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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo CLAUDETE BEZERRA DOS SANTOS CANADA ENERGIA, ÁGUA E MEIO AMBIENTE: AVALIAÇÃO DA APLICABILIDADE DO PAGAMENTO POR SERVIÇOS AMBIENTAIS EM ÁREA DE RECURSOS HÍDRICOS NO BRASIL CAMPINAS 2017

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo

CLAUDETE BEZERRA DOS SANTOS CANADA

ENERGIA, ÁGUA E MEIO AMBIENTE: AVALIAÇÃO

DA APLICABILIDADE DO PAGAMENTO POR

SERVIÇOS AMBIENTAIS EM ÁREA DE RECURSOS

HÍDRICOS NO BRASIL

CAMPINAS

2017

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CLAUDETE BEZERRA DOS SANTOS CANADA

ENERGIA, ÁGUA E MEIO AMBIENTE: AVALIAÇÃO

DA APLICABILIDADE DO PAGAMENTO POR

SERVIÇOS AMBIENTAIS EM ÁREA DE RECURSOS

HÍDRICOS NO BRASIL

Tese de Doutorado apresentada a

Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura

e Urbanismo da Unicamp, para obtenção do

título de Doutora em Engenharia Civil, na

área de recursos hídricos, energéticos e

ambientais.

Orientador: Prof.Dr.Carlos Alberto Mariottoni

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA

TESE DEFENDIDA PELA ALUNA CLAUDETE BEZERRA DOS

SANTOS CANADA E ORIENTADA PELO PROF. DR. CARLOS

ALBERTO MARIOTTONI

ASSINATURA DO ORIENTADOR

______________________________________

CAMPINAS

2017

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE ENGENHARIA CIVIL, ARQUITETURA E

URBANISMO

ENERGIA, ÁGUA E MEIO AMBIENTE: AVALIAÇÃO DA

APLICABILIDADE DO PAGAMENTO POR SERVIÇOS

AMBIENTAIS EM ÁREA DE RECURSOS HÍDRICOS NO BRASIL

Claudete Bezerra dos Santos Canada

Tese de Doutorado aprovada pela Banca Examinadora, constituída por:

A Ata da defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se

no processo de vida acadêmica do aluno.

Campinas, 25 de julho de 2017.

Prof. Dr. Carlos Alberto Mariottoni

Presidente e Orientador / FEC - UNICAMP

Prof. Dr. Mauro Donizetti Berni

NIPE - UNICAMP

Prof. Dr. Bastiaan Philip Reydon

IE - UNICAMP

Prof. Dr. Frederico Fabio Mauad

USP – SÃO CARLOS

Prof. Dr. Arcanjo Lenzi

UFSC

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DEDICATÓRIA

A minha família,

Ao meu marido Glauco e meus filhos Glauco Filho e Guilherme,

Ao meu pai “in memorian” Manoel Petronílio dos Santos a sua perseverança em

ajudar a população e lutar pelos seus benefícios me faz ainda acreditar num Mundo

melhor...

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AGRADECIMENTOS

O maior agradecimento a Deus...sempre...

Ao meu orientador Professor Dr.Carlos Alberto Mariotoni, um grande incentivador

que sempre esteve ao meu lado apoiando e auxiliando. Digo que Deus encaminha

anjos a terra para nos auxiliar nesta vida e o Maritoni é digno de ser um deles.

Ao Professor Dr.Bastiaan Philippe Reydon do Instituto de Economia um grande

entusiasta da política pública, amigo e pelo incentivo na vida acadêmica.

A Coordenadoria de Pós-Graduação, em nome do Eduardo Estevam que nunca

mediu esforços para auxiliar, fica aqui o meu eterno agradecimento.

Ao Professor Dr.Miguel Sarmiento da Universidad Santiago Del Estero da Argentina,

membro da REDIPASA – Rede Iberoamericana de Pagamento por Serviços

Ambientais.

Ao Professor Dr.Samuel Rivera da Utah State University, membro da REDIPASA

pelo apoio ao projeto de pesquisa.

Aos membros da REDIPASA – Rede Iberoamericana de Pagamento por Serviços

Ambientais pelo apoio e troca de experiências na área de PSA.

Aos pesquisadores Dr.Ricardo de Oliveira Figueiredo da Embrapa Meio Ambiente,

ao Dr.Pedro Gerhard da Embrapa Monitoramento, ao Dr.Rinaldo de Oliveira

Calheiros do Instituto Agronômico–IAC, ao Doutorando Thomas Ficarelli da

Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental – ABES/SP, a Bióloga e

Ms.Joyce Marques Barbosa e ao Biólogo Rodrigo Santos de Souza, a Doutoranda

Carolina Bozetti Rodrigues da ESALQ/USP e Doutoranda Aline Aparecida Fransozi

da ESALQ/USP.

Aos alunos Claudia, Moacyr, Noel, Letícia e Suelen do Curso de Engenharia

Ambiental da Faculdade Piaget de Suzano/SP.

A Prefeitura Municipal de Piracaia e ao Eng.Agrônomo Lopes

A Secretaria de Estado do Meio Ambiente de São Paulo

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RESUMO

Durante os últimos anos o conceito do Pagamento por Serviços Ambientais está experimentando um crescente interesse tanto em países desenvolvidos quanto naqueles em desenvolvimento. Uma larga escala do trabalho teórico e prático está sendo realizada atualmente em torno do Mundo. Muitas organizações diferentes estão envolvidas incluindo as de pesquisa, as não governamentais, as agências governamentais e as empresas privadas. No Brasil, esse novo instrumento já está sendo aplicado em algumas regiões evidenciando mecanismos inovadores para a gestão dos recursos hídricos, o que potencializa investimentos na recuperação e preservação de bacias hidrográficas. O presente trabalho tem com objetivo verificar a aplicabilidade do PSA no Brasil na gestão de recursos hídricos, focando a bacia hidrográfica no planejamento ambiental dentro do aspecto legal em âmbito nacional. A metodologia utilizada foi levantamento bibliográfico e digital, além de pesquisa documental, no período de 2005 a 2017 e estudo de caso da Cidade de Piracaia como proposta para o ranqueamento de indicadores de serviços ambientais do Projeto Mina d’Água do Governo de São Paulo. Consulta ao site da Agência Nacional da Água, Programa Produtor de Água especificou os locais no Brasil que aderiram ao referido programa, propiciando a melhoria da água e o aumento das vazões médias dos rios em bacias hidrográficas de importância estratégica para o País (Município de Extrema - MG, Bacia Hidrográfica dos Rios Piracicaba, Capivari e Jaguari – PCJ/MG, Pipiripau-DF, Estado do Espírito Santo - ES, Apucarana-PR, Guandu-RJ). A aplicabilidade do PSA na gestão de recursos hídricos no Brasil surge de forma pioneira na Cidade de Extrema – MG, por meio da Lei nº 2.100/2005 e regulamentado pelo Decreto nº 1.703/2006, é a primeira iniciativa municipal brasileira que lança o Projeto Conservador das Águas nas bacias hidrográficas, garantindo a sustentabilidade sócio-econômica e ambiental dos manejos e práticas implantadas por meio de serviços ambientais aos proprietários rurais. No mesmo período a Fundação O Boticário de Proteção a Natureza lançou o Projeto ÓASIS, visando à proteção de mananciais na Região Metropolitana de São Paulo. No aspecto legal, tramita um projeto de Lei nº 5.487/09, de autoria do Poder Executivo Federal, enviado ao Congresso Nacional em 2009, cuja finalidade é instituir a Política Nacional dos Serviços Ambientais, Programa Federal de Pagamento por Serviços Ambientais, que estabelece formas de controle e financiamento do referido programa. O projeto de Lei 5.487/09 foi apensado a outros projetos de lei que versam sobre o tema. Outra iniciativa é do Estado de São Paulo, de autoria do poder executivo, que cria uma Resolução da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, versando sobe o tema na modalidade de proteção de nascentes, o projeto Mina D’água. Dentro do contexto os mananciais se tornam, cada vez mais, espaços estratégicos para a sobrevivência das cidades devido ao aumento acelerado da demanda e do comprometimento qualitativo da água destinada ao abastecimento das populações urbanas. As áreas de mananciais vêm sofrendo grandes impactos ambientais em decorrência de ações antrópicas. O PSA é um mecanismo inovador para a gestão dos recursos hídricos na preservação e conservação das bacias hidrográficas.

Palavras-chave: Energia e Meio Ambiente. Recursos hídricos e Serviços

Ambientais. Mecanismo financeiro. Indicadores de serviços ambientais.

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ABSTRACT

During the last years the concept of Payment for Environmental Services is experiencing a growing interest in developed countries as in developing countries. A wide range of theoretical and practical work is currently being held around the world. Many different organizations are involved including research, government, not government agencies and private companies. In Brazil, this new tool is already being applied in some areas demonstrating innovative mechanisms for the management of water resources, which leverages investments in the recovery and preservation of watersheds. This work is carried out to verify the applicability of the PSA in Brazil in water resource management, focusing on the watershed in environmental planning within the legal aspect nationwide. The methodology used was bibliographic and digital survey, and documentary research, from 2005 to 2017 and case study from the city of Piracaia as proposal for the ranking of environmental services indicators of the Project Mina d’Água of the Government of São Paulo. Consult the website of the National Water Agency, Water Producer Programme mapped the locations in Brazil adhering to the program, providing improved water and the increase in average river flows in river basins of strategic importance for the country (Municipality of Extrema - MG, watershed of the Piracicaba, Capivari and Jaguari - PCJ / MG, Pipiripau-DF, State of Espirito Santo - ES, Apucarana -PR, Guandu-RJ). The applicability of PSA in the management of water resources in Brazil comes a pioneer in the City of Extrema - MG, by means of Law No. 2.100/2005 and regulated by Decree No. 1703/2006, is Brazil's first municipal initiative that launches the Conservative Project for Water in river basins, ensuring the socio-economic and environmental sustainability of management systems and practices implemented through environmental services to landowners. In the same period the Fundação O Boticário Nature Protection launched the Oasis Project, aiming to protect water sources in the Metropolitan Region of São Paulo. In the legal aspect, processing a draft Law No. 5.487/09, authored by the Federal Executive Branch sent to Congress at 2009, whose purpose is to establish the National Policy of Environmental Services, the Federal Program for Payment for Services Environmental establishing forms of control and funding of the program. The draft Law 5.487/09 was annexed to other bills that deal with the subject. Another initiative is the State of São Paulo, created by the executive branch, which creates a Resolution of the Secretary of State for the Environment, dealing the theme rises in spring’s protection mode, the Project Mina d’Água. Within the context of the springs become, increasingly, strategic spaces for the survival of cities due to the sharp rise in demand and qualitative impairment of water intended for supplying the urban populations. The watershed areas have suffered major environmental impacts due to human activities. PSA is an innovative mechanism for the management of water resources in the preservation and conservation of watersheds.

Keywords: Energy and Environment. Water resources and environmental services.

Financial mechanism. Indicators of environmental services.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Representação do Ciclo Hidrológico.................................... 32

Figura 2 – Água e Floresta.................................................................... 40

Figura 3 – Esquema de PSA Hidrológico.............................................. 61

Figura 4 – Hidrelétrica de Itaipu............................................................ 65

Figura 5 – Compensação Financeira pela utilização dos Recursos

Hídricos................................................................................ 65

Figura 6 – Externalidade em nível da Bacia Hidrográfica..................... 68

Figura 7 – Valores cobrados e arrecadados......................................... 76

Figura 8 – Convênio com entidades públicas e privadas...................... 85

Figura 9 – Quantidade total de hectares do PSA financiados com

recursos do Canon de Água................................................. 85

Figura 10 – Financiamento do Programa de PSA 2015.......................... 86

Figura 11 – Cercamento da área da propriedade rural........................... 97

Figura 12 – Plano Diretor para Recomposição Florestal visando a

Produção de Água nas Bacias Hidrográficas dos Rios

Piracicaba, Capivari e Jundiaí – CBH/PCJ.......................... 103

Figura 13 – Esquema de PSA no PCJ.................................................... 106

Figura 14 – Bacia do Rio Benevente e suas sub-bacias......................... 108

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Figura 15 – Propriedade rural na Cidade de Piracaia/SP....................... 116

Figura 16 – Nascente em propriedade rural na Cidade de Piracaia/SP.. 118

Figura 17 – Lago em propriedade rural na Cidade de Piracaia/SP......... 119

Figura 18 – Reflorestamento Propriedade Rural Cidade de Piracaia/SP 121

Figura 19 – Mapa dos 21 Municípios por UGRH do Estado de São

Paulo.................................................................................... 123

Figura 20 – Esquema Fundação Grupo Boticário PSA........................... 125

Figura 21 – Projeto ÓASIS PSA no Brasil............................................... 125

Figura 22 – Matriz PSA Hídrico............................................................... 129

Figura 23 – Nascentes cadastradas no Projeto Mina d’Água – Cidade

de Piracaia........................................................................... 158

Figura 24 – Modelo conceitual para ranqueamento de indicadores de

serviços ambientais. O retângulo vermelho indica a área

de atuação do projeto PSA Água. ....................................... 160

Figura 25 – Participantes da Oficina de ranqueamento de indicadores

de serviços ambientais do Projeto Mina d’Água.................. 162

Figura 26 – Desenvolvimento da oficina de ranqueamento de

indicadores de serviços ambientais..................................... 163

Figura 27 – Oficina de ranqueamento de indicadores de serviços

ambientais na Cidade de Piracaia, São Paulo..................... 164

Figura 28 – Participantes da Oficina de ranqueamento de indicadores

de serviços ambientais do Projeto Mina d’Água na cidade

de Piracaia...........................................................................

166

Figura 29 – Pesquisadores na segunda etapa da oficina de

ranqueamento de indicadores de serviços ambientais ....... 167

Figura 30 – Imagem da Propriedade Pupim – Ano 2016........................ 171

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Figura 31 – Imagem da Propriedade Pupim – Ano 2014........................ 171

Figura 32 – Propriedade Pupim 2014 – Datageo/SMA........................... 172

Figura 33 – Mapa aéreo da Propriedade Pupim..................................... 172

Figura 34 – Propriedade Pupim Ano 2017 ............................................. 173

Figura 35 – Mapa da cidade de Piracaia – Microbacia Cachoeira.......... 174

Figura 36 – Árvores na propriedade Pupim............................................. 174

Figura 37 – Árvores na propriedade Pupim............................................. 175

Figura 38 – Árvores na propriedade Pupim............................................. 175

Figura 39 – Árvores na propriedade Pupim............................................. 176

Figura 40 – Árvores na propriedade Pupim............................................. 176

Figura 41 – Tipologia de Saneamento nas propriedades (em %)........... 177

Figura 42 – Tipologia de Saneamento nas propriedades (em %)........... 178

Figura 43 – Instalações Sanitárias (Privadas, ou similar)....................... 179

Figura 44 – Instalação Sanitária Animal.................................................. 179

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LISTA DE QUADRO

Quadro 1 – Relação entre Floresta e Água.......................................... 39

Quadro 2 – Papel das entidades........................................................... 92

Quadro 3 – Pagamento por Serviços Ambientais PCJ......................... 104

Quadro 4 – Resultado do Pagamento por Serviços Ambientais PCJ... 107

Quadro 5 – PSA Hídrico liderado por iniciativa voluntária.................... 128

Quadro 6 – PSA Hídrico liderado pelo Governo................................... 128

Quadro 7 – Indicadores de serviços ambientais – Manejo do solo....... 168

Quadro 8 – Indicadores de serviços ambientais – Cobertura Vegetal.. 168

Quadro 9 – Indicadores de serviços ambientais – Saneamento Rural. 169

Quadro 10 – Serviços Hidrológicos e florestais...................................... 183

Quadro 11 – Mercado de PSA e Energia................................................ 183

Quadro 12 – Aspecto Legal e PSA......................................................... 184

Quadro 13 – Experiências PSA Hídrico Brasil........................................ 185

Quadro 14 – Experiências Internacionais Hídrico PSA........................... 186

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Quadro 15 – Rede PSA.......................................................................... 188

Quadro 16 – Monitoramento e Avaliação dos serviços ambientais........ 189

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LISTA DE TABELA

Tabela 1 – Evolução da área e valores de PSA pagos sob contrato..... 97

Tabela 2 – Cálculo dos custos de oportunidade no Estado do Espírito

Santo.................................................................................... 110

Tabela 3 – Fator de Proteção da Nascente........................................... 121

Tabela 4 – Sub-Fator Uso...................................................................... 122

Tabela 5 – Sub-Fator Vazão.................................................................. 122

Tabela 6 – Sub-Fator Localização......................................................... 122

Tabela 7 – Informações socioeconômicas dos Municípios

participantes da etapa do projeto piloto Mina d’Água.......... 153

Tabela 8 – Áreas prioritárias para implementação da etapa piloto do

Projeto Mina d’Água............................................................. 154

Tabela 9 – Coeficientes do fator de proteção da nascente.................... 155

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AGEVAP – Associação Pró-Gestão das Águas da Bacia do Rio Paraíba do Sul

ANA – Agência Nacional das Águas

ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica

APP – Área de Preservação Permanente

BIRD – Banco Interamericano de Desenvolvimento

CAR – Cadastro Ambiental Rural

CEIVAP – Comitê para Integração da Bacia do Rio Paraíba do Sul

CFURH – Compensação Financeira pela utilização de Recursos Hídricos

CMADS – Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável

CRH – Conselho Estadual de Recursos Hídricos

DAEE – Departamento de Águas e Energia Elétrica

EEQ – Empresa Elétrica de Quito

FAO – Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura

FEHIDRO – Fundo Estadual de Recursos Hídricos

FFPSA – Fundo Federal de Pagamento por Serviços Ambientais

FNDCT – Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

FONAFIFO – Fundo Nacional de Financiamento Florestal

FONAG – Fundo Ambiental para Água

FUNBIO – Fundo

IBAMA – Instituto Brasileiro de Meio Ambiente

ICM’s – Imposto sobre Circulação de Mercadorias

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MMA – Ministério do Meio Ambiente

MME – Ministério de Minas e Energia

PCH’s – Pequenas Centrais Hidrelétricas

PDC – Plano de duração continuada

PFPSA – Programa Federal de Pagamento por Serviços Ambientais

PGE – Procuradoria Geral

PNSA – Politica Nacional de Serviços Ambientais

PNUMA – Programa Nações Unidas Meio Ambiente

PSA – Pagamento por Serviços Ambientais

REDIPASA – Rede Iberoamericana de Pagamento por Serviços Ambientais

RL – Reserva Legal

SA – Serviços Ambientais

UGRHI – Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos

SIGRH – Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos Hídricos

SNUC – Sistema Nacional de Unidades de Conservação

UHE’s – Usina Hidrelétricas

UNEP – United Nations Environment Programme

VET – Valor Econômico Total

WCMC – World Conservation Monitoring Centre

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.............................................................................. 21

1.2 Metodologia................................................................................... 25

2 SERVIÇOS AMBIENTAIS E BACIAS HIDROGRÁFICAS:

FUNDAMENTOS E RELAÇÃO ÁGUA E FLORESTA................... 27

2.1 Serviços Ambientais...................................................................... 27

2.2 Serviços hidrológicos..................................................................... 29

2.3 Serviços ambientais de produção e purificação da água.............. 31

2.4 Serviços Ambientais em Bacias Hidrográficas.............................. 32

2.5 Impactos ambientais em bacias hidrográficas............................... 35

2.6 Água e floresta.............................................................................. 37

2.7 Matas ciliares................................................................................. 40

2.8 Uso inadequado do solo na Bacia Hidrográfica............................ 41

2.9 Crise hídrica.................................................................................. 43

2.10 Planejamento ambiental da Bacia Hidrográfica............................. 46

3 VALORAÇÃO ECONÔMICA DOS RECURSOS HÍDRICOS E

ENERGIA...................................................................................... 48

3.1 Economia do Meio Ambiente......................................................... 48

3.2 Valoração dos serviços ambientais............................................... 51

3.3 Valoração econômica dos recursos hídricos................................. 54

3.4 Mercados de PSA em recursos hídricos....................................... 57

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3.5 PSA em recursos hídricos............................................................. 58

3.6 O setor hidrelétrico e PSA............................................................. 61

3.7 Compensação financeira do setor hidrelétrico.............................. 63

4 ASPECTO LEGAL: PSA NO BRASIL E EXPERIÊNCIAS

INTERNACIONAIS........................................................................ 69

4.1 Política Nacional dos Recursos Hídricos....................................... 69

4.2 Cobrança pelo uso da água.......................................................... 73

4.3 Legislação aplicada ao PSA no Brasil........................................... 77

4.4 Experiências Internacionais de PSA Hídrico................................. 83

4.4.1 Costa Rica..................................................................................... 84

4.4.2 Equador......................................................................................... 86

4.4.3 Nova York (USA)........................................................................... 87

4.4.4 França (Europa)............................................................................ 88

4.4.5 Bolívia............................................................................................ 88

4.4.6 Colômbia....................................................................................... 88

4.4.7 Austrália......................................................................................... 89

4.4.8 México........................................................................................... 89

4.4.9 Panamá......................................................................................... 89

4.5 Experiências de PSA Hídrico no Brasil......................................... 90

4.5.1 O Programa Conservador das Águas........................................... 91

4.5.2 Programa Produtor de Água.......................................................... 98

4.5.3 Programa Produtor de Água PCJ.................................................. 101

4.5.4 Programa ProdutorES deÁgua do Espírito Santo......................... 107

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4.5.5 Projeto Pipiripau do Distrito Federal.............................................. 111

4.5.6 Projeto Apucarana do Paraná....................................................... 111

4.5.7 Projeto Guandu do Rio de Janeiro................................................ 112

4.5.8 Projeto Camboriú de Santa Catarina............................................. 112

4.5.9 Projeto Guariroba do Mato do Grosso do Sul............................... 114

4.5.10 Programa de Gestão Ambiental da Região dos Mananciais –

SOS Nascentes de Joinville.......................................................... 114

4.5.11 Projeto Mina d’Água do Estado de São Paulo.............................. 115

4.5.12 Projeto OÁSIS PSA em São Paulo............................................... 123

4.6 Matriz PSA Hídrico no Brasil......................................................... 126

4.7 Pontos positivos e negativos dos Programas de PSA Água......... 129

5 REDE PSA E MOBILIZAÇÃO DOS ATORES............................... 131

5.1 Rede Iberoamericana de PSA – REDIPASA................................. 131

5.2 Dos Congressos Internacionais de PSA....................................... 136

5.3 Comunicação, Mobilização e capacitação dos atores em PSA.... 141

5.4 Proposta da Rede Brasileira de PSA............................................ 143

6 Monitoramento e Avaliação dos serviços ambientais.................... 146

6.1 Ranqueamento de Indicadores de serviços ambientais................ 150

6.2 Entendendo o Projeto Mina d’Água............................................... 151

6.3 Conhecendo a Cidade de Piracaia................................................ 155

6.4 A proposta dos indicadores de serviços ambientais..................... 158

6.5 Desenvolvimento da Oficina.......................................................... 161

6.6 Critérios para Seleção dos Indicadores......................................... 164

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6.7 Resultado da Oficina..................................................................... 165

6.8 Segunda etapa do Ranqueamento dos Indicadores..................... 166

6.9 Aplicando o Indicador - % reflorestamento com nativas............... 170

6.10 Indicador de Saneamento Rural.................................................... 177

7 Discussão...................................................................................... 180

8 Conclusão...................................................................................... 191

Referências Bibliográficas............................................................. 196

Anexos 215

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21

1 INTRODUÇÃO

“A disponibilidade de água e outros serviços ambientais são afetados pela

deterioração dos ecossistemas”

(PNUMA Brasil, 2008, p.15)

O fato de grande parte dos recursos ambientais serem de natureza

pública, de livre acesso às pessoas e sem preço definido no mercado, faz com que

muitas vezes sejam condenados a um uso abusivo, inconsciente e descontrolado

(MAIA, 2002; MAY, P., 2010).

Para sanar esse problema o ideal seria promover a conscientização da

população para um uso racional dos recursos, porém, por esse ser um processo

demorado, envolvendo mudanças hábitos e culturas, outras medidas devem ser

apontadas. Como afirma Bruseke (2002, p.112), o Estado tem a sua disposição

basicamente dois meios, o direito e o dinheiro, desta forma, uma possibilidade seria

um maior intervencionismo nesses meios por parte do Estado, limitando os recursos

naturais a população. Entretanto expandir o intervencionismo do Estado em

detrimento da dimensão econômica social, ou mesmo da própria vida social, é pouco

aconselhável. Por outro lado o Estado pode garantir um acompanhamento

organizacional das dinâmicas econômicas e sociais. Nesse contexto que se faz à

implantação de políticas indutoras, como é o caso do pagamento por serviços

ambientais.

O conceito de serviços ambientais varia, o Dictionary of Environmental

Economics define Serviços Ambientais (SA) como “funções ecológicas percebidas

atualmente para apoiar e proteger as atividades humanas de produção e de

consumo ou que afetam globalmente, de alguma forma, o bem estar humano”

(MARKANDYA et al, 2001; MILLENIUM ECOSYSTEM ASSESSMENT, 2005).

Já Sarukhán, Whyte e o Consejo Editorial de Revisión de la EM (2005),

tem preferência pelo termo serviços dos ecossistemas e o define como “benefícios

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que o homem obtém desses ecossistemas”. Dentro desses são identificados 4 tipos

funcionais de serviço, serviços de provisão (recursos genéticos, alimentos, madeira,

fibras e a água doce), serviços reguladores (que afetam climas, inundações,

doenças, resíduos e a qualidade da água), serviços culturais (fornecem benefícios

recreacionais, estéticos e espirituais) e serviços de suporte ( formação do solo,

fotossíntese e ciclo de nutrientes).

Com base nesses conceitos o pagamento por serviços ambientais (PSA),

consiste em pagamentos diretos por aqueles que se beneficiam desses serviços.

Esses pagamentos podem ser contratuais e condicionais, aos proprietários de terras

e aos usuários locais, em retorno da adoção de práticas que garantam a

conservação ou a restauração do ecossistema, representando uma forma nova e

mais direta para promover a conservação (WUNDER, 2005).

Durante os últimos anos o conceito do PSA está experimentando um

crescente interesse tanto em países desenvolvidos quanto naqueles em

desenvolvimento. Uma larga escala do trabalho teórico e prático está sendo

realizado atualmente em torno do mundo e muitas organizações diferentes estão

envolvidas. Incluindo organizações de pesquisa, organizações - não -

governamentais, agências governamentais e empresas privadas. A maior parte das

iniciativas tem sido conduzida, até agora, em países desenvolvidos, em destaque os

Estados Unidos e a Austrália, porém cada vez mais estas atividades estão

emergindo em países em desenvolvimento como na Costa Rica, México e Kenya,

entre outros. Além disso, também está emergindo o interesse de se explorar o

potencial do PSA como um mecanismo internacional para o valor monetário da

biodiversidade (KANOUNNUKOF, 2006;TEEB, 2010).

Converter os serviços ambientais em um fluxo de renda, e converter este

fluxo em um alicerce para o desenvolvimento sustentável é um grande desafio

(FEARNSIDE, 2002; YOUNG, 2011). A priori isso ocorre pelo fato de a ideia de PSA

ser muito recente e estar em fase de desenvolvimento e amadurecimento, pois de

acordo com Wunder (2005) mesmo o conceito de serviços ambientais ainda não foi

bem definido, sendo esse um obstáculo para sua implementação.

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Apesar disso, esse novo instrumento já está sendo aplicado em algumas

regiões do Brasil, o que potencializa investimentos na recuperação e preservação de

bacias hidrográficas.

Dentro do aspecto legal no Brasil, ainda não temos um avanço, pois

trâmita um Projeto de Lei na Câmara de Deputados em Brasília sobre o Pagamento

por Serviços Ambientais e no Estado de São Paulo temos a Política Estadual de

Mudanças Climáticas Lei Nº 13.798/2009 que no artigo 23 institui o Programa de

Remanescentes Florestais, Decreto Estadual 55.947/2010 e Resolução Nº123/2010,

com objetivo de proteção de nascentes em mananciais de abastecimento público.

Temos como pioneiro na aplicação do PSA o Município de Extrema, do Estado de

Minas Gerais, que iniciou o pagamento em área de recursos hídricos em

zoneamento rural. Recentemente as politicas públicas se assimilam a mecanismo de

PSA para conservação dos recursos hídricos (PAGIOLA;GLEHN; TAFFARELLO,

2013). Integra uma nova geração de políticas ambientais com embasamento no

conceito de desenvolvimento sustentável (CHIODI, 2015).

No contexto de desenvolvimento sustentável a justificativa deste trabalho

está ligada aos mananciais que se tornam, cada vez mais, espaços estratégicos

para a sobrevivência das cidades devido ao aumento acelerado da demanda e do

comprometimento qualitativo da água destinada ao abastecimento das populações

urbanas. Entretanto, ao mesmo tempo, a urbanização avança sobre esses espaços,

destruindo suas condições de produzir e depurar água. As áreas de mananciais vêm

sofrendo grandes impactos ambientais em decorrência de ações antrópicas. Nesse

contexto, a situação é tratada através de medidas com o objetivo de corrigir os

impactos já causados, ou seja, são tratadas através das chamadas Soluções

Ambientais.

A resposta a esse dilema está na aplicação de pagamento por serviços

ambientais (PSA), um instrumento recente que visa à indução de um uso mais

racional dos recursos naturais e ao mesmo tempo a sustentabilidade da população

local. O PSA é um instrumento que se assemelha ao princípio protetor–recebedor,

mas ao contrário deste, o valor pago pelo PSA não possui caráter de um simples

incentivo e sim de um valor consistente que objetiva a sustentabilidade em seu

sentido mais amplo.

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A hipótese central deste trabalho é que a aplicabilidade do Pagamento

por Serviços Ambientais em áreas de recursos hídricos no Brasil auxilia na proteção

das bacias hidrográficas, no planejamento ambiental garantindo qualidade e

quantidade de água e que neste contexto produtores rurais recebam incentivos para

garantir a preservação dos mananciais.

Partindo desta hipótese, o trabalho teve como objetivo central avaliar a

aplicação do Pagamento por Serviços Ambientais em proteção aos recursos

hídricos, focando a bacia hidrográfica como ferramenta de planejamento ambiental

no Brasil. Além disso, as Bacias Hidrográficas são adotadas como áreas

preferenciais para o planejamento dos recursos hídricos e modelo de planejamento

integrado com a incorporação do conceito de sustentabilidade. A visão sistêmica e

integrada, onde se tem o conhecimento da água e suas relações espaciais que

considera os componentes e processos ambientais e as ações humanas

(RODRIGUEZ, 2011).

Dentro deste contexto, a estrutura da tese está direcionada a saber: o

campo teórico, o campo da gestão de recursos hídricos, o campo do aspecto legal e

o campo da integração dos atores. Os campos destacados se relacionam e será

evidenciado na tese. A estrutura da pesquisa é destacada com os objetivos

específicos propostos.

O campo (2) intitulado “Serviços ambientais e bacias hidrográficas:

fundamentos e relação água e floresta”, trata-se de uma revisão da literatura sobre a

abordagem serviços ambientais e bacias hidrográficas. Com a revisão bibliográfica

foi descrito a relação dos serviços ambientais e conceito de serviços hidrológicos, os

serviços prestados pelas bacias hidrográficas, impactos, planejamento e a relação

entre uso do solo, água e floresta. Nesse campo examinaram-se as terminologias e

os serviços prestados pelas florestas nas bacias hidrográficas e os serviços de

produção de água.

O campo (3) intitulado “PSA na gestão de recursos hídricos e energia”,

apresenta a questão da economia do meio ambiente, o valor de mercado e o

mecanismo financeiro do setor hidrelétrico, neste campo destacou-se na tese os

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mercados de PSA na gestão de recursos hídricos e a relação do setor energético

que em outros países se tem a participação de empresas nos esquemas de PSA.

Destaca uma proposta para o setor hidrelétrico para garantir energia e água.

O campo (4) intitulado “Aspecto legal: PSA no Brasil e experiências

internacionais”, neste campo trata das legislações pertinentes a gestão de recursos

hídricos, e realiza uma análise sobre a questão legal do PSA no Brasil. Apresenta

uma análise dos projetos de PSA no Brasil e as experiências internacionais nos

projetos água e destaca a Matriz PSA criada no Brasil. Destaca a contribuição com a

gestão dos recursos hídricos no contexto onde os projetos acontecem.

O campo (5) intitulado “Rede PSA e mobilização dos atores” se refere ao

objetivo de apresentar a Rede Iberoamericana e proposta da criação da Rede

Brasileira de PSA. O envolvimento científico destaca a importância do tema em

Congresso internacional e no Brasil. Apresenta proposta da temática de mobilização

e capacitação dos atores em PSA. Aqui, buscou-se destacar a participação de

diversos atores e a importância da ferramenta da educação ambiental nos

programas de PSA.

O campo (6) intitulado “Monitoramento e Avaliação dos serviços

ambientais” neste campo retrata sobre o monitoramento e avaliação dos programas

de PSA e sua importância para o planejamento das ações. Apresenta proposta da

criação de indicadores de serviços ambientais ranqueados em oficina com

tomadores de decisão na Cidade de Piracaia, São Paulo, participante do Projeto

Mina d’Água da Secretaria de Estado do Meio Ambiente.

1.2 Metodologia

Este trabalho realizou levantamento bibliográfico e pesquisa documental,

bem como realizou levantamento de dados dos locais que já foram implantados os

projetos de Pagamento por Serviços Ambientais em área de recursos hídricos no

Brasil e no Mundo e estudo de caso da Cidade de Piracaia como proposta do

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ranqueamento dos indicadores de serviços ambientais do Projeto Mina d’Água do

Governo de São Paulo. O levantamento dos locais foi realizado em busca do site da

Agência Nacional de Água – ANA o Programa Produtor de Água, participantes:

Projeto do Município de Extrema (Conservador das Águas) do Estado de Minas

Gerais, Projeto PCJ-MG, Projeto Pipiripau-DF, Projeto Produtor-ES, Projeto

Apucarana-PR, Projeto Guandu-RJ, Projeto Camboriú de Santa Catarina, Projeto

Guariroba do Mato Grosso do Sul e Projeto Mina d’Água do Estado de São Paulo

realizado pelo próprio Governo e OÁSIS PSA pela Fundação Boticário. A linha de

pesquisa abordou as metodologias de aplicação do Pagamento por Serviços

Ambientais em recursos hídricos, nos Países de Costa Rica, Estados Unidos (Nova

York), França, Bolívia, Colômbia, México, Austrália, Panamá e Equador o que irá

auxiliar na discussão da referida pesquisa. Para melhor entendimento do tema o

autor participou de vários Congressos Internacionais, Seminários no Brasil e a

organização do Congresso Internacional de Pagamento por Serviços Ambientais no

Estado de São Paulo com vários especialistas da área com aprofundamento do

tema e participação na Rede Iberoamericana de Pagamento por Serviços

Ambientais – REDIPASA. Pela participação na REDIPASA o autor apresenta

experiências internacionais conduzidas por membros de Governo com informações

na construção dos esquemas de PSA.

Os dados levantados destacam o período de 1997 a 2017 das

experiências internacionais e do Brasil. A Matriz de Pagamento por Serviços

Ambientais organizada pela Forest Trends apresenta localidades no Brasil e foi alvo

de análise dos serviços ambientais hídricos, destacando a plataforma criada e os

mecanismos financeiros.

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2. SERVIÇOS AMBIENTAIS E BACIAS HIDROGRÁFICAS: FUNDAMENTOS E

RELAÇÃO ÁGUA E FLORESTA

2.1 Serviços Ambientais

Para delimitação do objeto os chamados serviços ambientais ou serviços

ecossistêmicos como também são conhecidos, apresentam diversas literaturas a

respeito do tema. Segundo Daily (1997) os serviços ecossistêmicos podem ser

definidos como os serviços prestados pelos ecossistemas naturais e as espécies

que os compõem na sustentação e preenchimento das condições para a

permanência da vida humana na Terra. A base científica declara que os serviços

dos ecossistemas são essenciais para a civilização. Dentro deste contexto o meio

ambiente oferece gratuitamente uma variedade de bens e serviços que são de

interesse, direto ou indireto, do ser humano. Para Swallow et al (2007) e Pagiola et.

al. (2013) os serviços ambientais estariam mais focalizados nos benefícios

percebidos pelo homem, e os serviços ecossistêmicos estariam mais focados nos

processos que os produzem. Entre estes serviços, podemos citar: a produção de

oxigênio, a purificação do ar pelas plantas; a estabilidade, mesmo que parcial, das

condições climáticas com a moderação das temperaturas extremas, do volume de

precipitação e da força dos ventos; a capacidade de produção de água e o equilíbrio

do ciclo hidrológico, com o controle, ainda que parcial, das enchentes e das secas; a

decomposição e a limpeza dos dejetos, com a ciclagem de nutrientes; a produção, a

manutenção e a renovação da fertilidade do solo, o controle da erosão e dos

deslizamentos; a polinização da vegetação, a dispersão de sementes e o controle

biológico e de pestes; a proteção contra os raios ultravioleta do sol e o controle de

enfermidades humanas; a manutenção do patrimônio genético, da vitalidade dos

ecossistemas, da paisagem, da diversidade cultural humana e de inúmeros valores

materiais. Estudos científicos relatam que as florestas geram serviços ambientais, e

como se fosse um “trabalho voluntário” que as mesmas realizam e que favorecem o

ser humano e o planeta como um todo (FOREST TREND, 2009, 2011). O tema

florestas vem sendo amplamente discutido e tem um papel indutor de gerar serviços

ambientais, dentre eles: conservação da biodiversidade, sequestro e estoque de

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carbono, ciclagem de nutrientes, manutenção das chuvas, estabilidade do clima,

manutenção da beleza estética, preservação cultural.

A abordagem realizada pelo Milenium Ecosystem Assessment (2005)

contou com a participação de pesquisadores de todo mundo, no período de 2001 a

2005, e destaca os benefícios que as pessoas obtêm dos ecossistemas para

definição dos serviços ecossistêmicos, incluindo o conceito de bem estar humano.

