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Mensal Nº 2 // outubro 2013 // Fundador: Filipe Pardal Formações/Emprego na Comunicação: Oportunidades para enriquecer currículo ou para começar a trabalhar | Novos álbuns: Dream Theater e Nine Inch Nails com novos trabalhos | Atualidade: Análise eleições autárquicas GRANDE REPORTAGEM A ARTE OLEIRA Com novo disco para sair ainda este ano, a Ensaio Geral falou com uma das cantoras em maior destaque no cenário nacional. MÓNICA FERRAZ EM ENTREVISTA EXCLUSIVA

Ensaio Geral

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Edição de outubro de 2013 da revista online mais independente e livre de interesses económicos!

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Page 1: Ensaio Geral

Mensal Nº 2 // outubro 2013 // Fundador: Filipe Pardal

Formações/Emprego na Comunicação: Oportunidades para enriquecer currículo ou para começar a trabalhar |

Novos álbuns: Dream Theater e Nine Inch Nails com novos trabalhos | Atualidade: Análise eleições autárquicas

GRANDE REPORTAGEM

A ARTE OLEIRA

Com novo disco para sair ainda este ano, a Ensaio Geral falou com uma das cantoras em

maior destaque no cenário nacional.

MÓNICA FERRAZ EM ENTREVISTA EXCLUSIVA

Page 2: Ensaio Geral

O circo nacional autárquico

Interesses locais transformados em jogos políticos que não dizem a respeito a ninguém.

Filipe Pardal

Editorial

2 // Ensaio Geral

Desde quando é que o

poder local se define

pela conjuntura

nacional? Desde

quando é que é mais

importante mostrar

arrogância nas redes

sociais sobre supostas

derrotas e vitórias

nacionais de partidos –

qualquer um deles – do

que ir votar no que nos

diz respeito?

As respostas a estas

interrogações são,

provavelmente, um

resumo de tudo o que

vai mal no poder

político, na sociedade

política e pseudo-

intelectual. Faz-me

confusão quando as

soluções são

constantemente

confundidas com

demagogia daquilo que

podia ou devia ser,

daquilo que está mal e

podia estar melhor. Não

me parece que

Aristóteles tenha

criado/estudado a

retórica para isto… mas

foi o que ficou… arte de

bem falar sem

conteúdo.

Correio do leitor

A sua opinião conta…

Deixe a

sua

crítica…

Envie-nos

sugestões…

Basta enviar um e-mail para:

[email protected]

Contribuíram para esta edição: Beatriz Santos;

Fábio Gonçalves; Filipe Pardal; João Bugalho;

Mónica Ferraz; Pedro Pardal; Rodrigo Barros

Revista Ensaio Geral

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Estatuto Editorial

Ensaio Geral (EG) é uma revista online de periodicidade mensal

totalmente independente e não pertence a qualquer grupo

económico.

EG é produzida por jornalistas e pessoas que se comprometem a

respeitar os direitos e deveres previstos na Constituição da República

Portuguesa, na Lei de Imprensa e, no Código Deontológico dos

Jornalistas, apesar de ser equiparada a um blog.

A revista promove o rigor informativo e distingue claramente os

artigos de opinião dos artigos informativos.

A EG recusa o sensacionalismo, orientando-se sempre com um critério

de rigor.

A EG é concebida utilizando o novo acordo ortográfico.

Joaquim Ribeiro, Seixal, 52 anos

«Fico contente por existir uma revista que usa o meio tecnológico para divulgar

entrevistas e artigos com interesse. Ainda mais feliz fico quando essa revista é

composta por jovens que estão a lutar por um futuro melhor nas suas

profissões. Um bem-haja a todos e continuação de um óptimo trabalho»

Leonor Fernandez, Viana do Castelo, 27 anos

«É, sem dúvida, uma revista bem estruturada e conseguida. Fazia falta algo que

pudéssemos ler sem ter aquela ideia de que os jornalistas estão a ser obrigados

a escrever única e exclusivamente para vender papel. No entanto, penso que

deviam fazer as próximas edições mais leves, tanto a nível de conteúdo como

de design. Penso estar demasiado pesado e isso pode afugentar alguns leitores.

Beijinhos para a equipa!»

