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Engenharia de Produção IMPLEMENTAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE: APLICAÇÃO DA FERRAMENTA MASP EM UMA INDÚSTRIA ALIMENTÍCIA Mariana Forato Renato Valério Salvador Wanderson Santana Barbosa Itatiba 2016

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Engenharia de Produção

IMPLEMENTAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE:

APLICAÇÃO DA FERRAMENTA MASP EM UMA INDÚSTRIA

ALIMENTÍCIA

Mariana Forato

Renato Valério Salvador

Wanderson Santana Barbosa

Itatiba

2016

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Engenharia de Produção

IMPLEMENTAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE:

APLICAÇÃO DA FERRAMENTA MASP EM UMA INDÚSTRIA

ALIMENTÍCIA

Mariana Forato RA: 002201200361

Renato Valério Salvador RA: 002201200873

Wanderson Santana Barbosa RA: 002201402215

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à avaliação da banca do Curso de Engenharia de Produção da Universidade São Francisco, sob a orientação do Prof. Esp. Fábio Hitoshi Masunaga, como exigência parcial para conclusão do curso de graduação.

Orientador: Prof. Esp. Fábio Hitoshi Masunaga

Itatiba

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente somos gratos a Deus, autor da vida e razão pela qual existimos, que nos

deu forças para superar as dificuldades e sempre esteve presente em nossas vidas.

Aos nossos pais que nos deram diretrizes e valores, aos nossos companheiros por nos

apoiar, incentivar e dar forças nos momentos de cansaço e desânimo, também pela paciência a

nós destinada.

Aos nossos amigos que contribuíram para a nossa formação e nos apoiaram nessa

jornada.

Aos professores do curso de Engenharia de Produção da Universidade São Francisco,

em especial aos orientadores Prof. Esp. Fábio Hitoshi Masunaga e Profa. Dra. Elaine Marques

que contribuíram de forma pessoal e acadêmica para a realização do trabalho, também pela

paciência, dedicação e incentivo direcionado a nós.

A Indústria de Produtos Alimentícios Mavalério, em especial a diretora Maria Odila

Portella e ao gerente industrial Anderson Monicce, que nos deram a oportunidade de

desenvolver o projeto dentro da empresa, a liberdade e confiança destinada a nós no

andamento das ações. A todos os envolvidos no trabalho: Alcides Ramires, Alessandra Lopes,

Alessandro Silva, Andre Aguiar, Andre Manuel, Carla Mazzo, Carlos Bueno e Daniel Staudt,

que nos forneceram todas as informações necessárias e nos apoiaram para realizar esse

trabalho.

Enfim, agradecemos a todos que direta ou indiretamente colaboraram com esta

importante etapa de nossas vidas.

Page 5: Engenharia de Produção IMPLEMENTAÇÃO DE FERRAMENTAS …

RESUMO

O presente trabalho teve como objetivo a implementação de ferramentas da qualidade,

em especial o MASP, no setor da indústria alimentícia, para que fosse possível eliminar as

reclamações por parte dos clientes internos, o retrabalho e as perdas. Os problemas a serem

solucionados foram escolhidos através de um gráfico de Pareto, no qual foi possível identificar

os itens de maior incidência, ou seja, que ocasionavam maiores impactos para a indústria. Para

a solução de problemas, foi implementada a ferramenta MASP, que utiliza como base o ciclo

PDCA. Além disso, foram utilizados o diagrama de Ishikawa, estratificação, brainstorming e

5W2H. A implementação desta ferramenta, eliminou as reclamações por parte dos clientes

internos e reduziu as perdas e retrabalhos. O mais significativo foi o produto Chocogiros, no

qual obteve-se uma redução de 5% do custo total e 34% no tempo de produção.

PALAVRAS CHAVES: qualidade, melhoria contínua, MASP, PDCA.

Page 6: Engenharia de Produção IMPLEMENTAÇÃO DE FERRAMENTAS …

ABSTRACT

This essay aimed to implementation of quality tools, especially the MASP, in the

nutritional industry sector, to make it possible to eliminate complaints from internal customers

rework and losses. The problems to be solved have been selected through a Pareto chart, in

which was possible to identify the highest incidence, that is, occasioned major impacts for

industry. To solve the problems, it was implemented MASP tool, which uses based on the PDCA

cycle. Additionally, was used the Ishikawa diagram, stratification, brainstorming and 5W2H. The

implementation of this tool, eliminated claims for parts of internal customers and reduced losses

and reworks.The most significant was the Chocogiros product, in which obtained a reduction of

5% of the total cost and 34% in production time.

KEYWORDS: quality, continuous improvement, MASP, PDCA.

Page 7: Engenharia de Produção IMPLEMENTAÇÃO DE FERRAMENTAS …

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Etapas do MASP de acordo com o ciclo PDCA ............................................... 38

Figura 2: Brainstorming .................................................................................................. 39

Figura 3: Exemplo de Diagrama de Ishikawa ................................................................. 40

Figura 4: Exemplo de Gráfico de Pareto ........................................................................ 40

Figura 5: Exemplo de 5W2H .......................................................................................... 41

Figura 6: Exemplo de Ciclo PDCA ................................................................................. 43

Figura 7: Estratificação .................................................................................................. 47

Figura 8: Gráfico de Pareto ............................................................................................ 48

Figura 9: Fotografia da Reunião de Brainstorming ......................................................... 49

Figura 10: Fotografia da Reunião de Brainstorming ....................................................... 49

Figura 11: Chocogiros .................................................................................................... 50

Figura 12: Diagrama de Ishikawa para a umidade de Chocogiros.................................. 51

Figura 13: Figuras .......................................................................................................... 52

Figura 14: Diagrama de Ishikawa para Formato das Figuras ......................................... 52

Figura 15: Gotas ............................................................................................................ 53

Figura 16: Diagrama de Ishikawa para Gotas Grudadas ................................................ 54

Figura 17: Plano de ação para o Chocogiros ................................................................. 55

Figura 18: Fotografia da Faca ........................................................................................ 56

Figura 19: Fotografia do Disco de compensação ........................................................... 56

Figura 20: Fotografia do Disco ....................................................................................... 57

Figura 21: Detalhamento do conjunto ............................................................................ 57

Figura 22: Vista explodida do conjunto .......................................................................... 57

Figura 23: Modelo 3D do conjunto ................................................................................. 58

Figura 24: Plano de ação para as Figuras ...................................................................... 58

Figura 25: Plano de ação para as Gotas ........................................................................ 59

Page 8: Engenharia de Produção IMPLEMENTAÇÃO DE FERRAMENTAS …

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 12

1.1 Justificativa ......................................................................................................... 13

1.2 Objetivo ............................................................................................................... 13

1.2.1 Objetivo Geral ............................................................................................... 13

1.2.2 Objetivo Específico ........................................................................................ 13

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................... 14

2.1 Evolução da qualidade ........................................................................................ 14

2.2 Controle da Qualidade Total (TQC) ..................................................................... 14

2.2.1 Os Objetivos de uma Empresa ......................................................................... 14

2.2.2 Apresentação do Controle da Qualidade Total ................................................. 15

2.2.3 Significado do Controle da Qualidade Total ...................................................... 15

2.2.4 Conceito do Controle da Qualidade Total ......................................................... 16

2.3 Implantação do TQC ........................................................................................... 17

2.3.1 Fundamentos da Implantação ....................................................................... 17

2.3.2 Procedimentos Iniciais ................................................................................... 18

2.3.3 Organização para Implantação ...................................................................... 19

2.3.3.1 Funções do Comitê de Implantação do TQC .............................................. 19

2.3.3.2 Funções do Escritório do TQC .................................................................... 19

2.3.4 Sistema de Gerenciamento da Implantação do TQC ..................................... 20

2.3.4.1 Definição das Metas de Sobrevivência (Plano de Metas) ........................... 20

2.3.4.2 Definição do Plano de Implantação do TQC (Plano de Meios) ................... 20

2.3.5 Prazo para Implantação do TQC ................................................................... 21

2.3.6 Participação de Toda a Alta Administração ................................................... 21

2.4 Garantia da Qualidade ..................................................................................... 22

2.4.1 Administração da Qualidade .......................................................................... 22

Page 9: Engenharia de Produção IMPLEMENTAÇÃO DE FERRAMENTAS …

2.4.2 Definição de Garantia da Qualidade .............................................................. 24

2.4.3 Histórico do Desenvolvimento da Garantia da Qualidade .............................. 25

2.4.3.1 Garantia da Qualidade Voltada à Inspeção ................................................ 26

2.4.3.2 Garantia da Qualidade Voltada ao Controle de Processo ........................... 27

2.4.3.3 Garantia da Qualidade em Destaque no Desenvolvimento de Novos

Produtos ............................................................................................................................ 27

2.4.4 Conceito de Garantia da Qualidade ............................................................... 28

2.4.4.1 Planejamento da Qualidade ....................................................................... 28

2.4.4.1.1 Controle da Qualidade Ofensivo .............................................................. 28

2.4.4.1.2 Qualidade de Projeto e Qualidade de Conformidade ............................... 29

2.4.4.1.3 Desdobramento da Qualidade ................................................................. 29

2.4.4.2 O Ciclo de Garantia da Qualidade .............................................................. 29

2.4.4.2.1 Garantia da Qualidade no Processo de Produção ................................... 31

2.4.4.3 Auditoria da Qualidade ............................................................................... 31

2.4.5 Implantação da Organização da Garantia da Qualidade ............................... 32

2.4.6 Objetivos da Garantia da Qualidade .............................................................. 33

2.4.7 Filosofia de Sistemas de Garantia da Qualidade ........................................... 33

2.4.8 Garantia da Qualidade no TQC ..................................................................... 33

2.5 MASP (Metodologia de Análise e Solução de Problemas) .................................. 34

2.5.1 Etapa 1 – Identificação do Problema ............................................................. 34

2.5.2 Etapa 2 – Observação ................................................................................... 35

2.5.3 Etapa 3 – Análise .......................................................................................... 35

2.5.4 Etapa 4 – Plano de Ação ............................................................................... 36

2.5.5 Etapa 5 – Ação .............................................................................................. 36

2.5.6 Etapa 6 – Verificação .................................................................................... 36

2.5.7 Etapa 7 – Padronização ................................................................................ 36

2.5.8 Etapa 8 – Conclusão ..................................................................................... 37

2.6 Ferramentas da qualidade ................................................................................... 38

Page 10: Engenharia de Produção IMPLEMENTAÇÃO DE FERRAMENTAS …

2.6.1 Brainstorming ................................................................................................ 38

2.6.2 Diagrama de Ishikawa ................................................................................... 39

2.6.3 Gráfico de Pareto .......................................................................................... 40

2.6.4 5W2H ............................................................................................................ 41

2.6.5 Estratificação ................................................................................................. 42

2.6.6 Ciclo PDCA ................................................................................................... 42

3 METODOLOGIA ..................................................................................................... 44

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ............................................................................ 46

4.1 1ª fase – Planejamento .................................................................................... 46

4.1.2 Relatórios de Não Conformidade (RNC) ........................................................ 46

4.1.3 Estratificação ................................................................................................. 47

4.1.4 Gráfico de Pareto .......................................................................................... 47

4.1.5 Reunião de Brainstorming ............................................................................. 48

4.1.6 Diagrama de Ishikawa ................................................................................... 49

4.1.6.1 Umidade no Chocogiros ............................................................................. 50

4.1.6.2 Formato das Figuras .................................................................................. 51

4.1.6.3 Gotas Grudadas ......................................................................................... 53

4.2 2ª fase – Execução ........................................................................................... 54

4.2.1 Chocogiros .................................................................................................... 54

4.2.2 Figuras .......................................................................................................... 56

4.2.3 Gotas............................................................................................................. 59

4.3 3ª fase – Checagem ......................................................................................... 60

4.3.1 Chocogiros .................................................................................................... 60

4.3.2 Figuras .......................................................................................................... 60

4.3.3 Gotas............................................................................................................. 61

4.4 4ª fase – Ação .................................................................................................. 61

4.4.1 Chocogiros .................................................................................................... 61

4.4.2 Figuras .......................................................................................................... 62

Page 11: Engenharia de Produção IMPLEMENTAÇÃO DE FERRAMENTAS …

4.4.3 Gotas............................................................................................................. 62

5 CONCLUSÃO ......................................................................................................... 63

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 64

Page 12: Engenharia de Produção IMPLEMENTAÇÃO DE FERRAMENTAS …

12

1 INTRODUÇÃO

Na busca pelo melhor atendimento ao cliente, podemos mencionar as ferramentas

da qualidade como um fator importante na gestão das organizações. A qualidade era

originalmente utilizada como uma ferramenta de inspeção; atualmente a gestão da

qualidade é imprescindível para o planejamento estratégico das organizações.