Este estudo foi uma solicitação das Nações Unidas, que teve como objetivo avaliar

os impactos decorrentes das mudanças nos ecossistemas em relação à humanidade

e o seu bem estar (ONISHI et.al, 2013). O trabalho foi dividido em quatro categorias:

a) serviços de provisão: são aqueles relacionados com a capacidade dos

ecossistemas em prover bens (alimentos, madeiras, fibras, água);

b) serviços reguladores: são aqueles obtidos de processos naturais para

sustentação a vida humana (purificação do ar, regulação do clima, purificação e

regulação dos ciclos das águas, controle de enchentes e de erosão, tratamento de

resíduos, desintoxicação e controle de pragas e doenças);

c) serviços culturais: aqueles relacionados com os ecossistemas em

oferecer benefícios (recreacionais, educacionais, estéticos, espirituais);

d) serviços de suporte: são os processos naturais necessários para que

os outros serviços existam (ciclagem de nutrientes, produção primária, formação de

solos, polinização e a dispersão de sementes).

Para Marussia (2008) um dos trabalhos desenvolvidos pelo Instituto

Socioambiental - ISA, que é possível elencar serviços ambientais diretamente

relacionados com áreas produtoras de água e os serviços que influenciam, e

destaca em dois grupos, sendo:

1 – regulação hídrica, purificação da água, suporte aos processos

ecológicos aquáticos e a água como bem;

2 – regulação climática, recursos genéticos, controle de doenças, serviços

culturais, controle de enchentes, controle de erosão, manutenção da biodiversidade,

sequestro de CO2 , produção de alimentos, produção florestal entre outros.

Outra definição que adentra no contexto do tema, é contextualizada por

Born et al, (2002) que o termo serviços ambientais está relacionado aos benefícios

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indiretos gerados pelos recursos naturais ou pelas propriedades ecossistêmicas das

inter-relações entre estes recursos e a natureza e cita alguns exemplos como:

produção e disponibilidade de água potável; regulação do clima; biodiversidade

(atual ou potencial futuro); paisagem; fertilidade do solo; entre outros.

Em outra linha surge a “Economia dos Ecossistemas” uma nova disciplina

que traz reflexões sobre a degradação ambiental e a teoria econômica, cujo objetivo

é a gestão eficiente e sustentável (ROMEIRO et.al., 2015). O desafio desta nova

disciplina proposta segundo o autor Romeiro et.al (2015) é analisar as interações

entre sistema econômico e capital natural e como ocorrem esses processos

ecológicos que geram serviços de suporte a vida.

Nesta tese os serviços ambientais serão analisados em decorrência da

gestão de recursos hídricos em relação à disponibilidade hídrica e a preservação

deste recurso.

2.2 Serviços Hidrológicos

A água é um elemento vital para sobrevivência da humanidade, sendo um

dos elementos físicos mais importantes na composição da paisagem terrestre,

interferindo na fauna e flora e interagindo com os demais elementos da natureza e

seu meio (TUCCI, 1997; ROUMASSET, J. et al, 2013). Com a crescente demanda

populacional a disponibilidade do recurso água a sociedade tem se tornado cada vez

mais complicada. A degradação dos recursos hídricos está combinada com o

aumento populacional. A alteração do uso e manejo do solo em bacias hidrográficas

prejudica o fornecimento dos serviços ambientais e principalmente dos serviços

hidrológicos ou serviços ambientais na proteção dos recursos hídricos (MARUSSIA,

2008).

Segundo Silva (2006) os impactos relacionados à gestão dos recursos

hídricos estão voltados para uma decisão política que se movimenta pela escassez

de tais recursos. A ocorrência do desenvolvimento econômico, aumento

populacional, expansão da agricultura, pressões regionais, mudanças tecnológicas e

sociais, urbanização, demandas sociais e ambientais são os principais impactos

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relativos à gestão dos recursos hídricos. O surgimento da expressão “stress hídrico”

é norteadora dentro deste complexo da gestão de recursos hídricos. Segundo a

Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação – FAO – no ano de

2025, 1.8 milhões de pessoas estarão vivendo em regiões com escassez de água e

2/3 da população mundial em regiões de estresse hídrico (FAO, 2009). O termo está

relacionado com o aumento populacional e a degradação dos recursos hídricos, fato

que vem aumentando a cada ano, ocasionando a disponibilidade do recurso. Outro

fator relacionado a disponibilidade hídrica é a capacidade de resiliência, que significa

a capacidade de um determinado recurso se recompor e se regenerar para retornar

as suas condições originais (IBAMA, 2011).

Com a crescente degradação e aumento populacional e o maior consumo

de água, torna-se inviável conciliar a demanda e a oferta dos recursos hídricos.

O tema água foi tratado em 1992 na Conferência Internacional sobre

Água e Meio Ambiente, que ocorreu na cidade Dublin na Irlanda e posteriormente na

Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a

chamada Rio 92, incorporando a necessidade deste recurso à humanidade e tratado

na Agenda 21. A redação na Agenda 21 é declarada que água é um recurso finito e

vulnerável e sendo necessária a integração de políticas econômicas e sociais para

sua gestão. A adoção de um planejamento e gestão ambiental, alinhando programas

que visem à sustentabilidade deste recurso. No contexto a água e os ecossistemas

para manutenção da vida prestam diversos serviços ambientais. Os ecossistemas

dependem da água para gerar e prover bens e serviços para os seres humanos,

como os peixes (e a fauna aquática em geral), a madeira, os produtos florestais não

madeireiros (como castanhas, seringa, sementes, etc), combustíveis, alimentos,

remédios, grãos e pastos, entre outros (MARUSSIA, 2008). Estes serviços são

importantes para manutenção da qualidade e quantidade de água disponível, fluxos

e regulação de água, e também eventos relacionados a enchentes e secas. Os

projetos de serviços ambientais de proteção aos recursos hídricos são crescentes e

a busca pela implementação de Programas de Pagamento por serviços ambientais –

PSA. Para Brauman et al.(2007) os serviços hidrológicos podem ser organizados em

cinco categorias:

1 – melhoria do abastecimento de água para usos consultivos;

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2 – melhoria da vazão de abastecimento de água;

3 – mitigação dos danos causados pela água;

4 – fornecimentos de água relacionados com os serviços culturais e

5 – água associada aos serviços de suporte.

A prestação de serviços ambientais hidrológicos depende uma interação

entre diferentes elementos de uma bacia: geologia, topografia, solos, clima,

vegetação, corpos d'água e gestão (SMITH et al., 2006; RODRIGUEZ, 2011;

PAGIOLA, et.al, 2013).

2.3 Serviços ambientais de produção e purificação da água

A governança da água é discutida e avaliada pela forma inadequada da

gestão deste recurso. Ao redor do Mundo, as comunidades têm-se preocupado com

a disponibilidade e a qualidade da água. Para Zolin (2010) a água se recicla

globalmente através dos estados líquido, sólido e vapor, sendo uma ínfima parte

incorporada ou perdida nesses processos.

O termo renovação e disponibilidade da água para o consumo se

relacionam. Renovação é garantida pelo ciclo hidrológico e a disponibilidade está

diretamente relacionada com a capacidade de suporte dos recursos hídricos e sua

gestão, e utilização pelos seres humanos.

O ciclo da água é o fenômeno global de circulação fechada da água entre

a superfície terrestre e a atmosfera, impulsionado pela energia solar, associado a

gravidade e a rotação terrestre (TUCCI, 2000; ROUMASSET, 2013). É responsável

pela renovação de água existente no Planeta.

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As principais etapas do ciclo da água são: evaporação, precipitação,

retenção, escoamento superficial, infiltração, evapotranspiração e das águas

subterrâneas. A figura 1 demonstra o ciclo hidrológico.

Figura 1 – Representação do ciclo hidrológico (Tucci, 2000)

O balanço hídrico em uma determinada bacia permite analisar

informações sobre o volume anual de água que entra na bacia e períodos em que

ocorre excesso ou o déficit deste recurso.

2.4 Serviços ambientais em Bacia Hidrográfica

Com a crescente escassez a água tornou-se cada vez mais rara no

Mundo e disputada entre vários povos. No Brasil está realidade tem-se mantido uma

constante nos prolongados e intermináveis debates a respeito das melhores

soluções dentro do cenário político-institucional.

As Bacias Hidrográficas oferecem diversos serviços à sociedade. O

fornecimento mundial de água doce para uso doméstico agrícola e industrial

depende muito do fluxo que regulam as bacias hidrográficas.

A Bacia Hidrográfica estabelecida pela Política Nacional de Recursos

Hídricos Lei Nº 9.433/1997 como unidade territorial para sua implementação e

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atuação no Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. É

considerada unidade de paisagem onde se acumula todas as águas da superfície e

está disponível para uso, que as ações estratégicas são desenvolvidas. A gestão

integrada das bacias hidrográficas tem um cenário difícil, limitadas por barreiras

físicas e hidrológicas, em vez de administrativa ou política. Os interesses dos

diversos atores envolvidos na gestão das bacias hidrográficas que participam dos

Comitês ocorrem por questão econômica e traz grande prejuízo às práticas

contrárias a vocação da terra, o que resulta na redução da quantidade e qualidade

da água, perda da biodiversidade, entre outros.

Para Postel et al (2005) as bacias hidrográficas vem sendo estudadas

para uma série de serviços ambientais. A regulação da vazão e a qualidade das

águas são consideradas prioritárias. O autor considera a divisão dos serviços

hidrológicos em bacias em quatro categorias: purificação da água, regulação do

fluxo sazonal, controle de erosão e sedimentação e preservação de habitats. Outros

trabalhos estudam a relação do uso do solo e práticas agrícolas, com o custo do

tratamento de água (REIS, 2004, ORTIZ LÓPEZ, 1997, POSTEL; THOMPSON,

2005; PRIA, 2013).

As Bacias captam mais de 110.000 km3 de chuva que caem na Terra

todos os anos (FAO, 2007).

Para Pattanayak (2004) os serviços ambientais oferecidos por bacias

hidrográficas podem ser mensurados por alterações positivas nas medidas de

escoamento de superficial, vazão de cursos de água, erosão de solo e produção de

sedimentos.

A gestão integrada da bacia hidrográfica promove o uso adequado da

terra e sua influência resulta na prestação de serviços ambientais. Conforme o autor

Tuna et al (2007) alguns exemplos positivos a prestação dos serviços ambientais:

a) A redução da erosão, resultando em:

Diminuição do assoreamento dos leitos dos rios;

Reduzir os custos de tratamento de água potável humano, industrial e

agrícola;

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A redução dos custos de produção de energia hidroelétrica

b) A melhoria da qualidade da água para fazer uso racional de

agroquímicos na agricultura

c) A proteção da biodiversidade na manutenção dos ecossistemas

aquáticos e manter um fluxo constante de água

d) Promove a regulação dos fluxos, com o período de chuvas e reduzem

as inundações e se mantem os fluxos em períodos de seca.

De acordo com Postel e Thompson Jr. (2005), uma bacia hidrográfica em

boas condições é capaz de prover fornecimento de água; filtração/purificação de

água; regulação das vazões; controle de enchentes; controle da erosão e

sedimentação; pesca; madeiras e outros produtos florestais; recreação/turismo;

habitat para a preservação da biodiversidade; beleza cênica; estabilização do clima;

e valores culturais.

Além de garantir e prover fornecimento da água para o consumo humano

e de outros usos, a regulação de fluxo e filtração são exemplificados pela

manutenção da água armazenada no solo, bacias hidrográficas e áreas alagáveis,

ocorrendo o amortecimento do fluxo durante as enchentes e secas, controlar a

erosão e sedimentação, controle dos níveis dos aquíferos que podem levar

salinidade a superfície, a manutenção das bacias hidrográficas, habitats ribeirinhos,

pesqueiras e outros habitats de vida silvestre importante e aves migratórias, para as

áreas de cultivo de arroz, e para fertilização de planícies aluviais (RAMOS et.al.,

2011). Para Ramos (2011) os regimes de inundação naturais também são

elementos importantes no desenvolvimento dos manguezais e a manutenção dos

processos naturais das zonas costeiras e dos estuários, que são habitats críticos

para espécies de importância comercial e para outras formas de vida marinha. O

transporte de cargas normais de sedimentos também protege contra a erosão nas

zonas costeiras como ocorre quando sedimentos são retidos atrás de barragens, e

podem reduzir os danos causados por tempestades.

De acordo com Machado (2002) a delimitação de uma bacia hidrográfica

reflete melhor os efeitos das atividades humanas no ecossistema e por isto que pela

legislação brasileira foi adotada como unidade de planejamento e gestão.

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No contexto as bacias hidrográficas são vulneráveis a alterações da

vegetação, pois essas alterações interferem nas propriedades do solo, refletindo nas

propriedades da água dos rios, ou seja, a presença ou não de vegetação pode

influenciar nas características da água e no ciclo hidrológico em um manancial, o

que é de fundamental importância para a sustentabilidade do ambiente

(RODRIGUES et.al, 2014).

2.5 Impactos ambientais em bacias hidrográficas

Existe uma grande necessidade de proteção das bacias hidrográficas que

abrigam as fontes de captação de água para abastecimento. Segundo Sweeney et al

(2006) há uma forte existência do relacionamento do uso antrópico da bacia, a

degradação da qualidade da água e o custo de fornecimento da água potável para

população.

A degradação das bacias hidrográficas vem sendo avaliada por

pesquisadores, e tem se tornado um dos maiores problemas ambientais, refletindo

economicamente e socialmente no Mundo.

A crescente utilização do solo em desacordo com os parcelamentos de

solo e planejamentos urbanos tem reflexo direto na gestão das bacias hidrográficas.

Outros impactos, como queima da vegetação, erosão do solo, poluição da

água, depleção dos níveis dos lençóis de água, diminuição da vazão dos rios e uso

ineficiente da água para abastecimento urbano e irrigação (MONTEIRO et al 2006;

ROUMASSET, 2013).

Os impactos ambientais que ocorrem em bacias hidrográficas são

consequências de atividade humanas que modificam o ambiente, como o

desmatamento e a mineração. Segundo Reis (2004) a mudança ocorre pela

instalação de infraestrutura, disposição de resíduos, e introdução de espécies

alóctones. Promovendo assim, a eutrofização da água, aumento do material em

suspensão, assoreamento, perda da diversidade biológica, alteração no nível dos

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corpos hídricos, expansão geográfica de doenças tropicais de veiculação hídrica e

toxicidade.

O crescimento urbano desordenado nas bacias hidrográficas e a prática

da agricultura predatória nas proximidades dos rios que são utilizados para

abastecimento público apresentam impactos de ordem econômica, social e

ambiental.

Para Blaine et al.(2006) as atividades realizadas em bacias de captação

de água para o abastecimento humano afeta a qualidade da água e funciona como

contaminantes e como elemento de veiculação de doenças.

A degradação ambiental das bacias hidrográficas são decorrências da

falta de comprometimento ambiental e da inadequação das políticas públicas, da

gestão e discussão com os atores envolvidos.

O papel das bacias hidrográficas tem sido um fator predominantemente

nas tomadas de decisões para formulação de políticas públicas, auxiliando no

planejamento e na gestão territorial.

A má utilização dos recursos hídricos e a falta de gestão das bacias

hidrográficas são discutidas no Mundo, entre os impactos ambientais: ocupação do

solo indevida, uso indiscriminado da água, desmatamento de matas ciliares,

sedimentação, assoreamento, construção de barragens, desvios de cursos d’água,

erosão, salinização, contaminação, impermeabilização, compactação, diminuição da

matéria orgânica dentre outras degradações, têm contribuído para o

desaparecimento de rios e lagos, afetando profundamente o ciclo da água e o clima

(ARAUJO et al. 2009; RODRIGUEZ et.al, 2011).

Outra ameaça é a demanda crescente de água, especialmente do setor

de saneamento, causado pelo aumento populacional. Do lado da oferta, a

degradação dos rios, provocada pelas diversas fontes de poluição, agrava o

problema em razão da diminuição dos mananciais adequados ao abastecimento

humano (COPLAENGE, 2000; JARDIM, 2015).

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2.6 Água e Floresta

Mesmo que as relações entre a produção de água e florestas não sejam

consenso do ponto de vista científico, é sabido que a degradação de escassez de

uma prejudica a existência da outra. Da mesma forma, é possível avaliar que bacias

hidrográficas com cobertura vegetal têm uma contribuição maior para a produção de

água de boa qualidade do que as que já se encontram alteradas por diferentes

atividades humanas e com níveis e tipos diversos de contaminação.

Para Antoniazzi et. al.(2007) florestas vêm sendo amplamente usadas

como provedora de serviços ambientais para proteção de bacias, sendo que os

principais serviços ambientais são: regulação do fluxo de água (controle de

enchentes e aumento da vazão na época seca), manutenção da qualidade da água

(controle de carga de sedimentos, controle de carga de nutrientes, controle de

químicos, e controle da salinidade), controle de erosão e sedimentação, redução da

salinidade de terras e regulação do lençol freático, e manutenção do habitat

aquático. Apesar de uma percepção geral dos benefícios de florestas para bacias,

há pouca evidencias cientificas e muita incerteza a respeito.

A relação floresta-água pode-se considerar que as florestas protegem os

solos contra erosão, favorecem a infiltração, reduzem o escorrimento superficial e

garantem a recarga dos mananciais e aquíferos, assim como ajudam a regular a

vazão entre as épocas das cheias e da seca (GUEDES et.al, 2011).

Para conservação da biodiversidade e para regulação climática do

planeta as florestas são fundamentais.

Na maior parte dos casos, florestas podem adicionar mais valor se

incorporadas dentro de estratégias mais amplas de manejo de bacias, incluindo

outros usos de solo, e outras medidas conservacionistas (LANDELL-MILLS;

PORRAS, 2002). Os impactos das florestas dependem muito de características

próprias do local, do uso alternativo do solo, e do manejo adotado.

De acordo com Tucci e Mendes (2006) a vegetação tem um papel

fundamental no balanço de energia e no fluxo de volumes de água. A parcela inicial

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da precipitação é retida pela vegetação; quanto maior for à superfície de folhagem,

maior a área de retenção da água durante a precipitação. Esse volume retido é

evaporado assim que houver capacidade potencial de evaporação. Em

levantamento deste tema o autor Balbino, et. al. (2008) relata em sua pesquisa

sobre o papel da floresta no ciclo hidrológico em bacias hidrográficas, que a

presença ou não da vegetação e que o tipo de vegetação tem grande influência na

distribuição da água em um manancial. Devem-se analisar os efeitos desta

vegetação sobre a quantidade de água ofertada em uma bacia hidrográfica, estudar

sua influência nos vários compartimentos do processo, interceptação, precipitação

interna, escoamento pelo tronco e fluxos de água no solo, e não somente o deflúvio

final da bacia.

Existem muitas dúvidas quanto ao papel das florestas na produção de

água para os rios em quantidade e qualidade. Há inúmeras literaturas a cerca do

assunto, haja vista que a floresta sempre foi vista para estabilizar e manter as

vazões nos rios, sendo que na prática é sempre sugestionável a revegetação em

bacias hidrográficas. E, sobretudo, a função hidrológica atribuída à floresta como de

aumentar a disponibilidade de água nos rios ainda é questionável no meio técnico-

científico (BACELLAR, 2005).

Em pesquisa do autor BACELLAR (2005) coloca em discussão alguns

dados:

● que grande parte da água precipitada retorna à atmosfera sob forma de

evapotranspiração, sobretudo por transpiração. A evapotranspiração é

especialmente influenciada pelo clima e pelo tipo de vegetação;

● as árvores evapotranspiram mais que a vegetação de menor porte,

portanto o perfil de solo tende a ser em média menos úmido sob florestas;

● a vegetação de porte incorpora grande quantidade de matéria orgânica

ao solo, e auxilia na infiltração;

● a infiltração em florestas seja maior, a recargas aos aquíferos é

normalmente menor;

● em decorrência da evapotranspiração a presença de florestas tende a

causar redução das vazões médias anuais e do fluxo de base;

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● o desmatamento sem preceitos técnicos o fluxo de base anual pode se

reduzir;

florestas atuam no sentido de conter a erosão hídrica e movimentos de

massa rasos, em consequência a floresta diminui a carga sedimentar nos rios e

regula a temperatura de suas águas;

Segundo Bruijnzeel (1990) a floresta chega a exercer função totalmente

inesperada no comportamento hidrológico dos rios.

Existe uma relação distinta entre grandes bacias hidrográficas das

pequenas, a questão do comportamento hidrológico com o clima e também da forma

de uso e ocupação do solo. O Quadro 1 apresenta relação entre floresta e água.

Fluxos de verão: A percepção generalizada do "efeito esponja", onde a floresta absorve a chuva em

períodos úmidos e libera gradualmente aumentando a taxa de fluxo nos períodos mais secos é

geralmente refutada por evidências científicas. Na prática, a floresta tem dois efeitos opostos sobre os

fluxos de água: 1) um efeito positivo sobre os níveis de água para aumentar a infiltração e retenção do

solo, especialmente através da vegetação rasteira e camada orgânica nas florestas existentes; 2) um

efeito negativo devido aos níveis mais elevados de evapotranspiração das árvores em relação à

vegetação mais curto. O efeito líquido vai depender do local, o tipo de solo, espécies de árvores, e os

regimes de uso da terra. No caso das florestas de nuvens, o desmatamento pode diminuir o fluxo líquido

de água para reduzir a captura por precipitação horizontal, mas pouco se sabe sobre o que é o efeito

líquido final.

Controle de enchentes: Embora tente culpar o desmatamento no curso superior das bacias pela

magnitude das inundações nas terras baixas, na realidade essa relação pode se defender poucas vezes.

A existência de florestas pode efetivamente ajudar em eventos de pouca intensidade e em bacias

relativamente pequenas, mas em eventos maiores (tempestades severas e prolongadas) a contribuição

da floresta tende a ser menor e você precisa de outras intervenções não-naturais (por exemplo,

construção de diques) para reduzir os possíveis efeitos sobre a população.

Controle de erosão e sedimentação: A experiência de campo indica que além da existência de

árvores, outras variáveis são mais importantes no controle da erosão, tais como cobertura e composição

do solo, clima, tamanho de gota, tipo de terra, e grau das encostas. A floresta natural, através de suas

raízes mais profundas e a existência de vegetação rasteira, tem os mais baixos níveis de erosão e

sedimentação, no entanto, a introdução de outros usos da terra, como a agricultura, não significa

necessariamente um desastre em termos de erosão se o mudou é acompanhada de práticas adequadas

de conservação do solo. Da mesma forma, a introdução de projetos de reflorestamento não diminui

necessariamente a sedimentação a menos que a mudança seja acompanhada por práticas de

conservação, como o projeto adequado de estradas, o tipo de máquinas, etc. Em grandes bacias

hidrográficas, é muito difícil ver a relação direta entre o uso da terra e seus efeitos sobre a sedimentação.

Quadro 1 – Relação entre floresta e água (adaptado Porras, I.T, 2003).

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A maioria dos projetos de mercados de serviços ambientais para proteção

de bacias hidrográficas ignoram as relações físicas entre o uso da terra,

especialmente da floresta, e seus efeitos sobre a água. Sendo comum encontrar

propostas ou projetos em curso que abordam efeitos positivos entre floresta e água,

um tema ainda questionável entre os pesquisadores. A Figura 2 demonstra a relação

entre água e floresta (TUCCI, 2006).

Figura 2 – Água e Floresta (TUCCI, 2006)

2.7 Matas Ciliares

As matas ciliares desempenham importante papel tanto na manutenção

dos corpos d’água quanto na proteção das margens. Segundo Lima et al (2001) é de

fundamental importância para manutenção da integridade de uma bacia hidrográfica,

devido às diversas funções e sua ação direta em uma série de processos

importantes para sustentabilidade da sub-bacia.

Para Alvarenga (2004) A mata ciliar também se caracteriza como

formações florestais, localizadas as margens dos rios, lagos, nascentes e demais

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cursos e reservatórios de água, exerce importante função ambiental na manutenção

da qualidade da água, estabilidade dos solos, áreas marginais e na regularização do

regime hídrico.

Para manutenção de uma bacia hidrográfica a mata ciliar está

condicionada a vários fatores importantes, um dos benefícios está relacionado à

qualidade da água, que funciona como um tampão, filtrando e retendo água

proveniente de áreas adjacentes que estariam inseridas nos cursos d’água.

Segundo Lima et al (2001) a retenção da água funciona como um filtro

uma grande quantidade de sedimentos, produtos tóxicos, e nutrientes,

principalmente fósforo (P) e nitrogênio (N) que em excesso na água ocasionam o

aparecimento de algas e plantas aquáticas.

Estudos apontam que a retirada da mata ciliar traz inúmeras implicações

ecológicas e microclimáticas.

Pesquisadores apontam interferências na biota por conta do aumento da

temperatura da água, por conta da retirada da mata ciliar, agravando a qualidade da

água nas bacias hidrográficas (NAGASAKA, et.al. 1999 apud FRITZSON, et.al.

2005; ARCOVA, et.al. 1998 apud FRITZSON, et.al 2005).

2.8 Uso inadequado do solo na Bacia Hidrográfica

A alteração do uso e manejo do solo em bacias hidrográficas prejudica o

fornecimento dos serviços ambientais e principalmente dos serviços ambientais

hidrológicos.

As relações entre uso do solo e recursos hídricos são complexas e

consistem de processos não lineares que variam segundo escalas temporais e

espaciais (FAO, 2000).

A evapotranspiração, a taxa de infiltração, o escoamento direto, a

quantidade de água disponível, a uniformidade das vazões e a qualidade da água

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são serviços hidrológicos que podem ser afetados pela alteração do uso do solo

(PORRAS et al., 2008, 2012)

A erosão hídrica é a forma mais prejudicial de degradação do solo,

causando o empobrecimento. Além de reduzir sua capacidade produtiva para as

culturas, ela pode causar sérios danos ambientais, como assoreamento e poluição

das fontes de água. A erosão hídrica é causada pela água das chuvas, sendo que a

estrutura do solo é destruída pelo impacto da chuva atingindo a superfície do terreno

e em seguida o material solto, rico em nutrientes e matéria orgânica é removido do

local e depositado nas depressões no interior das vertentes e fundo dos vales

(ARAUJO et al., 2009).

Para Bahia (1992) a ação ocorre principalmente pela questão climática,

da resistência do solo e da presença de diversas condições ligadas ao manejo do

solo e água.

A erosão hídrica está condicionada pelos fatores chuva, solo, topografia,

cobertura e manejo e práticas conservacionistas de suporte (HUDSON, 1977).

Segundo Marques et.al (2015) ressalta que as perdas de solo pela erosão

não propiciam apenas perdas relativas a nutrientes. A microflora e a microfauna

também são organismos afetados pela erosão e o solo tem seu potencial produtivo

reduzido e principalmente na sua capacidade de reter água. Todavia, resulta um

conjunto de efeitos negativos que ocorre simultaneamente em decorrência do

processo erosivo do solo e de difícil mensuração.

Segundo Tuna et al (2007) os interesses econômicos dos atores

envolvidos na gestão de bacias geralmente desenvolvem práticas contrárias a

vocação da terra, o que resulta em reduções na quantidade e qualidade da água,

movimentos de massa de terra e perda de biodiversidade, entre outros efeitos.

Devido o fluxo de água se direcionar da parte alta para a baixa, os efeitos da má

gestão dos recursos hídricos nas bacias são sentidos e verificados a partir do seu

ponto de origem.

Apesar da falta de informações quantitativas e mitos existentes sobre os

impactos das mudanças uso do solo na disponibilidade de água é cada vez mais

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reconhecido que o uso inadequado de terra na parte mais alta da bacia hidrográfica

tem efeito direto sobre os fluxos hidrológicos, muitas vezes acompanhados de

custos econômicos ou externalidades negativas para os usuários a jusante

(CAMACHO, 2008). Mecanismos PSA é uma proposta para abordar a gestão e

conservação de bacias hidrográficas (PORRAS, 2003, 2013). Na parte alta da bacia

temos os diversos usos da terra que podem ser positivos ou negativos, com efeitos

diretos sobre os fluxos de água. Há vários grupos de atores que podem ser

reconhecidos nestas áreas, desde índios, agricultores, reservas, etc; às vezes sendo

grupos pobres e marginalizados ou encontrarmos grupos em áreas de riqueza. Os

usuários nas partes mais baixas da bacia podem ser afetados por mudanças no

abastecimento de água pela inadequada utilização do solo da população na parte

alta da mesma.

2.9 Crise hídrica

Outro problema apontado nas bacias hidrográficas e que vem sendo

observado pela ANA se refere à crise hídrica com uma intensa redução nas taxas

pluviométricas (chuvas) em determinadas regiões do Brasil (ANA, 2014).

A crise hídrica vem a prejudicar a oferta de água para o abastecimento

público e especialmente no semiárido brasileiro e em regiões metropolitanas como é

o caso de São Paulo.

A discussão sobre a escassez de água em nível global começa a ganhar

visibilidade na agenda política internacional desde a década de setenta. Organismos

como a ONU e o Banco Mundial trazem discursos sobre essa temática. Nesses

discursos, afirmava-se que, para a água continuar sendo um recurso natural capaz

de atender às demandas da humanidade, deveria ser redefinida, passando a ser de

domínio público e a ter valoração econômica (SILVA, 2010).

A Conferência Mundial sobre água realizada na Holanda estabeleceu a

Declaração de HAIA (2000) teve como seu principal objetivo assegurar água para o

século 21 e seus desafios foram discutidos com vários usuários, especialistas e

representantes de governos do Planeta e tendo como principais premissas:

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a) atingir a segurança hídrica como meio de satisfazer as necessidades

básicas e reconhecer que o acesso à água e ao saneamento em quantidade e

qualidade são necessidades humanas básicas essenciais à saúde e o bem estar do

indivíduo;

b) Assegurar a manutenção dos ecossistemas através da gestão

sustentável dos recursos hídricos e gerenciá-los racionalmente;

c) assegurar uma administração competente que considere o

envolvimento da população e os interesses de todos os atores na gestão dos

recursos hídricos;

d) valorar a água e gerenciá-la como forma de se levantar em conta o seu

valor econômico, social, ambiental e cultural para todos os usos, objetivando

avançar na cobrança dos serviços de modo a refletir o custo do fornecimento; e

e) reconhecer que a gestão dos recursos hídricos depende da

colaboração em todos os níveis sobre a necessidade de segurança hídrica e da

gestão integrada de recursos hídricos (DECLARAÇÃO DE HAIA, 2000:2-3).

A falta de planejamento estratégico nas Bacias Hidrográficas fica

evidenciada quando a previsão de escassez hídrica vem sendo anunciada desde a

década de 1970 por diversos pesquisadores da área (SILVA, 2010).

Os investimentos na área hídrica não atingem a melhora da gestão dos

recursos hídricos. O Banco Mundial (2003) aponta na conjuntura hídrica mundial que

para evitar a crise no planeta relata que o Brasil possui falhas de administração no

abastecimento e no saneamento básico.

O Banco Mundial (2003) argumenta que no Brasil a tensão hídrica é

resultante principalmente de dois fatores básicos: a ineficiência do Estado na

condução de políticas públicas e as diversas implicações relativas às relações entre

os grupos humanos e a natureza.

Chuvas abaixo da média contribuem para baixa disponibilidade hídrica

agravando oferta de água em bacias hidrográficas. A crise hídrica não pode estar

atrelada somente a questão climática e excluir as responsabilidades dos atores e

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instituições que estão ligados diretamente com a governança da água (ANA, 2014;

JACOBI; SOUZA LEÃO, 2015).

ANA (2014) destaca vulnerabilidade hídrica na Região da Macrometrópole

paulista e municípios da região Nordeste apontando a baixa garantia dos mananciais

explorados.

Conforme dados da Emplasa (2012) a Macrometrópole Paulista abrange

as Regiões Metropolitanas de São Paulo, da Baixada Santista, de Campinas, do

Vale do Paraíba e do Litoral Norte, além das aglomerações urbanas de Sorocaba,

Piracicaba e Jundiaí e outras duas microrregiões, totalizando 173 municípios que

correspondem a 50% de área urbanizada com cerca de mais de 30 milhões de

habitantes (JACOBI et.al, 2015).

Com grande concentração da população a demanda de água é alta e

neste quadro as bacias hidrográficas do rio Paraíba do Sul, PCJ (Piracicaba,

Capivari e Jundiaí) e Alto Tietê apresentam problemas críticos de disponibilidade

hídrica (ANA, 2014).

Na Região Metropolitana de São Paulo dentre os sistemas produtores de

água, destacam-se o sistema Cantareira, o sistema Guarapiranga e o sistema Alto

Tietê (ANA, 2010).

Dados do DAEE (2013) apontam que a bacia do Alto Tietê é responsável

pela metade da demanda de água da Metrópole paulista com cerca 60% da

população. Outro importante sistema produtor de água é a Bacia do Cantareira que

abastece cerca de 8 milhões de habitantes.

Estes sistemas de grande importância na gestão dos recursos hídricos

são afetados com a crise hídrica desde 2013 deixando milhões de habitantes em

alerta pela escassez de água.

A problemática na Bacia Hidrográfica é desencadeada pela alta

densidade populacional, e a complexidade de um ambiente urbano com ocupação e

uso do solo desordenado e intenso (Jacobi et al., 2013).

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Segundo Jacobi et.al. (2015) além da alteração climática associada ao

desmatamento na região norte do país, é preciso considerar também a ocupação

desordenada nas áreas de proteção aos mananciais da Região Metropolitana de

São Paulo.

Diante deste cenário é necessário reconhecer o modelo de gestão dos

recursos hídricos a participação da sociedade civil, do Governo e das instituições

participantes no processo de gestão compartilhada.

Dentro deste aspecto temas desenvolvidos pelo comité científico

organizado pela Redipasa – Rede Iberoamericana de Pagamento por Serviços

Ambientais sobre Gestão de florestas e cambio climático, a questão da evolução e

monitoramento dos esquemas de PSA, PSA em áreas protegidas e mecanismo de

governança ambiental e florestal foram alvo de discussão em 2011 no México.

A importância da governança da água esta atrelada aos esquemas de

PSA e uma necessidade de avaliar este cenário para auxiliar nos projetos e

programas institucionais.

2.10 Planejamento Ambiental da Bacia Hidrográfica

O planejamento ambiental, no contexto atual, engloba várias etapas, a

começar pelo conhecimento da história de ocupação da área, para que se possa

entender a dinâmica da paisagem e as expectativas de uso futuro, até a implantação

das ações, após sua aprovação pelos diferentes setores envolvidos no processo.

O conceito de planejamento de bacias hidrográficas tem evoluído nas

últimas décadas para uma concepção de integração de fatores ambientais e

socioeconômicos. As características biogeofísicas de uma bacia tendem a formar

sistemas hidrológicos e ecológicos relativamente coerentes, e, portanto, as bacias

hidrográficas têm sido utilizadas como unidades de planejamento de

desenvolvimento (TUCCI, 2001; CANADA, 2016).

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De acordo com Mota (1995), “o planejamento territorial de uma

bacia hidrográfica com base em suas características ambientais constitui o

melhor método para evitar a degradação de seus recursos hídricos”. Além

disso, as medidas de controle do escoamento das águas superficiais, de

proteção da vegetação, de disciplinamento da ocupação do solo, e de controle

da erosão, têm reflexos na proteção dos recursos hídricos, tanto quantitativa

como qualitativamente.

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3 – VALORAÇÃO ECONÔMICA DOS RECURSOS HÍDRICOS E ENERGIA

3.1 - Economia do Meio Ambiente

A teoria econômica desde a década de 80 vem buscando por meio de

suas hipóteses determinarem formas eficientes e sustentáveis para a utilização dos

recursos ambientais, que apresentam argumentos sobre o limite, as características,

as finalidades dadas aos recursos naturais, entre outros.

O crescimento econômico e as mudanças de padrão de consumo pela

população acentuam a exploração do meio ambiente. Estas transformações

requerem mudanças no contexto econômico, social e política, gerando alterações do

ambiente e provocando mudanças ambientais.

A pressão exercida sobre os recursos naturais enquanto fatores de

produção e sumidouros depositários de resíduos oriundos da utilização desses faz

com que as questões referentes a possíveis limites à sua utilização sejam discutidas

nas vertentes da teoria econômica.

Na corrente da teoria da economia ambiental os mecanismos de mercado

podem ser aplicados com vistas à determinação de alocações eficientes dos

recursos naturais, buscando métodos que tem como base a economia neoclássica,

que fundamenta a construção de mercados hipotéticos para os recursos,

determinando assim, a alocação ótima destes recursos.

O desenvolvimento e implementação de instrumentos de economia

ambiental (tais como avaliação econômica, a implementação de taxas de poluição e

desmatamentos, impostos, sistemas de PSA, etc.) promovem linhas de ação

consistentes com a conservação, alinhados aos custos e benefícios ambientais dos

processos de produção.

Segundo Martins e Felicidade (2001), “a valoração dos recursos

ambientais seria um mecanismo eficaz para refletir no mercado os níveis de

escassez de parte dos recursos naturais, propiciando condições para que a “livre”

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negociação nos mercados de commodities ambientais pudesse definir o nível ótimo

de exploração e alocação desses recursos”.

O crescimento econômico sem dúvida afeta os ecossistemas e suas

mudanças podem ter consequências importantes para o bem estar humano, como o

aparecimento de doenças, alterações na qualidade da água e mudanças no clima

regional, entre muitos outros impactos significativos (EM, 2005).

A utilização de instrumentos da economia ambiental deve ser enquadrada

na política de meio ambiente para proporcionar as condições institucionais

requeridas, a fim de reconhecer e valorizar os produtos e serviços prestados pelos

ecossistemas ou externalidades positivas.

Segundo Cordero (2003) a conservação dos ecossistemas tem sido

considerada como um custo para a sociedade e não como um investimento que

melhora a sua qualidade de vida. Dentro da economia ambiental os serviços

ambientais geram benefícios diretos e indiretos para os seres humanos, sequestro

de gases de efeito estufa, conservação da biodiversidade, que proporcionam um

espaço para lazer e turismo, manutenção da qualidade da água, redução do impacto

dos desastres naturais, como inundações e deslizamentos de terra, entre outros.

A teoria econômica estabelece que as externalidades são falhas de

mercado e para corrigi-las é necessário dar-lhes um valor que permite a sua

internalização ou compensação nas economias dos atores afetados e no mercado

em geral (TUNA et al. 2007).

