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A DISCIPLINA DE QUÍMICA FARMACÊUTICA NO ÂMBITO DA PROFISSÃO FARMACÊUTICA Dra Lídia Moreira Lima (Professora Associada, UFRJ) [email protected] [email protected]

Encontro Nacional de Professores de QF

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Apresentação do Encontro Nacional de professores de quimica farmaceutica. Descreve o currículo mínimo para o ensino dessa disciplina nos cursos de farmácia.

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  • A DISCIPLINA DE QUMICA FARMACUTICA NO MBITO DA PROFISSO FARMACUTICA

    Dra Ldia Moreira Lima(Professora Associada, UFRJ)

    [email protected]@lassbio.icb.ufrj.br

  • (fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/Pharmacy)

    1 compilao conhecida de

    substncias medicinais foi o

    Sushruta Samhita (sc. 6 aC)

    1os Boticrios datam de 2600 aC

    (antiga Babilnia), com primeiros

    registros da prtica farmacutica

    com informaes farmacolgicas

    gravadas em vrios papiros como

    o Papiro de Ebers (1550 aC) e o

    Papiro Edwin Smith (sc. 16 BC)

    O Papiro de Ebers Papiro Edwin Smith

    Mdico grego Dioscorides Pedanius (40-90 dC) (livro

    em 5 volumes), conhecido mais amplamente por seu

    ttulo em latim De Materia Medica, que um

    precursor das farmacopeias

  • Mdico e farmacutico, ilustrao de

    Medicinarius (1505) por Hieronymus Brunschwig

    (fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/Pharmacy)

    Cludio galeno (entre 132-201) descreveu muitos

    medicamentos e frmulas, cujos mtodos de

    preparao originaram a Farmcia galnica.

    No Japo, no final do (entre 538-794), os homens que

    preenchiam funes semelhantes s dos

    farmacuticos modernos eram altamente respeitados.

    Na Casa Imperial, o boticrio era classificado acima

    dos 2 mdicos pessoais do Imperador.

    Origem das atividades relacionadas farmcia (Sculo

    X) com as Boticas ou Apotecas. Medicina e a farmcia

    eram uma s profisso.

    Na europa, em 1240 o imperador Frederico II

    (imperador da Prssia) emitiu um decreto pelo qual o

    mdico e profisses do boticrio foram separados.

    Estabeleceu-se cdigo de tica profissional.

  • Em 1777 (Luiz XV) determina substituio do

    nome apoticrio ou boticrio pelo de

    farmacutico.

    1 boticrio no Brasil foi Diogo de Castro

    (Trazido pelo governador geral Thom de

    Souza)

    Lei 03/10/1832 (Imperador D. Pedro II)

    institucionaliza-se o ensino de Farmcia:

    Criao dos Cursos de Farmcia vinculados s

    Faculdades de Medicina da Bahia e do RJ.

  • Lei 03/10/1832 (Imperador D. Pedro II) institucionaliza-se o ensino de Farmcia: Criao dos

    Cursos de Farmcia vinculados s Faculdades de Medicina da Bahia e do RJ.

    Em 1837 foram diplomados os 6 primeiros farmacuticos do Brasil1839 1 estabelecimento independente de ensino e farmcia: Escola de farmcia deOuro Preto

    1896 Escola de farmcia de porto Alegre1899 Escola Livre de farmcia de So Paulo1903 Escola de farmcia de Pernambuco

    A partir 1960 substituio da botica por: Farmcia e Laboratrio Industrial Farmacutico.Em 1961, a Lei 4.024 de 20/12/61 definiu as Diretrizes e Bases da Educao nacional. Em

    1962, o currculo mnimo de farmcia foi redefinido, formando um profissional habilitado

    para exames laboratoriais e indstria farmacutica.

    No basta ao Brasil de nossos dias a figura tradicional do farmacutico encarregado daFarmcia comercial. Torna-se imperioso preparar os cientistas e os tcnicos capazes dedirigir e fazer prosperar uma indstria farmacutica.. (Parecer 268/62, 1962)

  • Em 1961, a Lei 4.024 de 20/12/61 definiu as Diretrizes e Bases da Educao nacional. Em

    1962, o currculo mnimo de farmcia foi redefinido, formando um profissional habilitado

    para exames laboratoriais e indstria farmacutica.

    No basta ao Brasil de nossos dias a figura tradicional do farmacutico encarregado daFarmcia comercial. Torna-se imperioso preparar os cientistas e os tcnicos capazes dedirigir e fazer prosperar uma indstria farmacutica.. (Parecer 268/62, 1962)

    Em 1990 proposta de reformulao do ensino farmacutico e em 2002 estabelece-se as

    novas diretrizes curriculares para o curso de farmcia (Projeto de sade proposto pela

    OMS). Resoluo CNE/CES 19/02/2002.

