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Curso de Gestão Ambiental Artigo Original
Energia Solar Fotovoltaica: um estudo da sua viabilidade no Brasil
Photovoltaic Solar Energy: A Study of the Feasibility in Brazil
Carlos Henrique Guimarães de Souza1, Lucas Gabriel Alves de Oliveira Moura 1, Leila Queiroz 2 1 Alunos do Curso de Gestão Ambiental 2 Professora Msc. do Curso de Gestão Ambiental
Resumo: Este artigo aborda a energia solar fotovoltaica e sua viabilidade no Brasil. É uma pesquisa exploratória com revisão
bibliográfica da literatura, partindo da premissa de que a energia fotovoltaica, sendo uma fonte alternativa inesgotável e em abundancia em território nacional, seria apropriada para adoção imediata pela sociedade. O estudo conceitua e cita os tipos de energia alternativa, apresenta os impactos ambientais decorrentes do seu uso, mostra o potencial brasileiro em relação ao uso da energia solar, descreve a relação custo-benefício, apresenta os tipos de sistemas fotovoltaicos e cita as políticas de incentivo à ampliação do uso de energia fotovoltaica no Brasil. O estudo revela que, embora haja muitas vantagens na utilização de energia solar fotovoltaica, há também alguns inconvenientes: preço, impactos ambientais, falta de domínio da tecnologia necessária para produzir os equipamentos aqui no Brasil, medidas políticas ainda embrionárias e falta de esclarecimento à população acerca dos benefícios da energia solar. A pesquisa conclui que, embora haja vários empecilhos para a implantação desses sistemas no Brasil, a energia solar fotovoltaica é uma alternativa concreta e viável, tanto no aspecto econômico (longo prazo) quanto no ambiental. Acredita-se que havendo mais informações a respeito das vantagens econômicas e ambientais da energia fotovoltaica, haverá uma predisposição imediata da sociedade, em adotar individualmente seus próprios sistemas de energia solar fotovoltaica.
Palavras-chave: energia solar fotovoltaica; fontes de energia alternativas; impactos ambientais.
Abstract: This article discusses the photovoltaic solar energy and its viability in Brazil. It is an exploratory research with literature review
of the literature, on the premise that solar energy is an inexhaustible alternative source and abundance in the country, would be suitable for immediate adoption by the government. The study conceptualizes, cites the types of alternative energy, presents the environmental impacts of its use, shows the Brazilian potential in the use of solar energy, describes the cost-benefit ratio, shows the types of photovoltaic systems and cites policy encouraging the expanded use of photovoltaics in Brazil. The study shows that although there are many advantages in the use of photovoltaic solar energy, there are also some drawbacks. Price, environmental impacts, lack of knowledge of the technology needed to produce equipment in Brazil, still embryonic policy measures and lack of awareness of the population about the benefits of solar energy. The research reaches the end concluded that although there are many obstacles in the way of implementation of these large-scale systems in Brazil, it is undeniable that the photovoltaic solar energy is a real alternative to the use of harmful fuels to the environment, bringing many benefits and with little environmental impact. The study also suggests that, in the current scenario in which it is the country with respect to this issue, individual families to adopt their own solar photovoltaic systems, whose return is given in the short term.
Key words: photovoltaic solar energy; alternative energy sources; environmental impacts.
Contato: [email protected]
Introdução
O Brasil é privilegiado em termos de
território, ocupando as primeiras posições entre os
países de maior extensão territorial, o que lhe
permite ser potencialmente apropriado para
prospecção de diferentes fontes de energia.
Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE,
2016) – empresa pública vinculada ao Ministério
das Minas e Energia, em seu anuário estatístico de
2015, o Brasil ocupa a terceira posição dentre os
maiores produtores de energia hidrelétrica, ficando
atrás apenas da China e do Canadá. Isto se deve a
seus abundantes rios, que percorrem o território de
ponta a ponta, facilitando a construção e uso das
usinas hidrelétricas como fonte de energia
sustentável.
Entretanto, com as variações climáticas
recorrentes, têm ocorrido muitos períodos de
secas, o que reduz o volume d´água dos rios e,
consequentemente, compromete a produção das
usinas hidrelétricas. Tal realidade, há muito vem
chamando a atenção de especialistas e autoridades
mundiais no sentido da adoção de matrizes
energéticas limpas e sustentáveis. (EPE, 2016).
Devido ao vasto território brasileiro e sua
posição geográfica favorável (posicionado bem
centrado à Linha do Equador, a incidência dos raios
solares é mais vertical), com isso, o Brasil é
ensolarado durante todos os meses do ano, o que
permite prospectar o uso de energia solar na matriz
energética do país, tornando-a mais sustentável e
econômica à medida que tiver a produção em larga
escala.
Diante do potencial da energia solar no país,
o presente estudo tem como objetivo geral
apresentar o atual cenário da energia fotovoltaica
no Brasil. E como objetivos específicos: i)
conceituar energia fotovoltaica; ii) apresentar os
tipos de sistemas fotovoltaicos; iii) apresentar os
custos de implantação e o capital investido; iv)
apresentar o potencial da energia fotovoltaica do
Brasil; v) citar as políticas de incentivo à ampliação
do uso de energia fotovoltaica no Brasil; e vi)
apresentar os impactos ambientais decorrentes do
uso da energia fotovoltaica.
Quanto à metodologia, adotou-se uma
pesquisa do tipo exploratória, com revisão
bibliográfica da literatura. As principais fontes de
consulta da bibliografia foram sites da internet,
como: Portal Acadêmico do Google, Ministério das
Minas e Energia (www.mme.gov.br) e ANEEL
(www.aneel.gov.br).
