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  Mestrado em Gestão Especialização em Contabilidade 2011/2012  Auditoria Avançada E nro n   The C o ntr o l E nvi r o nm e nt DOCENTE: Professora Drª. Maria do Rosário DISCENTES: Ana Afonso nº 9647 Duarte Metrogos nº 9242 Duarte Rodrigues nº 9109 Évora, 6 de Abril de 2012

Enron - The Control Environment

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Mestrado em Gestão  Especialização em Contabilidade  

2011/2012  

Auditoria Avançada

 Enron – 

The Control Environment

DOCENTE: Professora Drª. Maria do Rosário

DISCENTES: Ana Afonso nº 9647

Duarte Metrogos nº 9242

Duarte Rodrigues nº 9109

Évora, 6 de Abril de 2012

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Índice1.1. Breve Nota Introdutória ......................................................................................... 2

1.2. Introdução .............................................................................................................. 2

2. Apresentação e Enquadramento do caso Enron ........................................................ 3

3. Fundamentação do artigo .......................................................................................... 5

3.1. Questões de relato financeiro ............................................................................. 5

3.1.1. A Contabilidade Mark-to-Market ............................................................... 5

3.1.2. As Special Purpose Entities (SPE) ............................................................. 6

3.2. Questões operacionais ........................................................................................ 7

3.2.1. O sistema de incentivos .............................................................................. 7

3.2.2. O Performance Review Committee (PRC) ................................................. 8

4. Questões e Factos de Auditoria ................................................................................. 8

4.1. Orientação das Auditorias .................................................................................. 8

4.2. Interesse Comercial vs Independência dos Auditores ....................................... 9

4.3. Avaliação da Contabilidade – Materialidade ..................................................... 9

4.4. A responsabilidade dos Auditores ................................................................... 10

4.5. Fraquezas do Controlo Interno na Enron ......................................................... 11

4.6. Transações com partes Relacionadas ............................................................... 12

4.7. O controlo Interno na Andersen ....................................................................... 12

4.8. Impacto da Evolução do Modelo de Negócio no Risco de Auditoria ............. 13

5. Conclusão ................................................................................................................ 15

6. Bibliografia.............................................................................................................. 16

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1.1.  Breve Nota Introdutória

No âmbito da unidade curricular denominada Auditoria Avançada, inserida noMestrado em Gestão, com especialização em Contabilidade e lecionada na Universidadede Évora, foi solicitado aos alunos a elaboração de um trabalho escrito, pelo docente daunidade curricular em questão. O objetivo principal do presente trabalho écomplementar o conteúdo teórico apresentado nas sessões letivas com a análise de umartigo disponibilizado pelo docente. O artigo a ser analisado tem como tema «Enron  –  The Control Environment». De referir o fato de o trabalho possuir um limite máximo de15 páginas, sugerido pelo docente, onde é possível evidenciar a forma simples e sucinta

com que todo o seu conteúdo é apresentado. Serão assim, apresentados três capítulosessenciais. O primeiro, respeitante ao ponto 2, tem como título «Apresentação eEnquadramento do Caso Enron», tem como principal objetivo apresentar a empresa, asua evolução, os principais intervenientes e também, descrever os motivos da sua queda.

O segundo capítulo, respeitante ao ponto 3, tem como principal objetivo apresentar eanalisar os tópicos essenciais do artigo «Enron -The Control Environment».

Relativamente ao terceiro capítulo, que diz respeito ao ponto 4, o principal objetivoserá relacionar as normas de auditoria com o fracasso da Enron e também da empresaque lhe prestava serviços de auditoria e consultadoria, de seu nome Arthur Andersen.

O trabalho é ainda complementado com Introdução, Conclusão e Bibliografia, queserão apresentados no desenvolver da temática, ponto 1,5 e 6 respectivamente.

1.2.  Introdução 

No ano de 2001, os Estados Unidos assistiram à ascensão da Enron ao posto desétima maior companhia do país e maior empresa energética do mundo. Viram também,a empresa ser escolhida pela Fortune Magazine como “a empresa americana mais

inovadora” pela sexta vez consecutiva.

Entretanto, pouco tempo depois do atentado de 11 de Setembro, a Enrondivulgou que havia sofrido no terceiro trimestre de 2011 um prejuízo de 1,2 bilhão dedólares, justificando o problema com «maus negócios», quando na realidade, e como foiapurado mais tarde, foi devido a uma má gestão dos executivos da empresa e dos seuscolaboradores externos, principalmente a empresa auditora Arthur Anderden. A falênciada Enron nos Estados Unidos envolvendo a empresa Arthur Andersen - que, prestavaserviços de consultoria e também de auditoria - tem sido muito debatida e, continuará

certamente a sê-lo.