Page 3: Ensaio Geral

Índice

Ensaio Geral // 3

P. 11 Grande reportagem sobre a arte oleira de São Pedro do Corval

P. 7 Os concertos, projetos e preferências de Mónica Ferraz

Opinião e atualidade

Notícias P.4

Gonzando com isto P.10

No topo da cereja P. 10 Música

Os últimos álbuns de Dream

Theater e Nine Inch Nails

P. 14

Entretenimento

Livros atuais que valem a

pena

P. 17

Cartoon do mês P. 18

Page 4: Ensaio Geral

Notícias

4 // Ensaio Geral

O que aconteceu em setembro…

Rui Costa é campeão do mundo

de ciclismo

Feito histórico no desporto português! O

ciclista – natural da Póvoa do Varzim –

está a viver o melhor momento da sua

carreira com um ano notável. Venceu a

Volta à Suiça, alcançou dois triunfos em

etapas da Volta à França e, agora, vence

tudo e todos para o título mundial.

O português mostrou-se radiante em

declarações à Lusa; «Eu acho que ainda

não assimilei. Como tenho dito, é um

sonho. Sempre sonhei ser campeão do

mundo e hoje poder realizá-lo... Acho que

é algo que não acreditava e que agora

estou a viver. Vou vivê-lo da melhor

forma».

Tribunal Constitucional

chumba alterações ao Código

do Trabalho

O TC declarou como inconstitucionais

algumas das novas normas propostas

para o Código do Trabalho,

nomeadamente por extinção do posto de

trabalho e por inadaptação. Os juízes

consideram que as normas «não fornecem

as necessárias indicações normativas

quanto aos critérios que devem presidir à

decisão do empregador de seleção do

posto de trabalho a extinguir».

Resultados Eleições Autárquicas 2013

Em termos globais e comparativos, a CDU e os candidatos

independentes obtiveram os melhores resultados da noite. PSD e Bloco

de Esquerda merecem destaque pelos motivos inversos.

O Partido Socialista – António Costa - venceu com clareza a cidade de

Lisboa, no entanto os resultados partidários dos socialistas não se

podem considerar uma vitória clara. Na verdade, o número de votos

conquistados pelo PS foi inferior ao de 2009 e os autarcas “rosas”

perderam cinco das mais importantes autarquias do país – Braga,

Guarda, Évora, Beja e Loures.

Na cidade do Porto reside a grande perda para o PSD. Menezes não só

perdeu para o independente – apoiado pelo CDS – Rui Moreira, como

não passou da terceira posição com Manuel Pizarro do PS a obter

maior número de votos.

A coligação de Jerónimo de Sousa acaba também por ficar satisfeita

com os resultados destas autárquicas. A CDU consegue reconquistar as

câmaras alentejanas de Évora e de Beja e, ainda, conquista Loures com

a lista comandada por Bernardino Soares.

O CDS conseguiu aumentar o número de autarquias – em comparação

com 2009 – de uma para cinco. Paulo Portas acaba por ironizar nas

declarações onde afirma: «Era uma partido pequeno, não era?»

Para terminar, resta falar do Bloco de Esquerda que acabou por perder

a única autarquia que detinha. Tudo o que o partido de esquerda

acabou por conseguir foi oito mandatos espalhados por todo o país.

Page 5: Ensaio Geral

Notícias

Ensaio Geral // 5

Merkel vence eleições alemãs com maioria

absoluta

A chanceler alemã obteve mais de 42% dos votos o que significa a

maior votação desde a reunificação do país germânico. Angela Merkel

classificou a vitória nas eleições como um “super-resultado” e

prometeu fazer tudo para garantir “quatro bons anos” ao seu país.

Depois da vitória – que por pouco não foi suficiente para uma maioria

absoluta – restam as negociações de coligação que não são fáceis,

principalmente na conjuntura alemã.

Tanto o Partido Social-Democrata como o Partido Verde - os dois

óbvios parceiros num governo de coligação que terá de manter o país

à tona - (Merkel chegou surpreendentemente perto, mas não

conseguiu a maioria parlamentar absoluta) hesitaram em começar as

negociações com ela e essa mesma hesitação parece mais do que

apenas estratégica. Os parceiros políticos de Merkel não a substimam,

temem a força política da chanceler ao ponto de evitar a sua

proximidade.