Nos sítios oficiais do Governo procurou-se
examinar documentos, relatórios, planilhas, tabelas
e outras formas de armazenamento de dados sobre
o tema. As normas legais em vigor no Brasil,
também foram consideradas, além de outros
elementos adicionais importantes. Basicamente,
fez-se a revisão da literatura nacional acerca das
experiências brasileiras no uso da energia solar
fotovoltaica. Inicialmente adotou-se como hipótese
de pesquisa a tese pela qual a energia fotovoltaica
poderia ser implementada no Brasil, pois, não
obstante ser cara, possui benefícios muito maiores
para o ambiente e para a economia. Outra hipótese
aventada é que há falta de vontade política para sua
utilização em larga escala.
Dentre os assuntos do curso de Gestão
Ambiental, escolheu-se este em função de sua
relevância e presença marcante nas mesas de
debate por diversos segmentos. Um tema que está
constantemente em pauta pelos ambientalistas,
pelos tratados internacionais, por ONG de todo o
planeta e por universitários. O uso de fontes
alternativas de energia é uma missão de todos os
países que se destacam no cenário mundial,
inclusive o Brasil. Profissionais de todas as áreas e
pessoas envolvidas com a questão ambiental,
precisam conhecer a realidade em torno da
utilização de energia limpa, sustentável e
economicamente eficiente.
Este trabalho foi estruturado da seguinte
forma: inicialmente será apresentada a energia
fotovoltaica, conceitos e generalidades, os tipos de
sistemas fotovoltaicos e a relação custo-benefício
da implantação de sistemas fotovoltaicos. Em
seguida, aborda-se o potencial de energia
fotovoltaica no Brasil e as políticas de incentivo à
produção de energia fotovoltaica e, por fim,
apresenta-se a produção de energia fotovoltaica no
Brasil e a questão ambiental, seguida das
considerações finais.
1. Energia Fotovoltaica
De acordo com o Portal Solar (empresa que
comercializa materiais e instalação de sistemas
fotovoltaicos), o termo "fotovoltaico" deriva de duas
palavras: foto (do grego phos = photo = foto = luz)
e volta (de Alessandro Volta, físico italiano, inventor
da pilha) que originou o termo volt, que significa
unidade de medida de tensão elétrica. Portanto, a
expressão fotovoltaica indica a produção de
energia elétrica pela incidência dos raios solares
(luz solar). Este termo tem sido usado em inglês
desde 1849 (PORTAL SOLAR, 2016).
Dentre os tipos de energia renovável, a solar
possui grande potencial para o Brasil. Há
estimativas científicas de que “a energia solar
incidente sobre a superfície terrestre seja da ordem
de 10 mil vezes o consumo energético mundial”
(ANEEL, 2015). É, portanto, uma fonte inesgotável
de energia.
A respeito do uso da energia solar,
Tolmasquim (2016) afirma que essa ideia não é
recente:
Historicamente, o aproveitamento energético do Sol não é novidade. No início do processo de civilização, a apropriação da energia pela humanidade se deu através da agricultura e da pecuária, as quais por meio do aproveitamento controlado da fotossíntese e da cadeia alimentar processam a energia direta do Sol. Além do citado, há diversas outras maneiras de aproveitamento da energia solar, sendo a iluminação e o calor, talvez, as mais evidentes para a população (TOLMASQUIM, 2016, p. 321).
Deste modo, o que se pretende atualmente é
aquilo que tem sido feito há vários séculos, desde
os períodos mais longínquos da história humana: o
aproveitamento da energia solar para diferentes
atividades do homem sobre a terra, desde a
agricultura até a iluminação de residências.
A produção de energia solar baseia-se no
efeito fotovoltaico, descrito por Edmond Becquerel,
em 1839. Segundo o trabalho desse cientista
francês, o efeito fotovoltaico consiste no
aparecimento de tensão elétrica nos extremos de
uma estrutura de material semicondutor, produzida
pela absorção da luz visível. Para que isto seja
possível, é necessária a presença de um elemento
químico semicondutor de eletricidade. Este
trabalho, em razão de seu propósito maior, que é a
questão ambiental, não se prestará a detalhar
didaticamente o processo de geração de corrente
elétrica pelo princípio do efeito fotovoltaico.
São exemplos de semicondutores, o Silício
(Si) e o Germânio (Ge). O silício é mais utilizado
porque, além de ser o segundo elemento químico
mais abundante da Terra, há em torno dele larga
experiência alcançada pela indústria de
microeletrônica, por seu baixo índice de
contaminação e por sua alta durabilidade
(CECCHINI, 2003). O silício é facilmente
encontrado em argila, feldspato, granito, quartzo e
areia. Ao contrário do germânio, que é raro e muito
caro (ALCHEMIST ENGENHARIA, 2006).
Na figura 1, tem-se uma ilustração básica
do efeito fotovoltaico:
Figura 1 – Ilustração do efeito fotovoltaico
Fonte: Portal INFOESCOLA, 2014
A ilustração mostra a seta maior
representando os raios solares incidentes sobre a
superfície semicondutora (painel solar fotovoltaico).
Ao incidirem os raios solares sobre o painel,
ocorrem compartilhamento e liberação de elétrons
(carga negativa). Neste momento é formado um
campo elétrico que produzirá a força eletromotriz ou
tensão elétrica, que é medida em volts (V). Essa
tensão é, então, aplicada num circuito especial que
permitirá o fluxo desses elétrons liberados, criando
assim uma corrente elétrica contínua. Quanto maior
a intensidade da luz solar, maior é o fluxo de
corrente elétrica que se desloca. Em seguida, a
corrente contínua gerada é levada a um
equipamento chamado inversor, o qual se
encarrega de transformar a corrente contínua em
corrente alternada, equalizando-a com a tensão da
rede elétrica convencional (BLUE SOL
EDUCACIONAL, 2011).
