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ENERGIAS DE ORDEM MECÂNICA Instrumento perfurante É todo instrumento capaz de produzir uma lesão punctória (que tem forma ou aparência de ponto; punctiforme). Esse tipo de instrumento possui forma cilíndrica-cônica, alongada, fina e pontiaguda, tais como: agulha, prego, alfinete etc. Atuam por pressão através da ponta e afastamento das fibras do tecido. Instrumento cortante É todo instrumento que atuando linearmente sobre a pele ou sobre os órgãos, produz feridas incisas (golpeado, cortado com a parte afiada de um objeto ou com o gume de um instrumento de corte). São exemplos a navalha, bisturi, lâmina, canivete, faca de gume cerrado, pedaço de vidro etc. Agem por pressão e deslizamento produzindo a secção uniforme dos tecidos. As lesões produzidas com esse tipo de instrumento possuem bordas nítidas e regulares, há hemorragia geralmente abundante, corte perfeito dos tecidos moles, ausência de outro trauma em torno da lesão. Esgorjamento: na parte anterior do pescoço; na frente. Degolamento: na parte posterior do pescoço; seção quase total do pescoço; na parte traseira. Decaptação: Quando há separação total da cabeça do resto do corpo. Instrumento contundente É todo instrumento ou objeto rombo capaz de agir traumaticamente sobre o organismo. Os mecanismos de ação

ENERGIAS DE ORDEM MECÂNICA

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ENERGIAS DE ORDEM MECÂNICA

Instrumento perfurante

É todo instrumento capaz de produzir uma lesão punctória (que tem forma ou aparência de ponto; punctiforme). Esse tipo de instrumento possui forma cilíndrica-cônica, alongada, fina e pontiaguda, tais como: agulha, prego, alfinete etc.

Atuam por pressão através da ponta e afastamento das fibras do tecido.

Instrumento cortante

É todo instrumento que atuando linearmente sobre a pele ou sobre os órgãos, produz feridas incisas (golpeado, cortado com a parte afiada de um objeto ou com o gume de um instrumento de corte). São exemplos a navalha, bisturi, lâmina, canivete, faca de gume cerrado, pedaço de vidro etc.

Agem por pressão e deslizamento produzindo a secção uniforme dos tecidos. As lesões produzidas com esse tipo de instrumento possuem bordas nítidas e regulares, há hemorragia geralmente abundante, corte perfeito dos tecidos moles, ausência de outro trauma em torno da lesão.

Esgorjamento: na parte anterior do pescoço; na frente.

Degolamento: na parte posterior do pescoço; seção quase total do pescoço; na parte traseira.

Decaptação: Quando há separação total da cabeça do resto do corpo.

Instrumento contundente

É todo instrumento ou objeto rombo capaz de agir traumaticamente sobre o organismo. Os mecanismos de ação podem ser ativo, passivo e misto. Serão ativo quando o objeto possuidor de força física, choca-se contra o corpo da vítima. Será passivo quando o corpo da vítima, sob ação da força viva, choca-se contra o objeto. E finalmente será misto quando tanto o corpo da vítima, quando o objeto possuidor de força viva, chocam-se entre si.

O resultado da ação desse tipo de instrumento dependerá da intensidade do seu movimento, de sua dinâmica traumatizante, e, conjugado a este, a região do corpo atingida e as condições da própria ação, as lesões decorrentes poderão ser superficiais ou profundas, citam-se das mais leves às mais graves:

Rubefação: alteração passageira vasomotora de determinada região, dura cerca de duas horas no máximo.

Edema: derrame seroso.

Escoriação: perda traumática da epiderme (serosidade, gotas de sangue, crosta).

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Equimose: derrame hemático que infiltra e coagula nas malhas do tecido. Permite dizer qual o ponto onde se produziu a violência. Indica a natureza do atentado. Pode afirmar se o indivíduo achava-se vivo no momento do traumatismo. Indica a data provável da violência.