FMI propõe à zona euro um

subsídio de desemprego

europeu

A instituição liderada por Christine

Lagarde lançou um relatório denomiado

“Toward a fiscal union for the euro área”,

no qual constam várias propostas para

evitar uma nova crise na zona Euro. Uma

delas é a criação de um subsídio de

desemprego europeu. O relatório refere

que «A proteção social poderia ser

candidata a maior partilha de riscos

orçamentais».

Nascem cada vez menos bebés

em Portugal [Estudo]

Este ano é previsto que nasçam menos

oito mil bebés em Portugal do que no ano

passado. A investigadora Laura Vilarinho,

do Instituto Nacional de Saúde, aponta a

emigração dos jovens como a principal

responsável por este resultado. «O grande

problema é a quantidade de jovens que

estão a sair do país. Quem está a emigrar

são os casais mais jovens», refere a

investigadora.

Page 6: Ensaio Geral

6 // Ensaio Geral

Notícias

O que vai acontecer em outubro…

Discussão do Orçamento do Estado 2014 começa este mês

De acordo com o calenário oficial, o orçamento para o próximo ano começa a ser discutido no próximo dia 23 e irá a votação

final no dia 26 de novembro.

A ministra de Estado e das Finanças – Maria Luís Albuquerque – estará na comissão parlamentar para a realização da primeira

apresentação da proposta de lei – que tem obrigatoriamente de ser entregue até ao dia 15 deste mês.

No dia 25 será a vez de Pedro Mota Soares – Ministro da Solidariedade, Emprego e Segurança Social – para apresentar a

proposta aos deputados na comissão de especialidade.

A discussão formal do Orçamento do Estado, em termos globais, está marcada para os dias 31 de outubro e 1 de novembro,

seguindo-se um período de cerca de duas semanas para o debate na especialidade com os ministros de cada setor

organizacional de atividade.

Apesar deste início em outubro, o processo só fica concluído no penúltimo mês do ano. Nos dias 21 e 22 de novembro serão

discutidas as propostas em plenário com posterior votação na especialidade.

O processo legislativo termina dia 26 com a votação final global da proposta de lei, após ter passado por todos os passos

supracitados.

As ajudas diretas aos agricultores vão

ser pagas no corrente mês. Quem o

diz é o secretário de Estado da

Agricultura – José Diogo

Albuquerque. As ajudas têm um valor

total de 320 milhões de euros. «Os

pagamentos diretos aos agricultores

decorrentes da PAC vão ser pagos em

outubro. Nós conseguimos antecipar

o pagamento único aos agricultores»,

afirmou o secretário de Estado à

agência LUSA depois de uma visita a

uma queijaria tradicional em

Gouveia.

O Bloco de Esquerda anunciou a

convocatória da Mesa Nacional

para o dia 12 de outubro.

Os objetivos da reunião

assentam no “combate ao

Governo” e na “oposição” ao

Orçamento do Estado para

2014.

Page 7: Ensaio Geral

Tema de Capa

Page 8: Ensaio Geral

Entrevista

8 // Ensaio Geral

Mónica Ferraz

«Há um novo disco que sai ainda este ano. Podemos esperar

alguma continuidade mas muitas sonoridades diferentes» Por: Filipe Pardal

A Mónica já tem um vasto currículo no panorama musical de vários projetos e colaborações bem sucedidas mas, atualmente, aposta na carreira a solo… Como tem corrido esta nova experiência, qual o balanço que faz?

O balanço é extraordinário. Sempre dei a cara como cantora nos projetos que participei mas as responsabilidades eram menores. Numa carreira a solo tudo o que acontece é da minha responsabilidade. Mas quando corre bem, como tem corrido, a satisfação é redobrada. Tem estado com uma agenda muito preenchida, de norte a sul do país, com passagem em grandes palcos e também festivais de verão. Como têm corrido as performances ao vivo?

Correm cada vez melhor felizmente. Ao longo do ano a banda vai ganhando uma maturidade musical em palco que permite performances cada vez melhores. E com uma banda assim preocupo-me unicamente em cantar e interagir com o público. O que dá mais satisfação, um público mais intimista num palco por conta própria ou um festival de verão como o Sudoeste onde chega a mais pessoas?

