparaoentreosmodosdecomportamentohumanoseanimais;3)O problemadarelaoentremodosdecomportamentoinstintivos(hereditrios)eadquiridos(por aprendizagem),bemcomoodasbasesbiolgicasgeraisqueservemdeestruturascapacidades culturaisdohomem. CONSTANTESEVARIANTESCULTURAIS.Aacoestruturantequeaculturaexercesobreo comportamentohumano 28

Antropologiacultural dizrespeitoatodasasesferasfuncionais.Estaexpresso,usadaemecologia(v.Uexkll), indicadeterminadoscrculosdevidacomumacertaassociaodergos,funesoumodosde comportamento,porumlado,e,poroutro,determinadaspartesdoambiente.Oscrculos funcionaisdaalimentao,dahostilidadeparacomoinimigo,dosexo,etc.,tambmexistempara ohomem,massodetalmodocomplicadosporfactoresculturaisintermediriosquedeixade existirqualquerespciedecontactodirectoentreoorganismoeomeionatural;verificase destemodoumadilataodasesferas(oucrculos)funcionais(Storch).Nocrculofuncional daalimentao,porexemplo,oactodirectodaaquisiodealimentosfoiampliado,mediantea divisodotrabalho,produodosmeiosdesustentoetrocaoucompra.Paraocombateaos inimigos,ohomemnopossuiqualquerrgoespecfico,servindose,desdeosestdiosmais primitivosdecivilizao,dearmasconstrudasartificialmente.Nocrculofuncionaldosexo incluemsecostumestradicionaisdeaproximao,corte,noivadoecasamento,bemcomoa regulaosocialdasatribuiessexuais,etc.Estaconstruodeumnovoambiente especificamentehumanoapartirdecoisasfeitasouinventadastambmsedesigna autodomesticao,porquantoexistempontosdecontactocomoambienteartificial, arbitrariamenteinfluenciadopelohomem,dosanimaisdomsticos;emambososcasosseverificam sobretudotransformaesarbitrriasnascondiesqueregemanutrioeareproduo.Estas transformaesimplicamanlogasconsequnciasbiolgicas,principalmenteumaumentoda variabilidademedianteodecrscimodapressoselectiva(E.Fischer). Existegrandenmerodeculturasvivasemortas,isto,deformastpicasnasquaisohomem representoueorientouasuavida(Mhlmann).Calculaseoseunmeroem3000oumais,conforme aquantidadedeelementosculturaisnecessriosparadiferenciarasvriasculturas.So conjuntodetodasasvariantesculturaisdecomportamentorepresentaocomportamentoespecfico dohomem,eessecomportamentoprecisamentecaracterizadopelasuaextraordinria variabilidade.Ascaractersticascomunsatodasasculturasvivasestorelativamentepouco generalizadas 29

Antropologiacultural (Mhlmann):1)Emtodasasculturasanaturezatransformadatecnicamenteparasatisfazeros imperativosdealimentao,abrigoedefesa;2)Emtodaselasseencontraumpensamento simblicoeumalinguagemcomsmbolossonoros;estessmbolosestoligadosadeterminados significadoscomcertascaractersticasdeabstracoporrefernciapercepoeexperincia imediata;3)Emtodaapartehnormasparaocomportamentomasculinoefeminino,enosno queserefereaoaspectosexual,mastambmnoquedizrespeitoaotratamentodascrianase divisodotrabalhoemgeral;4)Emtodasasculturasexisteumimpulsoparaaexpresso artsticaesuarepresentaonosdomniosdamsicaedadana,dasartesplsticasouda poesia,comcnonesartsticosespecficos; 5)Emtodasasculturashnoesdeordemqueregulamavidadogrupoenormasdojustoe doinjusto,dobemcdomal,doconvenienteedoinconveniente,manifestandoseassim,na formulaodasnormas,umanecessidadegeraldereciprocidade. COMPARAODEMODOSDECOMPORTAMENTOHUMANOSEANIMAIS.Asrelaesdeparentescoquepodemser filogenticamenteinterpretadassosusceptveisdesedeterminar,nosporcaractersticas somticas,mastambmpelosmodosdecomportamento,queadquiremumaimportnciasempre crescentenasistematizaozoolgica(comportamentohomlogo).Assim,podefazerseremontar umasriedemodosdecomportamentohumanoaqualquercomportamentogenricodeprimatas, mamferosouatvertebrados.Asvariaesespecificamentehumanasdestesmodelosgenricosde comportamentosodefundamentalimportnciaparaaantropologiacultural. COMPORTAMENTOSEXUAL.Asvariaesmaisimportantesqueseencontramnasatisfaodoinstinto sexualnossereshumanosencontramsetambmnoutrosprimatas;almdasrelaesheterossexuais, deparasenosahomossexualidade,amasturbao,osjogosamorososdeintroduoaocoito,as brincadeirassexuaisdainfncia:ainiciativatantopodepartirdomachocomodafmea.Na sriesistemticaquevaidesdeosprimatasinferioresataohomemobservase 30

Antropologiacultural umasriedeprogressivastransformaes:nadeterminao ocomportamentosexualdiminuiopapeldashormonassexuaiseaumentaodocontrolecerebral;os modosdecomportamento,dentrodaespcie,tornamseassimcadavezmaisvariveisesujeitosa umacontnuatransformao,aumentandoaimportnciadacomponentedaaprendizagem.Osmanejos sexuaisdoperodoprpuberalservemparaensaiarprogressivamenteosmodosdocomportamento sexual.Osciclosdeciodasestaesdesaparecem:ointeresseeaactividadesexualmanifestam seemtodasasestaesnosprimatasdegraumaiselevado,mesmonosquevivememliberdade, peloquetodososmesesnascemanimais(Zuckermanneoutros);diminuiaindiscriminaono acasalamentoe,emseulugar,surgeumaclarapreferncianaescolhadopartner(bastante evidentenoschimpazs,porexemplo).EmtodososanimaisMmesticadosouvivendoemcativeiro aumentaaactividadesexual;provvel,portanto,queafortesexualizaodohomemesteja relacionadacomasuaautodomesticao. Ostraosprincipaisdocondicionamentodaculturahumanasobreocomportamentosexualso:1)A formaodeumaesferadeintimidade,delimitadanoentantoemgraufortementevarivel.Nos animaisprimatas,osmanejossexuaiseoacasalamentocumpremseempblico;emtodasas culturashumanas,pelocontrrio,preconizaseoisolamentodocasalduranteoacto.Estefacto podeinterpretarsecomoconsequnciadascrescentesligaespessoaisrelacionadascomoacto sexual;2)Aneutralizaoouimpedimentodoinstintosexualemrelaoadeterminadaspessoas (incesto,cf.maisadiante),emdeterminadosdomniosdavida(celibatosacerdotal)ouemcertos perodos(castidadeprmatrimonial,etc.);3)Asublimaodoexcessodeenergiasexualnoutras esferasdeaco(arte). Ainstitucionalizaodocomportamentosexualnasdiversasculturasassumegrandevariedadede formas(Ford,Beach).Entreoutrascoisas,asformasindividuaisdesatisfaodoinstinto sexualsodiversamenteconsideradas:aatitudeemrelaohomossexualidadevariaentreamais rigorosaproibio,comameaadepunio,eatolernciaeindiferena,chegandoat consideraopositivaemesmosuaexigncia;demodoanlogo,nosmanejossexuaisda 31

Antropologiacultural prpuberdade,oscilaseentreamaiscompletaliberdadee eaproibioseveramentevigiada.Emalgumasculturasainiciativapapelexclusivoou predominantedohomem,noutrastambmpermitidamulheroulheatribuiade preferncia(isto,porm,semelhanadoqueseverificanosanimaisprimatas,constituiocaso maisraro).'Adelimitaodaesferadeintimidadeapresentatodososgrusataotaboabsoluto davidasexual;aneutralizao,prsuavez,apresentatodososgrausatcompletaascei@, Umaestruturaqueseopesatisfaodoinstintosexualidadeecujaexistnciadeveser consideradaabasedetodasasorganizaessuperiores,culturaisesociais(Schelsky).Anorma sexualnocobre,emnenhumasociedadehumana,todasasvariantespossveis;contudo,a quantidadedemodosdecomportamentoanormaisouimoraispodevariargrandementeattornar anormaabsolutamenteindeterminada(relatriosKnsey).Asfortesvariaeshistricasdas normassexuaissotocaractersticasdo,homem comoasuagrandevariedadetnica(Taylor). FAMLIA.Abasedafamliaconstitudapelarelaomefilho.Nasriedosanimaismamferos, estarelaotantomaisduradoura,firmeericadecontedoquantomaisprolongadafora infncia,isto,quantomaistempoacrianaestiverdependentedoscuidadosdame.Emnenhum animalestarelaoseprolongaatcompletamaturidadesexualdofilho;emmuitoscasos, mesmoentreosprimatas,essarelaoestendeseparaalmdoperododedependnciaalimentar dofilhoemrelaome.Nestecaso,oncleofamiliarabrange,almdame,vriosfilhosde diversasidades,oquediferenciamaisfortementeasrelaessociaisnosdameparacomos filhoscomodosirmosentresi.Nossereshumanosoprocessopsicolgicodaseparaoda famlia(Count)muitoretardado,nochegando,emmuitoscasos,aconsumarse.Daresulta uma die a duplasriederelaesfamiliares:comafamliadeorigem(familyoforientation)ecoma famliaconjugal(familyofprocreation).Destemodo,snohomemseverificaapossibilidade deumaligaoconscientedetrsgeraes,eisto,constituimanifestamenteumacondio 32

