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Ensino de Ciências por Investigação

Ensino de Ciências Por Investigação - Livro 02

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  • Ensinode Cincias

    por Investigao

  • Os autoresAngelina Sofia OrlandiAntonio Carlos de CastroCarolina Rodrigues de SouzaDietrich SchielSandra Fagionato-RuffinoSilvia Aparecida Martins dos SantosVanilde de Ftima Bongiorno

    OrganizadoresDietrich SchielAngelina Sofia Orlandi

    Agradecimentos

    Aos professores que contribuem para o programa, sugerindo atividades para os mdulos ou utilizando-os em sala de aula, indicando as alteraes necessrias. O resultado da aplicao do programa ABC na Educao Cientfica Mo na Massa em sala de aula apresentado anualmente na Mostra de Trabalhos e disponibilizado na pgina do CDCC.

    Enfim, a todos os professores, indicados no final desta edio, que de uma forma ou de outra, contriburam e vem contribuindo com a equipe formadora do programa.

    Aos funcionrios do CDCC que, em suas diversas especialidades, contriburam de maneira decisiva para o sucesso do programa e em particular para esta publicao.

    s alunas bolsistas do programa no CDCC: Valria Scopim, Fernanda Paulino Vechiez, Edenilda Aparecida da Silva e Fernanda Maria Chiari Lancelotti.

    Agradecimento especial a Silvia Lopes Cereda pela leitura cuidadosa dos textos e constantes sugestes para o aperfeioamento dos mdulos e do material experimental.

    Programa ABC na Educao Cientfica Mo na Massa

    Coordenao

    No Brasil - Academia Brasileira de CinciasHernan ChaimovichDigenes de Almeida CamposMarcos Corteso Barnsley Scheuenstuhl

    Em So Carlos e regio Centro de Divulgao Cientfica e CulturalDietrich SchielAngelina Sofia Orlandi

    A edio contou com o apoio financeiro do CNPq, Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico, da Pr-Reitoria de Cultura e Extenso Universitria da Universidade de So Paulo e do Centro de Divulgao Cientfica e Cultural em So Carlos, SP.

  • Ensinode Cincias

    por Investigao

    USP

    Centro de Divulgao Cientfica e Cultural

    Dietrich SchielAngelina Sofia Orlandi

    (organizadores)

  • SUMRIOSUMRIOApresentao ...............................................................................................................................9

    Cartografia ............................................................................................................................13Atividade1. Vamos tomar banho?..........................................................................................15Atividade 2. Vamos nos desenhar? .........................................................................................15Atividade 3. Se eu estiver de frente para meu amigo, de que lado est a mo direita dele? ...16Atividade 4. Como seria voc deitado no cho, de frente e de costas?.................................17Atividade 5. Como nossa sala de aula? ................................................................................18Atividade 6. Como nossa sala de aula vista de cima?..........................................................18Atividade 7. Qual o trajeto que voc faz para ir da sala de aula ao refeitrio?...................19Atividade 8. Qual o trajeto que voc faz para ir de sua casa at a escola?.............................19Atividade 9. De quais elementos constitudo nosso bairro? ..............................................20Atividade 10. Vamos elaborar plantas temticas do bairro?.....................................................20Atividade 11. Trabalhando com imagens em diferentes escalas..............................................22Atividade 12. Como calcular a distncia entre a escola e sua casa?.........................................23Atividade 13. Como posicionar um mapa para chegar a um ponto desejado? ......................24Atividade 14. Aonde voc chegou?........................................................................................24Atividade 15. Deslocando-se a partir dos pontos cardeais ......................................................26Atividade 16. Como posicionar um mapa para chegar a um ponto desejado? ......................26

    Diagnstico Ambiental ........................................................................................................29Atividade 1. Quais so as paisagens da nossa cidade (ou bairro)?...........................................31Atividade 2. Esse local sempre foi da forma como esta hoje? .................................................31Atividade 3. O que esperam encontrar nesse ambiente?.........................................................32Atividade 4. Sada a campo - como o ambiente visitado?.....................................................34Atividade 5. Anlise do material coletado ................................................................................38Atividade 6. Esse local est bem conservado? ..........................................................................48Atividade 7. Relacionando os diferentes componentes dos ambientes ..................................49

    Estados Fsicos da gua .......................................................................................................55VAPORIZAO ......................................................................................................................58Atividade 1. Ebulio ................................................................................................................58Atividade 2. Evaporao ............................................................................................................61CONDENSAO ..................................................................................................................65Atividade 3. Como podemos verificar se h vapor d'gua no ar? ...........................................65Atividade 4. Como acontece a chuva?......................................................................................67Atividade 5. Os seres vivos contribuem para a presena de gua no ar? ................................68FUSO .....................................................................................................................................70Atividade 6. A que temperatura o gelo derrete? ......................................................................70

  • SOLIDIFICAO...................................................................................................................71Atividade 7. Qual ser a temperatura em que a gua se transforma em gelo? .......................72Atividade 8. Comparando os pesos da gua no estado lquido e slido .................................73

    Flutua ou Afunda ..................................................................................................................75Atividade 1. Flutua ou afunda?.................................................................................................77Atividade 2. Influncia da forma do objeto sobre a flutuabilidade .........................................78Atividade 3. A influncia da massa do objeto sobre a flutuabilidade......................................78Atividade 4. Influncia da quantidade de gua sobre a flutuabilidade....................................79Atividade 5. Influncia da gua sobre a flutuabilidade (empuxo)...........................................79Atividade 6. Influncia de lquidos diferentes sobre a flutuabilidade.....................................82Atividade 7. Construindo um submarino................................................................................83

    O Cu e a Terra......................................................................................................................87FICHA AMBIENTAL .............................................................................................................90LUZ E SOMBRA.....................................................................................................................92Atividade 1. Aes preliminares e motivadoras .......................................................................93Atividade 2. Sombras ao sol ......................................................................................................93Atividade 3. Como podemos saber onde o Sol est sem olhar pra ele? .................................94Atividade 4. Podemos obter sombras do mesmo tamanho para objetos para tamanhos diferentes?.............................................................................................................94O DIA E A NOITE ..................................................................................................................95Atividade 1. As sombras durante o dia ...................................................................................101Atividade 2. Como o movimento do sol durante o dia? ....................................................102Atividade 3. A terra vista de fora.............................................................................................103Atividade 4. O dia e a noite (modelo) ....................................................................................103OS FUSOS HORRIOS ......................................................................................................105Atividade 1. Por que quando assistimos ao vivo certos campeonatos em outros pases vemos os esportistas ao Sol enquanto aqui noite, ou vice-versa? .................105Atividade 2. Os pontos cardeais..............................................................................................106O ANO....................................................................................................................................107Atividade 1. Movimento do Sol durante o ano e ficha ambiental ........................................107Atividade 2. A Terra e o Sol (modelo)....................................................................................107AS FASES DA LUA (sistema Sol - Terra - Lua)....................................................................108Atividade 1. O dia e a noite.....................................................................................................109Atividade 2. Fases da Lua ........................................................................................................109Atividade 3. A Lua e o dia - e -noite.......................................................................................109

    rgos dos Sentidos ...........................................................................................................113PERCEPO - Os cinco sentidos........................................................................................114Atividade 1. Introduo ao reconhecimento dos cinco sentidos ........................................115VISO .....................................................................................................................................117Atividade 2. Observao Visual ............................................................................................117Atividade 3. Olhos rgos da viso....................................................................................118Atividade 4. ris e pupila .......................................................................................................119Atividade 5. Viso em profundidade ....................................................................................120

  • Atividade 6. Focalizao........................................................................................................122Atividade 7. Por que piscamos? ............................................................................................122TATO ......................................................................................................................................123Atividade 8. O que o tato nos permite perceber..................................................................124Atividade 9. Pele rgo do tato ..........................................................................................125OLFATO .................................................................................................................................125Atividade 10. Nariz rgo do olfato ....................................................................................125Atividade 11. Reconhecendo os odores .................................................................................126Atividade 12. Voc sabe limpar seu nariz? .............................................................................128PALADAR ...............................................................................................................................128Atividade 13. Os sabores.........................................................................................................130Atividade 14. Como a lngua?..............................................................................................130Atividade 15. Paladar e olfato .................................................................................................131AUDIO..............................................................................................................................132Atividade 16. Reconhecendo os sons .....................................................................................132Atividade 17. De onde vem o som? .......................................................................................134Atividade 18. Ouvido rgo da audio ..............................................................................134

    Resduos Slidos..................................................................................................................139Atividade 1. O que lixo?.....................................................................................................140Atividade 2. Caracterizao dos RS produzidos na escola ..................................................141Atividade 3. Que resduos slidos so produzidos em sua casa? Em qual quantidade?....143Atividade 4. Quanto um brasileiro gera de resduos por dia?.............................................143Atividade 5. Para onde vo os resduos slidos de sua casa? E o da escola? .......................143Atividade 6. Qual a quantidade e os tipos de resduos que chegam ao aterro sanitrio

    municipal (ou lixo) todos os dias? .................................................................144Atividade 7. Que outros destinos podem ter os resduos produzidos numa cidade?........145Atividade 8. De onde vem?...................................................................................................145Atividade 9. Quais produtos consumimos?.........................................................................146Atividade 10. Ser que nos deixamos levar pela propaganda?...............................................146Atividade 11. Quais as estratgias de venda que nos induzem a consumir? ........................147Atividade 12. O que podemos fazer para diminuir a produo e o descarte de resduos

    na escola? ..........................................................................................................148

    Professores do Programa...................................................................................................155

  • APRESENTAOAPRESENTAOConsiderando-se que a educao cientfica deve garantir a capacidade de participar e tomar decises fundamentadas, deve se basear no apenas na aquisio de conhecimentos cientficos (fatos, conceitos e teorias), mas no desenvolvimento de habilidades a partir da familiarizao com os procedimentos cientficos, na resoluo de problemas, na utilizao de instrumentos e por fim na aplicao em situaes reais do cotidiano.