Não consigo dar uma preferência. Se numa fase inicial do meu projeto a solo estava mais confortável em auditórios, a evolução natural de fazer tantos concertos de exterior levou-me a estar realmente confortável também nos grandes palcos de festivais. Mas satisfação dão ambos, e muita. Apenas são muito diferentes as abordagens que a banda tem em cada ambiente. Qual o concerto, deste ano, que lhe conferiu mais realização e gosto pessoal?

É muito difícil de responder a essa questão. Mas talvez o concerto das Festas do Mar em Cascais. Fui cabeça de cartaz ao lado de nomes enormes, deu-me gozo perceber que há cada vez mais pessoas a conhecerem as minhas músicas e a associarem ao meu nome e que estar ali naquela posição começa a ser normal. Mas era um dos grandes desafios do ano. Destaco também claramente o concerto de Braga (no Theatro Circo e na Noite Branca) e o do festival MEO Sudoeste. Com colaborações com os Orelha Negra e com os Natiruts que têm invadido – no bom sentido – as rádios nacionais, como é que vê este vasto reconhecimento, tanto por parte destes grupos como depois por parte de quem a ouve em registos tão diferentes?

É do melhor que pode haver receber convites deste tipo. Significa antes de mais que as pessoas estão atentas e reconhecem, na minha voz, potencial para vários estilos. O que é de facto uma coisa que eu também sinto e gosto de fazer. E os Natiruts, como é sabido por todos, são gigantes no Brasil e em Portugal também, cada vez mais. Diferente também é o registo encontrado em «Start Stop» quando comparado com o da banda Mesa. Sente que os antigos fãs reagiram bem à mudança?

Sinceramente acho que não. As diferenças são tão grandes que é normal que muitos fãs dos Mesa tenham ficado pelo caminho. Sei que há muitos que acompanharam o gosto pelo meu projeto talvez porque o que os ligava aos Mesa era mais a minha voz. Outros nem tanto. Os que se ligavam mais ao todo dos Mesa, se calhar nem gostam muito do meu estilo musical a solo, algo que respeito perfeitamente. Que opinião tem sobre os orçamentos avultados para campanhas? Como são exemplo disso, o orçamento de Menezes que atinge os 350 mil euros e o de António Costa que apresentou um orçamento de 376 mil euros... São orçamentos gigantescos, mas nem são totalmente transparentes, porque ambos beneficiam da sua função Em que medida difere um projeto coletivo de um projeto a solo?

É um pouco como nos negócios, maior risco, maior retorno e vice-versa. Temos muito maiores riscos a solo. Quando corre mal a “dor” é essencialmente minha. Quando corre bem é natural que seja quem melhores recompensas tem.

«É do melhor que pode haver

receber convites deste tipo.

[Orelha Negra; Natiruts] Significa

que as pessoas reconhecem, na

minha voz, potencial para vários

estilos»

Page 9: Ensaio Geral

Entrevista

Ensaio Geral // 9

Há novos lançamentos a chegar?... Podemos esperar a continuidade de Mónica Ferraz a solo?

Há um novo disco que sai ainda este ano. Podemos esperar alguma continuidade mas muitas sonoridades diferentes. Caminho no sentido musical do qual maior partido e prazer tiro, mas há sempre uma certa coerência no que vem aí. Mas respondendo: claro que podem esperar Mónica Ferraz a solo com uma banda incrível. A pergunta inevitável sobre a língua portuguesa e inglesa. Qual é o idioma em que prefere cantar e porquê a escolha no inglês em certas ocasiões?

Gosto igualmente de cantar em português e em inglês. E sinto-me muito confortável em ambos os idiomas. A escolha do inglês inicialmente foi no sentido de distanciar o projeto dos Mesa. Mas, na realidade, chego à conclusão que talvez o inglês “case” melhor com a música que faço. A música portuguesa tem evoluído no que toca a projetos novos e inovadores em território nacional e com maior reconhecimento por parte do público… O que toca no seu rádio ou MP4 neste momento a nível de artistas portugueses?

Rádio não ouço até porque não gosto de me ouvir. Já a nível de artistas portugueses acho que posso destacar o António Zambujo como alguém que ouço, admiro muito e que conhece muito sucesso agora, merecido.