Antropologiacultural importantssimaparaainstauraodeumatradiodeexperinciaseconhecimentos. Emquasetodososanimaisprimatasomachostemrelaesindividuaiscomafmea,nuncacomos seusdescendentes:procriador,masnopai.Oingressodohomemnafamliarepresentaopasso decisivoparaaformaodafamliahumana(Count).Enquantonosprimatasosinteresses familiareseextrafamiliaresentreosltimosprincipalmenteaobtenodealimentosse encontrampraticamentedesligados,nafamliahumanaestesdoiscrculosdeinteressesunemse estreitamente.Nestatransformao,apassagemdeummododevidapredominantementevegetariano aumaalimentaomaisvariadaesobretudocaagrossapodeterdesempenhadoumpapel importante(Washburn).Nosprimatasnenhumanimaladultocedeaosoutrospartedosalimentosque conseguiuobter(exceptuandoocasodachamadaprostituiodasmacacasdosjardinszoolgicos: afmeaofereceseaomachoemtrocadegulodices);acaa,queparecejtersidopossvelnos australopitecdeos,deveterconduzidodiferenciaodossexosnaprocuradealimentos(> Antropologiasocid,divisodotrabalhoemfunodosexo):omacho,depreferncia,quem procuraacarne,mesmoparaaalimentaodafmeaedosfilhos.Destemodo,funoprotectora domacho,querepresentaumacaractersticadocomportamentocomumatodososmamferos, acrescentaseumanovafunoquecontribuiparaaintegraodafamlia.Umaantecipaodesta atitudesocialdohomemjvisvelnasmuitasvariaesdacapacidadesocialdosgrandes smios:oschimpanzsmachosprotegemsempreascriasdoseuprpriogrupo;numgrupode chimpanzsprisioneirosquesecomponhaapenasdemacho,fmeaeumacriaobservasetambmo comportamentopaternaldomacho,isto,umadedicaoindividualpositivaparacomofilho nico. Afamliahumana,almdisso,caracterizadapelatendnciaparaamonopolizaodasrelaes sexuais.Porrazesdeprotecoedesubsistncia,opaiinseresetambm...nasprolongadas relaesentreameeaprole.Estarelaocontnua,biolgicamentenecessriasobrevivncia daprole,tornoupossveisnovasformasdeligaes 33

Antropologiacultural afectivasedeactividaderecproca,derelaesdesimpatiaedeobrigaesmorais...Oslaos duradourosqueunemmachoefmeanasuacolaboraoparaacriaodaproletransferemse tambmaoseucomportamentocomocompanheirossexuais(ScheIsky).Nospovosprimitivos,o casamentoeafamliasosobretudoinstituieseconmicas;avariedadedeformasdematrimnio dependeemgrandepartedaestruturaeconmica(Thurnwald,Westermarck);astendnciasparaa monopolizaodasrelaessexuaisimpemseemgrauvarivelcomainstituconalizaosociale religiosadomatrimnio,Contudo,subsistemaindaformasdepoligamiaemtodasassociedades humanas(arelaopoligmicaencontravasemuitodifundidanastribosprimatas),quer sancionadaspelasprpriassociedades,querproibidas.Ondeamonogamiaexistenasuaformamais rgidaapoligamiasubsistesobaformadeprostituio,objectodamaisfortereprovao social. Outracaractersticacomumatodosossistemasdefamliashumanasaproibiooutabode incesto;afamliahumanapodeserrigorosamentedefinidacomogrupoemquesepressupea existnciaderelaessexuaisentreosseuscomponentesprincipais,relaesproibidasentre todososrestantescomponentesdogrupo(Count).Apesardadivulgaogeraldestetabo, improvvelqueomesmosebaseienuminstinto,aserverdadequetalinstintofalteemtodosos primatas;comefeitoentreesteshacasalamentosentrepaisefilhas,mesefilhos,irmos eirms.Emmuitoscasos,otabodeincestonoselimitaapessoasunidasporumaorigem biolgicacomum,poisabrangetambmmembrosdoprpriogruponounidosporvnculosdesangue. Deresto,aocasionalsupressodotabodeincesto,emesmoapresenadeumaprescriode incestoemalgumasfamliasreais(matrimniosentreirmoeirmnosIncas,nosPtolomeus, etc.)pormotivospolticos,soelementosquedepemcontraaasserodeumfundamentodotabo noinstinto.Aproibiodeincestotemduasfunessociaissusceptveisdeexplicarasua origemedivulgao:estabilizaafamlianalutapelavidaaoexcluirapossibilidadede rivalidadessexuaisque,pelomenosentreosprimatasnocativeiro,doorigemmaiorpartedos conflitossociais.Quantoobrigaodaexogamia(escolhado 34

Antropologiacultural cnjugeforadogrupo),ligaasdiversasunidadesfamiliares,contribuindoassimparaaformao decomunidadessociaismaisvastas. TERRITORIALIDADEECOMPORTaMENTO.Adelimitaoeadefesadeterritriosprpriosrepresentam comportamentocomumaosanimaisvertebrados.Nosvertebradosinferiores(peixes)existemapenas territriosdecasaloudefamlia;nasformasdotadasdeorganizaosuperiorhtambm territriosdegrupo,osquaispodemdividirseemterritriosdefamlia.Adefesado territriotantomaisviolentaeeficazquantomaisoassaltanteseaproximardospontos vitais.Comoaumentodadensidadepopulacional,tofrequenteentreosanimaisaprisionados,as lutaspeloterritriotornamsemaisfrequenteseviolentas.Entreasfunessociaisque determinamaescolhadoterritrioporpartedeumgrupoencontramseaprotecodosmais pequenos,adistribuiouniformedapopulao,adiminuio,daslutasporquestessexuaisou deestirpeeaintegraodogrupo.Aidentificaocomdeterminadolugarfavorecetambma individualizao:comotodososvertebradospossuemboamemrialocal,assimfacilitadoo conhecimentodeoutrascriaturasdamesmaespcie.Aextensodosterritrios,assimcomoas zonasdeagressoedefuga,variamdeespcieparaespcie,mastambmapresentamvariabilidade individual;dependem,entreoutrascoisas,dotamanhodocorpo,danecessidadealimentaredo gnerodealimentao. Tambmseencontraumanoodeterritorialidadeprprianosprimatas.Osgrandessmiospossuem territriosdegrupobastanteextensos,afastandosemuito,porvezes,dolocaldeconcentrao, dogrupo.Especialmenteentreosbabunos,odireitodecadaindivduoaoespaoestemrelao comasuaposio,social.Contudo,nohnenhumadivisofixadoterritriodogrupo:as distnciassofixadasemcorrespondnciacomasdeslocaesdosanimaisdeestirpemais elevada. evidentequeadefiniodeterritriostambmdesempenhapapelimportantenaorganizao socialhumana.Nohomem,oterritriodegrupopodeapresentarsesobmuitssimasformas,desde asreservasdecaadoresrecolectores, 35

Antropologiacultural respeitadasgeralmentepelosoutrospequenosgrupos,atdemarcaoedefesadasfronteiras territoriaisnospovosdasculturassuperiores.Observasetambmocasodeindivduosou famliasisoladasqueprocuramassegurarapossededeterminadoespaoedelimitlo(nos crceresenoscamposderefugiados,porexemplo). Ahostilidadecontraosvizinhoseatendnciaparadelimitarosdomniospossudosaumentamcom adensidadedaspopulaes(Leyhausen,Lorenz).Nosdoentesmentaisobservasedeterminada distnciadefuga,varivelsegundooindivduo;seessadistnciaforultrapassadaporum estranho,odoenteentraempnicoeoseucomportamentotornaseagressivo(Staehelin).A delimitaoterritorialeaagressocontraindivduosestranhosaoterritrioconstituem bviamenteumadasbasesdopluralismodasculturas,porquantoseopemdifusodebens culturais,favorecendoassimaformaodemodosdecomportamentoespecficosdosvriosgrupos. */* HIERARQUIA.Muitosgruposdeanimais,entreosquaisosdeprimatas,so,semelhanadas sociedadeshumanas,estruturadossegundoumahierarquia.Aposiodecadaindivduona hierarquiadecididaporlutasque,emmuitoscasos,podemserritualizadasemactos cerimoniais.Destemodo,emvezdaslutasverdadeiras,aparecem,porumlado,gestoseatitudes deameaaeimposio,eporoutro,gestosdehumildadeesubmisso.Asformasdecomportamento queimpedemaagressodemembrosdamesmaespcieconstituramseprincipalmentenaquelas espciescarnvoras(comooslobos)cujoscomponentessocapazesdematarindivduosdomesmo tamanho.Entreosprimatas,estapossibilidadeveioaverificarsecomoadventodacaa eainvenodosutenslios.Oaparecimentodemedidasdeprotecocontraoataqueemortede membrosdamesmaespcienoresultoudoinstintomasdemodosdecomportamentoaprendidos: sseatacaoindivduoestranhoaogrupoouaoterritrio;oqueseconhecepessoalmentecomo membrodomesmogrupogeralmentepoupado. Oconhecimentopessoale,consequentemente,osfenmenosdeaprendizagemdesempenhamportanto, entreosanimais,papelimportantenaslutaspeloterritrioepela 36