As não conformidades e falhas são comuns nas organizações, impactando

diretamente a qualidade do produto/serviço. Independente do grau do problema, o

retrabalho passa a ser necessário, o que resulta em perdas de tempo, mão de obra,

materiais e acréscimo de custos.

Para obter melhoria da qualidade, devemos identificar o problema e apresentar as

ações corretivas, além da adoção de medidas preventivas, que visam impedir a reincidência

do mesmo. Analisando o setor da indústria alimentícia, foi observado um potencial de

melhoria através da aplicação de ferramentas da qualidade.

A metodologia de análise e solução de problemas (MASP) é uma ferramenta da

qualidade direcionada para entendimento, análise e levantamento de soluções para eliminar

a causa raiz das não conformidades, reduzindo custos e retrabalhos. O MASP bem

estruturado utiliza o conceito do PDCA, o qual nos leva a reavaliar os processos de forma a

aplicar a melhoria contínua nos produtos/serviços. Ele se fundamenta na aquisição de dados

que comprovem anomalias no processo previamente levantadas.

A aplicação do MASP lida com uma situação de incerteza e a necessidade da busca

por uma solução ainda desconhecida. Essa situação acaba envolvendo o conceito de

aprendizagem organizacional, pois os indivíduos e as equipes tem que aprender a respeito

do problema, suas características e condições a partir do que o mesmo ocorre. A partir

deste entendimento, é necessário o levantamento das causas e da melhor forma de resolvê-

las com o menor esforço e principalmente, custo.

A análise se inicia pela coleta de dados e informações pertinentes para a

identificação das causas do problema. A partir deste ponto, começa o processo de

compreensão das reações em cadeia entre as causas para que o problema ocorra. A

analise é realizada pela interpretação das informações e dados coletados, cabendo ao

individuo ou grupo filtrar e agrupar as informações de modo a se obter conclusões corretas.

A manipulação indevida dos dados pode levar a falsas conclusões e consequentemente, a

resultados ineficientes.

A aprendizagem organizacional é de suma importância para o desenvolvimento das

organizações e promove a sobrevivência dentro de um ambiente competitivo. O

aprendizado/conhecimento gerado através da aplicação do MASP deve ser usado pelas

Page 13: Engenharia de Produção IMPLEMENTAÇÃO DE FERRAMENTAS …

13

organizações para superar seus desafios internos de forma inovadora, se tornando um

diferencial no mercado.

Podemos citar como benefícios proporcionados pela implantação de um sistema de

qualidade consistente: redução de não conformidades, eliminação do retrabalho, redução do

custo operacional, melhor desempenho organizacional, dentre outros.

1.1 Justificativa

Hoje a maioria das indústrias entende a importância de uma excelente gestão da

qualidade, o que leva a empresa a lucrar com o diferencial no quesito qualidade dos

produtos, processos e serviços.

Ao avaliar o sistema de gestão da qualidade na indústria alimentícia, foi encontrado

uma oportunidade de melhoria quando se trata de relatórios de não conformidade (RNC).

Para ter um diagnóstico eficaz de causa raiz é necessário utilizar uma metodologia de

trabalho (MASP) no qual aplicamos algumas ferramentas da qualidade para detectar a

verdadeira causa do problema e definir ações para o processo.

1.2 Objetivo

1.2.1 Objetivo Geral

Este trabalho tem como objetivo geral, buscar soluções para não conformidades

através da ferramenta da qualidade MASP (Metodologia de Análise e Solução de

Problemas) para reduzir as perdas e retrabalhos na indústria alimentícia e também diminuir

o número de reclamações por conta dos clientes.

1.2.2 Objetivo Específico

Implementar as ferramentas que fazem parte da metodologia MASP para a análise

da causa raiz, dando assim inicio ao trabalho de redução das não conformidades pertinentes

à empresa.

Pretende-se atingir estes objetivos com os seguintes passos:

1° Estratificar os problemas por reclamações de clientes ou processos inadequados;

2° Realizar treinamento a um grupo definido pela diretoria da empresa de aplicação

das ferramentas da qualidade para análise e resolução das causas raízes;

3° Definir plano de ação e checar a aplicação do cronograma estabelecido.

Page 14: Engenharia de Produção IMPLEMENTAÇÃO DE FERRAMENTAS …

14

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Evolução da qualidade

Conhecida como a era da inspeção, na década de 20, a inspeção era realizada a

partir do produto pronto e não era suficiente para uma demanda crescente.

A era do controle estatístico da qualidade, entre os anos 30 e 40, tinha como foco o

desempenho e qualidade do processo. O CEP (Controle Estatístico do Processo) foi criado

por Walter A. Shewhart para mensurar a variabilidade na linha de produção. A inspeção

passou a ser feita através de amostragem e surgiu o setor de controle da qualidade nas

organizações.

Na década de 50, a era do controle da qualidade total, foi marcada pela

padronização e o foco passa a ser o sistema da qualidade. As organizações começaram a

medir a satisfação dos clientes.

A partir da década de 80, era da gestão da qualidade total, os mercados estão cada

vez mais competitivos e os clientes mais exigentes, baseado nessas ações, a qualidade é

requisito necessário para a sobrevivência das organizações.

Para se adaptar as novas realidades, os conceitos e ferramentas da qualidade

tiveram que ser aprimorados.

2.2 Controle da Qualidade Total (TQC)

2.2.1 Os Objetivos de uma Empresa

O objetivo de uma empresa que almeja sobreviver no mercado é satisfazer as

necessidades dos seus clientes. Portanto, os clientes vêm em primeiro lugar e para a

empresa, o importante é que depois de adquirir um produto e/ou serviço, os clientes fiquem

satisfeitos em longo prazo (FALCONI, 2014).

O empregado também faz parte desse processo e é uma peça chave para a

sobrevivência da empresa. O empregado deve ter um bom salário, qualidade de vida e

crescimento pessoal e profissional. Além dos empregados da empresa, esta visão também

deve ser ampliada aos demais envolvidos na cadeia de suprimentos (FALCONI, 2014).

Para se ampliar o negócio e remunerar seus acionistas, é necessário que a empresa

gere lucro. Para que o lucro exista e seja reaplicado, motivando a criação de empregos, é

preciso que haja produtividade (FALCONI, 2014).

Page 15: Engenharia de Produção IMPLEMENTAÇÃO DE FERRAMENTAS …

15

A empresa pode alcançar este objetivo através do controle da qualidade total, que

possui os seguintes aspectos:

Identificar as necessidades dos clientes e determinar padrões para sanar estas

necessidades;

Destina-se a prosseguir com estes padrões que sanam as necessidades;

Com um aspecto estratégico e um comportamento humanista, destina-se a

aperfeiçoar os padrões constantemente (FALCONI, 2014).

2.2.2 Apresentação do Controle da Qualidade Total

Posterior à Segunda Guerra Mundial, alguns conceitos americanos foram utilizados

para melhorar um sistema administrativo, o controle da qualidade total. Denominado como

TQC (Total Quality Control) no Japão, porém em outros países emprega-se a sigla CWQC

(Company Wide Quality Control). No TQC, o controle da qualidade deve ser realizado por

todos e implantado em todos os setores da empresa (FALCONI, 2014).

O TQC é fundamentado em: sistema cartesiano, atividades de Taylor, controle

estatístico de processos criado por Shewhart, desempenho humano criado por Maslow e

pensamento ocidental em relação à qualidade, com foco nas atividades de Juran. O TQC foi

criado pelo Grupo de Pesquisa do Controle da Qualidade da JUSE (Japanese Union of

Scientists and Engineers) (FALCONI, 2014).

2.2.3 Significado do Controle da Qualidade Total

As organizações procuram alcançar fins específicos. Identificar os fins que não foram

alcançados, realizar uma análise para procurar suas causas e intervir para aprimorar os

resultados consiste em controlar as organizações (FALCONI, 2014).

Satisfazer as necessidades dos clientes é o objetivo da empresa, ou seja, a empresa

busca a qualidade total.

Abaixo estão os aspectos que intervêm na satisfação das necessidades dos clientes

e em como a empresa irá sobreviver:

Qualidade: esta característica está intimamente ligada com a satisfação e a

necessidade do cliente, podendo este ser interno ou externo. Partindo deste

ponto, a qualidade deve ser medida pelas características que remetem à

qualidade dos produtos e serviços fornecidos pela empresa, sejam estes

finais ou intermediários. Há várias maneiras para se medir a qualidade:

Page 16: Engenharia de Produção IMPLEMENTAÇÃO DE FERRAMENTAS …

16

ausência de defeitos e não conformidades; previsibilidade e confiabilidade;

qualidade das partes envolvidas; etc.

Custo: devem ser considerados o custo final e os custos intermediários do

produto ou serviço. O preço reflete a qualidade e cobra-se pelo valor

agregado.

Entrega: as condições de entrega dos produtos e serviços, tanto

intermediários quanto finais também são indicadores de qualidade, podem ser

medidos através dos índices de atraso, não conformidade de local ou

quantidade, etc.

Moral: baseado em índices, como reclamações trabalhistas, absenteísmo,

turn over, etc. Estes índices apontam o nível médio de satisfação de um

determinado grupo de pessoas podendo ser todos os funcionários da

empresa ou de um determinado setor.

Segurança: está ligada à responsabilidade civil do produto no que diz respeito

à segurança dos usuários. Representa a segurança dos funcionários e dos

usuários do produto/serviço podendo ser medido através de índices como

números de acidentes, gravidade, etc (FALCONI, 2014).

Sendo assim, como o objetivo da empresa é a qualidade total, devem-se verificar os

resultados para averiguar se o objetivo realmente foi atingido.

Podemos definir o TQC por meio da seguinte equação: TQC = Controle total +

Qualidade total. Para que a empresa tenha controle total, é necessário que todos pratiquem

o controle, baseando-se no ciclo PDCA. E para se ter qualidade total, é preciso satisfazer as

necessidades de todos os envolvidos (FALCONI, 2014).

Deste modo, podemos definir TQC como o controle praticado por todos para

satisfazer as necessidades dos envolvidos.

2.2.4 Conceito do Controle da Qualidade Total

Atualmente, com o mercado cada vez mais competitivo, é necessário que a empresa

adote ferramentas que a ajudem a alcançar os objetivos de sobrevivência. Todos da

empresa devem aprender e trabalhar com essas ferramentas. Este é o princípio do TQC

(FALCONI, 2014).

O TQC tem os seguintes aspectos:

Page 17: Engenharia de Produção IMPLEMENTAÇÃO DE FERRAMENTAS …

17

Orientação pelo Cliente: atender de forma concreta as necessidades dos

clientes, através da produção e fornecimento de produtos e/ou serviços;

Qualidade em Primeiro Lugar: através da produtividade, que é uma

consequência da qualidade, poder gerar lucro contínuo para que possa ser

garantida a sobrevivência da empresa;

Ação Orientada por Prioridades: identificar os problemas e classifica-los de

acordo com sua criticidade e prioridade, com o auxílio de métodos em que

são estabelecidos esses critérios, junto a um método que ajuda na solução de

problema;

Ação Orientada por Fatos e Dados: comunicar, raciocinar e tomar decisões

baseadas em fatos e dados concretos;

Controle de Processos: gerenciar a empresa de maneira preventiva, ou seja,

durante o processo e não através dos resultados, que podem gerar medidas

tardias;

Controle de Dispersão: controlar as variáveis do processo, reduzindo de

forma metódica as dispersões através do isolamento das causas

fundamentais do problema;

Próximo Processo é seu Cliente: o cliente é a parte mais importante, portanto

não devem ser vendidos produtos defeituosos;

Controle a Montante: buscar a prevenção das origens de problemas em

massa;

Ação de Bloqueio: nunca deixar que problemas se repitam por uma mesma

causa;

Respeito pelo Empregado como Ser Humano: respeitar a todos os

colaboradores como seres humanos independentes;

Comprometimento da Alta Direção: buscar a definição e garantia da execução

da visão e estratégia da alta direção (FALCONI, 2014).