Segundo VEIGA NETO (2008) uma externalidade ocorre toda vez que um

agente causa uma perda (ou um ganho) de bem estar em outro agente e esta perda

(ou ganho) não é compensado.

Diante destas falhas de mercado um dos objetivos das políticas e

regulamentações ambientais é a internalização das externalidades negativas (IZKO

et al. 2003; CCAD-PNUD / GEF,2002; OECD, 1995).

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Os instrumentos da economia ambiental devem-se ser pautado em uma

política ambiental que assegure medidas de comando e controle (FIELD, et. al,

2014). Os instrumentos e medidas mais utilizados:

a) medidas de comando e controle: neste caso o Governo estabelece

regras jurídicas (leis, regulamentos, decretos) para regular o nível de produção ou

consumo de produtos;

b) Impostos: neste caso, os poluidores devem pagar impostos por conta

dos danos causados ao meio ambiente. O imposto surgiu em 1920, pelo economista

britânico Arthur Pigou, tendo a ideia de cobrar um imposto sobre as externalidades

negativas;

c) Subsídios: baseados no princípio daqueles que causam uma

externalidade positiva devem receber subsídio do Governo:

d) Mecanismos de compensação: Os mecanismos de compensação ou

pagamento por serviços ambientais (PSA) podem ser definida como compensação

pela prestação de externalidades positivas (PAGIOLA et.al, 2002)

Segundo os economistas Serôa da Mota e Young (1997; 2014) no Brasil

os intrumentos de política ambiental pública se definem em sistemas regulatórios

(comando e controle) e de incentivos (taxas, subsídios, sistema de depósito

reembolso e a criação de mercado). Neste contexto pode-se basear na adoção do

princípio protetor-recebedor para áreas preservadas, e pelo princípio-pagador sob a

taxação de atividades que causem impactos ambientais.

Outro ponto a destacar na economia há existência de quatro tipos de

capital para seu funcionamento e os autores Farley & Gaddis (2007) comentam que

o capital humano é decorrente de trabalho e inteligência, cultura e organização; o

capital financeiro: dinheiro, investimentos e instrumentos monetários; o capital

manufaturado: infraestrutura, máquinas, ferramentas e fábricas e que o capital

natural são os recursos, sistemas vivos e serviços de ecossistemas, gerando assim

um fluxo de benefícios.

Para Veiga Neto (2008) o capital natural sofre uma pressão maior de

interesse econômico, beneficiando quem contribui para manutenção das funções

ecossistêmicas. Cresce um forte alicerce sob a base da economia ecológica que

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sustenta a lógica do PSA, sendo uma das medidas para mitigar, controlar e reverter

os impactos do meio ambiente.

Segundo Romeiro (2015) a relação entre degradação ambiental e a teoria

econômica traz a luz da estrutura uma nova disciplina “Economia dos

Ecossistemas”, que trata da gestão eficiente e sustentável do capital natural. O

ecossistema deve ser avaliado conforme sua contribuição relativa de suas funções

para a resiliência do ecossistema maior a qual ele interage (ROMEIRO, 2015)

A preservação do capital natural deve-se ser pautada conforme Romeiro

et. al (2015):

a) Proteção do capital: sendo que a provisão dos serviços ecossistêmicos

requer que a sociedade mantenha o estoque de capital natural intacto;

b) Diversificação de investimentos: relativa necessidade que a

preservação do capital natural com outros tipos de investimentos;

c) Parcimônia nos riscos tomados: os benefícios providos pelo capital

natural são insubstituíveis e

d) Necessidade de seguro: criação de reservas de preservação

(COSTANZA, et.al, 2002; ROMEIRO, 2015).

Segundo Merico (2002) e Romeiro et.al (2015) abordam que não é

contabilizada a redução dos estoque do capital natural e tão pouco a perda da

capacidade produtiva. Há falta de políticas públicas para investimento em reposição,

recuperação ou preservação do capital natural.

3.2 Valoração dos serviços ambientais

O crescimento econômico afetam os ecossistemas e suas alterações,

sendo necessárias medidas para restauração e conservação e relacioná-lo com o

desenvolvimento econômico.

Várias metodologias em resposta a esta situação dentro da economia do

meio ambiente surgem para dar valor econômico a bens, serviços e impactos

ambientais. A valoração ambiental ou valoração econômica de recursos ambientais

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pode ser entendida como um conjunto de técnicas com o objetivo de “determinar o

valor econômico de um recurso ambiental” ou, ainda, “estimar o valor monetário do

recurso ambiental em relação aos outros bens e serviços disponíveis na economia”

(MOTTA, 1998, p. 15).

No auxílio para tomada de decisão os métodos de valoração ambiental

são úteis para enriquecer a análise custo benefício.

Como valorar o serviço ambiental é um dos pontos mais questionáveis

entre os economistas, a atribuição de valor econômico para bens e serviços

ambientais é classificada por Serôa da Motta (1998) sendo a mais utilizada dentro

das referências bibliográficas:

1 – Valor de uso direto: está relacionado à exploração direta dos recursos

disponíveis (pesca, ecoturismo, caça, etc.);

2 - Valor de uso indireto: engloba funções ecossistêmicas (proteção das

nascentes e corpos de’água, ciclagem de nutrientes, sequestro de carbono);

3 – Valor de opção: utilização do recurso de maneira direta ou indireta no

futuro (opção);

4 – Valor de não-uso: relacionado a simples observação da natureza

(estética, beleza cênica). Outro autor Francke (1997) cita duas formas: valor de

existência e valor de legado. O valor de legado é aquele atribuído a algo para que

seja conservado para futuras gerações e o valor de existência são aqueles

atribuídos a algo independente de seu uso, como a importância de se proteger uma

espécie em seu habitat.

A expressão do Valor Econômico Total recebe destaque na literatura

científica como o conceito mais amplo dentro da valoração dos bens e serviços

ambientais (CCAD/PNUD/GEF, 2002). O VET permite incluir tantos bens e serviços

tradicionais como funções dos ecossistemas, juntamente com valores associados

com o uso do próprio recurso (valor de uso + valor de opção + valor de existência).

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Segundo Romeiro (2015) a valoração do meio ambiente tende a realizar

uma avaliação da importância ecológica do ecossistema, citando que deve ser

avaliado a sua contribuição de suas funções.

Há uma grande discussão entre os economistas para valorar os bens e

serviços ambientais, mas a maioria dos projetos de PSA utilizam como critério os

custos de oportunidade. Os custos de oportunidade define o valor a ser pago ao

produtor dos serviços ambientais com base no que ele poderia gerar de renda

utilizando determinada área, garantindo a preservação deste local (JARDIM, 2010).

Segundo Wunder (2006) o levantamento do custo de oportunidade de

potenciais provedores dos serviços ambientais é mais prático do que a busca de

estudos de valoração destes serviços.

Recentemente outros autores apresentam a busca para estimar a “escala

sustentável ou aceitável” de uso das terras em bacias hidrográficas demonstrando

que o custo para adequar o uso e a ocupação das terras à “escala sustentável” pode

ser proxy do custo de oportunidade dos agentes na recuperação, manutenção e

preservação do fluxo de serviços ecossistêmicos (ROMEIRO et.al, 2015). Definida a

“escala aceitável”, é possível estimar o custo de adequação, proxy da parcela do

custo de oportunidade. Segundo Romeiro et.al (2015) a estimativa dos custos da

adequação deve levar em conta as seguintes ações: recuperação e conservação da

mata ripária dos principais rios (incluindo as nascentes) e reservatórios; e

adequação do uso da terra de acordo com sua aptidão agrícola.

Como exemplificação o PSA água apresenta a conta dos custos de

investimento em pagamento por “serviços” ambientais destinado a provedores, que

neste caso poderiam ser agricultores para preservarem as nascentes e cursos

d’água, em comparação aos custos com estações de tratamento. O cálculo seria

realizado pelo valor do tratamento da água.

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3.3 Valoração econômica dos recursos hídricos

A Organização das Nações Unidas (ONU) revela que aproximadamente

70% de toda água disponível no Mundo é utilizada para irrigação. No Brasil esse

índice chega a 72%. Dados da ANA (2012) informam que a irrigação é a maior

usuária de água no Brasil, com uma área irrigável de 29,6% de hectares (Relatório

de Conjuntura dos Recursos Hídricos no Brasil). Apontam ainda, que cerca de 60%

da água utilizada em projetos de irrigação é perdida por fenômenos como a

evaporação. Os relatórios da ONU relatam que a água em relação a população tem

crescido a uma taxa duas vezes maior e que até 2025 cerca de 2 milhões de

pessoas viverão em regiões com extrema escassez hídrica. Os usos da água e suas

características o tornam um importante recurso e difícil de valorar (TUNA, 2007).

Segundo Young (2005) a água pode ser agrupada conforme suas

características em atributos físicos e hidrológicos:

1) É móvel: este atributo faz com que a água seja um recurso de alto

custo e consequente respeitar a exclusão dos direitos de propriedade que são a

base de mercado ou da economia de troca, sendo relativamente difícil e caro;

2) A oferta é muito variável: a água está fora do controle humano e varia

imprevisivelmente ao longo do tempo, espaço e qualidade;

3) É quase um solvente universal: quando se encontra em quantidade

abundante proporciona (do ponto de vista privado) uma capacidade pouco caro de

absorver resíduos e contaminantes, assim como para diluí-los e transportá-los para

outro lugar;

4) Há uma forte interpendência entre os usuários: depois de utilizada uma

grande porcentagem de água retorna para o leito dos rios, causando externalidade

negativa;

5) O problema da água pode ocorrer em locais específicos: as variações

em abastecimento de água e demanda local, assim como outros problemas

relacionados com recursos hídricos estão tipicamente localizados para que políticas

e estratégias sejam aplicadas.

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O autor ainda argumenta que diferentes usos de água requerem

diferentes abordagens de gestão e podem ser agrupados de acordo com o tipo de

benefício que geram aos usuários: benefícios como mercadoria (bem ou serviço),

benefícios para assimilar desperdícios, valores estéticos, recreação, pesca, vida

silvestre (públicos e privados), preservação da biodiversidade e ecossistema,

valores sociais e culturais.

Os diversos usos da água a tornam uma mercadoria, e suas

características econômicas variam de acordo com sua ausência, criando rivalidade

entre os seus usuários.

Os fatores econômicos devem ser considerados pela crescente escassez

hídrica e os problemas relacionados com a distribuição entre os diferentes usos da

água. Os benefícios da água como bem incluem o consumo humano, no

saneamento, produção na indústria, agricultura, comércio e turismo.

A valoração econômica dos serviços hidrológicos é necessária para

manter e/ou restaurar os recursos hídricos. A valoração econômica está tentando

atribuir um valor monetário aos bens e serviços ambientais que não tem um valor de

mercado, como ponto de partida ou critério de negociação entre compradores e

vendedores. Outro ponto importante é caracterizar fornecedores (a montante) e

demanda (downstream) de serviço, a capacidade de pagamento dos beneficiários

(candidatos) e aceitação de pagamento dos proprietários da parte alta das bacias

(licitantes).

Segundo Tuna et al (2007) deve-se considerar três aspectos da política e

legislação sobre a valoração econômica dos recursos hídricos:

1 – é necessário considerar os custos de transação em relação a

escassez da água: o custo de transação refere-se aos recursos necessários para

estabelecer, operar e fazer cumprir a distribuição e manejo destes ou sistema de

regulação;

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56

2 – o impacto acumulativo de muitas decisões pequenas: as instituições

de Governo definem as estratégias na administração da água e enfrentam

problemas que geram decisões de atores individuais. Cada decisão individual em

relação ao uso da água tem um impacto sobre o recurso;

3 – água como um recurso comum: o problema surge quando os direitos

de propriedade não estão bem definidos e seus usuários não tem nenhum incentivo

para utilizar de forma eficiente e preservá-lo para o futuro.

A abordagem segundo o autor relata que a água é um recurso de uso

habitual e que devido às numerosas razões físicas, econômicas, sociais e políticas

se confronta com numerosos desafios para valorar e medir os custos e benefícios e

ainda, estabelecer acordos institucionais adequados e que garantam estas

parcerias.

Segundo Romeiro et.al (2015) água é um bem dotado de valor econômico

e passível de precificação. Neste sentido tem-se que haver informações necessárias

para realizar a “valoração adequada” e em outro ponto o “preço adequado” não

possa ser cobrado entre todos os usuários na bacia hidrográfica.

Para melhor entendimento Romeiro et.al. (2015) exemplifica que

“precificação adequada” é aquela que permite as condições de produção em termos

de quantidade e qualidade na gestão dos recursos hídricos. Devem-se definir os

vetores de degradação dos recursos hídricos e a natureza da sua degradação e

dentro deste aspecto a complexidade ecossistêmica que está inserida.

Neste contexto o valor cobrado do usuário não considera o valor real da

água que deveria ser pautada econômica, ambiental e socialmente. Os

consumidores pagam somente pelo fornecimento de água as empresas de

saneamento: custo de captação, tratamento e distribuição não incorporando o preço

da água “in natura” (ROMEIRO, et.al, 2015).

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57

3.4 Mercados de PSA em recursos hídricos

O mercado de serviços ambientais dentro da categoria proteção hídrica

aparece como um dos serviços com o maior potencial de mercado.

Devido à enorme importância dos recursos hídricos e problemas

crescentes relacionados com a qualidade e quantidade da água, nos dias atuais a

importância da conservação é vital para a sustentabilidade das comunidades locais

e da população em geral.

Deste ponto de vista, é essencial prestar atenção aos ecossistemas cuja

funcionalidade depende da oferta e regulação dos ciclos de água locais adequados.

O recurso hídrico é um pilar da sociedade, atuando desta forma no

desenvolvimento territorial que é promovido em bacias hidrográficas, que constituem

os limites naturais que determinam o fluxo hidrológico. Dentro desta relação para o

planejamento se interrelacionam outros recursos como as florestas, decisões dos

donos das terras, decisões políticas e a população local estabelecida na bacia

hidrográfica.

Os mercados para os serviços ambientais em bacias hidrográficas as

transações ocorrem e não inclui troca de bens e sim o financiamento de uso de

terras que geram benefícios da bacia. A demanda dos serviços hídricos geralmente

se origina de usuários a jusante da bacia, exemplificado pelos agricultores,

empresas de energia elétrica e população em área urbana.

A implementação de um esquema de PSA é favorecido pelo local, pela

demanda do serviço hídrico e demanda de beneficiários bem organizados, que

podem ser centrais hidrelétricas, sindicatos rurais.

Wunder (2005) usa cinco critérios (ou passos) para definir o que chama

de mercados de PSA: a) uma transação voluntária onde; b) um serviço ambiental

(ou um uso de solo que claramente seja capaz de gerar aquele serviço) bem

definido; c) é comprado por (pelo menos um) comprador de serviço ambiental; d) de

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(pelo menos um) vendedor de serviço ambiental; e) se e apenas se, o vendedor de

fato entregar o serviço (VEIGA, 2008).

Os PSA em Bacias Hidrográficas normalmente se concentram os serviços

hídricos, a disponibilidade ou quantidade de água.

A maioria dos projetos de mercado de serviços ambientais para proteção

de bacias hidrográficas ignora a relação física entre o uso do solo, especialmente da

floresta e seus efeitos sobre água.

Segundo Engel et al., 2008) o mercado da água é rivalizada entre seus

múltiplos usos (geração de energia, irrigação e abastecimento público). A rivalidade

é um sinal de crescimento da demanda e sendo o principal fator determinante para

criação de um mercado (LANDELL-MILLS e PORRAS, 2002).

Dentro de outro aspecto os mercados de água surgem e não estão

organizados observando os serviços ecossistêmicos e a precificação e assim

comprometem a gestão ambiental nas bacias hidrográficas (ROMEIRO et.al, 2015).

3.5 PSA em Recursos Hídricos

Pagiola (2005) relata que PSA consiste na venda de serviços prestados

pelas florestas (individualmente ou em conjunto). Neste contexto dentro de uma

bacia hidrográfica o PSA baseia-se em ressarcir um provedor pelo serviço ambiental

que este fornece (princípio do provedor-recebedor).

Segundo os autores Smith, De Groot, Bergkamp (2006) existem três tipos de

projetos de PSA:

a) Projetos de PSA privados: são projetos autônomos entre entidade

privadas que possuem as seguintes características: 1) pagamento direto efetuado

pelos beneficiários aos provedores dos serviços de proteção e restauração de

serviços prestados nas bacias hidrográficas;

2) Custos compartilhados entre as partes interessadas;

3) Compra de terras e arrendamento do proprietário com objetivo de

garantia os serviços nas bacias hidrográficas derivados da terra em questão;

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4) Compra de direitos de aproveitamento de terra que estão separados

dos direitos de propriedade.

b) Projetos de intercâmbio

1) Estabelecer um limite (uma quantidade máxima) em termos de

contaminação ou extração da água.

2) Assinar permissões de contaminação e extração que dividem o total

admissível entre os usuários de água;

3) Permitir o comércio de licenças entre aqueles que não precisam de

autorização e os que exigem mais do que dotação autorizada.

c) Projetos de PSA públicos:

a) Os PSA públicos são esquemas impulsionados pelo Governo em que

participam entidades públicas e incluem taxas de usuários, compra de terrenos e

concessão de direitos de uso dos recursos naturais, assim como mecanismos fiscais

baseados em impostos e subvenções.

b) Cada transação de PSA será única, de acordo com as partes

interessadas. Todos os benefícios relacionados com água são derivados da gestão

local (jusante e montante) e os serviços da bacia hidrográfica limitam-se a este

mercado local.

Segundo FAO (2003) os PSA para conservação de bacias hidrográficas

apresentam os usuários localizados na parte baixa da bacia que pagam aos

provedores e/ou proprietários da parte alta da bacia, com o fim específico de manter

ou modificar uso do solo que afeta a disponibilidade ou qualidade do recurso hídrico.

Wunder (2007) descreve os princípios que caracterizam o PSA que são a

realidade de implementação dos projetos no Brasil e no Mundo:

a) Voluntariedade: PSA não é compulsório, mas sim uma negociação e

provedores tem alternativas de uso da terra. Nesta situação nem sempre os projetos

de PSA são voluntários e provedores tem de fato alternativas de uso da terra.

Exemplo é o caso de Costa Rica que o Programa de PSA é aplicado perante uma lei

(desmatamento é proibido e parte dos PSA visa aumentar a aceitação social)

(IBAMA,2011 apud PAGIOLA, 2008). No Brasil temos como exemplo o caso do

Projeto “Produtores de Água” em Extrema, Minas Gerais, o pagamento é feito aos

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produtores rurais para restauração de suas APP’s. Os projetos de PSA no Brasil tem

base nas políticas públicas, como: o Bolsa Verde desenvolvido em Minas Gerais; o

Programa ProdutorES de Água no Estado do Espírito Santo e Programa Mina

D’água no Estado de São Paulo e o Projeto Produtores de Água em Extrema do

Estado de Minas Gerais;

b) Compradores: o projeto de PSA tem que haver um comprador para os

serviços ambientais, pode ser qualquer pessoa física ou jurídica (ONGS, empresas

privadas, governos estaduais e municipais) com disposição a pagar;

c) Provedores: para que se mantenham os serviços ambientais é

necessário que haja os provedores que adotem atividades de proteção nas bacias

hidrográficas;

d) Transação: compensação financeira para indivíduos ou famílias nas

atividades de serviços ambientais em bacias hidrográficas. Nesta situação o ganho

econômico deve compensar o custo oportunidade do produtor;

e) Condicionalidade: estabelecer as condições do contrato, segundo o

provedor garante a continuidade do serviço ambiental; as estimativas de duração

são fixas assim como também se estipulam cláusulas que violem o acordo

estabelecido.

No caso da água não há mercados estabelecido, o valor dos pagamentos

devem ser negociados entre os compradores e provedores dos serviços (IBAMA,

2011).

Alguns indutores de interesse para PSA surgem da demanda por

proteção de mananciais de abastecimento de água por empresas hidrelétricas, por

proteção da beleza cênica por empresas de turismo e recreação, por proteção de

áreas para conservar espécies endêmicas por pessoas físicas ou por conservação

de recursos genéticos para a bioprospecção por empresas farmacêuticas.

Outros o próprio Governo age como comprador dos serviços ambientais e

coordenam todo o mecanismo de PSA. A Figura 03 demonstra um mecanismo de

PSA Hidrológico.

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61

Figura 3 – Esquema de PSA Hidrológico (Adptado de Pagiola, Banco Mundial,

2006).

3.6 O setor Hidrelétrico e PSA

Importante atividade ligada ao desenvolvimento humano é a geração de

energia elétrica e seu uso pelas várias atividades humanas. Segundo ANEEL (2016)

o uso e a geração hidrelétrica tem tido, ao longo da história do setor energético

brasileiro, um papel fundamental correspondendo a 65,3% da matriz elétrica

nacional, essa geração continua sendo prioridade nacional, com um esforço

governamental de implantar grandes projetos estruturantes com novas usinas

hidrelétricas. O setor elétrico brasileiro se caracterizou ao longo de muitos anos pelo

enfoque dado ao aproveitamento do potencial hidráulico nacional e pela displicência

com que incorporava as questões sócio-ambientais no planejamento das usinas

hidrelétricas (SILVA, 2007 apud MCCULLY, 1996 e LANGONE et al., 2005).

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62

As empresas de energia aparecem como beneficiárias dos serviços

ambientais hidrológicos. Estudos apontam que as hidrelétricas dependem da água

originada em milhões de hectares de propriedades rurais. A qualidade e quantidade

de água produzida por estas propriedades afeta diretamente o desempenho e a vida

útil das mesmas. Muito além do retorno econômico do projeto hidrelétrico, a

sustentabilidade da matriz energética é de interesse de todos. Segundo Medeiros et

al. (2011) as áreas protegidas contribuem para a economia nacional e foi

demonstrado após estudo do Ministério do Meio Ambiente em parceria com a United

Nations Environment Programme - UNEP e World Conservation Monitoring Centre -

WCMC. Aponta, ainda que 38,4% dos empreendimentos de geração de energia

hidrelétrica no Brasil ficam a jusante de áreas protegidas, auxiliando no provimento

de água e contenção da erosão e do aumento da carga sedimentária dos rios (a

qualidade da água), o que evita a sedimentação deste material nas represas, sendo

um dos principais fatores de custo no processo da geração de energia hidrelétrica.

Por voluntariedade o PSA pode surgir a partir da demanda por proteção de

mananciais de abastecimento de água por empresas hidrelétricas (IBAMA, 2011).

No Brasil a implantação do mecanismo de PSA pode ser referente à

compensação de áreas inundadas por reservatórios para a geração de energia

elétrica. Algumas regiões no Brasil apresentam conflitos pelo uso da água, como a

região do Alto Teles Pires em Mato Grosso e no Rio São Francisco, o que dificulta

os arranjos institucionais de PSA (PRIA et. al, 2013).

Cabe ressaltar, que a própria bacia já presta um importante serviço que

gera benefícios para o setor hidrelétrico e os usuários de água. Para que haja

produção de água na bacia e as zonas ripárias sejam preservadas um mecanismo

de PSA pode ser um fator predominante. Um arranjo institucional entre o setor

hidrelétrico para pagamento dos serviços ambientais na bacia hidrográfica no Brasil

para auxiliar no abastecimento de água e geração de energia seria primordial. Ainda

no Brasil o setor hidrelétrico admite “que água nasce da represa” e não existe

avanço nos diálogos de esquemas de PSA.

Avanços em mecanismo de PSA com arranjos institucionais com o setor

hidrelétrico a Costa Rica foi pioneira no desenvolvimento deste sistema. Com o

advento da Lei Florestal de 1997 os proprietários de terra passam a receber

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pagamentos por usos específicos do solo, incluindo novas plantações, manejo

sustentável de madeira e conservação de florestas nativas. O programa de PSA é

financiado por receitas provenientes da venda de combustível fóssil, de companhias

geradoras de energia hidrelétrica privadas, da venda de certificados de carbono,

entre outros. Reconhece os serviços hidrológicos, incluindo provisão de água para

consumo humano, para irrigação e para produção de energia. Com base na lei

criada o Governo de Costa Rica passa a celebrar contratos com os produtores nos

serviços providos e cria o mecanismo de financiamento – Fundo Nacional de

Financiamento Florestal – FONAFIFO.

No Equador em 1997 foi criado o FONAG – Fundo Ambiental para Água,

sendo uma iniciativa local na proteção do manancial da cidade de Quito. A

campanha para a proteção das nascentes que abastecem a cidade, localizadas na

Reserva Biológica do Condor, tem como principais usuários a EMAAP – Q, a

companhia municipal de água e a EEQ – Empresa elétrica de Quito. A partir de

2003, serviços ambientais como recuperação de margens de rios, reflorestamento

em áreas críticas, são financiados por meio de rendimentos do FONAG.

As experiências dos esquemas de PSA dos países de Costa Rica e

Equador tem como base o instrumento de uma política ambiental formalizada pelo

Governo por meio de legislação para assegurar os recursos ao Programa de PSA

(CANADA, 2016).

3.7 Compensação financeira do setor hidrelétrico

A compensação financeira realizada pelo setor hidrelétrico aos Estados e

Municípios garantem recursos para minimização das externalidades ocorridas nos

meios físico, biológico e social (CANADA et.al, 2016).

O artigo 20 da Constituição Federal de 1988 institui a compensação

financeira para pagamento pelo uso do recurso natural para geração de energia

elétrica:

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“É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao Distrito Federal

e aos Municípios, bem como a órgãos da administração direta da

União, participação no resultado da exploração (...) de recursos

hídricos para fins de geração de energia elétrica (...) ou

compensação financeira por essa exploração.”

Dados da ANEEL (2016) a Lei Nº8.001/90, com modificações pelas Leis

Nº9.433/97, Nº9.984/00 e Nº9.993/00 dos recursos 45% são destinados aos

Municípios atingidos pelos reservatórios das UHE’s e os Estados tem direito também

dos 45%, ficando a União com 10% do total. As pequenas centrais hidrelétricas

(PCH’s) são dispensadas do pagamento da compensação financeira.

Outra modalidade de compensação financeira são os royalties pagos pela

Usina de Hidrelétrica de Itaipu que foi acertado no Tratado de Itaipu entre o Brasil e

o Paraguai em 1973.

A operação da Usina Hidrelétrica de Itaipu ocorreu em 1985 e os royalties

eram repassados diretamente ao Governo Federal. Por ocorrência da Lei Nº

8.001/90 e regulamentado pelo Decreto Nº 1/91, os royalties passaram a ser

divididos entre os Estados e Municípios. A distribuição dos royalties da Hidrelétrica

de Itaipu:

a) dos 90%: 85% distribuídos entre os Municípios e Estados diretamente

atingidos e os outros 15% entre Estados, Distrito Federal e Municípios a montante;

b) dos 10%: 3% - Ministério do Meio Ambiente; 3% Ministério de Minas e

Energia e 4% Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.

A Figura 4 demonstra a Hidrelétrica de Itaipu (ANEEL,2016).

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Figura 4 - Hidrelétrica de Itaipu (Fonte:ANEEL,2016)

Figura 5 – Compensação Financeira pela utilização dos Recursos Hídricos (Fonte:

ANEEL, 2016).

Conforme dados da ANEEL (2016) no ano de 2015 a arrecadação da

compensação financeira pela utilização de recursos hídricos (CFURH) para geração

de energia totalizou um montante de R$2,4 bilhões, onde foram distribuídos R$1,6

bilhão a título de CFURH e R$791,7 milhões em royalties. No mês de

dezembro/2015 o valor de compensação chegou a R$182 milhões, e foram

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distribuídos a 704 municípios de 22 estados, dos quais R$141,8 milhões a título de

CFURH. Os royalties beneficiaram 347 municípios de cinco estados e o Distrito

Federal, no valor de R$40,1 milhões. A arrecadação foi realizada por 100 empresas

pagadoras, responsáveis por 185 usinas hidrelétricas e 195 reservatórios.

A compensação financeira é prevista por conta da instalação da usina

hidrelétrica em beneficiar os Municípios que foram atingidos pelo impacto ambiental

ocasionado.

Segundo Silva (2007) os recursos da Compensação Financeira e dos

royalties de Itaipu estão atrelados aos Municípios e aos Estados e não tendo vinculo

específico para emprego de tal recurso, sendo a única restrição prevista no artigo 26

do Decreto Nº 1/91 que a aplicação desse recurso é vedada a pagamento de dívidas

e para quadro permanente de pessoal. A aplicação dos recursos da Compensação

Financeira cabe aos Municípios assegurar o pleno desenvolvimento econômico,

social e ambiental. A utilização da Compensação Financeira é caracterizada no

princípio do usuário-pagador e sendo uma alternativa viável (SETTE et al, 2004).

A proposta da aplicação dos recursos da Compensação Financeira pela

utilização dos recursos hídricos – CFURH e os royalties da Hidrelétrica Itaipu a

esquema de Programas de Pagamento por Serviços Ambientais estabeleceria um

vínculo entre usuário e provedor do serviço garantindo a proteção da água para uso

urbano, rural e hidroelétrico (CANADA et.al, 2016). Estudo realizado pelo Ministério

do Meio Ambiente em parceria com United Nations Environment Programme - UNEP

e World Conservation Monitoring Centre – WCMC aponta que 38,4% dos

empreendimentos de geração de energia elétrica no Brasil (responsáveis por 80,3%

do total da energia provenientes de fontes hidrelétricas em operação) ficam a

jusante de áreas protegidas (IBAMA, 2007). A problemática se estende em

decorrência da contenção da erosão e do aumento da carga sedimentária dos rios

(qualidade da água) e também pela ocorrência do provimento de água (quantidade).

Todo este problema gera custo no processo de geração de energia elétrica. A

possibilidade de criar esquema de PSA que garanta a redução da taxa de produção

de sedimentos entre usuários (proprietários rural) e empresas do setor hidrelétrico

pode estar atrelada ao instrumento de recurso da Compensação Financeira pela

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utilização dos recursos hídricos – CFURH e os royalties da Hidrelétrica de Itaipu. O

esquema de PSA entre os usuários e provedor do sistema hidrelétrico teria a ideia

central de: usinas hidrelétricas pagando para os proprietários rurais a montante da

bacia para preservação da cobertura vegetal e, além disso, adotar projetos de

práticas sustentáveis de manejo e de conservação do solo. Segundo ROSENBERG

(2012) haveria diminuição do processo de erosão e assoreamento, aumentando a

vida útil dos reservatórios e reduzindo o custo de manutenção de máquinas

eletromecânicas.

As medidas para prevenção e controle do sedimento para proteção dos

reservatórios contra o assoreamento devem ser comparados e estimados os custos.

Nesta prática se destaca o PSA voluntário onde empresas do setor hidrelétrico

pagam para eliminar ocorrências com a geração de energia a usuários que por sua

vez, devem proteger e conservar florestas. Há muitos entraves ainda neste cenário

de construção do PSA com o setor hidrelétrico e uma delas são as obrigações de

proteção ambiental previstas no Código Florestal aos produtores rurais. Nesta

concepção o setor hidrelétrico pode impulsionar a fiscalização pelo poder público

para que os produtores rurais cumpram as determinações em APP ou RL em

contrapartida de remunerá-los (ROSENBERG, 2012). A construção do esquema de

PSA envolve custos econômicos e sociais para garantir o fornecimento dos serviços

ambientais. O uso inadequado do uso do solo na parte mais alta da bacia

hidrográfica tem efeitos diretos ou externalidades sobre o fluxo da água e são

praticados por habitantes para sua subsistência e que também não tem nenhum

incentivo para mudar essa prática. Os atores podem ser grupos indígenas,

produtores rurais, que vivem em extrema pobreza e são marginalizados dentro deste

cenário. As linhas de ação podem ser provocadas pelos Governos com instrumentos

de comando e controle, legislando sobre o Pagamento por Serviços Ambientais e/ou

no modelo de pagamento voluntário para amenizar o impacto na Bacia Hidrográfica

entre os atores e empresas do setor hidrelétrico. O reconhecimento do planejamento

ambiental da Bacia Hidrográfica e suas variáveis devem ser estudados e planejados

ações para sua melhoria que garantam água para os usuários e para atividade do

setor hidrelétrico. A figura 06 demonstra externalidade no nível da Bacia

Hidrográfica.

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Figura 6 – Externalidade em nível da Bacia Hidrográfica (PORRAS, 2003, 2012).

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4.0 – ASPECTO LEGAL: PSA NO BRASIL E EXPERIÊNCIAS INTERNACIONAIS

4.1 Política Nacional dos Recursos Hídricos

No Brasil em 1997, a União estabelece a sua política e o seu sistema de

gestão de recursos hídricos, aprovado por meio da Lei Nº9.433/97. A promulgação

desta lei vem consolidar um avanço na valoração e valorização da água, quando,

por meio de seu artigo 1º, incisos I e II, determina que: “a água é um bem de

domínio público e dotado de valor econômico”.

A lei define a água como sendo prioridade para o consumo humano,

tendo uso múltiplo, e define a bacia hidrográfica como unidade territorial de gestão

dos recursos hídricos, além disso, determina que além do poder público, haja

participação de comunidades e entidades civis de forma que a gestão seja

descentralizada (CANADA, 2006, 2010). Inspirado no modelo francês, a legislação

brasileira sobre recursos hídricos é um modelo ambicioso de gestão do uso dos rios

e, de acordo com esta Lei, as decisões sobre os usos dos rios em todo o País serão

tomadas pelos Comitês de Bacias Hidrográficas, que são constituídos por

representantes da sociedade civil (1/3), do Estado (1/3) e dos Municípios (1/3).

Os princípios básicos da lei e seus instrumentos de gestão estão

declarados no artigo 5º:

● Plano de Recursos Hídricos;

● Outorga de direito de usos das águas;

● Cobrança pelo uso da água;

● Enquadramento dos corpos d’água;

● A compensação a Municípios e

● Sistemas de Informações sobre recursos hídricos.

No artigo 7º, em relação aos Planos de Recursos Hídricos, deverão ser

executados:

● Diagnóstico da situação atual dos recursos hídricos

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● Análise de alternativas de crescimento demográfico, de evolução das

atividades produtivas e de modificações dos padrões de uso e ocupação do solo;

● Metas de racionalização de uso, aumento da quantidade e melhoria da

qualidade dos recursos hídricos disponíveis;

● Critérios e diretrizes para cobrança do uso dos recursos hídricos;

● Propostas para criação de áreas de proteção dos recursos hídricos;

● Avaliação de demandas futuras de recursos hídricos e seus conflitos.

Os planos devem ser elaborados por Bacia Hidrográfica conforme o artigo

8º do Plano de Recursos Hídricos. Dados da ANA apontam que até dezembro de

2014, recorte por bacia hidrográfica de rios estaduais, o Brasil contabilizava 120

planos elaborados. No planejamento estadual, os resultados demonstram que 17

estados já tinham elaborados seus planos de recursos hídricos, sendo que, Goiás e

Rio Grande do Sul estavam em fase de elaboração; os Estados de Espírito Santo,

Amazonas, Rondônia, Pará e Maranhão estão em fase de contratação. Os Estados

do Amapá e de Santa Catarina não possuíam os referidos planos até o final de 2014

(ANA, 2015).

A outorga de direito de uso de recursos hídricos foi instituída por Lei,

condicionando-a a sua preservação e ao seu uso múltiplo. Além disso, o Governo

Federal delega aos Estados e ao Distrito Federal a competência de outorga de

direito de uso do recurso hídrico (art.30º). O artigo 19º determina a taxação pelo uso

da água, como bem econômico, visando o incentivo de racionalização de seu uso

(CANADA, 2006).

O Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos que é

tratado no artigo 32º tem por objetivo coordenar a gestão integrada das águas e

implementar a Política Nacional de Recursos Hídricos, bem como, efetivar a

cobrança pelo seu uso.

O Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos é integrado pelo:

● Conselho Nacional de Recursos Hídricos;

● Conselho de Recursos Hídricos dos Estados e do Distrito Federal;

● Comitês de Bacias Hidrográficas;

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● Agências de Água

● Outros órgãos.

Ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos na legislação vigente cabe

promover a articulação do planejamento de recursos hídricos, a nível nacional,

regional, estadual e dos setores usuários.

No artigo 37º ao 40º compete aos Comitês de Bacia Hidrográfica

promover o debate de discussão de recursos hídricos relacionados a área da bacia

hidrográfica, aprovar e acompanhar a execução do Plano de Recursos Hídricos e

mecanismos de cobrança pelo uso do recurso hídrico. Os Comitês são compostos

por representantes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, dos

usuários das águas, entidades civis de recursos hídricos. A bacia hidrográfica como

referência na gestão de recursos hídricos trouxe um papel importante para os

Comitês na implementação dos Planos e respectivos mecanismos de cobrança pelo

uso do recurso hídrico. Para melhoria do sistema hídrico no Brasil foi criada em julho

de 2000 a Agência Nacional de Águas (ANA), que possui como missão a

implantação do Sistema Nacional de Recursos Hídricos.

A ANA possui participação na execução da Política Nacional de Recursos

Hídricos, apoiando os Conselhos Nacional e Estadual de Recursos Hídricos, bem

como os respectivos Comitês de Bacias Hidrográficas, no sentido de fornecer

subsídio técnico na implantação desta política (CANADA, 2006).

Compete a ANA atribuição do controle e a outorga de uso da água em

rios federais, além de ter competência para resolver os conflitos de interesses de

uso da água pelos usuários do setor agrícola, dos serviços de abastecimento nas

áreas urbanas, do setor hidroelétrico e dos industriais.

Na análise da legislação verifica-se que necessita de fortalecimento da

gestão e seus instrumentos, principalmente a cobrança pelo uso da água em relação

a projetos de PSA.

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Os projetos de PSA em relação à gestão de recursos hídricos tem sido

referência no Brasil e em diversos países, demonstrando a necessidade de

implementação e vontade política de gestores públicos. O Brasil já demonstrou

avanço na gestão de recursos hídricos com a promulgação da Lei de 1997, por

conta da primeira legislação de 1934, o Código de Águas, que viabilizou na época

produção de energia a baixo custo, em atendimento às demandas das novas

indústrias que estavam sendo instaladas no País.