O que falta à indústria musical nacional para dar o “passo seguinte”?

Faltará muito pouco em breve. Numa crise tão grande, toda a indústria musical é sujeita a uma pressão tremenda. E só ficam para o futuro os melhores. Há uma seleção natural em que só vão ficar os melhores músicos, os melhores promotores de espetáculos, as melhores rádios, as melhores editoras, as melhores agências, os melhores managers, etc. Ser cantor em Portugal é difícil?

Acho que é muito difícil não ser. Eu acho que não conseguia. Que conselho deixa a quem sonha conseguir uma carreira no ramo?

Acho que é preciso talento antes de mais e o próprio acreditar nele. Depois vem a persistência seguida de paciência para esperar. Tudo demora. Por último, a pessoa tem que ter à sua volta quem acredite tanto ou mais que o próprio em si mesmo. Um muito obrigado pela sua disponibilidade. Para terminar gostava que deixasse apenas uma mensagem para os criadores e leitores da nossa revista…

Obrigado pelo convite para a entrevista e muitos parabéns pela iniciativa com desejos de boa sorte para o futuro!

Page 10: Ensaio Geral

Opinião/Crónica

10 // Ensaio Geral

GONZANDO COM ISTO… Por: Filipe Pardal

Está instituído mais um duelo pela manutenção. De um lado os maus, do outro os péssimos num embate execrável e recordista em público: a vizinha, o velho, a criança confusa, o médico, o espetador do Splash e do Big Brother, o professor, o anarquista, o republicano, o absolutista, o que nunca está feliz e o conformado.

Tudo isto com a esbelta vantagem de não ser necessário bilhete para galantear no espetáculo que entra agora numa fase peremtória, recreios onde a ignorância surge como a melhor amiga de todos sem grandes razões para isso.

Não interessa quem é bom, interessa quem consegue provar que o outro é pior que o próprio umbigo imperfeito de uma sociedade tão linearmente distorcida.

Uns sem medo! Outros com «falinhas mansas»! Que a fachada do poder local mal aproveitado seja o mote da primeira ronda… não entre os líderes e os competentes, mas entre quem luta pela elementar e reles manutenção, entre quem está no fundo do poço mas persiste com aspirações – em nome próprio -nacionais e europeias.

NO TOPO DA CEREJA… Por: Rodrigo Barros

Enquanto eu puder tocar na tua face, tu sabes que eu não abandono este lugar. Este espaço em que tu me deixaste

entrar, em que eu tentei pertencer um pouco com todas as forças que tinha no corpo e que tinha na alma. – O teu

mundo – Sinto-me grato. O silêncio é tudo o que digo, tenho tendência para fugir, quero fugir contigo esta noite!

És aquele anjo que me salva do meu pesadelo, a sombra que se esbate no meu desejo mais intenso de te ter comigo,

estamos e ambicionamos que o momento nunca acabe e quando acaba já estou a desejar que voltes, sabes onde

me encontrar. Não é preciso perderes tempo, tu já és a voz dentro da minha cabeça. Acalmas-me sem saberes nas

noites em que não consigo dormir, em que não consigo sonhar, em que estou longe de ti quando queria estar tão

perto. Faz três dias que não te vejo e já sinto a tua falta…

Tu! Sinto a tua falta perto de mim, da tua voz que me aquece por dentro, das tuas mãos entrelaçadas nas minhas

que me fazem sentir tão calmo, das tuas brincadeiras que me animam, dos teus lábios que me consomem num

sentido tão bom, do teu pescoço que adoro explorar, das tuas pernas que me fazem começar a desejar-te tão

intensamente, da tua cintura, do teu peito… de tudo o que faz parte de ti e te ajuda a ser tão única e tão especial.

Page 11: Ensaio Geral

Entrevista

Ensaio Geral // 11

Entrevista

12 // Ensaio Geral

Texto: Filipe Pardal

Imagens captadas da

filmagem de: João

Bugalho

Page 12: Ensaio Geral

Reportagem

12 // Ensaio Geral

Arte Oleira…

São Pedro do Corval, no concelho de Reguengos de Monsaraz, é um dos principais centros oleiros de todo o país. Por toda

a aldeia é possível vislumbrar uma paisagem rica em olarias tradicionais mas que, com alguma inovação, conseguem

estar abertas nos dias de hoje para continuar uma forma de arte utilitária.