Antropologiacultural categoriahierrquica.Contudo,odomniodoimpulsoagressivo,tantonocasodosmodosde comportamentoinstintivoscomonodosaprendidos,mecanismofcilmenteperturbvel(Lorenz). Asatitudesdeameaaedesubmisso,deimposioedehumildadevariamconformeasespcies. Ossinaisdeimponnciadosindivduossuperioresso,nasvriasespcies,geralmente representadosporumlevantamentodotomdevoz,aliadoaoautoengrandecimento(arrogncia, entufardaspenas,porteerecto;emalgunsanimaislevantamentodasbarbatanas,orelhasou cauda);aosgestosdesubmissocorrespondeadiminuiodotomdevozrelacionadacomoauto rebaixamento(constrangimento,humildade,caudaencolhida,orelhaspendentes,etc.).Estas formasbsicasdocomportamentoespecficorelacionadascomaposiohierrquicasotambm reconhecveisnohomem,culturalmentetransformadasporeleetomadasobjectodeaprendizagem, adquirindocaractersticasdeobrigaosocial.Asvniaseasmesuras,otirarochapu,o ajoelharserebaixamosdeestirpeinferior;aatitudedosindivduosqueocupamasescalas superioresdashierarquiassoexaltadaseaumentadaspormeiodeartifciostcnicos.Mscaras, adornosdacabea(taiscomocoroasediademas),coturnos,assentosaltos,vesturiovistoso, tudoistoserveparaengrandeceraimponnciadoaspecto. Nosvertebradosaaquisiodeumlugarsuperiorouaconquistadeumgrandeterritrio favorecidaporumasuperioridadedeestatura;osindivduosaltos,robustos,vitoriososnas lutaspelafmeaepeloterritrioencontramseportantofavorecidostambmdopontodevistada seleconatural(>Origemdohomem,leideCope);apequenaestaturapode,noentanto,ser compensadapormaiorexperinciaevitalidade.Nosprimatas,entreosquaisasdiferenasde sexosoacompanhadasdeacentuadadiferenadeestatura,sonormalmenteosmachosquedominam; osgestosfemininosdedisposioparaocoitopodemtransformarsenumactogeraldesubmisso, tambmusadopelomacho(principalmentenosbabunos).Aclassedafmeafrequentemente determinadapelaestirpedomacho;pode,portanto,peloacasalamento,stibiroudescerdoponto devistasocial.Aestaturaeosexotambmdesempenham 37

Antropologiacultural papelimportantenahierarquizaodossereshumanos(>Antropologiasocial).Noentanto,com acrescentediferenciaodaestruturadasociedade,provvelqueaestaturacomosinalde imponnciatenhaperdidoimportnciaafavordaexperincia,equenasociedademodernaa correlaoentreaposiosocialeosfactoreshereditriosdeestaturanoexistademodo directo,mastosatravsdacorrelaoentrecapacidadedeaprendizagemeestatura.Nohomem, paraalmdosdotesindividuais,outrosfactoresnumerosos,dbilmenterelacionadoscomo patrimniobiolgicoindividual,contribuemparadeterminarograuhierrquico:origemfamiliar, profisso,riqueza.Assim,enquantonassoJedadesanimaissexiste,regrageral,umahierarquia simplesou,nomximo,duasescalasdistintas,paramachosefmeas,naqualcadaindivduo ocupadeterminadolugar,nasociedadehumanasubsistemhierarquiasmltiplas(Count);a sociedadeestruturadaemdiversashierarquiaseoindivduopodeadquirirdiferentesposies hierrquicasconsoanteafamlia,aprofisso,avidasocial,etc. UTENSLIOS.Ousodeutensliosassumeimportnciaespecialparaaantropologiacultural, poisnospermite oestudocomparativodasespciesvivas,mastambmfacultaasuperao,atravsdeachadospr histricos,dalacunaexistenteentreosprimataseohomem.Osutensliossoobjectos utilizadosparaalcanarcertosfins;seseperderem,podemsersubstitudosporoutros iguais,constituindo,portanto,componenteconsFig.1.Chimpazaenfiarduastantedo equipamentotccanasdebambuumanaoutra(segundoW.Khler,1921)nico(Mhlmann); geral mentesosobjectostrabalhadossedesignamporutenslios(ferramentas).Muitosanimaisoperam umatransformaotcnicadoambiente; 38

Antropologiacultural porvezes,osanimaisadaptamalgunsobjectos,masnuncaosconservam.Nabasedasmais importantesrealizaestcnicas,taiscomocolmeiasdeabelhas,labirintosdetrmitas,teias dearanhaeninhosdepssaros,existesempreumcomponenteinstintivopreponderante,aopasso queocomponentedeaprendizagemdiminutooumesilionulo.Nosprimatas,cujocomportamentose modificacontinuamentecomaaprendizagem,verificase,mesmoemanimaislivres,aoportuna utilizaodepedras(paraquebrarnozes)edepaus.W.Khlerrealizouinvestigaes sistemticasemchimpanzsprisioneiros:estesutilizavamdiversosobjectos(caixas,paus) paraalcanarguloseimasquedesejavam;emalgunscasosconseguirammodificarcomosdentesa extremidadedeumpauocoparaoinserirnoutroeassimobteremumpaumaiscomprido:nestes casosassisteseadaptaodeobjectosjexistentes.Quandoserepetiaaexperincia,as vriasoperaesdecorriammaisdepressa Fig.2.FragmentosdeossoeseuusoDrovvelnaculturaosteodontoquerticados australoPitecdeos(segundoR.A.Dart,1957) doquedaprimeiravez,demodoque,mesmosemadestramento,manifestavasejcertatendncia paraaconstncianousodosobjectos. Nahistriadaevoluohumana,osaustraloptecdeos(>Origemdohomem)podemconsiderarse osprimeirosconstrutoresdeutenslios.Dartatribuilhesumaculturaosteodontoquertica(ou seja,caracterizadapelautilizaodeossos,dentes,cornos)querepresentaria@umatransio entreousoocasionaldeutensliosporpartedosantropideseofabricodeferramentaspelo homempaleoltico:determinadostiposdefragmentossseosaparecemcomtal 39

Antropologiacultural frequncianosachadosquedoaideiadeumaescolhasegundoummodeloconstante,comvistaa detenninadosfins,chegandomesmoafazerpensaremadaptaes.Contudo,amaioriadomaterial fssilpropostoporDartcentestado.aabundnciaeoestadodeconservaodamaiorparte dosfragmentossseosdajazidaprincipaldeMakapansgatsugeremaindaoutrasexplicaes(por exemplo:quesetratederestosdorepastodehienas);emMakapansgat,todavia,tambmse encontrampeastrabalhadas,sobreasquaisnopodemsubsistirdvidas,eatmesmoutenslios formadosdediversosfragmentos:ossosocosinsertosunsnosoutrosprocessoquerecordaa insero,umasnasoutras,decanasdebambupraticadapeloschimpanzs(cf.Fig.1)eossos dometacarpodeantlope,nosquaisosespaosentreasvriasarticulaessoalargadosafim Fig.3.UtensiliosdoprimeiroperododeChukuTien(segundo R.Grahmann,1952) dereceberemaincrustaodeoutrosfragmentosdeossooudecorno.Seduvidosaaatribuio detoscosutensliosdepedra(pebbletools)aosaustralopitecdeosdafricadoSul,nempor issodeixadesermuitoprovvelnoquedizrebpeitoaosutensliosencontradosnanovajazida deaustralopitecdeossituadanagargantadeOldoway.Comoosaustralopitecdeoscaavam, naturalquejnessaalturaseservissemdeferramentas,poisnemasuadentadura,detipo semelhanteaohumano,nemassuasmosestavamaptasadesmembrarosanimaismuitocorpulentos, sobretudoadilaceraroespessocourodosbovinos(Washburn). Nahistriadaevoluohumanaoestdiodaproduodeutensliosfoialcanadoparalelamente aodeumvolumeenceflicoquecorrespondeaindaaodosmaioresantropides. indiscutvelaadaptao,peloSinantropo,deobjectosnaturais,comvistasuautilizao paradeterminadosfins, 40