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2.   Apresentação e Enquadramento do caso Enron

A Enron resultou da fusão, ocorrida em Maio de 1985, de duas empresasamericanas do sector do gás natural, a Houston Natural Gas e a Internorth, esta últimadetentora de uma extensa rede de gasodutos. Em Outubro do mesmo ano, foi publicadauma lei com o objetivo de desregulamentar este mercado, tornando-o mais competitivo.Mais especificamente, a lei permitia que os consumidores pudessem negociardiretamente os preços de aquisição com os produtores de gás, contratando o seutransporte separadamente com os proprietários dos gasodutos. Logo após a entrada emvigor da lei, a Enron operou com sucesso a abertura dos seus gasodutos à negociação

direta com compradores de gás.Quando ocorreu uma descida de preço do petróleo, nos anos 80, os compradores

de gás preferiram combustíveis mais baratos, tal como o fuel. A Enron e outrosprodutores de gás aproveitaram esta situação para exigir ainda maiordesregulamentação. Os preços do gás, antes estáveis, começaram a flutuar, e a Enroncomeçou a desenvolver um mercado de futuros, assinando contratos onde garantia opreço para fornecimentos futuros. Pressionado pela Enron e outros produtores, ogoverno desregulamentou também a eletricidade, oportunidade que a Enron aproveitoupara negociar futuros também neste sector. (Grabowsky, 2002). Neste contexto é

importante referir também que a Enron e os seus quadros superiores se encontravamentre os principais financiadores das campanhas eleitorais americanas.

Com a regulamentação do mercado praticamente desmantelada, a Enronassegurou uma grande independência face aos preços da energia, exibindo umimpressionante volume de contratos com os seus fornecedores externos.

Os gestores da Enron sabiam que o manifesto sucesso da empresa atrairiarapidamente outros competidores sobre os quais teriam, quando muito, dois anos deavanço. Resolveram então defender-se por antecipação dessa "concorrência por vir"acelerando o estabelecimento de contratos futuros e alargando as suas operações a

outros sectores.As exigências de liquidez foram crescendo e terá sido este fato que, em parte,

determinou a "corrida para a frente" com a multiplicação da "economia virtual" e amaquilhagem das contas para ocultar a escalada de risco subjacente (Branson, 2003).

No final de 2001 a Enron detinha a posição de 7ª empresa dos EUA, detentorade 25 % do mercado de energia e gás norte-americano. A capacidade comercial daEnron, a velocidade a que estabelecia contratos e anunciava produtos inovadores e ocrescimento fulgurante, incluindo a capacidade para se expandir para novas áreas denegócio, impressionaram os analistas e, pelos vistos, também os políticos, e os teóricosdo capitalismo.

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A Enron criou um sistema de ocultação contabilística, recorrendo a estruturas denegócio como as "Joint Ventures" e as "Special Purpose Entities" (SPE).

O plano de pensões da Enron foi intensamente relacionado com as ações daprópria empresa, e os funcionários eram incentivados a investir em ações da Enron,mesmo quando o respetivo valor começou a descer, e ao mesmo tempo que os quadrossuperiores, beneficiando de informação privilegiada, se desfaziam das suas ações.

A Enron era igualmente conhecida pela cultura de agressividade comercial quepropagava entre os seus funcionários. Assim, a obtenção de resultados passou a ser oprincipal objetivo e padrão de medida dentro da empresa: o que interessava, acima detudo, eram os resultados; tudo o resto era secundário relativamente a este objetivo.(Bergstresser, 2004).

A maquilhagem de resultados e a multiplicação de operações duvidosascolocaram a Enron numa espiral crescente de risco e, após algumas operações dereavaliação em meados de 2001, o valor das ações começou a descer. Depois dosanalistas da "Standard & Poor´s" terem descido o rating da Enron, em 22 de Outubro, aEnron declarou finalmente falência.

O caso Enron tornou-se ainda mais chocante pelo fato da empresa que prestavaserviços de auditoria, durante muitos anos, a Arthur Andersen, não só não terconhecimento das numerosas habilidades contabilísticas da empresa, como ainda ser

suspeita de ter colaborado nas mesmas, tendo sido acusada e condenada por ter tentarocultar dos investigadores oficiais informações relevantes para o apuramento dasfraudes.

A Arthur Andersen  –  responsável pela auditoria da empresa desde 1986 -começou por defender-se argumentando que a Enron não lhe tinha fornecido todas asinformações relativamente às empresas instrumentais, situação que era facilitada pelafragilidade da legislação americana quanto a este aspeto. No entanto, mais tarde, surgiua suspeita de que a Arthur Andersen tinha destruído grande quantidade de documentosrelacionados com estas empresas, tendo sido descoberto um e-mail de uma advogada da

Arthur Andersen, o qual aconselhava a ocultação de dados para iludir uma potencialfiscalização das autoridades. Os argumentos de inocência da Arthur Andersen caírampor terra e foi condenada em tribunal. Estes factos levaram à queda auditora.