Espectro equimótico de LEGRAND DE SAULLE - a equimose superficial é envolvida por uma sucessão de cores que se inicia pelos bordos. Tem importância pericial para determinar, em alguns casos, a data provável da agressão

- 1º dia: lívida ou vermelha - 2º e 3º dia: arroxeada - 4º e 6º dia: azul- 7º ao 10º dia: esverdeada- 10º ao 12º dia: amarela-esverdeada- 12º ao 17º dia: amarela

Hematoma: é uma coleção hemática produzida pelo sangue extravasado de vasos calibrosos, não capilares, que descola a pele e afasta a trama dos tecidos formando uma cavidade onde se deposita.

Bossa sanguínea: é um hematoma em que o derrame sanguíneo impossibilitado de se difundir nos tecidos moles em geral, por planos ósseos subjacentes, coleciona determinando a formação de verdadeiras bossas.

Bossa Linfática: são coleções de linfas produzidas por contusões tangenciais, como acontece nos atropelamentos, em que os pneus, por atrição, deslocam a pele formando grandes bossas linfáticas, entre o plano ósseo e os tegumentos (o conjunto formado pela pele e seus anexos - pêlos, cabelos, unhas e glândulas).

Luxação: é o afastamento repentino e duradouro de uma das extremidades.

Fratura: é a solução de continuidade, parcial ou total dos ossos submetidos à ação de instrumentos contundentes.

Ferida contusa:

• Forma, fundo e vertentes irregulares; • Bordas escovadas; • Ângulos obtusos;• Derrame hemorrágico externo menos intenso do que na ferida incisa;• Aspecto tormentoso no seu interior;• Retalhos conservados em forma de ponte, unindo as margens da lesão, contrastando com os tecidos mortificados;• Nervos, vasos ou tendões, conservados no fundo da lesão.

Instrumento corto-contundente

São instrumentos que possuem gume rombo, de corte embotado (que não está afiado) e que agindo sobre o organismo rompe a integridade da pele, produzindo feridas irregulares, retraídas e com bordas muito traumatizadas. São exemplos o machado,

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foice, facão, enxada, moto-serra, rodas de trem etc. Agem por pressão e percussão ou deslizamento. A lesão se faz mais pelo próprio peso e intensidade de manejo, do que pelo gume de que são dotados.

As formas das feridas variam conforme a região comprometida, a intensidade do manejo, a inclinação, o peso e o fio do instrumento. São em regra mutilantes, abertas, grandes, fraturas, contusões nas bordas, perda de substancia e cicratizam por segunda intenção. O aspecto da escoriação é suficiente para indicar se o ferimento foi feito num indivíduo vivo ou num cadáver. Permite também conclusões quanto ao objeto usado e a natureza do atentado. As escoriações produzidas no vivo formam crosta. No cadáver são lisas e muito semelhantes ao aspecto de couro ou de pergaminho.

Instrumento pérfuro-cortante

São aqueles que além de perfurar o organismo exercem lateralmente uma ação de corte. Podem ser monocortante quando dotados de um só gume ou um só bordo cortante, como faca, peixeira e canivete, ou bicortante quando dotado de dois gumes ou dois bordos cortantes, como o punhal, ou ainda multicortante quando dotado de três ou mais gumes ou bordos cortantes, como perfuratriz manual e apontador de pedreiro.

O mecanismo de ação é complexo, compreendendo a fase inicial de perfuração, após a pressão para o corte e só então se tem a seção. As lesões produzidas por instrumento monocortante são ovolares com um ângulo agudo e um ângulo arredondado. As feridas produzidas com instrumentos bicortantes apresentam dois ângulos agudos. As feridas produzidas por instrumentos multicortantes quando dotado de três gumes terão forma triangular, se dotados de mais do que três gumes são semelhantes às produzidas com instrumentos cônicos.