Antropologiacultural etambmmuitoprovvelnoquedizrespeitoaosrepresentantesdograuPitecantropo(cul'tura doschoppingtoolsdasiaMeridional,etc.).NodecursodoPaleoltico,otrabalhosobrea pedracomeouaaperfeioarse;juntamentecomobjectosdestinadosamltiplosusosapareceram diversasferramentasespecializadasdepedraeosso(pontas,rascadores,furadores,arpes, etc.).Estesutensliospressupemnoscapacidadedeengenho,masaindaperseveranano trabalhoepacincia,isto,distanciaoemrelaoaoobjectivofinalereconhecimentodo trabalhocomoconstituindoumarealidade(Gehlen).Noschimpanzs,pelocontrrio,as relizaestcnicassurgemsmenteemfunodaurgnciaimediatadasituaoestmulo.No decursodaevoluotcnicacontnuaqueseseguiuaoPaleo Fig.4.UtensliosdoPaleollitcoSuperior.BifacespontaserascadoresdacavernadeMik (Crimeia)edeIlskaja,territrio doKuban(segundoR.Grahmann,1952) ltico,todasasmatriasprimasnaturaisforamobjectodetrabalhoeasmaisvariadastLnicas delaboraointroduziramnoambientedohomemgrandequantidadedeobjectoscriadospara constanteutilizao. LINGUAGEm.Dasdiversasfunesdalinguagemhumanaasmaisnotriassoasdechamamentoede expresso,manifestaestambmcomunsaosanimais,quepodemexpressaralegria,clera,medo pormeioderudosoumovimentoscompreendidospormembrosdamesmaespcieesvezestambm porindivduosdeespciesafins.Asfunesdecomunicaoeinterpretaoestoprincipalmente representadasnachamadalinguagemdasabelhas,quepermitedarindicaesprecisassobre,entre outrascoisas,anatureza,direcoeentidadedeumafontedealimentos;tratase,contudo,de umalinguagemabsolutamentehere 41

Antropologiacultural ditria.Entreossonsemitidospelosprimatas,osmaisconhecidossoosdoschimpanzs (Yerkes,Learned,.Hayes,etc.):alturaeintensidadesonora,ritmo,naturezaesucessodos sonssoextraordinriamentevariveisepermitem,atravsdassuasmltiplascombinaes,a expresso,dosmaisdiversossentimentosedisposies;existemaindasonsrelacionadoscom situaesespecficas,almdecertonmerodevariaesindividuais.Aarticulao,porm, indistinta,dependendodaestruturaedaarticulaodalaringe,noseverificando representaesvocaisfixas,mastosmenteemissesdesonsemcadeia,cujaduraodependedo graudeexcitao.Atagorasemrarssimoscasosseconseguiu,medianteduroadestramento, ensinarachimpanzsalgumaspalavrashumanasisoladas,asquais,todavia,aindanoestavam associadasasignificadosdeterminados,emboraestivessemcontidasemcomplexossemnticosbem definidos.Atendnciadochimpanzparaaimitao,sebemquemuitodesenvolvida,encontrase limitadaquaseexclusivamenteaoplanovisual,aopassoqueossonsnosoporele reproduzidos.Acompreensodepalavraspodechegaraabrangermeiacentenadevocbulos;em certoscasosaindapossvelensinaraisolarerecombinaroselementosdefrasesaprendidas (Hayes). Alinguagemhumana,estreitamenterelacionadacomo pensamentohumanoequedevetersedesenvolvidoemntimauniocomeste,caracterizase essencialmentepeloseucarctersimblico:ossonsdestacamsedasdiversassituaes, consideradosemsiefixadosnoseusignificado,transformandoseassimemsmbolosdosvrios elementosdarealidade.Aformaodeconceitosabstractos,olidarsecomeles,emvezdecom asprpriascoisas,paradeterminarnosrelaes,mastambmrelaesentrerelaes, smentepossvelcomoauxliodopensamentoedalinguagemsimblicos.Ocontrolerecprocodo comportamentomediantealinguagemincomparvelmentemaisrigorosoeeconmicodoqueo realizadoatravsdequalqueroutrosistemadegestos(Porzig).Daresultaummenordispndio deenergiase,portanto,maiorespossibilidadesdecomodidadefsica,indispensvelao pensamentocriador.Osistemasimblicodalinguagempermite,almdisso,maisamplaeduradoura conservaoecomunicaodeexperinciase 42

Antropologiacultural conhecimentos,constituindoomeiodecisivoparaaformaodeumpatrimnioespiritualque transcendaasexperinciasisoladas.Oalargamentodadimensocronolgicadopresenteparao passadoeofuturo,quetranspeaextensodavidaindividual,bemcomoacriaodomundo interiorquedeterminacontinuamenteocomportamentohumano,estodomesmomodoligados funosimblicadalinguagem,libertandosimultneamenteessecomportamentodoslimites imediatosdasvriassituaesconcretas. Alinguagemhumanaadquiridapelosindivduosnicamentemedianteaaprendizagem.Contudo,a capacidadedefalarumadisposiohereditria,encontrandoseaindaelementoshereditriosno balbuceioinfantilemmuitossonsemitidospelossurdosmudosepelosdoentesmentaisenas caractersticasexpressivasdalinguagem.Avariabilidadedalinguagemimplicacomoconsequncia agrandediversidadedaslnguaseasres........pectivasdificuldadesde compreensodentrodaespcie.Alinguagemmmicak tambmsemodificacontinuamente,articulandosenumagrandequantidadedevariantestnicas, sociaisehistricas,nasquaisssereconhecemescassoselementosdoinstinto,como,por exemplo,osgestosdedomnioedesubmisso. Quantoaodesenvolvimentofilogenticodalinguagem,smentepodemFig.5.indcios daexistnciaformularsealgumascondeumalinguagemnoAuri gnaciano:omagodosTroisclusesindirectas.PodeFrresperguntar sequaisasestruturaspsquicasqueestariamnabasedosmodosdevidaedasconquistas tcnicasdoshomensfsseiseemquemedidaestasestruturaspressupem,oupelomenostornavam verosmil,aexistnciadalinguagem.Ahistriafilolgicadalinguagemremontaaproximadamente aoano 3000a.C.(Sumrios);paraoPaleoltico,Superior(Auri 43

Antropologiacultural gnaciano)jseadmitegeralmenteaexistnciadelinguagemsimblicabastantedesenvolvida (Porzig).AarteparietaldoPaleolticoSuperiorrevelafortetendnciaparaarepresentao pictrica;essaartetratalivrementeascoisas,combinandoasemimagensqueestomargemda realidade(omagodosTroisFrres,porexemplo,quepossuipernashumanas,carademocho, chifresderenaepnisdegato). muitoprovvelquetambmoshomensdoPaleolticoInferiormaisrecente,principalmentedo Mustieriano(Neandertalianos),possussemumalinguagem;semelhantehipteseresultanosdos utenslios,osquaisrevelamjaltograudeconstncianautilizaodeobjectos,um afastamentodoobjectivocomvistaaoqualosprpriosobjectosforamtrabalhadoseum reconhecimentodovalordoprocessodetrabalhoemsi,mastambmdofactodeaimagemdomundo transcenderjaexperinciaimediata:asepulturadosmortoseasoferendasfnebres testemunhamaexistnciadepensamentosacercadamorte,manifestandoseumatendncia,como cultodosursos(emDrachenloch,Petersstein,etc.),paraodomniomgicodasforasda natureza. AdmitindoqueosNeandertalianospossuamjumalinguagemsimblicahumana,estadevetersido inventadaprovvelmentepelosProantropos(Pitecantroposeformasafins).possvelqueos australopitecdeosjtivessemcomeadoaassociarcertossonsadeterminadossignificados,de modoqueosseusgritoseapeloscomearamaassumirvalordiscursivo;ousodalinguagem, entretanto,tambmsetomouextensivoscrianas.Nalinhaevolutivadoshomindeosdeveterse verificadodealgummodoainterveno,almdadisposioparacompreenderossons,da tendnciaparaasuaimitao,tendnciaessaquefaltaemtodososprimatasaindavivos:com efeito,semestatendncianoseriapossvelaaquisio,poraprendizagem,dalinguagem humana,portanto,aprprialinguagemhumana. INSTINTOSEINSTITUIES.Emcomportamentoshumanosculturalmenteformadospodereconhecersea sobrevivnciadeumconjuntoderesduosinstintivos:naesferadasrela 44