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3.  Fundamentação do Artigo

3.1.  Questões de Relato Financeiro

As principais motivações para as transações financeiras e contabilísticas daEnron pareciam ser a aumentar a receita e o cash-flow relatados a um nível alto, o valordos ativos inflacionados e os passivos fora das contas da empresa. A combinação detodos estes factores acabou por conduzir a gigante à bancarrota.

Existiam inúmeros problemas de tratamento contabilístico e de relato financeiro.No entanto, tal como no artigo, serão abordados apenas os de maior impato: a

contabilidade mark-to-market e o relato financeiro das Special Purpose Entities (SPEs).Ambos representam processos perfeitamente legais, o problema estava na forma como aEnron os utilizava e os representava nas suas contas.

Grande parte dos ativos e lucros apresentados pela Enron eram inflacionados ouaté completamente fraudulentos ou inexistentes. As dívidas e os prejuízos eramcolocados em entidades criadas “offshore”, que não eram incluídas nas demonstraçõesfinanceiras da empresa e outras transacções financeiras sofisticadas, levadas a caboentre a Enron e empresas relacionadas, eram utilizadas para tirar as entidades nãolucrativas das suas contas.

3.1.1.  A Contabilidade Mark-to-Market 

A contabilidade mark-to-market foi inserida na Enron por Skilling, tornando-ana primeira empresa não financeira a utilizar este método para contabilizar os seuscomplexos contratos de longo prazo. A Enron negociava contratos de futuros que eramclassificados como derivados uma vez que o seu valor estava dependente de um ativosubjacente.

A utilização do mark-to-market implicava que o derivado fosse reportado aovalor de mercado do ativo subjacente, o que pressupunha a existência de um mercado

bem desenvolvido. Na ausência de preços cotados, de mercados ativos, poderiam serutilizados os preços de ativos semelhantes ou técnicas de cálculo do valor atual doscash-flows futuros para estabelecer o valor do ativo. Os rendimentos reportados atravésdo mark-to-market eram fáceis de manipular exatamente porque não existiam mercadosativos para o tipo de contratos que a empresa negociava, cabendo por isso à Enronestimar os ganhos futuros (de forma a calcular o valor actual de cash-flows futuros eatribuir um valor ao contrato). A Enron manipulava a estimativa dos seus ganhos.

O facto de os ganhos serem reconhecidos, para o prazo total do contrato, noprimeiro ano do mesmo representava uma vantagem para a gestão da Enron uma vez

que a compensação dos executivos, que era baseada nos proveitos, era inflacionada.

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No entanto, como os proveitos referentes a todo o prazo do contrato eramreconhecidos imediatamente tornava-se necessário vender mais contratos no curto prazo

para manter o reporte de proveitos e cumprir as projecções da bolsa de Wallstreet (comesse intuito a Enron alargou o uso do mark-to-market a outras áreas do negócio, comoelectricidade, banda larga, aditivos para combustível, etc. Em muitos destes contratosera duvidoso até que o ativo subjacente existisse, o que sugere que a empresa reportavaproveitos fictícios).

O grande problema era que estes proveitos estimados não geravam liquidez;existia um grande intervalo de tempo entre o reconhecimento do proveito e a entrada docash-flow proveniente da execução do contrato. Este risco era enorme uma vez que,caso a tendência do mercado invertesse, a contabilidade mark-to-market exigia que

fossem reconhecidas as perdas, possivelmente enormes. Quando isto se verificava aEnron escondia, atrasava ou ignorava essas perdas.

Algumas das SPE, que serão abordadas de seguida, foram criadas exactamentepara evitar o reporte deste tipo de perdas.

3.1.2.   As Special Purpose Entities (SPE) 

A grande maioria das SPE, nos anos que precederam a queda da Enron, erautilizada para manipular os relatórios financeiros. Grande parte das questões de relatofinanceiro estavam relacionadas com as SPE  – falhas na consolidação de entidades, uso

selectivo do método de contabilização de “equities” em outras entidades (normalmente

exigido pelos US GAAP) e falhas na eliminação de efeitos das transacções entre aempresa e as SPE. Como resultado destas irregularidades a Enron manipulava os seusrelatórios financeiros de várias formas, como por exemplo:

- A Enron vendia ativos financeiros a uma SPE, que os pagava em dinheiro.Como entidade virtual, a SPE não era detentora deste dinheiro: obtinha-o através de umempréstimo bancário, o qual era concedido contra uma garantia da própria Enron, quedesta forma absorvia a totalidade do risco da operação. As contas da Enron registavamentão a entrada de dinheiro, mas não revelavam que tinha assumido um passivo

correspondente através da garantia do empréstimo, ou seja, a Enron tinha assumido orisco mas apenas transmitia a ideia de que a empresa tinha realizado receitasoperacionais, quando se tratava apenas de receitas financeiras. Passado o período deprestação de contas, a operação era desfeita: a Enron retomava os ativos financeiros edevolvia o dinheiro à entidade especial, que era então utilizado para pagar oempréstimo;

- A Enron tinha investimentos noutras empresas que consolidava ou reportava deacordo com o método de contabilização de “equities”. Quando esses investimentos

começavam a gerar perdas eram transferidos para uma SPE para que não reflectisse as

mesmas (isto era possível uma vez que a Enron, mediante determinadas condições, nãoera obrigada a consolidar as contas das SPE nas suas demonstrações financeiras).