Do inversor, a energia vai para o quadro de
luz para ser distribuída aos utilizadores. Como o
inversor é bidirecional, ou seja, tem duas saídas,
uma leva energia para o quadro de distribuição e a
outra canaliza para a rede elétrica a eletricidade
não aproveitada. Este procedimento é para efeito
de descontos proporcionais nas faturas de
consumo seguintes e tem amparo legal Resolução
482/2012 da ANEEL.
O excesso de eletricidade também pode ser
armazenado em baterias para ser utilizado,
posteriormente, em períodos de baixa radiação
solar ou à noite. Neste caso, o uso de baterias deve
ser bem analisado, pois diminui o potencial
sustentável da energia fotovoltaica e ainda
encarece o custo da instalação do sistema
(SHAYANI et al, 2006, p. 14).
A figura 2 mostra a instalação de um painel
fotovoltaico.
Figura 2 – Instalação de um painel fotovoltaico
Fonte: Empresa de Pesquisa Energética (EPE), 2008
1.1 Tipos de Sistema Fotovoltaico
Há vários tipos de painéis fotovoltaicos
comercializados, o que varia de acordo com a forma
do silício utilizada na célula: painel monocristalino,
painel policristalino e painel de silício amorfo. A vida
útil de um painel fotovoltaico de silício é de mais de
30 anos (PORTAL SOLAR, 2016).
Vale adiantar que o silício usado nos painéis
fotovoltaicos pode se encontrar em diferentes
formas moleculares. É esta forma que indica o seu
grau de pureza. Isto significa que quanto mais
alinhadas estiverem suas moléculas, maior o seu
potencial de geração de energia elétrica a partir da
luz do sol (PORTAL SOLAR, 2016). Acontece que o
processo de purificação dessa substância é caro, o
que se traduz no elevado custo de um painel
fotovoltaico. Basta dizer que 45% do preço de um
painel fotovoltaico convencional são referentes ao
silício purificado e tratado.
a) Painel Monocristalino: as células
de silício monocristalino são historicamente as mais
utilizadas e comercializadas, pois possuem
estrutura cristalina ordenada, resultando em maior
eficiência. São obtidas a partir de barras cilíndricas
de silício monocristalino produzidos em fornos
especiais. A eficiência deste tipo de célula
fotovoltaica varia de 15% a 24,7% (JANUZZI et al,
2009, p. 6).
b) Painel Policristalino
Os módulos deste painel são formados
por células produzidas a partir de blocos de silício,
obtidos por fusão de porções de silício puro em
moldes especiais. Uma vez nos moldes, o silício
resfria lentamente e solidifica-se. Neste processo,
os átomos não se organizam em um único cristal,
formando-se uma estrutura policristalina (vários
cristais). A eficiência deste tipo de célula varia de
14% a 20,3% (JANUZZI et al, 2009, p. 7).
c) Painel de silício amorfo
Já este tipo de painel utiliza o silício em sua
formula molecular natural, tal como é encontrado na
crosta terrestre. Como suas moléculas se
encontram dispostas irregularmente, é necessária
grande quantidade deste material para produção de
células fotovoltaicas. Isto leva à produção de
painéis grandes, menos eficientes (5% a 9,5%),
porém também mais econômico (JANUZZI et al,
2009, p. 7). Portanto, se houver espaço físico
disponível, esse sistema pode ser bastante
razoável em termos de custo-benefício.
Na figura 3 pode-se ver os tipos de painéis
fotovoltaicos, sendo da esquerda para a direita o
monocristalino o policristalino e o de silício amorfo.
Nota-se que os desenhos aparentes na superfície
são diferentes.
Figura 3 – Módulos usados em painéis fotovoltaicos
Fonte: Portal Solar (2016)
A partir dos módulos têm-se os painéis, e a
partir destes formam-se os sistemas fotovoltaicos,
que ganham nomes diferentes conforme o seu
emprego e sua instalação em relação à rede
elétrica pública do local.
a) Sistema Fotovoltaico Isolado
Neste tipo de sistema, não há conexão com
a rede pública de eletricidade. Basicamente
destina-se a suprir a ausência de abastecimento de
eletricidade em alguns pontos do território
brasileiro. Através dele, algumas comunidades
isoladas podem ter acesso à energia elétrica de
carga baixa (refrigeração, iluminação, aparelhos
domésticos menores) (JANUZZI et al, 2009, p. 13).
Esse sistema pode ser utilizado também para fins
não domésticos, principalmente em áreas distantes
dos centros urbanos, em que há muitas dificuldades
de acesso aos serviços básicos comuns como luz,
água, esgoto, entre outros. E fornecem energia
para uma ampla escala de aplicações, tais como
em redes e antenas de telecomunicação,
refrigeração de medicamentos e vacinas em postos
de saúde isolados, bombeamento de água e outros.
b) Sistema Fotovoltaico Conectado à Rede
Neste sistema, a saída de eletricidade é
conectada à rede elétrica convencional. Isto se dá
pelo fato de o inversor possuir duas saídas, sendo
uma levando ao quadro elétrico principal, e a outra
conduzindo à rede pública toda a energia
sobressalente. A produção individual tem dupla
vantagem econômica: a redução da conta de luz e
o crédito de energia decorrente do excesso de
eletricidade produzido e disponibilizado à rede da
concessionária.