Antropologiacultural essexuais,porexemplo,ounarelaomefilho,ounasdedomniosubmisso,ouaindana tendnciageralparaaexpressoeainterpretaoqueabrangetambmalinguagem.Osinstintos, porm,determinamapenasaquantidadedeenergiaeadirecogeraldocomportamento,enunca, comoacontecenosanimais(totalmentesubmetidosaoinstinto),determinadoscomportamentosbem definidos.faltadestes,cadaculturaextrai,dapluralidadedosmodospossveisde comportamentohumano,certasvariantesqueelevacategoriadepadr5esdecomporta,mento sancionadospelasociedadeeobrigatriosparatodososmembrosdogrupo.Semelhantespadresde comporta Camadasupenor cinzentoesemo Argilaclara.nenhumachado Camadaacastanhada,comachados(ursodascaverrias,utensilios) Argilaclara.nenhumadiado 13. Camadarochosa Fig.6.Indciosdastenciadeumalinguagemnapoca dohomemdeNeatidertal.CultodoursoemDrachenloch mentoculturalmentedeterminados,ouinstituies,evitamaoindivduoanecessidadedetomarum nmeroexcessivodedeciseseindicamlheocaminhoaseguiratravsdamultiplicidadede impresseseestmulosprovenientesdoambientenoqualohomemseencontrasubmerso, estabelecendoassim,dealgummodo,certaligaoentreoshumanoseoambiente.Asinstituies noagemcomomesmoautomatismodosinstintos:nestes,osestmulosChaveeasreacespor elesevocadasconjugamsedemaneiraprecisa,exceptoquando,comoporvezesacontecenos animaisdomesticados,intervmperturbaesdoinstinto.0animalapoiasenasregrasdojogo; ohomem 45

Antropolo.giacultural podetambmapoiarsenelas,masnemsempreofaz...comoseaculturaconhecesseassuas imperfeieseseesforasse,portanto,porgarantiramaiorseguranapossvel(MhImann).O respeitopelasregrasprescritaspelaculturatornousepossvelnohomemdevidoexistnciade leisrigorosas,asquaissefazemremontarapreceitosdivinoseameaadeduraspuniesque podemiratdanaoeterna,enquantonosmodosdecomportamentoinstintivosocumprimentodas regrasautomtico. BASESBIOLGICASDACAPACIDADECULTURAL.Ocomportamentohumanodeterminadoprincipalmente atravsdaaprendizagem.Asobreposiodeformasdecomportamentoaprendidaseformasde comportamentoinstintivaspodeobservarsejaonveldosanimaissuperiores,apresentandose numestdioparticulannenteavanadoentreosprimatas.Portodaaparteondehaconsiderar processosdeaprendizagem,ocomportamentotornasemaiselsticoevarivel.Umaelevada capacidadedeaprendizagemconstitui,portanto,umdosfundamentosbasilaresdocomportamento humano.Aesserespeito,deprimordialimportnciaamemria,quemanifesta,nasriedos primatas,umaperfeioamentocrescente:otempoemquequalquerfontedealimentos,umavez revelada,seconservanamemria,demodoaserimediatamenteprocuradanumasegunda oportunidade,atingecincosegundosnosprossmios,quinzesegundosnoscatarrniosegibes ecercadeduashorasnossmiosantropomorfos;nohomem,oprazodeadiamentodaaco prticamenteilimitado.Acapacidadedeestruturarocampodapercepoeadelhecombinar variadamenteoscontedosparciaisconstituemoutrabasedainteligncia,acapacidadede aprendertendoemcontaaexperincia(Fischel).Acapacidadedeisolarcontedosparciaisda percepoqueconstituiapremissaparaqualquerabstracoeformaodeconceitosjse encontrapresenteemembrionasriedosinvertebrados,estudadacomofoicomespecialmincia emrelaocapacidadedecontarevidenciadapelospssaros(0.Koehler),aqualtambm assinaladanosprimatassuperiores.Contudo,emtodososanimaissubsisteadificuldadede reconhecerumacoisacomoidnticaquandosemodificamascir 46

Humos@ipwn, IlomemdeN'eandertal SinantropoPjt(@eantroi)(; Antropologiacultural cunstnciasexterioreseinterioresnasquaisseprocessaapercepo,ouquandoessacoisase apresentaacompanhadadeoutrosobjectos,ouaindaquandoelaseencontraaliadaaoutra sensaoemotiva(Katz,Scheler),Tambmnodecursododesenvolvimentoontogenticoa capacidadedeanalisarfigurasespciocronolgicaseemotivasaquemaiscedoatingeaplena maturao;oseudesenvolvimentovarianoscomasdiversasidades,mastambmcomosvrios tiposconstitucionais(>Constituio,correlaespsicossomticas).Nacapacidadede analisaraspercepesenadercconheceraconstnciadosobjectos(Katz),oHomosapiens superalargamentetodososprunatasvivos.Aconstnciadosobjectosumabaseimportanteda Antiopoides linguagemsimblica,porquantoconstituicondio200500100015002000 essencialparafixarumaFig.7.Acapacidadecranianarelaoentrerepresentao(voi,,me doenefalo)nodecurso doprocessoevolutivoquecondusonoraesignificado.ziuaohomem Aretenoderecordaes,aanlisedaspercepeseasassociaesso,emprimeirolugar,uma funodocrtexcerebral:nasriedosprimatas,estafunodenotaprogressivoaumento,devido emparteaoincrementodacapacidadecranianaeempartetambmaoenrugamentodoprprio crtex,quelheaumentaaextenso.Alacunaquenestecamposeparaactualmenteohomemdos outrosprimatasestasercolmatadacomoauxliodeachadosfsseis(>Origensdo homem).Apardisso,notaseprogressivadiferenciaodaszonascorticais,asquaispodem distinguirsehistolgicamente.Aschamadaszonascorticaissecundrias,queregulamas associaes,aumentamemnmeroeextensomuitomaisdoqueaszonascorticaisprimrias,s quaisincumbeaperceposensorialeamobilidade.Assim,o lobofrontal,particularmenteimportanteparaasfunesmentaissuperiores,corresponde,nos prossmios,a8porcentodetodoocrtexcerebral,a17porcentonoschimpanzsea29por cento,emmdia,nohomem.Neste 47

Antropologiacultural encontraMsepartesnovas,comoocentroverbomotor,naterceiracirculivoluofrontal esquerda(circunvoluodeBroa)ejuntodocentrodegnoseepraxia,importante,entreoutras coisas,paraasprticastcnicas(Klver). Orgomaisimportanteparaodesenvolvimentodacultura,almdoencfalo,amo,liberta dassuastarefasdelocomooetomadaaptaparaotrabalho;desenvolvendosecomoadventodo porteerecto,amolaboranteportantofilogenticamentemaisantigadoqueadilatada capacidadecerebralhumana.Adestrezadamonomanu zonascorticaismotorase i.,en@orias lobofrontal o outrasznnasdeassociao Fig.8.Oencfalocomorgodacapacidadeculturaldohomem.Circunvolueseregiesdo encfalonostrsios,nosantropidesenohomem.Osdesenhosreduzemsetodosmesmalargura (segundoA.Portmann,1948;E.Sharrer,1936*.M.F.AshIey Montagu,1951) seamentodosobjectosnosnecessriaparaousoealaboraodosutenslios,e consequentementeparaatransformaotcnicadomeio,mastambmauxiliaacompreensoda constnciadascoisas,favorecendoassima formaodopensamentoedalinguagemsimblicos;apresenadestecomponentenaformaodo mundomentalaindaclaramenteperceptvelemalgunsusoslingusticos(recolher,apreender, compreender,perceber,etc.).Enquantoageralcapacidadedeculturadohomemsefundamentarna constituiocaractersticadaespcieHomo, 48

Antropologiaculturalsapiens,ocreescimentoeadiferenciaodasculturasdeixadepoder explicarseapartirdopatrimniohereditriodohomem.Comefeito,nofinaldoPalcoltico InferioracapacidadecerebralatingirajagrandezatpicadoHomosapiens.Apartirdessa alturaoprocessodecivilizaonosregistounotveisprogressos,mastambmrevelouainda aceleraosemprecrescente.Aculturaaumentaporacumulao:oantigosobrevivedemuitas maneirasjuntodonovo,eacadainovaoaumentamaspossibilidadesdecombinaesevariaes. Aparticularidadedaevoluocultural,quetrabalhamaispelaadiodoquepelasubstituio (Kroeber),permitetambmacoexistnciadevriasculturas,oqueparaoserhumanoto caractersticocomo *genricacapacidadecultural.Oprocessodeacumulao *quealudimosanteriormentepressupeumatradiodeexperinciaseconhecimentosparaaqual assumegrandeimportnciaaexistnciadarelaoestreitaedurvelentreantigasenovas geraesduranteoperodoextensodajuventudeeolentodeclniodavelhice.Acapacidadede acumulaoelevaseaaltograuatravsdalinguagem,tendoestaporseuturnodeser transmitidapelatradiocomoidiomaaprendido,oquefoigrandementeaceleradopela descobertadaescrita.Oslivrossodecerto1,,g(Iagian,lk,Z@k(Ia modocadeiasdeassocia6 esextracerebraisdecom5 plexidadecrescentee,por4 fim,quaseilimitada,que3sepodemligarscadeias 2 deassociaesdoprpriocrebro(Rensch). NoprocessodedilaFig.9.Desenvolvimentocultural egrandezadasPoPnlaes.Durataodaculturamedianteodosestdiosculturais(Paleoa acumulaodesempelticoMdioeSuperior,Mesol tico,Neoltico,IdadedosMetais)nhamtambmpapelimedesenvolvimentodaPopulao portanteonmerodosin_e,Frana(segundoclculosde L.R.Nougier,1954)divduoseadensidadedapopulao(>Demografia).Aspossibilidades denovasdescobertasporintermdiodeindivduosaumentamcomonmerodepessoas;as possibilidadesdedifusodenovoselementosculturaisacrescemcomadensidadepopulacional. 49