2.3 Implantação do TQC

2.3.1 Fundamentos da Implantação

Para implantar um programa de qualidade, não é necessário que se tenha regras

severas, pois a empresa estará aprendendo. No entanto, é preciso que o programa de

qualidade esteja em conformidade com a cultura da empresa. Lembrando que o programa

de qualidade é incorporado para melhorar o gerenciamento que já existe (FALCONI, 2014).

Page 18: Engenharia de Produção IMPLEMENTAÇÃO DE FERRAMENTAS …

18

Para isso, devem-se seguir alguns itens:

A implantação é realizada por top-down (de cima para baixo) e é acompanhada

pelo escritório do TQC.

A implantação é de total obrigação do presidente da empresa. De nada vale

constituir um “setor de qualidade” ou citar que uma pessoa é responsável pelo

programa. Com isso, a empresa pode implantar controle da qualidade, mas não o

TQC.

Há necessidade de educação e treinamentos, pois implantar o TQC exige

modificação de comportamento e cultura da empresa.

Deve haver diretrizes contínuas de profissionais para a implantação do TQC.

Como é um programa que requer muitas modificações, são necessárias as

condições a seguir:

Liderança intransigente dos gestores.

Educação e treinamento (a “resistência” às mudanças é produto da ignorância

(FALCONI, 2014)).

Educar é levar nova cultura para o intelecto, já treinar é executar a função dessa

nova cultura. Se a empresa se preocupar somente em educar, nada vai adiantar. A

execução é o fundamento das modificações (FALCONI, 2014).

2.3.2 Procedimentos Iniciais

Qualquer pessoa pode dar a ideia de implantação do TQC à empresa. Entretanto, é

preciso apresentar a ideia à diretoria da empresa. É uma apresentação apenas de

introdução ao TQC e que, posteriormente, devem ser feitos outros métodos de educação e

treinamentos (FALCONI, 2014).

Em seguida à apresentação, a proposta deve ser analisada e discutida pela diretoria

para decidir se será ou não implantada. Visitar outras empresas que tem o TQC implantado

é uma excelente opção (FALCONI, 2014).

Posterior à decisão, é necessário formular o “Comprometimento do Presidente”.

Nesse documento, deve haver a premissa da implantação do TQC, que nada mais é como a

empresa vai sobreviver à concorrência. O documento deve ser emitido do seguinte modo:

Page 19: Engenharia de Produção IMPLEMENTAÇÃO DE FERRAMENTAS …

19

A empresa deve determinar qual é a sua posição quanto à concorrência. O que

faz com que a empresa não seja tão competitiva? Por qual razão a empresa não

está exportando? Por que não expandir o market-share?

A empresa precisa definir metas de sobrevivência.

É necessário designar planos para cumprir estas metas. A implantação do TQC é

um dos planos, pois o TQC assegura a sobrevivência da empresa.

Indicar o comitê de implantação do TQC.

Intitular o coordenador do TQC (FALCONI, 2014).

2.3.3 Organização para Implantação

Por ser top-down, o início da implantação do TQC deve ser gerenciada pelo

presidente da empresa. Ele determina um comitê de implantação do TQC, no qual estarão

seus principais executivos, e também o coordenador do TQC, que trabalha como secretário

geral. O comitê é composto de cinco a seis pessoas (FALCONI, 2014).

2.3.3.1 Funções do Comitê de Implantação do TQC

As funções do comitê de implantação do TQC são:

Avaliação e aprovação do plano de implantação do TQC realizado pelo

coordenador do TQC.

Acompanhamento do progresso das metas de sobrevivência e a execução do

plano de implantação do TQC.

Sugestão ao presidente para agir nas causas dos desvios do plano (FALCONI,

2014).

2.3.3.2 Funções do Escritório do TQC

O escritório do TQC é a secretaria oficial do comitê de implantação. As funções

partem da proposta da diretriz, ou seja, das metas e medidas para a implantação do TQC,

passando pela implementação do conceito e elaboração do plano de implantação. Fornece

material e prepara treinamento, além de fornecer consultoria interna, ajudando a gerência na

implantação das atividades relacionadas à solução de problemas (FALCONI, 2014).

Também são funções do escritório do TQC, a elaboração de orçamentos da

implantação e seu controle. Estabelece os procedimentos de gerenciamento através de

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20

diretrizes, fornecendo consultoria para a solução de problemas com base em resultados do

ano anterior. Promove auditorias do controle da qualidade, levantando dados sobre o

progresso do gerenciamento funcional para cada seção (FALCONI, 2014).

O escritório fornece ajuda tanto no processo de desdobramento das diretrizes quanto

na implantação do sistema de padronização, monitorando todo o processo de implantação

do TQC. Por fim, avalia o atual estado da implantação, relatando mensalmente ao comitê e

divulga os resultados do TQC por toda a empresa (FALCONI, 2014).

2.3.4 Sistema de Gerenciamento da Implantação do TQC

A implantação do TQC deve ser seguida de acordo com o padrão do ciclo PDCA. Se

a empresa estabelecer um plano de implantação, mas não determinar as metas de

sobrevivência, não saberá como seguir o plano (FALCONI, 2014).

2.3.4.1 Definição das Metas de Sobrevivência (Plano de Metas)

As metas de sobrevivência asseguram a permanência da empresa na concorrência.

Geralmente são definidos um ou dois pontos em relação às metas no primeiro ano. Se a

empresa tiver um planejamento estratégico, as metas de sobrevivência se sucedem da

descrição da visão e estratégia (FALCONI, 2014).

2.3.4.2 Definição do Plano de Implantação do TQC (Plano de Meios)

O plano de implantação do TQC é responsabilidade do escritório do TQC e deve ser

analisado e aprovado pelo comitê de implantação do TQC (FALCONI, 2014).

O plano de implantação usado pela alta administração é sucinto, já aquele utilizado

pelo nível hierárquico mais baixo é extremamente acurado (FALCONI, 2014).

No plano deve haver os seguintes itens:

Introdução da ideia na empresa – são os primeiros passos para a implantação do

programa.

Educação e treinamento para o TQC – realizar um plano de educação e

treinamento para o TQC.

Plano de controle de implantação do TQC – neste plano é determinado o que

deve haver para a coleta de dados.

Page 21: Engenharia de Produção IMPLEMENTAÇÃO DE FERRAMENTAS …

21

5S, padronização, gerenciamento da rotina, garantia da qualidade,

gerenciamento pelas diretrizes e crescimento do ser humano – realizar e aprovar

o plano de implantação para os tópicos acima.

Auditoria do presidente.

Certificação e prêmios.

2.3.5 Prazo para Implantação do TQC

Como já mencionado anteriormente, o plano de implantação do TQC requer

mudança de cultura e comportamento, devido a isso, a implantação leva tempo, além de

necessitar de muita educação e treinamento (FALCONI, 2014).

A educação é o meio, no entanto, a prática é a raiz das mudanças (FALCONI, 2014).

Pelas experiências de outras empresas, pode-se ter todo o plano implantado de 5 a 6

anos (FALCONI, 2014).

2.3.6 Participação de Toda a Alta Administração

O TQC é uma ferramenta que soluciona problemas, conceituando o problema como

“resultado indesejável”. Por isso, é necessário que a alta administração compreenda

exatamente quais são os “resultados indesejáveis” (FALCONI, 2014). Para saber, é

essencial realizar os procedimentos a seguir:

Definição dos itens de controle de todas as chefias – a alta administração

somente saberá dos problemas quando houver auditoria dos itens de controle.

Definição do histórico de cada um destes itens de controle – elaborar gráficos.

Definição da importância monetária de cada “resultado indesejável” – definir

quais serão os primeiros problemas a serem solucionados de acordo com o

quanto se pode ganhar se for solucionado.

Realização da análise de Pareto – utilizado para fazer do grande problema,

problemas menores que possam ser solucionados pelos gestores de cada setor.

Definição de responsáveis pela solução dos pequenos problemas prioritários

(FALCONI, 2014).

Page 22: Engenharia de Produção IMPLEMENTAÇÃO DE FERRAMENTAS …

22

2.4 Garantia da Qualidade

2.4.1 Administração da Qualidade

Uma empresa somente consegue sobreviver por causa de seus clientes. Para que as

necessidades de seus clientes sejam satisfeitas, é preciso que a administração seja voltada

para a qualidade (FALCONI, 2014).

Constantemente, há mudanças nas necessidades dos clientes, devido a isso, o

desenvolvimento e melhoramento dos concorrentes também são constantes. Por essa

razão, é essencial que a empresa desenvolva novos produtos ou serviços melhores que os

concorrentes. Para isso, é necessário que sejam criados novos processos, também

melhores que os concorrentes (FALCONI, 2014).

O processo da administração da qualidade é indispensável para a sobrevivência da

empresa (FALCONI, 2014).

A política da qualidade deve determinar o comprometimento da alta administração de

forma clara com os conceitos fundamentais da qualidade para que se possa difundir para

serem implementados e compreendidos por todos (FALCONI, 2014).

Definir metas de qualidade a fim de satisfazer as necessidades dos clientes, atestar

a segurança dos usuários, envolver os empregados em todo o processo e ciclo de vida dos

produtos/serviços são conceitos fundamentais da qualidade (FALCONI, 2014).

Em conformidade com a política de qualidade, a alta administração define os

objetivos da qualidade. Para alcançar os objetivos, é necessário criar e implementar um

programa (FALCONI, 2014).

Segundo Vicente Falconi Campos (2014, p. 137), os objetivos da qualidade são:

“a. Capacidade suficiente de engenharia para o desenvolvimento dos atuais

produtos e sistema de produção;

b. Quantidade e qualidade do produto suficientes para atender as

necessidades dos clientes;

c. Melhoria na tecnologia de projeto e desenvolvimento de novos produtos

para o domínio da competitividade;

d. Redução das não conformidades nas etapas de produção e instalação do

produto no cliente;

e. Redução do número de reclamações e reivindicações;

f. Redução de custo no processo de produção/serviço por meio da inovação

dos procedimentos e processos, para o domínio da competitividade;

g. Melhoria da qualidade dos produtos adquiridos pelo desenvolvimento de

fornecedores;

Page 23: Engenharia de Produção IMPLEMENTAÇÃO DE FERRAMENTAS …

23

h. Melhoria na manutenção dos produtos e qualidade dos serviços

prestados no mercado;

i. Melhoria na garantia da segurança do produto em todas as fases do ciclo

de vida;

j. Percepção pelas pessoas da empresa da importância da melhoria da

qualidade dos recursos humanos.

A alta administração deve consolidar e gerir um sistema da qualidade para que se

alcance efetivamente a política e os objetivos da qualidade.

Segundo Vicente Falconi Campos (2014, p. 137 e 138), se faz necessário no sistema

da qualidade, os seguintes itens:

“a. Pesquisa das necessidades e das exigências do mercado;

b. Planejamento do produto;

c. Desenvolvimento de novos produtos;

d. Projeto;

e. Engenharia de produção;

f. Compras;

g. Produção;

h. Inspeção de testes;

i. Estocagem e preservação;

j. Empacotamento;

k. Transportes (interno e externo);

l. Vendas;

m. Manutenção e assistência técnica;

n. Instruções de como dispor do produto após o uso.”

Para o correto funcionamento do sistema da qualidade, é necessário que a

organização do sistema tenha sido estabelecida pela alta administração. Na organização,

deve-se definir o papel e a responsabilidade de cada participante delegando os níveis de

comando. Os gerentes da cadeia de comando devem definir sua administração da rotina do

trabalho (FALCONI, 2014).

Segundo Vicente Falconi Campos (2014, p. 138), a rotina do trabalho deve ser

estabelecida da seguinte forma:

“a. Estabelecendo a padronização de sua área de trabalho para uso de seus

operadores;

b. Educando e treinando seus operadores para conseguir a compreensão

dos padrões estabelecidos;

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c. Estabelecendo um plano anual de melhoria do seu próprio gerenciamento

da rotina do trabalho do dia a dia para atingir sua própria visão do futuro.”