O cenário da gestão de recursos hídricos no Estado de São Paulo já tinha

sido estabelecido anteriormente a Política Nacional de Recursos Hídricos, com o

advento da Constituição Estadual de 1989.

A lei estadual Nº7.663 de recursos hídricos editada em 1991, bem como,

a Política Nacional de Recursos Hídricos de 1997, incorporaram o princípio do

aproveitamento múltiplo e integrado dos recursos hídricos, e apoiando um modelo

de gestão de águas que contemplasse os aspectos quantitativos e qualitativos

(SCARPINELLA et al, 2009).

A descentralização e a tomada de decisão segue a mesma linha da

Política Nacional de Recursos Hídricos, que adota a Bacia hidrográfica como

unidade físico-territorial de planejamento e gerenciamento, sendo a gestão por

bacias hidrográficas e seus usuários.

Para o autor Scarpinella et al. (2009) foram criados três mecanismos de

auxílio a gestão: 1) Plano Estadual de Recursos Hídricos – que define os

investimentos necessários para execução da ação planejada; 2) Fundo Estadual de

Recursos Hídricos (FEHIDRO) – fundo específico para ações voltadas a gestão de

recursos hídricos; 3) Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos Hídricos

(SIGRH) – sistema político e institucional que define a participação dos usuários,

sejam do Governo, dos Municípios e sociedade civil.

Dentro da Política Estadual de Recursos Hídricos de São Paulo, foram

criados ainda, o Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CRH) que é presidido

pelo Secretário Estadual ligado a pasta de recursos hídricos e demais

representantes do Governo, Municípios e sociedade civil e os Comitês de Bacias

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Hidrográficas que são formados por membros do Estado, Municípios e sociedade

civil, distinguindo os usuários por categorias e uma composição tripartite. Tem como

competência aprovar o Plano Diretor de Recursos Hídricos e os valores da cobrança

pelo uso dos recursos hídricos.

No total são 22 Comitês de Bacia Hidrográfica do Estado de São Paulo e

destaca-se o Comitê de Bacia Hidrográfica do Alto Tietê que é dividido em 05

subcomitês, para auxiliar na gestão e uso dos recursos hídricos.

O Estado de São Paulo (que integra as bacias do Atlântico Sudeste,

Atlântico Sul e Paraná) possui em seu território 22 bacias hidrográficas, numeradas

e denominadas Unidades Hidrográficas de Gerenciamento de Recursos Hídricos

(UGRHI): 1 – Mantiqueira; 2 – Paraíba do Sul; 3 – Litoral Norte; 4 – Pardo; 5 –

Piracicaba/Capivari/Jundiaí; 6 – Alto Tietê; 7 – Baixada Santista; 8 – Sapucaí

Grande; 9 – Mogi-Guaçu; 10 – Tietê/Sorocaba; 11 – Ribeira de Iguape/Litoral Sul; 12

– Baixo Pardo/Grande; 13 – Tietê/Jacaré; 14 – Alto Paranapanema; 15 –

Turvo/Grande; 16 – Tietê/Batalha; 17 – Médio Paranapanema; 18 – São José dos

Dourados; 19 – Baixo Tietê; 20 – Aguapeí; 21 – Peixe; 22 – Pontal do

Paranapanema.

No total são 22 Comitês de Bacia Hidrográfica do Estado de São Paulo e

destaca-se o Comitê de Bacia Hidrográfica do Alto Tietê que é dividido em 05

subcomitês, para auxiliar na gestão e uso dos recursos hídricos.

4.2 Cobrança pelo uso da água

Em cumprimento a Política Nacional de Recursos Hídricos a ANA efetivou

a cobrança pelo uso da água no País.

O pagamento pelo uso da água visa incentivar a utilização racional dos

recursos hídricos, bem como, a efetivação dos recursos financeiros.

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A Lei baseia-se em dois princípios: 1) o usuário-pagador, que paga o

valor proporcional a quantidade de água, superficial ou subterrânea, captada e/ou

consumida em seu uso; 2) o poluidor-pagador, que paga o valor proporcional a

quantidade de poluentes lançados na bacia hidrográfica.

O artigo 22 da Lei 9.433/97 declara que os valores arrecadados com a

cobrança pelo uso dos recursos hídricos serão aplicados prioritariamente na bacia

hidrográfica.

Para o autor Milaré (2004) a cobrança pelo uso dos recursos hídricos

efetiva o princípio da internalização dos custos ambientais por aqueles que

aproveitam dos recursos naturais, em geral, e em particular, das águas. Cita, ainda,

que estes custos já são externalizados, ou seja, são pagos por toda sociedade.

Quando a sociedade não paga estes custos paga a degradação da qualidade ou

quantidade do recurso usado.

Na legislação brasileira os Comitês de Bacias Hidrográficas tem a

atribuição de definir os valores da cobrança do uso da água em concomitante com o

Conselho Nacional dos Recursos Hídricos. Verificando, ainda, o domínio das águas,

ficando a cargo da ANA. Os Comitês de Bacias Hidrográficas aplicará o recurso de

acordo com o Plano de Recursos Hídricos aprovado.

Conforme dados da ANA a cobrança pelo uso da água na bacia

hidrográfica do rio Paraíba do Sul foi pioneira no cenário nacional e estabelecido por

integrantes dos poderes públicos, os usuários e as organizações civis representadas

no Comitê para Integração da Bacia do Rio Paraíba do Sul – CEIVAP. Criado em

1996, o CEIVAP firmou-se como referência para a gestão dos recursos hídricos,

tanto na Bacia do Rio Paraíba do Sul quanto para a implementação do Sistema

Nacional (CANADA, 2006).

A gestão integrada do Rio Paraíba do Sul compreendeu um amplo

esforço entre a Agência Nacional da Água e demais organismos de recursos

hídricos do Estado de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro para definição dos

mecanismos e valores de cobrança que teve início em março de 2003.

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75

No ano de 2002 foi criada a Associação Pró-Gestão das Águas da Bacia

do Rio Paraíba do Sul – AGEVAP para recebimento dos recursos da cobrança pelo

uso da água e que recebe integralmente os recursos da Agência Nacional da Água –

ANA, os quais são aplicados em projetos na região previstos no Plano de Bacias do

Comitê para integração da Bacia do Rio Paraíba do Sul – CEIVAP. De acordo com

os usos declarados e consolidados e com os mecanismos previstos nas

deliberações do CEIVAP a cobrança aplica-se à captação, ao consumo e ao

lançamento dos recursos hídricos utilizados.

A preocupação com a preservação do recurso hídrico e o seu uso racional

o Governo do Estado de São Paulo criou a Lei Nº12.183/05, que dispõe sobre a

cobrança pela utilização de recursos hídricos, sendo que a partir do ano de 2006

usuários domésticos e industriais passam a pagar pelo uso da água, conforme

Decreto Nº50.667, de 30 de março do respectivo ano. Para o início da cobrança as

bacias deveriam dispor além da formação do Comitê de Bacia Hidrográfica de uma

agência de Bacia e fundamentado o seu Plano de Bacias. Segundo informações do

DAEE a cobrança pelo uso dos recursos hídricos tem por objetivos:

1 - reconhecer a água como um bem público de valor econômico, dando

ao usuário uma indicação de seu real valor;

2 - incentivar o uso racional e sustentável da água;

3 - obter recursos financeiros para o financiamento dos programas e

intervenções contemplados nos planos de recursos hídricos e de

saneamento;

4 - distribuir o custo sócio-ambiental pelo uso degradador e indiscriminado

da água e utilizar a cobrança da água como instrumento de planejamento,

gestão integrada e descentralizada do uso da água e seus conflitos.

O cálculo e a obtenção dos valores cobrados devem ser considerados:

nas derivações, captações e extrações de água, o volume retirado e seu regime de

variação; nos lançamentos de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos, o

volume lançado e seu regime de variação e as características físico-químicas,

biológicas e de toxidade do afluente (DAEE, 2015).

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Dados da ANA (2015) os rios de domínio do Estado de São Paulo, além

das bacias afluentes ao rio Paraíba do Sul e aos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí,

a cobrança foi implementada nas bacias dos rios Sorocaba-Médio Tietê, Alto Tietê,

Baixo Tietê e Baixada Santista.

A Figura 7 demonstra os valores cobrados e arrecadados com a cobrança pelo uso

de recursos hídricos em bacias hidrográficas no País.

Figura 7 – Valores Cobrados e Arrecadados – ANA (2015).

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77

4.3 Legislação aplicada ao PSA no Brasil

As possíveis falhas de mercado e o ritmo acelerado da degradação

ambiental impõem ao crescimento do mercado de Pagamento por Serviços

Ambientais. As soluções como já relatamos em capítulos anteriores podem ocorrer

por meio de instrumentos da política ambiental (comando e controle, voluntários e

econômicos).

Segundo Jardim (2010) o PSA surge como instrumento econômico

visando estimular as práticas ambientais por meio de incentivos financeiros

garantindo estes à manutenção dos serviços ambientais.

A idéia do PSA está baseada no princípio “protetor-recebedor”,

reconhecendo o valor dos bens e serviços ambientais em esquemas de PSA. Na

prática os usuários pagam e quem conserva recebe.

Dentro do aspecto legal no Brasil ainda é incipiente e não construida de

forma declaratória em uma legislação de âmbito nacional que corresponda os

anseios dos esquemas de PSA.

Para ilustrar a aplicação do princípio protetor-recebedor no Brasil temos

dois exemplos de legislação o ICMS Ecológico e a Lei Nº. 9.985/2000 – Sistema

Nacional de Unidades de Conservação - SNUC, artigos 47 e 48 da referida lei. O

ICMS Ecológico beneficia Municípios que possuem parques e áreas de preservação,

é citado como o primeiro instrumento econômico a pagar pelos serviços da floresta

em pé no Brasil. Estados que adotaram o ICMS Ecológico tem experimentado um

aumento significativo no número e tamanho das áreas protegidas (MAY et al., 2002).

O ICMS Ecológico foi o primeiro instrumento a pagar pelos serviços ambientais

tendo início em 1992 no Estado do Paraná e posterior em outros Estados.

Segundo o IBAMA (2014) 14 Estados estão implementando o ICMS-

Ecológico e em Minas Gerais, 494 municípios se beneficiam dos repasses deste

instrumento.

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A Lei Nº. 9985/2000, do Sistema Nacional de Unidades de Conservação –

SNUC, nos seus artigos 47 e 48 prevê a contribuição financeira de empresas

beneficiárias de recursos hídricos protegidas por UC’s (água e energia elétrica).

Tendo destaque esta lei para potencial desenvolvimento de projetos de Pagamento

por Serviços Ambientais – PSA.

“Art. 47. O órgão ou empresa, público ou privado,

responsável pelo abastecimento de água ou

que faça uso de recursos hídricos, beneficiário da

proteção proporcionada por uma unidade de conservação,

deve contribuir financeiramente para a

proteção e implementação da unidade, de acordo

com o disposto em regulamentação específica”.

“Art. 48. O órgão ou empresa, público ou privado,

responsável pela geração e distribuição de

energia elétrica, beneficiário da proteção oferecida

por uma unidade de conservação, deve contribuir

financeiramente para a proteção e implementação

da unidade, de acordo com o disposto em regulamentação

específica”.

O Projeto de Lei – PL Nº 5.487/09 que visa intituir a Política Nacional dos

Serviços Ambientais - PNSA, criar o Programa Federal de Pagamento por Serviços

Ambientais – PFPSA e o Fundo Federal de Pagamento por Serviços Ambientais –

FFPSA de autoria do executivo (Governo Federal) está tramitando no Congresso

Federal. O PL Nº 792/07 de autoria do Deputado Anselmo de Jesus (PT/RO) que

trata da definição dos serviços ambientais e passo para implantação do programa

está aguardando deliberação na Comissão de Finanças e Tributação (CFT). O PSA

no Brasil surge de algumas leis municipais e estaduais. Várias transações ocorrem

entre usuários e beneficiários dos serviços ambientais. A PL Nº 5.487/09 estabele os

princípios e diretrizes:

I - desenvolvimento sustentável;

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II - controle social e transparência;

III - promoção da integridade ambiental com inclusão

social de populações rurais em situação de vulnerabilidade;

IV - restabelecimento, recuperação, manutenção ou

melhoramento de áreas prioritárias para conservação da biodiversidade ou para

preservação da beleza cênica;

V - formação, melhoria e manutenção de corredores

ecológicos;

VI - reconhecimento da contribuição da agricultura

familiar, dos povos indígenas e dos povos e comunidades tradicionais para a

conservação ambiental:

VII - prioridade para áreas sob maior risco socioambiental;

VIII - promoção da gestão de áreas prioritárias para

conservação, uso sustentável e repartição de benefícios da biodiversidade; e

IX - fomento às ações humanas voltadas à promoção de

serviços ambientais.

Os instrumentos de gestão da Política do PSA:

I - planos e programas de pagamento por serviços

ambientais;

II - captação, gestão e transferência de recursos,

monetários ou não, públicos ou privados, dirigidos ao pagamento dos serviços

ambientais;

III - assistência técnica e capacitação voltadas à

promoção dos serviços ambientais;

IV - inventário de áreas potenciais para a promoção de

serviços ambientais; e

V - Cadastro Nacional de Pagamento por Serviços

Ambientais.

O Governo Federal alinha uma proposta para o Cadastro Nacional de

Provedores:

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80

§1º O Poder Executivo Federal disciplinará o Cadastro

Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais, cujas informações integrarão o

Sistema Nacional de Informações do Meio Ambiente - SISNIMA.

§2º O Cadastro a que se refere o §1º conterá, no mínimo,

os dados de todas as áreas contempladas, os respectivos serviços ambientais

prestados e as informações sobre os planos, programas e projetos que integram a

Política Nacional dos Serviços Ambientais.

§3º Os órgãos federais, estaduais e municipais

competentes deverão encaminhar os dados a que se refere o §2º para o órgão

gestor do cadastro, conforme disposto em regulamento.

A criação do Programa Federal de Pagamento por Serviços Ambientais:

Art. 5º Fica criado o Programa Federal de Pagamento por

Serviços Ambientais - PFPSA, com o objetivo de implementar, no âmbito da União, o

pagamento das atividades humanas de restabelecimento, recuperação,

manutenção e melhoria dos ecossistemas que geram serviços ambientais através

dos seguintes subprogramas:

I - Subprograma Floresta;

II - Subprograma RPPN;e

III - Subprograma Água.

Neste capítulo vamos destacar o Subprograma Água e suas finalidades:

Art.9º O Subprograma Água tem como finalidade gerir

ações de pagamento aos ocupantes regulares de áreas de até 4 módulos fiscais

situadas em bacias hidrográficas de baixa disponibilidade e qualidade hídrica,

atendidas as seguintes diretrizes:

I - prioridade para bacias ou sub-bacias abastecedoras de

sistemas públicos de fornecimento de água para consumo humano ou contribuintes

de reservatórios;

II - prioridade para a diminuição de processos erosivos,

redução de sedimentação, aumento da infiltração de água no solo, melhoria da

qualidade e quantidade de água, constância do regime de vazão e diminuição da

poluição;

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III - prioridade para bacias com déficit de cobertura

vegetal em áreas de preservação permanentes; e

IV - prioridade para bacias hidrográficas onde estejam

implementados os instrumentos de gestão previstos na Lei nº 9.443, de 8 de janeiro

de 1997.

O Projeto de Lei cita a criação do FFPSA – Fundo Federal de Pagamento

por Serviços Ambientais citando a finalidade financeira e seus critérios estabelecidos

e descritos no projeto:

§1º As despesas de planejamento, acompanhamento,

avaliação e divulgação de resultados relativos ao financiamento de pagamentos por

serviços ambientais não poderão ultrapassar o montante correspondente a 5%

(cinco por cento) das disponibilidades do FFPSA.

§2º As despesas de que trata o §1º poderão ser

custeadas pelos recursos orçamentários destinados ao Ministério do Meio Ambiente.

Os recursos do FFPSA serão constituídos:

I - até 40% (quarenta por cento) dos recursos de que trata

o inciso II do § 2º do art. 50 da Lei nº 9.478, de 06 de agosto de 1997; e

II - dotações consignadas na lei orçamentária da União;

III - doações realizadas por entidades nacionais e

agências bilaterais e multilaterais de cooperação internacional ou, na forma do

regulamento, de outras pessoas físicas ou jurídicas; e

IV - rendimentos que venha a auferir como remuneração

decorrente de aplicações de seu patrimônio.

Art.13. Sem prejuízo dos recursos mencionados no art.13,

o PFFSA poderá ainda contar com as seguintes fontes de receita:

I - dotações consignadas na lei orçamentária da União; e

II - recursos decorrentes de acordos, convênios ou outros

instrumentos congêneres celebrados com órgãos e entidades da administração

pública federal, estadual, do Distrito Federal ou municipal;

Parágrafo único. Os recursos oriundos da cobrança pelo

uso dos recursos hídricos de que trata a Lei nº 9.433, de 08 de janeiro de 1997

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poderão ser destinados ao Subprograma Água observando-se as prioridades

estabelecidas pelo comitê de bacias.

No ano de 2015 o Deputado Rubens Bueno (PPS/PR) apresenta o projeto

de Lei Nº312/2015 que institui a Política Nacional de Pagamento por Serviços

Ambientais e dá outras providências (altera as Leis Nº8001/90 e Nº.8666/93) e

aguarda parecer do Relator na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento

Sustentável (CMADS). A PL tem como proposta a dispensa da Lei de Licitações e

Contratos (8.666/93) para regular os serviços, a não ser quando houver competição

entre provedores ou recebedores de serviços ambientais. Cita a criação do Fundo

Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais e para custeio do pagamento de

serviços ambientais dispõem 3% dos recursos de compensações financeiras pagas

a União, Estados e Municípios, na exploração de recursos hídricos para uso elétrico;

3% dos recursos de compensações financeiras na exploração de petróleo, xisto e

gás natural; dotações na Lei Orçamentária Anual (LOA) e em créditos adicionais;

recursos de acordos, ajustes, contratos e convênios com órgãos e entidades; e

doações e empréstimos. Outra alteração proposta é que 10% do fundo possam ser

utilizados para ações de fiscalização dos serviços ambientais. A proposta ainda

reduz percentuais das leis de compensação financeira por recursos minerais não

renováveis (Leis Nºs 7.990/89 e 8.001/90). Neste caso haverá mudanças nas

porcentagens previstas para: Ministério do Meio Ambiente (de 3% para 2% na

exploração de recursos hídricos); do Ministério de Minas e Energia (de 3% para 2%

na exploração de recursos hídricos); do Fundo Nacional de Desenvolvimento

Científico e Tecnológico – FNDCT (de 4% para 3% na exploração de recursos

hídricos); e Departamento Nacional de Produção Mineral – DNPM (de 10% pra 7%

no uso de recursos minerais).

Na questão do pagamento ele deve ser realizado em dinheiro ou em

melhorias a comunidade, e o dinheiro ficarão livres de tributos, como Imposto de

Renda – IR, Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL) e PIS/COFINS.

Um ponto que deverá nortear discussão entre comunidade científica e os

parlamentares é que a proposta veda a remuneração da preservação em APP –

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Área de Preservação Permanente e Reserva Legal, exceto em áreas críticas para o

abastecimento de água.

A tramitação da PL ocorre em caráter conclusivo, pelas comissões de

Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural; de Meio Ambiente e

Desenvolvimento Sustentável; de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça

e de Cidadania.

O Relator do Projeto de Lei 312/2015 Deputado Evair de Melo (PV/ES)

declara que o mecanismo é uma realidade na América Latina e que os pagamentos

são uma espécie de compensação a quem se compromete a preservar ativos

ambientais.

Representantes da Confederação Nacional da Indústria (CNI) defendem

que a proposta de PSA traga incentivos fiscais para empreendedores que possam

implementar o mecanismo.

A ideia dos parlamentares é a unificação dos Projetos de leis

apresentados (792/2007 e 312/2015) e que sejam apreciados de modo unificado. A

meta era que a legislação tivesse sido aprovada para Conferência Mundial de Clima,

que foi realizada em 2015, em Paris na França, fato que não ocorreu.

A discussão gera ainda questionamento sobre as fontes de recursos para

execução da Política Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais – PNPSA e

necessidade do avanço no legislativo e diálogo com o executivo.

4.4 Experiências Internacionais de PSA Hídrico

Neste capítulo o que este trabalho vai procurar demonstrar são as

experiências internacionais sobre pagamento de serviços ambientais hidrológicos, a

construção destes mercados e avaliação na Bacia Hidrográfica.

Segundo Veiga (2008) o desenvolvimento dos mercados ligados á água

vem surgindo em diversos locais do Mundo. A comercialização entre janeiro 1995 a

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abril de 2005 chegou a US$373.655.115,00 por meio de 149 transações que

envolveram proteção/restauração de 350.513 hectares (Ecosystem Marketplace).

4.4.1 Costa Rica foi um dos países pioneiro no pagamento por serviços ambientais

– PSA, através da criação de um programa formal a nível nacional por conta do

desmatamento.

No ano de 1997, a Lei Florestal 7575 reconhece quatro serviços

ambientais: mitigação da emissão de gases de efeito estufa, serviços hidrológicos

incluindo o fornecimento de água para consumo humano, irrigação e produção de

energia, conservação da biodiversidade e beleza cênica (PAGIOLA, 2006).

A mesma Lei criou no seu artigo 46 o FONAFIFO – Fundo Nacional de

Financiamento Florestal, com personalidade jurídica dentro da estrutura do MINAET

que compete a execução do Programa de Compensação dos serviços ambientais.

No artigo 69 a lei estabelece apoio a programas de compensação e os recursos são

advindos do consumo dos combustíveis e outros hidrocarboneto, destinando um

terço dos recursos para programas de compensação a proprietários de bosques e

plantações florestais. No ano de 2001 a Lei 8114 alterou os repasses dos recursos

ao Programa de PSA recaindo sobre o imposto dos combustíveis 30% ao

FONAFIFO.

O PSA para proteção do recurso hídrico foi realizado através de convênio

com entidades privadas e públicas e o estabelecimento do Decreto Executivo do

Canon de Águas no ano de 2006 para pagamento do aproveitamento da água entre

os usuários pessoas físicas e jurídicas. A figura 8 demonstra o convênio com

entidades públicas e privadas.

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Figura 8 – Convênio com entidades públicas e privadas (Fonte: Sanchez, 2016)

No ano de 2014 o Município de Cartago e o FONAFIFO subscreveram um

convênio para proteger as águas que administra nas microbacias de proteção das

nascentes Paso Ancho, Arriaz, Río Loro, La Misión, Ortiga, San Blas, Navarro, Mata

Guineo, Ladrillera e Lankaster, criando a primeira tarifa hídrica por um Município. A

figura 9 demonstra a quantidade total de hectares do PSA financiados com recursos

do Canon de Água.

Figura 9 - Quantidade total de hectares do PSA financiados com recursos do Canon

de Água (Sanchez, 2016)

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A experiência de Costa Rica é amplamente reconhecida por

pesquisadores de PSA e de instituições como o Banco Mundial como um dos

instrumentos financeiros, de política ambiental e governança institucional. A figura

10 demonstra o financiamento do Programa de PSA no ano de 2015.

Figura 10 – Financiamento do Programa de PSA 2015 (Fonte: Sanchez, 2016)

4.4.2 Equador: A experiência da cidade de Quito no Equador trabalha para o

fornecimento de água de boa qualidade, mediante o financiamento de ações

orientadas ao cuidado dos recursos hídricos tendo esta atribuição o FONAG –

Fundo Nacional para Proteção da Água. A principal área de intervenção é a bacia

hidrográfica do rio Guayllabamba (mais de um milhão de hectares) na Província de

Pichincha, de onde se alimentam as nascentes utilizadas para abastecer a

população do Município do Distrito Metropolitano de Quito. No ano de 2000 a

Empresa Metropolitana de Água e Esgoto de Quito (EMAAP-Q) e TNC (The Nature

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Conservancy) assinaram o contrato de constituição do fundo em uma relação de

confiabilidade comercial e fornecendo capital necessário. Posteriormente a

Companhia Elétrica de Quito (EEQ) em 2001, a Cervejaria Andina em 2003 e

COSUDE em 2005 também adentraram a participar do contrato do fundo.

O FONAG é um fundo que pode receber dinheiro do Governo, de

organizações privadas e ONG’S. Todo recurso são utilizados para a conservação

das bacias. A ideia de criação do Fundo para a conservação da água foi lançada em

1997 com uma campanha para a proteção das nascentes que a abastecem a

cidade, localizadas na Reserva Biológica do Condor. Os diversos projetos de PSA

para conservação dos recursos hídricos envolvem os agricultores e pecuaristas.

O recurso do FONAG é aplicado para proteger bacias hidrográficas que

abastecem 2 milhões de pessoas nesta capital com 80% da sua água potável as

contribuições mensais das empresas de abastecimento de água e eletricidade em

Quito agora arrecadam quase USD$1 milhão ao ano que é usado para financiar

projetos de conservação nas bacias que abastecem a cidade. As ações realizadas

pelo FONAG incluem pesquisa, vigilância e controle, educação e treinamento, e

fomento a práticas produtivas sustentáveis.

4.4.3 Nova York (USA) No fim da década de 90 após uma série consecutivas de

período de seca foi criado um plano de manejo dos mananciais e da água para

abastecimento da cidade. Para que se realizasse a filtragem nas águas dos

sistemas Catskill e Delaware, que são responsáveis por cerca de 90% da água

consumida em Nova York seria necessário um investimento superior a US$ 6

bilhões, mais US$ 250 milhões por ano para operação e manutenção. Em virtude

destes altos valores, a cidade de Nova York optou por destinar US$ 1,5 bilhão para

elaborar e colocar em prática, por um período de 10 anos, um plano de proteção

ambiental que garantisse a qualidade da água e evitasse a necessidade de

filtragem. Esta modalidade de PSA, posta em prática no final dos anos 90, tornou

possível a restauração ecossistêmica da bacia hidrográfica que abastece Nova York,

beneficiou os donos das propriedades da região e ainda gerou uma economia de

mais de US$ 5 bilhões aos cofres da cidade (ARAUJO JÚNIOR, 2012). A

experiência bem sucedida na gestão de recursos hídricos em 15 anos com o

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programa, voluntário, obteve a adesão de 95% dos proprietários rurais, cobrindo

uma área de 500 mil hectares em toda a bacia hidrográfica, que hoje conta com 75%

de cobertura florestal. A água que brota dos milhares de córregos e nascentes em

Catskills desce as montanhas, é armazenada em um sistema de reservatórios e, de

tão pura, chega aos nova-iorquinos quase sem precisar de tratamento: passa

apenas por filtragem, recebe cloro e flúor e pode ser bebida diretamente da torneira.

De acordo com o Watershed Agricultural Council (WAC), entidade responsável pelo

programa, cada US$ 1 investido nas florestas equivale à economia de US$ 7 nos

custos com o tratamento de água.

4.4.4 França (Europa) um interessante exemplo envolvendo empresa privada é da

empresa Nestlé, que garante a qualidade da água nos Alpes Franceses

compensando os agricultores da região que não poluem os rios. A empresa

engarrafa e vende a água da região e para que suas fontes possam ser mantidas

limpas, a colaboração de proprietários rurais é fundamental. A empresa de água ao

invés de construir estações para filtragem da água optou por proteger suas

nascentes. Conforme dados são $2320 por hectare por um período de 07 anos. No

decorrer das atividades os agricultores recebem assistência técnica e equipamentos

gratuitos.

4.4.5 Bolívia a Fundação Natura Bolívia estabeleceu acordo com os proprietários de

terras a montante da bacia. O mecanismo de PSA é realizado pelos irrigadores e

transferido a ONG, que repassa aos prestadores de serviços ambientais. As

compensações são realizadas na forma de cercas de arame farpado, colmeias e

treinamento para manuseá-las (WUNDER, 2008).

4.4.6 Colômbia na década de 80 os produtores rurais da bacia hidrográfica do Rio

Cauca, tiveram sérios problemas de escassez da água afetados pela seca e ao

inverso no período de chuvas enchentes em virtude da expansão urbana e industrial

e agrícola. Os produtores da parte baixa da bacia se organizaram em 12

associações e voluntariamente adotaram incrementar as taxas pelo uso da água em

auxílio a melhoria da gestão dos recursos hídricos na bacia, para restauração

florestal, controle das enchentes e proteção das nascente e cursos da água (VEIGA,

2008). Os agricultores membros da associação pagam voluntariamente uma taxa

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por litro da água, em pesquisa no ano de 2010, o valor se referia US$1,50 a

US$2,00 por litro, além da taxa existente no valor de US$0,5 dólares por litro.

4.4.7 Austrália em 1999 a empresa pública responsável pelo manejo de florestas, a

State Forests do Estado de New South Wales (NSW) realizou um acordo com

associação Macquarie River Food and Fiber (MRFF) de 600 produtores agrícolas

para o plantio de árvores como estratégia para redução da salinidade nas áreas

florestais pertencentes à empresa na Bacia Hidrográfica de Mullay Darling.

4.4.8 México O Programa Fábrica da Água foi criado no período de 2000 a 2003

com o propósito de assegurar serviços ambientais em 60 montanhas, tendo como

benefício áreas de recarga de aquíferos, margens de rios e lagos com investimento

de 20 milhões de pesos. No ano de 2005 o Programa de Serviços Ambientais

Hidrológicos (PSAH), realiza o pagamento aos produtores rurais no valor de US$30

a US$40 por hectare de conservação de floresta e do tipo de floresta que está sendo

protegida. Atualmente o programa paga pela gestão de quase um milhão de

hectares. O Programa coleta dos usuários de água do México um valor fixo e

redistribui para os principais corpos de água florestados no país (JARDIM, 2010). O

Estado do México iniciou um programa de Pagamento por Serviços Ambientais

Hidrológico em 2007 (FIPASAHEM) com o objetivo de assegurar o fornecimento de

água para um dos estados mais populosos do País, proteger e conservar as

florestas e manter a capacidade de recarga dos aquíferos. O programa do México foi

estruturado e relacionado com o CONAFOR da Costa Rica. O objetivo do PSA no

Estado do México é manter as condições florestais e prover serviço hidrológico

indispensável para zonas com alta densidade demográfica, atividades industriais e

terciárias, incluindo sustento dos habitantes.

4.4.9 Panamá Para proteção das bacias hidrográficas que estavam sofrendo com a

erosão e provocando assoreamento no Canal do Panamá e também o fornecimento

de água doce, a companhia de seguros ForestRE realizou o PSA aos agricultores e

comunidades locais.

Segundo Jardim (2010) o custo com a dragagem do Canal do Panamá

chegou a cerca de US $60 milhões e a opção para melhoria e conservação do Canal

realizou-se a parceria para PSA com utilizadores em troca na redução dos altos

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preços dos seguros cobrados para compensarem o risco de que a navegação fosse

interrompida. Na prática foram adotados pagamentos aos agricultores para

protegerem a bacia com reflorestamento, evitando novos desmatamento e erosão

que prejudicassem com o assoreamento no Canal do Panamá.

4.5 Experiências de PSA no Brasil

De acordo com levantamento realizado pelo Banco Mundial, somente em

2006 surgem os primeiros projetos de PSA hídrico no país e de lá para cá o

mecanismo de PSA tem se difundido rapidamente por todo o país. O PSA no Brasil

ainda é recente, dados apontam que no final da década de 1990 aparecem projetos

relacionados a carbono florestal impulsionado pelo Protocolo de Kyoto.

Estudo recente do Diálogo Setorial Brasil – União Européia sobre PSA no

Brasil aponta 180 iniciativas de PSA no país (VIVAN, 2012). Projetos voltados à

conservação e manejo de florestas, proteção dos recursos hídricos e ações para a

estocagem de carbono. Outro estudo do MMA que resultou na publicação

“Pagamento por Serviços Ambientais na Mata Atlântica – Lições Aprendidas e

Desafios” registram de maneira sistematizada 78 iniciativas de PSA no bioma Mata

Atlântica. As considerações nesse estudo foram realizadas e vistas às iniciativas em

fase de articulação, desenvolvimento ou implementação, mas que se encaixam

dentro do conceito de PSA proposto por Wunder, 2005.

O Ministério do Meio Ambiente (MMA) juntamente com Cooperação

Técnica Alemã (GIZ), Banco Alemão do Desenvolvimento (kfW) e Fundo Brasileiro

para a Biodiversidade (Funbio) no âmbito do Projeto de Proteção da Mata Atlântica,

lançam a Comunidade de Aprendizagem em PSA, para atuar como uma plataforma

de facilitação e intercâmbio de informações e experiências entre atores interessados

ou atuantes no tema, bem como para oferecer cursos de capacitação em PSA para

o público em geral. A Comunidade de Aprendizagem em PSA visa ainda,

desenvolver capacidades e apoiar a disseminação do conhecimento e ganho de

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escala de mecanismos de PSA no Brasil. Trata-se de um ambiente criado em um

portal WEB para a construção coletiva do conhecimento em PSA, promoção de

cursos de capacitação presencial e à distância, trocas de experiências em campo,

além da sistematização dos projetos e programas no país. Segundo Novaes (2014)

os esquemas de PSA hídricos no Brasil estão condicionados à manutenção ou

restauração da cobertura vegetal e os resultados ainda não são claros. A falta de

capacidade técnica e de recursos financeiros está relacionada com a dificuldade de

avaliação dos esquemas de PSA (MURADIAN, et.al.,2010)

4.5.1 O Programa Conservador das Águas

Uma das primeiras iniciativas brasileira surge da cidade de Extrema,

Minas Gerais, que representa por lei municipal o pagamento por serviços ambientais

a proprietários rurais em troca do fornecimento de serviços ambientais visando a

melhoria dos recursos hídricos.

O projeto “Conservador das Águas” teve seu início oficial com a

promulgação da Lei Municipal nº 2.100, de 21 de dezembro de 2005, essa lei cria o

projeto e se torna a primeira lei municipal no Brasil a regulamentar o Pagamento por

Serviços Ambientais relacionados com a água. O artigo 2º da Lei Municipal autoriza

o Executivo a prestar apoio financeiro aos proprietários rurais que aderirem ao

Projeto “Conservador das Águas” mediante cumprimento das metas estabelecidas, o

apoio será dado a partir do início da implantação das ações e se estenderá por um

período mínimo de quatro anos. O Projeto conta com apoio de várias entidades

parceiras. O Quadro 02 demonstra o papel das entidades.

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Prefeitura Municipal de Extrema

- Gestão Administrativa e técnica

- Pagamento dos Serviços Ambientais

- Assistência técnica e extensão rural

- Mapeamento das Propriedades

- Gerenciamento do Projeto

Agência nacional de águas - ANA

- Apoio técnico

- Monitoramento Água

- Conservação de Solo

Secretaria de Meio Ambiente e

Desenvolvimento Sustentável -

SEMAD

IEF-MG (Pró-Mata)

- Insumos (cercas, adubos, calcáreo

herbicidas)

averbação da reserva legal das

propriedades

- Apoio ao processo de comando e controle

- apoio técnico

TNC – The Nature Conservancy

- Financiamento das ações de Plantio,

manutenção e cercamento das áreas ( mão

de obra e alguns insumos)

- Monitoramento Biodiversidade e

Comunidade

SOS Mata Atlântica - Fornecimento de mudas árvores nativas

- Apoio

técnico

Comitê PCJ

- Financiamento de projetos executivos

através dos recursos da cobrança pelo uso

da água

Melhoramentos Papéis Mourões e mudas de árvores nativas

Quadro 02 – O papel das entidades no Projeto Conservador das Águas

(Fonte:Pereira et.al, 2010)

Os objetivos do Projeto “Conservador das Águas”:

1 – aumentar a cobertura vegetal nas sub-bacias hidrográficas e implantar micro-

corredores ecológicos;

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2 – reduzir os níveis de poluição difusa rural decorrente dos processos de

sedimentação e eutrofização e de falta de saneamento ambiental;

3 – difundir o conceito de manejo integrado de vegetação, solo e da água na bacia

hidrográfica do Rio Jaguari e,

4 – garantir a sustentabilidade socioeconômica e ambiental dos manejos e práticas

implantadas, por meio de incentivos financeiros aos proprietários rurais.

A base conceitual do projeto:

a) Voluntário, baseado no cumprimento das metas;

b) Flexibilidade no que diz respeito às práticas e manejos propostos;

c) Pagamentos baseados no cumprimento de metas pré-estabelecidas;

d) Pagamentos são feitos durante e após a implantação do projeto (Projeto

Conservador das Águas).

O projeto resulta melhorias na cidade de Extrema e também em São

Paulo, pois grande parte da água produzida em Extrema é direcionada para o

Sistema Cantareira pelo Rio Jaguari, que abastece cerca de 10 milhões de pessoas

da Região Metropolitana de São Paulo.

Segundo Wately et al. 2007 a Bacia do Rio Jaguari é a que mais contribui

com o Sistema Canteira, que por sua vez o Município de Extrema está

completamente inserido. As nascentes do Rio Jaguari se localizam em Minas Gerais,

precisamente nos Municípios de Camanducaia, Extrema, Itapeva e Toledo. A bacia

do Jaguari possui uma área de 5.769,43 ha.

A alteração do ecossistema da Bacia Hidrográfica do Rio Jaguari

principalmente pelo desmatamento e uma forte pressão antrópica no uso e

ocupação do solo, foram fatores decorrentes para aplicabilidade do PSA para apoiar

o proprietário rural a preservação e conservar os mananciais, executando serviços

ambientais que garantam os benefícios necessários para execução do programa.

Logicamente, que o Programa está alinhado ao pagamento por estes benefícios que

o produtor rural irá executar na Bacia Hidrográfica.

A base legal e posterior levantamento que resultou um diagnóstico da

situação da gestão dos recursos hídricos avaliando a situação das sub-bacias

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(Ribeirão das Posses, Córrego do Salto de Cima, Ribeirão do Juncal, Córrego das

Furnas, Córrego dos Tenentes, Córrego do Matão e Córrego dos Forjos) é que a

Prefeitura de Extrema inicia o Projeto Conservador das Águas na Bacia do Rio

Jaguari, com apoio do Comitê do PCJ, técnicos da ANA e da TNC.