Antropologiasocial Poroutrolado,empequenascomunidadestnicasdebaixonveleconmicoeescassodomnio tcnicosobreanatureza,adivisodotrabalhonosuperaosestdiosmaissimples:cada indivduotemdeobterdirectamenteoseualimento,noexistindoprticamenteocio.Deste modo,ostalentosparticularestmmuitomenoscapacidadedesemanifestar,oudeseexercerem tarefasespecializadas,doquenascomunidadessuperiores,maisfortementediferenciadasdo pontodevistaeconmicoecultural.Divisodotrabalhoeespecializaoaumentamas capacidadesdereali@aoeadaptaodaespcie;istoaplicaseigualmenteaodomniodosmais variadosmeiosnaturais,transfonnadospordeterminadasvariantesculturais,tornandoseassim habitveisparaohomem,ediferenciaointernadascomunidadestnicas,ondeavantagemde selecodospovosmaiscivilizadosseexpressanamaiorextensodapopulao(> Antropologiasocial,processosintertnicosdeseleco).Serlcitosuporse,portanto,que tambmacapacidadegenricadeculturaprpriadohomemsejafavorecidapelaseleconatural, aqualexplicaaprogressivaformaodeummododevidaespecificamentehumanoeaascensodo homemaumaformadominanteentreosprimatas. AntropologiasocialAsrelaesentreanaturezabiolgicadohomemeosfactossociais constituemoobjectodaantropologiasocial.Paraosmaisantigoscultoresdestadisciplina (Ammon,Lapouge,Lombroso,Nicforo),aantropologiasocialdeveinvestigaroqueconstantena aparnciavariveldosfenmenossociais.Semelhantediversidadeconstanteentregrupossociais (cidadeecampo,grupossedentriosenmadas,criminososenocriminosos),queabrange igualmenteoscaracteresfsicosepsquicos,erainterpretadaapartirdeprocessosdeescolha eseleco.Asinvestigaesmaisrecentesfizeramincidirointeressesobreosmecanismos atravsdosquaisaescolhaeaselecoserealizam,passandoasdiferenasantropolgicas (estruturasomtica,faculdadesintelectuais,idade,sexo)asertosconsideradascomomeros indciosparaoestudodesemelhantesmecanismos.Destemodoveioaimporsetambmaexpresso biWogiademogrfica(assimcomobiologiadospovose,porvezes,etnobiologia,sociobiologia, biologia 50

Antropologiasocial dasociedade).Dequalquermodo,naAlemanha,assimcomonoutrospases,aantropologiasocial representaumsectordeinvestigaodabiologiahumana,enquantonaliteraturaanglosaxnica socialanthropologyasociologiadospovosdeinteresseetnolgico(etnossociologia). CONCEITOSDAANTROPOLOGIASOCIAL.Oprimeiroconceitobiolgicoondesereconhece,mesmodo pontodevistadaantropologiasocial,umacategoriaimportante,foiodeseleco.Segundo Spencer,eHaeckel,tambmnaconcorrnciasocialseimpemosmaisaptos,representandoo xitosocialumtermodemedidaparaaqualidadebiolgica.Estevelhoconceito,quesebaseia numavisooptimistadoprogresso,costumadesignarsetambmpordarwinismosocial.Porm, quandoondicedenatalidadecomeouadiminuireseafirmouumacorrelaoinversaentrea posiosocialeonmerodefilhos(~@>Demografia),estaaplicaodeconceitosdarwinistas sociedadehumanadeixoudeserdefensvel,porquantoasprobabilidadesdesobrevivnciae reproduojnoforneciam,bviamente,nodomniosocialnenhumcritriodemedidadevalidade geralparaaaptido.Porssoseelaborouinicialmenteoconceitodecontraseleco (selecodosineptos),eesteprocessofoiconsideradocomomarcadistintivadassociedades maisevoludas.Porm,comoporumladoaaptidopressupeumcritriodevalor,e,poroutro, muitosprocessossociobiolgicosdediferenciaosecumpremindependentementede caractersticassusceptveisdeavaliao,imposseaexigenciadeentenderaseleco,tia antropologiasocial,demaneiramaisgenrica. Umoutroprocesso,aprincpioterminolgicamenteindistinto(econtinuaaslo,commuita frequncia,foradaAlemanha),aqueleparaoqualThurnwaldprops,em1924,adesignaode Siebung(literalmente:joeira).Esteconceitoindicaaescolhaouseparaoquantitativae qualitativadedeterminadasvarianteshereditrias,emrelaoacertasvariveisambientais,de umapopulaopolimrfica.Aescolhalocaldivideoterritrioemvriosambientesgeogrficos (zonasderefgioezonaspreferenciais,montanhaeplancie,zonasflorestaiseregies arveis,terrenorochosoearenoso,etc.,eaindacampoecidade), 51

Antropologiasocial demodoqueapopulaoglobalrepresentaumaespciedemosaicodepopulaescombase hereditriadiferente.Naescolhaso2ial,osgruposprofissionaiseascamadassociaisde diferentehierarquiarepresentamosdiversosambientessegundoosquaisseseparamasvariantes hereditrias.Narealidadesocial,contudo,nosepodefixarumaclaralinhadivisriaentreos referidosambientes;amudanadoestadosocialefectuaseantes,comfrequncia,atravsda mudanadelugar(emigrao,migraocampoCidade).Porfim,tambmaescolhaconjuga@actuaem sentidoselectivo,vindoocnjugearepresentarofactorambientalquefazinterviraescolha; existehomogamiaquandoambososcnjugessediferenciamnomesmosentidodamdiadapopulao, isto,quandoapresentamcorrelaopositiva,eheterogamiaquandoambossedestacamna direcoopostadamdiadapopulao,isto,quandoapresentamcorrelaonegativa.Os mecanismosdaescolha,portanto,estruturamassociedadeshumanassemnoentantoalteraroseu patrimniogentico.Porm,dadoquenohomemreproduoeduraodavidasofortemente condicionadasporfactoresculturaisesociais,osSiebungsaruppensotambmfrequentemente gruposcomdiversosndicesdereproduoe,portanto,gruposdeseleco. Aescolha(Siebung)spodeconsumarsenumasociedadedinmica,ondeexistamintercmbios matrimoniaisentreasvriascamadassociais,enunca,portanto,ondesubsistaumsistemade castascorritabosmatr@moniasebarreirasintransponveisentreosvriosestratossociais. Tambmnassociedadescaracterizadasporumamobilidadesocialmuitoelevadaaescolhadas varianteshereditriasnasrespectivasesferasambientaisestmuitolongedesercompleta;com efeito,aoprocessodeseparaoopeseummomentoinicialdeinrciaquetendeamanteros indivduosligadosaogruposocialdeorigem.Almdisso,dopontodevistaantropolgico, muitosprocessossociaisnopossuemqualquerimportncia,porquantosodeterminadospor factoresdenaturezaabsolutamenteextrabiolgica.Darelaodeforasentreosdiversos factoressociaisdependeaeficciadoprocessodeseleco.Asdiferenasentregnipossociais podemtambmserdevidasaestratifica6estnicas, 52

Antropologiasocialnasquaisosestratosinferiorescorrespondemapovosvencidos:nestecaso osestratossociaisrepresentamgruposdediversaorigemqueseunemparaformarumnovopovo. Comotempo,ostabosmatrimoniaiseasbarreirasimpostasaointercmbioentreosvriosgrupos sociaistendemaafrouxareporfimadesaparecer:nessaaltura,misturabiolgicaeassimilao culturalhomogenizamapopulao,sebemquepossamconservarsedurantemuitotempo,porcausa domomentodeinrciasocial,algunsresduosdasdiferenashereditrias.Seestasdiferenas, talcomoseobservamentregrupossociais,sodevidasescolhaouaumfenmenode superstratificaoalgoquepodedeterminarsesrnenteapartirdahistriadapopulaoe nuncacombaseemsimplesachadosantropolgicos.Sousodemtodosantropolgicos,no entanto,permitedefiniraacodosdoisprocessossociais,ouseja:distinguiruma diferenciaohereditriadassociedadesporrefernciaamodifica_esdeorigemsocial(> Constituio,plasticidade). DIFERENASANTROPOLGICASENTREGRUPOSSOCIAIS.a)Divisodotrabalhosegundoosexo.A diferenamaiselementardenaturezasocioantropolgicaadivisodotrabalhosegundoosexo, aqualestrelacionadacomanaturezavariadadasfunesqueincumbemaosdoissexos Fig.10.Diferenassociaisnaestatura.Distribuiodaestaturanoestratoinferior(linha contnua)esuperior(linhatracejada),apartir,deinvestigaesefectuadassobrerecrutas suecos(segundoF.J.Linders.1930) 53