Segundo Vicente Falconi Campos (2014, p. 138 e 139), os seguintes itens devem ser

seguidos para acompanhar o planejamento da qualidade:

“a. A meta da qualidade a ser atingida;

b. Um sistema que garanta a qualidade em cada grupo;

c. A definição das necessidades de nova tecnologia, materiais,

equipamentos e processo a serem implementados;

d. A definição das necessidades de habilidades por parte dos operadores;

e. A definição das necessidades de inspeção, equipamentos de medida da

qualidade e de testes; instrumentos, ferramentas, métodos de mensuração;

f. A definição de qualquer outro método que garanta e verifique a qualidade

especificada pelas necessidades dos clientes.”

E também, é preciso que sejam feitas auditorias constantemente.

Nas auditorias da qualidade, é necessário verificar se as atividades mapeadas no

sistema da qualidade estão sendo executadas e se são adequadas para atingir os objetivos

da qualidade. Além disso, deve-se analisar se o nível pretendido está sendo alcançado

(FALCONI, 2014).

Para o controle de competitividade pela empresa, tanto econômico como pela

eficácia, é de extrema importância que a empresa tenha uma melhoria contínua no sistema

através das atividades mencionadas anteriormente (FALCONI, 2014).

O objetivo será alcançado, se a rotina de trabalho for bem gerida.

2.4.2 Definição de Garantia da Qualidade

A garantia da qualidade tem como objetivo verificar se as atividades da empresa

estão sendo executadas de forma correta. A empresa sempre está em busca de satisfazer

cada vez mais os seus clientes e ser melhor que os seus concorrentes, sendo assim, a

garantia da qualidade assegura que a empresa está no caminho certo (FALCONI, 2014).

Se uma empresa seguir o controle de qualidade em seus projetos e processos de

forma correta e atender as necessidades dos clientes através de um sistema de produção

seguro, a empresa estará em um estágio avançado. Porém, para a empresa dizer que

instalou uma garantia da qualidade, é necessário mais do que apenas ter um sistema de

produção correto e atender as necessidades dos clientes (FALCONI, 2014).

Page 25: Engenharia de Produção IMPLEMENTAÇÃO DE FERRAMENTAS …

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A garantia da qualidade no TQC procura o “defeito zero”, portanto, é preciso que a

empresa busque suprir completamente as falhas, para que se possam satisfazer todas as

necessidades dos clientes e que todos da empresa participem e tenham responsabilidade.

As atividades da qualidade devem ser gerenciadas corretamente e intransigente através do

ciclo PDCA para se obter garantia da qualidade (FALCONI, 2014).

A garantia da qualidade deve averiguar se os setores estão trabalhando em sintonia

para obter a qualidade planejada. E também, é necessário informar a alta administração

sobre as atividades e resultados da qualidade (FALCONI, 2014).

Para Juran, a garantia da qualidade é “a atividade que garante aos interessados

através de provas que a qualidade está sendo executada corretamente”.

O mercado brasileiro fica cada vez mais exigente, porém, assim como era feito

antes, atualmente é necessário apenas uma inspeção final ou técnicas simples para se

obter a garantia da qualidade. No mercado internacional, em todo o processo é preciso que

haja uma técnica de controle da qualidade (FALCONI, 2014).

Quando uma empresa chega ao nível da garantia da qualidade significa que os

clientes confiam e usam seus produtos/serviços. Há alguns itens importantes sobre a

garantia da qualidade:

Tradição: este é um quesito que não se conquista de um dia para o outro. A

empresa fica conhecida ao longo do tempo por sua confiabilidade, o que faz com

que os clientes comprem produtos/serviços com confiança. Porém, é necessário

tomar cuidado, pois se pode perder a confiança de um dia para o outro.

Satisfação total das necessidades do consumidor: é necessário que o

produto/serviço satisfaça todas as necessidades dos clientes, além de ter defeito

zero. Lembrando que as necessidades dos clientes se modificam cada vez mais

rápido, devido a isso, a empresa deve ficar atenta ao divulgar as características

ao consumidor para que as expectativas criadas não sejam falsas. Também é

preciso dar atenção à assistência técnica, já que o produto foi feito para ser

durável e de confiança (FALCONI, 2014).

Por fim, para que se tenha a garantia da qualidade, é necessário que todos da

empresa participem do processo, buscando a saciedade das necessidades dos clientes.

2.4.3 Histórico do Desenvolvimento da Garantia da Qualidade

Ao longo dos anos, ocorreram algumas fases da garantia da qualidade:

Page 26: Engenharia de Produção IMPLEMENTAÇÃO DE FERRAMENTAS …

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Voltada à inspeção;

Voltada ao controle de processos;

Em destaque no desenvolvimento de novos produtos.

Nenhuma fase é excluída, a ênfase é o que as tornam diferentes. Uma empresa que

está desenvolvendo novos produtos precisará ter um controle de processos, além de ter um

sistema de inspeção. No Brasil, muitas empresas ainda utilizam a fase voltada à inspeção

(FALCONI, 2014).

2.4.3.1 Garantia da Qualidade Voltada à Inspeção

Nesta fase, há um setor autorizado e dedicado para realizar a inspeção do produto.

Quando a empresa adota a garantia da qualidade voltada à inspeção, a alta administração

comete o erro de achar que a melhoria da qualidade encarece o custo. À medida que a

melhoria da qualidade é aplicada no processo, excluindo as causas dos defeitos, é claro que

o custo diminui. Porém, se a melhoria da qualidade é aplicada somente na inspeção,

indiscutivelmente o custo aumenta (FALCONI, 2014). Abaixo há alguns tópicos em relação a

esta questão:

Os custos aumentam quando há inspetores na empresa, pois além de ser um

custo alto, os inspetores não produzem. Portanto, se as causas fossem

eliminadas com a melhoria da qualidade, os defeitos não existiriam, sendo assim,

os inspetores não seriam mais necessários e os custos diminuiriam.

A inspeção manual 100% se faz impraticável quando a velocidade de produção

aumenta. Dessa forma, é necessário aplicar a automação da inspeção.

Há outro problema quando em alguns itens, apenas a inspeção não garante a

qualidade. Por exemplo, em montagens complicadas, somente quando utilizado,

a qualidade vai ser notada.

Quando se tem um setor exclusivo (separado da produção) para a realização da

inspeção, há atraso nas informações da qualidade e na análise. Desse modo,

não há tempo hábil para que as ações corretivas sejam tomadas. No TQC,

diferentemente da inspeção, todos os trabalhadores são inspetores. Devido a

isso, as ações corretivas são tomadas no tempo certo.

Page 27: Engenharia de Produção IMPLEMENTAÇÃO DE FERRAMENTAS …

27

A empresa toda deve saber que é responsável pela garantia da qualidade para

que se possa eliminar a inspeção. Dessa maneira, cada processo deve assegurar

a qualidade para o próximo processo (FALCONI, 2014).

2.4.3.2 Garantia da Qualidade Voltada ao Controle de Processo

Na fase em que a garantia da qualidade é voltada para a inspeção, há um setor

exclusivo responsável pela inspeção, enquanto, na fase em que é voltada ao controle do

processo, todos se envolvem e são responsáveis pela qualidade. Independente da

quantidade de processos que existam na empresa, a qualidade deve estar presente em

cada processo. O conceito de processo envolve toda a empresa (FALCONI, 2014).

Se a empresa focar somente ao controle de processos, pode-se não solucionar

problemas relacionados à satisfação dos clientes. Há problemas que não conseguem ser

solucionados pela inspeção e produção, pois estes problemas surgiram no projeto e

desenvolvimento do produto. Devido a isso, a qualidade passou a ser necessária em todos

os processos da produção, começando no desenvolvimento de novos produtos e buscando

a melhoria da qualidade, para satisfazer as necessidades dos clientes (FALCONI, 2014).

2.4.3.3 Garantia da Qualidade em Destaque no Desenvolvimento de Novos Produtos

Nesta fase, além da inspeção e do controle de processos, a qualidade deve ser

assegurada nos projetos e desenvolvimento de novos produtos, através de severas

avaliações. A cada novo produto, a garantia da qualidade deve estar presente desde o

planejamento até à assistência técnica (FALCONI, 2014).

Segundo Ishikawa, há três pontos importantes da garantia da qualidade no

desenvolvimento de novos produtos:

A garantia da qualidade apenas pode ser realizada de fato se for orientada na

fase de desenvolvimento de novos produtos;

Com a crescente competitividade, as empresas devem se preocupar em

desenvolver novos produtos, caso contrário, tem grandes chances de ir à

falência;

Com a garantia da qualidade no desenvolvimento de novos produtos, todos os

setores da empresa são conduzidos a realizar o controle e a garantia da

qualidade.

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28

2.4.4 Conceito de Garantia da Qualidade

Na garantia da qualidade, há um planejamento da qualidade para ser colocado no

mercado e um controle da qualidade feito por todos da empresa. Além de ter uma auditoria

para se ter certeza de que o planejado está sendo executado corretamente (FALCONI,

2014).

2.4.4.1 Planejamento da Qualidade

Nem todos os processos da empresa sabem das necessidades dos clientes, por

isso, há uma organização interna que executa o planejamento da qualidade. Para satisfazer

as necessidades dos clientes, são determinados os aspectos da qualidade que serão

inseridos ao produto/serviço. Esses aspectos são definidos no planejamento da qualidade

(FALCONI, 2014).

As etapas do planejamento da qualidade são as seguintes:

Identificar os clientes;

Definir as necessidades dos clientes;

Traduzir as necessidades para uma linguagem da empresa;

Desenvolver um produto para satisfazer as necessidades;

Aprimorar as características do produto para que atenda as necessidades da

empresa e do cliente (qualidade do projeto);

Desenvolver um processo que fabrique o produto (sequência de processos);

Melhorar o processo (buscando menor custo);

Evidência de que o processo produzirá o produto em condições de operação

(qualidade e conformidade);

Movimentação do processo à operação.

2.4.4.1.1 Controle da Qualidade Ofensivo

Muitas empresas procuram atender somente às especificações, essa prática é

chamada de controle da qualidade defensivo. Não se preocupam com as necessidades dos

clientes, pelo contrário, faz os mesmos sofrerem prejuízos. Ishikawa chamava essa ação de

product out (FALCONI, 2014).

Page 29: Engenharia de Produção IMPLEMENTAÇÃO DE FERRAMENTAS …

29

No controle da qualidade ofensivo, a empresa procura atender as necessidades dos

clientes, incluindo-as nas especificações. A empresa passa a ter empatia. Ishikawa

chamava essa ação de market in (FALCONI, 2014).

Deve-se lembrar de que as necessidades dos clientes se modificam constantemente,

portanto, o planejamento deve ser contínuo.

2.4.4.1.2 Qualidade de Projeto e Qualidade de Conformidade

Acrescentar características úteis ao produto, para elevar a satisfação dos clientes e

ganhar mercado, isso beneficia a qualidade do projeto, porém, seu custo aumenta.

Trabalhando nos processos da empresa, executando o controle da qualidade, isso

beneficia a qualidade da conformidade, pois reduz os defeitos e diminui os custos.

Aumentando também a satisfação dos clientes, devido à redução de defeitos (FALCONI,

2014).

2.4.4.1.3 Desdobramento da Qualidade

Desdobramento da qualidade é traduzir os anseios do consumidor para instruções

técnicas para satisfazer as suas necessidades. Também chamada de análise de qualidade,

que colabora para a competitividade da empresa (FALCONI, 2014).

As necessidades dos clientes são transformadas em características do produto,

posteriormente, em características do processo e, por fim, em itens de controle introduzidos

nos procedimentos operacionais. É claro que para obter êxito, é necessário o envolvimento

de vários setores da empresa. O desdobramento da qualidade compreende a garantia da

qualidade no desenvolvimento de novos produtos, visto que proporciona a qualidade de

projeto e a qualidade de conformidade (FALCONI, 2014).