A remuneração executada pelo Projeto Conservador das Águas é

aplicada na totalidade da área do produtor rural, tendo como princípio a adequação

ambiental da propriedade como um todo, incluindo a cobertura vegetal, proteção dos

mananciais, ações em saneamento ambiental e conservação do solo (JARDIM,

2010). O projeto utiliza o custo oportunidade para pagamento por hectare.

Por ocorrência da Lei Municipal Nº 2.100/05 que cria o Projeto

Conservador das Águas autoriza o Município firmar convênios com entidades

governamentais e da sociedade civil e a definição do pagamento por valor de

referência (VR) sendo 100 unidades fiscais de Extrema (UFEX) por hectare por ano.

O Decreto Nº 1.703/06 que regulamentou a Lei Municipal Nº2.100/05

define metas e estabelece:

1) Adoção de práticas conservacionistas de solo, com a finalidade de abatimento

efetivo da erosão e da sedimentação;

2) Implantação de sistema de saneamento ambiental com a finalidade de dar

tratamento adequado ao abastecimento de água, tratamento de efluentes

líquidos e disposição adequada dos resíduos sólidos das propriedades rurais;

3) Implantação e manutenção da cobertura vegetal das APP’S e da Reserva

legal por meio de averbação em cartório.

A participação do produtor rural ao Projeto requer cumprir as exigências

determinadas no Decreto, sendo:

a) O domicílio deve estar inserido na sub-bacia e na área rural;

b) A propriedade tem que possuir com área igual ou superior a dois hectares;

c) A atividade agrícola deve ser a finalidade econômica da propriedade rural;

d) Que o uso da água na propriedade rural esteja regularizada.

A Prefeitura de Extrema por conta do Decreto assume a avaliação das

características das propriedades rurais e projeto individual. A realização do

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levantamento planialtimétrico da bacia e planta digital do imóvel também consta

como exigência do Decreto Municipal. Os projetos também devem ser analisados

pelo COMDEMA – Conselho Municipal de Desenvolvimento Ambiental.

No ano de 2006 foi aprovado o Decreto Nª1.801 declarando sobre

critérios para implantação do Projeto Conservador das Águas, definindo a ordem de

prioridade de sub-bacias com menor cobertura vegetal para maior e que será

realizado nas propriedades rurais de montante para jusante do sistema hídrico.

A primeira da listagem é a sub-bacia das Posses com 1.254,78 ha; a

segunda do Salto de Cima com 4.918,04 ha; a terceira do Juncal com 4.229,50 ha; a

quarta das Furnas com 1.622,48 ha; a quinta dos Tenentes com 2.155,22 ha; a

sexta do Matão com 3.195,55 ha e a sétima dos Forjos com 1.312,50 ha.

No ano de 2009 foi instituído o Fundo Municipal de Pagamento por

Serviços Ambientais (FMPSA) pela Lei Municipal Nº2.482, tendo acompanhamento

do COMDEMA.

Os pagamentos são realizados mensalmente, em doze parcelas iguais,

após o relatório expedido pelo Departamento de Serviços Urbanos e Meio Ambiente

atestando o cumprimento das metas. O não cumprimento das metas acarretará a

interrupção do apoio financeiro (VEIGA, 2008).

Os recursos provenientes para assegurar o Projeto Conservador das

Águas são constituídos por dotação orçamentária, transferência de orçamentos da

União e do Estado de Minas Gerais, recursos provenientes da cobrança pelo uso da

água, recursos provenientes da legislação ambiental, recursos provenientes de

acordos com entidades públicas e privadas, receitas advindas da venda,

negociações ou doações de crédito de carbono.

A metodologia aplicada do Projeto Conservador das Águas

Avaliação da área da sub-bacia com as intervenções em APP’S por

empresa contratada, onde são levantadas as divisas das propriedades, os cursos

d’água e nascentes, fragmentos florestais. Além do mapeamento uma ferramenta

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96

auxiliar para adequação ambiental da propriedade rural o CAR (Cadastro Ambiental

Rural) e posteriormente para formalização assinatura do Termo de Compromisso e

os investimentos são de responsabilidade da Prefeitura de Extrema, com vistas ao

cumprimento das metas. O valor do Pagamento por Serviços Ambientais é de 100

UFEX por hectare/ano, equivalente a R$235,00 no ano de 2015. Os técnicos da

Secretaria de Meio Ambiente realizam a demarcação das áreas a serem isoladas e

reflorestadas (Projeto Conservador das Águas). Para entendermos melhor a prática

alguns dados fornecidos do Projeto Conservador das Águas para restauração

florestal.

1) A área é isolada por construção de cercas com mourões e arame

farpado. O trabalho é realizado pela equipe do projeto composta por 06 funcionários;

2) Nos projetos de restauração são realizados capacitações sobre

reflorestamento junto à equipe;

3) Preparo do terreno: limpeza, covas, adubação e hidrogel;

4) Plantio com mudas nativas nas áreas de preservação permanente –

APP’S;

5) Controle de formigas: realizado juntamente com a limpeza do terreno;

6) Irrigação: as mudas são irrigadas com cerca de 3 litros de água por

muda;

7) Manutenção: depende da época do ano, realiza-se nova intervenção

dois meses após o plantio e posteriormente a cada três meses;

8) Monitoramento: Realizadas as visitas às propriedades e as atividades

executadas são previamente planejadas. Os relatórios são realizados semanalmente

pelo responsável da equipe e todas as propriedades possuem relatórios fotográficos

pré e pós-plantio.

Os resultados do Projeto Conservador das Águas:

a) 1 milhão de árvores nativas plantadas, 6.135 hectares protegidos em

um total de 7.300 hectares, 186 contratos efetivados em propriedades rurais;

b) 235.360 mil metros de cercas construídas;

c) Implantação de 1000 bacias de contenção de águas pluviais;

d) Instalação de 50 biodigestores, 50 caixas d’água e caçambas para a

coleta seletiva;

e) 40.000 metros de terraços em 100 hectares.

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97

A Tabela 01 demonstra a evolução da área e valores de PSA pagos sob

contrato.

Ano Nº de contratos Áreas (hectares) Valor PSA (R$)

2007 21 451 16.165,00

2008 14 306 106.858,00

2009 26 674 226.101,00

2010 15 894 340.529,00

2011 24 523 419.462,00

2012 44 2.356 557.106,00

2013 17 415 631.881,00

2014 12 177 707.512,18

2015 13 262 769.154,26

Total 186 6135 3.774.768,44

Tabela 1 – Evolução da área e valores de PSA pagos sob contrato (Fonte: Projeto

Conservador das Águas, 2016).

A Figura 11 demonstra o cercamento da propriedade rural.

Figura 11 – Cercamento da área da propriedade rural (Fonte: Projeto Conservador

das Águas, 2016)

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98

4.5.2 Programa Produtor de Água

O Programa Produtor de Água é desenvolvido pela Agência Nacional de

Águas voltado a proteção hídrica no Brasil, que visa à melhoria da qualidade e

quantidade de água em mananciais, através do incentivo financeiro aos produtores.

O Programa de adesão voluntária de pagamento por serviços ambientais

no qual são beneficiados produtores rurais que por meio de práticas

conservacionistas e da melhoria da cobertura vegetal, contribuem para a redução da

erosão e do assoreamento de mananciais na área rural que contribuem com bacias

hidrográficas de importância estratégica para o País (ANA, 2016).

O Programa prevê o apoio técnico e financeiro para o estabelecimento de

arranjos que possibilitem o pagamento por serviços ambientais, e para execução de

ações, como:

•construção de terraços e de bacias de infiltração;

•readequação de estradas vicinais;

•proteção de nascentes;

•recomposição e conservação de áreas com vegetação natural;

•reflorestamento das áreas de proteção permanente e reserva legal,

agropecuária sustentável;

•saneamento ambiental, entre outros.

Os projetos são desenvolvidos em parceria com Estados, Municípios,

Comitês de Bacia e Companhias de Abastecimento e Geração de Energia e, para

serem contemplados com a marca “Produtor de Água” devem obedecer a uma série

de condicionantes e diretrizes estabelecidas pela ANA, tais como:

•arranjo local para o pagamento pelos serviços ambientais;

•remuneração sempre proporcional ao serviço ambiental prestado e com

prévia inspeção de sua execução;

•sistema de monitoramento dos resultados, que visa quantificar os

benefícios obtidos com sua implantação;

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99

•estabelecimento de parcerias;

•assistência técnica aos produtores rurais participantes;

•práticas sustentáveis de produção; e

•bacia hidrográfica como unidade de planejamento.

O Programa possui como base estrutural o modelo provedor-recebedor

baseado em incentivos financeiros.

Segundo ANA (2003) o Programa Produtor de Água beneficia a

coletividade, a qualidade, a quantidade e o regime de vazão das bacias hidrográficas

e tem seus seguintes objetivos específicos:

1) Difundir e discutir o mercado de serviços ambientais (serviços

ambientais sobre bacias hidrográficas);

2) Aumentar a oferta de água nas bacias hidrográficas com o uso de

práticas mecânicas e vegetativas que aumentem a infiltração de água no solo;

3) Reduzir os níveis de poluição difusa rural em bacias hidrográficas

estratégicas para o país, principalmente aqueles decorrentes dos processos de

erosão, sedimentação e eutrofização;

4) Difundir o conceito de manejo integrado do solo e da água por meio

das práticas e manejos conservacionistas e da preservação e recuperação de

florestas nativas;

5) Garantir a sustentabilidade socioeconômica e ambiental dos manejos e

práticas implantadas (incentivos financeiros).

Os recursos financeiros ao Programa têm as seguintes fontes de

financiamento:

● Orçamento da União, Estados e Municípios;

● Fundos Estaduais de Recursos Hídricos e Meio Ambiente;

● Fundo Nacional de Meio Ambiente

● Bancos, organismos Internacionais (ONG’S, GEF, BIRD);

● Empresas de saneamento, de geração de energia elétrica e usuários e

indústrias;

● Recursos da cobrança pelo uso da água;

● TAC, compensação financeira por parte de usuários beneficiados;

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100

● Mecanismo de desenvolvimento limpo (Kyoto);

● Empresas públicas e privadas.

Para estruturação dos projetos havendo a problemática de uma bacia

hidrográfica um interessado articula a integração com diversos parceiros em

potencial para implantação do projeto. As parcerias são realizadas com entidades

locais ou regionais, prefeituras municipais, comitês de bacia hidrográfica, agências

reguladoras e produtores rurais (ANA, 2003).

Para elegibilidade da sub-bacia hidrográfica os critérios descritos devem

ser pautados:

I. ser um manancial de abastecimento de água para uso urbano ou

industrial;

II. ser um manancial de fornecimento de água para a geração de energia

elétrica;

III. estar inserida em bacias hidrográficas que já tenham os instrumentos

de gestão, previstos na Lei 9.443/97, implementados;

IV. estar inserida em uma bacia hidrográfica cujo Plano de Recursos

Hídricos identifique problemas de poluição difusa de origem rural, erosão e déficit de

cobertura vegetal em áreas legalmente protegidas;

V. ter um número mínimo de produtores rurais interessados que possa

viabilizar a aplicação do Programa;

VI. estar em situação de conflito de uso dos recursos hídricos;

VII. estar sujeita a eventos hidrológicos críticos recorrentes.

Para implantação do projeto de PSA em uma determinada bacia

hidrográfica é necessária à valoração dos serviços ambientais, no Programa

Produtor de Água, a valoração dos serviços ambientais de proteção hídrica, baseia-

se em um Valor de Referência (VRE), que é o custo de oportunidade de uso de um

hectare da área objeto do projeto, expresso em R$/hectare/ano. Este valor é obtido

mediante o desenvolvimento de um estudo econômico, específico para a área do

projeto, baseado na atividade agropecuária mais utilizada na região, ou em um

conjunto de atividades que melhor represente os ganhos médios líquidos obtidos na

sua utilização (ANA, 2003).

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101

O Programa Produtor de Água ao passar dos anos as experiência vieram

surgindo e crescendo a expectativa da proteção das bacias hidrográficas. As

experiências que adentram o Programa e estão vinculadas com a ANA serão

descritas neste capítulo.

4.5.3 Programa Produtor de ÁGUA PCJ

Com advento da cobrança pelo uso da água no Comitê PCJ e do Paraíba

do Sul verificou-se a possibilidade que parte deste recurso fosse aplicado em

projetos de pagamento por serviços ambientais. Por ter sido o primeiro comitê a

adotar os instrumentos de gestão de recursos hídricos que foram estabelecidos pela

Política Nacional de Recursos Hídricos o Comitê do Paraíba do Sul foi declarado

entre os dois comitês o primeiro a adentrar ao Programa Produtor de Água. Não

houve na época concordância entre os membros da câmara técnica de

Planejamento alegando ser inconstitucional o pagamento aos produtores rurais,

baseando-se no Código Florestal em cumprimento o que a própria lei orienta em

relação a proteção das APP’S.

Uma consulta pública a Procuradoria Geral – PGE pela Superintendência

de Usos Múltiplos – SUM por um óbice levantado pelo Consórcio PCJ referente a

implantação do Programa Produtor de Água na Bacia Hidrográfica dos Rios

Piracicaba, Capivari e Jundiaí visando o pagamento por serviços ambientais com

recursos oriundos da cobrança pelo uso da água. O Parecer PGE/AMC Nº352/2007,

Documento Nº 00000.019824/2007, traz as alegações apresentadas pelo Consórcio

PCJ que o programa Produtor de Água teria natureza assistencialista, voltando-se a

cobrir necessidade de pessoas carentes. O documento aponta a declaração do

Gerente de Conservação de Água e Solo da ANA, que referendou as seguintes

características do Programa: trata-se da realização de licitação para selecionar

projetos e obras que alterem de modo considerado e benéfico a coletividade, a

qualidade, a quantidade e o regime de vazão dos corpos d’água das sub-bacias

selecionadas; as regras para avaliação dos serviços ambientais consta em edital e

frisa que não se trata de doação e sim de pagamento por serviços prestados após

implantação do projeto. Relatado ainda no documento, que o Programa estaria longe

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102

de possuir natureza assistencialista, não se vinculando a ações individuais e sim a

proteção dos recursos hídricos. O Parecer do PGE é contrário ao encaminhamento

proposto pelo Consórcio PCJ informando que o Programa Produtor de Água não se

presta a transferência de recursos a pessoa física para satisfação de suas

necessidades e sim para remunerar serviços ambientais prestados, alinhados a todo

processo licitatório.

O projeto piloto do Programa Produtor de Água nas Microbacias do bairro

do Moinho em Nazaré Paulista e do Ribeirão Cancan em Joanópolis com

metodologia proposta pelo PPA em microbacias abrangidas por programas públicos

que asseguram o aporte de recursos para a implantação dos projetos de

conservação de solo e reflorestamento ciliar, minimizando as dificuldades para a

adesão dos produtores rurais.

No contexto a deliberação 051/2006 aprovada na 4ª reunião

extraordinária conjunta dos comitês do PCJ altera a redação do Plano das Bacias

2004/2007 com a inclusão de Ação Específica no Plano de Duração Continuada

(PDC-4) referente à Conservação e Proteção dos corpos de água na bacia

hidrográfica com ações de recomposição da mata ciliar e da cobertura vegetal. A

discussão anteriormente a aprovação da deliberação 051/2006 resultou do

entendimento estabelecido entre a Câmara Técnica de Uso e Conservação da Água

no Meio Rural – CT Rural/PCJ, Agência Nacional de Águas – ANA, a Secretaria de

Estado do Meio Ambiente – SMA e a Secretaria de Estado da Agricultura e

Abastecimento implementando o plano da bacia 2004/2007 e posterior aprovada na

Câmara Técnica de planejamento em 28/09/2006.

Posteriormente, no ano de 2007 pela iniciativa e articulações da Câmara

Técnica de Uso e Conservação da Água no Meio Rural, os Comitês das Bacias

Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí incorporaram o esquema de

Pagamentos por Serviços Ambientais na metodologia de seu Plano de Bacias no

período de 2007 a 2010, aperfeiçoando o paradigma de gestão de bacias

hidrográficas pela oportunidade inédita de compartilhamento ofertada ao setor rural

no resgate e aplicação de recursos financeiros arrecadados pela Cobrança pelo Uso

da Água Bruta, com consequente possibilidade de aproveitamento de seu potencial

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103

de contribuição na marcha para a preservação e recuperação ambiental. A figura 12

demonstra Plano Diretor para Recomposição Florestal visando a Produção de Água

nas Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí – CBH-PCJ.

Figura 12 – Plano Diretor para Recomposição Florestal visando a Produção de Água nas Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí – CBH-PCJ (ANA, 2006)

A Bacia PCJ ocupa uma área de 12.746 km2 está quase integralmente

localizada no estado de São Paulo, em uma de suas regiões mais desenvolvidas, a

região de Campinas e Piracicaba e outras importantes cidades do interior paulista

(45 municípios), tendo apenas uma pequena parte de sua cabeceira localizada no

estado de Minas Gerais (4 municípios), a qual é responsável por boa parte do

volume de água que abastece a mesma (VEIGA, 2008).

Dentro deste contexto temos o Sistema Cantareira que na década de 60

conforme a necessidade de água para abastecimento em São Paulo surge à

captação do Rio Piracicaba. O Sistema Cantareira é composto por 04 grandes

reservatórios: os rios Jaguari-Jacareí, Cachoeira, Atibainha e Paiva Castro

localizados na Bacia do Rio Piracicaba e Rio Tietê, revertendo 31 mil litros por

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104

segundo para abastecimento de 50% da Região Metropolitana de São Paulo

(Consórcio PCJ, 2017)

Segundo Wately & Cunha (2007) o Sistema Cantareira possui uma área

de aproximadamente 228 mil hectares, sendo 52 mil hectares áreas de preservação

permanente – APP’S, as zonas ciliares, topos de morros e áreas de declividade são

importantes para manutenção da quantidade e qualidade da água. Dados apontam

alteração na bacia hidrográfica por usos antrópicos e uma grande necessidade de

restabelecer o ecossistema. As microbacias selecionadas pelo Comitê PCJ foram

aprovadas pelo plenário do referido Comitê e anteriormente aprovada pela Câmara

Técnica de Recursos Naturais.

Segundo Veiga (2008) o esquema de pagamento por serviços ambientais

no projeto ficaria desta forma: serviços ambientais em pauta (redução de

erosão/sedimentação, regulação da vazão: período das águas e da seca); quem

provê o serviço: produtores que irão restaurar e conservar a floresta e irão realizar

práticas de conservação do solo; quem recebe e paga pelo serviço: a sociedade

regional representada pelo Comitê de bacia; valoração econômica: redução de

custos de tratamento de água. A chamada dos projetos ocorreu entre 2009 e 2010 e

lançou-se o edital de pagamento por serviços ambientais. O Quadro 3 demonstra o

pagamento por serviços ambientais.

Quadro 3 – Pagamento por serviços ambientais (Padovezi et.al,2012)

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105

Para participação dos projetos os produtores rurais devem apresentar a

proposta baseando-se nos seguintes itens:

• Que possuam propriedade rural comprovadamente localizada nas

microbacias do Cancan ou Moinho, respectivamente nos municípios de Joanópolis e

Nazaré Paulista, Estado de São Paulo;

• Que possuam documento que comprove a posse do imóvel, bem

como a área total do imóvel;

• Cadastro de Pessoa Física (CPF) e Registro Geral (RG) do

proprietário rural – no caso de pessoa física.

A avaliação será realizada pela UGP (Unidade de Gestão do Projeto),

ANA, SMA, SAA-CATI, Prefeitura de Extrema e TNC.

A proposta do produtor rural será entregue na Casa da Agricultura e

posterior análise baseada na disposição em adotar as práticas recomendadas pelos

técnicos do projeto “Produtor da Água no PCJ”.

A figura 13 demonstra o esquema de PSA do PCJ.

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106

Figura 13 – Esquema de PSA no PCJ (adptado de Padovezi, 2012 – TNC).

Os resultados do Programa Produtor de Água PCJ em consulta ao site do

Comitê PCJ informa que na primeira etapa sete projetos foram aprovados (01

Nazaré Paulista e 06 Joanópolis) e que na segunda etapa foram 06 aprovados (04

Nazaré Paulista e 02 Joanópolis).

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107

Quadro 4 – Resultado do Pagamento por serviços ambientais PCJ (PADOVEZI,

2012).

A Agência Nacional de Águas – ANA, parceira deste projeto, repassou o

recurso de R$ 100.000,00 para Agência PCJ em Dezembro de 2007, este recurso

objetiva desenvolver as atividades de monitoramento da água no projeto Produtor de

Água no PCJ.

Conforme o autor Padovezi (2012) até agosto de 2011 o projeto consta

com 17 agricultores com contratos que representam um valor de R$72.827,00. A

conservação de florestas tem sido a modalidade com maior área trabalhada seguida

da restauração ecológica em APP e conservação do solo (PADOVEZI,2012)

4.5.4 Programa ProdutorES de Água do Espírito Santo

O Projeto ProdutorES de Água do Estado do Espírito Santo foi inovada

pela Lei Estadual 8995/2008 que institui o PSA e o serviço ambiental de melhoria da

qualidade das águas e que foi regulamentado pelo Decreto Estadual 2168-R/2008.

Os pagamentos são realizados pelo FUNDAGUA – Fundo Estadual de Recursos

Hídricos, criado pela Lei Nº8690/2008 que destina 60% dos seus recursos

provenientes de royalties do petróleo para PSA. A portaria Nº29-R/2008, destaca

adesão dos proprietários rurais da Bacia Hidrográfica do rio Benevente e posterior a

Portaria Nº6-S/2011 convoca os proprietários rurais dos Rios Guandu, Benevente e

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São José. A figura 14 demonstra a Bacia do Rio Benevente e suas sub-bacias

(Fonte:IEMA,2010).

Figura 14 - Bacia do Rio Benevente e suas sub-bacias (Fonte:IEMA,2010).

A Bacia do rio Benevente possui 1,2 mil kilômetros quadrados e

compreende os municípios de Alfredo Chaves, Anchieta, Guarapari e Piúma do

Estado do Espírito Santo. Além da bacia Benevente, São José e Guandu que são

consideradas áreas prioritárias dentro do Projeto ProdutorES de Água. No ano de

2009 foram assinados 28 contratos de PSA com os produtores rurais no rio

Benevente. No ano de 2010 foram assinados 162 contratos entre os rios Benevente,

São José e Guandu.

A metodologia para o pagamento dos serviços ambientais teve orientação

da Nota Técnica 01 para melhoria da água na bacia do Rio Benevente com a

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109

melhoria da qualidade água por meio do abatimento da erosão e sedimentação em

corpos hídricos (IEMA, 2008).

Segundo Ahnert et al. (2008) O valor do pagamento por serviços

ambientais – R$ por Hectare por Ano foi formulada uma equação de pagamento por

serviços ambientais. Essa equação tem como objetivo ponderar através de

parâmetros técnicos e orçamentários cada situação passível de ser contemplada

pelo projeto ProdutorES de Água:

VSrh = 200 VRTE x (1-z) x Kt

Onde:

(i) 200 VRTE é o custo de oportunidade para 01 serviço ambiental,

acrescido de adequações orçamentárias;

(ii) VSrh é o valor do serviços ambientais de conservação e incremento e

da qualidade e da disponibilidade hídrica em R$/ha/ ano;

(iii) Z é o coeficiente de potencial erosivo referente ao estágio de

desenvolvimento da floresta;

(iv) Kt é o coeficiente de ajuste topográfico.

A meta do Governo do Espírito Santo é elevar a cobertura florestal do

estado de 8% para 16% num prazo de 20 anos.

A base do cálculo do custo de oportunidade para o estado do Espírito

Santo segue a seguinte metodologia

1. As atividades citadas na tabela 01 foram indicadas como

representativas, pelo fato de juntas responderem por aproximadamente 91,76% da

área produtiva do Estado. São elas, respectivamente: pecuária, café, eucalipto, cana

de açúcar e banana.

2. Para identificação dos valores de rentabilidade por hectare por ano,

foram adotadas informações cedidas pelo Instituto Capixaba de Assistência Técnica,

Pesquisa e Extensão Rural (INCAPER) e Centro de Desenvolvimento do

Agronegócio (CEDAGRO) por meio da sua presidência.

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110

3. Para efeito de estimativa de áreas de produção, foram adotados os

dados do INCAPER e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

Cultura Prod.Média

(Ha/Ano)

Área de

Produção

(ES)

Participação

na Área

Produtiva

(ES)

Rentabilidade

(R$/Ha/Ano)

Valor

Ponderado

Pecuária 880 L/Ha/Ano 1.800.000 62,07% R$350,00 R$217,24

Café 25

Sacas/Ha/Ano

550.000

18,97%

R$2.000,00

R$379,31

Eucalipto 30 M3/Ha/Ano 220.000 7,59% R$900,00 R$68,28

Cana-de-açúcar 65 Ton/Ha/Ano 70.000 2,41% R$450,00 R$10,86

Banana 7 Ton/Ha/Ano 21.000 0,72% R$400,00 R$2,90

Média R$678,59

Tabela 2 – Cálculo dos Custos de Oportunidade no Estado do Espírito Santo (Fonte:

CEDAGRO, INCAPER, IBGE, 2008)

O custo oportunidade baseou-se nas informações das instituições e

também na Unidade de Referência do Tesouro Estadual (VRTE) para melhoria da

qualidade da água em referência ao abatimento de erosão.

O cálculo para pagamento dos serviços ambientais foi consolidado

referente a Lei Estadual Nº8995/08 e a indexação do valor utilizando a Unidade de

Referência do Tesouro Estadual, além disso, o valor sofreu um ajuste por conta dos

serviços e chegaram a conclusão de 200 VRTE que englobaria parte do custo de

oportunidade e a adequação orçamentária do Governo do Estado do Espírito Santo

para 01 serviço ambiental.

A melhoria da qualidade da água deve-se ser pautada também em outros

usuários que estão na bacia, como empresas de energia, mineradoras, empresas de

saneamento e que necessitam de água e que uma das ações do Projeto ProdutorES

de Água foi de fomentar mercado de serviços ambientais com parcerias público e

privadas.

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111

4.5.5 Projeto Pipiripau – DF

No ano de 2011 a Agência Nacional de Águas – ANA celebra um acordo

de cooperação técnica Nº015/2011com o Ministério da Integração Nacional – MI, a

Agência Reguladora de águas, energia e saneamento básico do Distrito Federal –

ADASA, a Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal – CAESB, a

Secretaria de Estado da Agricultura e Desenvolvimento Rural do Distrito Federal –

SEAGRI-DF, o Instituto Brasília Ambiental – IBRAM, a Empresa de Assistência

Técnica e extensão rural do Distrito Federal – EMATER-DF, a Fundação Banco do

Brasil – FBB, o Banco do Brasil – BB, a Fundação Universidade de Brasília – FUB, a

The Nature Conservancy – TNC, a WWF Brasil e o Serviço Social da Indústria –

SESI, visando a cooperação mútua para implantação do projeto de PSA na Bacia

Hidrográfica do Ribeirão Pipiripau, localizada no Distrito Federal e no Estado de

Goiás. Mediante o termo de cooperação para cumprimento foi constituída uma

Unidade de Gestão do Projeto – UGP, coordenada pela ADASA.

A Bacia tem uma extensão de 23.527 ha, no mapeamento foram

destacadas 431 propriedades de diferentes tamanhos, totalizando 5.949 ha, sendo

1.633 ha a serem restaurados e 4.316 ha de remanescentes a serem conservados.

A primeira etapa do projeto consistiu na elaboração de um diagnóstico

socioambiental da bacia. O projeto da Bacia do Rio Guandu está ainda em

desenvolvimento.

4.5.6 Projeto Apucarana – PR

O Projeto Óasis das Bacias dos Rios Ivai, Pirapó e Tibagi houve a

aprovação pela Câmara Municipal em 2009 da Lei 58/09, Decreto Municipal 107/09,

visando a garantia da qualidade e quantidade de água, na prática instituindo o PSA

a produtores rurais por 04 anos.

O arranjo institucional consta com 64 produtores rurais e os contratos são

formalizados entre a Prefeitura Municipal de Apucarana.

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112

A metodologia para valoração do pagamento para os serviços ambientais

é definida pelo custo oportunidade, sendo avaliada a qualidade ambiental das

propriedades com as seguintes condições: existência de Reserva Legal – RL e Área

de Proteção Permanente – APP e o estado de conservação; nível de conectividade

da RL com as RLs e APPs dos vizinhos; existência de áreas de floresta nativa,

quantidade de nascentes com suas matas ciliares, pontuando e auxiliando no valor

que cada proprietário irá receber por mês. O custo do investimento inicial foi de

R$130 mil e a Secretaria de Meio Ambiente realiza o monitoramento em parceria

com a Fundação Grupo Boticário.

4.5.7 Projeto Guandu – RJ

O Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Guandu instituído pelo Decreto

31.178/2002 tem a bacia responsável por 80% de abastecimento de água e geração

de energia elétrica para a Região Metropolitana do Rio de Janeiro. A microbacia do

Rio das Pedras foi determinada para o PSA abrangendo uma área de 5.227 ha,

sendo responsável por 15% dos recursos hídricos disponível no sistema Guandu. O

pagamento proposto foi estabelecido no custo oportunidade dependendo do estágio

de conservação de floresta. A metodologia de valoração para pagamento dos

serviços ambientais varia entre R$10,00 e R$60,00/ha/ano, com os seguintes

critérios:

a) Áreas a serem restauradas (APP’s e áreas interceptoras de água, em

dois estados: bem cuidadas ou medianamente cuidadas); e

b) Áreas de conservação (zonas de entorno de UC’s)

O arranjo institucional foi formalizado pelos produtores rurais, SEA/INEA,

UGP – coordenação geral do projeto, TNC e Comitê da Bacia do Rio Guandu. Os

recursos adquiridos pela cobrança do uso da água auxiliam nos pagamentos dos

serviços ambientais.

4.5.8 Projeto Camboriú – SC

A Lei Nº 3026/2009 cria o Projeto Produtor de Água em Camboriú e

autoriza a empesa municipal de Água e saneamento – EMASA a prestar apoio

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113

financeiro aos proprietários rurais. O valor de referência para pagamento consta no

artigo 6º, sendo 15 Unidades Fiscais do Município de Balneário Camboriú (UFM) por

hectare (ha) por ano de área recuperada de mata ciliar, as áreas de nascentes terão

valor diferenciado e a Lei estabelece limite máximo de 23 Unidades Fiscais do

Município de Balneário de Camboriú. No ano de 2010 institui a Política Estadual de

Serviços Ambientais e regulamenta o Programa Estadual de PSA pela Lei

Nº15.133/2010.

Balneário Camboriú está localizado nas coordenadas geográficas 26o

59’26 de latitude sul e 48o 38’04 de longitude oeste, cidade litorânea com

adensamento populacional chegando mais de 100.000 habitantes. A economia é

fortalecida pelo turismo que atrai milhares de pessoas em alta temporada e aumento

da demanda por água tratada.

O Município de Balneário Camboriú pertence a micro região da Foz do rio

Itajai-Açu, composta por 11 Municípios: Itajaí, Balneário Camboriú, Navegantes,

Camboriú, Itapema, Penha, Ilhota, Piçarras, Luiz Alves, Porto Belo e Bombinhas.

A cidade de Camboriú possui cerca de 62.361 habitantes e caracteriza-se

por um ambiente rural, predominando a produção de arroz, a pecuária de baixa

tecnologia e vegetação de montanha na bacia. O processo desenfreado de

urbanização vem substituindo a agropecuária e ameaçando a preservação ambiental

do local.

O Balneário Camboriú possui uma área de 46,1 km2 e a Bacia

Hidrográfica do Rio Camboriú tem uma área aproximada de 2200 ha e localiza-se no

sul do Brasil, leste do Estado de Santa Catarina. No contexto o cenário ilustra uma

população urbana com concentração na costa atlântica e a rural em conjunto com a

Mata Atlântica. A água é um elemento para a demanda populacional e depende de

arranjos institucionais para sua garantia. Serviços ambientais são todas as práticas

adotadas para manutenção, recuperação e ampliação dos serviços ecossistêmicos.

Problemas ambientais apresentados no Balneário Camboriú: 1 – Disponibilidade de

água para população, principalmente em épocas de temporada; 2 – A demanda de

água não atende a população urbana e rural; 3 – Assoreamento dos corpos d’água.

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114

4.5.9 Projeto Guariroba – MS

O Programa Manancial Vivo por meio do edital 01/2010 é uma experiência

piloto de Pagamentos por Serviços Ambientais realizada nas Áreas de Proteção

Ambiental do Guariroba e Lajeado localizadas respectivamente no município de

Campo Grande. As Bacias Hidrográficas do Guariroba e Lajeado foram escolhidas

por serem importantes mananciais de abastecimento público do município de Campo

Grande.

O Decreto Nº11.303/2010 altera o Decreto Nº7884/1999, que institui o

Programa de Serviços Ambientais direcionado a proprietário de zona rural do

Município, sendo gerenciando pelo Conselho do Meio Ambiente e recursos do Fundo

Municipal do Meio Ambiente – FMMA. O valor destinado para celebração dos

contratos R$700.000,00 por ano, sendo distribuído entre os diversos contratos pelo

prazo de 05 anos.

4.5.10 Programa de Gestão Ambiental da Região dos Mananciais – SOS

Nascentes

No ano de 1997 surge o programa de gestão ambiental para a proteção,

conservação e preservação da bacia hidrográfica do Rio Cubatão e posterior do Rio

Pirai. O Rio Cubatão é o manancial responsável por aproximadamente 70% do

abastecimento de água em Joinville. Joinville é o primeiro município brasileiro a

financiar as famílias de agricultores da área rural para recuperação da mata ciliar na

bacia hidrográfica. Segundo IBAMA (2011) a área recuperada de mata ciliar 50 ha,

que corresponde 10% dos 500 ha de margens degradadas.

A metodologia para valoração para pagamento dos serviços ambientais

varia entre R$175,00 e R$577,00/ha/mês, o valor do pagamento é estabelecido por

um percentual do salário mínimo. A área mínima para participação no projeto foi

estabelecida de 900m2 e a área máxima 30.000 m2.

Os parceiros do projeto de gestão ambiental tem como gestora a

Prefeitura Municipal por meio da Secretaria de Meio Ambiente e o FUNDEMA –

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Fundo Municipal do Meio Ambiente que realiza os repasses para o pagamento dos

serviços ambientais. O FUNDEMA tem em sua receita recursos oriundos 2% do

faturamento mensal do Sistema Municipal de Águas, 2% da concessão de operação

do Aterro industrial de Joinville, 35% dos contratos de concessão do biogás gerado

do Aterro Sanitário Municipal e recursos do convênio DNPM/CEFEM, entre outras

receitas. O custo do investimento do projeto de Gestão Ambiental da Região dos

Mananciais tem o valor por ano de R$200.000,00/ano.

4.5.11 Projeto Mina d’Água – SP

A escassez de recursos naturais e da busca constante de soluções para o

controle e exploração sustentável dos bens e serviços ambientais fez com que o

Governo do Estado de São Paulo criasse um instrumento jurídico para ajudar com

subsídios para projeto Mina d’água com Pagamento por Serviços ambientais sendo

criado para proteger as nascentes localizadas nas áreas de abastecimento público

(CANADA, 2011).

O Projeto Mina d’água é oficializado em 2011, sendo uma modalidade de

Pagamento por Serviços Ambientais voltados à proteção de nascentes

implementada em parceria com os municípios em bacias hidrográficas. A Figura 15

demonstra o plantio em propriedade rural.

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116

Figura 15 – Propriedade rural na cidade de Piracaia/São Paulo (Fonte:

Autoria própria,2016)

O Governo de São Paulo através da Secretaria de Estado do Meio

Ambiente assinaram o Decreto Nº 55.947/2010 que regulamenta a Lei da Política de

Mudanças Climáticas - PEMC Nº13798/2009 que cria condições jurídicas e

institucionais para implementação de projetos de PSA voltados a conservação e

recuperação de ecossistemas naturais e a práticas sustentáveis. A Lei de Mudanças

Climáticas é inovadora no Brasil e demonstra que o Governo de São Paulo adentra

ao mérito de estabelecer políticas públicas para cumprimento de metas do Protocolo

de Kyoto. O artigo 63 do Decreto Estadual institui o Pagamento por Serviços

Ambientais a Projetos de proprietários rurais, conforme previsto no artigo 23 da Lei

nº 13.798, de 9 de novembro de 2009, com o objetivo de incentivar a preservação e

recuperação de florestas nativas.

O agente financeiro dos projetos de PSA é o Fundo Estadual de

Prevenção e Controle da Poluição – FECOP criado na Política Estadual de

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117

Mudanças Climáticas em 2009. A implementação dos projetos ocorrerá

preferencialmente por meio de convênios com prefeituras.

O paragrafo único do artigo 65º declara que assinatura dos convênios

com as Prefeituras municipais está condicionada aos requisitos: existência de lei

municipal que autorize o poder público a celebrar pagamento por serviços

ambientais a proprietários rurais; existência de conselho municipal do meio ambiente

e profissionais habilitados em seu quadro para assistência técnica e monitoramento

no projeto.

A Resolução SMA 123/2010 defini as condições para a implementação do

Projeto Mina d’água e destaca que o projeto contemple as nascentes localizadas em

áreas de mananciais de abastecimento público, cooperação entre a SMA e os

Municípios mediante convênios e que os critérios para priorização dos municípios

foram divulgados no Decreto e na Resolução. Na fase piloto do projeto foram

previstos convênios com 21 municípios (um por UGRHI), com proteção de 150

nascentes por município, num total de 3.150 nascentes a serem protegidas. Na fase

inicial do projeto os recursos para pagamento aos proprietários foram pelo FECOP –

Fundo Estadual de Prevenção e Controle da Poluição no valor de R$3,23 milhões. A

metodologia de valoração ambiental dos serviços para proteção de cada nascente

foi definida pelo custo oportunidade na região e sua importância para o manancial.

As condições em que se encontra a nascente (quanto mais bem

conservada, maior será o pagamento) e da sua importância (quanto maior a vazão e

a população atendida, maior será o pagamento) para pagamento e na época do

projeto os valores seriam entre R$75,00 e R$300,00/nascente por ano. Figura 16

nascente em Piracaia/SP.