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Muitas vezes a “venda” do investimento à SPE gerava um ganho e o pagamento da SPE

à Enron podia usado para transferir dinheiro emprestado. Este processo permitia

manipular o cash-flow reportado disfarçando o dinheiro emprestado como cash-flow davenda de investimentos;

- A Enron vendia serviços a SPE por grandes quantias de forma a inflacionar areceita e os proveitos. De forma a não reflectir o custo para a SPE nas suas contas aconsolidação de contas não era utilizada nestes casos. Tal como no caso anterior,também aqui o pagamento destes serviços poderia tratar-se de dinheiro emprestado edesta forma a Enron reportava cash-flow de operações em vez de um empréstimo.

Estas SPE tinham por vezes uma existência meteórica, durando apenas algumassemanas, sendo o seu único objetivo o de ajudar a valorizar artificialmente os ativos daEnron. Muitas das transacções efectuadas entre a Enron e as SPE não teriam sidorealizadas se estas se tratassem de entidades externas independentes.

3.2.  Questões Operacionais

As diversas investigações efectuadas permitiram responder a várias perguntas: “

Quem destruiu documentos?”; “ Quem enganou os investidores?”; “Quem distorceu ou

quebrou as regras contabilísticas?”. Estas respostas podem explicar o que aconteceu na

Enron mas não necessariamente porque aconteceu. Para responder a essa questão énecessário procurar aspectos mais profundos, enraizados na estratégia (e no processo

operacional) da empresa. Dois dos principais fatores apontados são o sistema deincentivos e o Performance Review Committee, que serão abordados de seguida.

3.2.1.  O Sistema de Incentivos

Muitos especialistas defendem que o escândalo da Enron foi provocado, emgrande parte, pela estrutura de incentivos existente na empresa, que ligava os salários eos bónus atribuídos à performance de curto prazo das acções e às receitas reportadas.

Embora o sistema de compensação e performance da Enron estivesse desenhadopara reter e recompensar os seus funcionários mais valiosos, a configuração do sistemacontribuía para uma cultura empresarial disfuncional que se tornou obcecada em focar-se nos proveitos de curto prazo para maximizar os bónus. Os empregados procuravam,constantemente, negócios de grande volume, muitas vezes não tendo em consideração aqualidade dos cash-flows ou lucros, para obter uma classificação mais alta na avaliaçãoda sua performance. Para além disso, os resultados eram registados o mais cedo possívelde forma a acompanhar o preço das acções da empresa. Esta prática ajudava a assegurarque os negociadores e executivos recebiam grandes bónus em dinheiro e stock options.

Visto que a gerência era extensivamente compensada com stock options aempresa focava-se constantemente no preço das suas ações. Este sistema de prémios fezcom que a gerência centrasse esforços na criação de expectativas de rápido crescimentoe grandes proveitos de forma a ir de encontro às expectativas da bolsa de Wall Street.

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Apesar do uso de stock options ser um procedimento bastante utilizado na alturae que, pelo menos teoricamente, era eficaz na melhoria do funcionamento da empresa,

também aqui a Enron foi longe demais. O seu objetivo, ao utilizar as stock options nãoera melhorar o negócio e a sua rentabilidade mas sim manter o preço das ações a subir eos bónus a entrar.

A forma como o sistema de incentivos estava estruturado poderá ter sido aprincipal razão de todas as irregularidades existentes nas contas da Enron.

3.2.2.  O Performance Review Committee (PRC)

Quando Skilling foi promovido a presidente e CEO da Enron instituiu, em toda aempresa, o PRC que ficou conhecido como o sistema de avaliação de empregados maisduro do país. Era supostamente baseado nos valores da Enron  –  respeito, integridade,

comunicação e excelência. No entanto os empregados depressa perceberam que a únicamedida de performance real era o montante de rendimentos que produziam. De forma aatingir avaliações altas todo o pessoal da empresa ficou instantaneamente motivado para“fazer negócios” e declarar proveitos. 

De seis em seis meses os funcionários eram avaliados numa escala de 1 a 5.Quanto mais alta a pontuação do funcionário mais este se aproximava de Skilling,quanto mais baixa fosse a sua pontuação mais este se aproximava do seu própriodespedimento. Prevalecia assim um ambiente de concorrência feroz e em que agratificação imediata era mais valorizada que o potencial a longo prazo.

O PRC enfraqueceu a gestão de risco dentro da Enron. Acordos complexos eavaliações mark-to-model (ou seja, com preços baseados em modelos financeiros e nãoem valores de mercado) tinham de ser aprovadas pelos gestores de risco porque estessabiam que, caso inviabilizassem os negócios ou não apoiassem avaliações mark-to-

model favoráveis, sofreriam as consequências na sua avaliação do PRC.

