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10 LOCUS • Julho 2007 E m Mo V i M E n t o Quem não sabia costurar, apren- deu rápido. Mulheres desemprega- das de Macaé (RJ) enxergaram em um curso de corte e costura a opor- tunidade de vencer a exclusão so- cial. Oferecido pela incubadora de Cooperativas do município, o curso desenvolvido em parceria com o do Serviço Nacional de Aprendiza- gem Comercial (Senac), deu origem à Cooperativa de Costureiras de Macaé – CoopCom. As cooperativadas aprendem a enfrentar a falta de capital e as di- ficuldades de trabalhar em grupo. Todas são sócias do negócio e jun- tas decidem questões relacionadas ao processo produtivo e aos in- vestimentos. A falta de experiência em gestão é sanada com auxílio da incubadora, que oferece consultoria técnica em contabilidade, economia e direito, por exemplo. De acordo com a gerente da incubadora de cooperativas, Aline Azeredo Barbosa, com a formação de novos profissionais, o curso proporciona o aperfeiçoamento das técnicas de costura industrial. “O investimento nesse curso tem o objetivo de trazer mais qualidade ao setor, atraindo novos clientes e gerando trabalho e renda para es- ses profissionais. É uma grande oportunidade para essas pessoas.” I NTEGRANTES DA R EPIN Consórcio de Comércio Justo e Inserção Social Catalão Potiguar (BraCat) Núcleo de Estudos Brasileiros (NEB) Incubadora de Bordados do Seridó (Inbordados) Incubadora de Cooperativas Populares do Rio Grande do Norte (Incoop) Incubadora do Agronegócio da Caprinovinocultura do Sertão do Cabugi (Ineagro-Cabugi) Incubadora do Agronegócio de Mossoró (Iagram) – Universidade Federal Regional do Semi-Árido – Ufersa Núcleo de Incubação Tecnológica (NIT) – Centro Federal de Educação Tecnológica – Cefet/CE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Rio Grande do Norte (Sebrae/RN) A necessidade de interação entre as incu- badoras do Rio Grande do Norte deu ori- gem à Rede Potiguar de Incubadoras e Par- ques Tecnológicos (Repin), lançada em março deste ano. Agora, as ações dos inte- grantes da rede estão voltadas para sua con- solidação, criando condições para prestação dos primeiros serviços às associadas. De acordo com o gestor de incubadoras do Rio Grande do Norte, Walter Leite, a Re- pin proporciona a troca de informações e de conhecimento entre as incubadoras, o que favorece o crescimento do movimento no estado. “Os principais benefícios serão os resultados de uma atuação conjunta, em busca da viabilização do alcance dos objetivos comuns e específi- cos de cada integrante da Rede”, afirma. Ele ressalta ainda que as principais ações da Repin estão ligadas à captação de recursos, intercâmbio comercial, acesso à tecnologia, ingresso no mercado e inovação em negócios, proces- sos, produtos e serviços. As incubadoras potiguares atuam em diversos segmentos da economia (tradicionais e de ino- vação), que incluem associação de quilombolas, cooperativas, grupos de teatro e em- preendedores dos Arran- jos Produtivos Locais das áreas de apicultura, caprinovinocul- tura e bordado. “A heterogeneidade da Repin é a cara do Rio Grande do Norte”, destaca o gestor. Nova rede de integração Fênix gradua primeira empresa incubada na UEMS A incubadora de empresas da Universi- dade Estadual do Mato Grosso do Sul (UEMS) graduou, no dia 27 de abril, a sua primeira empresa incubada: a Exclaim. Se- diada em Dourados, no Sul do estado, a graduada presta serviços de consultoria, desenvolvimento e implementação de pro- jetos na área tecnológica para ambiente corporativo (softwares personalizados). A prova de que a Exclaim está pronta para se desenvolver sem o auxílio da incu- badora está em sua carteira de clientes, que conta com mais de 50 empresas. Incu- bada na Fênix em outubro de 2002, a Ex- claim desenvolveu diversos softwares, dentre os quais se destacam o Ana, volta- do para gestão financeira; o Amanda, para gerenciamento de empresas de varejo; o Alice, para controle de ponto, e o Aline, para administração escolar. Cooperativadas aprendem a costurar e a gerenciar negócios Costurando cidadania Equipe da Repin trabalha para colocar planos em ação DIVULGAÇÃO DIVULGAÇÃO Locus49_EmMovimento_v1.indd Sec1:10 Locus49_EmMovimento_v1.indd Sec1:10 6/29/aaaa 00:04:21 6/29/aaaa 00:04:21