    Dentro dessa concepo, o Centro de Divulgao Cientfica e Cultural (CDCC/USP So Carlos) participa desde 2001 do programa ABC na Educao Cientfica Mo na Massa, implementado por meio de cooperao entre a Academia de Cincias da Frana e a Academia Brasileira de Cincias. Trata-se de uma adaptao do projeto francs La Main la Pte, que por sua vez decorrente do projeto americano Hands-On. O projeto francs contou com a participao de Georges Charpak e o projeto americano de Leon Lederman, ambos ganhadores de prmios Nobel.

    Atualmente, o programa no Brasil est sob responsabilidade da Academia Brasileira de Cincias, com a coordenao geral de Digenes de Almeida Campos. Em So Carlos, coordenado por Dietrich Schiel e Angelina Sofia Orlandi, membros do Centro de Divulgao Cientfica e Cultural (CDCC/USP), e atende basicamente professores de Educao Infantil e Ensino Fundamental.

    O programa tem como proposta o ensino de cincias com base na articulao entre a investigao e o desenvolvimento da expresso oral e escrita.

    As atividades desenvolvidas no CDCC envolvem cursos de formao continuada, mostras de *trabalhos, produo e adaptao de material de apoio . Dentre os materiais produzidos,

    podemos citar o livro Ensinar as cincias na escola: da educao infantil quarta srie, traduzido do francs e adaptado pela equipe do programa com apoio dos professores de So Carlos, publicado em 2005.

    Dando continuidade a esse trabalho, elaboramos o livro Ensino de cincias por investigao, contendo sete mdulos destinados ao Ensino Fundamental: Cartografia, Diagnstico Ambiental, Estados Fsicos da gua, Flutua ou Afunda, O Cu e a Terra, rgos dos Sentidos e Resduos Slidos. Estes mdulos foram desenvolvidos durante oito anos e o relato do trabalho em sala de aula realizados pelos professores e os registros dos alunos permitiram identificar pontos que necessitavam de alteraes.

    Os mdulos so sugestes de atividades para subsidiar o planejamento e as aes do professor em sala de aula, portanto no devem ser seguidos como receitas. So indicados para alunos do 1 ao 5 ano, mas algumas idias podem ser usadas tambm em sries mais avanadas. Por isso preciso que o professor se mantenha atento s peculiaridades de sua turma e aos questionamentos e dvidas que surgirem, realizando as adaptaes que julgar necessrias, inclusive de acordo com diversos nveis escolares.

    As atividades se orientam pela metodologia adotada no programa ABC na Educao Cientfica Mo na Massa, em que podemos distinguir as etapas de trabalho descritas a seguir.

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    Apresentao

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    Ensino de Cincias por Investigao

    Problematizao e levantamento de hipteses

    As atividades investigativas

    Concluso

    A problematizao desenvolvida a partir de questes ou situaes-problema com a inteno de fazer o levantamento das hipteses dos alunos. Por meio dela o professor identifica o que j sabem sobre o assunto e organiza as prximas etapas. Essas questes ou situaes podem surgir dos prprios alunos, durante o dia-a-dia da sala de aula, ou serem motivadas pelo professor. Nesse ltimo caso, importante no s que haja clareza quanto ao objetivo que se deseja atingir, mas tambm que as questes tenham sentido para os alunos, estando de acordo com seu nvel de desenvolvimento cognitivo e possibilitando a gerao de vrias respostas apropriadas no convergentes e diretivas. Dessa forma, instigaro a descoberta e permitiro o encaminhamento das respostas atravs das atividades investigativas. necessrio que as questes constituam de fato um problema para as crianas, por motivar, desafiar, despertar o interesse e gerar discusses. Os alunos procuram responder as questes colocadas elaborando suas hipteses sobre o assunto e verificam essas hipteses com os procedimentos indicados em cada atividade.

    importante lembrar que, embora a problematizao seja a etapa mais propcia para a formulao de perguntas e hipteses, outras questes podem ser suscitadas durante o desenvolvimento das atividades das demais etapas, tanto pelos alunos, que demonstram novos interesses e levantam questionamentos visando futuros experimentos e descobertas, quanto pelo professor, no intuito de encaminhar novas discusses.

    Em grupos, os alunos elaboram as estratgias para verificar as hipteses levantadas durante a etapa de problematizao, apresentando-as aos demais e discutindo-as coletivamente, gerando possveis revises. A verificao realizada por diversas atividades propostas pelos alunos, dentre elas: experimentao, sada a campo, observao de fenmenos, pesquisa em livros e internet, entrevistas etc., postas em prtica com a orientao do professor. As pesquisas em livros e internet no devem ser utilizadas como fonte de respostas, mas como meio de levantamento de dados que ajudem na verificao das hipteses.

    As atividades motivam os alunos e tornam as aulas mais agradveis, mas no podemos esquecer sua funo primordial: resolver uma situao-problema, ultrapassando a simples manipulao de materiais.

    preciso lembrar que a atividade no se encerra com a realizao das investigaes; importante que o aluno reflita e seja capaz de relatar o que fez, tomando conscincia de suas aes e propondo causas para os fenmenos observados. Nesse sentido, o professor conduz a discusso visando reunir as diversas opinies, comparando os resultados dos diferentes grupos e das diferentes fontes de pesquisa s hipteses iniciais e elaborar uma concluso sobre o assunto. quando deve manter-se atento para que, a partir da discusso sobre as divergncias, do confronto de diferentes pontos de vista e/ou de novas questes que surjam, os alunos ampliem seu conhecimento.

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    Apresentao

    Sistematizao e registros

    Registro individual

    Registro coletivo

    Registro do professor

    Divulgao

    O registro de todo o processo problematizao, levantamento de hipteses, investigao e concluso facilitar a comparao e a anlise de dados, a elaborao de textos, bem como contribuir para o processo de alfabetizao. Os registros podem ser divididos em: individuais (dos alunos), coletivos (do grupo/classe) e do professor.

    So vrias as formas de registro: textos, desenho, pintura, modelagem, grficos etc. No entanto, necessrio observar as peculiaridades de cada um. O desenho, a pintura e a modelagem, por exemplo, em geral realizado por crianas muito pequenas, registram a compreenso de uma situao, mas necessitam de um dilogo para se compreender o significado que lhes atribudo, seguido do registro do professor (legenda). Embora desenvolvam ainda outras habilidades, como criatividade, coordenao motora e noes de espao, nem sempre permitem a avaliao do processo at a concluso final. Assim, um texto escrito mais apropriado para representar o entendimento acerca do conceito ou fenmeno estudado.

    A partir do registro individual possvel avaliar o desenvolvimento de cada aluno, a aquisio de habilidades e a forma de compreenso/assimilao do que foi visto em classe.

    O registro coletivo pode ser realizado utilizando-se os mesmos recursos do registro individual. Diferencia-se do individual por explicitar as construes, os acordos e os consensos dos grupos e da classe medida que se constroem novas ideias.

    O registro do professor ajuda a compreender todo o processo de trabalho. Envolve as situaes do dia-a-dia, os conflitos e dilemas da classe e do professor, as falas dos alunos, as relaes pessoais, as estratgias de resolues de problemas e as concluses elaboradas pelo grupo. Ao registro escrito podem ser adicionadas fotos e filmagens que, alm de enriquec-lo, contribuem com mais elementos para a compreenso do processo.

    Ao final da investigao, interessante a estruturao de atividades ou materiais para a divulgao do trabalho. Divulgar permite no s trocas de experincias entre alunos e professores (da mesma escola ou de outras), mas tambm estimular o envolvimento e a participao dos pais e da comunidade nos trabalhos desenvolvidos na escola. Para isso, podem ser utilizadas diversas estratgias, criadas e elaboradas pelos alunos com a ajuda do professor: feira de conhecimento, pea teatral, correspondncias, campanhas, sites na internet, exposies, elaborao de livros etc. Nessa etapa, preciso que o professor organize o trabalho de forma compreensvel para aqueles que no participaram do processo. importante, ainda, a promoo de situaes em que o aluno conte o que realizou, o resultado e a concluso a que chegou. Desta forma ele estar desenvolvendo sua capacidade de selecionar fatos relevantes, realizar snteses e apresentar uma situao vivenciada.

    Os autores* http://www.cdcc.usp.br/maomassa

  • CARTOGRAFIASandra Fagionato-Ruffino

    Silvia Aparecida Martins dos Santos

    Andr Salvador

    A representao espacial por meio de smbolos frequente na geografia, na astronomia, na arquitetura, no estudo do corpo humano e em demais reas do conhecimento. Na geografia, destacam-se os mapas, representaes grficas do espao constitudas por trs elementos bsicos: escala, projeo e simbologia. Essas representaes resultam de um conhecimento acumulado de informaes e tcnicas desenvolvidas por uma sociedade. Utilizados por profissionais de diversas reas (economistas, urbanistas, engenheiros, militares), bem como por turistas, os mapas esto presentes em atlas, revistas, jornais e noticirios de TV. So, portanto, recursos bastante importantes para localizao, informao ou orientao no espao, desde que o indivduo saiba interpret-los algo no to simples como pode parecer primeira vista. Por representar a realidade por meio de smbolos, os mapas requerem uma especial capacidade de abstrao, sendo necessrio, para isso, o desenvolvimento de habilidades e conhecimentos especficos.