A gestão de risco tornou-se pouco mais que um carimbo de borracha e umdegrau para os funcionários se movimentarem dentro da empresa. O secretismo tornou-se a ordem do dia para muitos dos contratos comerciais da empresa, bem como para asdivulgações a eles referentes. O recurso a técnicas pouco transparentes já referidas emcapítulos anteriores era altamente potenciado.

4.  Questões e Factos de Auditoria

4.1.  Orientação das Auditorias

Até 2002, o processo de auditoria era essencialmente auto-regulado. Asauditorias nos Estados Unidos da América eram desenvolvidas de acordo com as

Generally Accepted Auditing Standards (GAAS); mas não eram supervisionadas porestas.

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As normas de auditoria eram apresentadas e estabelecidas pela AuditingStandards Board (ASB), um comité técnico que pertencia ao AICPA. Adicionalmente a

tudo isto, a revisão da qualidade prestada pelas empresas que são membros da AIPCA,eram supervisionados pela Divisão de Empresas pertencente à AICPA, que, eramtambém conduzidas por membros desta.

4.2.  Interesse Comercial vs Independência dos Auditores

De acordo com a ISA 200, “Objectivos e Princípios Gerais que Regem uma

Auditoria de Demonstrações Financeiras”, o auditor planeia e executa a auditoriacom uma atitude de cepticismo, ou seja com uma avaliação crítica sobre a validade daprova. Esta atitude, significa imparcialidade o que implica não assumir que a gestão édesonesta, nem que a sua honestidade é inquestionável.

Para se poderem assumir como credíveis e profissionais, os auditores devemmanter um elevado nível de independência, tanto em relação a todo o processo degestão da empresa como em relação aos responsáveis da informação financeira.

Menos de 30% dos honorários que a Andersen recebeu por parte da Enron, eramrespeitantes a serviços de auditoria, em comparação com os honorários provenientes deserviço de consultoria, por parte da mesma à Enron. Assim, os seus serviços comoconsultora deram origem a inúmeras questões. Será que a Andersen atuou de formaindependente quando auditou a sua prestação de serviços de consultoria?

Será que a Andersen falhou no escrutínio da situação financeira da Enron devido ao

facto de depender dos honorários provenientes do serviço de consultoria? Estas sãoquestões de difícil resposta. Acontece que a equipa de auditoria da Andersen, quandoconfrontada com os assuntos financeiros, optou por ignorá-los, optando pelo silênciopara silenciar a contabilidade, ou então, aderiu a esquemas contabilísticos de forma adefender o seu cliente. Pode-se assim dizer que a incompatibilidade das duas atividadesexercidas pela Arthur Andersen na Enron era geradora de conflito porque, se por umlado a auditoria tinha como função verificar as demonstrações financeiras da corporaçãode forma isenta e transparente, por outro, a atividade de consultoria está directamenterelacionada com a optimização de lucros e processos internos que muitas vezes sedistanciam do dever de transparência da auditoria.

Estes interesses conflituosos entre auditoria e consultoria teriam sido um dos motivos da

manipulação de resultados.

4.3.   Avaliação da Contabilidade – Materialidade

O trabalho dos auditores deve focar-se nas distorções materiais. De acordo coma ISA 320, “Materialidade de Auditoria”, uma informação é material se a sua omissão

ou distorção tiverem influência sobre as decisões dos utilizadores, tomadas com basenas demonstrações financeiras. Isso mesmo foi evidente quando, no momento em que aEnron começou a reformular as suas demonstrações financeiras e os seus investidores

começaram a ter conhecimento de algumas distorções, se notou uma resposta imediatado mercado.

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Tendo em conta que a ISA 320 refere que na apreciação da materialidade o auditor deveusar o julgamento profissional para aferir se uma distorção é ou não material pode

apontar-se uma grande falta de profissionalismo e independência por parte da Andersenuma vez que vários erros que não foram detetados o teriam sido, facilmente, caso fosseesse mesmo o objectivo dos serviços de auditoria prestados pela Andersen.

Para além disto há que apontar que todos os erros evidenciados foram ignorados pelaAndersen, ou até mesmo considerados por esta como pouco relevantes quando deveriamter sido alvo de séria ponderação visto que, de acordo com o definido na ISA 250,

“Consideração de Leis e Regulamentos numa Auditoria de Demonstrações

Financeiras”, o auditor é responsável por obter garantia razoável de fiabilidade de queas demonstrações financeiras, no seu todo, estão isentas de distorção material causada

por fraude ou por erro..

4.4.   A Responsabilidade dos Auditores

A Enron, como a maioria das grandes empresas do mundo, era auditada por umadas Big Five, que diz respeito ao grupo das cinco maiores empresas de auditoria doplaneta. A Arthur Andersen, então auditora da empresa (destituída pelo conselho daEnron em Janeiro de 2002), não violou, necessariamente, nenhuma norma contabilísticaaté então vigente nos EUA.