A figura 4 apresenta um esquema básico de
um sistema fotovoltaico conectado à rede:
Figura 4 – Esquema de um sistema fotovoltaico
conectado à rede elétrica pública
Fonte: Januzzi et al, 2009
Pode-se notar na ilustração acima a saída do
inversor até o ponto de fornecimento, quando então
ela se bifurca ligando, de um lado, os utilizadores e,
de outro lado, a rede de eletricidade pública. Os
sistemas conectados à rede são “mais eficientes,
econômicos, em média 40% mais baratos, e
duradouros que os sistemas fotovoltaicos
autônomos, pois não necessitam de sistemas de
armazenamento” (MME, 2008, p. 71).
c) Sistema Fotovoltaico Híbrido
Este sistema, como o próprio nome diz, é
utilizado em conjunto com pelo menos mais uma
fonte de energia alternativa, como a eólica, a
biomassa, entre outras. Ambas as fontes se somam
para aumentar a produção de eletricidade.
Há, ainda, outro tipo de sistema que se
distingue pelo uso de baterias para armazenar a
carga não utilizada. Diferentemente do sistema
conectado à rede, em que o excesso de energia é
disponibilizado na rede pública, neste caso,
particular a carga sobressalente é guardada em um
grupo de baterias. Uma espécie de depósito de
energia que será utilizada em momentos de
irradiação solar nula ou à noite. Para isto, o inversor
é também conhecido como inversor híbrido, pois,
em vez de se conectar à rede pública, se conecta
ao sistema de baterias (EPE 2016, p. 336).
1.2 Custos de implantação versus capital
(relação custo-benefício)
Apesar do baixo potencial ofensivo ao meio
ambiente e da alta disponibilidade da radiação solar
durante todo o ano, a energia fotovoltaica tem um
obstáculo no caminho de sua implantação: o preço
dos equipamentos e demais estruturas de
instalação. No mundo todo, ainda é considerada
cara. Entretanto, os valores têm diminuído ao longo
dos anos.
Para a Empresa de Pesquisa Energética
(EPE, 2016, p. 22), os custos para implantação de
um sistema fotovoltaico é o somatório dos valores
dos seguintes itens: painéis, inversor e o Balance of
the Sistem – BoS (inclui mecânicas de sustentação
das estruturas, equipamentos elétricos auxiliares,
cabos e conexões e a engenharia necessária para
a adequação dos componentes do sistema, assim
como custos gerais de instalação e montagem).
Na figura 5, tem-se uma representação do
processo produtivo de um sistema fotovoltaico.
Figura 5 - Cadeia Produtiva Fotovoltaica
Fonte: EPE (2012)
Pela ilustração, percebe-se a sequência em
que se dá a cadeia produtiva de todo o sistema.
Inicialmente, faz-se a obtenção do silício para em
seguida submetê-lo ao processo de
beneficiamento, a fim de obter um grau de pureza
adequado. Depois vem o corte do silício em lâminas
ou wafers, a confecção da célula fotovoltaica, e por
fim, a montagem do módulo. Para se fazer um
painel é preciso um conjunto de módulos. Quando
o painel estiver pronto, outros dispositivos devem
também estar em alinhamento: equipamentos
elétricos, cabeamento, estruturas, enfim, todo o
esboço de instalação.
De acordo com Januzzi et al (2009)
“Após essas etapas, são feitos testes e, finalmente, o sistema fotovoltaico é finalizado, passando a produzir energia
elétrica. Mas os custos não param neste momento. Há necessidade de manutenção e controle do sistema” (JANUZZI et al, 2009, p. 351).
Ainda sobre os custos, a EPE (2016) assim
esclarece:
Da produção do silício grau solar à produção dos módulos tem-se um processo industrial que se caracteriza por: (i) consumo intensivo de energia elétrica (índices de 120 a 200 kWh/kg de silício grau solar, representando cerca de 25% do seu custo de produção); (ii) elevado grau de automação, o que limita o valor da mão de obra no produto final a cerca de 3% e (iii) rápida obsolescência tecnológica, o que exige constante investimento na atualização das linhas de produção. (EPE, 2012, p. 7)
Grau solar é o nível de pureza do silício que
o torna passível de uso por sistemas fotovoltaicos
(grau maior que 99,999%). (EPE, 2012, p. 17).
Portanto, é valido realçar o custo e o porquê desse
alto preço em relação ao beneficiamento do silício,
já que o silício é produzido em grande escala. E
neste processo ainda se utiliza fontes de energia
não tão limpas e sustentáveis.
Entretanto, apesar de altos, os preços vêm
se reduzindo ao longo dos anos. Segundo a EPE
(2016, p. 22), “enquanto o preço do inversor e o
custo de BoS têm se mantido relativamente
estáveis, os painéis solares vêm apresentando
constante redução de preços”. Segundo o Portal
Solar os custos são os seguintes para o ano de
2016:
Tabela 1 - Preço da energia solar fotovoltaica por
tipo de residência, comércios e indústrias e usinas
Tipo de residência Potência Preços em R$
Casa pequena, até 2 pessoas
1,5 Kwp R$ 15.000 a R$ 20.000
Casa média, de 3 a 4 pessoas
2 Kwp R$ 19.000 a R$ 24.000
Casa média, 4 pessoas
3 Kwp R$ 25.000 a R$ 32.000
Casa grande, 4 a 5 pessoas
4 Kwp R$ 32.000 a R$ 40.000
Casa grande, 5 pessoas
5 Kwp R$ 36.500 a R$ 46.500
Mansões, mais de 5 pessoas
até 10 Kwp
R$ 70.000 a R$ 85.000
Comércios e indústrias
100 Kw R$ 650 mil a R$ 820 mil
500 Kw R$ R$3 milhões a R$3,8 milhões
1 MW R$ 6 milhões a R$ 6,5 milhões
Usinas de energia solar fotovoltaica
5 MW R$ 25 milhões
30 MW R$120 milhões
Fonte: Portal Solar (2016) adaptada pelos autores
Observando a Tabela, nota-se que os custos
de implementação de sistemas fotovoltaicos, por
tipo de empreendimento, residencial, comercial e
industrial permitem produzir parte ou toda energia
consumida nos estabelecimentos. Já as usinas de
energia fotovoltaica são projetadas para produção
e venda com isso fornecem energia de distribuição
e não para autoconsumo (Portal Solar, 2016).