    Baseiam-se na proposta de Almeida (1994) da qual grande parte das atividades aqui apresentadas foram extradas. Segundo a autora, o trabalho de interpretao deve iniciar-se pela construo de um mapa com a codificao dos elementos do espao em torno, passando-se em etapa posterior leitura de mapas feitos por outras pessoas. Assim, o trabalho deve ser desenvolvido lenta e gradualmente, a fim de que os alunos construam as relaes espaciais, tomando conscincia do mundo fsico e social.

    na educao infantil e no primeiro ano do ensino fundamental que o aluno desenvolve o domnio da lateralidade. Assim, inicialmente desenvolvida essa noo, tendo como ponto de partida o prprio corpo. Mais tarde, em um processo gradativo de descentralizao, o aluno ter condies de considerar a esquerda e a direita de pessoas sua frente, para finalmente considerar o posicionamento dos objetos em relao uns aos outros, a ele prprio ou a outras pessoas. Somente aps o estabelecimento das relaes que poder entender o que orientao por meio dos pontos cardeais e colaterais.

    Ao longo dos primeiros anos do ensino fundamental, o aluno age como mapeador, representando a realidade fsica e social por meio de smbolos convencionados por ele e pela

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    CARTOGRAFIA

    Cartografia

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    Ensino de Cincias por Investigao

    classe. Agindo como mapeador do seu espao, o aluno passar pelo processo de levantamento de dados, classificao, comparao, reduo e estabelecimento de signos, o que contribuir para a compreenso das informaes, aprimorando seu raciocnio lgico. A partir do 4 e 5 anos o aluno j capaz de se orientar a partir dos pontos cardeais e adquire a conscincia da representao, tornando-se um usurio: aquele que l e interpreta mapas elaborados por outros.

    Neste sentido, so sugeridas dezesseis atividades que se apresentam de forma progressiva, cabendo ao professor identificar as necessidades da turma a fim de estabelecer quais devem ou no ser realizadas. O professor deve estar atento ao desempenho dos alunos no que se refere ao cumprimento dos objetivos, realizando alteraes, adaptaes, excluso ou incluso de atividades.

    Construir noes espaciais relativas orientao: desenvolvimento das primeiras noes de referncia espacial (lateralidade: direita/esquerda, frente/trs, em cima/embaixo) e orientao atravs dos pontos cardeais e colaterais;

    Construir as primeiras representaes espaciais: o corpo e espaos conhecidos;

    Construir noo de escala, bem como a realizao de clculos de distncia.

    Utilizar a linguagem cartogrfica para representar e interpretar informaes.

    Levantar dados, classificao, comparao e estabelecimento de signos;

    Elaborar mapas temticos simples.

    Objetivos

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    Cartografia

    Materiais Papel pardo ou cenrio

    Rgua

    Tesoura

    Sucatas (caixa de papelo de diferentes tamanhos e formatos, copinhos de iogurtes, palitos de sorvete, canudinhos de refrigerante, retalhos de tecido e papis diversos, bandejas de ovos etc.)

    Barbante

    Planta do prdio da escola

    Planta do bairro

    Papel sulfite

    Lpis

    Material de pintura (lpis de cor, giz de cera, canetinha hidrocor etc)

    Uma placa de papelo

    Alfinetes de cabea

    Mapas diversos do municpio e de reas prximas escola

    Atividade 1. Vamos tomar banho?

    Atividade 2. Vamos nos desenhar?

    O professor convida os alunos para tomarem um banho. Os alunos, sob a orientao do professor, imitam os movimentos de tirar a roupa, ligar e desligar o chuveiro e se ensaboar com a ajuda da bucha (folha de papel amassada), esfregando o lado de cima e a parte de trs da cabea, a orelha esquerda, o brao direito e a perna esquerda.

    Depois de esfregar o corpo todo, devem se enxaguar e enxugar (com o papel desamassado):

    - o lado direito e esquerdo do corpo;

    - a parte da frente e de trs do corpo.

    O professor pode realizar outras atividades com a lateralidade, tais como brincar de roda com comandos girar para a direita, para a esquerda, dar um passo frente, um passo atrs e jogos de pistas, em que os alunos devem seguir indicaes: dar dois passos frente, virar direita, andar em linha reta, dar cinco passos para a frente e virar esquerda...

    Cada aluno recebe uma folha de papel cenrio. Aos pares, eles se alternam para elaborar o

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    Ensino de Cincias por Investigao

    mapa do prprio corpo. O aluno A deita-se sobre a folha de papel, enquanto o aluno B risca seu contorno. Depois, os papis se invertem. Feito isso, cada um nomeia as partes do corpo, escrevendo ou colando etiquetas.

    Aps explorar bastante esses elementos, cola-se um barbante, com durex, na testa dos alunos (dividindo o corpo em duas partes), pedindo para que identifiquem seu lado direito (podendo fazer uma marcao). O mesmo feito no contorno, com o aluno posicionado na cabea da representao (sem espelhar). Depois de identificados os lados do seu corpo e do contorno, o professor d comandos para os alunos identificarem as partes de cada lado, da seguinte forma (Figura 1):

    pulem no ombro direito;

    pulem no joelho esquerdo;

    com o p direito, pulem no p esquerdo;

    pulem na orelha esquerda.

    Esta questo deve ser lanada quando os alunos j tiverem adquirido o domnio de sua lateralidade. Os alunos, individualmente, registram suas hipteses.

    Para fazer a verificao, os alunos posicionam-se em duplas, frente a frente, e realizam movimentos coordenados, de acordo com os comandos do professor:

    - Deem a mo direita;

    - Ergam o brao esquerdo;

    - Toquem com a mo direita o p esquerdo do companheiro;

    - Pulem com o p esquerdo;

    - Com a mo esquerda, toquem o p esquerdo do companheiro.

    O professor retoma o contorno feito anteriormente e as atividades so repetidas, agora com os alunos posicionados aos ps do contorno.

    Se eu olhar para o espelho, de que lado estar a minha mo direita? E minha perna esquerda?

    Os alunos registram suas hipteses e recebem a tarefa de fazer a verificao e registro em casa. Na aula seguinte, apresentam seus resultados, discutem sobre as atividades realizadas e elaboram um texto coletivo (Figura 2).

    Com essas atividades, os alunos percebem gradualmente a direita e esquerda de pessoas

    Atividade 3. Se eu estiver de frente para meu amigo, de que lado est a mo direita dele?

    Figura 1. Explorando a lateralidade.

  • Atividade 4. Como seria voc deitado no cho, de frente e de costas?

    a) Mapeando o eu

    b) Como reduzir a imagem?

    Partindo do princpio de que a criana constri seu conhecimento a partir de estruturas familiares, este tpico prope atividades de representao espacial utilizando o prprio corpo como espao a ser mapeado.

    O professor lana a questo e os alunos fazem sua representao (de frente e de costas), em forma de desenho.

    Em seguida, o professor solicita que indiquem, nos desenhos, a perna e o brao esquerdos. Para fazer a verificao, so sugeridas as seguintes atividades:

    Aos pares, os alunos se alternam para fazer o mapa do prprio corpo. O aluno A deita-se sobre o papel cenrio, enquanto o aluno B risca seu contorno, de frente e de trs. Esta ser a representao dos alunos em escala 1:1. Podem tambm utilizar os desenhos j prontos, se estiverem em boas condies.

    Em seguida, os alunos identificam nas figuras as posies em cima/embaixo, frente/trs e direita/esquerda. Feito isso, o professor coordena a criao coletiva de Simbologia, ou seja, cdigos que representem cada um dos elementos identificados: boca, olhos, nariz, unha etc.

    Entende-se que, a partir de um trabalho com o esquema corporal, explorando as noes de lateralidade e proporcionalidade por meio do mapa do prprio corpo, a criana construir a ligao entre o concreto e a representao, tornando-se capaz de utilizar essas noes em outras representaes.

    Os alunos transferem o desenho do corpo, em escala 1:1, para uma folha de papel sulfite (Figura 3). Feito o desenho, expem seus trabalhos e discutem os resultados, a fim de perceberem as possveis alteraes ocorridas, bem como dificuldades de leitura da representao.

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    Cartografia

    localizadas sua frente.

    Figura 2. Exemplo de registro conclusivo sobre a atividade.

    Figura 3. Corpo reduzido com papel quadriculado ecom legenda.

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    Ensino de Cincias por Investigao

    Atividade 5. Como nossa sala de aula?

    Atividade 6. Como nossa sala de aula vista de cima?

    Com base na ideia de que devem construir noes espaciais elementares por meio de aes no espao conhecido, os alunos desenham a sala de aula, indicando a frente, o fundo e os lados direito e esquerdo. Os alunos expem seus desenhos e discutem sobre as semelhanas e diferenas encontradas.

    Depois disso, constroem a maquete da sala de aula, utilizando sucatas, tais como: caixa de papelo, caixa de sapato, caixa de fsforos, palitos de fsforos e de sorvetes, plsticos ou papel celofane, retalhos de tecido e de papis diversos, copos de iogurte, barbantes etc.

    Para a construo da maquete os alunos observam a sala de aula e selecionam uma caixa cujo tamanho e forma possa represent-la; recortam as janelas e portas, observando a posio; identificam as moblias que encontram em seu interior e selecionam objetos (sucata) que possam represent-las, estabelecendo sua localizao em funo dos pontos de referncia (porta, janela etc.).

    Pronta a maquete, os alunos identificam: sua posio na sala, a posio de seus colegas, aquele que senta sua frente, atrs, sua direita e sua esquerda.

    Para explorar outros referenciais que no a posio do aluno, o professor traa uma linha no centro da classe no sentido do comprimento, dividindo a sala em duas partes (lado da porta e da janela, por exemplo) e outra linha no sentido da largura (frente e trs). Cada aluno identifica sua posio, de sua professora, de seus colegas e da moblia em relao aos quadrantes, por exemplo: sua carteira est no lado da frente e da porta.