A legislação permitia a manobra contabilística desenvolvida pela Enron. Assim, podeser considerada culpada não pelas manobras contabilísticas mas sim, pelo facto dedesenvolver em simultâneo serviços de consultoria e auditoria para a Enron. Tambémpode ser considerado um acto negligente, o facto de não alertar acerca dos riscos com astransações de activos não auditados.

De acordo com a ISA 315, “Identificar e Avaliar os Riscos de Distorção

Material Através do Conhecimento da Entidade e do Seu Ambiente”, o auditor deveprocurar identificar e determinar os riscos de distorção material a nível de cadademonstração financeira e de cada asserção para as classes das transacções, saldos deconta e divulgações.

Prevê ainda que “o auditor deve obter compreensão da entidade e do seu ambiente,

incluindo o seu controlo interno, suficiente para identificar e avaliar os riscos dedistorção das demonstrações financeiras quer devido a fraude ou a erro e suficiente paraconceber e executar outros procedimentos de auditoria.” 

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De acordo com a ISA 200 “o auditor deve analisar se a informação financeira está ounão liberta de distorções materiais, quer devido a erros, quer a fraudes, recolhendo as

evidências necessárias que conduzam a essa conclusão. Isto significa que apesar de oobjectivo do trabalho do auditor não ser a detecção de fraudes e erros, este deve adoptaruma atitude de dúvida sistemática independentemente da satisfação quanto à evidênciarecolhida em resultado dos procedimentos adoptados.

A orientação em relação à responsabilidade do auditor para avaliar os riscos dedistorção material devido a fraude é prestada pela ISA 240, “A Responsabilidade do

Auditor para Considerar Fraude na auditoria de Demonstrações Financeiras”. Aprincipal distinção entre fraudes e erros, efetuada pela ISA 240, é que a fraude envolveuma intenção de um efeito predeterminado de lesar interesses de terceiros, enquanto que

no erro tal intenção não existe.

Por sua vez, a ISA 500, “Prova de Auditoria” exige que o auditor use asserções com

detalhe suficiente para ter uma base para a avaliação de riscos de distorção material epara conceber e executar outros procedimentos de auditoria. Esta ISA exige que oauditor faça avaliações de risco aos níveis de demonstração financeira e de asserçãocom base numa compreensão apropriada da entidade e do seu ambiente, incluindo o seucontrolo interno.”

4.5.  Fraquezas do Controlo Interno na Enron

Os auditores avaliam o controlo interno do seu cliente de forma a determinar oslimites em que podem confiar no seu sistema contabilístico do. A Enron, possuía muitasfraquezas a nível de controlo interno. Sendo as suas principais fraquezas neste nível,devidas essencialmente a dois aspectos. O primeiro aspecto tem a ver com o facto dosseus principais gestores não estarem isentos aos conflitos com interesses políticos. Osegundo aspecto prende-se com facto de o controlo interno sobre as SPE’s ser apenas

uma falsidade, dado que estas existiam na forma mas não em substância.

Muitos responsáveis financeiros da Enron necessitavam de fundos paraassegurar os seus empregos e, no que respeita aos activos, especialmente os activos

estrangeiros, não estavam fisicamente seguros. O registo diário dos fluxos financeirosfoi negligenciado, as maturidades da dívida não foram estruturadas nem programadas eo risco da empresa foi desconsiderado, mesmo sabendo que existia uma grande dívidacamuflada por muitos esquemas contabilísticos, que permitiam que o valor das acçõespermanecesse estável. O controlo interno foi inadequado; os passivos contingentes nãoeram divulgados; e, a Andersen ignorou todas estas fraquezas.

De acordo com a ISA 240, a natureza do sector ou as operações da entidadeproporcionam oportunidades para elaboração de relato financeiro fraudulento quepodem provir de uma forte presença ou capacidade financeira para dominar umdeterminado sector industrial que permitam à entidade impor termos e condições afornecedores ou clientes que possam resultar em transações inapropriadas.

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Este é exatamente o caso da Enron. Outra oportunidade de fraude refere-se às transaçõesaltamente complexas, especialmente no final do período. Era precisamente com este

tipo de transações no final do período que a Enron falseava os seus resultados.

Em condições normais o procedimento de controlo interno que poderia prevenirum esquema tão fraudulento (controlos preventivos) seria a segregação de funções, deforma a evitar que apenas algumas pessoas afetas à administração assumissem aresponsabilidade de autorizar e registar transações. Se várias pessoas assumissem essaresponsabilidade provavelmente nenhuma delas poderia tomar decisões fraudulentassem que isso fosse detetado. O controlo de deteção mais eficaz no caso da Enron seriatalvez o processamento de informação, pois permitiria controlar e verificar a exatidão,plenitude e autorização das transações, e assim verificar se as transações são válidas.