É logo depois da placa indicativa de São Pedro do Corval que estamos

perante o maior centro oleiro do país. Esta aldeia alentejana não só

respira o barro como vive da atividade. Atualmente estão em

funcionamento três dezenas de lojas e fábricas oleiras que

conseguem, através de encomendas nacionais e, de alguma

exportação, subsistir à crise que se abate sobre Portugal.

É indiscutível a arte que está inerente no fabrico destas peças e

utensílios em barro mas, cada vez mais, as gentes ligadas ao oficio

têm de pensar e apostar na inovação para continuar a ter clientes,

para continuar a perdurar mesmo com falta de mãos novas que

continuem a arte ancestral dos seus pais e avós.

Consciente desse aspeto está a Câmara Municipal de Reguengos de

Monsaraz que, através de feiras de promoção tem vindo a tentar

incutir nos oleiros essa necessidade. «É sempre possível inovar na arte

oleira e talvez essa seja uma das variáveis em que mais vale a pena

apostar daqui para a frente. Houve já projetos em que tentámos

desenvolver peças utilitárias mas com um design moderno e mais

arrojadas do que o habitual», conta-nos José Calixton, presidente da

autarquia alentejana.

Existe mesmo uma Feira Ibéria da Olaria e do Barro, que junta São

Pedro do Corval a Salvatierra de los Barros, na vizinha Espanha, que

congrega toda esta diversidade oleira. De dois em dois anos este

certame consegue atrair milhares de visitantes, oferecendo uma

oportunidade única para os fabricantes.

Nesta freguesia de Reguengos de Monsaraz, a atividade oleira

emprega centenas de pessoas distribuídas em todas as olarias em

funcionamento. Muitas são negócios de família mas já permite que

esta aldeia seja uma clara excepção ao desemprego elevado no

interior do país.

Uma coisa é certa, quando se visita São Pedro do Corval visitamos

uma paixão no trabalho, visitamos pessoas e trabalhadores que

realmente gostam do que fazem diariamente.

«Gosto muito do que faço, dá muito trabalho fazer estas peças, estou

um dia inteiro a trabalhar nelas e isso só é possível quando

realmente se gosta. Quando chego ao fim do dia as costinhas já

doem», confessa-nos Maria da Conceição uma artesã local.

Também David Silva reforça o significado e a dedicação necessária

para exercer a arte da olaria, «Todo o oleiro que gosta da própria

profissão não olha a dificuldades. Trabalha o barro, porque gosta do

barro. Existe realmente um contacto direto entre o homem e o barro

e o amor à profissão é tanta que, possivelmente, só quando passar

para o outro lado é que vou deixar de trabalhar o barro».

Mexer e trabalhar o barro com as próprias mãos é e vai continuar a

ser, indiscutivelmente, o principal oficio das gentes de São Pedro do

Corval.

Para quem ficou com curiosidade em visita a Festa Ibérica, fica a

informação que ela volta a Portugal já em 2015, naquela que é uma

excelente oportunidade para perceber e assimilar esta arte.

Page 13: Ensaio Geral

Reportagem

Ensaio Geral // 13

Pode ver esta reportagem em formato

televisivo no seguinte link:

http://videos.sapo.pt/UVYIBSJZQHIu

SEWsZIPS

Page 14: Ensaio Geral

Música

14 // Ensaio Geral

Dream Theater [Dream Theater] & Hesitation

Marks[Nine Inch Nails] em análise

Por: Fábio Gonçalves

Os gigantes do metal progressivo estão de volta e

apresentaram em setembro o décimo segundo álbum

da banda, o homónimo “Dream Theater”. Este é o

segundo disco de originais desde a saída do mítico

baterista Mike Portnoy, em 2010, e procura provar

aos fãs do conjunto norte-americano que apesar

desta contrariedade a essência de Dream Theater

está viva e de boa saúde.