2.4.4.2 O Ciclo de Garantia da Qualidade

As empresas passaram por mudanças administrativas devido às características

adotadas pelo mercado internacional. As características são:

Minimizar o tempo entre o desenvolvimento científico e o desenvolvimento do

projeto;

Page 30: Engenharia de Produção IMPLEMENTAÇÃO DE FERRAMENTAS …

30

Minimizar o tempo de vida comercial de um produto, que será trocado por um

mais moderno.

Demandando da empresa:

Agilidade no desenvolvimento de novos produtos;

Atingir a satisfação total dos clientes (compreensão impecável das necessidades

dos clientes);

Garantia de exatidão do projeto e do produto, considerando o amplo tempo

disponível para alterações do projeto, com base nos dados de mercado.

Para satisfazer os itens acima, é preciso construir um bom sistema. Segundo Juran,

as ações corretivas antes do desastre somente são possíveis, pois a garantia da qualidade

gera proteção através de informações antecipadas. No desenvolvimento de novos produtos,

esta definição é chamada de garantia do projeto e é realizada através do ciclo de garantia

da qualidade.

No TQC, o ciclo de garantia da qualidade foca no cliente, atuando nos itens de venda

e assistência técnica. Para que tenhamos uma excelente qualidade, a empresa deve realizar

uma pesquisa de mercado, dividindo os resultados em necessidades de avanços em

produtos atuais e necessidades de novos produtos. Para iniciar a qualidade do projeto, as

necessidades de avanços em produtos atuais são aprofundados e, posteriormente,

desenvolvidos. Enquanto que, as necessidades de novos produtos são analisadas pelo

planejamento e estudadas quanto às modificações de mercado, concorrência e custos

(FALCONI, 2014).

Quando a empresa resolve desenvolver um novo produto, são realizados testes

através de protótipos. Para verificar a segurança e a confiabilidade do produto, os testes

devem ser analisados por meio de diversas ferramentas de análise de falhas (FALCONI,

2014).

Após a aprovação do protótipo, inicia-se o projeto do produto, no qual as atividades

acima são passadas para o projeto. Nesta fase, a empresa deve rever o projeto (FALCONI,

2014).

Em seguida, é necessário fazer as compras, projeto de ferramentas, projeto de

processo, planejamento da produção, considerações de redução do custo e melhoria do

processo. Esta fase é chamada de preparação da produção (FALCONI, 2014).

Posteriormente, a produção é iniciada, na qual a qualidade é agregada ao produto.

Através de controle, melhorias de operação, melhorias de processo e automação, são feitas

a manutenção e a melhoria da qualidade do produto (FALCONI, 2014).

Page 31: Engenharia de Produção IMPLEMENTAÇÃO DE FERRAMENTAS …

31

Para concluir o ciclo da garantia da qualidade e retornar ao cliente, é realizada a

inspeção final (FALCONI, 2014).

2.4.4.2.1 Garantia da Qualidade no Processo de Produção

O objetivo do processo de produção é ter um pequeno índice de defeitos, ao grau de

partes por milhão (ppm). O processo de produção é feito através do ciclo PDCA e em cada

processo, há a garantia da qualidade para que não se tenha defeitos, e caso haja, não

passar para os demais. E busca constantemente revisar o projeto do processo, a fim de

aperfeiçoá-lo (FALCONI, 2014).

A meta para ter uma redução considerável nos defeitos é buscar estatisticamente

melhorias no processo (revisando o projeto do processo e suas análises, também gráficos

de controle). Para prevenir defeitos através de análise de falhas, é necessário ter uma

atuação efetiva em processos como: manutenção preditiva e preventiva, obedecer a

padrões pré-estabelecidos e aprimorar a habilidade em detectar problemas e resoluções

(FALCONI, 2014).

Para a não transferência de defeitos, o segredo é a verificação em cada parte do

processo aplicando a análise de falhas e controle através de inspeção (FALCONI, 2014).

2.4.4.3 Auditoria da Qualidade

Quando se estabelece o controle da qualidade na empresa, é importante ressaltar

que se devem acompanhar todos os processos do controle da qualidade para que se possa

não apenas analisar os pontos fortes e fracos, mas bem como guiar as pessoas envolvidas

e constatar o empenho constante da empresa pela qualidade (FALCONI, 2014).

Há três modelos de auditoria, que são: auditoria de sistema, auditoria de processo e

auditoria de produto.

Auditoria de sistema – esta auditoria averigua como a política da qualidade e o

sistema da qualidade estão sendo entendidos. E também se a melhoria do gerenciamento

da rotina do trabalho do dia a dia está sendo feita, acompanhando o plano estabelecido

anteriormente. A auditoria de sistema é realizada pela alta administração; gerentes seniores

e pelo escritório do TQC (FALCONI, 2014).

Auditoria de processo – esta auditoria averigua os seguintes itens abaixo:

Os processos estão cumprindo os padrões definidos previamente;

Os operadores estão cumprindo os métodos operacionais padronizados;

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Na área de trabalho, se há os padrões técnicos atualizados;

Houve treinamento para todos os operadores da empresa;

Todos os equipamentos, ferramentas e instrumentos estão devidamente em

boas condições e identificados.

A auditoria de processo é realizada pela organização de garantia da qualidade

(FALCONI, 2014).

Auditoria de produto – esta auditoria averigua após a inspeção se os produtos estão

inteiramente de acordo com as determinações e necessidades da qualidade. A auditoria de

produto, assim como a auditoria de processo, é realizada pela organização de garantia da

qualidade (FALCONI, 2014).

O objetivo das auditorias em controle de qualidade é colaborar com as pessoas para

que elas possam melhorar as situações de vida para todos. Devido a isso, os auditores

precisam compreender e já ter aplicado o controle de qualidade para que possam auxiliar os

auditados. Quando a auditoria é feita por um auditor inexperiente, passa a ser mais uma

inspeção do que a própria auditoria. Nas auditorias, deve haver orientação/conselho

(FALCONI, 2014).

2.4.5 Implantação da Organização da Garantia da Qualidade

Todos da empresa são responsáveis por garantir a qualidade, pois são eles quem

exerce as atividades relacionadas à qualidade. Tendo o pensamento de que a próxima

etapa é o cliente, todos devem assegurar a qualidade em cada processo (FALCONI, 2014).

Porém, é necessário que tenha uma organização da garantia da qualidade agindo

em caráter interfuncional, exercendo algumas atividades da qualidade (FALCONI, 2014).

Segundo Vicente Falconi Campos (2014, p. 166), as competências da organização

da garantia da qualidade são as seguintes:

“a. Desdobramento da política da qualidade;

b. Auditoria da qualidade;

c. Tratamento das reclamações e reivindicações.”

Muitas empresas brasileiras não têm os dados necessários, há falta de organização,

isso gera inexistência de análise para tomar as decisões corretas. Devido a isso, algumas

dessas empresas estão incorporando os ensinamentos das normas ISO-9000 e

estabelecendo uma organização da garantia da qualidade de acordo com a norma IS0-9001

(FALCONI, 2014).

Page 33: Engenharia de Produção IMPLEMENTAÇÃO DE FERRAMENTAS …

33

2.4.6 Objetivos da Garantia da Qualidade

Satisfazer as necessidades dos clientes a um baixo preço e melhor que os

concorrentes é assegurar a qualidade segundo os japoneses. Para satisfazer os clientes, é

necessário que as suas necessidades sejam realizadas no tempo, local e quantidade

corretos. Sendo assim, para que exista qualidade é preciso que o controle da qualidade seja

seguido por todos da empresa (FALCONI, 2014).

Para que a empresa possa sobreviver no meio comercial, é fundamental que todos

os empregados saibam e caminhem para alcançar o objetivo da garantia da qualidade.

Satisfazer apenas as exigências de normas nacionais ou internacionais não garante a

sobrevivência da empresa (FALCONI, 2014).

2.4.7 Filosofia de Sistemas de Garantia da Qualidade

Existem dois tipos de abordagens para os sistemas de garantia da qualidade:

Abordagem ofensiva, que leva em consideração a precedência;

Abordagem defensiva, que leva em consideração a exigência ao cumprimento de

normas e/ou regulamentos nacionais ou internacionais.

A abordagem ofensiva busca criar um sistema que satisfaça os clientes a um preço

acessível e superior que os seus concorrentes, ou seja, é uma abordagem competitiva e de

sobrevivência. Foi criada pelos americanos e adotada e aperfeiçoada pelos japoneses. Para

Kume, essa abordagem é orientada pelo vendedor (FALCONI, 2014).

Já a abordagem defensiva destaca basicamente o papel do fornecedor, que só

poderá seguir fornecendo se obedecer às exigências de uma norma. No início, a abordagem

defensiva utilizava as normas militares americanas MIL-Q-5923C ou ML-Q-9858A.

Atualmente, são utilizadas as normas da série ISO-9000 desenvolvido pela International

Standards Organization (ISO) (FALCONI, 2014).

2.4.8 Garantia da Qualidade no TQC

A garantia da qualidade, na ideologia do TQC, é a fase na qual todos os setores e

todas as pessoas executam o controle de qualidade de maneira instintiva e incentivada

(FALCONI, 2014).

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Segundo Vicente Falconi Campos (2014, p. 174), uma empresa só terá garantia da

qualidade se estiver instruída a:

“a. Detectar necessidades humanas não atendidas;

b. Especificar produtos/serviços que satisfaçam essas necessidades;

c. Projetar esses produtos/serviços ao mais baixo custo possível (no TQC

não se concebe projeto dissociado da avaliação de custo);

d. Projetar e operar processos que fabriquem esses produtos/serviços

conforme as especificações e ao mais baixo custo;

e. Inspecionar os produtos de forma a verificar a sua conformidade com as

especificações;

f. Dar assistência técnica e total atenção ao seu cliente de forma a

assegurar a sua satisfação por um longo tempo.”

As necessidades dos clientes estão em constante mudança, por isso, a garantia da

qualidade está ligada ao desenvolvimento de um novo produto ou melhora de um produto

existente. Buscar frequentemente a satisfação das necessidades dos clientes é designado

inovação. A inovação é a essência para que a empresa possa sobreviver (FALCONI, 2014).

2.5 MASP (Metodologia de Análise e Solução de Problemas)

Para Kume (1993) o MASP (Metodologia de Análise e Solução de Problemas)

(Figura 1) é uma ferramenta utilizada para analisar e solucionar problemas nas

organizações. Para complementar sua aplicação, o MASP utiliza o ciclo PDCA, fazendo com

que a organização foque na melhoria contínua.

Para Zschornack (2010), o MASP adota diversas ferramentas para priorizar e

solucionar problemas. Esse método viabiliza a solução de forma ordenada e coesa, através

de análise, resolução das causas e elaboração de plano de ação.

O MASP, de modo científico e efetivo, possibilita a solução de problemas, além de

incentivar cada colaborador a se qualificar para resolver os problemas específicos de sua

responsabilidade (WYSOCKI, 2010).

2.5.1 Etapa 1 – Identificação do Problema

Na etapa de identificação do problema, devem-se realizar os seguintes passos:

Escolher o problema, ou seja, selecionar um resultado indesejável que seja o

mais importante baseado em fatos e dados.

Page 35: Engenharia de Produção IMPLEMENTAÇÃO DE FERRAMENTAS …

35

Verificar o histórico do problema através de perguntas como: Qual a

frequência do problema? Como ocorre?

Apresentar quais são as perdas atuais e os prováveis ganhos, podendo ser

analisado por meio de perguntas como: O que se está perdendo? (custo da

qualidade), O que é possível ganhar?

Realizar um gráfico de Pareto, no qual se identificam os problemas por ordem

de relevância e se estabelecem alvos tangíveis.

Intitular os responsáveis e indicar uma data limite para a resolução do

problema.

2.5.2 Etapa 2 – Observação

Na etapa de observação, devem-se realizar os seguintes passos:

Através de coleta de dados, identificar características do problema. Alguns

itens a serem observados são: tempo, local, tipo, sintoma e indivíduo. Quanto

mais tempo gasto nesta etapa, mais fácil será a resolução do problema.

Realizar uma observação no local do problema para que se possam

identificar mais algumas características.

Estabelecer um cronograma e um objetivo a ser atingido, além de determinar

um orçamento.