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Figura 16 - Nascente em propriedade rural na cidade de

Piracaia/SP.(Fonte: Autoria própria,2016)

As ações para proteção de nascentes em mananciais de abastecimento

público devem incluir eliminação de fatores de degradação, execução de ações que

favoreçam a regeneração natural da vegetação, implantação de técnicas de

nucleação entre outras, plantio de mudas de espécies nativas, monitoramento e

vigilância.

A Figura 17 demonstra a formação de lago em propriedade rural na

cidade de Piracaia/SP.

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119

Figura 17 – Lago em propriedade rural na cidade de Piracaia/SP (Fonte:

Autoria própria, 2016)

O projeto Mina d’Água selecionou 21 Municípios para a primeira fase do

projeto, sendo 01 por UGRHI – Unidade Gerenciamento de Recursos Hídricos. No

ano de 2010, 08 Municípios assinaram o convênio de cooperação técnica, sendo:

Assis, Cristais Paulista, Garça, Monteiro Lobato, Piracaia, Regente Feijó, São Bento

do Sapucaí, Votuporanga. Em 2011, foram assinados acordos com mais 08

Municípios: Brotas, Colina, Eldorado, Guararapes, Guapiara, Ibiuna, Novo Horizonte,

Santa Fé do Sul.

Os produtores rurais interessados na inscrição do projeto seguindo

orientações do edital das Prefeituras locais, e comprovando adesão voluntária,

ocupação regular do imóvel, adequação á legislação ambiental, inexistência de

pendência no Cadastro de Inadimplentes do Estado – CADIN.

Dados atuais do ano de 2016 da SMA informam que somente 05

Municípios estão participando do projeto Mina d’Água, sendo:

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1.Guapiara (bacia do Alto Paranapanema) firmou 12 contratos com provedores de

serviços ambientais; os contratos contemplam 197,28 HA de área e 31 nascentes,

no valor de repasse de R$ 38.850,00 reais para 5 anos. Foram destacadas com

áreas de abrangências do Projeto Mina d’Água as microbacias do Rio São José e do

Ribeirão da Invernada.

2.Ibiúna (bacia do Sorocaba/Médio Tietê) firmou 8 contratos com provedores de

serviços ambientais e repassou R$ 2610 em PSA; a área contratada de 376 ha, num

total de 25 nascentes; foram selecionadas 03 regiões como áreas prioritárias a

microbacia do Ribeirão do Murundú, microbacia do Ribeirão do Paiol Grande e a

sub-bacia do Alto Sorocabuçu.

3.Piracaia (bacia do Piracicaba/Capivari/Jundiaí) firmou 9 contratos com provedores

de serviços ambientais, com 18 nascentes, somando 142,75 ha. Os contratos para o

repasse de R$20.625,00 em 05 anos, e repassou R$ 8.250,00 em PSA do primeiro

ano de proteção e recuperação das nascentes pelos provedores;

4. São Luís do Paraitinga (bacia do Paraíba do Sul) firmou 5 contratos com

provedores de serviços ambientais no valor de R$10.500,00 somando uma área de

200,8 ha e 12 nascentes, nas microbacias do Paraitinga e do Córrego da Queimada.

5. Votuporanga (bacia do Turvo/Grande) firmou 17 contratos com provedores de

serviços ambientais e repassou R$37.800,00 em PSA, com total de área de 922,55

ha e 32 nascentes, na microbacia do Córrego Marinheirinho.

Para cálculo dos valores a serem pagos, foi adotado a seguinte

metodologia:

Valor do pagamento = V Ref x (F Prot + F Imp) x 0,2, onde: V Ref: VALOR DE REFERÊNCIA F Prot: FATOR DE PROTEÇÃO DA NASCENTE F Imp: FATOR DE IMPORTÂNCIA DA NASCENTE

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FATOR DE PROTEÇÃO DA NASCENTE:: varia de 1 a 4, como segue:

Nascente protegida vegetação em estágio inicial de regeneração

Nascente protegida vegetação em estágio médio de regeneração ou plantio de mudas

Nascente protegida Vegetação estágio

avançado

1 2 4

Tabela 3 – Fator de Proteção da Nascente (Fonte:SMA)

Figura 18 – Reflorestamento na propriedade rural na cidade de

Piracaia/SP (Fonte: Autoria própria)

As nascentes somente serão aceitas as que se encontrarem protegidas,

livres de fatores de degradação e com vegetação em regeneração ou com plantio de

mudas.

FATOR DE IMPORTÂNCIA: varia de 1,5 a 6, sendo a pontuação obtida pela soma

de três sub-fatores, como segue:

F Imp = Sub-fator uso + Sub-fator vazão + Sub-fator localização

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SUB-FATOR USO

Abastecimento de Comunidade isolada

Abastecimento da sede Município

Abastecimento regional

0,5 1 2

Tabela 4 – Sub-Fator Uso (Fonte:SMA)

SUB-FATOR VAZÃO

Pequena (especificar considerando vazões

observadas na microbacia)

Média (especificar considerando vazões

observadas na microbacia)

Grande (especificar considerando vazões

observadas na microbacia)

0,5 1 2

Tabela 5 – Sub-Fator Vazão (Fonte:SMA)

SUB-FATOR LOCALIZAÇÃO

Jusante da captação Montante da captação (influência indireta)

Montante da captação

(influência direta)

0,5 1 2

Tabela 6 – Sub-Fator Localização (Fonte:SMA,2016)

Somente serão aceitas nascentes em mananciais de abastecimento público.

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123

Figura 19 – Mapa dos 21 Municípios por UGRH do Estado de São Paulo (Fonte:SMA,2016)

4.5.12 Projeto OÁSIS PSA

A Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza possui o Oásis, uma

iniciativa de pagamento por serviços ambientais (PSA), que tem como foco a

conservação de áreas naturais e a consequente manutenção e recuperação da

provisão dos serviços ambientais a elas associados.

O objetivo do Oásis é promover a valorização dos ambientes naturais, por

meio da premiação financeira a proprietários de áreas que se comprometam com a

conservação das áreas naturais e adoção de práticas conservacionistas de uso do

solo, garantindo assim a manutenção e melhoria dos serviços ambientais providos

por suas propriedades.

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124

A atuação com PSA foi iniciada em 2003 quando, inspirados em

experiências internacionais, iniciou-se a construção do Oásis São Paulo nas bacias

de contribuição da represa do Guarapiranga. O projeto foi lançado em 2006 como a

primeira experiência de PSA desenvolvida pela Fundação Grupo Boticário e uma

das primeiras iniciativas do Brasil.

Atualmente a forma de atuação consiste na formalização de parcerias

com instituições que tenham projetos de PSA em sua região. Cabe à Fundação

Grupo Boticário o apoio técnico para a implantação do projeto, além do repasse, aos

executores locais, de um conjunto de ferramentas, procedimentos e modelos de

documentos necessários aos projetos de PSA, os quais podem ser facilmente

adaptados à realidade local.

O Oásis possui uma metodologia de valoração ambiental que se baseia

em uma fórmula padrão que deve ser configurada para cada projeto conforme

especificidades locais, considerando o objetivo do projeto e quais ações devem ser

estimuladas por meio do PSA. Além da fórmula de valoração, materiais e

procedimentos, o Oásis disponibiliza aos parceiros um sistema on line (SisOásis)

para gestão técnica e administrativa do projeto (cálculos, cadastros, registros de

monitoramentos, entre outras funções). A Fundação Grupo Boticário de Proteção á

Natureza acredita que a adoção destas ferramentas garante a efetividade do projeto

e, consequentemente, a conservação dos ambientes naturais associados.

Os parceiros locais são os responsáveis pela estruturação do projeto

(articulação para construção de um arranjo institucional local, captação de recursos

para premiação, estabelecimento de marco legal, etc.), bem como pela sua

execução (cadastramento dos proprietários, repasse das premiações,

monitoramento das propriedades e avaliação de impactos ambientais e

socioeconômicos do projeto). As atribuições dos envolvidos no Arranjo Institucional

do projeto estão demonstradas abaixo:

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Figura 20 – Esquema Fundação Grupo Boticário PSA (Fonte: Fundação Grupo

Boticário,2016)

O Oásis está implantado com sucesso em 3 locais (São Bento do Sul/SC,

Brumadinho/MG e Corredores Ecológicos Chapecó e Timbó/SC) e, atualmente,

possui 12 termos de cooperação técnica estabelecidos com diferentes estados e

municípios para estruturação de projetos e programas.

Figura 21 – Projeto OÁSIS PSA no Brasil (Fonte: Fundação Grupo Boticário,2016)

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Dados atuais informam que a Fundação Grupo Boticário em sete anos

beneficiaram 223 proprietários de terra e 724 nascentes foram protegidas em um

total de 2.213 hectares. Estão em fase de desenvolvimento outros projetos em

Palmas (TO), São José dos Campos (SP), Bonito (MS) e na região Metropolitana de

Curitiba (PR).

O Projeto Oásis Bacia do Guarapiranga foi realizado no período de 2006

a 2012 sendo beneficiárias as bacias Guarapiranga e Billings aproximadamente 3,7

milhões de habitantes. O arranjo institucional contou com 13 produtores rurais por

intermédio de contratos, sendo os parceiros o Grupo Fundação Boticário

(coordenação, execução e manutenção) e Fundação Mitsubishi (fonte de recursos).

A metodologia de valoração é o custo de reposição, conforme a conservação das

áreas e o Índice de Valoração de Mananciais (IVM). Segundo IBAMA (2012) o

proprietário recebe por ano entre R$75,00 e R$370,00 por hectare de área natural

conservada. Foram adotados três critérios para o pagamento:

a) Produção e armazenamento de água – R$99,00/ha/ano

b) Controle de erosão – R$75,00/ha/ano

c) Manutenção da qualidade da água – R$196/ha/ano - valor máximo

R$370/ha/ano.

Os custos de investimento do Projeto Oásis Bacia do Guarapiranga foram

realizado pela Fundação Mitsubishi no valor de R$800.000,00 para PSA e

R$400.000,00 pelo Grupo Fundação Boticário para administração e

desenvolvimento do projeto (IBAMA, 2012).

4.6 Matriz PSA Hídrico no Brasil

A parceria entre Forest Trends e Fundo Vale realizaram o projeto da

Matriz PSA no Brasil que teve como objetivo mapear e entender o contexto atual das

iniciativas brasileiras na promoção de incentivos econômicos para recuperação e

conservação dos serviços ecossistêmicos (FOREST TRENDS, 2015). O projeto teve

duração de 03 anos e uma alavancagem de oportunidades ligadas ao PSA. A

iniciativa teve como finalidade:

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127

● uma plataforma que permita ao usuário em geral, em tempo real, acessar as

informações sobre as iniciativas de PSA no Brasil;

●Fomentar a adoção de esquemas de PSA que beneficiem comunidades e

produtores rurais;

● relacionar diversos usuários em negócios de acordos;

● Apontar formas de investimentos, métodos e procedimentos de valorização,

medição e monitoramento de PSA e boas práticas para recomendação das políticas

públicas.

A Matriz surge de uma expectativa de conhecer os mercados de PSA no

Brasil e como estão sendo organizados e gerenciados, sendo um grande desafio e

alguns gargalos que precisam ser conhecidos: Quais são as principais formas e

categorias de pagamentos por serviços ambientais? Quais são as dimensões

dessas oportunidades/mercados? Quem são os envolvidos? Quais são os benefícios

sociais? Como é possível avançar com estes instrumentos? Quais são as principais

barreiras e oportunidades no futuro próximo?

Perguntas que deixam todos que estão envolvidos ainda num futuro

incerto, até porque a base legal não caminha no Brasil. O entrave político entre

executivo e legislativo ainda perpetua.

Com resultados preliminares foi lançada uma publicação sobre os

“Incentivos Econômicos para Serviços Ecossistêmicos no Brasil” no ano de 2015.

A Forest Trends declara que ao longo dos três anos foram coletados

dados de mais de 2.000 iniciativas brasileiras entre provedores e pagadores. Estas

iniciativas estão direcionadas ao mercado de Carbono/Floresta, Água,

Biodiversidade, múltiplos serviços, agricultura sustentável e pecuária.

Dentro deste contexto como a linha de pesquisa desta tese está voltada

para recursos hídricos, iremos demonstrar os dados que a Forest Trends registrou

sobre Água no Brasil. O Quadro 5 demonstra o PSA Hídrico liderado por iniciativa

voluntária.

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128

Panorama Global

Panorama Nacional

Barreiras

Oportunidades

Ampliação e percepção

das empresas: reduzir

água (Metodologia:Water

FootPrint Networks, CEO

Water Mandate, Disclosure

Water Project.

Crise hídrica: despertar da

sensibilidade coletiva,

mitigar impactos e

degradação ambiental

(empresas, governo e

sociedade). Falta

incentivos econômicos

voluntários pelo setor

privado.

Participação das

empresas

incipiente. Baixa

inovação x

desenvolvimento

tecnológico (valor

de uso da água

cobrado baixo)

Incorporar

ferramentas de

valoração de

recursos naturais na

cobrança pelo uso

da água. Planos:

risco de escassez de

água (garantir

qualidade e

quantidade de água)

Quadro 5 : PSA Hídrico liderado por iniciativa voluntária (Fonte: Forest Trends,

2015)

PSA Hídrico liderado pelo Governo (reflorestamento +conservação)

Panorama Global

Panorama Nacional

Barreiras

Oportunidades

Boas Práticas para

solucionar problemas:

Reinventar a roda e os

altos custos de operação

Governos: Motivadores,

apoio ao mercado de

pagamentos em bacias

hidrográficas

Crise hídrica:

sensibilidade coletiva

Soluções para mitigar

impactos e degradação

ambiental

Projetos de PSA hídricos

no Brasil é liderada pelo

Governo (80%)

Pouca sensibilidade ao

potencial de valoração da

água (sociedade e

instituições)

Baixa performance de

implementação de

aplicação dos recursos

pelos Comitês de Bacias

Lei de Recursos Hídricos:

recursos para fundos

(quando falta recursos

não tem como

implementar planos)

Melhoria da

Governança

Pouca

implementação da

cobrança pela água

Cobrança no

Estado de SP

(experiência)

Quadro 6 - PSA Hídrico liderado pelo Governo (reflorestamento +conservação)

(Fonte: Forest Trends, 2015)

A Matriz PSA Hídrico traz um mapa com as localizações dos projetos e

órgãos que coordenam em diversas regiões do Brasil.

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129

A ferramenta é fácil de navegar e que vários pesquisadores e usuários

possam conhecer as experiências que ocorrem no Brasil (http://brazil.forest-

trends.org/)

Figura 22 – Matriz PSA Hidrico (Fonte: Forest Trends,2016)

Com o advento da Matriz verificou-se o crescimento do PSA no Brasil e a

necessidade de uma Lei Federal para dar amparo legal e a criação de um Fundo

Federal de PSA para obtenção de recursos em vista à proteção e conservação das

bacias hidrográficas, no tocante a qualidade e quantidade de água.

4.7 Pontos positivos e negativos dos Programas de PSA Água

As experiências brasileiras tanto como internacionais estão baseadas na

conservação dos recursos hídricos e cobertura vegetal. Alguns projetos relatam a

preocupação com o recurso hídrico e o custo oportunidade para pagamento aos

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proprietários de terra. Experiências internacionais relatam a iniciativa privada como

principal indutora do PSA, em outros casos o próprio Governo Federal criando a

base legal para prática do PSA.

A Matriz PSA hídrico no Brasil já destaca as barreiras por falta das

empresas não participarem de esquemas de PSA voluntário e demanda de

ferramentas de valoração de recursos naturais na cobrança pelo uso da água na

garantia de qualidade e quantidade de água. Relata ainda as a motivação e apoio

dos Governos aos pagamentos de serviços ambientais em bacias hidrográficas, mas

ainda é baixa aplicação de recursos pelos Comitês de Bacias Hidrográficas e

implementação nos planos. A Matriz PSA hídrico cita a experiência do Estado de

São Paulo na cobrança pelo uso da água vista como uma oportunidade para

crescimento de projetos de PSA.

Um ponto negativo entre todos os programas de PSA tanto nas

experiências brasileira e internacional é a falta de avaliação e monitoramento e

também a continuidade dos projetos.

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131

5. REDE PSA E MOBILIZAÇÃO DOS ATORES

5.1 Rede Iberoamericana de PSA – REDIPASA

A Rede Latino-Americana de Pagamentos por Serviços Ambientais é uma

iniciativa que começou impulsionada pela Universidade Rei Juan Carlos, Madrid,

Espanha e da Universidade para a Paz das Nações Unidas, San Jose, Costa Rica, a

partir de fundos do Programa Iberoamericano de Ciência e Tecnologia para o

Desenvolvimento (CYTED), vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia da

Espanha. Iniciou suas atividades em 2007 e recebeu apoio financeiro do Fundo

CYTED até 2010; No entanto, tem continuado a trabalhar, graças ao esforço e

entusiasmo dos membros da rede que têm aumentado a partir das conferências e

seminários realizados na Guatemala, Bolívia, Espanha, México e Brasil.

Uma das preocupações das instituições que levaram à criação da Rede é

o desaparecimento das florestas que vem acompanhada pelo surgimento de

fenômenos como chuvas torrenciais, deslizamentos de terra e inundações e perda

da quantidade e a forma de disposição das águas, que impactam negativamente

sobre a população e recursos naturais de um país. Este desmatamento causado

pelo avanço da fronteira agrícola em áreas da América Latina está fazendo

desaparecer as massas naturais de florestas que corretamente manejadas poderiam

ser uma enorme fonte de riqueza económica e ecológica para os seus habitantes,

enquanto envolvem a principal fonte de abastecimento água potável. Nesta situação

bastante generalizada tem-se de fato que a concentração e o crescimento da

população geralmente implicam uma maior deterioração ecológica quando não é

acompanhada de um ordenamento do território eficaz.

Um sistema de pagamento por serviços ambientais é uma solução

inovadora que permite reverter uma situação de escassez e degradação ambiental

através da lógica de mercado e transformar áreas de alto valor e risco ambiental

devido à alta pressão populacional em áreas onde se atinge um desenvolvimento

sustentável (Martínez de Anguita et al., 2006); entre outras coisas, proteger o

ambiente, mudar a mentalidade na população para o uso racional dos recursos

naturais, especificamente os recursos hídricos. Os responsáveis pela REDIPASA o

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132

Dr.Pablo Martínez de Anguita e o Dr.Ronnie de Camino iniciaram as atividades com

20 grupos de pesquisa formados por 75 pesquisadores.

Os grupos de representantes das Entidades de Pesquisa no inicio da

Rede: da Argentina, a Universidade Nacional De Jujuy (UNJU) e Universidade

Nacional de Santiago del Estero (UNSE); da Bolivia, o Centro de Investigação

Agrícola Tropical; do Brasil, o Centro Internacional de Investigação Florestal

(CIFOR); do Chile, a Universidade Austral de Chile, Instituto de Economia (UACH);

de Costa Rica, o Centro Agronômico Tropical de Investigação e Ensino (CATIE) e a

Fundação para o Desenvolvimento de la Cordillera Volcánica (FUNDECOR); de

Equador, a Cooperação Técnica Alemã, Programa GESOREM, Equador; da

Espanha o Centro Tecnológico Florestal de Cataluña (CTFC); de Honduras, a

Escola Nacional de Ciências Florestais (ESNACIFOR); do México o Instituto

Nacional de Ecologia (INE); a Protetora de Bosques do Estado do México

(PROBOSQUE); da Nicaragua, o Instituto de Investigação e Desenvolvimento,

Nitlaplán Universidade Centro Americana (NITLAPLÁN, UCA); do Panamá,

Autoridade do Canal de Panamá; do Perú a Universidade de Piura, o Instituto de

Ciência e Gestão Ambiental, Universidade Nacional de San Agustín de Arequipa

(IRECA - UNSA), Universidade Nacional de San Martín de Tarapoto - Gestão e

Consultoria Ambiental (UNSM-T / CEICA), e a Universidade Nacional de Piura; da

Venezuela o Centro de Estudos Florestais e Ambientais e de Pós-Graduação,

Universidade dos Andes (CEFAP).

O objetivo principal da REDIPASA criar um espaço com um grupo de

pesquisadores dos países ibero-americanos relacionados com os sistemas de PSA,

vinculados com o desenvolvimento rural e as políticas de gestão e conservação dos

recursos naturais, trabalhando em conjunto, trocando experiências e unificando

critérios, desenhando e executando projetos de pesquisa e elaborando estudos para

propor mecanismos tendendo a melhorar os sistemas de Pagamento por Serviços

Ambientais e suas metodologias de aplicação, monitoramento, evolução e

sistematização de experiências adaptadas a diferentes situações. Os objetivos

específicos foram determinados da seguinte forma:

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133

a) alcançar mediante reuniões e outras interações científicas estáveis e

continuas, um intercambio de conhecimento cientifico e técnico a cerca da aplicação

de metodologias de sistemas de PSA e políticas de gestão de recursos naturais,

especialmente as hídricas, e a coordenação de novas investigações e aplicações de

projetos que incluam sistemas de pagamentos por serviços ambientais;

b) formar recursos humanos e ofertar capacitação técnica e metodológica

em sistemas de PSA a pesquisadores participantes na rede, mediante a facilitação

de intercâmbios em trabalhos de pesquisa cientifica, de Doutorado e Mestrado,

poucos neste âmbito e ação de difusão e transferência tecnológica

fundamentalmente mediante publicação e através de reuniões ibero-americanas

(congressos, seminários, simpósios, oficinas) em tema dos serviços ambientais em

manejo de bacias hidrográficas e foros regionais equivalentes;

c) elaborar conjuntamente propostas de projetos de pesquisa, com

financiamento tanto regional lationamericana como europeia, especialmente de

programas de cooperação internacional da União Européia, que entre suas áreas de

atuação incluam o apoio dos países em desenvolvimento em temas de manejo

sustentável e uso de recursos naturais renováveis, entre outros, de projetos

espanhóis de inovação IBEROEKA nas bacias piloto.

O funcionamento da REDIPASA teve como reunião inaugural nas

instalações da Universidade para Paz das Nações Unidas (UPAZ) em Costa

Rica, nos dia 04 e 05 de junho de 2007. Contaram com a presença de 33

pessoas de 12 países ibero-americanos, assim com representantes da UPAZ e

convidados especiais. O primeiro encontro serviu para definir as atividades

preliminares necessárias para dar uma base sólida a REDIPASA assim como

critérios para seu funcionamento partindo da interação e participação ativa de

todos os seus membros e as atividades principais que se deveriam desenvolver

durante os 04 anos de execução do projeto.

A Rede estabeleceu como estrutura de funcionamento a criação de um

órgão encarregado da gestão técnica, integrado pelo Prof. Pablo Martínez de

Anguita e Dr.Ronnie de Camino e suas respectivas equipes de trabalho. As suas

funções correspondiam a seguinte: Reportar a cada trimestre ao gestor da área

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134

de desenvolvimento sustentável da CYTED as atividades desenvolvidas,

esforços e visitas a organismos signatários; tomar as decisões administrativas

consensual com as instituições líderes da proposta; apoiar o grupo de

planejamento ambiental e desenvolvimento (PAD) da URJC, encarregado de

facilitar a tramitação e elaboração de propostas de pesquisa a convocatórias

europeia com ajuda do CINTTEC/URJ; promover e facilitar a celebração anual de

uma reunião com os membros e coordenadores das instituições pertencentes a

Rede, tentando que cada ano, um País ibero-americano diferente sedia-se a

reunião principal (também se abriu a possibilidade de realizar reuniões parciais);

fomentar a criação de um comitê para difusão dos resultados a preparação e

gestão das propostas de projetos de investigação e consolidação da Secretaria

da Rede.

Adotaram os seguintes critérios para funcionamento da REDE:

1 – estabelecimento de um nexo significativo entre os membros da Rede,

formando comissões de trabalho e trocando ideias;

2 – a Rede se foca em facilitar a troca de informação e em promover a

cooperação científica;

3 – a Rede deve compatibilizar interesses de distintos setores envolvidos uma

vez ajustados a esta proposta;

4 – amplia a comunicação entre coordenadores e membros da Rede.

Das atividades desenvolvidas:

a) definição do estado atual o avanço do projeto, implementação e evolução de

sistemas de PSA;

b) identificação de possíveis organismos financeiros para gestão de fundos para

executar projetos de investigação tanto de forma conjunta como individual;

c) identificação de lacunas de informações e necessidades de pesquisa;

d) colocar em comum o máximo de experiências e relacioná-las entre si e

estudar comparativamente essas experiências em distintos países, desde

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135

pontos de vista técnico, social, econômico, de impacto ambiental e a

população;

e) aplicar metodologias cientificas em estudo e inovação utilizando o máximo

possível de experiências e fazendo que seus próprios artigos se envolvam

pesquisadores de seus processos.

f) Desenvolver um planejamento de difusão que inclua as publicações em

revistas de impacto nacional e internacional; reuniões cientificas organizadas

pela Rede; cursos de formação de recursos humanos e capacitação técnica;

fóruns eletrônicos, entre outros;

g) Envolvimento de instituições e organizações que trabalham em temas de PSA

e com responsabilidade claramente definidas dentro da Rede;

h) Monitoramento e evolução de atividades para identificar falhas em processo

metodológico e realizar ajustes requeridos para alcançar os objetivos;

i) Envolvimento mais estreito da Rede com iniciativas regionais e mundiais em

matéria de PSA, por exemplo, a busca de uma interação estreita com a FAO

constitui um ponto chave para a sustentabilidade da Rede em tempo, mesmo

depois de finalizada a ajuda fornecida por CYTED.

No período de quatro anos foram desenvolvidos vários artigos e a

realização de workshops e eventos.

A evolução da REDIPASA ocorreu no Primeiro Simpósio Internacional

sobre Monitoramento de Serviços Ecossistêmicos em mecanismos de compensação

por serviços ambientais na cidade de Guatemala no período de 26 a 28 de

novembro de 2007, reuniu 80 pesquisadores de 11 países. O Simpósio teve como

objetivo comparar e integrar diferentes metodologias de quantificação, valoração e

monitoramento da qualidade de provisão dos bens e serviços ecossistêmicos a fim

de generalizar seu uso em sistemas de compensação de serviços ambientais tais

como PSA, com fim de promover ferramentas eficientes e práticas para sua

implementação em PSA, assim como para análise de outros mecanismos possíveis

de compensação de bens e serviços ambientais. As experiências apresentadas

tanto da região centroamericana como o México, Venezuela, Argentina e Espanha,

que serviram para trocar experiências e compartilhar conhecimentos sobre o tema

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136

nas áreas temáticas de: Valoração da saúde dos ecossistemas e sua biodiversidade;

traçado da provisão hídrica e da qualidade e quantidade de solo; traçado da

cobertura vegetal e paisagem; troca de fixação de carbono e evolução do próprio

sistema de PSA. Este foi o primeiro simpósio que foi organizado pela Rede

Iberoamericana de Pagamento por Serviços Ambientais com apoio do Ministério de

Meio Ambiente e Recursos Naturais de Guatemala (MARN); da Agência Espanhola

de Cooperação Internacional para desenvolvimento (AECID) e o Fundo Espanha

SICA, da comissão centro americana de Ambiente e Desenvolvimento (CCAD); do

Fundo do Milênio Programa das Nações Unidas pra o desenvolvimento (PNUD) e a

AECID, a União Internacional pra Conservação da Natureza (UICN) Meso América;

da Fundação para Desenvolvimento da Caficultora (FUNCAFE); do Programa de

ciência e tecnologia (CTED) e do Centro Agronômico Tropcial de Pesquisa e Ensino

(CATIE).

O Comitê Científico foi formado por Pablo Martínez de Anguita, Fany

Mariela Espinal e Pablo Flores da Universidade Rey Juan Carlos da Espanha, Byron

Medina da FUNCAFE/ANACAFE, Miguel Sarmiento da Universidade Nacional de

Santiago do Estero de Guatemala, Ottoniel Monterroso da IARNA-URL; Edwin

Castellanos da Universidade del Valle de Guatemala e Samuel Rivera da

ESNACIFOR. A conclusão do Simpósio foi a necessidade de difundir o

conhecimento, as experiências e as investigações realizada em torno do tema. Com

um esforço para trazer a comunidade científica, pesquisadores e beneficiários e

público em geral.

5.2 Dos Congressos Internacionais de PSA

Com o avanço de muitos grupos e organizações com a finalidade de

divulgar suas experiências e aprender os diferentes processos de gestão de serviços

ambientais, no ano de 2008 algumas organizações em conjunto com a REDIPASA

se articularam para criar uma estratégia e socializar suas experiências, e surge

então o Boletim Temático Sinergia. O tema de serviços ambientais ganhou grande

proporção entre os profissionais interessados na temática e articularam para

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137

organizar o primeiro evento para conservação e uso sustentável dos recursos

naturais em países iberoamericano (CHAVES, 2010).

Em novembro de 2009 na cidade de La Paz, Bolívia, aconteceu o

Primeiro Congresso da Rede de Serviços Ambientais Iberoamericana com o título:

Da teoria a prática: desafios na integração de incentivos para gestão de serviços

ambientais em programas nacionais e sub-nacionais de conservação e uso

sustentável de recursos naturais. Participaram 61 pesquisadores de 13 países.

A discussão entre os pesquisadores se identificou em três desafios

principais:

A adequação e adaptação dos marcos legais existentes, para permitir

soluções flexíveis e adaptada as diversas ações para conservação dos serviços

ambientais e condições locais.

a) O fortalecimento das instituições responsáveis de formular e

implementar políticas ambientais, favorecendo a articulação entre estas e a

sociedade civil, viabilizando a transparência e participação. Envolver outros setores

governamentais responsáveis pela formulação de políticas de desenvolvimento em

harmonia com as políticas ambientais.

b) Procurar que os incentivos de conservação gerem processos de

desenvolvimento local sustentável e equitativo.

O Congresso foi dividido em 04 partes: gestão de serviços ambientais

na Bolívia, redes de serviços ambientais na região, mensagens das redes de

serviços ambientais para tomadores de decisão na região; planejamento

estratégico da colaboração entre as redes de serviços ambientais na região.

Os resultados do Congresso Internacional nortearam que as redes de

serviços ambientais existentes podem se complementar para atividades

conjuntas de transferência e gestão de conhecimento a nível regional e apoiar os

tomadores de decisão a enfrentar os desafios (CHAVES, 2010).

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138

Outro importante foi a proposta quanto a Gestão de serviços

ambientais na Bolívia se apresenta na necessidade de acordos de reciprocidade

para conservação e funções ambientais nas áreas protegidas. Destacado

também que os recursos provenientes dos pagamentos por serviços ambientais

não eram significativos e que falta transparência nas regras (apontado por

indígenas que situam nas áreas protegidas). Há falta de clareza das leis e

políticas, saneamento territorial e capacidade institucional técnica. Como lição

aprendida de PSA em bacias hidrográficas é o principal em escala de programas

nacionais, que os incentivos a conservação devem ser baseados em acordos

locais e gerados por processos transparentes e participativos. A implementação

da Rede em diversos países para promoção dos serviços ambientais e incentivos

em políticas e programas de PSA. A produção e edição de um livro pela

REDIPASA situando o estado da arte dos mecanismos de PSA nos países

iberoamericanos.

No período de 05 a 07 de outubro de 2010 tendo como sede o Centro

Tecnológico Florestal de Catalunya, Espanha, realizou o Congresso Internacional

de Pagamento por serviços ambientais, ferramentas para Gestão e conservação

do patrimônio natural. O evento reuniu 154 pesquisadores de 16 países

diferentes, incluindo 04 países europeus e 02 africanos. O Brasil contou com a

participação da FEC/UNICAMP, pelo Departamento de Recursos Hídricos,

Energéticos e Ambientais – DRH com apresentação de artigo científico referente

a Bacia Hidrográfica do Alto Tietê, um estudo de caso e proposta de PSA na

Bacia do Ribeirão Balainho, na Cidade de Suzano, São Paulo utilizando como

mecanismo de pagamento a cobrança pelo uso da agua.

Os objetivos planejados foram:

1) Colocar um plano relevante na agenda política catalana e do Estado a

discussão sobre os mecanismos de PSA e exercendo extensivamente a

países da África;

2) Aumentar o interesses das agências de cooperação e de empresas privadas,

tanto do setor ambiental, agrícola, hídrico e energético, sobre o investimento

em mecanismo de PSA.;

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3) Estabelecer uma rota de trabalho e estratégia coerente para adaptar, replicar

e socializar os mecanismos e experiências de PSA principalmente de

Latinoamérica em países europeus e africanos como parte de suas políticas

de conservação e biodiversidade e especialmente nas políticas agrárias e de

adaptação do futuro mecanismo internacional de PSA REDD+.

A temática do Congresso teve com início uma abordagem de uma

sessão introdutória dos conceitos básicos de PSA, contextualizando desde uma

perspectiva global, reconhecendo a visão europeia e fazendo uma especial

ênfase na Espanha e concretamente em Catalunya. O Congresso foi idealizado

em três linhas de ação: O PSA como instrumento de governança

ambiental/florestal, Rentabilidade de Mercado dos serviços ambientais e

Sistemas de Monitoramento da eficiência dos mecanismos de PSA. Algumas

conclusões referentes ao Congresso: aplicações dos sistemas de PSA em

América Latina, Catalunya, Espanha e Europa diferem das motivações por quem

propõem e implementam (CHAVES, 2010) Na América Latina os PSA tem sido

um mecanismo importante para conservação das florestas e para diminuir a

pressão do avanço da fronteira agrícola sobre os mesmos, assim como

ferramenta de governança floresta contra falta ilegal de práticas não adequadas

de manejo das florestas, que favorece o reflorestamento e a promoção dos

sistemas agroflorestais. No caso da Europa, Espanha e Catalunya é uma

ferramenta que começa uma discussão de proteção das florestas e conservação

de mosaicos de paisagens agroflorestais. Neste caso há um grande abandono da

zona rural, criando uma expectativa entre os produtores rurais. Verificou-se

também a questão da diferença económica entre América Latina, Espanha e

Catalunya, onde a população rural é de baixo nível social e económico e a

pressão dos recursos naturais é alta e depende deles para subsistência ao

contrário da Espanha e Catalunya, mas que o País passa por crise econômica.

No contexto geral o processo de mecanismo de PSA reforça que

lições podem ser aprendidas com América Latina, das políticas de Governo que

impulsionam o mecanismo, tanto quando realizam alianças entre instituições

públicas e privadas. Existe uma necessidade de verificar os custos de transação

para participação de pequenos produtores como provedores de PSA e a falta de

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informação é limitada. Um dos grandes desafios é o monitoramento de PSA e

suas externalidades, evidenciando a questão ambiental, social e económica.

Quanto aos mercados de carbono e mecanismo REDD são acordos globais e

que faltam regras claras. Catalunya e Espanha tem condições favoráveis para

implementação do PSA.

O Congresso Internacional de Pagamento por Serviços Ambientais,

Mecanismo para Governança dos Recursos Naturais, com uma participação de

170 pesquisadores e técnicos de 10 países diferentes, ocorreu no período de 05

a 07 de agosto do ano de 2011, na cidade Ixtapan de La Sal, Estado do México,

realizado pela PROBOSQUE.

O objetivo do Congresso Internacional realizado no México pelo

PROBOSQUE:

1) Transferir as lições aprendidas de PSA e alianças entre instituições públicas e

privadas.

2) Fortalecer a participação dos organismos internacionais e nacionais do setor

privado, governamental em investimento de mecanismos de PSA;

3) Estabelecer ações de participação e cooperação entre os países da América

Latina e Europa.

A temática desenvolvida pelo comité científico do Congresso apontava os

temas sobre Gestão de florestas e cambio climático, a questão da evolução e

monitoramento dos esquemas de PSA, PSA em áreas protegidas e mecanismo de

governança ambiental e florestal (PROBOSQUE, 2011).

A participação do Brasil no Congresso Internacional do México em 2011,

também foi pela FEC/UNICAMP, Departamento de Recursos Hídricos, energéticos e

ambientais, com aceite de apresentação de artigo científico relatando o Mecanismo

de PSA na Gestão de Recursos Hídricos, enfocando o Programa Mina d’Água da

Secretaria de Estado do Meio Ambiente do Governo do Estado de São Paulo.

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Neste Congresso foi discutido e aprovado pelo comité de organização e

científico que o Brasil em 2012 irá sediar o IV Congresso Internacional de

Pagamento por Serviços Ambientais. A proposta surgiu desde o Congresso

realizado em Catalunya na Espanha ao Dr.Pablo Martinez de Anguita e aprovado

por unanimidade em 2011 no México. A realização no Brasil teve ampla participação

deste autor e do orientador Prof.Carlos Alberto Mariotoni e da FEC/UNICAMP, do

Departamento de Recursos Hídricos, energéticos e ambientais.

IV Congresso Internacional de Pagamento por Serviços Ambientais

“Avaliação de Impacto e Monitoramento Socioeconômico ambiental”, realizado na

cidade de São Paulo, Brasil, no período de 26 a 29 de novembro de 2012, contou

com a participação de mais de 350 pessoas de 13 países. As apresentações foram

realizadas por especialistas da América Latina, América do Norte e Europa. O tema

central “Avaliação de impacto e monitoramento socioeconômico e ambiental” guiou

os demais 05 eixos temáticos: Metodologias de Monitoramento e Priorização de

Áreas; Comunicação, Mobilização e Capacitação de Atores; Aspectos Legais;

Mecanismo de Financiamento e Arranjos Institucionais.