O tema introdutório do álbum, False Awakening Suite, é um pequeno instrumental dividido em três partes que define desde

logo o tom que se vai seguir. Esta melodia épica e plena de intenção prepara o ouvinte da melhor maneira para a faixa que se

segue, The Enemy Inside. O primeiro single, lançado logo em agosto, é um dos melhores exemplos das qualidades que

tornaram Dream Theater numa das maiores bandas da música pesada progressiva, e também por isso uma excelente escolha

para ser a cara do disco homónimo. O som técnico e frenético – e que ao mesmo tempo fica no ouvido - de The Enemy Inside é

mesmo um dos pontos altos do álbum.

Infelizmente, estes primeiros minutos ousados são interrompidos pela terceira faixa, The Looking Glass. Apesar dos seus

relativos curtos 4 minutos e 53 segundos, este tema torna-se rapidamente aborrecido e definitivamente acrescenta pouco à

experiência auditiva. Segue-se “o” instrumental de “Dream Theater”, Enigma Machine. Se a música soasse tão bem quanto o

nome que lhe fora atribuído já teria sucesso garantido, e a boa notícia é que soa ainda melhor. Só resta elogiar a criatividade

da banda neste patamar, pois John Petrucci (guitarra), Mike Mangini (bateria), Jordan Rudess (teclado) e John Myung (baixo)

apresentam aqui o que de melhor são capazes. Solos, de guitarra, teclado e bateria, melodias espetaculares, mudanças de

ritmo dinâmicas, tudo isto de pode ouvir durante os seus 6 minutos de duração, apetecendo até dizer que o seu único defeito é

acabar tão depressa.

Com a quinta faixa, The Bigger Picture, chega a hora de o restante membro da banda, o vocalista James LaBrie, dar um ar da

sua graça. No entanto, um pouco à semelhança de The Looking Glass, este tema torna-se por vezes algo aborrecido, isto

apesar daquela que é provavelmente a melhor performance de LaBrie em “Dream Theater”.

Seguen-se Behind The Veil e Surrender To Reason, duas faixas equilibradas que contribuem para a construção da atmosfera

do álbum mas que acabam por soar demasiado a tantas outras músicas de Dream Theater presentes em álbuns passados.

Este é, de resto, um problema difícil de contornar quando se fala de uma banda com mais de 25 anos de existência.

Page 15: Ensaio Geral

Música

A penúltima faixa e segundo single, Along For The Ride, é a habitual balada do álbum. Uma música que promete colocar os

fãs a cantar com LaBrie durante as próximas tournées mas que tem poucos motivos de interesse, talvez apenas com a exceção

do teclado de Rudess.

“Dream Theater” encerra com o épico de 22 minutos Illumination Theory. Aquela que é para muitos a espec ialidade da banda

americana deixa mais uma vez a sua marca, mas desta feita fica a sensação que o efeito não foi totalmente conseguido.

Dividido em cinco partes, o tema possui uns primeiros minutos extremamente interessantes, no entanto a inclusão de uma

vertente atmosférica mais forte teve pouco sucesso. A inevitável perda de ritmo tem como consequência a sensação de que as

várias secções estão desligadas umas das outras, algo, neste caso, fatal.

Em suma, o álbum que ostenta o nome da banda acaba por ser uma boa adição à discografia de Dream Theater. Fica apenas

a sensação de que a banda está demasiado presa ao seu passado, sendo certo que na verdade poucos estariam à espera de

algo diferente num disco que parece ter tido como principal objetivo traçar um retrato a um dos maiores ícones do seu género

musical.

Ensaio Geral // 15

Trent Reznor está diferente, mais maduro. Durante o

hiato que separou “Hesitation Marks” do anterior

álbum de Nine Inch Nails – The Slip (2008) – o músico

norte-americano colecionou galardões com as suas

colaborações noutros projetos e estabilizou a sua vida

pessoal, dados que influenciaram sobremaneira a

direção musical da banda neste último disco de

originais.