    Em seguida, o professor prope questes em que os quadrantes sirvam de referncia para deslocamentos, como: Se o aluno A trocar de lugar com o aluno B, em que quadrante ficar?

    A partir da observao da maquete, os alunos desenham a sala de aula vista de cima, incluindo seu contorno. Apresentam seus desenhos, comparando-os e identificando quem reduziu mais, ou menos; tambm comparam o tamanho das moblias entre si na representao e no espao real para identificar as possveis distores.

    O professor apresenta aos alunos uma planta de uma sala de aula, que comparada aos desenhos feitos por eles: como as moblias esto representadas, as propores entre elas, seus tamanhos etc. O professor prope ento que seja feita uma segunda planta da sala, obedecendo escala. Para isso, questiona os alunos: Como podemos fazer para representar a sala, mantendo as relaes entre o tamanho dos objetos?

    Vrias podem ser as sugestes: medir com rgua, fita mtrica ou trena. Aqui sugerimos que tomem as medidas com um barbante. Dobram o barbante tantas vezes quanto forem necessrias at que caiba numa cartolina. Esse pedao de barbante ser a medida da parede. O nmero de vezes em que o barbante foi dobrado ser a escala, sendo utilizado para todos os demais elementos a serem representados (carteiras, portas, janelas, armrios, lousa), garantindo

  • 19

    Cartografia

    a equivalncia com o tamanho real.

    Essa atividade desenvolvida sem pressa. Se o aluno no compreender a relao da reduo proporcional, fundamental para a compreenso da noo de escala, so desenvolvidas atividades similares.

    A construo da planta da sala tem uma caracterstica fortemente simblica. Por meio da representao grfica torna-se possvel perceber os diferentes nveis de reduo do tamanho real representado, compreendendo os princpios de equivalncia e proporcionalidade.

    Os alunos desenham o trajeto que fazem para irem da sala de aula at o refeitrio (ou outro local da escola). Apresentam seus desenhos e discutem as diferenas entre eles, os elementos representados em cada desenho etc.

    Em grupos e com uma cpia da planta oficial do prdio da escola em mos, os alunos percorrem os espaos a fim de identific-los, anotando. Em sala de aula, comparam o trajeto percorrido e anotado na planta com o desenho feito anteriormente, verificando as diferenas.

    Em grupos, utilizando a planta, os alunos criam smbolos (cores ou signos) para as funes dos espaos identificados. A sala de aula pode, por exemplo, ser representada por uma cor ou por um livro; a cozinha por uma panela; o refeitrio por um prato etc.

    Cada grupo apresenta os signos criados. Em seguida, discute-se a fim de selecionar qual ser a forma de representar os espaos. Feito isso, identificam aos smbolos escolhidos cada um dos espaos em sua planta e elaboram uma legenda.

    O professor lana ento questes que provoquem as noes de vizinhana, continuidade e incluso: Qual a sala em que voc passar logo aps a nossa, indo para a esquerda? Quais as salas que ficam deste mesmo lado do corredor? Quais as salas que ficam neste andar?

    Os alunos exploram a planta do prdio a partir de deslocamentos mentais e anotam as respostas. Em seguida, apresentam seus resultados e discutem a fim de identificar acertos e a necessidade de refazer os trajetos.

    Os alunos desenham o trajeto que fazem para irem de casa at a escola, identificando alguns pontos de referncia (praa, nome de rua, farmcia, supermercado e outros) e utilizando smbolos, como na atividade anterior. Apresentam seus desenhos e discutem sobre os diferentes trajetos, as formas de representar os elementos, procurando convencionar a simbologia.

    Em um segundo momento, utilizando a planta do bairro, os alunos conferem o trajeto representado, transferindo as informaes para ela, localizando e identificando os elementos com os smbolos convencionados.

    Atividade 7. Qual o trajeto que voc faz para ir da sua sala ao refeitrio?

    Atividade 8. Qual trajeto voc faz para ir de sua casa at a escola?

  • 20

    Ensino de Cincias por Investigao

    Para explorar distncias e outros deslocamentos nessa mesma planta, o professor prope questes, tais como:

    Qual o trajeto mais longo para ir da escola at a praa? Qual o trajeto mais curto para ir da escola at o hospital? Qual o trajeto mais curto para ir da casa do aluno A at a casa do aluno B? Os alunos realizam as tarefas em grupos, expem seus resultados e discutem a fim de identificar acertos e a necessidade de refazer os trajetos.

    O professor elabora um mural com uma placa de papelo e uma cpia ampliada da planta do bairro para que os alunos marquem com um alfinete de cabea a localizao de suas casas. Essa planta representa agora o espao com a ocupao humana.

    Em seguida, o professor questiona: De quais elementos constitudo nosso bairro? Os alunos respondem (escolas, praas, estabelecimentos comerciais etc.) e registram suas respostas.

    Para verificao e localizao dos pontos citados, a turma realiza uma sada pelo bairro, a fim de observar os servios (escolas, bancos, postos de sade, correios etc.), residncias, casas comerciais, indstrias, nomes de ruas, reas de lazer (praas, clubes) etc. Os alunos se dividem em grupos para fazer os registros.

    Em sala, expem suas observaes e registros, selecionam os principais elementos observados, escolhem os smbolos e os representam na planta, criando a legenda. Se preferirem, podem substituir os smbolos por alfinetes de cores diferentes: por exemplo, amarelo para a residncia dos alunos, vermelho para estabelecimentos comerciais, verde para reas de lazer, azul para indstrias etc.

    Uma das funes da planta informar. Para tanto, deve haver clareza no que est sendo representado, pois informaes em excesso podem dificultar a leitura. O professor utiliza o exemplo da planta anteriormente produzida para que os alunos percebam a dificuldade em encontrar o que se procura (por exemplo, equipamentos pblicos), estimulando-os a criar solues para o problema. O professor aproveita para introduzir o conceito de mapas temticos, ou seja, mapas organizados por temas especficos, como populao, recursos minerais, clima. Em seguida, solicita que cada grupo elabore, a partir da fotocpia da planta do bairro, plantas temticas:

    servios: escolas, hospitais, pronto-socorro, corpo de bombeiros, vigilncia sanitria;

    estabelecimentos comerciais: lojas, farmcias, bares etc.;

    reas de lazer: praas, clubes etc.;

    indstrias.

    Os alunos so orientados a selecionar as informaes mais relevantes, elaborar uma lista de smbolos para cada categoria e criar a legenda. Terminada a elaborao, os grupos trocam as

    Atividade 9. De quais elementos constitudo nosso bairro?

    Atividade 10. Vamos elaborar plantas temticas do bairro?

  • 21

    Cartografia

    plantas entre si para anlise.

    O professor orienta para que observem se os elementos representados esto inseridos nas categorias corretas e se a simbologia utilizada facilita ou no a interpretao, ou seja, se est fcil identificar os elementos representados pelos smbolos ou se necessrio recorrer legenda vria vezes.

    Cada grupo apresenta o que percebeu da planta analisada, discutindo coletivamente e elaborando um texto final sobre plantas temticas e sobre como deve ser feita a representao de elementos (Figura 4).

    As cartas, mapas ou plantas temticas informam um tema especfico (vegetao, fauna, solo, equipamentos pblicos etc.), exprimindo conhecimentos particulares para uso geral.

    Os smbolos utilizados para representar elementos podem ser icnicos (quando so utilizadas formas semelhantes aos elementos representados, como: uma casa para residncia, rvores para reas de lazer, chamin para indstrias, lpis para escolas etc.) ou abstratos (quando so utilizadas cores e figuras geomtricas, por exemplo). Em geral, a simbologia icnica torna mais fcil a interpretao e leitura do mapa, no obrigando o leitor a consultar constantemente a legenda.

    Figura 4. Registro coletivo sobre os mapas temticos.

  • Atividade 11. Trabalhando com imagens em diferentes escalas.

    O professor disponibiliza aos alunos imagens de uma cidade ou bairro, em dife-rentes escalas (Figura 5). Em grupos, os alunos trabalham com as imagens no sentido de compreender o que est representado.

    Feito isso, o professor conduz a atividade para discusses do tipo: Qual das imagens foi vista de uma distncia maior? O que aconteceu com a clareza dos detalhes em cada uma delas?

    Em resposta, os grupos fazem suas observaes e anotaes.

    Cada grupo apresenta aos demais seus registros, discutindo para verificar consensos e, por fim, elaborando um texto cole-tivo sobre a atividade.

    Espera-se que os alunos percebam que, quando as imagens so feitas a uma maior distncia, abrangem uma rea maior, porm com menos detalhes. Ocorre o inverso quando a imagem feita a uma distncia pequena.

    Ao final do mdulo so disponibilizados endereos de sites onde possvel encontrar imagens em diferentes escalas de qualquer cidade brasileira.

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    Ensino de Cincias por Investigao

    Figura 5. Exemplo de mapas em maior e menor escala.Fonte: http://maps.google.com

  • 23

    Cartografia

    Atividade 12. Como calcular a distncia entre a escola e sua casa?

    Os alunos, em grupos, recebem plantas do bairro (as mesmas usadas na Atividade 10) e o professor lana a questo: Como calcular a distncia entre a escola e sua casa? Os alunos discutem a fim de resolver o problema e apresentam as solues encontradas. Caso no cheguem a uma concluso satisfatria, o professor chama a ateno para a escala e explica seu funcionamento.

    A representao da escala pode ser de duas maneiras: grfica ou numrica. Na escala numrica, por exemplo, 1: 50000 (l-se um por cinquenta mil), cada centmetro no mapa equivale a 50.000 cm, ou 500m. Quanto menor for o denominador, maior ser a escala, portanto mais detalhes podero ser representados. Assim, a escala 1: 50.000 maior que a escala 1: 5.000.000.