5.3- Comunicação, Mobilização e Capacitação de Atores em PSA

Embora o conceito e prática de PSA, bem como suas respectivas políticas

públicas, estejam avançando em vários países, ainda existe uma carência de

informação sistematizada sobre o tema. Dada sua complexidade,

interdisciplinaridade, e potencial de participação de vários atores, público, privado,

comunidades locais, acadêmicos, entre outros, o acesso à informação qualificada e

atualizada sobre o conceito e prática de PSA limita-se a grupos seletos e

especialistas do setor. Desta forma, esforços de comunicação, mobilização, e,

principalmente, capacitação dos distintos setores da sociedade são essenciais para

o efetivo desenvolvimento e implementação de projetos, programas e políticas de

PSA. Neste contexto, estimular e promover a interlocução entre os diversos atores

sociais, a troca de experiências entre eles e a realização de ações conjuntas em

educação ambiental e salvaguardas socioambientais em projetos de PSA, tem sido

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uma abordagem discutida no meio científico. As ações de mobilização e

comunicação promovem a articulação com órgãos e entidades públicos e privados

no processo de gestão de PSA. Segundo PORRAS (2010) os custos de transação

ficariam elevados caso fossem realizados trabalho de campo e capacitação para

inclusão de atores de menor recurso e baixo poder de negociação. Os métodos de

ensino e comunicação para capacitação de tomadores de decisão por meio de jogos

despertam o desenvolvimento e simulam situações reais onde os jogadores tomam

decisões dentro dos recursos disponíveis. A participação e cooperação entre os

atores à busca de decisões conjuntas alimenta a expectativa dos programas de

PSA. Os esquemas de PSA a adoção da ferramenta da comunicação e mobilização

dos atores devem ser observados alguns passos e sendo de suma importância para

a concretização:

1) Demonstrar estratégias e experiências de comunicação como

instrumento de fomento, colaboração e educação sobre a prática de PSA;

2) Refletir sobre a importância de articulações entre atores em projetos,

programas e políticas de PSA, tendo como base o modelo de gestão participativa e

trabalho em redes;

3) Demonstrar a relevância e necessidade da adoção de salvaguardas

socioambientais para o desenvolvimento e monitoramento de projetos e políticas de

PSA, e mobilização e capacitação de atores, principalmente junto à comunidades

locais;

4) Identificar iniciativas de sistematização sobre o nível de

desenvolvimento e institucionalização de projetos, programas e políticas de PSA aos

níveis nacional, regional e internacional.

5) Contribuir para que o conceito de PSA seja adotado como tema de

educação ambiental com o intuito de disseminar a sua importância e de seu caráter

transversal também nas políticas públicas.

A avaliação da temática de comunicação e mobilização deve ser ajustada

dentro dos esquemas de PSA e alguns itens devem ser pautados:

Qual valor tem as estratégias de comunicação no sucesso de um

programa/projeto de PSA, como melhora uma boa estratégia em impacto de

PSA? Para quais atores ou setores deverá ser reforçada a educação sobre

PSA

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143

Quais ações devem ser reforçadas para melhorar a rede de colaboração entre

os diferentes atores envolvidos no PSA? Que alcance tem a discussão sobre

as salvaguardas sociais e ambientais nos sistemas de PSA?

Existe uma cultura generalizada sobre a sistematização entre os processos

de implementação dos PSA? Existe uma suficiente divulgação das

experiências de PSA que favoreçam a implementação em zonas de onde o

tema seja inovador?

Como é vinculado o PSA com as estratégias de educação ambiental nos

países que já implementaram?

Estes itens são pontos chaves para adoção e consolidação da temática. A

educação ambiental como ferramenta em programas e projetos de PSA.

No Congresso Internacional de PSA que foi realizado no Brasil em 2012,

pela primeira vez foi abordado este assunto. Criado como um dos 5 eixos temáticos,

a mobilização e capacitação dos atores em Programas de PSA tiveram vários artigos

apresentados por diversos pesquisadores. O tema surge para auxiliar um dos

gargalos em Programas de PSA no Mundo.

5.4 Proposta da Rede Brasileira de PSA

A ideia da criação da Rede Brasileira partiu do encontro em São Paulo de

vários pesquisadores, pessoas ligadas ao Governo e entidades que atuam com

serviços ambientais.

O encontro motivou os presentes a participarem do Congresso

Internacional de PSA que foi realizado em novembro de 2012 no Estado de São

Paulo.

A Rede Brasileira de PSA servirá de apoio aos arranjos institucionais

utilizando a base da Matriz PSA e a troca de experiências e metodologias para

pagamento dos serviços ambientais.

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144

A Rede Brasileira de PSA pode utilizar diferentes ferramentas, como

reuniões, e-mails, oficinas, a criação de uma página web, onde fornece informações

sobre mecanismos de financiamento e entidades parceiras em projetos de PSA no

Brasil.

A Rede criada contará com uma conexão com a REDIPASA – Rede

Iberoamericana de Pagamento por Serviços Ambientais e auxiliará e fomentará os

diversos usuários como produtores rurais, pesquisadores, empresas públicas e

privadas (saneamento, petróleo, gás, energia e mineradoras), órgãos de governo

municipal, estadual e federal, para apoiar o aprendizado e diálogo sobre esquemas

de PSA.

A Rede Brasileira de PSA tem como objetivos:

● Fomentar o Projeto de Lei PSA, auxiliando na discussão em âmbito brasileiro entre

os diversos atores;

●Promover parcerias institucionais

●Promover colaboração entre pesquisadores em esquemas de PSA relacionados

com Bacias Hidrográficas, desenvolvimento rural e políticas de gestão e

conservação de recursos naturais;

●Incentivar o intercâmbio de experiências em todo território brasileiro;

●Fomentar e auxiliar na criação do Fundo Nacional de PSA

●Avaliar impacto em PSA

●Auxiliar e promover instrumentos para monitoramento em projetos de PSA

●Avaliar metodologias para mercados de serviços ambientais

●Criar arranjos institucionais e instrumentos econômicos em PSA

●Mobilizar e Capacitar os atores em programas de PSA.

A finalidade da Rede Brasileira de PSA é auxiliar nos mecanismos de

PSA e fomentar as diversas experiências em água, carbono, biodiversidade,

agricultura sustentável, pecuária, beleza cênica, entre outras atividades ligadas a

prestação de serviços ambientais.

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145

A Rede Brasileira de PSA tem como apoio para sua criação as entidades

não governamentais e órgãos do Governo e estará vinculada a um grupo de

profissionais que estarão executando os objetivos propostos.

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146

6. Monitoramento e Avaliação dos serviços ambientais

O monitoramento de impactos e avaliação com indicadores pode prover

informações de grande relevância e de fundamental importância para os programas

de PSA desenvolvidos no Brasil e experiências internacionais. Para o planejamento

das ações de PSA deve-se haver o monitoramento e avaliação com indicadores,

mas apesar de sua importância, estes aspectos ainda são pouco monitorados nas

iniciativas de PSA em curso no Brasil e no Mundo (WUNDER, 2007; GUEDES e

SEEHUSEN, 2011).

Segundo Novaes (2014) o monitoramento de impactos e indicadores

podem prover informações para o desenvolvimento dos programas de PSA como

disponibilizar aos atores envolvidos e também a sociedade informações sobre os

impactos e retornos ambientais e socioeconômicos.

As iniciativas de programas de pagamentos por serviços ambientais

hídricos têm se expandido por todo território nacional, a partir do Programa Produtor

de Água da ANA em 2007 e como referência internacional desde 1997 em Costa

Rica. O monitoramento realizado em grande parte destes programas se restringe à

avaliação do cumprimento dos termos estabelecidos no contrato, com a finalidade

de averiguar se o pagamento deve ou não ser efetuado ao produtor (NOVAES,

2014). O monitoramento é um dos grandes desafios nos programas de PSA hídricos

no Brasil e no Mundo. A necessidade de parâmetros para justificar investimentos e

avaliar a contribuição dos serviços ambientais hídricos realizados nas bacias

hidrográficas por produtores rurais devem ser avaliados por indicadores. O indicador

no programa do pagamento dos serviços ambientais desempenha ferramenta de

avaliação e auxilia na tomada de decisão. Os resultados das iniciativas no âmbito

nacional e internacional dos projetos de PSA devem ser avaliados os impactos

positivos e/ou negativos dos serviços prestados pelos produtores rurais nas bacias

hidrográficas. O monitoramento é fundamental para acompanhar a eficácia das

ações implementadas e as demandas por mudanças necessárias ao êxito destes

programas, refletindo em bem-estar humano, melhoria da qualidade e

disponibilidade da água (PRADO et.al, 2015).

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147

Há falta de métricas e altos custos de transações envolvidos nos

programas de PSA cuja relação tem se pautado nos cenários econômicos e

ambientais (MÜLLER e BURKHARD, 2012).

No contexto do PSA Água The Nature Conservancy (TNC) visando avaliar

as iniciativas de PSA para a conservação de recursos hídricos na Mata Atlântica

estabelece um roteiro que visa contemplar a definição dos arranjos institucionais,

envolvendo a articulação e formação de parcerias; levantamento de demandas e

fontes de recursos; a fase de desenvolvimento, que contempla os diagnósticos

socioeconômicos ambientais, as análises econômicas, a definição dos pagamentos

e o formato de contribuição dos parceiros; a implementação que envolve o

engajamento dos proprietários rurais, a contratação, a execução das ações de

conservação e os pagamentos; o monitoramento, que busca verificar os efeitos na

qualidade e quantidade de água; e a replicação e alavancagem, que tem como

intuito o ganho de escala dos projetos piloto (VEIGA, 2010).

A Embrapa (2015) por meio do projeto “Fortalecimento do conhecimento,

organização da informação e elaboração de instrumentos de apoio aos Programas

de Pagamentos por Serviços Ambientais Hídricos no meio rural”, realiza com seus

pesquisadores uma pesquisa exploratória descritiva, baseando-se no levantamento,

análise e síntese de métodos propostos e de experiências relatadas destinadas à

seleção de áreas prioritárias para pagamento ou outras formas de compensação

pelo fornecimento de serviços ambientais, com maior enfoque nos serviços

ambientais relacionados à provisão e regulação hídrica. O objetivo geral foi

identificar compilar e analisar procedimentos e metodologias empregados para a

tomada de decisão, visando à seleção de áreas prioritárias a serem contempladas

em projetos ou programas de compensação por serviços ambientais. Descreveram

29 métodos de seleção de áreas prioritárias, provenientes de seis países. No Brasil

foram identificadas 20 experiências de programas que envolveram a seleção de

áreas prioritárias (PRADO et al., 2015). Foram classificados três tipos de objetivos:

1) objetivos diretamente relacionados à melhoria dos serviços hídricos, 2) objetivos

visando proporcionar benefícios socioeconômicos e 3) objetivos visando

proporcionar melhoria de outros serviços ambientais. Após análise dos documentos

verificou-se que os objetivos do processo de seleção de áreas prioritárias nem

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148

sempre são explicitados, na prática o reflorestamento ou manejo florestal aparece

como uma das propostas para as áreas selecionadas e identificaram a falta de

indicadores como prática pouco empregada nos programas de PSA.

Segundo Porras et.al (2013) os critérios de monitoramento e avaliação

por trás do cumprimento ou monitoramento transacional, que garante que os

contratos sejam seguidos e a condicionalidade da efetividade, que analisa como os

esquemas conseguem atingir seus objetivos ambientais independentemente do grau

de cumprimento, mesmo que os dois sejam geralmente ligados, um alto grau de

conformidade não garante necessariamente que um esquema seja eficaz. Isso

ocorre porque um esquema mal projetado pode direcionar os produtores de terras

errados, o que significa que os pagamentos não geram os benefícios

hidroecológicos ou de conservação desejados. À medida que a capacidade de

alavancagem para exigir pagamentos para uma melhor gestão de bacias

hidrográficas aumenta, também é necessário entender a dinâmica de tais atividades

e demonstrar seus impactos.

Segundo Fiorillo (2010) contrato de PSA, assim como qualquer outro

contrato é a vontade bilateral entre duas ou mais partes, gratuito ou oneroso que

deve obedecer à forma da legislação em vigor.

Contratos sem monitoramento ou avaliações mal feitas podem trazer

graves prejuízos aos compradores dos serviços, ao meio ambiente e à sociedade

(FREITAS et al, 2013).

Nos esquemas de PSA a necessidade de publicidade e transparência são

essenciais para informar os múltiplos atores envolvidos, assim como para despertar

maior interesse, envolvimento e suporte por parte dos mesmos (NOVAES, 2014).

O autor Novaes (2014) realiza levantamento dos programas de

pagamento por serviços ambientais no Brasil e formas de monitoramento e tipos de

indicadores utilizados. O autor analisa o PSA quanto ao uso do solo, uso voltado

para conservação e/ou voltado para produção e características dos proprietários ou

posseiros dos imóveis provedores dos serviços ambientais. Dos 42 programas de

pagamento por serviços ambientais 55% tem como foco principal uso do solo para

conservação e recuperação de cobertura vegetal nativa. Destaca que nos

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149

programas de PSA a classe de indicadores mais monitorada é a permanência de

áreas com cobertura florestal conservada ou em recuperação. O monitoramento é

realizado por visitas de campo e alguns programas utilizam imagens de satélite.

Na análise de áreas prioritárias nos programas de PSA no Brasil as

intervenções mais frequentemente propostas para as áreas selecionadas tem-se o

florestamento, reflorestamento ou manejo florestal, o desenvolvimento de melhores

práticas agrícolas e a proteção de áreas ecologicamente relevantes (GJORUP, et

al., 2016). Nestas áreas a aplicação de indicadores, bem como a análise espacial,

ainda são práticas pouco empregadas. A diversidade de critérios e a especificidade

no tocante ao desenvolvimento e aplicação são bastante voltadas às condições

locais ou regionais ou a objetivos específicos dos programas analisados (GJORUP

et.al, 2016)

Para o estabelecimento de um padrão que contenha princípios, critérios e

indicadores, é necessária que as propriedades sejam monitoradas e avaliadas a

evolução das questões ambientais e sociais (VILAR et al., 2011). Dependendo do

objetivo da avaliação, das restrições de tempo e dos recursos humanos e materiais,

não é possível usar todos os indicadores, necessitando fazer ajustes para a

utilização daqueles mais adequados para o Sistema de Pagamento por Serviços

Ambientais.

No contexto da Bacia Hidrográfica os impactos ecológicos do PSA Água

estão direcionados a melhora ou piora da qualidade da água nos rios, bem como o

aumento ou redução da vazão em decorrência das ações de proteção e recuperação

das bacias só poderão ser comprovados por meio da coleta de dados em longo

prazo. O monitoramento das áreas de restauração, por meio de imagens de satélite,

comprova o incremento florestal, em especial, de APPs, e a dinâmica da Bacia

Hidrográfica (RUIZ, 2015).

O tema ainda é um dos gargalos dos esquemas de PSA: Avaliação e

monitoramento de PSA. O Brasil em 2012 foi palco do Congresso Internacional de

PSA no Estado de São Paulo e teve como tema central “Avaliação de Impacto e

Monitoramento socioeconômico ambiental.” O fomento, a troca de experiências e

diversos pesquisadores entre os protagonistas de projetos e iniciativas

fundamentadas no conceito de pagamento por serviços ambientais no Brasil e

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150

internacionalmente estiveram presentes. O relato final nos trouxe as dificuldades de

avaliação e monitoramento dos projetos de PSA no Brasil e demais Países que tem

efetividade dos esquemas de PSA hídrico.

6.1 Ranqueamento de indicadores de serviços ambientais

Indicadores podem ser definidos genericamente como “variáveis que

proporcionam informações agregadas sobre certos fenômenos” ((MÜLLER e

BURKHARD, 2012, apud NOVAES, 2014)

Segundo o MMA (2017) indicadores são informações quantificadas, de

cunho científico, de fácil compreensão usada nos processos de decisão em todos os

níveis da sociedade, úteis como ferramentas de avaliação de determinados

fenômenos, apresentando suas tendências e progressos que se alteram ao longo do

tempo. Permitem a simplificação do número de informações para se lidar com uma

dada realidade por representar uma medida que ilustra e comunica um conjunto de

fenômenos que levem a redução de investimentos em tempo e recursos financeiros.

Na literatura indicadores ambientais são estatísticas selecionadas que representam

ou resumem alguns aspectos do estado do meio ambiente, dos recursos naturais e

de atividades humanas relacionadas (MMA,2017)

Neste contexto esta linha de pesquisa passa a contribuir na avaliação e

monitoramento dos programas de PSA e realiza o ranqueamento de indicadores dos

serviços ambientais que foram ranqueados com tomadores de decisão e

pesquisadores da área de Pagamento por serviços ambientais e bacias

hidrográficas. O Ranqueamento e a seleção de indicadores de serviços ambientais

foram norteados no Projeto Mina d’Água da Secretaria de Estado do Meio Ambiente

do Estado de São Paulo. A descrição dos serviços ambientais hídricos aplicados na

microbacia do Rio Atibainha da Cidade de Piracaia/SP, uma das cidades escolhidas

pelo Programa Mina d’água que possui nascentes ligadas ao abastecimento público

em bacias hidrográficas desencadeou a metodologia da oficina. O ranqueamento

dos indicadores surgiu a partir de uma oficina elaborada para tomadores de decisão

na cidade de Piracaia com o objetivo de auxiliar na avaliação e monitoramento do

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151

Programa de PSA hídrico e posterior análise de pesquisadores para melhor

adequação dos indicadores.

A Oficina de Ranqueamento de indicadores dos Serviços Ambientais do

Projeto Mina d’Água realizada no dia 15 de dezembro do ano de 2016, no Sindicato

Rural da cidade de Piracaia, Estado de São Paulo, contou com a presença de 06

tomadores de decisão: técnicos da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, da

Prefeitura Municipal de Piracaia, do Sindicato Rural e do Conselho Municipal de

Meio Ambiente. A oficina teve como objetivo o ranqueamento de indicadores dos

serviços ambientais do Projeto Mina d’Água da Secretaria de Estado do Meio

Ambiente do Governo do Estado de São Paulo, como o indutor do projeto e

escolhido a cidade de Piracaia como estudo de caso para aplicabidade da oficina.

6.2 Entendendo o Projeto Mina d’Água

O Projeto Mina d’Água é o primeiro projeto de PSA de âmbito estadual

definido com base nos princípios do Programa de Remanescentes Florestais do

Estado de São Paulo.

Foi instituído pela Resolução SMA Nº.61, de 24 de junho de 2010,

posteriormente substituída pela Resolução SMA Nº.123, de 24 de dezembro de

2010, e tem como objetivo à proteção e a recuperação de nascentes em mananciais

de abastecimento público. O projeto Mina d’Água selecionou 20 Municípios para a

primeira fase do projeto, sendo 01 por UGRHI – Unidade Gerenciamento de

Recursos Hídricos. O Projeto foi oficializado em 2011, sendo uma modalidade de

Pagamento por Serviços Ambientais voltados a proteção de nascentes localizadas

nas áreas de abastecimento público. A implementação do Projeto Mina d’Água em

parceria com os Municípios em bacias hidrográficas vem de encontro com a

escassez de recursos naturais e a busca de soluções para o controle e exploração

sustentável dos bens e serviços ambientais.

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152

Os critérios utilizados para a seleção dos municípios participantes foi à

existência, nos quadros municipais, de equipe capacitada e motivada na área de

meio ambiente, não sendo necessária a criação de nova estrutura para se

encarregar das atividades do Projeto, além de localização dos municípios em áreas

prioritárias para a conservação, conforme indicado nos Planos de Bacia, e atuação

participativa dos municípios nos projetos ambientais estratégicos da SMA, tais como

o Município Verde Azul, o PRMC, o projeto Adote uma Nascente e o Pacto das

Águas.

A Resolução 123/2010 da Secretaria de Estado do Meio Ambiente de São

Paulo definiu as condições para implementação do Projeto Mina d’Água e a

cooperação entre a SMA e os Municípios. A valoração ambiental dos serviços para

proteção de cada nascente foi definida pelo custo oportunidade na região e

importância para o manancial. As condições em que se encontra a nascente (quanto

mais bem conservada maior será o pagamento) e da sua importância (quanto maior

a vazão e a população atendida, maior será o pagamento) para pagamento.

As ações para proteção de nascentes em mananciais de abastecimento

público devem incluir eliminação de fatores de degradação, execução de ações que

favoreçam a regeneração natural da vegetação, implantação de técnicas de

nucleação entre outras, plantio de mudas de espécies nativas, monitoramento e

vigilância.

Tabela 7 - Informações socioeconômicas dos municípios participantes da etapa

piloto do Projeto Mina d’Água

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Tabela 8 - Áreas prioritárias para implementação da etapa piloto do Projeto Mina d’Água

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154

Conforme a Instrução Normativa SMA Nº.01/2010 os Municípios elaboram

um plano de comunicação/divulgação do projeto. Além disso, a equipe municipal de

meio ambiente também é responsável por avaliar as inscrições, firmar os contratos

com os participantes aceitos, prover suporte técnico (com apoio da SMA), monitorar

o cumprimento das condições necessárias ao pagamento e efetuar os pagamentos e

monitorar despesas com o gerenciamento municipal do projeto.

A adesão aos projetos de PSA é voluntária e formalizada através de

contratos renováveis entre o produtor e a Prefeitura Municipal, cujos prazos de

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155

duração não serão inferiores a dois nem superiores à cinco anos. Os pagamentos

estão condicionados ao cumprimento das obrigações estabelecidas em contrato,

observadas por meio de vistorias técnicas e relatórios realizados por equipes das

Prefeituras Municipais.

Para cálculo dos valores a serem pagos, foi adotado a seguinte

metodologia:

Valor do pagamento = V Ref x (F Prot + F Imp) x 0,2, onde: V Ref: VALOR DE REFERÊNCIA F Prot: FATOR DE PROTEÇÃO DA NASCENTE F Imp: FATOR DE IMPORTÂNCIA DA NASCENTE

Tabela 9 - Coeficientes do fator de proteção da nascente

Para realização da oficina e ranqueamento dos indicadores de serviços

ambientais a cidade de Piracaia foi escolhida, sendo uma das poucas cidades que

ainda atuam com o Projeto Mina d’Água.

6.3 Conhecendo a cidade de Piracaia

A cidade de Piracaia faz parte do Projeto Mina d’Água e da Bacia

Hidrográfica do PCJ – Piracicaba, Capivari e Jundiaí. As bacias dos Rios Piracicaba,

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156

Capivari e Jundiaí possuem 15.503 km² que estão em sua maior parte no Estado de

São Paulo (92.6%) e o restante (7,4%) no Estado de Minas Gerais. As Bacias PCJ

são compostas por 76 municípios, dos quais 61 têm sede na região. Desses, 57

estão no estado de São Paulo e 4 em Minas Gerais. Dos municípios que têm

território na região PCJ e sede em outras bacias, 14 estão no Estado de São Paulo e

1 em Minas Gerais. Com aproximadamente 5 milhões de habitantes, a região é

considerada uma das mais importantes do Brasil devido ao seu avançado

desenvolvimento econômico, representando cerca de 7% do Produto Interno Bruto

(PIB) Nacional.

Segundo dados da Prefeitura Municipal de Piracaia (2017) é considerada

uma cidade interiorana onde a economia é voltada para agropecuária, sendo os

principais produtos hortifrutigranjeiros, silvicultura, floricultura, gado de leite e corte.

Há indústrias de confecção de roupas, calçados, embalagens plásticas, tijolos,

bebidas e são plantados em pequenas áreas, cogumelos, legumes, verduras, flores

e cana. Também há a criação de avestruz, granja de frangos e fruticultura. O

município limita-se com as cidades de Atibaia, Bom Jesus dos Perdões, Bragança

Paulista, Igaratá, Joanópolis e Nazaré Paulista, possuindo uma área de 385 km²

com cerca de 25.000 habitantes segundo dados do IBGE 2010. Piracaia situa-se a

uma altitude de 817m, com latitude: 23º 03’ 12’’ Sul e longitude 46º 21’ 31’’ Oeste.

Quanto ao relevo, a área de Piracaia pertence à porção Sul dos Planaltos

da Serra do Mar, região que serve como divisor d’águas entre as Bacias do Rio

Paraná e Paraíba, onde se desenvolve um relevo de Morros com Serras Restritas

com altitudes variando entre 800 e 950 metros. Os solos da região possuem baixo

potencial de utilização agrícola principalmente devido às propriedades físicas dos

solos, suas concentrações de alumínio e relevo montanhoso (IBGE, 1997). Desta

forma, o atual uso do solo na região restringe-se a atividades pastoris

(principalmente gado) e silviculturais (Eucalipto) para a produção de lenha e carvão.

O clima local indica uma precipitação anual média de 1.440 mm, com estação seca

entre Junho e Agosto (DAEE/SP, 2008). Contudo, a precipitação pode ser maior na

região da represa (mais a leste da cidade) onde os valores podem ultrapassar 1.700

mm/ano (CETEC, 2000).

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157

Em relação à vegetação, pode-se dizer que se trata de uma Área de

Tensão Ecológica (contato entre tipos de vegetação), caracterizada principalmente

pelo contato entre a Floresta Ombrófila Densa (FOD) e a Floresta Estacional

Semidecidual (FES) (PREFEITURA DE PIRACAIA, 2017).

Nos limites do território de Piracaia corta o Rio Cachoeira que é integrante

da bacia do Piracicaba. Este rio é considerado de dominialidade federal. O município integra

três represas de grande importância para o abastecimento da Região Metropolitana

de São Paulo, as represas do Rio Cachoeira, Atibainha e Jaguari/Jacareí com

aproximadamente 50 km² de área coberta e 2,5 bilhões de m³ de água.

Os serviços ambientais de saneamento rural, conservação do solo,

produção de água, proteção e reflorestamento em área de proteção permanente são

praticados na cidade de Piracaia pelos produtores rurais. Estes serviços ambientais

foram relacionados na estrutura do método proposto.

Conforme informações da Prefeitura Municipal de Piracaia (2017) a

cidade de Piracaia foi escolhida para ser representante das Bacias Hidrográficas do

PCJ.

O Projeto está sendo executado com recursos do FECOP – Fundo

Estadual de Prevenção e Controle da Poluição e, é parte integrante do Banco de

Boas Práticas do Programa Município VerdeAzul:

http://www.ambiente.sp.gov.br/municipioverdeazul/banco-de-boas-praticas/

http://www.ambiente.sp.gov.br/municipioverdeazul/files/2016/07/Projeto-de-

Pagamento-por-Servi%C3%A7os-Ambientais-Mina-D%C2%B4%C3%81gua-

Piracaia.pdf

O primeiro edital lançado em 2012 através da Chamada Pública 02/2012

resultou em 17 proprietários inscritos e 38 nascentes. Ao final do processo foram

assinados 9 contratos (7 proprietários) totalizando 18 nascentes. Em 2014, esses

proprietários receberam o 1º pagamento por preservarem as nascentes de suas

propriedades. Em outubro de 2015 foi feito o 2º pagamento. Atualmente foram feitas

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novas vistorias a fim de comprovar o cumprimento do plano, sendo 3º pagamento

realizado em novembro de 2016. O valor total de cada pagamento R$4.125,00.

O segundo edital lançado em 2015 através da Chamada Pública 02/2015

foram inscritas 22 propriedades e 51 nascentes. Encontra-se em análise no

FECOP/SMA para autorização da assinatura dos contratos com os proprietários das

nascentes. Desde setembro de 2016 encontra-se em análise na SMA a solicitação

de aditamento do convênio Prefeitura/SMA para dar continuidade ao Projeto. A

Figura 23 demonstra as nascentes da cidade de Piracaia.

Figura 23 - Nascentes cadastradas no Projeto Mina d’Água – Cidade de Piracaia

(Fonte:CBRN/SMA)

6.4 A proposta dos indicadores de serviços ambientais

A proposta da criação dos indicadores de serviços ambientais do

Programa Mina d’Água foram ranqueados na Oficina com tomadores de decisão no

dia 16 de dezembro do ano de 2016 no Sindicato Rural da Cidade de Piracaia, São

Paulo.

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159

A oficina foi elaborada como proposta da linha de pesquisa e contou com

a participação de técnicos da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e da Prefeitura

Municipal de Piracaia e membros do Conselho Municipal de Meio Ambiente e do

Sindicato Rural. No auxílio à oficina e abrangência da linha de pesquisa

pesquisadores da área e alunos do curso da Faculdade de Engenharia Ambiental

Piaget contribuiram para realização da referida oficina.

Os serviços ambientais praticados na Cidade de Piracaia nortearam a

metodologia de trabalho, contribuindo com a estrutura, função e benefício.

Para o ranqueamento dos indicadores dos serviços ambientais foi

utilizado o modelo conceitual de análise em cascata que é um diagrama que faz

distinção entre estruturas ecológicas e processos criados ou gerados por

organismos vivos e os benefícios que as pessoas eventualmente derivam. O ponto

chave é que a cascata faz ligação entre as duas extremidades de uma cadeia de

produção (YOUNG et al., 2010; MARTIN-LOPEZ et al, 2013) A exemplificação de

uma presença de estruturas ecológicas como florestas e zonas úmidas numa bacia

hidrográfica pode ter a capacidade (função) de retardar a passagem das águas

superficiais. A função destacada tem o potencial de modificar a intensidade da

inundação. Em outro ponto se esta função é considerada como um serviço apontará

como um benefício.

Os serviços ecossistêmicos e funções (processos) nem sempre

apresentam uma relação biunívoca, pode ser que um único serviço ecossistêmico

será o produto de duas ou mais funções, ou uma única função gerar mais que um

serviço ecossistêmico (COSTANZA et al, 1997).

Para entender melhor o método cascata utilizou-se a definição da

Embrapa Solos (2013) que considera a estrutura que representa a capacidade do

meio biofísico prover um determinado serviço ambiental. É na estrutura que as

intervenções poderão ser feitas através de ações antrópicas, sendo que nestas

estruturas estão concentradas as ações dos projetos de PSA que são praticados na

cidade de Piracaia. No item a função desempenhada pela estrutura, considerou-se a

relação com os serviços ambientais realizados pelos produtores rurais da cidade de

Piracaia. As funções foram destacadas em todas as estruturas e os tomadores de

decisão elegeram com maior aderência ao serviço ambiental dentro da perspectiva

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160

de um PSA. Os pesquisadores que auxiliaram na primeira etapa da oficina

propuseram que as funções estivessem destacadas em todas as estruturas, pois se

relacionam uma com a outra e para o entendimento dos tomadores de decisão

ficaria mais claro para análise e ranqueamento dos indicadores. Os

benefícios/impactos que são gerados por essas funções representam o impacto da

provisão dos serviços ambientais que resultam do funcionamento ecossistêmico

(funções) trazendo o bem estar para sociedade (EMBRAPA, 2013).

Segundo Young et al.(2013) a ideia importante que o conceito de cascata

destaca é que os serviços não existem isolados das necessidades das pessoas.

Temos de ser capazes de identificar um beneficio ou beneficiário específico para

podermos dizer claramente o que é ou não é um serviço. A Figura 24 demonstra o

modelo conceitual para o ranqueamento dos serviços ambientais.

Figura 24: Modelo conceitual para ranqueamento de indicadores de serviços

ambientais. O retângulo vermelho indica a área de atuação do projeto PSA Água.

Modificado a partir de Haines-Young; Potschin (2010); Martin-Lopez et.al. (2013);

Embrapa Solos (2013).

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161

O Modelo da estrutura foi desenvolvido observando os serviços

ambientais que são realizados pelos produtores rurais no Projeto Mina d’Água,

sempre ponderando o objeto do referido programa que é preservação de nascentes

ligadas a mananciais para abastecimento público.

As estruturas Manejo do Solo, Cobertura Vegetal e Saneamento Rural

foram objetos de análise pelos tomadores de decisão em conjunto com as funções e

benefícios.

6.5 Desenvolvimento da Oficina

Para realização da oficina convidamos pesquisadores da área de PSA e

bacias hidrográficas para auxílio na proposta dos indicadores de serviços

ambientais. Posterior análise e fundamentação teórica do modelo conceitual para o

ranqueamento dos indicadores conforme proposto e modificado a partir de Haines-

Young; Potschin (2010); Martin-Lopez et.al. (2013); Embrapa Solos (2013). A

proposta dos indicadores foi elaborada observando os serviços ambientais

praticados pelos produtores rurais na cidade de Piracaia, São Paulo. A construção

dos indicadores e a formatação da proposta desencadearam a oficialização da

oficina no mês de dezembro do ano de 2016. Os trabalhos duraram cerca de seis

meses.

A Figura 25 participantes da oficina de ranqueamento indicadores de

serviços ambientais do Projeto Mina d’Água na Cidade de Piracaia, São

Paulo.

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162

Figura 25 - Participantes da Oficina de ranqueamento de indicadores de serviços

ambientais do Projeto Mina d’Água.

No dia da oficina os tomadores tiveram uma apresentação de slides sobre

PSA, o objeto da linha de pesquisa sobre PSA Hídrico e o estudo de caso da Cidade

de Piracaia do Projeto Mina d’Água. Posteriormente, foi enfocada a metodologia,

critérios, as notas para o ranqueamento dos indicadores dos serviços ambientais.

Os tomadores de decisão foram divididos em três grupos conforme a

estrutura dos serviços ambientais: manejo do solo, cobertura vegetal e saneamento

rural. Figura 26 - Desenvolvimento da oficina de ranqueamento de indicadores de

serviços ambientais.

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163

Figura 26 - Desenvolvimento da oficina de ranqueamento de indicadores de serviços

ambientais

A oficina contou com 06 participantes e que foram divididos por igual

número nos grupos. Os tomadores de decisão é que escolheram os temas dos

grupos por familiaridade com o assunto.

Além dos tomadores de decisão para realização da oficina foram

convidados especialistas da área e estudantes da Faculdade de Engenharia

Ambiental da Piaget da cidade de Suzano que colaboraram com os grupos em

informações.

A seleção dos indicadores de serviços ambientais foi construída com os

pesquisadores para ser aplicada na oficina.

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164

6.6 Critérios para Seleção dos indicadores

Os indicadores são utilizados para várias propostas, sendo necessário

definir critérios para sua seleção.

O melhor conjunto de indicadores depende dos objetivos do trabalho, que

são definidos em função das necessidades dos usuários (OECD, 1994).

Os critérios podem descrever um indicador ideal, dificilmente são

encontrados na prática. Portanto, embora sejam indicativos de qualidade, não

devem ser considerados de forma absoluta, sem uma análise mais detalhada do

contexto em que os indicadores são utilizados (OECD, 2003; Embrapa Solos, 2013).

A Figura 27 - Oficina de ranqueamento de indicadores de serviços ambientais na

cidade de Piracaia, São Paulo.

Figura 27 - Oficina de ranqueamento de indicadores de serviços ambientais na

Cidade de Piracaia, São Paulo.

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165

No caso da oficina o conjunto de critérios seguiu o modelo proposto pela

Embrapa Solos (2013) e modificado de acordo com a linha de pesquisa. De acordo

com cada estrutura proposta, função e benefícios, elencamos os três critérios:

1. Relevância – o quanto o indicador é importante e sensível na avaliação do item da

estrutura, função e benefício.

2. Viabilidade – custo e facilidade de obtenção e de análise do indicador,

disponibilidade para atender à frequência adequada de análise, infraestrutura

necessária e outros.

3. Clareza – facilidade de compreensão, comunicação, simplicidade pelo tomador de

decisão. O quão claro determinado indicador mostra determinado fenômeno.

As notas atribuídas foram: (0) zero; (1) pouca aderência; (2) média

aderência e (3) muita aderência do indicador em relação ao critério estabelecido

(modificado Embrapa Solos, 2013).

Também foram esclarecidos aos tomadores de decisão que poderiam

sugestionar novos indicadores seguindo a nomenclatura estabelecida: estrutura,

função e benefício.

6.7 Resultado da oficina

As fichas de cada participante foram tabuladas e entregues ao final da

oficina.

A somatória dos critérios aos indicadores de estrutura, função e benefício,

indicaram os 03 primeiros selecionados com a máxima de notas dentre cada grupo

proposto.

Na apresentação dos indicadores de serviços ambientais ranqueados

entre os tomadores de decisão, foi possível avaliar a dinâmica e conhecimento de

cada participante referente ao Projeto Mina d’Água.

Posteriormente, foi sugerido aos participantes que deveríamos ter uma

segunda etapa com pesquisadores da área para entendimento dos indicadores

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166

ranqueados na oficina para melhor condição de aplicabilidade e mensuração. A

Figura 28 demonstra os participantes da Oficina de ranqueamento de indicadores de

serviços ambientais do Projeto Mina d’Água na cidade de Piracaia, São Paulo.

Figura 28 - Participantes da Oficina de ranqueamento de indicadores de serviços

ambientais do Projeto Mina d’Água na cidade de Piracaia

6.8 Segunda etapa do Ranqueamento dos indicadores de serviços ambientais

A segunda etapa foi realizada no dia 19 de janeiro do ano de 2017, às

10h00, no prédio da Faculdade de Engenharia Civil da Unicamp com pesquisadores

convidados para avaliarem os indicadores ranqueados na oficina. No inicio houve

intenso debate entre os pesquisadores do que seria o objeto do Projeto Mina d’água

em razão das bacias hidrográficas.

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167

O Projeto Mina d’Água é um piloto de PSA desenvolvido pela Secretaria

de Estado do Meio Ambiente do Governo de São Paulo, onde elenca um Município

por Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos (UGRHI) para o

desenvolvimento de serviços ambientais, visando a proteção de nascentes ligadas a

mananciais de abastecimento público.

Entre todos os pesquisadores ficou bem claro que seria muito difícil

avaliarmos os indicadores propostos por conta da amplitude da bacia hidrográfica,

sendo que teríamos somente um município desenvolvendo em pequena escala os

serviços ambientais “todo serviço prestado pelos produtores rurais não apareceriam

na bacia hidrográfica, seria ínfimo”, teríamos que ter vários municípios participando

do Projeto para avaliar a dinâmica da Bacia Hidrográfica. A Figura 29

Pesquisadores da segunda etapa da oficina de ranqueamento de indicadores de

serviços ambientais.

Figura 29 - Pesquisadores na segunda etapa da oficina de ranqueamento de

indicadores de serviços ambientais

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168

Ponderou-se que para avaliação do Projeto Mina d’Água realizando o

ranqueamento de indicadores de serviços ambientais na área de contribuição da

APP da nascente nas propriedades já praticadas os serviços ambientais pelos

produtores rurais na cidade de Piracaia.

Os indicadores ranqueados foram elencados de acordo com a

necessidade de realização e aplicação. O Quadro 7 apresenta o resultado dos

indicadores do grupo Manejo do Solo.

ESTRUTURA FUNÇÃO BENEFÍCIO

% de propriedades que

mantém o solo exposto

Diminuição do

assoreamento

Relação

disponibilidade/demanda de

água para produção agrícola

% propriedades que

praticam agricultura

orgânica

Queda da turbidez Biodiversidade aquática

% de propriedades que

utilizam fertilizantes

Fósforo total / Nitrogênio

Total

Estimativa de recarga de

água subterrânea

Quadro 7 – Indicadores de serviços ambientais - Manejo do solo

O Quadro 8 demonstra o resultado dos indicadores do grupo Cobertura Vegetal.