4.6.  Transações com Partes Relacionadas

As transações provenientes de cada CFO da Enron, em que muitas vezes omesmo actuava como vendedor e comprador na mesma transação, apresentam, na suaessência, desafios muito complicados de serem auditados. Quando transaçõessemelhantes não podem ser identificadas e os mercados activos são fictícios, o auditorfica impossibilitado de conhecer a intenção do controlo da transação por ambas aspartes intervenientes.

Teoricamente, durante as revisões das demonstrações contabilísticas, osauditores deveriam dar muita atenção a transações entre partes relacionadas (controladase coligadas) com o intuito de detectar práticas de transferências de resultados, noentanto não foi isso que se verificou no caso da Enron.

4.7.  O Controlo Interno na Andersen

Segundo a  ISA 220, “Controlo de Qualidade para uma Auditoria de

Demonstrações Financeiras”, a firma de auditoria tem a obrigação de estabelecer emanter um sistema de controlo de qualidade que lhe proporcione garantia razoável de

fiabilidade de que: 

(a) A firma e o seu pessoal cumprem as normas profissionais e os requisitoslegais e regulamentares aplicáveis; e

(b) Os relatórios emitidos pela firma ou pelos sócios responsáveis pelo trabalhosão apropriados às circunstâncias.

Para os investidores terem confiança no reporte financeiro é essencial que aactividade da empresa e também dos auditores, seja sujeita a um forte controlo interno.

As informações apuradas, evidenciam um fraco controlo interno na Andersen. O

aconselhamento contabilístico por parte do principal escritório nacional da Andersen foidesconsiderado pela equipa de auditoria de Houston no local; não houve controlo para

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assegurar que esse aconselhamento fosse cumprido. Quais os controlos que falharam naAndersen que permitiram algo do género? A Enron era a segunda maior cliente da

Andersen. Porque é que os indicadores de manipulação de rendimentos do modelo dedeteção da Andersen foram ignorados? Foi a Enron, em substância, responsável pela suaprópria auditoria? Dado que a Andersen, devido ao facto de estar envolvida num outroescândalo, estava a operar sobe a ordem do SEC, porque é que o seu controlo internonão foi revisto nem fortalecido? A simples resposta acerca do facto de ter um parceiroirresponsável, não é aceite. As empresas de contabilidade que possuem um sistema decontrolo fraco, não merecem a confiança dos investidores. Afigura-se o cenário em quea Enron e a Andersen foram aliadas ao longo de todo o tempo, dado que, ambasevidenciaram negligência no seu controlo interno.

4.8.  Impacto da Evolução do Modelo de Negócio no Risco de Auditoria

Na Enron e na Andersen, o modelo de negócio e a cultura organizacionalestavam a mudar. Enron estava a mover-se para um novo modelo de negócio ondedominavam os activos intangíveis, o direito de comprar e também vender mercadorias.Esta mudança foi planeada e organizada por uma nova cultura organizacional que,impulsionou o seu crescimento através de uma postura agressiva. Enquanto os auditorestomavam posse dos serviços de consultoria, o modelo de negócio e organizacional

vigente na Andersen, estava também a mudar.A Enron afastou-se do domínio dos activos fixos, de forma a privilegiar os

activos intangíveis, fazendo com que a volatilidade crescesse no mercado e, dessa formapudesse usufruir da contabilidade «market-to-market».

Por outro lado, a Andersen optou por se afastar da profissionalização dos serviços deauditoria por si prestados, em prol da comercialização da consultoria. O que permitiaaos auditores, serem também, os monitores da gestão da empresa.

Para além de inflacionarem o risco para os investidores, estas mudanças tiveramimpacto também ao nível do risco de auditoria.

O risco de auditoria consiste na possibilidade do auditor emitir uma opiniãonão apropriada sobre as demonstrações financeiras ao não considerar situações comincorrecções materialmente relevantes (ISA 200).

O risco de auditoria decompõe-se em três componentes: risco inerente, risco decontrolo e risco de detecção, que pode ser apresentado pela seguinte fórmula:

Risco de Auditoria = Risco Inerente x Risco de Controlo x Risco de

Detecção 

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A suposta independência do Risco Inerente e do Risco de Controlo sugerida pelofato de estarem definidos individualmente, tem levado a que este modelo tradicional de

risco de auditoria seja alvo de várias criticas por poder não produzir resultadosapropriados, sob o argumento de que o risco inerente e o risco de controlo sãodependentes ou pelo menos condicionais uma vez que a avaliação de um produzinfluência sobre o outro.

Tendo isto em conta, a ISA 200 torna mais explícito o condicionalismo entre osdois componentes, risco inerente e risco de controlo, aglomerando-os como “risco de

distorção material”:

Risco de Auditoria = f (Risco de Distorção material; Risco de Detecção) 

O risco inerente pode ser definido como a susceptibilidade de uma asserçãoapresentar uma distorção que possa ser materialmente relevante, quer seja consideradaindividualmente ou globalmente, antes da consideração de quaisquer controlosrelacionados.