Entretanto, à medida que aumentar a produção dos
painéis fotovoltaicos no Brasil, ter-se à, em longo
prazo, o ganho da produção em larga escala,
permitindo a redução dos custos outrora
apresentados.
Ainda assim, segundo o Portal Solar (2016),
o retorno do investimento varia de 6 a 10 anos.
Quanto à durabilidade, as placas têm vida útil
garantida de mais de 30 anos. Para calcular a
viabilidade econômica do processo, devem-se
analisar as seguintes circunstâncias: tecnologia dos
equipamentos, porte da unidade consumidora e da
central geradora, localização (rural ou urbana),
tarifa da empresa de fornecimento de eletricidade
convencional, condições de
pagamento/financiamento do projeto e existência
de outras unidades consumidoras que possam
usufruir dos créditos eventuais.
Atualmente no Brasil possui apenas oito
empresas que fabricam painéis, seis fabricas em
São Paulo, uma fábrica na Bahia e outra no Mato
Grosso do Sul. Com o avanço da tecnologia e
aumento de produção o mercado ficará mais
competitivo, resultando na diminuição dos custos a
cada ano. Uma simulação simples mostra uma
residência que utiliza 100 kwh por mês, com esse
consumo o investimento será em média de
R$ 7.600 até R$ 10.200, esses valores variam de
acordo com a complexidade de instalação e os
preços praticados pelos fabricantes. Seriam
necessárias três placas de 250 watts, onde cada
placa custa em média R$ 900 a R$ 1.200, que
ocupariam um espaço de 6 metros quadrados.
(Portal Solar, 2016)
Por sua vez o Neo Solar, outra empresa que
comercializa materiais e instalação de sistemas
fotovoltaicos, mostra dados semelhantes.
Considerando o mesmo consumo, o investimento
seria de R$ 6.800 até R$10.800 e o preço das
placas variam de R$ 609 até R$ 1.099 (Neo Solar,
2016).
2. Potencial e uso de energia fotovoltaica no
Brasil
Segundo Tolmasquim (2016), a energia solar
é suficiente para atender milhares de vezes o
consumo mundial. Entretanto, essa radiação não
atinge de maneira uniforme toda a crosta terrestre.
Em termos práticos, o Brasil já tem
aplicações da energia fotovoltaica. Na figura 6,
mostra-se o esquema de funcionamento da
produção de energia solar em unidades
habitacionais do Programa Minha Casa Minha Vida,
do Governo Federal, em Juazeiro (BA). Neste
empreendimento, implementou-se um programa de
obtenção de energia solar para suprimento
energético dos moradores e ainda gerou renda com
a venda da produção sobressalente (Portal Brasil,
2016).
Figura 6 – Esquema de funcionamento de geração de energia solar em prédios do Programa Minha
Casa Minha Vida
Fonte: Portal Brasil (2016)
Diz o texto da reportagem:
Com 9.144 placas fotovoltaicas instaladas nos telhados dos blocos com quatro ou seis apartamentos, os conjuntos vizinhos do Minha Casa Minha Vida, lar de mil famílias de baixa renda, têm potencial para produzir 2,1 Megawatts W), capazes de abastecer 3,6 mil domicílios por ano. Transformados na maior microusina de energia solar do País, os residenciais ultrapassaram a marca de R$ 2 milhões em receita obtida com a venda da energia elétrica à distribuidora local. Os 5,465 Gigawatts-hora (GWh) comercializados renderam R$ 2,27 milhões líquidos entre fevereiro de 2014 e novembro de 2015. Desse bolo, 60% vai para o bolso das famílias, 30% são aplicados em fundo para o condomínio e a associação de moradores, e os 10% restantes pagam as despesas de manutenção dos residenciais (BRASIL, 2016, p3).
Considerando que o investimento foi de R$ 6
milhões (custo da obra), e que em 22 meses o
programa obteve uma renda líquida de R$ 2,27
milhões, o valor da implantação do sistema será
totalmente pago nos 44 meses seguintes. Além de
economizar na fatura de energia, os moradores
ainda utilizam o valor restante para outras
benfeitorias coletivas.
Embora haja aplicações de sistemas
fotovoltaicos no Brasil, de acordo com Jannuzzi et
al (2009), o país precisa ter domínio tecnológico de
toda a cadeia produtiva, porque a importação de
silício e outros insumos é lenta, complexa e que
atrasa o ciclo de desenvolvimento de produtos.
Segundo os autores, ainda não havia, em 2009,
indústria de silício grau solar nem infraestrutura de
produção de equipamentos nacionais para atender
o mercado.
Por sua vez, Tolmasquim (2016) explica que
o Brasil possui potencial de inserção no cenário
mundial de utilização da energia fotovoltaica.