Ento Nova rede de integração INTEGRANTES DA REPIN · um curso de corte e costura a opor-tunidade de vencer a exclusão so-cial. Oferecido pela incubadora de ... Brasil tem novo

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Em MoViMEnto

Quem não sabia costurar, apren-deu rápido. Mulheres desemprega-das de Macaé (RJ) enxergaram em um curso de corte e costura a opor-tunidade de vencer a exclusão so-cial. Oferecido pela incubadora de Cooperativas do município, o curso desenvolvido em parceria com o do Serviço Nacional de Aprendiza-gem Comercial (Senac), deu origem à Cooperativa de Costureiras de Macaé – CoopCom.

As cooperativadas aprendem a enfrentar a falta de capital e as di-ficuldades de trabalhar em grupo. Todas são sócias do negócio e jun-tas decidem questões relacionadas ao processo produtivo e aos in-vestimentos. A falta de experiência em gestão é sanada com auxílio da incubadora, que oferece consultoria técnica em contabilidade, economia e direito, por exemplo.

De acordo com a gerente da incubadora de cooperativas, Aline Azeredo Barbosa, com a formação de novos profissionais, o curso proporciona o aperfeiçoamento das técnicas de costura industrial. “O investimento nesse curso tem o objetivo de trazer mais qualidade ao setor, atraindo novos clientes e gerando trabalho e renda para es-ses profissionais. É uma grande oportunidade para essas pessoas.”

INTEGRANTES DA REPIN Consórcio de Comércio Justo e Inserção

Social Catalão Potiguar (BraCat) – Núcleo de Estudos Brasileiros (NEB)

Incubadora de Bordadosdo Seridó (Inbordados)

Incubadora de Cooperativas Populares do Rio Grande do Norte (Incoop)

Incubadora do Agronegócio da Caprinovinocultura do Sertãodo Cabugi (Ineagro-Cabugi)

Incubadora do Agronegócio de Mossoró (Iagram) – Universidade Federal Regional do Semi-Árido – Ufersa

Núcleo de Incubação Tecnológica (NIT) – Centro Federal de Educação Tecnológica – Cefet/CE

Serviço Brasileiro de Apoioàs Micro e Pequenas Empresas doRio Grande do Norte (Sebrae/RN)

A necessidade de interação entre as incu-badoras do Rio Grande do Norte deu ori-gem à Rede Potiguar de Incubadoras e Par-ques Tecnológicos (Repin), lançada em março deste ano. Agora, as ações dos inte-grantes da rede estão voltadas para sua con-solidação, criando condições para prestação dos primeiros serviços às associadas.

De acordo com o gestor de incubadoras do Rio Grande do Norte, Walter Leite, a Re-pin proporciona a troca de informações e de conhecimento entre as incubadoras, o que favorece o crescimento do movimento no estado. “Os principais benefícios serão os resultados de uma atuação conjunta, em

busca da viabilização do alcance dos objetivos comuns e específi-cos de cada integrante da Rede”, afirma. Ele ressalta ainda que as principais ações da Repin estão ligadas à captação de recursos, intercâmbio comercial, acesso à tecnologia, ingresso no mercado e inovação em negócios, proces-sos, produtos e serviços.

As incubadoras potiguares atuam em diversos segmentos da economia (tradicionais e de ino-vação), que incluem associação de quilombolas, cooperativas,

grupos de teatro e em-preendedores dos Arran-jos Produtivos Locais das áreas de apicultura, caprinovinocul-tura e bordado. “A heterogeneidade da Repin é a cara do Rio Grande do Norte”, destaca o gestor.

Nova rede de integração

Fênix gradua primeiraempresa incubada na UEMS

A incubadora de empresas da Universi-dade Estadual do Mato Grosso do Sul (UEMS) graduou, no dia 27 de abril, a sua primeira empresa incubada: a Exclaim. Se-diada em Dourados, no Sul do estado, a graduada presta serviços de consultoria, desenvolvimento e implementação de pro-jetos na área tecnológica para ambiente corporativo (softwares personalizados).

A prova de que a Exclaim está pronta para se desenvolver sem o auxílio da incu-badora está em sua carteira de clientes, que conta com mais de 50 empresas. Incu-bada na Fênix em outubro de 2002, a Ex-claim desenvolveu diversos softwares, dentre os quais se destacam o Ana, volta-do para gestão financeira; o Amanda, para gerenciamento de empresas de varejo; o Alice, para controle de ponto, e o Aline, para administração escolar.