    Na escala grfica a relao real-representao expressa por meio do desenho (Figura 6) em que um ou mais traos tm seu comprimento demarcado. O todo assemelha-se a uma rgua, cujas distncias no mapa podem ser medidas. As vantagens da escala grfica esto tanto na sua fcil leitura, permitindo a determinao da distncia por comparao, quanto na sua manuteno, se necessrio alterar o mapa original (reduo ou ampliao por meio de fotocpia).

    Figura 6. Exemplo de escala grfica.

    Quando o trajeto a ser calculado for sinuoso (um rio, por exemplo), a distncia calculada com um fio (barbante ou linha), e posteriormente medida com rgua.

    Conhecido o funcionamento da escala, os alunos realizam clculos de percurso utilizando a rgua para medir o espao representado no mapa e a transformao para o real de acordo com a escala.

    O professor pode aproveitar o momento para trabalhar com sistema mtrico e converses (de quilmetros para metros, de centmetros para metros etc.) utilizando plantas diversas. Diversos podem ser os clculos realizados, como: Quantos quilmetros (ou metros) percorro para ir de casa at a escola? Quem mora mais perto da escola? Quantos metros ele percorre? Qual o comprimento da minha rua? E do crrego prximo escola? Quantos quilmetros existem entre minha cidade e a cidade mais prxima?

    Terminados os clculos, os grupos apresentam seus resultados, discutem sobre as dificuldades que tiveram e elaboram um texto coletivo respondendo questo: Como calcular a distncia entre a escola e sua casa?

    Espera-se que os alunos percebam que a escala pode nos dar tanto a noo real do espao representado, quanto variadas informaes com relao distncia de percursos e comprimento de ruas e rios.

  • 24

    Ensino de Cincias por Investigao

    Atividade 13. Como posicionar um mapa para chegar a um ponto desejado?

    Atividade 14. Aonde voc chegou?

    O professor faz um recorte na planta do bairro, de uma pequena rea prxima da escola. Toma o cuidado de retirar possveis pontos de referncias conhecidos pelos alunos. Nessa nova planta, haver apenas dois pontos identificados com cores diferentes. Um ser a sada (escola) e o outro a chegada, que pode ser uma praa ou uma loja (Figura 7).

    Em grupos, os alunos recebem as plantas e a informao de que a sada a escola e a chegada um local desconhecido. A tarefa dos alunos encontrar o ponto de chegada.

    A primeira dificuldade que encontraro ser como posicionar a planta. Nesse sentido, o professor questiona: Como posicionar uma planta para chegar a um ponto desejado? O que faltou em nossa planta? Como podemos resolver o problema que encontramos?

    Em grupos, os alunos elaboram sugestes para solucionar o problema. Em seguida, apresentam suas concluses aos demais e iniciam uma discusso coletiva. Para auxiliar nessa discusso, o professor leva para a sala, novamente, plantas e mapas diversos, e questiona: Se est ivermos em um local

    desconhecido, e precisarmos chegar a um ponto demarcado no mapa ou na planta, como posicion-lo?

    Caso os alunos no reconheam a rosa-dos-ventos ou a indicao de Norte, o professor chama a ateno para que observem informaes comuns a todo o material (mapa de pas, estado, cidade; planta do bairro, da escola etc.). O professor aproveita a situao para introduzir as noes de orientao a partir dos pontos cardeais realizando exploraes no ambiente externo da escola (Figura 8).

    A seguir, sugerido um jogo com a finalidade de iniciar um trabalho com deslocamentos na representao. O jogo constitudo por um tabuleiro (Figura 9a) e cartas que indicam deslocamentos (Figura 9b). Para elaborar o material os alunos, em grupo, preparam um tabuleiro que pode ser confeccionado em bandeja de ovos, cartolina, papelo etc. Esse tabuleiro constitudo por casas com seus respectivos nmeros ou letras. O professor

    Figura 7. Exemplo de planta.

    Figura 8. Rosa dos Ventos

  • 25

    Cartografia

    prepara as cartas com indicaes de deslocamento (Anexo 1). Para jogar, cada grupo recebe um tabuleiro e um conjunto de cartas em nmero suficiente para que cada participante receba, no mnimo, uma carta. Distribuem-se as cartas entre os participantes do jogo. Um de cada vez l as indicaes de como se deslocar no tabuleiro, joga, constata aonde chegou e confere se acertou.

    (a) (b)

    Para introduzir o deslocamento a partir dos pontos cardeais e colaterais, o professor prepara novas cartas (Figura 10a) com indicao de deslocamento, e coloca a rosa-dos-ventos no tabuleiro (Figura 10b)

    Figura 9. Tabuleiro e cartas para trabalhar com deslocamentos.

    Figura 10. Tabuleiro e cartas para trabalhar com deslocamentos utilizando a rosa dos ventos.

    (a) (b)

  • Ensino de Cincias por Investigao

    26

    Cada grupo de alunos recebe um tabuleiro e um conjunto de cartas em nmero suficiente, para que cada participante receba, no mnimo, uma carta. Distribuem-se as cartas entre os participantes do jogo. Um de cada vez l as indicaes de como se deslocar no tabuleiro. Ento joga, constata aonde chegou e confere se acertou.

    Depois de jogar algumas vezes, os alunos elaboram novos deslocamentos e trocam com os colegas de outros grupos.

    Cada grupo de alunos recebe uma planta do bairro ou do municpio (Figura 11). O professor distribui a cada grupo uma carta contendo uma indicao de deslocamento a partir dos pontos cardeais e colaterais (Figura 12). O desafio chegar at o ponto determinado.

    Em seguida, cada grupo elabora uma nova carta de deslocamento. Trocam as cartas entre os grupos a fim de resolverem os problemas uns dos outros.

    Atividade 15. Deslocando-se a partir dos pontos cardeais.

    Figura 11. Exemplo de planta do bairro.

    Figura 12. Exemplo de cartas de deslocamento.

    Atividade 16. Como posicionar um mapa para chegar a um ponto desejado?

    Os alunos, em grupo, recebem a mesma planta utilizada na Atividade 13, mas dessa vez com a indicao de direo (figura 13).

    O professor questiona: Como posicionar um mapa ou carta para chegar a um ponto desejado? Os alunos, em grupos, a partir dos conhecimentos que tm sobre a orientao por meio dos pontos

  • 27

    Cartografia

    cardeais, propem o trajeto que devem fazer, apresentam aos demais, discutem e selecionam um deles. Em seguida se deslocam pelo bairro percorrrendo o trajeto selecionado.

    De volta sala, discutem sobre a atividade realizada, comparam com o exerccio da Atividade 13 e elaboram um texto coletivo.

    Como a leitura, a interpretao e a orientao por meio de mapas no so tarefas simples, as atividades em sala de aula no devem limitar-se ao cumprimento desse mdulo; necessrio que outros momentos sejam aproveitados para colocar em prtica as noes adquiridas. Para tanto, outros temas podem ser trabalhados, com o novo contedo inserido de modo funcional. Estudando a histria da cidade pode-se, por exemplo, localizar as primeiras concentraes urbanas e identificar a localizao dos estabelecimentos comerciais mais antigos.

    O importante que os mapas faam parte do cotidiano dos alunos, pois s assim podero aperfeioar seu uso.

    ALMEIDA, R.D. Do desenho ao mapa: iniciao cartogrfica na escola. So Paulo: Contexto, 2001.

    ALMEIDA, R.D. & PASSINI, E.Y. O espao geogrfico: ensino e representao. So Paulo: Contexto, 1994.

    CORRA, S.M.M. Cartobrincando: estudo das noes bsicas sobre cartografia atravs de jogos. Revista do Professor, Porto Alegre, 155 (57): 25-30, jan/mar. 1999.

    RUA, J. et al. Para ensinar geografia. Rio de Janeiro: ACCESS,1993.

    http://www.ibge.com.br/home/geociencias/cartografia/manual_nocoes/indice.htm Informaes bsicas sobre cartografia: o que so cartas, mapas, o que escala.http://maps.google.com.br Disponibiliza mapas e imagens de satlite de todo o Brasil.http://maplink.uol.com.br/rota.asp Disponibiliza mapa com rotas entre dois pontos.www.apontador.com.br Localiza endereos e possibilita cpia de mapas diversos.http://www.transportes.gov.br Possibilita cpia de mapas diversos: rodovias, ferrovias etc.http://www.cdbrasil.cnpm.embrapa.br Disponibiliza imagens de satlite de todo o Brasil http://mapas.ibge.gov.br Disponibiliza mapas de vegetao, clima de solos, animais ameaados de extino.

    Concluso

    Bibliografia

    Endereos Eletrnicos

    Figura 13. Planta indicando a direo Norte.

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  • DIAGNSTICO AMBIENTAL Silvia Aparecida Martins dos Santos

    Sandra Fagionato-Ruffino

    Este mdulo contempla atividades de observao, pesquisa e experimentao, com o objetivo de conhecer e caracterizar um ambiente e realizar o seu diagnstico, bem como compreender as interaes que nele ocorrem. composto por quatro temas bsicos: Solo, Vegetao, Animais e gua.

    Os temas so apresentados separadamente, mas com uma proposio de anlise integrada, o que colabora com a construo da noo de diversidade (vegetal e animal) e sua estreita relao com o meio fsico (solo, gua, ar). possvel ainda, trabalhar com apenas um tema, sendo necessrio, para isto, adaptar a proposta, que se insere no contexto do estudo das paisagens: a natureza e os processos de transformao, conservao e diversidade, bem como das interaes ambientais.