    Art 3: ...tem como perfil do formando egresso/profissional farmacutico, comformao generalista, humanista, crtica e reflexiva para atuar em todos os nveis deateno sade, com base no rigor cientfico e intelectual...

  • Art 3: ...tem como perfil do formando egresso/profissional farmacutico, comformao generalista, humanista, crtica e reflexiva para atuar em todos os nveis deateno sade, com base no rigor cientfico e intelectual...

    Art 6: Os contedos essenciais para o Curso de graduao em Farmcia devem estarrelacionados com todo o processo sade-doena... Os contedos devem contemplar:Cincias Exatas; Cincias Biolgicas e da Sade; Cincias Humanas e Sociais; CinciasFarmacuticas (incluem-se os contedos tericos e prticos relacionados com apesquisa e desenvolvimento, produo e garantia da qualidade de matrias primas,insumos e produtos farmacuticos, legislao sanitria e profissional, estudo dosmedicamentos no que se refere a farmacodinmica, biodisponibilidade,farmacocintica, emprego teraputico, farmacoepidemiologia, incluindo-se afarmacovigilncia, visando garantir as boas prticas de dispensao e a utilizaoracional; contedos tericos e prticos que fundamentam a ateno farmacutica emnvel individual e coletivo, contedos referentes ao diagnstico clnico laboratorial eteraputico e contedos da bromatologia , biossegurana e da toxicologia como suporte assistncia farmacutica.

  • Sudeste: 55,3% (131 novos cursos) x populacional 9% (98-2004)

    N de cursos (iniciativa privada): Ampliao do nmero de vagas em 568,6%.

    Em 2004: 87,5% das vagas (Inst. Privadas) versus 22,5% de vagas nas IES pblicas

    http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/169a200_graduacao.pdf

  • N de cursos (iniciativa privada): Ampliao do nmero de vagas em 568,6%.

    Em 2004: 87,5% das vagas (Inst. Privadas) versus 22,5% de vagas nas IES pblicas

    http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/169a200_graduacao.pdf

  • The History of the Royal Pharmaceutical SocietyThe Pharmaceutical Society of Great Britain was

    founded on April 15th 1841 by a group of leading

    London chemists and druggists.

    A Associao Brasileira de Cincias Farmacuticas foicriada em 2003 durante o IV Congresso Internacional

    de Cincias Farmacuticas de Ribeiro Preto (IV

    CIFARP)

    Os farmacuticos so representados

    pela Federao Nacional dos

    Farmacuticos (FENAFAR, 1974);

    Conselhos Federal (1960) e Regional

    de Farmcia, por organizaes

    profissionais como a Royal

    Pharmaceutical Society (Reino

    Unido), Associao Americana de

    Farmacuticos (APHA, EUA)

    Sudeste: 55,3% (131 novos cursos em 2004) x populacional 9% (98-2004)

  • ATIVIDADES FARMACUTICAS

    Acupuntura; Administrao de laboratrio clnico; Administraofarmacutica; Administraohospitalar; Anlises clnicas; Assistncia domiciliar em equipes multidisciplinares; Atendimento pr-hospitalar de urgncia e emergncia; Auditoria farmacutica; Bacteriologia clnica; Banco de cordoumbilical; Banco de leite humano; Banco de sangue; Banco de Smen; Banco de rgos;Biofarmcia; Biologia molecular; Bioqumica clnica; Bromatologia; Citologia clnica; Citopatologia;Citoqumica; Controle de qualidade e tratamento de gua, potabilidade e controle ambiental;Controle de vetores e pragas urbanas; Cosmetologia; Exames de DNA; Farmacutico na anlisefsico-qumica do solo; Farmcia antroposfica; Farmcia clnica; Farmcia comunitria; Farmcia dedispensao; Fracionamento de medicamentos; Farmcia dermatolgica; Farmcia homeoptica;Farmcia hospitalar; Farmcia industrial; Farmcia magistral; Farmcia nuclear (radiofarmcia);Farmcia oncolgica; Farmcia pblica; Farmcia veterinria; Farmcia-escola; Farmacocinticaclnica; Farmacoepidemiologia; Fitoterapia; Gases e misturas de uso teraputico; Gentica humana;Gerenciamento de resduos dos servios de sade; Hematologia clnica; Hemoterapia;Histopatologia; Histoqumica; Imunocitoqumica; Imunogentica e histocompatibilidade;Imunohistoqumica; Imunologia clnica; Imunopatologia; Meio ambiente; segurana no trabalho;sade ocupacional e responsabilidade social; Micologia clnica; Microbiologia clnica; Nutrioparenteral; Parasitologia clnica; Sade pblica; Toxicologia clnica; Toxicologia ambiental;Toxicologia de alimentos; Toxicologia desportiva; Toxicologia farmacutica; Toxicologia forense;Toxicologia ocupacional; Toxicologia veterinria; Vigilncia sanitria; Virologia clnica.