A sonoridade industrial desapareceu quase por completo, contam-se pelos dedos de uma só mão a quantidade de vezes em

que o som de uma guitarra distorcida aparece em “Hesitation Marks” e a voz de Reznor cedeu quase toda a sua agressividade

a um tom mais introspetivo e decadente. É no entanto neste desespero emocional que se encontram os mais fortes elos de

ligações deste oitavo álbum de Nine Inch Nails relativamente à sua restante discografia. Exceção feita ao terceiro single,

Everything – que roça o punk-pop -, todas as restantes 13 faixas que compõem “Hesitation Marks” distinguem-se pelas suas

letras fatalistas e negativistas, mesmo as poucas que são pautadas por um ritmo acelerado na batida. Este disco marca ainda

o regresso às faixas mais dançáveis, como são exemplos os primeiro e segundo singles, Came Back Haunted e Copy Of A. Estas

são simultaneamente algumas das faixas que mais se destacam pela sua qualidade, juntamente com Satellite e All Time Low.

Esta última, sobretudo, contempla uma fusão muito interessante entre o som sintético que domina quase todo o álbum e uma

guitarra que vai buscar influências ao funk. Trent Reznor dá aqui um excelente exemplo de como tirar o melhor partido da

música eletrónica e coloca-la ao serviço do rock. Talvez a maior crítica que se pode fazer a “Hesitation Marks” depara-se com

um certa repetição tanto ao nível da sonoridade como da letra. Não que haja maus temas ao longo dos seus mais de 60

minutos duração, mas chega a dar a ideia de que alguns deles pouco acrescentam, pelo que os ouvintes viveriam bem sem

eles.

Quem esperava um regresso às origens de Nine Inch Nails com este oitavo disco de originais certamente ficará desapontado.

Aquilo a que se pode assistir é à evolução de um músico que já ultrapassou a sua fase de “puto rebelde” e é agora um homem

de família quase a completar meia centena de anos. A espontaneidade crua deu lugar à emoção controlada. Trent Reznor

amadureceu, a sua música também.

Page 16: Ensaio Geral

Formação&Emprego

16 // Ensaio Geral

Oportunidades na área da comunicação…

Page 17: Ensaio Geral

v

Ensaio Geral // 17

Livros&Leituras

Este livro é um autêntico e rigoroso Manual de Instruções. Consegue

indicar três dúzias de ideias, defeitos, hábitos e manias políticas que

ajudaram a bloquear um país inteiro.

Não é um manual para encontrar culpados nem para fazer contas,

mas serve para perceber como alguns acasos e outras tantas

teimosias nos levaram a um beco sem saída, do qual só podemos sair

com um conjunto de alterações muito sérias, nos discursos e nas

práticas de eleitores e eleitos.

Semelhante ao livro “O meu programa de Governo” de José Gomes

Ferreira, é agora a vez do prestigiado jornalista Ricardo Costa relatar

a sua versão dos factos.

Sugestões de leitura

Um grito de revolta contra os tempos conturbados que vivemos. A

escrita, o compromisso político, as amizades, o exílio e as viagens são

elementos indissociáveis numa vida fascinante como a de Luis

Sepúlveda. Nestas páginas, entrelaçam-se histórias pessoais, histórias

dos trabalhadores e suas lutas, gritos de dor perante a exploração

criminosa do meio ambiente, reflexões pungentes sobre a crise

económica que atingiu a Europa e encenações de momentos

partilhados com amigos, entre eles Pablo Neruda, José Saramago e

Tonino Guerra. E emerge, acima de tudo, o Luis Sepúlveda homem: as

lembranças do difícil passado no Chile, o destino dos seus

companheiros dispersos no exílio e o seu reencontro numa pequena

baía do Pacífico, uma viagem pelo deserto de Atacama. E, sobretudo,

a certeza de ter vivido «uma vida de formidáveis paixões».

O Império Otomano desmorona-se e a minoria arménia é perseguida.

Apanhada na voragem dos acontecimentos, a família Sarkisian

refugia-se em Constantinopla. Apesar da tragédia que o rodeia, o

pequeno Kaloust deixa-se encantar pela grande capital imperial e é ao

atravessar o Bósforo que pela primeira vez formula a pergunta que

havia de o perseguir a vida inteira: “O que é a beleza?” Cruzou-se com

a mesma interrogação no rosto níveo da tímida Nunuphar, nos traços

coloridos e vigorosos das telas de Rembrandt e na arquitectura

complexa do traiçoeiro mundo dos negócios, arrastando-o para uma

busca que fez dele o maior coleccionador de arte do seu tempo.

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Cartoon do mês

Quanto “Bale”?

Por: Pedro Pardal

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Nº 2 outubro, 2013