Cooperativadas aprendem a costurar e a gerenciar negócios

Costurando cidadania

Equipe da Repin trabalhapara colocar planos em ação

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Em MoViMEnto

Setores de alta tecnologia1. Delphi (automobilística)2. Embraer (outros equipamentos de transporte) 3. Marcopolo (automobilística)

Setores de média-alta intensidade tecnológica1. Silvestre Labs (química) 2. Vallée (química) 3. Natura (química)

R$ 5,4 milhões para incubadorasPAC para C&T

A versão final do Plano de Ações para Ciência e Tec-no logia para o qua driênio 2007-2010 deve ser conhe-cida em 9 de julho, na 59ª Reunião Anual da SBPC, em Belém (PA). Desde o final de maio, o ministro da Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende (acima), vem apresentando as propostas a entidades ligadas à área. De acordo com o MCT, o plano apresenta quatro linhas de ação principais:

1 Expansão e consolidação do sistema nacional de C&T, que inclui a consolidação institucional do sistema, a formação de recursos humanos, infra-estrutura e fomento à pesquisa científica e tecnológica.

2 Promoção e inovação tecnológica nas empresas, com apoio especial para: serviços tecnológicos, tecnologias de informação e comunicação (TICs), biotecnologia, fármacos e medicamentos, nanotecnologia, biocombustíveis e energias do futuro.

3 Pesquisa e desenvolvimento em áreas estratégicas, entre elas: programa espacial, programa nuclear, segurança pública e defesa nacional, biodiversidade e recursos naturais, mar e Antártida, desenvolvimento sustentável da Amazônia, desenvolvimento sustentável do Semi-árido, meteorologia e mudanças climáticas.

4 C&T para o desenvolvimento social, que inclui a popularização da C&T e a melhoria do ensino de ciências e tecnologias para o desenvolvimento social.

Uma parceria entre o Sebrae e a Anprotec resultou em um edital de apoio às incubadoras brasilei-

ras, que distribuirá R$ 5,4 milhões entre entidades que

proponham proje-tos de prestação de serviços a pequenas

e microempresas criadas fora do ambiente de incubação. Para re-ceber os recursos, as candidatas devem, além de serem associadas à Anprotec, ter, no mínimo, quatro anos de operação, 10 empresas incubadas e duas graduadas. Ao todo, serão aprovadas até 30 pro-postas, sendo que 50% dos recursos são destinados a incubadoras das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. As inscrições foram recebidas até o dia 20 de junho. O resultado final será divulgado a partir de 24 de setembro, no site www.sebrae.com.br

Brasil tem novo indicador de inovaçãoAs empresas brasileiras contam com um novo método para

mensurar seus esforços e resultados na área de pesquisa e desen-volvimento. O Índice Brasil de Inovação (IBI) foi lançado em 24 de maio, com a premiação das 12 empresas apontadas, segundo o próprio IBI, como as mais inovadoras do país. Entre essas empre-sas está uma ex-incubada: a Silvestre Labs, do Pólo Bio-Rio (veja matéria na pág. 23). No total, 60 empresas participaram da pri-meira edição do IBI, que é uma iniciativa do Laboratório de Estu-dos Avançados em Jornalismo (Labjor) e do Instituto de Geociên-cias (IGE), ambos da Unicamp, em parceria com a revista Inovação Uniemp e com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). As empresas são avaliadas a partir do Indicador

Agregado de Resultado (IAR), que representa os impactos da inovação e as patentes deposita-das, e do Indicador Agregado de Esforço (IAE), que reflete os gastos com máquinas, equipa-mentos, produtos e processos inovadores. São consideradas mais inovadoras as que apresenta-

rem maior equilíbrio entre os indicadores de resultados e de esforços.

Setores de média-baixa intensidade tecnológica 1. Brasilata (produtos de metal) 2. Faber Castell (móveis e diversos) 3. Usiminas (metalurgia básica)

Setores de baixa intensidade tecnológica1. Santista Têxtil (têxtil) 2. Grendene (calçados) 3. Rigesa (papel e celulose)

As mais inovadoras

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Novo modelo para incubação

Em MoViMEnto

Incubatep divulga resultado A Incubadora de Empresas de Base Tecnológica do Estado

de Pernambuco (Incubatep) acaba de selecionar nove projetos para serem desenvolvidos no Instituto de Tecnologia de Per-nambuco (ITEP). As empresas escolhidas foram: Beraca, Ideia, Ecoenergia, Lavanderia, Mobilit, Qualihouse, Ros Ro-bótica e Sky Protector, além do projeto Software Educacional, voltado para portadores de síndrome de Down.