    Nos primeiros anos do ensino fundamental, as crianas tm uma primeira aproximao das noes de ambiente e diversidade ambiental, bem como das transformaes provocadas pelo ser humano. Esto aprendendo procedimentos de observao, comparao, busca e registro de informaes. J nos anos finais, o aluno pode desenvolver observaes e registros mais detalhados, coletar informaes em fontes diversas, organiz-las e registr-las de forma mais completa e elaborada. possvel ainda trabalhar com maior variedade de informaes, pois so ampliadas as possibilidades de relaes, o que permite melhor compreenso dos aspectos da dinmica ambiental.

    Nesse sentido, o mdulo apresenta um conjunto de prticas comuns ao ensino fundamental como um todo e outras especficas para os anos finais. Alm disso, sugere-se que os alunos dos primeiros anos realizem as atividades em um nico ambiente e os dos anos finais em ambientes diferentes para posterior comparao, sendo possvel para estes identificar suas regularidades (ou componentes comuns) e suas particularidades (disponibilidade dos diferentes componentes, tipos de seres vivos, o modo e a intensidade da ocupao humana etc.). O professor deve ficar atento s peculiaridades de sua turma, selecionando as prticas que melhor convm para seu pleno desenvolvimento.

    29

    DIAGNSTICO AMBIENTAL

    Diagnstico Ambiental

  • Objetivos

    Desdobramentos

    30

    Ensino de Cincias por Investigao

    Material

    Reconhecer o solo, a vegetao, a gua e os animais (inclusive o ser humano) como componentes da paisagem.

    Identificar a interdependncia entre meio fsico, qumico e biolgico.

    Reconhecer a diversidade de hbitos e comportamentos dos seres vivos relacionados ao ambiente em que vive;

    Realizar um diagnstico da situao ambiental da sua localidade;

    Estabelecer relaes entre a ao humana e suas conseqncias para o ambiente.

    o Comparar as caractersticas da paisagem local com as de outras paisagens, enfocando as mltiplas relaes dos seres humanos com a natureza;

    o Realizar a caracterizao e a comparao entre paisagens urbanas e rurais de diferentes regies, considerando a ao do ser humano no ambiente (inclusive as relaes de trabalho), a interdependncia entre as cidades e o campo, os elementos biofsicos da natureza (solo, vegetao, gua, ar, animais), os limites e as possibilidades dos recursos naturais;

    o Realizar pesquisas sobre alimentao e hbitos dos animais relacionados aos ambientes estudados e sua importncia;

    o Elaborar propostas de melhoria das condies dos ambientes estudados e coloc-las em prtica, quando possvel.

    P de jardinagemSacos plsticosLuvas de borrachaPapel milimetradoGessoColheresTiras de cartolina Pote plsticoQuadro de madeiraFitas mtricasFita crepe

    Barbante

    TesourinhaSeringasPinas metlicasConta-gotas

    Guia para identificao de pegadas

    Estacas de madeiraTesoura de podaTermo-higrmetroLupas ou microscpiosgua Balanas plsticasLmpadasFunil de Berlesse lcoolTermmetroGarrafas para armazenar gua coletadaCopos transparentes com base e borda de mesmo dimetromsPratinhos plsticosPotinhos plsticosPlaca de petriGuia para identificao de animais do solo e serapilheira

  • 31

    Diagnstico Ambiental

    Atividade 1. Quais so as paisagens da nossa cidade (ou bairro)?

    Atividade 2. Esse local sempre foi da forma como est hoje?

    Etapa 1. Entrevista e pesquisa documental

    Para iniciar o trabalho o professor solicita que os alunos tragam para a sala de aula figuras (recortes de revistas ou jornais, fotos) de diferentes paisagens. importante, nesse caso, que o

    professor no d dicas do conceito paisagem, para que possa identificar qual a concepo dos alunos sobre o termo. Posteriormente, pode ser feita uma pesquisa bibliogrfica ou mesmo consulta em dicionrio.

    De posse das figuras, os alunos, em grupos, analisam as diferentes paisagens e relacionam os aspectos comuns e as diferenas entre elas. Na sequncia, realizam um debate coletivo e produzem um texto sobre os elementos comuns e os elementos especficos das paisagens analisadas, com vistas a generalizaes. Essa prtica permite ao aluno perceber que as paisagens no so homogneas, ou seja, apresentam diferenas entre si.

    Para passar da percepo visual, a partir das figuras, para uma explorao no ambiente prximo do aluno, o professor pode perguntar: Quais so as paisagens da nossa cidade (ou bairro)? Das paisagens citadas pelos alunos, faz-se a seleo de um ou mais locais para estudo e/ou comparao. Alguns dos critrios utilizados para essa seleo podem ser: a presena de diferentes tipos de formao vegetal, diferenas topogrficas ou a proximidade com a escola. A pesquisa pode ser realizada em uma mata, um bosque, uma praa, no ptio da escola, ou mesmo em um terreno baldio.

    Em pequenos grupos, a partir do conhecimento prvio sobre os ambientes selecionados, os alunos realizam uma breve descrio: como esses ambientes so conhecidos, presena ou no de vegetao, se so visitados por animais (inclusive seres humanos), se tm lixo etc. Os grupos expem suas caracterizaes a fim de estabelecer alguns consensos.

    Para despertar o interesse pela histria do local, o professor pode questionar: Esse local sempre foi da forma como est hoje? provvel que os alunos no consigam responder a essa pergunta. Sendo assim, podem planejar entrevistas direcionadas a moradores mais antigos e pesquisas em jornais, livros etc.

    Para organizar a entrevista, importante que o professor oriente seus alunos a elaborarem questes que respondam ao problema lanado, como por exemplo: Esta mata (ou praa, bosque, terreno baldio etc.) sempre foi assim? Voc tem fotos? Voc j viveu ou ouviu alguma histria interessante que envolva este ambiente? Voc se lembra de alguma reportagem de jornal ou televiso sobre ele?

    De acordo com os PCNEM, a paisagem entendida como uma unidade visvel do arranjo espacial que a nossa viso alcana. A paisagem tem um carter social, pois formada de movimentos impostos pelo homem atravs do seu trabalho, cultura, emoo. (...) percebida pelos sentidos e nos chega de maneira informal ou formal, ou seja, pelo senso comum ou de modo seletivo e organizado (BRASIL, 1999, p. 65).

  • 32

    Ensino de Cincias por Investigao

    Planejado o questionrio e selecionados os entrevistados, a atividade pode ser realizada como tarefa de casa (Figura 1).

    Alm disso, os alunos fazem uma busca por documentos (fotos, matrias de jornais, mapas) sobre o ambiente em estudo.

    Em sala, os alunos divididos em grupos confrontam os dados levantados a partir de cada entrevista com as informaes obtidas por meio de documentos coletados (fotos, matrias de jornais, mapas, livros histricos) trazidos pelos alunos e pelo professor.

    A partir das informaes obtidas nas etapas anteriores (conhecimento pessoal, entrevistas ou anlise de fotos, mapas, livros histricos e reportagens), os alunos elaboram um texto coletivo abordando as principais caractersticas do ambiente em estudo, como, por exemplo:

    Nome, dimenso e localizao;

    Informaes sobre o relevo, vegetao e hidrografia;

    Ocupao da rea (agricultura, pecuria, indstria, moradia);

    Dados climatolgicos;

    Alteraes ocorridas ao longo do tempo.

    O professor informa aos alunos que o prximo passo visitar a rea de estudo, lanando a questo: O que esperam encontrar nesse ambiente? Os alunos indicam suas expectativas e registram. possvel que respondam: animais, rvores, plantas, lixo etc.

    importante que nesse momento o professor continue a fazer perguntas a fim de especificar melhor as respostas dos alunos, medida que so elaborados o procedimento de pesquisa e a ficha de campo. Na Atividade 4, so apresentadas sugestes de procedimentos a serem realizados em campo.

    A seguir so sugeridas algumas etapas com questes para nortear a elaborao da ficha de campo e dos procedimentos de pesquisa.

    Para esta questo, as respostas dos alunos podem ser: rvores altas, baixas, grossas, plantas

    Etapa 2. Anlise do material

    Atividade 3. O que esperam encontrar nesse ambiente?

    Elaborando a pesquisa

    Etapa 1. Como so as plantas desse ambiente?

    Figura 1. Exemplo de entrevista realizada.

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    Diagnstico Ambiental

    pequenas etc. E o professor pode indagar: Como podemos fazer para comparar os tamanhos? Para saber a grossura dos troncos? Para saber o nmero de rvores ou plantas? Os alunos podem sugerir medir e contar.

    Crianas pequenas tendem a fantasiar, principalmente se o ambiente estudado for uma mata: podem dizer que encontraro macacos e at mesmo animais exticos como lees e tigres. Nesse caso, interessante realizar uma pesquisa prvia sobre onde vivem esses animais. A opinio das crianas registrada (Figura 2) para posterior verificao das hipteses levantadas.

    Para fazer a verificao, importante considerar que muito dificil observar animais que vivem nos trpicos, principalmente porque possuem hbitos discretos, crepusculares e noturnos. No entanto, esses animais deixam sinais tpicos no ambiente que podem oferecer subsdios para a inferncia sobre espcies, quantidades e hbitos.

    Para ajudar na elaborao do procedimento de pesquisa, pode ser lanada a seguinte questo: Como podemos ter certeza de que existem animais que vivem nesses ambientes se no os vemos? Os alunos podem sugerir: observando se existem pegadas, restos de alimentos, fezes, barulhos, penas etc.

    Com esta questo, espera-se que um importante componente do ambiente seja considerado: o solo. Os alunos podem responder: de terra, tem folhas secas, galhos, lixo ou de cimento (no caso de uma praa, por exemplo). As citaes so registradas para posterior verificao, sobre a qual o professor questiona: Como pode ser feita?