2.5.3 Etapa 3 – Análise

Na etapa de análise, devem-se realizar os seguintes passos:

Definir as causas fundamentais através de brainstorming e diagrama de

causa e efeito.

Após realizar o diagrama de causa e efeito, verificar quais as causas menos

prováveis baseado no levantamento de dados feito na etapa de observação.

E priorizar as causas mais prováveis.

Analisar as causas mais prováveis por meio de coleta de informações. E

realizar teste das hipóteses mediante experiências.

Averiguar se houve comprovação de alguma causa fundamental. Se sim,

verificar se é possível executar o bloqueio. Se não, voltar ao primeiro passo.

Page 36: Engenharia de Produção IMPLEMENTAÇÃO DE FERRAMENTAS …

36

2.5.4 Etapa 4 – Plano de Ação

Na etapa de plano de ação, devem-se realizar os seguintes passos:

Elaborar a estratégia de ação, certificando-se que as ações serão tomadas

sobre as causas fundamentais e não sobre os efeitos.

Realizar o plano de ação para o bloqueio utilizando a ferramenta 5W2H

(What? When? Who? Where? Why? How? How much?), além de revisar o

cronograma e o orçamento feitos na etapa de observação.

2.5.5 Etapa 5 – Ação

Na etapa de ação, devem-se realizar os seguintes passos:

Realizar treinamentos para que todos da empresa estejam cientes e

concordem com o plano de ação e as metas a serem atingidas.

Executar o plano de ação de acordo com o cronograma estabelecido.

Independente de sucesso ou fracasso, todas as ações e resultados devem

ser anotados no momento em que ocorrem.

2.5.6 Etapa 6 – Verificação

Na etapa de verificação, devem-se realizar os seguintes passos:

Comparar os resultados, ou seja, analisar os dados coletados antes e depois

da ação de bloqueio para que se possa verificar a eficiência da ação e o grau

de redução dos resultados indesejáveis.

Listar os efeitos secundários positivos ou negativos resultantes de alterações

do sistema.

Verificar a continuidade ou não do problema. Se o problema continuar a

ocorrer, significa que a solução apresentada foi falha.

Através das informações levantadas nas etapas anteriores, analisar se a

causa fundamental foi encontrada e bloqueada. Se a solução foi falha, deve-

se voltar à etapa de observação.

Caso a solução tenha sido satisfatória, é imprescindível que haja

monitoramento durante certo período para que seja confiável.

2.5.7 Etapa 7 – Padronização

Page 37: Engenharia de Produção IMPLEMENTAÇÃO DE FERRAMENTAS …

37

Na etapa de padronização, devem-se realizar os seguintes passos:

Elaborar ou alterar os padrões, ou seja, implantar ou modificar as ações

satisfatórias como forma de trabalho.

Comunicar todos os envolvidos sobre os novos padrões e modificações, além

da data de implantação.

Realizar treinamentos que mostrem a razão e os aspectos importantes da

mudança. E certificar-se que todos os colaboradores saibam como executar o

procedimento operacional padrão.

Acompanhar a utilização do padrão através de um sistema de verificações

periódicas para evitar que o problema reapareça.

Para Kume (1992), para que o problema não ocorra novamente, é indispensável que

haja padrões, caso contrário, o problema retornará progressivamente. Se houver

contratação de novas pessoas, é provável que o problema aconteça novamente, devido a

isso, é importante que a padronização seja realizada através da educação e treinamentos e

não apenas em documentos.

2.5.8 Etapa 8 – Conclusão

Na etapa de conclusão, devem-se realizar os seguintes passos:

Revisar o processo inteiro e relacionar os problemas remanescentes.

Planejar a aplicação do MASP aos problemas remanescentes.

É fundamental que seja feito um estudo do que foi aprendido para que os

aprendizados sejam utilizados em outras oportunidades de melhoria

(PARKER, 1995).

Realizar uma reflexão sobre as atividades praticadas na solução de

problemas.

Page 38: Engenharia de Produção IMPLEMENTAÇÃO DE FERRAMENTAS …

38

Figura 1: Etapas do MASP de acordo com o ciclo PDCA

(Fonte: ALVES, 2014)

2.6 Ferramentas da qualidade

2.6.1 Brainstorming

O brainstorming (Figura 2) é um método da qualidade, o qual consiste em grupos em

que os indivíduos dão suas ideias de forma livre no menor tempo possível e sem críticas

(MARSHALL, 2010).

Recomenda-se que a participação seja voluntária e deve-se utilizar facilitadores

treinados. Os grupos devem ser compostos entre 5 e 12 pessoas (MARSHALL, 2010).

A ferramenta contribui para o desenvolvimento de equipes e busca a diversidade de

opiniões a partir de um processo de criatividade grupal, no qual os empregados podem ter

auto expressão, terem capacidade de expressar sua criatividade sem julgamentos, serem

livres de preconceitos em geral, aceitarem diferenças conceituais e registrarem suas ideias.

Além disso, no processo de brainstorming não existe hierarquia, porém, há um limite de

tempo (MARSHALL, 2010).

Segundo Isnard Marshall e outros (2010, p.104), há três fases típicas no

brainstorming:

“a. Clareza e objetividade na apresentação do assunto, problema ou

situação;

b. Geração e documentação das ideias;

c. Análise e seleção.”

Page 39: Engenharia de Produção IMPLEMENTAÇÃO DE FERRAMENTAS …

39

Figura 2: Brainstorming

(Fonte: The Clever PM, 2014)

2.6.2 Diagrama de Ishikawa

O diagrama de Ishikawa (Figura 3) é uma ferramenta da qualidade na qual são

representadas as possíveis causas que levam a um determinado efeito (MARSHALL, 2010).

Durante o processo de classificação, as causas são agrupadas por categorias e

semelhanças, possibilitando a atuação de modo mais específico e direcionado (MARSHALL,

2010).

Segundo Isnard Marshall e outros (2010, p.107), as etapas de elaboração do

diagrama de Ishikawa são as seguintes:

“a. Discussão do assunto a ser analisado pelo grupo, contemplando seu

processo, como ocorre, onde ocorre, áreas envolvidas e escopo;

b. Descrição do efeito (problema ou condição específica) no lado direito do

diagrama;

c. Levantamento das possíveis causas e seu agrupamento por categorias

no diagrama;

d. Análise do diagrama elaborado e coleta de dados para determinar a

frequência de ocorrência das diferentes causas.”

Page 40: Engenharia de Produção IMPLEMENTAÇÃO DE FERRAMENTAS …

40

Figura 3: Exemplo de Diagrama de Ishikawa

(Fonte: PMG&E, 2011)

2.6.3 Gráfico de Pareto

O gráfico de Pareto (Figura 4) é construído a partir de um processo de coleta de

dados e utilizado quando se quer priorizar problemas ou causas relativas a um determinado

assunto (MARSHALL, 2010).

Figura 4: Exemplo de Gráfico de Pareto

(Fonte: SALES, 2002)

Page 41: Engenharia de Produção IMPLEMENTAÇÃO DE FERRAMENTAS …

41

2.6.4 5W2H

O 5W2H (Figura 5) representa as iniciais das seguintes palavras:

- What? (O que?)

- Who? (Quem?)

- When? (Quando?)

- Where? (Onde?)

- Why? (Por que?)

- How? (Como?)

- How much? (Quanto?)

A ferramenta é utilizada no mapeamento e padronização de processos, na

elaboração de planos de ação e no estabelecimento de procedimentos associados a

indicadores.

Busca o fácil entendimento através da definição de responsabilidades, métodos,

prazos, objetivos e recursos associados.

Figura 5: Exemplo de 5W2H

(Fonte: GOMES, 2014)

Page 42: Engenharia de Produção IMPLEMENTAÇÃO DE FERRAMENTAS …

42

2.6.5 Estratificação

A estratificação, após uma pesquisa em estratos, ou seja, em categorias e grupos,

baseia-se em decomposição de dados. Contribui para o desenvolvimento de conjunções de

melhorias, através de análises e pesquisas, os quais permitem a visualização da formação

real dos dados por seus estratos (MARSHALL, 2010).

2.6.6 Ciclo PDCA

O ciclo PDCA (Figura 6) é uma ferramenta da qualidade que possui quatro fases, as

quais refletem a base da filosofia do melhoramento contínuo, devendo ser aplicadas de

forma cíclica e ininterrupta para estabelecer a padronização de práticas (MARSHALL, 2010).

1ª fase – Plan (Planejar) – Nesta fase são definidos os objetivos e metas para

desenvolver métodos, procedimentos e padrões para alcançá-las.

Geralmente, as metas são requisitos do cliente ou parâmetros e

características de produtos, serviços ou processos.

2ª fase – Do (Executar) – É necessário treinamento para que os métodos

desenvolvidos sejam executados. E também se devem coletar os dados para

utilizar na fase de verificação.

3ª fase – Check (Verificar) – É feito uma comparação entre as metas

desejadas e os resultados obtidos e verificar se o planejado foi alcançado. A

verificação deve ser feita através de fatos e dados.

4ª fase – Act (Agir) – Se as metas planejadas não tiverem sido alcançadas,

podem-se buscar as causas fundamentais para não se repetir os efeitos

indesejados. Caso as metas tenham sido alcançadas, adota-se o planejado

na primeira fase como padrão.

Page 43: Engenharia de Produção IMPLEMENTAÇÃO DE FERRAMENTAS …

43

Figura 6: Exemplo de Ciclo PDCA

(Fonte: SOUSA MACEDO E PAIVA COELHO, 2015)

Page 44: Engenharia de Produção IMPLEMENTAÇÃO DE FERRAMENTAS …

44

3 METODOLOGIA

Os conceitos explanados ao longo deste trabalho serviram de base para a aplicação

da metodologia MASP na empresa Mavalério. A metodologia tem a finalidade de, por meio

da aplicação das ferramentas da qualidade, encontrar as causas raízes dos problemas

apontados em RNC’s (Relatórios de Não Conformidade). Foram escolhidos os problemas

classificados como prioritários para serem objetos de estudo.

A aplicação da metodologia teve como suporte os conceitos do Controle da

Qualidade Total (TQC), conforme desenvolvido na parte teórica, consiste na busca da

empresa pela qualidade total, com o objetivo principal de satisfazer as necessidades dos

clientes e garantir a sobrevivência da empresa. O TQC deve ser visto como o controle

praticado por todos para atender as especificações dos clientes. O controle total também

deve ser praticado conforme o ciclo PDCA, assim como o MASP.

O TQC foi aplicado tendo em vista que as organizações procuram alcançar fins

específicos. Quando algum destes fins não for alcançado, no caso deste trabalho, um

requisito da qualidade não for atendido, deve-se realizar uma análise para procurar suas

causas e intervir para aprimorar os resultados. Três dos aspectos do TQC foram mais

relevantes para a execução da metodologia:

Atender de forma concreta as necessidades dos clientes, através da

produção e fornecimento de produtos e/ou serviços de alta qualidade;

Identificar os problemas e classifica-los de acordo com sua criticidade e

prioridade;

O cliente é a parte mais importante, portanto não devem ser vendidos

produtos defeituosos.

A aplicação da Metodologia de Análise e Solução de Problemas (MASP) tem como

base o ciclo PDCA, cuja primeira fase é a de planejamento (plan). Consiste na etapa que se

inicia pela fase de filtragem de dados, baseados em relatórios de não conformidade. Nesta

fase, foram classificados os problemas pela sua prioridade, com o auxílio de ferramentas

como a estratificação e o gráfico de Pareto.

Para a elaboração do diagrama de causa e efeito (Ishikawa), foi realizada uma

reunião na empresa, entre o grupo do trabalho de graduação e a equipe da empresa

elencada como pessoas chave. Desta reunião, foi criado um plano de ação para ser

aplicado nos meses seguintes.

Page 45: Engenharia de Produção IMPLEMENTAÇÃO DE FERRAMENTAS …

45

Com o plano de ações, visando encontrar a solução para os problemas, foi iniciada

a fase de execução (do) do ciclo PDCA, com o objetivo de aplicar as medidas levantadas

durante a reunião. As ações foram executadas conforme um cronograma previamente

elaborado.