Antropologiasocial naprocriao,diferenteforafsicaediversamobilidadequecaracterizamhomememulher. Nospovosprimitivosastarefasmaistpicassoaguerra,otrabalhodosmetaiseacaa,para ohomem;paraamulher,asactividadesdomsticas,taiscomoapreparaodosalimentos,das roupaseofabricodelouas(MurdockScheinfeld).Osdoisplosdaespecializaosexualdos papissociais,oplodaforaeoplodacasa,conservaramseatravsdetodosos estdiosculturaisatmodernasociedadeindustrial.Otrabalhodasmquinaseamobilidade socialatenuaramaespecificidadesexualdemuitasprofisses,semcontudoasabolirpor completo.Assim,nalaboraodosmetais,esobretudonaindstriapesada,opessoal predominantementemasculino,aopassoquenaindstriatxtiloelementofemininoconstituia maioria.Nascomplexasestruturassociaisqueseforamformandodesenvolveramseoutras diferenassexuais,deixandoaprofissodesercondicionadaapenasporfactoresbiolgicos,o quedemonstradopelasconsiderveisvariaesqueseverificamsegundooperodo,olugarea cultura;destemodo,nosltimosdoisdecnios,aprofissodefarmacutico,porexemplo, transformousedepredominantementemasculinaemprevalentementefeminina.Ohomem,contudo, predominageralmenteemtudooquerequergenialidade,produtividadeartsticaecapacidadede assumirposiesdechefia.esteumfactoquenopodeexplicarsesimplesmenteapartirde obstculosdecarctersocialqueamulherteriadesuperarparadedicarseaactividadesque competemtradicionalmenteaohomem;umaconfirmao,entreoutras,encontramolanaestrutura socialsovitica,ondeexistetotaligualdadeentresexos:em1940asmulheresencontravamse representadasemcercade30porcentonasassociaeseorganizaespolticasdemaisbaixo nvel,em17porcentonoSovieteSupremo,em5porcentonos governosdasrepblicaspopulareseemOporcentonogovernocentral.Nestadistribuiodos papisdechefia,aclaradiferenasexualquesenosdeparaencontraserelacionada,apesarda paridadedeinteligncia,comcertasdiferenasnaesferaafectivaedavontade;comefeito, costumafalarsedeactividademasculinaepassividadefeminina,deinteressemasculinopelas coisaseinteresse 54

Antropologiasocial femininopelaspessoas,etc.(>Constituio,correlaespsicossomticas).Asmulheres,por consequncia,revelamumimpulsosocialmenosfortee,portanto,umaescolhasocialmenos marcadadoqueadohomem(Schwidetzky,Terman). b)Camadassociaiseprofisses.Podeafirmarse,emregra,queumgruposocialdenotaestatura, intelignciae precocidadetantomaioresquantomaisaltoseencontrarnahierarquiadascamadassociais.A superioridadefsicadosgruposdenvelmaiselevado,lGcalizveIsobretudonamaiorestaturae capacidadecraniana,encontrasetambmdocumentadanoquedizrespeitoapovosprhistricos (Grciaantiga,populaoprhispnicadasilhasCanrias).Aaristocraciaintelectualtende, almdisso,emconfrontocomamdiadapopulao,paraaleptossomia;dentrodahierarquia socialprovinciana,aclassedoscamponesescaracterizasefrequentementepelaacentuada corpu.lncia.Estasdiferenaspodemreportarseaniodificaesdeorigemsocial.Comefeito: 1)Amaturaoeocrescimentoapresentamelevadacorrelaocomonveldevida,especialmente comoteordegorduraseprotenasnaalimentao(>Crescimento);2)Nostestesutilizadosnos inquritossobreaintelignciaintervmnoapenasoscom Fig.11.Diferenassociaisnainteligncia.Distribuiodosquocientesdeintelignciaem quatrogrupossociaisdosEstados Unidos(segundoM,E.IlaggertyeN.B.Nash,1924) 55

Antropologiasocial ponenteshereditriosdasfaculdadesintelectuais,masaindafactoresdoambienteintelectual, queporsuavezapresentamasmesmasvariaesdainteligncia.Aintervenodaescolhasocial, responsvelporvariaeshereditrias,referemse,entreoutras,asseguintescorrelaes:1)A variaogradualdaestaturanocondicionadaapenaspelaorigemsocial,mastambm,dentro dosmesmosgruposdeorigem,pelaposiosocial.Indivduosquesobemoudescemnahierarquia encontramsefrequentementemaisprximosdogrupodechegadadoquedaqueledeondepartiram; 2)Avariabilidadesocialdaestaturaedaintelignciamaiordoqueaquelaligadaa modificaesdeorigemsocial,talcomoaconhecemosatravsdeinvestigaeslevadasaefeito sobregrneos;3)Aintelignciadosfilhosilegtimoscoincidecomasituaonahierarquia socialdosrespectivospaisnaturais(7ust,Lawrence).pro@vvelqueasescolhasporestatura eintelignciaseencontremrelacionadasentresi(>Constituio,correlaes psicossomticas).Opapelprimriodeveriacaberinteligncia,aopassoqueaestatura, relacionadacomainteligncia,talvezviesseaencontrarsecasualmentenosmesmosindivduos. Aleptossomiadaaristocraciaintelectualcorrespondesuperioridadepsicossomticados leptomorfosemrelaoaospicnornorfos.Almdaescolhasocialrelaconadacomaposio hierrquica,haindaumaescolhaligadaadeterminadasprofisses.Assim,nointeriordas mesmascamadassociais,osvriosgruposprofissionaisocupamposiesmuitodiversasemrelao sexignciasespecficasdecadaprofisso:nosectordoartesanato,aindstriagrfica aquelaqueapresentaamaiorpercentagemdeaprendizescomcursossecundrios,seguindoselhea indstriatxtilefinalmenteaindstriaalimentar;aescolhasegundoograudeinstruo, nestescasos,intervmdemaneiramuitomaissensveldoquearelaocomaprofissopaterna. Nodomniodaindstriaalimentar,ospasteleirosocupamaposiomaiselevada,aparecendono fimospadeiroseoscortadores(Fielmann).Entreosestudantesliceais,osfuturosmdicos especialistasobtmnostestesresultadossuperioresaosdosfuturosmdicosdeclnicageral, dosdentistasedosveterinrios;superioresatodososoutrossoostestesdosestudantesque sepro 56

Antropologiasocialpemcomofimprofissionalainvestigaocientfica(HartnackeWohlfahrt). Otipoconstitucionaldealgunsgruposprofissionaisnocorresponde,porvezes,posio social:sapateirosealfaiatesapresentamestaturainferiordosoperriosnoespecializados (Saxnia,Silsia,Dinamarca,Sua). c)Populaodacidadeedocampo.Quemnasceuevivenacidade,especialmentenasgrandes cidades,possuifrequentementeumaestaturamaiselevadasecomparada comaspopulaesruraisdosarredores,apresentandocomfrequncia,aoinvs,umndice ceflicohorizontalinferior;apuberdade(>Crescimento)aparece,emregra,maiscedo;o rapazdacidadequasesempresuperiornasaptidesescolaresedeinteligncia.Tambmna formaodaspopulaesurbanas,escolhasocialemodificaessociaisactuamemconjunto,e porvezesnamesmadireco,demodoqueosseusefeitosseadicionam.Asmodificaes provocadaspeloambienteurbano(caracterizado,entreoutrascoisas,pelamenoreficciadas radiaesultravioleta,%pelapermannciaemlo900 caisfechadosepormenor80 trabalhofsicopesado)1865 manifestamse,entreou60/emcidad, so1/commaistrs,nasseguintescaraC40de10() 000tersticas:1)Ascrianas30habitantes) 20emnascidasnacidadetmaOConslituio),tambmnesteaspectooscriminosos seafastamdamdiadapopulao,emboranonecessriamentenamesmadireco.Otipopcnico ouciclotmico,encontrasenaAlemanhafrequentementerepresentadoentreoscriminososacusados decrimesgraveseentreosreincidentes(Kretschmer,v.Rohden,Schwab),oquedevidosua grandecapacidadedeadaptaoeextremaefusodosseussentimentos.Nosdelinquentesjuvenis deuminstitutodeeducaoamericano,ocomportamentoendomrfico,eramaispreponderantedo queentreosestudantesdoscolgios,observandosecorrespondentemente,commaiorintensidade, ocomplexomanacodepressivorelacionadocomotipoendomrfico(Sheld^).Acaracterstica quedistingueoscriminososcomogruposocial,portanto,consistenumdesviodanorma;poroutro lado,impo@svelreduzirosgneroseasdirecesdestesdesviosaumafrmulanicaqueseja vlidaparatodososcasossingulares,poismultiplicidadedosimpulsosedostiposdedelitos correspondetambmgrandevariabilidadebiolgicadogrupo. 130 1 120 110 1 1 ?1 a 100 90 80 ,oI. o.