    Quando houver no ambiente um corpo d'gua a ele associado (crrego, rio, lago etc.), o professor pode questionar sobre suas caractersticas (cor da gua, cheiro, presena de animais, vegetao e lixo). Os alunos registram suas respostas e na sequncia o professor questiona: A qualidade da gua do ambiente estudado boa? Como chegaram a essa concluso? Os alunos anotam e depois apresentam suas concluses. As respostas dos alunos para esse questionamento podem ser: a gua deve ser limpa, no pode ter lixo e esgoto, no pode ter cheiro forte, tem que ter peixes.

    A partir das respostas dos alunos, o professor identifica suas concepes sobre qualidade da gua, apresentando posteriormente em sala de aula filmes, livros didticos e paradidticos que abordam este assunto. Pede-se tambm aos alunos que a partir da pesquisa verifiquem se suas

    Etapa 2. Existem animais que vivem no ambiente a ser visitado? Quais so eles?

    Etapa 3. Como o cho do ambiente estudado?

    Etapa 4. Quais so as caractersticas da gua desse ambiente?

    Figura 2. Registro do que esperavam encontrar.

  • 34

    Ensino de Cincias por Investigao

    respostas esto adequadas, caracterizando e listando coletivamente como deve ser um rio (ou lago, represa etc.) para que sua gua seja considerada de boa qualidade. Essa listagem ser utilizada para observao durante a sada a campo, devendo compor o roteiro de visita a ser elaborado pelos professores e alunos.

    Para fazer o estudo sobre o curso d'gua, sugerimos que, com a ajuda de um mapa do bairro (ou da cidade), seja elaborado um roteiro com diversos pontos de estudo, como, por exemplo, prximo da nascente, perto de uma lagoa, o local onde crianas costumam brincar, um despejo de esgoto ou de guas pluviais, o encontro com outros rios ( importante lembrar que esses pontos dependero das caractersticas de cada localidade).

    Os pontos de anlise estratgicos que possuem relevncia em projetos de monitoramento ambiental so os seguintes:

    nascente, mdio curso e desembocadura (para um lago, pode ser bordas e centro);

    antes e aps receber afluentes (outros rios);

    antes e aps lanamento de efluentes (domsticos, industriais ou de uma estao de tratamento de resduos);

    locais onde no haja turbulncia;

    local de captao de um reservatrio para abastecimento.

    Com base nas discusses realizadas nas etapas de 1 a 4, professor e alunos elaboram um roteiro e uma ficha de campo (Anexo 1); selecionam e organizam o material de campo; agendam a visita e combinam detalhes: como se comportar na visita, quais grupos sero formados, o que cada grupo far e que roupas e calados devero utilizar.

    O objetivo da visita a campo observar a rea e coletar material para posterior anlise em sala de aula. Para tanto, as atividades sugeridas esto organizadas em etapas. importante que os alunos registrem todas as observaes realizadas e anotem nos materiais coletados o local de coleta e o grupo que a realizou. Esses procedimentos devem ser repetidos para cada ambiente estudado.

    Da borda do ambiente, os alunos fazem um esquema (desenho) da rea, como se fosse uma fotografia (Figura 3). Ali so representados o solo, as plantas em seus diferentes estratos (herbceo, arbreo e arbustivo) e possveis animais vista. Para os anos finais do ensino fundamental, o esquema pode ser feito em papel milimetrado ou quadriculado, procurando manter a escala (Figura 4).

    Atividade 4. Sada a campo Como o ambiente visitado?

    Etapa 1. Vamos tirar uma foto da rea?

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    Diagnstico Ambiental

    Etapa 2. Quais so suas sensaes dentro e fora do ambiente?

    Etapa 3. Que animais percebemos?

    Com essa questo, espera-se que os alunos percebam as diferenas de temperatura e umidade do ar dentro e fora do ambiente visitado, registrando suas sensaes: quente, frio, fresco, mido/seco etc.

    Para relacionar as sensaes com o microclima, mensurando-as, sugere-se realizar a verificao da temperatura e da umidade relativa do ar, o que pode ser feito com um termo-higrmetro: um termmetro de bulbo seco e bulbo mido (Figura 5).

    interessante tomar esta medida na borda e no interior do ambiente para realizar comparaes. Esses dados permitem perceber como a vege-tao pode interferir no microclima da rea. Alm d i s so , impor tante tambm realizar anotaes sobre como est o tempo e

    se choveu ou no no dia anterior, se est sol ou nublado.

    O professor solicita aos alunos que faam o mximo de silncio durante um perodo estipulado (trs minutos, por exemplo), separados, sem se moverem, para que possam ouvir e observar com mais ateno. Em seguida, registram na ficha de campo todos os sons ouvidos e possveis animais visualizados, descrevendo caractersticas como tamanho, cor, tipo (ave, mamfero etc). Para auxiliar a observao, podem ser levados a campo binculos e lupas.

    Depois dessa primeira observao, passam para a procura de vestgios de animais, como penas, esqueletos, plos etc. Para a coleta necessrio: p, saco plstico para armazenamento e luva de proteo.

    Figura 3. Desenhando o perfil da vegetao. Figura 4. Perfil feito em escala.

    A umidade relativa do ar a quantidade de gua na forma de vapor existente na atmosfera, com relao ao mximo de umidade que poderia existir, naquela temperatura e naquele momento.

    A temperatura e a umidade relativa do ar so importantes para caracterizar o ambiente, evidenciando a influncia de reas verdes no microclima.

    Figura 5. Termo--higrmetro.

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    Ensino de Cincias por Investigao

    Pegadas de animais podem ser coletadas para posterior identificao. O CD anexo traz um guia de pegadas, que pode inclusive ser levado a campo. Para a coleta necessrio: gesso ou argila seca, gua, pote com colher para preparar a massa e crculos de cartolina de diferentes dimetros. Ao encontrar as pegadas, colocar o crculo de cartolina em torno (Figura 6.a). No pote, colocar gesso e misturar gua at adquirir uma consistncia pastosa (Figura 6.b). Despejar dentro do crculo, cuidadosamente para no desmanchar a pegada, at a altura mxima de 2cm (Figura 6.c). Depois de seco, retirar e guardar em saco plstico, anotando o local de coleta (Figura 6.d).

    (a) (b) (c) (d)

    Figura 6. Coletando pegadas.

    Etapa 4. Como o cho do ambiente estudado?

    O professor chama a ateno dos alunos para o cho do ambiente, pedindo que descrevam por escrito se tem solo, qual a cor, se tem calamento, se tem folhas, flores, frutos e lixo (latas, plsticos etc.) e onde esto mais concentrados. Observa-se tambm se h varrio e coleta das folhas (no caso do ptio da escola e de praas urbanas), se h eroso, se o solo est descoberto ou coberto por vegetao.

    Caso haja folhas, frutos e sementes (serapilheira), o professor orienta os alunos para que, em grupo e em pontos diferentes, faam a coleta desse material (Figura 7). A rea de coleta delimitada com um quadro de madeira ou uma folha de papel sulfite no cho. Utilizando uma luva de borracha ou p, os materiais dessa rea so recolhidos e postos num

    saco plstico, onde anotado o local de coleta.

    Em seguida, coleta-se cerca de um quilo de amostra do solo dessa rea, armazenando-o em outro saco plstico.

    Figura 7. Coletando serapilheira. Foto: Professora Vanessa Anselmo de Andrade

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    Diagnstico Ambiental

    A camada superficial no solo, composta por folhas, ramos, caules, cascas, frutos e sementes que caem das rvores de uma mata, chamada de serapilheira. A espessura dessa camada est relacionada ao tipo de vegetao e ao tempo de decomposio do material. Na decomposio, interferem os seguintes fatores: umidade, temperatura, presena de fungos e/ou bactrias, quantidade e diversidade da fauna. A decomposio da serapilheira libera os minerais que sero novamente incorporados ao solo, essenciais para a manuteno da mata, fechando o ciclo natural. A esse processo dado o nome de ciclagem dos nutrientes.

    Etapa 5. Como so as plantas desse ambiente?

    Etapa 6. Quais so as caractersticas da gua deste ambiente?

    Os alunos medem com fita mtrica a circunferncia das rvores ou arbustos (Figura 8) e a distncia entre eles. Alm disso, medem ou estimam a altura dos indivduos (incluindo as mudas) e contam o nmero de indivduos da mesma espcie. Para facilitar a identificao de cada planta, recomenda-se macerar e cheirar as folhas.

    Caso o ambiente seja muito grande, ou com uma grande quantidade de vegetao, pode-se selecionar uma pequena rea representativa para analisar suas caractersticas. Esse levantamento feito com a delimitao de uma rea de trabalho, que pode ser uma faixa (trilha) ou um quadrado (parcela). Caso optem pelo estudo na trilha, os alunos delimitam aproximadamente 10m de comprimento (ou o que for possvel, em caso de ambientes menores). Optando pela

    parcela, delimitam cerca de 5m x 5m, utilizando quatro estacas de madeira para marcar os quatro pontos e um barbante interligando as estacas, formando assim um quadrado. Se estiverem trabalhando com ambientes mais modificados, como praas, esse procedimento deve ser adaptado para as condies do ambiente.

    Podem ser realizadas ainda coletas de ramos de rvores, preferencialmente com flores (anotar a colorao e odor), para que, em sala, seja realizada a identificao das morfoespcies (separao dos indivduos de acordo com a aparncia) e a elaborao de um herbrio. Para isto, muito importante selecionar as plantas e coletar apenas um exemplar de cada, usando uma tesoura de poda; se possvel, fotografar a planta. Outra opo pode ser a coleta de folhas, frutos e sementes existentes no cho. Materiais devem ser armazenados em sacos plsticos, com a anotao do local de coleta.