As pessoas chave foram responsáveis pela fase de execução e reportaram o

progresso das ações ao longo do período estabelecido. A partir desta fase, duas linhas

puderam ser seguidas:

Atuar direto na causa raiz: caso fosse encontrada a causa raiz dos problemas

e fosse viável a aplicação das medidas cabíveis, seria trabalhado em cima

das causas, visando eliminá-las;

Atuar na mitigação/eliminação dos efeitos: se a atuação sobre a causa raiz

não fosse viável por diversos aspectos (financeiro, arranjo físico, etc.), seriam

realizadas ações que pudessem reduzir ou até eliminar os efeitos decorrentes

do problema.

Ao final, uma dessas duas linhas foi adotada. Essa decisão foi tomada baseada em

um estudo de viabilidade técnica e econômica, comparando as duas possibilidades. Com a

escolha da alternativa, foram aplicadas as ações correspondentes.

Após as ações serem aplicadas, teve inicio a fase de controle (check), onde foram

mensurados e controlados os resultados obtidos pela fase de execução. O objetivo desta

fase foi avaliar se o resultado foi ou não satisfatório, comparando os valores resultantes das

novas medições referentes aos indicadores do processo e do produto com os valores

existentes antes da execução do plano de ações.

Com a comparação entre os cenários de antes e após a implantação das ações, foi

decidido como seria executada a ultima fase, ação (act). Caso o resultado obtido fosse

satisfatório, haveria uma padronização das ações planejadas na primeira fase, concluindo o

primeiro ciclo de outros que poderiam vir a serem executados futuramente. Se as metas

planejadas não foram atingidas, ou surgiram novos efeitos indesejáveis, podem-se buscar

as causas fundamentais de modo a não repetir estes efeitos, rodando novamente o ciclo

PDCA, como vem sendo descrito desde o começo desta metodologia.

Page 46: Engenharia de Produção IMPLEMENTAÇÃO DE FERRAMENTAS …

46

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 1ª fase – Planejamento

O principal foco deste trabalho é evitar que os problemas com os produtos possam

vir a serem identificados pelos clientes, gerando insatisfação. Para isso, foi realizado todo

um processo visando a detecção das não conformidades em potencial, para que por meio

de estudos e análises, os problemas pudessem ser resolvidos ou até mesmo eliminados

internamente.

Como foi abordada anteriormente, a primeira etapa do plano de aplicação da

metodologia consiste na fase de planejamento, que foi de suma importância para que o

objetivo de não afetar os clientes com os problemas de qualidade pudesse ser concretizada.

Essa etapa se inicia com a filtragem dos dados e compreende até a elaboração dos planos

de ações.

4.1.2 Relatórios de Não Conformidade (RNC)

A não conformidade indica o não atendimento a algum requisito, seja esse um

requisito de contrato, norma, lei, produto, processo ou até mesmo da própria organização. A

base de dados utilizada para a realização deste trabalho consiste em relatórios de não

conformidade, que são documentos onde são registradas ocorrências de não

conformidades. Este documento deve possuir um texto bem estruturado sobre os requisitos

que não foram atendidos e abordar suas evidências de forma objetiva, no caso referente ao

produto e ao processo.

Os relatórios utilizados são referente ao não atendimento de requisitos de produto e

de processo. Para este trabalho, foi levantado um histórico de não conformidades durante o

período entre fevereiro de 2015 a fevereiro de 2016 com indicadores por tipo de defeito e o

número de reincidências para cada tipo. Este levantamento contém as não conformidades

que a empresa permitiu divulgar, devido ao fato dessas serem recorrentes em indústrias

alimentícias.

Page 47: Engenharia de Produção IMPLEMENTAÇÃO DE FERRAMENTAS …

47

Itens Tipos de Não Conformidades Quant. 80% / 20% % ACUMULADO

1 PRODUTO MANCHADO/OPACO (CHOCOGIROS) 12,00 25,00% 25,00%

2 FORMATO (FIGURAS) 9,00 18,75% 43,75%

3 GOTAS GRUDADAS 6,00 12,50% 56,25%

4 PRODUTO MANCHADO (MIÇANGA ROSA) 4,00 8,33% 64,58%

5 PRODUTO ESBRANQUIÇADO E ESFARELANDO (GRANULADO MACIO) 3,00 6,25% 70,83%

6 DERRETIMENTO (GOTAS COBERTURA) 3,00 6,25% 77,08%

7 COR (CHOCOGIROS VERMELHO) 3,00 6,25% 83,33%

8 CONTAMINAÇÃO CRUZADA (FRAGMENTOS DE OUTRO PRODUTO) 2,00 4,17% 87,50%

9 TAMANHO (CHOCOGIROS) 2,00 4,17% 91,67%

10 PRODUTO AMARELADO (COBERTURA BARRA PREMIUM BRANCA) 2,00 4,17% 95,83%

11 CODIFICAÇÃO (MINI BALL) 1,00 2,08% 97,92%

12 CONFERENCIA DE CARGA 1,00 2,08% 100,00%

TOTAL 48 100,00%

ESTRATIFICAÇÃO POR REINCIDÊNCIA

4.1.3 Estratificação

Através destes dados colhidos dos relatórios, foi realizada uma estratificação (figura

7). Como foi visto anteriormente, a estratificação baseia-se na decomposição de dados em

estratos, sendo divididos em categorias e grupos. Esta ferramenta contribui para o

desenvolvimento de propostas de melhorias, através de análises e pesquisas, pois permite a

visualização da formação real dos dados por seus estratos. Na estratificação realizada,

foram separados os defeitos com maiores números de reincidência.

Figura 7: Estratificação

(Fonte: Arquivo dos autores)

4.1.4 Gráfico de Pareto

Ao ser realizado uma classificação em ordem decrescente das não conformidades

por número de reincidências, foi possível a realização do gráfico de Pareto (figura 8). Como

visto na teoria, este gráfico é utilizado quando se quer priorizar problemas ou causas

relativas a um determinado assunto.

Normalmente, separam-se as não conformidades que representam juntas,

aproximadamente 80% (oitenta por cento) das ocorrências totais. Para este trabalho, foram

selecionados os três problemas que mais apresentaram reincidências, somando em torno

de 56% das ocorrências. Foi adotado este critério que por questões de tempo seria inviável

a aplicação da metodologia para todos os tipos de não conformidades contidas nos 80% das

ocorrências.

Page 48: Engenharia de Produção IMPLEMENTAÇÃO DE FERRAMENTAS …

48

GRÁFICO PARETO

12,00

9,00

6,004,00

3,00

3,00 3,00 2,00 2,00 2,001,00 1,00

25,00%

43,75%56,25%

64,58%70,83%

77,08%83,33%

87,50%91,67%

95,83% 97,92% 100,00%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

120%

0,00

2,00

4,00

6,00

8,00

10,00

12,00

14,00

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RG

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Quant. % ACUMULADOQTD

Figura 8: Gráfico de Pareto

(Fonte: Arquivo dos autores)

4.1.5 Reunião de Brainstorming

Em paralelo com a fase de filtragem de dados, elaborou-se uma relação do grupo de

pessoas chave, composta por colaboradores da empresa de diversas áreas, com alto

conhecimento a respeito do produto e do processo. Esses profissionais foram fundamentais

para a análise de causa e criação do plano de ação.

Foi realizado um treinamento a respeito da metodologia MASP na empresa, com as

pessoas chave, para que fosse possível a aplicação e o entendimento das ferramentas da

qualidade. Com a definição do problema, foi realizada uma visita dos integrantes do TG à

empresa, com o objetivo de se conhecer o processo de fabricação dos produtos. Essa visita

agregou muito em termos de conhecimentos acadêmicos, ao ser mostrado como diversos

tipos de conceitos são aplicados numa indústria alimentícia. Também ajudou

consideravelmente no entendimento dos problemas e na detecção de possíveis

oportunidades de melhorias.

Após a visita, houve uma reunião (Figuras 9 e 10) entre os integrantes do TG e o

grupo elencado da empresa. Foi realizado um brainstorming, que como foi visto na teoria, é

um método da qualidade, que consiste em grupos formados por indivíduos que dão suas

ideias de forma livre e sem críticas. Com essa dinâmica, foram levantadas possíveis causas

para os problemas em questão.

Page 49: Engenharia de Produção IMPLEMENTAÇÃO DE FERRAMENTAS …

49

Figura 9: Fotografia da Reunião de Brainstorming

(Fonte: Arquivo dos autores)

Figura 10: Fotografia da Reunião de Brainstorming

(Fonte: Arquivo dos autores)

4.1.6 Diagrama de Ishikawa

Como foi abordado anteriormente, com o resultado apresentado no gráfico de

Pareto, foram separados três tipos de problemas para serem estudados, em ordem

decrescente do número de reincidências:

1. Umidade no chocogiros;

2. Formato das figuras;

3. Gotas grudadas.

Durante a reunião de brainstorming, as possíveis causas foram estruturadas na

forma de diagramas de causa e efeito – Diagrama de Ishikawa. Este diagrama, como foi

Page 50: Engenharia de Produção IMPLEMENTAÇÃO DE FERRAMENTAS …

50

visto anteriormente, é uma ferramenta da qualidade na qual são representadas as possíveis

causas que levam a um determinado efeito. As causas são agrupadas por categorias e

semelhanças, possibilitando a atuação de modo mais específico e direcionado. A partir

deste ponto cada problema passou a ser tratado em um tópico separado.

4.1.6.1 Umidade no Chocogiros

O chocogiro (Figura 11) é um confete utilizado na decoração de bolos, tortas e

doces. Também pode ser consumido puro. Este produto é composto por um núcleo macio

de chocolate, encoberto por uma fina camada crocante.

Figura 11: Chocogiros

(Fonte: Arquivo dos autores)

Foi detectado um nível de umidade acima dos índices pré-estabelecidos para o

chocogiros. A umidade se concentra na casca e tem como consequência a redução no shelf

life do produto, ou seja, reduz o período de validade.

Este problema foi o primeiro a ser tratado na reunião de brainstorming. Para o

mesmo foi gerado um diagrama de Ishikawa (Figura 12).

Page 51: Engenharia de Produção IMPLEMENTAÇÃO DE FERRAMENTAS …

51

Figura 12: Diagrama de Ishikawa para a umidade de Chocogiros

(Fonte: Arquivo dos autores)

4.1.6.2 Formato das Figuras

As Figuras (Figura 13) são produtos destinados para a confeitaria, panificação, doces

em geral. São utilizadas para decoração e possuem diversos formatos.

Page 52: Engenharia de Produção IMPLEMENTAÇÃO DE FERRAMENTAS …

52

Figura 13: Figuras

(Fonte: Arquivo dos autores)

O problema detectado consiste na quebra das pontas em formatos específicos, como

o de estrela e de coração. Também foi aferido o problema de extrusão cônica em vários

formatos, que consiste na moldagem incorreta do material, o que causa fragilidade durante o

processo de secagem do produto, fazendo-os esfarelar. Para este problema também foi

gerado um diagrama de Ishikawa (Figura 14).

Figura 14: Diagrama de Ishikawa para Formato das Figuras

(Fonte: Arquivo dos autores)

Page 53: Engenharia de Produção IMPLEMENTAÇÃO DE FERRAMENTAS …

53

4.1.6.3 Gotas Grudadas

As gotas (Figura 15) são produtos de chocolate usados na fabricação de bombons,

ovos de páscoa, recheios e coberturas de tortas. Também é utilizado para acabamentos e

decorações.

Figura 15: Gotas

(Fonte: Arquivo dos autores)

Através de análises, evidenciou-se que haviam muitas gotas “grudadas” umas as

outras. Quando grudadas, estas dificultam a boa performance da moldagem do biscoito.

Este problema foi o último a ser abordado na reunião e assim como nos outros problemas,

foi criado um diagrama de Ishikawa (Figura 16).

Page 54: Engenharia de Produção IMPLEMENTAÇÃO DE FERRAMENTAS …

54

Figura 16: Diagrama de Ishikawa para Gotas Grudadas

(Fonte: Arquivo dos autores)

4.2 2ª fase – Execução

Com os diagramas, levantaram-se as possíveis causas para os três problemas

selecionados. Ainda na reunião de brainstorming, criaram-se planos de ações, contendo

análises e medidas a serem aplicadas com o objetivo de detectar a causa raiz, atuando

sobre a mesma e sobre seus efeitos.