Dificilmente pode-se calcular o tamanho do instrumento pela largura do ferimento. Contudo, o perito pode dar uma idéia genérica do elemento cortante, número de lesões, sede, direção, características, profundidade, regularidade, lesões de defesa etc.

Instrumento pérfuro-contundente

É todo agente traumático que atua sobre o corpo perfurando-o e contundindo simultaneamente. Os instrumentos dessa classe são na maioria das vezes os projéteis de arma de fogo (armas de fogo são as peças constituídas de um ou dois canos, aberto numa das extremidades e parcialmente fechados na parte de trás, por onde se coloca o projétil).

Acerca da arma de fogo esta pode ser classificada quanto à dimensão (portáteis, semi-portáteis e não portáteis), quanto ao modo de carregar (antecarga e retrocarga) e quanto ao modo de percussão (pederneira e espoleta), quanto a alma do cano (liso e provido de raias) e quanto ao calibre (real e nominal – Europeu (milímetros) 9mm; Americano (fração de polegada) .38; Inglês (milésimos) .380; Alma lisa (nº de esferas) 12.

A munição compõe-se de cinco partes:

1 – Estojo ou cápsula: É um receptáculo de latão ou papelão prensado, de forma cilíndrica contendo os outros elementos da munição;

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2 – Espoleta: É a parte do cartucho que se destina a inflamar a carga. É constituído de fulminato de mercúrio, de sulfeto de antimônio e de nitrato de bário.

3 – Bucha: É um disco de feltro, cartão, couro, borracha, cortiça ou metal, que separa a pólvora do projétil.

4 – Pólvora: É uma substância que explode pela combustão. Há a pólvora negra e a pólvora branca. Esta última não tem fumaça. Ambas produzem de 800 a 900 cm3 de gases por grama de peso. Em geral são compostas de carvão pulverizado, enxofre e salitre.

5 – Projétil: É o verdadeiro instrumento pérfuro-contundente, quase sempre de chumbo nu ou revestido de níquel ou qualquer outra liga metálica. Os mais antigos eram esféricos. Os mais modernos são cilíndricos-ogivais.

O projétil desloca-se da arma graças à combustão da pólvora, quando ganha movimento de rotação e propulsão, ao atingir o alvo atuam por pressão, havendo afastamento e rompimento das fibras. O alvo é também atingido por compressão de gases que acompanha o projétil. Uma lesão completa por projétil de arma de fogo é constituída de 03 (três) partes: Orifício de entrada, Trajeto e Orifício de saída.

Elementos do orifício de entrada:

1 – Zona de contusão: Deve-se ao arrancamento da epiderme motivado pelo movimento rotatório do projétil antes de penetrar no corpo, pois sua ação é de início contundente.

2 – Aréola equimótica: É representada por uma zona superficial e relativamente difusa da hemorragia oriunda da ruptura de pequenos vasos localizados na vizinhança do ferimento.

3 – Orla de enxugo: É uma zona que se encontra nas proximidades do orifício, de cor quase sempre escura que se adaptou às faces da bala, limpando-as com resíduo de pólvora.

4 – Zona de tatuagem: É mais ou menos arredondada, resultando da impregnação de partículas de pólvora incombustas que alcançam o corpo.

5 – Zona de esfumaçamento: É produzida pela depósito de fuligem de pólvora ao redor do orifício de entrada.

6 – Zona de chamuscamento ou queimadura: Tem como responsável a ação super aquecida dos gases que atingem e queimam o alvo.

7 – Zona de compressão de gases: Vista apenas nos primeiros instantes no vivo. É produzida graças a ação mecânica dos gases, que acompanha o projétil quando atingem a pele.

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ENERGIAS DE ORDEM QUÍMICA

Distinção entre intoxicação e envenenamento

Intoxicação é o conjunto de sinais e sintomas que evidenciam o efeito nocivo produzido pela interação entre um agente químico e o organismo.