A desregulamentação do sector de gás natural e posteriormente a desregulamentação dosector de electricidade permitiu uma abertura nos negócios da empresa, um rápidocrescimento da mesma e a dispersão do negócio para outros países. Estas alterações nomodelo de negócio da Enron originaram, como é compreensível, uma maiorcomplexidade das transacções que efectuava. Enquanto intermediária assumiacomplexos contratos a longo prazo com os produtores de gás natural, desenvolvendo um

mercado de contratos de futuros, assinando contratos onde garantia o preço parafornecimentos futuros. As transacções da empresa eram bastante complexas só pelofacto de se assumir como intermediária em negócios já por si complexos. Este aumentoda complexidade contribuiu para o aumento do risco inerente.

O risco de controlo pode ser definido como o risco de uma asserção apresentaruma distorção que possa ser materialmente relevante, quer individualmente ou quandoagregada com outras distorções, e não possa ser evitada ou detectada e corrigida emtempo oportuno pelo controlo interno da entidade.

O rápido e significativo crescimento das operações da Enron, aliado a umcontrolo interno propositadamente deplorável provocaram um grande aumento do risco

de controlo que, de resto, era perfeitamente perceptível.Risco de detecção é o risco resultante de os procedimentos do auditor não

conduzirem à detecção de uma distorção que exista numa asserção que possa sermaterialmente relevante, quer individualmente quer quando agregada com outrasdistorções. Também em relação ao risco de detecção há pouco a dizer…

Uma vez que os auditores faziam por ignorar os “erros” contabilísticos

apresentados pela Enron o risco de detecção seria, no mínimo, elevado.

Todos estes factos contribuem para o aumento do risco de auditoria, no entanto,desde logo, o simples facto de existir um conflito de interesses provocado pelosobjectivos contraditórios da Andersen enquanto auditora e enquanto consultora, cria um

aumento do risco de auditoria.

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5.  Conclusão

Com a elaboração do presente trabalho podemos concluir que, apesar de adetecção de fraudes não ser o principal objectivo dos auditores, a verdade é que nosúltimos tempos o conceito de auditoria, tem passado por uma crise de confiança,contribuindo para isso muitas quedas escandalosas de empresas como a Enron, aWorldcom (mais tarde), e outras.

Relacionando o conceito de auditoria com o sucedido na Enron, evidenciamoscomo sendo os principais responsáveis pela sua queda, erros contabilísticos ou fraudesque não foram detetados pelos auditores ou, se o foram, não vieram tornados públicosde modo a serem percebidos pelos utilizadores da informação financeira. Porém, se

estes erros foram detetados pelos auditores, isto significa que os mesmosatuaram de forma negligente.Estes casos, que tiveram ampla divulgação na comunicação social, contribuíram

para que se questionassem as normas de auditoria em vigor, tendo-se dado início a umprocesso de reforma das normas reguladoras.

Assim, nos EUA, fruto do caso Enron, foram tomadas medidas como apublicação, em Agosto de 2002, da lei Sarbanes-Oxley, com o propósito desupervisionar os auditores das entidades cotadas em bolsa e proteger os interesses dosinvestidores em particular e, do público em geral.

Na União Europeia, onde se tem vindo a trabalhar sobre estes temas desde 1996com a publicação do livro verde, iniciou-se, em 2004, um processo formal demodernização da Oitava Directiva relativa à certificação legal das contas anuais econsolidadas cujo texto final foi publicado em Junho de 2006 no Jornal Oficial da UniãoEuropeia.Em termos internacionais, o  International Audit and Assurance Standard Board 

(IAASB) da  International Federation of Accountants (IFAC) iniciou nos últimos anos 

um profundo processo de revisão das Normas Internacionais de Auditoria.

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6.  Bibliografia

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  BENAU, M., Humphrey, C., 1995, La Auditoria y el Fraude: AlgunasConsideraciones Internacionales, Revista Española de Financiación y Contabilidad , 24,nº 84, p. 697-725

  BERGSTRESSER, Daniel e Thomas Philippon (2004). "CEO Incentives and

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  BRANSON, Douglas M. (2003). "Enron  –  When All Systems Fail: CreativeDestruction or Roadmap to Corporate Governance Reform?", Law Review SymposiumIssue, pag. 48

  CUNHA, Carlos Alberto da Silva, (1998):A Materialidade em Auditoria, Boletim APECA, n.º 82, Maio, pp. 57-59.

  FOX. Loren, Enron  –  the rise and fall.Estados Unidos: John Wiley & Sons,

2003.

  GAZETA MERCANTIL. Caso Enron. 28 de Maio de 2002, p. A-12.

  GRABOWSKI, R. (2002). "Enron", Universitat Pompeu Fabra, Barcelona.