As medidas contidas nos planos de ações elaborados para cada tipo de não

conformidade foram executadas pelas pessoas chave. Como foi explicado na metodologia,

as pessoas chave foram os responsáveis pela fase de execução e por reportar o progresso

das ações ao longo do período estabelecido.

4.2.1 Chocogiros

Com o diagrama elaborado, criou-se um plano de ação (Figura 17) contendo análises

a serem feitas com o objetivo de detectar a causa real do problema e buscar soluções para

atuar em cima da mesma, além de conter os efeitos do problema. As ações foram focadas

nos fatores relacionados ao meio ambiente e à máquina, identificados como causas

principais na reunião. As análises foram:

Page 55: Engenharia de Produção IMPLEMENTAÇÃO DE FERRAMENTAS …

55

Secagem do produto até o ponto de não comprometer o acabamento;

Redução de camada externa em 15%;

Alternação da produção entre as duas máquinas;

Análise do chiller que alimenta a máquina.

Para o chocogiros, optou-se por atuar na eliminação dos efeitos. Foi realizado um

estudo de viabilidade técnica e econômica, que apontou que não seria viável a mudança de

arranjo físico. A produção passou a ser realizada em apenas uma das máquinas, não só

pelos testes, mas também pela baixa demanda de mercado. Mais adiante será tratado a

respeito do chiller.

Figura 17: Plano de ação para o Chocogiros

(Fonte: Arquivo dos autores)

As medidas aplicadas foram a secagem do produto por um período maior de tempo,

até o ponto de não comprometer o acabamento superficial, além da redução da camada

externa em aproximadamente 15% para todas as cores. A camada externa do chocogiros foi

detectada como concentradora de umidade e a redução da mesma poderia vir a reduzir

também os níveis de umidade.

Page 56: Engenharia de Produção IMPLEMENTAÇÃO DE FERRAMENTAS …

56

4.2.2 Figuras

Por meio da análise do diagrama, criou-se um plano de ação focado no fator da

máquina, que é critica para o problema apresentado. As ações implementadas foram:

Troca da faca;

Troca de disco;

Adicionar disco de compensação.

A faca (Figura 18) é responsável pelo corte da massa que passa primeiramente pelo

disco de compensação (Figura 19), que tem a função de distribuir uniformemente a massa

para que possa garantir que o produto seja moldado corretamente nas cavidades do disco

(Figura 20) que possui o formato final do produto (Figuras 21, 22 e 23).

Figura 18: Fotografia da Faca

(Fonte: Arquivo dos autores)

Figura 19: Fotografia do Disco de compensação

(Fonte: Arquivo dos autores)

Page 57: Engenharia de Produção IMPLEMENTAÇÃO DE FERRAMENTAS …

57

Figura 20: Fotografia do Disco

(Fonte: Arquivo dos autores)

Figura 21: Detalhamento do conjunto

(Fonte: Arquivo dos autores)

Figura 22: Vista explodida do conjunto

(Fonte: Arquivo dos autores)

Page 58: Engenharia de Produção IMPLEMENTAÇÃO DE FERRAMENTAS …

58

Figura 23: Modelo 3D do conjunto

(Fonte: Arquivo dos autores)

Para o problema a respeito do formato das figuras, foi possível a atuação sobre a

causa raiz do problema (Figura 24), que foi detectado pelas ferramentas gastas e

desreguladas utilizadas para a extrusão do produto. As figuras que estavam dando

problema eram apenas dois formatos, coração e estrela.

Figura 24: Plano de ação para as Figuras

(Fonte: Arquivo dos autores)

Foi realizada a aquisição de uma nova faca, além de um novo disco. As ferramentas

desgastadas foram substituídas pelas novas para evitar o problema com a extrusão cônica.

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59

Também foi adicionado um disco de compensação para garantir a distribuição homogênea

da massa. Além disso, foi aumentado o cuidado com o armazenamento do produto para que

a mesma falha não ocorresse novamente devido à sua fragilidade.

4.2.3 Gotas

Assim como para os outros dois problemas, com base no diagrama, elaborou-se um

plano de ação para ser aplicado. As ações foram:

Correções/ajustes na válvula de água gelada;

Checagem dos parâmetros do equipamento com menor periodicidade;

Treinamento dos operadores.

Com relação ao problema das gotas grudadas, detectou-se a necessidade de se

efetuar correções/ajustes na válvula de água gelada e no túnel, pelo fato de ser visualizada

como causa raiz a falha no sistema de refrigeração. Outro problema observado foi a respeito

da matéria prima, pela troca do fornecedor de gordura, devido à falta de insumo do antigo

fornecedor (Figura 25).

Figura 25: Plano de ação para as Gotas

(Fonte: Arquivo dos autores)

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60

Além das correções realizadas, determinou-se a checagem dos parâmetros do

equipamento com menor periodicidade, para evitar a reincidência do problema.

4.3 3ª fase – Checagem

Em paralelo a fase de execução, conforme descrito nos planos de ação, as análises

foram realizadas e as ações determinadas foram aplicadas, mensurando os resultados com

o objetivo de avaliar se as ações tiveram um efeito satisfatório na solução dos problemas.

Chega-se a uma conclusão comparando os valores resultantes das novas medições com os

valores existentes antes da execução do plano de ações.

4.3.1 Chocogiros

Foram avaliadas as RNC’s internas, durante os meses de junho e julho de 2016. Ao

longo deste período, houve apenas 2 casos registrados de umidade no produto, devido a

testes em produtos com cores que levam uma maior quantidade de corante na sua

composição (verde e azul).

O parâmetro de controle deste produto é o índice de umidade, que tem como limite

superior de controle de engenharia o valor 1,5% na sua composição, determinado pelo

estudo de shelf life (Prazo de Validade do Produto), o que indica que o produto com um

índice superior a 1,5% terá um prazo de validade menor. Antes da aplicação da redução de

camada, os produtos eram segregados com umidade acima de 2%.

Após ajustes no processo de redução de camada do produto, foi mensurado que a

umidade baixou para a faixa entre 1,3% e 1,4%. Somente duas cores citadas anteriormente

apresentaram a umidade acima de 1,5%, na faixa de 1,7% a 1,9%.

4.3.2 Figuras

A troca das ferramentas e a adição do disco de compensação foram altamente

efetivas na resolução do problema atuando diretamente na sua causa raiz. Após a aplicação

das medidas contidas no plano de ação, não houve mais registros de reincidências.

Levando em consideração que no período utilizado para estudo, houve nove RNC’s.

Para que se tenha um controle melhor das ações tomadas, um check-list de

checagem das ferramentas foi criado, a manutenção realizará esse check em suas

preventivas.

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4.3.3 Gotas

Para o problema das gotas grudadas, após os ajustes na temperatura do túnel e

troca do fornecedor de gordura, não houve mais reclamações referentes ao assunto. Neste

caso também houve a atuação direto na causa-raiz do problema, e através de testes, foi

possível a obtenção de uma gordura com as mesmas características da que era utilizada

anteriormente.

4.4 4ª fase – Ação

Após a obtenção dos resultados da fase de checagem, foi possível chegar à ultima

etapa do ciclo PDCA: ação. Esta etapa comtempla a fase de padronização e conclusão do

MASP.

Cada problema foi tratado separadamente, mas uma causa em comum foi

encontrada entre o problema de umidade no chocogiros e das gotas saírem grudadas:

refrigeração. Um dos motivos é devido ao fato do chiller estar subdimensionado para

atender toda a instalação. Basicamente, os chillers são resfriadores de água, sendo que a

água gelada produzida é utilizada com o propósito de arrefecer o ar, produtos ou

equipamentos.

Pelo resultado dos estudos com o equipamento, a empresa resolveu investir em

periféricos e equipamentos, incluindo um chiller que suporte e consiga fornecer água gelada

para a capacidade instalada.

4.4.1 Chocogiros

A princípio, os estudos realizados apontavam que não seria viável a mudança de

arranjo físico e de equipamentos. Como esse fator foi apontado como critico em mais de um

problema, determinou-se a aquisição de um chiller novo e mais potente, que garantirá as

condições adequadas de processo para que a umidade do produto possa ser controlada.

A redução da camada externa em aproximadamente 15% para todas as cores

mostrou-se muito eficaz, não só pela redução da umidade, mas também por reduzir

consideravelmente os tempos de processos e os custos de fabricação, principalmente de

matéria prima. Devido a esses fatores, a redução da camada externa foi padronizada no

processo de produção alterando a especificação do produto.

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4.4.2 Figuras

Como foi citado anteriormente, a troca das ferramentas e a adição do disco de

compensação foi o motivo para que não houvesse mais registros de reincidências no

problema com o formato dos produtos. Chegou-se a conclusão de que as medidas tomadas

foram efetivas por atuar diretamente na causa raiz do problema. O disco de compensação

se tornou um componente obrigatório para o processo e foi determinada a inspeção

periódica das ferramentas para evitar que atinjam um nível de desgaste que possa vir a

prejudicar no processo de extrusão do produto.

4.4.3 Gotas

Os ajustes na temperatura do túnel e a troca do fornecedor de gordura, atuaram

direto na causa raiz do problema, resolvendo-o. Por meio dos resultados, padronizou-se a

temperatura de trabalho e manteve-se a checagem dos parâmetros do equipamento com

menor periodicidade. Também foi padronizada a composição da gordura utilizada para a

produção do produto.

Assim como os chocogiros, a aquisição das máquinas e dos equipamentos

garantirão as condições de temperatura ideais para que as gotas sejam produzidas dentro

das especificações.

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5 CONCLUSÃO

Como mencionado anteriormente no planejamento e execução do trabalho,

eventualmente torna-se complexo identificar um problema e compreender de fato a causa

raiz. Ao aplicar a ferramenta da qualidade (MASP), identificaram-se as causas raízes dos

problemas. Contudo, para que uma solução fosse possível foi preciso o envolvimento e o

comprometimento de uma equipe multifuncional que tem sua atuação estendida a todas as

áreas da empresa. Com o apoio da diretoria da Mavalerio, esse envolvimento tornou-se

mais fácil e eficaz, uma vez que a empresa tem a visão de investir no conhecimento,

convocando pessoas chave que realmente poderiam agregar na solução do problema.

No problema chocogiros, foi necessário alterar as especificações do produto e não

do ambiente ou da climatização como apontado no estudo do diagrama de Ishikawa. As

pessoas envolvidas no projeto ajudaram a visualizar a possibilidade de investimentos

futuros, além do comprometimento em ajustar os novos parâmetros para atender as

especificações definidas.

Da mesma forma, foi alcançada uma ampla precisão na causa raiz e na resolução

dos demais problemas, figuras e gotas grudadas. A análise da equipe, através da utilização

das ferramentas da qualidade, foi muito eficaz, visto que apenas com a compra, troca e

alguns ajustes das ferramentas foram possíveis solucionar os problemas sem que houvesse

mais registros de não conformidade. Nesse caso, também obteve-se o apoio da diretoria

que prontamente deu a liberdade para a compra dos equipamentos necessários. As ações

realizadas na solução dos problemas foram padronizadas de modo que não ocorram

novamente nesse período de tempo.

De acordo com o trabalho Proposta de Melhorias para Perdas de Processo de uma

Agroindústria de Óleo de Palma: Uma Aplicação de Método de Análise e Solução de

Problemas (MASP), o objetivo foi alcançado conforme o esperado.

Conclui-se que ao aplicar o ciclo PDCA associado a ferramentas funcionais da

qualidade, as empresas tornam-se mais competitivas no mercado, visto que garantem

produtos e serviços de qualidade superior ao esperado. A empresa Mavalério é uma

empresa fantástica no quesito mudanças e novas ideias. A diretoria juntamente com os

demais departamentos tem um forte trabalho em relação à melhoria de processos e

produtos, em razão disso, o trabalho tornou-se possível sem grandes dificuldades. A

pretensão é que ao longo dos próximos anos seja possível montar uma equipe

multifuncional focada em resolução de problemas baseados no MASP, para que a empresa

possa atingir cada vez mais um padrão de excelência frente aos clientes.

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