Segundo ele:
Uma série de possibilidades surge para auxiliar a inserção do País, como: a ampliação da transmissão, o armazenamento de energia, a gestão de carga, a mudança de operação das atuais usinas, a flexibilização da carga,
entre outras. Por serem ainda tecnologias relativamente incipientes, ambas requereram ativa atuação do governo para sua expansão inicial: na regulamentação adequada da geração distribuída conectada à rede e na realização de leilões específicos para a contratação de plantas centralizadas. Este cenário contribui para manter a predominância das fontes renováveis na matriz elétrica do país pelos próximos anos. (TOLMASQUIM, 2016, p. 10)
Conforme as palavras de Tolmasquim
(2016), para a efetiva utilização da energia solar no
Brasil, há algumas possibilidades, as quais são
consideradas também desafios. E que, embora as
tecnologias disponíveis ainda não sejam suficientes
para a expansão de programas desta monta, cabe
ao governo incentivar a produção.
De acordo com informações da ANEEL
(2016), no Brasil há, atualmente, 4.521
empreendimentos de energia elétrica que somados
produzem o total de 143,6 MW para suprir a
demanda interna. Desses, apenas 39 se destinam
a gerar energia solar fotovoltaica, gerando ao todo
0,023 MW. Essas usinas de energia solar
fotovoltaica estão localizadas em diversos estados
do rasil, Amazonas possui treze, São Paulo seis,
Santa Catarina e Minas Gerais três, Bahia, Paraná,
Rio Grande do Norte, Maranhão e Pernambuco
possuem duas, Rondônia, Ceará, Mato Grosso e
Mato Grosso do Sul possuem uma. Por outro lado,
há planejamento para construção de 656 unidades
de produção de eletricidade em todo o país. Destes,
73 se destinam a gerar energia fotovoltaica,
representando 11% das unidades que ainda nem
começaram a ser construídas (ANEEL, 2016).
Em que pesem esses dados da ANEEL, em
termos de programas oficiais de governo, ainda é
considerada incipiente a produção de energia
fotovoltaica no Brasil. Embora já se vislumbrem
algumas medidas isoladas para o setor energético.
É o que será abordado no item a seguir.
2.1 Políticas de incentivo à produção de energia
fotovoltaica
De acordo com Nota Técnica da EPE
(Análise da Inserção da Geração Solar na Matriz
Elétrica Brasileira) (EPE, 2016), até bem pouco
tempo o uso da energia solar não era
regulamentada no país. Diante deste cenário, após
estudos técnicos, consulta e audiência públicas, a
ANEEL publicou a Resolução Normativa n.º
482/2012. Esta resolução estabelece as condições
gerais para o acesso de microgeração e
minigeração de energia elétrica, com vistas a
reduzir as barreiras regulatórias existentes para a
conexão da produção de pequeno porte de energia
alternativa ao sistema de distribuição público.
Simultaneamente, a ANEEL instituiu a
Resolução Normativa n.º 481/2012, pela qual se
estipulou o desconto de 80% para os
empreendimentos que injetarem na rede pública de
eletricidade potência elétrica de até 30 MW. Para
ter direito a esse desconto, os interessados devem
estar operacionalizando até 31 de dezembro
de2017. Esse desconto permanecerá por 10 anos,
quando então passará ao percentual de 50% dos
valores das tarifas elétricas. (EPE, 2016).
Durante o ano de 2015, a Resolução
Normativa n.º 482 passou por revisão, dando
origem à resolução n.º 687/2015. Esta nova
resolução, que passou a vigorar em março de 2016,
ampliou o limite de potência da micro e
minigeração, criando mecanismo de
compartilhamento de geração, reduzindo prazos
para resposta das distribuidoras, entre outros
(TOLMASQUIM, 2016, p. 39). A partir dessa
resolução, 2.807 pequenos empreendimentos de
micro e minigeração de energia fotovoltaica foram
cadastrados nos sistemas da ANEEL (2016).
O Projeto de Pesquisa e Desenvolvimento
Estratégico 013/2011, da ANEEL, realizado em
2014 e 2015 aprovou 17 projetos fotovoltaicos que,
somados, totalizam 24,6 MWp. Porém, vale lembrar
que ainda estão em fase de planejamento.
Os movimentos acima citados deram uma
maior visibilidade ao uso da energia solar no Brasil,
entretanto, o evento que serviu de marco
regulatório dessa energia foi o Leilão de Energia de
Reserva de 2014. A partir deste evento, a produção
de eletricidade fotovoltaica ganhou dimensões
inéditas na história brasileira. Promovido pelo MME,
o concurso garantiu a contratação de 890 MW por
meio de diferentes grupos empresariais (ANEEL,
2016). Em seguida, no ano de 2015, outro leilão foi
promovido, o qual serviu para contratar mais 1,763
MW. Um volume expressivamente maior que o
produzido no Brasil até o momento, porém, com
capacidade maior a ser explorada.
3. A produção de energia fotovoltaica no Brasil
e a questão ambiental
Há, atualmente, uma grande preocupação
das nações com as alterações climáticas sofridas
pelo planeta em função do uso não sustentável dos
recursos naturais. A natureza tem reagido a essa
agressão com alterações no regime dos ventos,
das chuvas, dos terremotos, da temperatura, entre
outras formas de reação. Como causas,
apresentam-se inúmeros fatores, entre os quais
consta com destaque a produção de energia por
meio de fontes não renováveis, tais como:
combustíveis fósseis (petróleo, carvão, gás natural
e xisto betuminoso) e os combustíveis nucleares.
Segundo a ANEEL (2015), o Brasil produz
um total de 133,9 MW de energia elétrica. Esse
volume é composto pelos percentuais indicados na
tabela 2:
Legenda: PCH = pequena central hidrelétrica; CGH =
central geradora hidrelétrica.