Envenenamento é a morte violenta ou dano grave a saúde ocasionada por determinadas substâncias de forma acidental, criminosa ou voluntária.

Classificações

1 – Quanto a origem - Animal - Vegetal - Mineral - Sintético

2 – Quanto ao estado físico - Gasoso - Líquido - Sólido - Voláteis

3 – Quanto ao uso - Doméstico - Cosmético - Agrícola - Terapêutico - Industrial

4 – Veneno propriamente dito: raticida, formicida, inseticidas, etc.

5 – Ciclo toxicológico

1 - EXPOSIÇÃO• Ag. Químico• Disponibilidade• Limite de Tolerância

2 - TOXICOCINÉTICA• Absorção• Distribuição• Eliminação• Biotransformação• Armazenamento

3 - TOXICODINÂMICA• Dano Biodinâmico• Biodisponibilidade• I.B.E. (Indicador Biológico de Exposição)

4 - CLÍNICA• Sinais• Sintomas

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ENERGIA DE ORDEM FÍSICO-QUÍMICA

Conceito de asfixia: Termo etnologicamente inadequado, devendo sua origem à antiga concepção de que o pulsar das artérias produzia-se por efeitos do ar nelas introduzidas no movimentos respiratórios. Em sentido genérico, entende-se asfixia como a suspensão da função respiratória por qualquer causa que se oponha a troca gasosa, nos pulmões, entre o sangue e o ar ambiente.

Podem ser terminais, que é conseqüência de doenças que diminuem a área respiratória (pneumonias agudas, edemas pulmonares etc) ou primitivas hipótese em que o agente atua diretamente numa das partes do aparelho respiratório.

Fisiologia e sintomatologia

1 – Fase de irritação

Dispnéia inspiratória (1 minuto = consciência)Dispnéia expiratória (30 segundos = inconsciência e convulsões)

2 – Fase de esgotamento

Pausa (morte aparente)Período terminal (morte)

Lesões

Aspectos externos:

1 - Cianose no rosto: coloração azul violácea da pele e das mucosas devida à oxigenação insuficiente do sangue e ligada a várias causas - distúrbio de hematose, insuficiência cardíaca etc.

2 – Hipóstase precoce: sedimento, depósito de um líquido orgânico, esp. de sangue venoso.

3 – Exolftamia: projeção do globo ocular para fora de sua órbita.

4 – Procidência da língua: saída da posição normal.

5 – Cogumelo espumoso: decorre da mistura de ar, muco e água nas vias respiratórias, ocorre quando retira-se o afogado precocemente da água, que volta a se formar quando retirada.

6 – Resfriamento demorado

7 – Rigidez precoce

8 – Sulco no pescoço: marca de ferimento por instrumento cortante.

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9 – Putrefação mais rápida

10 – Midríase: dilatação da pupila.

Aspectos internos:

1 – Equimoses viscerais: mancha na pele, de coloração variável, produzida por extravasamento de sangue.

2 – Estase nos órgãos internos: estagnação do sangue ou da linfa.

3 – Lesões musculares

4 – Lesões vasculares

5 – Fratura ósseas

6 – Fraturas de cartilagens

7 – Luxações de vértebras

8 – Equimose subserosa da pleura

9 – Pulmões congestos e edemacidos

10 – Manchas de Paltauf: são equimoses de cor vermelho clara no parênquima pulmonar por ruptura de paredes alveoláres e início de putrefação.

Classificação médico-legal

1 – Modificação física do meio: Confinamento2 – Qualitativa: Líquido (afogamento); sólido (soterramento); gasosa (gases tóxicos)

Constrição no pescoço

1 – Enforcamento: laço acionado pelo peso da vítima.2 – Estrangulamento: laço acionado por força externa.3 – Esganadura: mãos do agressor.

Sufocação direta: obstrução das vias respiratórias.Sufocação indireta: mau funcionamento da caixa torácica.