ESTRUTURA FUNÇÃO BENEFÍCIO

% mata nativa

preservada

Diminuição do

assoreamento

% pessoas/domicílios com

acesso à água para consumo

% de cobertura de mata

ciliar

Melhoria da infiltração no

solo

Capacidade de autodepuração

% reflorestamento com

nativas

Queda da temperatura Relação

disponibilidade/demanda de

água para produção agrícola

Quadro 8 – Indicadores de serviços ambientais - Cobertura Vegetal

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169

O Quadro 9 demonstra os indicadores que foram ranqueados do Grupo

Saneamento Rural.

ESTRUTURA FUNÇÃO BENEFÍCIO

Instalações sanitárias

(privadas, ou similar) por

habitante da propriedade

% de doença de

veiculação hídrica

Biodiversidade aquática

Tipologia de saneamento

nas propriedades (em %):

1 – a céu aberto ; 2 –

fossos sem controle ; 3 –

rede de esgoto ou fossas

sépticas (ONU)

Queda da turbidez

Capacidade de

autodepuração

Instalação sanitária animal

Nitrogênio Total

% doença de veiculação

hídrica

Quadro 9 – Indicadores de serviços ambientais - Saneamento Rural

A delimitação da área a ser aplicado o indicador foi considerada os fatores do

ecossistema responsável pela oferta do serviço e a área de acesso ao serviço

ecossistêmico, tanto pelo projeto quanto pelos outros atores sociais envolvidos

(MUNK, 2015). Com os indicadores definidos foi realizado o levantamento inicial

para demonstração dos serviços ambientais e auxilio na avaliação dos impactos do

projeto Mina d’Água.

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170

6. 9 Aplicando o Indicador

Indicador: % reflorestamento com nativas

Para aplicação do indicador % reflorestamento com nativas foi verificado

experiências internacional e nacional como alguns autores ANZECC (2000) e

Fairweather (1998). Os estudos sobre a evolução da vegetação natural e do

reflorestamento no Estado de São Paulo tiveram início com os trabalhos elaborados

por Borgonovi et al. (1962), Chiarini et al. (1967) e Serra Filho et al. (1974) apud

Correa (2007). A mensuração de áreas, com vegetação remanescente natural e

áreas recuperadas, pode ser realizada com auxílio de fotos aéreas, imagens de

satélite, ou estudos já consolidados como Atlas do Projeto Biota-FAPESP no Estado

de São Paulo. No monitoramento, portanto, é feita a comparação entre mapas

elaborados a partir de imagens que permitem inferências retrospectivas na análise

de séries temporais para conhecimento das razões históricas que deram origem às

modificações eventualmente constatadas no presente. Na análise entre produtos

obtidos em diferentes datas deve-se atentar às mudanças causadas por fatores

diferentes daqueles decorrentes das alterações do uso do solo, como, por exemplo,

técnicas de mapeamento ou sistemas de classificações diferentes. Contudo, é

importante ressaltar que o monitoramento deste indicador deve ser contínuo,

permitindo a avaliação da evolução do reflorestamento na propriedade rural. Para

aplicabilidade do indicador % reflorestamento com nativas foi escolhido

aleatoriamente uma propriedade rural que realizou o plantio de 1.484 árvores nativas

participante do Projeto Mina d’Água. A Figura 30 demonstra a Propriedade Pupim -

Ano 2016.

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171

Figura 30 – Imagem da Propriedade Pupim - Ano 2016 (Fonte: Google Earth, 2017)

A Figura 31 demonstra a propriedade Pupim em 2014 (início do Projeto PSA).

Figura 31 – Imagem da Propriedade Pupim - Ano 2014 (Fonte: Google Earth, 2017)

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172

A Figura 32 demonstra a imagem da Propriedade Pupim elaborada no

DATAGEO/SMA/SP.

Figura 32 – Propriedade Pupim Ano 2014 (Fonte: DATAGEO/SMA, 2017)

Figura 33 - Mapa aéreo da propriedade localizando a nascente

Figura 33 - Mapa aéreo da propriedade localizando a entrada da propriedade (F05P)

e a nascente N01 (F05N01)

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173

A Figura 34 demonstra a propriedade Pupim e seu perímetro de reflorestamento de

nativas.

Figura 34 – Propriedade Pupim Ano 2017 (Fonte: Google Earth, 2017)

Cada árvore adulta ocupa em média 4m² de diâmetro (COUTO, H. T. 1989)

Calculando: plantio de 1.484m x 4m² = 5.936m² (0,593ha)

Área: 77,045m x 77,045m = 5.936m² (0,593ha)

Algumas espécies de árvores ainda estão em fase de crescimento, sendo

necessário pesquisar a idade média de cada espécie e o provável diâmetro das

árvores em fase adulta e o tempo de maturação. Nesta perspectiva, tempo de

maturação e diâmetro das espécies, no futuro, essa vegetação poderá ocupar uma

área de 0,593ha. Este valor de 0,593ha refere-se a 14,83% da área total. Se a área

estava sem nenhuma vegetação, entende-se que para haver 100% de cobertura

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174

vegetal, o proprietário deverá replantar 8.525 mudas. A Figura 35 demonstra o Mapa

da cidade de Piracaia e a Microbacia Cachoeira.

Figura 35 – Mapa da cidade de Piracaia – Microbacia Cachoeira (Fonte: Marcos

Timoteo Rodrigues de Sousa, 2017).

Figura 36 – Árvores na Propriedade Pupim (Fonte: Autoria própria, 2017)

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175

Figura 37 – Árvores na Propriedade Pupim (Fonte:Autoria própria, 2017)

Figura 38 – Árvores na Propriedade Pupim (Fonte:Autoria própria, 2017)

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Figura 39 – Árvores na Propriedade Pupim (Fonte:Autoria própria, 2017)

Figura 40 – Árvores na Propriedade Pupim (Fonte:Autoria própria, 2017)

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177

6.10 Indicador de Saneamento Rural

A universalização do saneamento ambiental é uma meta prevista na Lei 11.445/

2007 para os Municípios de todo o Brasil e um dos grandes problemas a ser

enfrentado e principalmente na área rural. Em consulta ao Departamento do Meio

Ambiente da cidade de Piracaia cita que no ano de 2013 foi elaborado o Relatório

Final do Plano de Saneamento Básico. Os dados do relatório de saneamento não

apontam projetos na zona rural. Na coleta de informações o Departamento de Meio

Ambiente cita que solicitou a ANA um projeto para avaliação no Programa Produtor

de Água prevendo barraginhas e fossas sépticas para 30 propriedades da

Microbacia do Quatro Cantos.

Dentre os indicadores de saneamento ambiental apresentados nesta linha de

pesquisa foram escolhidos os da estrutura para fácil entendimento e base de

parâmetros para pesquisa de campo.

A metodologia aplicada abrange a cobertura por coleta e fossas sépticas (número de

propriedades rurais atendidas por rede de coleta e/ou fossas sépticas, fossos sem

controle e a céu aberto do total de propriedades) e instalações sanitárias animais.

Neste estudo apropriou-se de informações na visita de 05 propriedades rurais de

Piracaia que estão inseridas no Projeto Mina d’Água.

Figura 41 – Tipologia de Saneamento nas propriedades (em %) (Fonte: Autoria

própria, 2017)

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178

Para entendimento do cálculo:

2 / 5 * 100 = 40% dos projetos tem fossa séptica;

2 / 5 * 100 = 40% dos projetos tem fossos sem controle;

1 / 5 * 100 = 20% dos projetos não possuem saneamento

.

Figura 42 – Tipologia de Saneamento nas propriedades (em %) (Fonte: Autoria

própria, 2017)

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179

Figura 43 – Instalações Sanitárias (Privadas, ou similar) por Habitante da

Propriedade (Fonte: Autoria própria, 2017)

Figura 44 – Instalação Sanitária Animal (Fonte:Autoria própria, 2017)

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180

7. DISCUSSÃO

Esta pesquisa surgiu da necessidade de se avaliar os arranjos

institucionais de PSA Água no Brasil através de experiências internacionais, como

os atores participam e a contribuição para as bacias hidrográficas no contexto da

produção de água. A troca de experiências com outros especialistas da área de PSA

integrantes da Rede Iberoamericana de Pagamento por Serviços Ambientais, fez

com que esta pesquisadora buscasse experiências no setor energético do Brasil, a

contribuição de empresas de energia, as hidrelétricas que estão nas bacias

hidrográficas e necessitam de água para produção de energia elétrica para o País.

No tocante a gestão de recursos hídricos com a participação desta pesquisadora

desde 1998 no Comitê de Bacia Hidrográfica do Alto Tietê e no SubComitê do Alto

Tietê Cabeceiras que integra o sistema produtor de água, com a nascente do Rio

Tietê localizada na cidade de Salesópolis. O tema água sempre foi uma

preocupação e um desafio entre os gestores públicos e a sociedade civil, o impasse

entre obras como o caso da transposição do Rio São Francisco e o enfrentamento

da escassez hídrica como foi o caso da região da Cantareira e do Alto Tietê

Cabeceiras no Estado de São Paulo. O modelo de gestão de recursos hídricos ainda

que se assemelhe ao modelo francês tem vários entraves e necessidade de

conhecer melhor os atores que integram os comitês de bacias hidrográficas. Na

prática a discussão sobre água e os avanços de leis que integram o sistema e as

alternâncias de composição ainda nos custa à morosidade e a integração. Tem se

ainda, a falta de conhecimento e a preocupação com o tema água. Esta

pesquisadora participou e contribuiu com a lei específica do SubComitê do Alto Tietê

Cabeceiras e com conhecimento do pagamento por serviços ambientais solicitou a

membros que introduzissem este mecanismo para que com a futura cobrança da

água o próprio subcomitê tivesse um programa semelhante como do Comitê do PCJ.

As mudanças de retirada de manancial como o caso do Rio Guaió que mesmo

estando na Lei de Proteção aos Mananciais os membros viram que não poderia

adentrar na lei específica porque não era um manancial utilizado para abastecimento

público. No ano de 2015 presenciei a inauguração do sistema Guaió-Taiaçupeba e

esta pesquisadora participou na construção do Projeto de Lei específica da Bacia do

Rio Guaió. Por outro lado a falta do conhecimento do tema pagamento por serviços

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181

ambientais e como de fato ocorre esta transação? a quem pagar? e o recurso

provem de qual origem? e porque pagar?

Diante desta expectativa e de um instrumento já sendo utilizado em vários

países e na cidade de Extrema em Minas Gerais sendo a pioneira no Brasil, este

autor buscou experiência em Congresso Internacional tendo como referência a

Agência Nacional de Água com o Programa Produtor de Água que destacava em

2010 no seu site institucional a chamada do Congresso Internacional de PSA em

Barcelona, posterior em 2011 no México e em 2012 no Brasil.

A hipótese central deste trabalho é que a aplicabilidade do Pagamento

por Serviços Ambientais em áreas de recursos hídricos no Brasil auxilia na proteção

das bacias hidrográficas, no planejamento ambiental garantindo qualidade e

quantidade de água e que neste contexto produtores rurais recebam incentivos para

garantir a preservação dos mananciais.

Neste capítulo, vamos desenvolver a análise dos capítulos apresentados

a luz da teoria e referências apresentadas nos estudos sobre pagamento por

serviços ambientais-água organizados nas bacias hidrográficas, e poderemos

verificar a empregabilidade do desenvolvimento de projetos que estão em

desenvolvimento no Brasil e alguns países, observando o aspecto legal que

desencadeou os esquemas locais.

Reordenando os capítulos, descrevemos sobre a teoria dos serviços

ambientais e bacias hidrográficas, a relação entre água e floresta tão ainda discutida

no meio científico. Tratou da revisão da literatura a cerca da terminologia serviços

ambientais e hidrológicos.

Dentro do aspecto da gestão de recursos hídricos e energia nos trouxe a

necessidade de ampliar a discussão sobre este tema, onde ainda ouvimos que a

“água nasce na represa” por muitos que são ligados à área de hidrelétricas. Neste

tópico podemos conhecer melhor os mercados, a valoração e a proposta de

esquema para o setor hidrelétrico. A questão do tópico aspecto legal, a legislação

ainda tão incipiente no Brasil e com algumas experiências municipais e estaduais e

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182

avanço em alguns países da América Latina. Outro ponto que foi tratado sobre a

criação de Rede Brasileira, aspectos voltados à mobilização e o envolvimento dos

atores.

O tópico que se restringe ao monitoramento e avaliação dos serviços

ambientais nos trouxe um dos gargalos do PSA que é tanto discutido nos programas

do Brasil e América Latina que somente apresentam o cumprimento dos contratos

com os provedores. Neste capítulo foi apresentada a proposta de indicadores de

serviços ambientais no Projeto Mina d’Água que foram ranqueados com tomadores

de decisão, tendo como estudo de caso a cidade de Piracaia que participa do

referido projeto.

Para evolução da discussão, vamos analisar os pontos discorridos na

questão da aplicabilidade do pagamento por serviços ambientais nas bacias

hidrográficas, o que irá subsidiar a nossa discussão.

7.1 Serviços prestados pelas florestas nas bacias hidrográficas

Neste tópico os autores apresentam que as florestas são provedoras de

serviços ambientais em proteção de bacias, que a degradação de escassez de uma

prejudica a existência da outra. Há uma percepção geral dos benefícios e muitas

incertezas quanto ao papel das florestas na produção de água para os rios em

quantidade e qualidade.

Podemos elencar a cerca da literatura apresentada e as informações

científicas:

O Quadro 10 demonstra os Serviços hidrológicos e florestais

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183

Serviços

hidrológicos

Papel da floresta Causas /consequências

Interação na bacia:

geologia, clima,

topografia, solos,

vegetação, corpos

d’água e gestão.

Provedora de serviços ambientais:

regulação do fluxo de água, manutenção

da qualidade da água, controle de erosão

e sedimentação, redução da salinidade de

terras e regulação do lençol freático e

manutenção do habitat aquático

a) O tipo de vegetação tem grande

influência na distribuição da água em

um manancial. Estudar sua

influência: interceptação, precipitação

interna, escoamento pelo tronco e

fluxos de água no solo e não

somente o deflúvio final da bacia.

Quadro 10 – Serviços Hidrológicos e Florestais (Fonte:Autoria própria, 2017)

Demonstrado este tópico relatamos outro ponto de discussão da relação

água e energia, os mercados como funcionam e os pagamentos dos serviços. O

setor hidrelétrico que é uma atividade importantíssima para geração de energia

elétrica e seu comportamento perante o pagamento por serviços ambientais.

7.2 O mercado de PSA e o arranjo institucional de energia

O Quadro 11 demonstra o Mercado de PSA e energia.

Valoração Ambiental /Custo oportunidade:

Valor a ser pago ao produtor dos serviços ambientais com base

no que ele poderá gerar de renda utilizando determinada área,

garantindo a preservação.

Desafios: Valor de mercado / considerar

custos de transação em relação a escassez

da água; água como recurso comum

Mercado de PSA

Transação voluntária onde um serviço ambiental bem definido é

comprado por um comprador de serviço ambiental de um

vendedor de serviço ambiental

Desafios: múltiplos usos (geração de

energia, irrigação e abastecimento público)

Projetos PSA: ignoram a relação física entre

o uso do solo, da floresta e seus efeitos

sobre água

Energia /setor hidrelétrico

Beneficiárias dos serviços ambientais hidrológicos

A qualidade e quantidade de água produzida por propriedades

rurais afetam o desempenho e a vida útil

Desafios: Mecanismo voluntário de PSA

Quadro 11 – Mercado de PSA e Energia (Fonte: Autoria própria, 2017)

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184

Após análise de vários capítulos temáticos adentramos ao mérito de

discutir a questão do aspecto legal do PSA no Brasil, conhecendo as experiências

brasileiras e destacando experiências de alguns países estrangeiros.

7.3 Experiências Brasileiras e estrangeiras de PSA

O Quadro 12 demonstra o aspecto legal e PSA

Política Nacional de Recursos

Hídricos

Gestão tripartite

Plano de Bacia Hidrográfica

Cobrança pelo uso da água

Desafios: inserção do

PSA nos Planos de

bacia Hidrográfica

ICMS Ecológico Instrumento econômico

instituído a pagar pelos serviços

da floresta em pé

Desafios: utilização

do recurso para o

PSA

SNUC (Lei 9.985/2000) Art.47 e 48 prevê contribuição

financeira de empresas

beneficiárias dos recursos

hídricos protegidas por UC’s

Desafios: potencial

desenvolvimento

utilizando os recursos

para projetos de PSA

PSA Projeto de lei Política Nacional dos Serviços

Ambientais - PNSA

Desafios: unificação

dos projetos de leis;

Necessidade do

avanço no legislativo

e diálogo com o

executivo

Quadro 12 – Aspecto Legal e PSA (Fonte: Autoria própria, 2017)

As experiências brasileiras de projetos de PSA. Iremos citar algumas experiências

internacionais para análise da discussão.

O Quadro 13 demonstra as experiências PSA Hídrico Brasil.

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185

PSA no Brasil Aspecto Legal Objetivo Aspectos

Projeto Conservador das

Águas – Extrema(MG)

Lei Municipal Nº2.100/2005

Aumentar a cobertura

vegetal nas sub-bacias

hidrográficas

Proprietários rurais;

voluntariedade;

práticas e manejos

propostos;

pagamentos

durante e após

implantação do

projeto.

Programa Produtor de

Água - ANA

Melhoria da qualidade e

quantidade de água em

mananciais

Proprietários rurais;

adesão voluntária;

incentivo financeiro

para o pagamento

PCJ – Bacia Piracicaba,

Capivari e Jundiaí

Plano da Bacia 2007/2010 Conservação do solo e

reflorestamento ciliar

Proprietários rurais;

utilização do

recurso da cobrança

pela água

Programa ProdutorES de

Água – Espirito Santo

Lei Estadual 8995/2008,

Decreto Estadual nº2168-

R/2008

FUNDAGUA

Melhoria da qualidade das

águas; elevar a cobertura

vegetal

Proprietários rurais;

custo oportunidade

na Unidade de

Referência do

Tesouro Estadual

(VTRE)

Programa Mina d’Água Lei da Política de

Mudanças Climáticas –

PEMC Nº13,798/2009 –

Decreto Nº55.947/2010

FECOP

Proteção das nascentes em

bacias hidrográficas

Parceria com os

Municípios; Bacias

hidrográficas;

propriedades rurais;

custo oportunidade

da região

Projeto Oásis Privado Conservação das áreas

naturais; práticas

conservacionistas do solo

Proprietários de

áreas naturais;

Recursos Privados

Quadro 13 - Experiências PSA Hídrico Brasil (Fonte: Autoria própria, 2017)

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186

O Quadro 14 demonstra as experiências internacionais Hídrico PSA.

País Aspecto Legal Aspectos

Costa Rica (pioneiro no

PSA)

Lei Florestal 7575/97 –

FONAFIFO

Proprietários de bosques

e plantações florestais;

impostos dos

combustíveis; convênio

com entidades públicas e

privadas

Equador FONAG - 1997 Conservação dos recursos

hídricos (agricultores e

pecuaristas)

Nova Yok Plano de Manejo dos

mananciais

Programa voluntário;

proprietários rurais;

cobertura florestal

México Programa PSA

Hidrológico em 2007

Produtor rural;

conservação de floresta;

áreas de recarga de

aquíferos, margens de rios

e lagos

Quadro 14 – Experiências Internacionais Hídrico PSA (Fonte: Autoria própria, 2017)

As experiências brasileiras tanto como internacionais estão baseadas na

conservação dos recursos hídricos e cobertura vegetal. Alguns projetos relatam a

preocupação com o recurso hídrico e o custo oportunidade para pagamento aos

proprietários de terra. Experiências internacionais relatam a iniciativa privada como

principal indutora do PSA, em outros casos o próprio Governo criando a base legal

para prática do PSA. Segundo Porras et. al. (2012) a ausência de monitoramento

dos serviços ambientais e suas melhorias é uma ocorrência na América Latina.

Dados relatam que existem incertezas relacionadas às métricas para análise da

melhoria da qualidade e quantidade dos serviços ecossistêmicos (FARLEY et.al.,

2010). A Matriz PSA hídrico no Brasil já destaca as barreiras por falta das empresas

não participarem de esquemas de PSA voluntário e demanda de ferramentas de

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187

valoração de recursos naturais na cobrança pelo uso da água na garantia de

qualidade e quantidade de água. Relata ainda as a motivação e apoio dos Governos

aos pagamentos de serviços ambientais em bacias hidrográficas, mas ainda é baixa

aplicação de recursos pelos Comitês de Bacias Hidrográficas e implementação nos

planos. A Matriz PSA hídrico cita a experiência do Estado de São Paulo na cobrança

pelo uso da água vista como uma oportunidade para crescimento de projetos de

PSA. A crise hídrica nos traz uma reflexão sobre a gestão de recursos hídricos e o

desafio para garantir água e qualidade perante aos seus diversos usuários. No

Estado de São Paulo com a crise hídrica o Ministério Público ajuizou ação contra a

ANA e o Governo do Estado e a promotoria pública em defesa do meio ambiente

relatou que acompanham há 10 anos a gestão dos recursos hídricos com a

preocupação da quantidade e a qualidade da água. O resgate de segurança hídrica

é o ponto fundamental para o promotor público Dr.Ricardo Manuel de Castro do

GAEMA (Grupo de Atuação Especial do Meio Ambiente) do Estado de São Paulo

que se baseia na falta de planejamento e ações de órgãos envolvidos na gestão e

licenciamento ambiental. No período de baixa pluviometria houve retirada excessiva

de água dos sistemas Cantareira e Alto Tietê argumenta o promotor público, com a

baixa demanda da quantidade houve desequilíbrio na qualidade da água. O

fortalecimento dos Comitês de Bacias Hidrográficas é questionável a participação da

sociedade civil na cobrança da gestão dos recursos hídricos, que não garante a

gestão participativa. Do ponto de vista norteia a discussão para elaboração dos

planos de bacias e a inserção do instrumento do PSA na gestão de recursos hídricos

e a utilização dos recursos da cobrança pela água. Alguns pontos devem ser

verificados em bacias hidrográficas como impactos decorrentes da ocupação,

licenciamentos e capacidade hídrica, capacidade de suporte, parâmetros da

qualidade da água, revegetação em área de proteção permanente, criação de ilhas

de calor, desocupação e proteção das áreas de mananciais, recuperação ambiental

e não somente utilizar os mananciais com uma super exploração dimensionando na

fluência decorrente da chuva.

Outro aspecto temático sobre a Rede Iberoamericana de PSA e a

proposta da criação da Rede Brasileira também apresentada na tese, proposta da

comunicação, mobilização dos atores em projetos de PSA desencadeiam uma

preocupação para contribuição e fortalecimento dos arranjos institucionais.

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188

7.4 – Redes de PSA

O Quadro 15 demonstra a Rede de PSA.

Rede Fundamento Objetivo

Rede Iberoamericana

de PSA - REDIPASA

Início das atividades pela Universidade

Rei Juan Carlos, Madrid, Espanha e

da Universidade para a Paz das

Nações Unidas, San Jose, Costa Rica,

a partir de fundos do Programa

Iberoamericano de Ciência e

Tecnologia para o Desenvolvimento

(CYTED), no ano de 2007

Grupo de pesquisadores;

Intercambio de conhecimento

cientifico e técnico a cerca da

aplicação de metodologias de

sistemas de PSA e políticas de

gestão de recursos naturais,

especialmente as hídricas, e a

coordenação de novas investigações

e aplicações de projetos que incluam

sistemas de pagamentos por

serviços ambientais.

Rede Brasileira de

PSA

Proposta de criação

A finalidade da Rede Brasileira de

PSA é auxiliar nos mecanismos de

PSA e fomentar as diversas

experiências em água, carbono,

biodiversidade, agricultura

sustentável, pecuária, beleza cênica,

entre outras atividades ligadas a

prestação de serviços ambientais.

Comunicação,

Mobilização dos

atores de PSA

Temática apresentada no Congresso

Internacional de PSA no Brasil em

2012

A educação ambiental como

ferramenta em programas e projetos

de PSA.

Quadro 15 - Rede de PSA (Fonte: Autoria própria, 2017)

Alguns questionamentos foram feitos neste capítulo até se realmente os

países adotam critérios para comunicação e mobilização dos atores de PSA. As

literaturas apresentam que os projetos implantados tem direcionamento para passar

informações aos atores como oficinas, reuniões e atividade campo. A utilização da

ferramenta da educação ambiental ainda é questionável nos projetos.

Pesquisadores relatam da falta de participação de produtores rurais e outros atores

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189

nos esquemas de PSA, ainda se têm uma resistência do produtor rural. Ao

adentrarem no projeto de PSA os valores recebidos são irrisórios para prestação de

vários serviços ambientais na proteção de bacias hidrográficas.

7.5 – Monitoramento e Avaliação dos serviços ambientais

Como já foi apontado por Porras et. al (2012) na América Latina a

ausência de monitoramento dos serviços ambientais e melhorias dos programas é

uma ocorrência.

O monitoramento realizado em grande parte destes programas se

restringe à avaliação do cumprimento dos termos estabelecidos no contrato, com a

finalidade de averiguar se o pagamento deve ou não ser efetuado ao produtor.

O Quadro 16 demonstra informações sobre o Monitoramento e Avaliação

dos serviços ambientais

Programas de PSA Monitoramento / Avaliação

Serviços ambientais

Falta ações no planejamento; pouco

monitorado

Avaliação dos impactos positivos e/ou

negativos (prática pouco empregada);

Alto custo de transação nos projetos;

Falta de métricas

Indicadores

Informações para o desenvolvimento dos

programas de PSA;

Coleta de dados a longo prazo PSA hídrico

Quadro 16 – Monitoramento e Avaliação dos serviços ambientais (Fonte:

Autoria própria, 2017).

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190

A proposta do ranqueamento dos indicadores de serviços ambientais do

Projeto Mina d’Água trouxe uma análise do referido projeto e seus critérios que citam

a etapa do monitoramento e avaliação dos serviços ambientais que até o momento

não estão sendo executados.

O projeto Mina d’Água da Secretaria de Estado do Meio Ambiente do

Governo de São Paulo é um piloto de PSA e necessita de abrangência nos

Municípios que fazem parte da Bacia Hidrográfica. A cidade de Piracaia serviu de

estudo de pesquisa para o ranqueamento dos indicadores de serviços ambientais

com tomadores de decisão e contou com a participação de técnicos da Secretaria de

Estado do Meio Ambiente e Prefeitura Municipal de Piracaia, bem como, membros

do Conselho Municipal de Meio Ambiente e Sindicato Rural.

Para ranqueamento dos indicadores foi observado que todo serviço

prestado pelos produtores rurais na cidade de Piracaia e com o objeto proposto do

Projeto Mina d’Água escolhendo um Município por Bacia Hidrográfica, ficaria difícil

apresentar dados significativos da melhora da qualidade e vazão da água. Contudo,

elegeu-se a área de contribuição das nascentes para análise dos serviços

ambientais prestados pelos produtores rurais do Projeto Mina d’Água.

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191

8.Conclusão

Este trabalho teve como objetivo central avaliar a aplicação do

Pagamento por Serviços Ambientais em proteção aos recursos hídricos, focando a

bacia hidrográfica como ferramenta de planejamento ambiental no Brasil. A visão

sistêmica e integrada das bacias hidrográficas no Brasil e no Mundo no tocante ao

conhecimento da água e a situação destas em relação aos impactos ocasionados

pela ocupação humana. As várias interferências ocasionadas por mudanças

climáticas e o reflexo direto da ocupação desordenada pela falta de planejamento

ambiental nas Bacias hidrográficas tornando a água um elemento de escassez e

trazendo sérios problemas para o futuro.

Tendo base a hipótese central da tese da forma e aplicabilidade do

pagamento por serviços ambientais nas bacias hidrográficas no Brasil auxilia na

proteção dos recursos hídricos, garantindo qualidade e quantidade de água.

O presente estudo norteou o estado da arte na questão do conhecimento

de projetos de PSA água no Brasil e algumas experiências internacionais,

observando os arranjos institucionais, os esquemas voluntários e apoiados por

Governos, à relação água e floresta e os impactos em bacias hidrográficas.

O PSA surge como instrumento para corrigir as falhas de mercado e a

degradação ambiental e seu crescimento no mercado desencadeou vários projetos e

na prática os usuários pagam e quem conserva recebe. O conceito teve

embasamento no princípio protetor-recebedor e a relação com o tema água manteve

crescente com a situação da escassez hídrica e degradação das bacias

hidrográficas.

No Brasil o PSA tem sua base nas políticas públicas buscando por meio

de legislação municipal e estadual direcionar pagamento para produtores rurais em

bacias hidrográficas para restauração de APP’s e por proteção de mananciais de

abastecimento de água. Dados apontam que em 2006 surgiram os primeiros

projetos de PSA água no País e a primeira iniciativa na cidade de Extrema, no

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192

Estado de Minas Gerais que por meio de lei municipal realiza o pagamento a

produtores rurais em troca do fornecimento dos serviços a bacias hidrográficas. O

Projeto Conservador das Águas, nome do projeto intitulado conta com apoio de

várias entidades parceiras e a continuidade do projeto também pela permanência do

mesmo grupo de Governo há mais de 20 anos no poder. Os recursos para o

pagamento advindos pela cobrança da água do Comitê PCJ, dotação orçamentária

e da União, tem objeto central de aumentar a cobertura vegetal nas sub-bacias

hidrográficas e demais práticas sustentáveis para garantia da água que alimenta

também o Sistema Cantareira na Região Metropolitana de São Paulo. A situação do

encaminhamento de água para a Região Metropolitana de São Paulo vem sendo um

dos pontos discutíveis nos Comitês de Bacia PCJ e Alto Tietê na renovação da

outorga e pela Secretaria de Estado de Saneamento e Recursos Hídricos do

Governo do Estado de São Paulo. Com a expansão demográfica e o

desenvolvimento econômico da região da Bacia Hidrográfica do Rio Piracicaba a

jusante do Sistema Cantareira a necessidade de água para esta região vem

desencadeando diversas alternativas de barrar a transposição de água deste

manancial para região Metropolitana de São Paulo. O problema da escassez hídrica

passa a ser estudo da Macrometrópole paulista e o Governo cria grupo de trabalho

composto por Secretarias de Estado envolvidas com o assunto para avaliar a

situação atual e futura da água e seus diversos usos. Como foi apresentado na

pesquisa os impactos nas bacias hidrográficas e a falta de planejamento com uso e

ocupação do solo será sentido nos usos diversos da água. Os usos diversos da

água como no abastecimento urbano, nas atividades industriais e na agricultura

sofrerão com o passar dos anos com a falta deste recurso. O Projeto Conservador

das Águas trabalha com metas e determina exigências ao produtor rural quanto ao

uso da água na propriedade e regularização ambiental do imóvel. O diagnóstico da

bacia foi realizado para as intervenções em APP’s e fragmentos florestais, e o

auxílio do mapeamento para adequação ambiental da propriedade rural dando

cumprimento ao CAR – Cadastro Ambiental Rural.

Um Programa de adesão voluntária que surge no Brasil pela ANA é

conhecido como o Programa Produtor de Água, que trabalha na melhoria da

qualidade e quantidade de água em mananciais. O projeto é desenvolvido em

parceria com Estados e Municípios. A ideia é difundir e discutir o mercado de

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193

serviços ambientais em bacias hidrográficas. A situação dos arranjos institucionais é

questionável a participação dos proprietários rurais que ainda tem resistência na

participação dos projetos de PSA e o valor a receber pela prestação dos serviços

ambientais. A experiência do Comitê PCJ adota a ferramenta do PSA e conforme a

Política Nacional de Recursos Hídricos utiliza os recursos da cobrança pelo uso da

água para garantir o pagamento aos proprietários rurais. A transferência dos

recursos da cobrança pelo uso da água ainda é um ponto de discussão em Comitês

de Bacias Hidrográficas. A situação do entrave jurídico na discordância do repasse

para sociedade civil caminha neste cenário. A transferência do recurso público para

pagamento a sociedade civil (proprietário rural) é um dos pontos e questionamento

jurídico. Por outro lado temos o Programa ProdutorES de Água do Estado do

Espírito Santo que por meio do FUNDAGUA realiza repasse utilizando os royalties

do petróleo para PSA aos proprietários rurais. Os projetos apresentados na pesquisa

adentram a base de cálculo do custo oportunidade da região, adotando informações

de instituições e unidade de referência. Empresas de água e saneamento adentram

em parcerias de projetos de PSA como o Projeto Pipiripau do Distrito Federal,

Projeto Guandu do Estado do Rio de Janeiro, Projeto Camboriú do Estado de Santa

Catarina que são responsáveis pelo gerenciamento e pagamento dos serviços

ambientais. Com o advento da Política de Mudanças Climáticas o Estado de São

Paulo cria uma modalidade PSA para proteção de nascentes ligadas ao

abastecimento público nas bacias hidrográficas em parceria com os Municípios

tendo como agente financeiro o FECOP. Um dos problemas enfrentados por

projetos de PSA é a falta de continuidade e temos como experiência em São Paulo o

Projeto Oásis. Deve-se ressaltar que a questão relativa ao monitoramento o qual é

bastante discutido por especialistas tem participação decisiva no assunto. As

experiências internacionais nos demonstram avanço em alguns países como o caso

de Costa Rica que é pioneira no PSA e criou o programa no País por conta do

desmatamento e conta com um Fundo Nacional de Financiamento Florestal. O PSA

hidrológico é realizado com convênio de entidades privadas e públicas. No decorrer

do trabalho citamos uma proposta voluntária das empresas de energia e

hidrelétricas de estabelecerem parcerias para projetos de PSA no Brasil. A proposta

da aplicação dos recursos da Compensação Financeira pela utilização dos recursos

hídricos e royalties da hidrelétrica estabelece um vínculo entre usuário e provedor

garantindo água para geração de energia e outros usos. Com a problemática da

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194

contenção da erosão e do aumento da carga sedimentária dos rios o esquema de

PSA entre usinas hidrelétricas auxiliaria na diminuição do processo de erosão e

assoreamento, aumentando a vida útil dos reservatórios e reduzindo o custo de

manutenção de máquinas eletromecânicas. O cenário tem dificuldade de

entendimento das questões legais por conta da obrigatoriedade imposta aos

proprietários rurais pelo Código Florestal que devem assumir responsabilidade das

APP’S e Reserva Legal. Por outro lado tem que se entender da necessidade da

água para geração de energia e apoiado nas experiências internacionais como o

caso de Costa Rica, Equador, México, França, New Yok que as empresas participam

de esquemas de PSA por conta da dificuldade de ter água para o desenvolvimento

econômico das mesmas. O dito “é melhor pagar para produtores rurais realizarem os

serviços ambientais garantindo assim água nas bacias hidrográficas”.

Do ponto de vista legal o Brasil ainda apresenta dificuldade no

entendimento do PSA até pela falta de legislação nacional que possa contribuir com

este instrumento. Há anos tramitam projetos de lei apresentados por Deputados em

câmaras para análise. O atraso prejudica em chegar a um consenso e dificulta

avançar no tema. Ainda não se tem um posicionamento do executivo e legislativo

sobre o PSA. Em 2015 um novo projeto de Lei foi apresentado pelos Deputados

Rubens Bueno (PPS-PR) e Arnaldo Jordy (PPS-PA) com outros posicionamentos e

está em análise.

Diante desta dificuldade parcerias entre Forest Trends e Fundo Vale

realizaram no Brasil a Matriz PSA por meio de uma plataforma digital que o usuário

possa acessar as informações sobre as iniciativas de PSA. A proposta da criação de

uma Rede Brasileira de PSA vem do advento da Rede Iberoamericana de PSA –

REDIPASA o que auxiliaria na difusão e arranjos institucionais, bem como, na

discussão da Lei Federal de PSA.

Um ponto importante a ser ressaltado é o monitoramento e avaliação de

impacto de PSA dos projetos hídricos existentes. No planejamento das ações de

PSA deve-se haver o monitoramento com o desenvolvimento de indicadores que

comprovem a efetividade das ações e melhorias nos serviços ambientais

contratados. Nas experiências brasileiras e internacionais não realizam uma relação

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195

direta das iniciativas e dos serviços demonstrados com aumento da quantidade e

melhoria da qualidade da água. Os projetos de PSA apresentados realizam o

cumprimento das ações propostas nos contratos com os proprietários rurais e não

demonstram efetividade da avaliação dos serviços ambientais. A criação de

indicadores de serviços ambientais ranqueados na oficina com tomadores de

decisão do Projeto Mina d’água da Secretaria de Estado do Meio Ambiente do

Governo de São Paulo trouxe a colaboração para avaliação dos serviços ambientais

praticados por produtores rurais.

Esta linha de pesquisa tem uma ligação interessante com a avaliação

dos indicadores de serviços ambientais que foram ranqueados com os tomadores de

decisão do Projeto Mina d’Água na cidade de Piracaia, com especial ênfase aos

dados existentes e parâmetros adequados para análise dos serviços ambientais

prestados pelos produtores rurais, o que auxilia o desenvolvimento de projetos PSA

no Brasil e no Mundo.

Deve-se ressaltar que é de grande relevância a análise de projetos de

mercados de serviços ambientais de PSA hídricos para a proteção de bacias

hidrográficas. Os esquemas de PSA têm uma correlação com os efeitos da

vegetação sobre a quantidade de água ofertada em uma bacia hidrográfica. É

importante levar em conta sua influência nos vários compartimentos do processo,

interceptação, precipitação interna, escoamento pelo tronco e fluxos de água no

solo, e não somente o deflúvio final da bacia como já foi apresentado neste trabalho.

Aliados aos arranjos institucionais a garantia da educação ambiental como

ferramenta dando suporte na comunicação e mobilização dos atores dos esquemas

de PSA. O PSA hídrico é uma tendência no País e no Mundo que favorecem a

criação de esquemas e a preocupação com a escassez hídrica para garantia da

qualidade e quantidade de água.

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ANEXO I

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ANEXO II

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