Fonte: EPE, 2015,
Nota-se, pelos dados da tabela, que as
usinas hidrelétricas ocupam a maior percentagem
desse volume total. Considerando o último ano da
pesquisa (2014), se somadas, as hidrelétricas
representam 66,6%; seguidas pelas termelétricas
(28,2%); depois, a nuclear (1,5%); a energia eólica
participa com 3,7% e a fotovoltaica não tinha
representatividade.
Destas fontes, apenas as termelétricas e a
nucleares são do tipo não renovável, ou seja,
podem se esgotar. Também são chamadas de não
sustentáveis, pois seu uso lança no meio ambiente
produtos tóxicos. As outras fontes são chamadas
de fontes renováveis ou fontes limpas ou ainda
fontes sustentáveis. Apesar de terem esses nomes,
sua utilização provoca danos ao meio ambiente,
porém de pequena proporção.
No caso em análise por este artigo, a energia
fotovoltaica é ainda muito incipiente no Brasil, de
modo que os impactos ambientais dela decorrentes
ainda são pouco discutidos. Entretanto, é preciso
estar alerta quanto a esses possíveis danos,
porque com os incentivos do governo para a
produção independente e centralizada de energia
fotovoltaica, dentro de alguns anos a produção
desse tipo de energia estará em nível mais elevado,
a exemplo da energia eólica. Uma vantagem do uso
da energia solar como fonte alternativa é o fato de
que isso não altera o equilíbrio térmico do planeta
(EPE, 2008).
Tolmasquim (2004, p. 322) afirma que “a
geração de energia elétrica fotovoltaica é menos
agressiva ao meio ambiente, porque elimina etapas
importantes do processo de geração de eletricidade
por usinas termelétricas”. Etapas de produção,
transporte e armazenamento de combustível não
ocorrem neste caso.
Para Jannuzzi et al (2009), o uso da energia
fotovoltaica acarreta prejuízos ao meio ambiente
quando do processo de transformação do silício:
Durante o processo de transformação do silício metalúrgico para o grau solar: emissão de gases de efeito estufa (incluindo Hexafluoreto de Enxofre) e de SO2 (chuva ácida), possibilidade de contaminação da água utilizada em processos de resfriamento, riscos de acidentes e danos ambientais devido à utilização de produtos químicos corrosivos, manuseamento de substâncias explosivas (Gás de Silano) e gases tóxicos, geração de resíduos tóxicos (Tetracloreto de Silício), e outros (JANUZZI et al, 2009, 383)
Por sua vez, Tolmasquim (2004) reconhece
os seguintes impactos ambientais negativos:
a) Poluentes da produção de energia gasta
para fabricação, transporte, instalação, operação,
Tabela 2 – Produção de energia elétrica no país por tipo de fonte
manutenção e descomissionamento (descarte) dos
sistemas;
b) Emissões de produtos tóxicos durante a
obtenção da matéria-prima para a produção dos
módulos e componentes periféricos: ácidos e
produtos cancerígenos, dióxido de carbono (CO2),
entre outros;
c) Ocupação de área para implementação
do projeto e possível perda de habitat (crítico
apenas em áreas especiais). Este impacto pode ser
atenuado ao utilizar-se de áreas e estruturas já
existentes como telhados, fachadas, etc.;
d) Riscos associados aos materiais tóxicos
utilizados nos módulos fotovoltaicos (arsênico, gálio
e cádmio) e outros componentes, ácido sulfúrico
das baterias (incêndio, derramamento de ácido,
contato com partes sensíveis do corpo);
e) Necessidade de se dispor e reciclar
corretamente as baterias (geralmente do tipo
chumbo- ácido, e com vida média de quatro a cinco
anos) e outros materiais tóxicos contidos nos
módulos fotovoltaicos e demais componentes
elétricos e eletrônicos.
Entretanto, o lado ofensivo da energia
fotovoltaica ao meio ambiente, não desmerece sua
importância, além do mais, riscos se gerenciam
com potencial seguro de utilização.
Sendo assim, Jannuzzi et al (2009, p. 31),
sugere alguns procedimentos para atenuar os
efeitos nocivos da produção de energia fotovoltaica.
Com relação ao descomissionamento dos materiais
em fim de linha, os autores recomendam um “rígido
controle de utilização, transporte e descarte desses
materiais e subprodutos gerados, conforme
práticas de segurança humana e ambiental
adotadas em processos industriais de
características semelhantes. ”
No que tange à purificação do silício, o autor
sugere “gestão ambiental apropriada ao longo
desses processos, visando à menor geração de
resíduos e à adoção de práticas de controle e
descarte de subprodutos”. Os autores ainda
acrescentam que o nível de CO2 gerado na
fabricação de um módulo fotovoltaico não é
considerado alto quando fabricado utilizando
eletricidade proveniente majoritariamente de fontes
renováveis.
4. Considerações finais
Pelo que foi aqui apresentado, ficou claro
que a energia solar é realmente uma alternativa
energética frente à produção convencional baseada
principalmente na hidroeletricidade e em
combustíveis fósseis. O Brasil tem posição
geográfica que lhe dá a possibilidade para explorar
a energia solar disponível em seu território.
Entretanto, o país ainda não dispõe de tecnologia e
matéria-prima nacional reconhecida e valorizada
para sua inserção em larga escala entre as nações
produtoras da energia fotovoltaica.