  • A Qumica Medicinal, segundo definio da IUPAC uma disciplina baseada na qumica, envolvendo aspectos dascincias biolgica, mdica e farmacutica, cuja misso ainveno, descoberta, planejamento, identificao epreparao de compostos biologicamente ativos(prottipos), o estudo do metabolismo, interpretao domecanismo de ao a nvel molecular, e a construo dasrelaes entre a estrutura qumica e a atividade (SAR)[http://www.chem.qmul.ac.uk/iupac/medchem/].

    IUPAC

    Pharmaceutical chemistry, the science dealing with the composition andpreparation of chemical compounds used in medical diagnoses and therapies(http://medical-dictionary.thefreedictionary.com);

    Medicinal chemistry and pharmaceutical chemistry are disciplines at theintersection of chemistry, especially synthetic organic chemistry, andpharmacology and various other biological specialties, where they are involvedwith design, chemical synthesis and development for market of pharmaceuticalagents, or bio-active molecules (drugs)(http://en.wikipedia.org/wiki/Medicinal_chemistry)

  • 1820

    Diamorfina (herona)

    Pierre Joseph Pelletier & Joseph BienaimCaventou (isolamento)

    (Cinchona officinalis)

    Comeo da Indstria Farmacutica

    1874

    1899

    1910

    1 magic bullet drug

    Flix Hoffman

    (Merck)

    Paul Ehrliich &

    Sahachiro HataNobel de Medicina 1908

    1940s

    Alexander FlemingNobel de Medicina 1945

    (Florey and Chain)

    Penicilina G

    1950s

    1960s

    1970sbenzodiazepina

    N

    NO

    N

    H

    CH3

    Cl

    Sternbach, LH

    Clordiazepxido

    Melphalan

    1980s

    1990s

    2000s

    Gertrude B. Elion.Nobel de Medicina 1988

    Aciclovir

    Montelukast

    Imatinib

  • VII Encontro Nacional de Professores de Qumica Farmacutica

    120 h mnima

    30h Prtica

    Qumica Farmacutica Medicinal

    Contedo Programtico Mnimo

    -definio e importncia da qumica farmacutica e qumica medicinal- propriedades fsico-qumicas dos frmacos- ligaes frmaco-receptor (Teoria dos receptores)- influncia de grupamentos especficos na ao de frmacos- estereoqumica e atividade farmacolgica- metabolismo de frmacos- alvos moleculares de ao dos frmacos- gnese de frmacos- bioisosterismo- hibridao molecular- latenciao- noes de QSAR- noes de modelagem molecular

    Disciplinas Optativas

    - Planejamento de frmacos- QSAR- modelagem molecular- qumica combinatria- latenciao de frmacos

    Carta de Goinia

    -Classes teraputicas diversas, selecionadas de acordo com o projeto pedaggico do Curso. Devem ser aprofundados os conhecimentos introduzidos na disciplina de INTRODUO QUMICA MEDICINAL, com nfase no estudo das relaes entre a estrutura qumica e a atividade farmacolgica e tambm nos mecanismos de ao molecular dos frmacos, quando houver.

  • Declarao de Tquio (OMS)

    1993. A ateno farmacutica o compndio dasatitudes, dos comportamentos, dos compromissos,das inquietudes, dos valores ticos, das funes,dos conhecimentos, das responsabilidades e dasdestrezas do Farmacutico na prestao dafarmacoterapia, com o objetivo de alcanarresultados teraputicos definidos na sade e naqualidade de vida do paciente.

    Poltica Nacional de Medicamentos

    Outubro de 1998. reorientao da assistnciafarmacutica , a promoo do uso racional demedicamentos e a organizao das atividades devigilncia sanitria de medicamentos..

    Proposta de Consenso Brasileiro de

    Ateno Farmacutica

    OPAS (2002)

    um modelo de prtica farmacutica,desenvolvida no contexto da assistnciafarmacutica. Compreende atitudes, valores ticos,comportamentos, habilidades, compromissos e co-responsabilidades na preveno de doenas,promoo e recuperao da sade, de formaintegrada equipe de sade. a interao direta dofarmacutico com o usurio, visando umafarmacoterapia racional.....

    Resoluo CNE/CES 19/02/2002.

