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Ser Director na Escola Pública: Como sair dos labirintos? José Matias Alves (Universidade Católica Portuguesa)

Encontro nacional directores

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Ser Director na Escola Pública: Como sair dos labirintos?

José Matias Alves(Universidade Católica Portuguesa)

Saudação

Agradecimento

Felicitação

Porque a solução para os graves problemas que atravessamos não está fora de nós. O nós são os directores, os líderes intermédios, os professores – as comunidades educativas.

Com isto quero afirmar que as soluções, neste momento, não estão nas agências centrais. As agências centrais (algumas delas) são a fonte dos nossos problemas educativos e organizacionais. Não as podemos extinguir ou ignorar. Mas seria estratégico não as sobrevalorizar. E encontrarmos no meio de nós o querer, o saber e o poder que possibilite algumas saídas dos labirintos.

1. Uma análise breve do contexto político e organizacional

2. A gramática da acção directiva

3. Saídas possíveis (embora precárias e difíceis) do labirinto

(método: exposição/diálogo|| exposição + debate)

Pedi à organização uma lista de problemas e constrangimentos. Chegou-me, ontem, uma lista de 22 (e dizia a autora que poderia continuar pela noite dentro). Há um denominador comum nessa lista: economicismo (o fim da acção educativa não é educar, mas reduzir custos); desconfiança e desautorização de quem realiza grande parte das promessas educativas. Esta ordem não pode ser aceite sem reclamação e protesto. E sem procura de alternativas.

Um contexto paradoxal:

i) Hipercentralização do comando

ii) Hipercentralização da gestão dos recursos

iii) Desconexão e ambiguidade entre fins/meios/decisões (no próprio palco – ou palcos – dos poderes centrais) – arena política

iv) Desautorização e desconfiança

v) Retórica da autonomia que só é de responsabilidade e de prestação de contas

E estas linhas de acção são tanto mais interpelantes quando havia sinais (ainda que débeis e a precisar de confirmação) de melhoria de resultados, de altos níveis de satisfação quanto à relação pedagógica e aos ambientes de aprendizagem (PISA, 2010)

Um contexto depressivo:

i) menos remuneração

ii) menos apoio na acção

iii) menos recursos

iv) mais complexidade na gestão das exigências dos muitos públicos escolares

v) mais dependências e limitações

vi) mais dificuldade em mobilizar as comunidades educativas para a acção.

E esta última questão é talvez a questão maior:

Como mobilizar os professores para uma acção comprometida com a melhoria dos processos e dos resultados educativos? Como gerar a confiança entre pares quando ela está a ser minada por múltiplos factores?

Uma ameaça de burnout profissional e organizacional

(aliás, as escolas tendem a ser no actual contexto quase-organizações, pois começam a não ter identidade, autonomia, capacidade de decisão… quase tudo se passando fora de si mesmas..)

De esgotamento…

Ora, nestes contextos muito difíceis, caóticos, desesperantes, temos de procurar soluções.

Como disse já, procurar no meio de nós. Reacendendo, nestes contextos críticos, as promessas e as práticas de comunidades educativas fortalecidas pelas adversidades.

Antes de as procurarmos, algumas notas sobre a gramática da acção directiva:

i) a dupla legitimidade (local/eleitoral e a que advém de ser também mandatário do poder central)

ii) o ser obrigado a resolver os problemas da realidade e a cumprir a teia de normas legais (e para-legais)

iii) o estar entre a espada e a parede

Iv) o estar solitário numa terra de ninguém

1) Unidade na acção. Reforço dos mecanismos de comunicação, entreajuda, cooperação entre directores. Criação de um fundo de apoio à acção directiva.

2) Empowerment na acção directiva. Reforço da inserção territorial em termos políticos (Assembleias municipais, CME…), sociais e empresariais

3) Reforço da unidade organizacional. Reforço dos mecanismos de escuta (escutatória), comunicação, interacção.

4) Reforço das dinâmicas de construção da comunidade educativa (exigência, solidariedade, suporte, confiança)

5) Perguntar o menos possível (AC…), afirmar o princípio da realidade…Entre o mundo do sistema e o mundo da vida (Habermas, Sergiovanni…) , resistir à colonização e afirmar que o sistema tem de servir o mundo da vida, isto é, as necessidades das pessoas…

6) Afirmação da legitimidade eleitoral/local, quando entra em conflito com a legitimidade estatal…

7) Incremento das lideranças intermédias das organizações escolares; multiplicar os poderes e as responsabilidades e os compromissos…

8) Promoção de múltiplas dependências locais que podem significar mais autonomia e capacidade de acção

9) Saber quem são os nossos aliados naturais: os alunos, os pais, os professores, os representantes da comunidade local… e agir em conformidade.

10) Activar a presença dos dispositivos de representação (conselho de escolas) e mediatizar as posições e as disposições das escolas

11) Agir (nas várias sedes em que estamos presentes) contra a obsessão agrupamental que tende a ser comandada pela mera racionalidade económica e esquece a especifidade das organizações educativas;

12) Construir alianças com instituições do ensino superior que podem ter outro poder de promoção do empowerment organizacional e outra capacidade de influência junto das agências locais e centrais;