Nos últimos anos, algumas medidas de
incentivo têm sido implementadas pelos órgãos de
governo, tais como o Ministério das Minas e Energia
e a ANEEL. Isto revela que, embora lentamente, o
País está dando certa importância ao uso deste tipo
de energia. Existem alguns programas de incentivo,
mas são ainda insuficientes para engrenar de vez o
Brasil na corrida energética renovável. Fica
evidente a necessidade de elaboração de um
programa mais amplo que demonstre o
comprometimento do país com a utilização das
fontes alternativas, e não apenas medidas isoladas.
Sabe-se que a energia solar fotovoltaica
ainda é cara em relação ao mercado interno
brasileiro. Entretanto, este tipo de energia tem
retorno garantido, em curto prazo, dos
investimentos. Além do mais, a produção em larga
escala favorece a diminuição dos custos. Assim, é
lamentável que não se tenha no Brasil um
programa de radicalização da energia fotovoltaica.
Apesar do mercado nacional está evoluindo a cada
ano, ainda falta muito incentivo para aumentar o
número de residências com busquem instalar os
painéis. Mas a sociedade brasileira pode usufruir
dos benefícios que a energia solar proporciona.
Não é preciso construir grandes empreendimentos
de produção. Basta seguir o programa de incentivo
à micro e mini geração de energia renovável,
instituída pela Resolução n.º 482/2012. Se cada
pessoa investir e aplicar em sua própria residência,
estará contribuindo para a implementação dessa
fonte de energia no Brasil. Aliás, utilizando o próprio
telhado residencial, o cidadão estaria evitando a
ocupação de áreas enormes, que prejudicam o
habitat da fauna brasileira. Isto sem contar que não
se empregaria redes de transmissão e outros
aparatos.
Portanto, este estudo alcança seu objetivo e
importância na medida em que esclarece muitos
pontos de discussão em torno da energia
sustentável como um todo. Inicialmente, a proposta
de estudo se prendia à hipótese de que a
implantação da energia fotovoltaica era apenas
uma questão de vontade política. Mas a partir das
leituras e reflexões sobre o assunto, percebeu-se
que há muito mais empecilhos no caminho de um
empreendimento desta amplitude.
Entretanto, deve-se considerar que a energia
fotovoltaica ainda é uma alternativa que se dispõe
ao Brasil e ao mundo. Não se pode perdê-la de
vista. Acredita-se que o Brasil, investindo em
tecnologias e pesquisas de beneficiamento dos
materiais semicondutores e dominando a
engenharia de produção desses sistemas, pode vir,
em médio prazo, disponibilizar para o seu mercado
interno um grande diferencial de uso de
eletricidade. As fontes alternativas, são ainda o
caminho para a renovação do uso sustentável de
energia elétrica.
REFERÊNCIAS:
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2 - AGENCIA NACIONAL DE ENERGIA ELETRICA (ANEEL). Registros de Micro e Minigeradores distribuídos efetivados. Brasília, 2016. Disponível em: <http://www2.aneel.gov.br/scg/ rcgMicro.asp> Acesso em 01 jun 2016.
3 - ALCHEMIST ENGENHARIA. Semicondutores. 2006. Disponível em: http://www.geocities.ws/afonsobejr/semicondutores.html. Acesso em jul 2016.
4 - BLUE SOL EDUCACIONAL. Energia Solar: Como funciona o efeito fotovoltaico. Ribeirão Preto, 2011. Disponível em: <http://www.blue-sol.com/energia-solar/energia-solar-como-funciona-o-efeito-fotovoltaico/> Acesso em 20 Mai 2016.
5 - BRASIL. Energia solar em telhados gera renda e melhorias no sertão baiano. 2016. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/> Acesso em 23 Mai 2016.
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7 - BRASIL. Resolução normativa nº 481, de 17 de abril de 2012. Disponível em: < http://www2.aneel.gov.br/cedoc/ren2012481.pdf>. Acesso em jun 2016.
8 - BRASIL. Resolução normativa nº 482, de 17 de abril de 2012. Disponível em: < http://www2.aneel.gov.br/cedoc/ren2012482.pdf>. Acesso em jun 2016.
9 - CECCHINI, T. Otimização das regiões altamente dopadas de células solares fabricadas por processos térmicos rápidos de pequeno porte. 2003. 102 p. Dissertação (Mestrado em Engenharia) – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2003.
10 - EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA (EPE). Análise da Inserção da Geração Solar na Matriz Elétrica Brasileira. Rio de Janeiro. 201. Disponível em:
<http://www.epe.gov.br/geracao/document /estudos_23 /nt_energiasolar_2012.pdf>.
11 - EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA (EPE). Plano Nacional de energia 2030, Brasília, 2008. Disponível em <http://www.epe.gov.br/PNE/20080512_9.pdf> Acesso em 21 mai 2016.
12 - INFOESCOLA. Efeito Fotoelétrico. 2014. Disponível em: <http://www.infoescola.com>. Acesso em 20 mai 2016.
13 - JANUZZI, G. DE M.; VARELLA, F. K. DE O. M.; GOMES, R. D. M. Sistemas Fotovoltaicos Conectados à Rede: Relatório final. Campinas, 2009. Disponível em: <http://www.fem.unicamp.br/~jannuzzi/documents/RELATORIO_PROJETO _2_FINAL.pdf >. Acesso em 18 mai 2016.
14 - PORTAL SOLAR. Energia Fotovoltaica. 2016. Disponível em: <http://www.portalsolar.com.br/energia-fotovoltaica.html)>. Acesso em 26 mai 2016.
15 - TOLMASQUIM, Mauricio Tiomno. Energia Renovável: Hidráulica, Biomassa, Eólica, Solar, Oceânica. (Coord.). EPE: Rio de Janeiro, 2016.