Antropologiasocial ESCOLHADOCNJUGEECRCULOSMATRIMONIAIS.Aestruturadapopulaoatravsdaescolhasocial variaconstantementeemconexocomatotalidadedosistemasocial.Aescolhadoscnjuges, porm,sobaformadahomogamia,representaumfactor.deestabilizao;semelhanteescolha comprovada,entreoutrascoisas,pelonveldeinstruoeinteligncia,estatura,pigmentao; oscnjuges,medianteestascaractersticas,divergemnamesmadireco,comfrequenciasuperior dasimplesprobabilidade,damdia@[email protected] hereditrias,quenosfilhosseaproximamdovalormdioapresentadopelospais,osestratos sociaistendemaconservarassuascaractersticasprprias,completandosenoentantocomos caracteresdeoutrascamadassociaiseatcomosdosseusprpriosdescendentes.Assim,os estratossociaismaiselevadosapresentamnosumnveldefaculdadesintelectuaissuperior mdia,masgeramtambm,emquantidadequeultrapassaasuapercentagememrelaopopulao total,filhostalentosos.Aptidesespeciaisemvriasgeraesrevelamsefrequentementeem famliasnasquaisaescolhadocnjugepermaneceucircunscritaadeterminadombito;deste modo,deparasenosumelevadogniomusicalemfamliasdemsicos(taiscomoasdeBach, StrausseWagner),bemcomoaltasaptidesfilosficoliterriasnumgrupodefamliasdaSubia aparentadasentresi,dasquaissaram,entreoutros,Gerok,Hegel,Hauff,Hlderlin,Kerner, Mrike,SchillereUliland. Nascaractersticasenoselementosdapersonalidaderelacionadoscomosexopredomina,pelo contrrio,aescolhaporcontraste(heteroganzia).Mesmoantesdadescobertadabissexualidade potencialedavariabilidadeindividualnaproduodehormonassexuais(>Constituio,tipos sexuais)jporvriasvezessehaviasupostoqueascaractersticasheterossexuaisdoscnjuges fossemdamesmagrandeza(Schopenhauer,Weinnger).Nauniosexualintervmsempreumhomeme umamulhercompletos,sebemquedesigualmenterepartidos,emcadacasoisolado,nosdois indivduosdiferentes(Weininger,1903).Aanlisegrafolgica,atravsdaqualseverificoua existnciadeparesdecaractersticasquenosdoissexosapresentamopostapolaridade (abstracoespontaneidade,fraquezade 62

Antropologiasocial sentimentosforadesentimentos,porexemplo,osprimeirosreferidosaoplomasculino,os segundosaofeminino),confirmouquenosmatrimniosfelizesexisteummaiorcontrasteeuma integraomelhordoquenosinfelizes(SchultzeNaumburg). Ocrculodepessoasentreasquaisseprocedeescolhadoscnjugescondicionadopor diversosfactores.Avizinhanaconstituiomaiselementar.Osindivduosdesposamsede preferncianointeriordacomunidadelocalaquepertencem,representadapeloterrunhonocampo epelobairronacidade.Apercentagemdematrimniosondeosdoiscnjugeseramnativosdo mesmolugarassumiu,entreapopulaocamponesadaAltaFig.17.Fronteiras matrimoniais. RelaesmatrimoniaisdoscidaSilsia,em1935,amdiadosdeHeidesheim.namargemde47 porcento;numaesquerdadoReno:oRenocomo fronteiramatrimonial!(segundopopulaocampesinadaM.Wolf,1956)Vesteflia, em1957,35porcento;62porcentodosmatrimniosdeumapequenacidadeamericanaficaram circunscritosaointeriordeumcrculodeseisquilmetros(EIlsworth);emFiladlfia,em34 porcentodosmatrimnios,oscnjugesviviamno espaoabrangidoporquatroruas(Bossard).Arelaoentrevizinhanaematrimniono naturalmenteabsoluta,variandooseugrauemfunodotamanhodocentrohabitado,dadensidade populacional,dotrfegoeaindadonveldeinstruo.Barreirasnaturaisqueimpedemas comunicaes,comograndesrios(Oder:Schwidetzky;Reno:Wolf)eflorestas(Solling:Walter), maresemontanhasconstituemtambmumlimiteescolhadocnjuge.Quandoadensidadeda populaopequenaeas comunicaespoucodesenvolvidas,ascomunidadesconjugaisvivemnumisolamentoquaseabsoluto, comosepodepresumirqueexistanoquerespeitaatodasaspopulaesprimitivas.Oscasosde isolamentoabsolutobastantelongo 63

Antropologiasocial podemdarorigemformao'denovasraas(>Gnesedasraas). Almdoslimitesimpostosaomatrimnioporelementosnaturais,subsistemaindacertas limitaesdecarctertnicocultural.Particularmenteactivassoaslimitaesdenatureza lingustica,quetambmintervmnoscasosdemisturadepopulaesdediversaorigem:nos pasesdeimigrao,comoosEstadosUnidoseaArgentina,osdiversosgruposdeimigrados tendemparaahomogamiatnica;Italianos,EspanhiseJudeusdaEuropaOrientalcasaramsede prefernciaentresi,demodoasalvaguardarassuascaractersticasculturais.NaAlemanha, pelocontrrio,apsasegundaguerramundial,populaeslocaiserefugiadosdamesmalngua noformaramcomunidadesmatrimoniaisfechadas:ondiceconjugal(K.V.Mller),isto,a relaoentreonmerodematrimniosmistosreaiseprovveis,aproximaseprogressivamentedo valor1.Oslimitesdenaturezareligiosaeconfessionalexercemacocomparveldoslimites lingusticos,esotantomaiseficazesquantomaisfortesserevelamoslaosreligiosos.Os limitespolticosimpedemtodaaespciederelaes,eportantotambmobstamsrelaes matrimoniais,mesmoquandoasemelhanteslimitaesnocorrespondamlimiteslinguisticose culturais(AlemeseChecoslovacosnaregiodosSudetasantesde1939:Schwidetzky). Porcausadaelevadavariabilidadeemobilidadedetodososbensculturais(>Antropologia cultural),asbarreirasculturaisnoconstituemfronteirasdecisivas.Migraes,transferncias depopulaes,novasfronteiraspolticastransformamessasbarreiras,sendoaflutuaodos limitesdasvriascomunidadestnicastantomaisintensaquantomaisaumentamadensidade populacionaleonveldecivilizao.Destemodo,vosedelineandosemprenovoscrculos conjugais,transformandoseoutrospelainserodepopulaesparciais,comtendnciaparaa misturageneralizadaeparaauniversalidadederelaesdeprocriao.aestasituaoquese deveograurelativamenteelevadodamisturaracialnoshomens.Ofactodeaescolhadocnjuge seraltamenteinfluenciadapelasrelaesdevizinhanacontinuaaser,contudo,umaconstante queimpedeamisturae,portanto,aatenuaodasdiferenasraciais 64

Antropologiasocial queseformaramapslongoisolamentonosprimeirosestdiosdahistriadahumanidade. PROCESSOSDESELECOINTRATNICOS.Ondesubsistaumadiferenciaohereditriadegrupos sociaisporefeitodaescolhaoudesobreposiestnicas,asdiffrenassociaisnareproduo enamortalidadeagemcomoprocessosdeseleco.Paraavaliaroefeitoglobaldaselecoser necessrioterpresentesosseguintesfactores:amortalidade,particularmentenasidades anterioresaofimdaidadedaprocriao;afrequnciadosmatrimnioseaidadeemqueso contrados;aspercentagensdenatalidadeoudereproduo.Noperododedecrscimodos ndicesdenatalidade(iiifasedodesenvolvierantodemogrfico>Demografia)emconsequncia daracionalizaodaprocriao,institudaemprimeirolugarnascamadassuperiores,aidadeem quesecontratamatrimnioeosndicesdenatalidadeagiamnosentidodeumaatenuaodas caractersticashereditriasespecficasdoestratosocial(particularmenteaestaturaelevadae asfaculdadesintelectuais),aopassoqueseobtinhaoefeitoopostopelosndicesmenoresde mortalidade.Considerandoosresultadosdostestesps