    No local, os alunos efetuam um registro geral sobre o corpo d'gua, utilizando o roteiro elaborado. Para facilitar a observao e a anlise, pode-se realizar a coleta da gua. importante que o responsvel pela coleta esteja usando luvas de borracha.

    Coletada a amostra, os alunos observam caractersticas como: cor, cheiro, partculas em suspenso etc. Alm disso,

    Figura 8. Medindo a circunferncia

    importante nunca medir a temperatura no prprio corpo d'gua, pois ao se quebrar o termmetro libera mercrio no ambiente, que um elemento txico.

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    Ensino de Cincias por Investigao

    podem tomar a temperatura da gua; para isso, introduzem o termmetro no frasco contendo a gua coletada, tomando o cuidado para no encostar o bulbo nas paredes do recipiente; aguardam alguns minutos at que o valor da temperatura se estabilize. Posteriormente, a gua coletada pode ser devolvida ao local ou armazenada e levada para a sala de aula para anlise em microscpio ou comparao com a gua de outros locais.

    Em grande parte, a caracterizao da qualidade da gua pode ser efetuada por simples observao visual, olfato e sensao trmica. claro que, para o reconhecimento da ausncia de patognicos ou de substncias txicas, so necessrias algumas anlises de laboratrio. Porm, isso pode ser deduzido indiretamente a partir de uma vistoria da regio para verificar a presena de canos de esgoto, fbricas, atividade agrcola (que emprega altas quantidades de pesticidas) e pecuria (que contamina a gua por meio das fezes e da urina dos animais).

    Atividade 5. Anlise do material coletado

    Etapa 1. Como ficou nossa foto?

    Etapa 2. Quais foram nossas sensaes dentro e fora do ambiente estudado?

    Em sala de aula, importante organizar o material coletado, pois a anlise ocorrer em dias subsequentes, no sendo concretizada numa nica aula.

    Caso tenha sido realizada a coleta de ramos, folhas ou flores, importante organiz-los colocando-os para secar, pois do contrrio no podero ser manipulados posteriormente. Sugere-se coloc-los entre folhas de jornal (Figura 9) com um peso por cima (livros, por exemplo) e posteriormente montar um herbrio (Etapa 6).

    A seguir, so sugeridos alguns procedimentos para anlise de cada material coletado. importante que os alunos retomem a ficha de campo, pois os dados anotados devem ser utilizados para complementar as anlises.

    Em grupo, os alunos apresentam seus desenhos, debatem sobre as diferentes representaes, destacam os pontos em comum e as particularidades de cada um e elaboram um desenho nico que represente o consenso do grupo. Cada grupo apresenta o desenho aos demais, explicando o que percebeu do ambiente. Os alunos conversam sobre as diferentes representaes, destacam os pontos em comum e as particularidades de cada desenho e elaboram um registro coletivo.

    Os alunos expem, individualmente, quais foram suas sensaes no ambiente visitado. Em seguida, discutem sobre as sensaes apresentadas e, caso tenham medido a temperatura e a umidade, efetuam comparaes, relacionando-as com as caractersticas do local discutidas anteriormente. Em seguida, elaboram um texto coletivo.

    Figura 9. Preparao das folhas paraconfeco do herbreo.

  • Figura 12. Montagem do experimento: amostra de solo na peneira do funil (a) e experimento j montado (b).

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    Diagnstico Ambiental

    Etapa 3. Como o cho do ambiente estudado?Analisando o solo

    A) Como o solo? Primeiras impresses

    Cada grupo de alunos, com uma lupa, manuseia sua amostra de solo, identificando e registrando tudo o que encontra e quais suas sensaes (Figura 10).

    B) Existem animais que vivem no solo?

    O professor pergunta aos alunos se existem animais que vivem no solo, e que animais seriam esses. Em seguida, os alunos sugerem procedimentos para verificar a existncia desses animais. O professor acolhe as sugestes dos alunos, realizando as experincias.

    Para isso, sugerimos a utilizao do funil de Berlesse (Figura 11): os alunos, em grupos, colocam uma amostra de solo na peneira do funil (Figura 12a). Embaixo do funil, colocam um copinho com lcool 70% e ligam o equipamento (Figura 12b). O solo permanecer sob a luz de uma lmpada de 40W por 24 horas. Os animais se deslocaro para o fundo do funil, fugindo da luz, e cairo no lcool.

    Figura 10. Registro conclusivo sobre o solo do ambiente estudado.

    Figura 11. Funil de Berlesse.

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    Ensino de Cincias por Investigao

    Aps esse perodo, os alunos colocam os animais com um pouco de lcool em um pratinho ou placa de petri e os observam com uma lupa ou microscpio, anotando a quantidade de animais percebidos, desenhando cada um deles e tentando identific-los. O CD anexo contm um Guia de identificao de animais do solo e da serapilheira que pode ser usado com essa finalidade.

    Os grupos apresentam os resultados, discutindo sobre quais seriam as funes desses animais no solo, do que se alimentam e como vivem. Caso estejam estudando mais de um ambiente, verificam em qual deles encontrou-se maior quantidade e diversidade de animais e por que isso aconteceu. Aps estabelecerem os consensos, elaboram um registro coletivo sobre o estudo.

    A fauna do solo formada principalmente por invertebrados, animais decompositores de materiais orgnicos, predadores e parasitas de plantas e animais. Alguns criam galerias no solo, auxiliando no transporte de material, na drenagem da gua e na incorporao do ar. Como vivem em galerias, no esto adaptados presena de luz.

    C. Existe gua no solo?

    O professor pergunta aos alunos se, manipulando o solo com as mos, conseguem identificar a presena de gua no solo. Depois disso, pergunta como poderiam fazer para descobrir e medir a quantidade de gua. O professor acolhe as sugestes dos alunos e so realizados os procedimentos sugeridos. As sugestes podem ser: colocar o material colhido sobre um papel absorvente e verificar se o papel umedeceu; introduzir um palito de sorvete na amostra de solo e depois de algum tempo verificar se est mido.

    Como essas atividades so apenas qualitativas, sugerimos um experimento com o intuito de quantificar a gua presente em cada amostra. Para isso, preciso separar uma amostra de solo do material coletado, pesar e anotar o resultado. Em seguida, coloca-se a amostra sob uma lmpada de 40W durante 24 horas para secar (Figura 13). Aps esse perodo, repete-se a pesagem (Figura 14). A diferena entre a massa inicial e a massa final equivale quantidade de gua presente na amostra de solo.

    Sugere-se realizar esta atividade logo que chegar do campo, para no perder a umidade do solo. Caso no seja possvel, certifique-se de que o saco plstico esteja bem fechado.

    Figura 13. Secando o solo. Figura 14. Pesando o solo.

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    Diagnstico Ambiental

    Caso seja utilizada uma balana de pratos que no possua peso padro, pode-se usar a gua como referncia, j que sabemos que 1mL de gua equivale a 1g. Basta colocar o solo em um dos pratos e no outro colocar gua com uma seringa, at atingir o equilbrio. A quantidade de gua colocada anotada. Aps a secagem do solo, repetir o procedimento de pesagem. O volume de gua (mL) utilizado corresponde massa da amostra seca (g).

    Ambiente 1 Ambiente 2 Ambiente 3

    Volume inicial

    Volume final

    Diferena de volume

    Sugesto de registroPara os ltimos anos do Ensino Fundamental, sugere-se calcular a porcentagem de gua no solo.

    Massa inicial da amostra (mi) ------------------ 100%

    Massa de gua presente na amostra (ma) ------ X

    X = ma x 100/mi

    Os alunos fazem uma pesquisa bibliogrfica sobre a presena de gua no solo, indagando-se por exemplo: Se todos os solos tm gua, quais suas funes? Confrontam os resultados do experimento com a bibliografia, apresentam esses dados e debatem o assunto. Caso estejam trabalhando com vrios ambientes, observa-se em qual deles h maior quantidade de gua no solo, procurando justificativa para o fenmeno. Aps estabelecerem os consensos, elaboram um registro.

    D. Qual a textura do solo?

    Em grupo, os alunos manuseiam e comparam, com a ajuda de uma lupa, as amostras de solo, tentando identificar a presena de partculas de diferentes tamanhos (Figura 15). Caso o solo esteja seco, adicionam gua para umedecer a amostra, friccionando-a com os dedos e anotando as sensaes quanto ao atrito.

    Figura 15. Manuseio e observao do solo.

  • Ensino de Cincias por Investigao

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    Ambiente 1

    Ambiente 1

    Ambiente 2

    Ambiente 2

    Ambiente 3

    Ambiente 3

    Textura

    Cor

    A textura percebida pelo tato est relacionada composio do solo. Normalmente, o solo arenoso classificado como textura grosseira; o barrento, como textura mdia e o argiloso como textura fina.

    E. Qual a cor do solo?

    A cor uma das primeiras caractersticas observadas. Pode variar de vermelho escuro a amarelo claro, e de preto a tons de cinza. No entanto, em geral percebemos somente a cor marrom. Nesse sentido, o professor questiona: Qual a cor do solo do(s) ambiente(s) visitado(s)?

    Para fazer a verificao, o professor pode orientar os alunos a observarem as amostras de solo e, caso tenham trabalhado com diferentes ambientes, compar-las. Essa atividade predominantemente visual, mas, para fins de comparao posterior e registro, os alunos podem esfregar uma pequena quantidade de solo nos dedos e pressionar sobre o papel como se fosse um carimbo.

    Sugesto de registro

    Para complementar o estudo, sugere-se que os alunos faa