  • NS Cl

    O OCH3

    clopidogrel (antiplaquetrio)tratamento da doena arterial coronariana

    NHO2C

    Cl

    HS

    O OH3C

    metablito ativo

    extenso metabolismo heptico

    CYP3A4CYP2C19CYP2C9CYP2B6

    Lansoprazola (inibidor mais potente de CYP2C19) No altera PK e PD do clopidogrel. Pq????Omeprazola Altera PK e PD(agregao plaquetria) do clopidogrel. Pq????

    COOHN

    H3C CH3

    F

    NH

    O OH OH

    atorvastatina

    substrato einibidor da CYP 3A4

    antilipidmico(inibidor da HMGCoA-redutase)

    Perda da propriedadesanti-plaquetrias

  • Cerivastatina

    (inibidor da HMGCoA-redutase)

    Tratamento da hipercolesterolemia e preveno

    de doenas cardiovasculares

    Rabdomilise(quebra (lise) rpida de msculo esqueltico (rabdomio) devido a

    leso no tecido muscular)

    No h tratamento

    Medicamentos anticolesterol matam quatro pessoas em Espanha

    WANG et al. DRUG METABOLISM AND DISPOSITION (2002) 30:1352

    Gemfibrozil

    (agonista PPAR)Tratamento da hiperlipidemia, hipertrigliceremia

    e preveno de doenas cardiovasculares

    Inibidor da CYP2C8 (metablito glicuronado)

    CYP3A4CYP2C8 (> 80%)

    Proscrito

  • Mibefradil (Posicor, Roche)

    Anti-hipertensivo

    Proscrito em 1998

    Inibidor CYP3A4Rabdomilise

    (quebra (lise) rpida de msculo esqueltico

    (rabdomio) devido a leso no tecido muscular)

    No h tratamento

    simvastatina

    Arquivos Brasileiros de Cardiologia - Volume 85, Suplemento V, Outubro 2005

    O mecanismo exato pelo qual as estatinas

    podem causar a rabdomilise no se

    encontra completamente elucidado. Diversas

    hipteses so possveis: as estatinas causam

    depleo de metablitos intermedirios da

    sntese do colesterol; induzem a apoptose

    celular e podem causar alteraes nos

    canais de condutncia ao cloro dentro dos

    micitos

    Br J Clin Pharmacol. 2003 Jul;56(1):120-4.

    metabolizado CYP3A4

  • Mibefradil (Posicor, Roche)

    Proscrito em 1998

    calcium channel blocking agent that

    inhibits the influx of calcium ions across

    both the T (low-voltage) and L (high-

    voltage) calcium channels of cardiac and

    vascular smooth muscle, with a greater

    selectivity for T channels

    Metabolism esterase-catalyzed hydrolysis of the esterside chain (producing an alcohol metabolite) andCYP3A4 oxidation

    Seldane

    Arritmia cardaca &Fibrilao ventricular

    morte

    OH

    NOH

    CH3

    CH3

    CH3

    TerfenadineAnti-histamnico no-sedativo

    Alvo Molecular secundrio:canais de potssio (hERG)

    Inibidor CYP3A4

  • Galbraith , RA. N Engl J Med 1989; 321:269-274

    cimetidina

    N

    HNH3C

    SNH

    NH

    H3C

    NCN

    ranitidina

    Ginecomastia

    OH

    Otestotesrona

    OH

    HO

    OH

    HO

    HO

    estradiol

    2-hidroxiestradiol

    CYP3A4/CYP1A1/2)

    (-)

    Cetoconazol, fluvoxamine

  • Uso Racional dos

    Medicamentos

    Ateno Farmacutica

    Vigilncia

    Sanitria

  • Michigan Technological University

  • http://education-portal.com/articles/Pharmaceutical_Chemist_Education_Requirements_and_Career_Info.html

  • Cincias Exatas

    Cincias Humanas e Sociais

    Cincias Biolgicas e da Sade

    Cincias Farmacuticas

    Biofarmcia, Farmacotcnica I e II, Biotecnologia Farmacutica,Farmacobotnica, Farmacognosia I e II, Bioqumica Clnica F, Hematologia F,Qumica de Alimentos, Metabolismo Integrado, Tecnologia IndustrialFarmacutica, Qumica Farmacutica e Medicinal, Controle de QualidadeBiolgico e Microbiolgico, Farmacoepidemiologia, Anlise de Alimentos,Diagnstico Clnico Laboratorial, Deontologia e Legislao Farmacutica,Toxicologia Geral, Farmacotcnica Hospitalar, Farmcia Hospitalar, AnlisesFarmacuticas, Bromatologia em Sade, Microbiologia e ImunologiaClnica F, Parasitologia e Micologia Clnica F.

    3690 horas distribudas pelos 10 perodos letivos.

    (225 h) em disciplinas optativas de escolha condicionadas (75 h) em disciplinas de livre escolha