Gestores de incubadoras de todo o país reuniram-se em Florianópolis (SC) entre os dias 28 de maio e 1º de junho para discutir um novo conceito de incubação de empresas: o Centro de Referência para Apoio a No-vos Empreendimentos (Cerne). Baseado em progra-mas de apoio a pequenas e microempresas que obtive-ram sucesso nos Estados Unidos e na Europa, o novo modelo tem como objetivo capacitar as incubadoras para o oferecimento de serviços diferenciados que promovam o crescimento dos empreendimentos. “As incubadoras qualificadas no âmbito do conceito do Cerne deverão promover a potencialização, padroni-zação e inovação de infra-estrutura, equipe, serviços, networking e marca”, afirma José Eduardo Fiates, pre-sidente da Anprotec.

Em Florianópolis, durante o Workshop de Metade-sign do Programa Cerne, 21 incubadoras apresenta-ram processos internos, dificuldades enfrentadas e avaliações de resultados. Somadas às propostas desen-volvidas por grupos de trabalho no evento, essas ex-periências servirão para balizar a estruturação de um novo modelo para empreendimentos inovadores. O workshop foi promovido pela Anprotec, em parceria com o Sebrae.

ISENÇÃO FISCAL PARA FINANCIAMENTO DE PESQUISAS

A lei que concede isenção fiscal para empresas que atuarem em parcerias com instituições científicas tec-nológicas (ICTs) já foi publicada no Diário Oficial da União (DOU). O texto cria o artigo 19-A na lei nº 11.487 – Lei do Bem – e prevê que toda pessoa jurídi-ca poderá excluir do lucro líquido, para efeito de apu-ração do lucro real e da base de cálculo da Contribui-ção Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), os dispêndios efetivados em projeto de pesquisa científica e tecnoló-gica e de inovação tecnológica a ser executado por ICT. Isso significa que todo investimento em P&D fei-to nas instituições poderá ter isenção fiscal. Nesse caso, não há limite para os investimentos.

A única restrição se refere ao direito à propriedade, que dependerá do valor investido pelas empresas. A lei prevê que a participa-ção da pessoa jurídica na titularidade dos direitos sobre a criação e a pro-priedade industrial e in-telectual gerada por um projeto cor responderá à razão entre a diferença do valor despendido pela pessoa jurídica e do va-lor do efetivo benefício fiscal utilizado, de um lado, e o valor total do projeto, de outro, cabendo à ICT a parte remanescente. Na prática, a empresa terá direito a no máximo 50% do produto. Se a empresa tiver isenção de 70% do que foi investido em ICTs, ela só terá direito à propriedade em 30% do produto. Se tiver isenção de 50%, terá di-reito de propriedade em relação à metade. Os finan-ciamentos que tiverem uma dedução de 100% estarão isentos de direito à propriedade.

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Câmera inteligente

Produzidas pela Invent Vision, graduada da Inova UFMG, as smart cameras têm como principal aplicaçãoa inspeção do processo produtivo industrial. Além de adquirir imagens com qualidade, o equipamento dispensa o uso de computador para processar as fotos, pois temuma CPU embutida. Em um mercado ainda dominado por importados, o produto da Invent Vision, 100% brasileiro, apresenta preços competitivos.

Saiba mais: www.inventvision.com.br

A G E N D A

Em MoViMEnto

Planejamento FinanceiroCurso promovido pela Empreende Consultoria voltado ao desenvolvimento e análise da seção financeira de um planode negócios. Ensinará como adequar pequenas empresas aos

requisitos exigidos por fundos de investimentoe agências de fomento. Data: 18 de julhoLocal: São Paulo (SP)Informações e inscrições:www.planodenegocios.com.br

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Destinado a identificar projetos quepromovam o desenvolvimento sustentávelda região Amazônica, o prêmio é dividido emtrês categorias: econômica e tecnológica, social e ambiental. Instituições públicas e privadas podem concorrer à premiação de R$ 65 mil – para cada categoria.Data final para inscrição: 31 de agostoInformações: www.amazonia.desenvolvimento.gov.br

Inscrições para Prêmio Professor Samuel Benchimol

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17º Seminário Nacional de Parques Tecnológicos e Incubadoras de Empresas

De 17 a 21 de setembro, a Anprotec e o Sebrae promovem o maior evento latino-americano do setor de incubação. Durante uma semana, o 17º Seminário Nacional de Parques Tecnológicos e Incubadoras de Empresas reunirá em Belo Horizonte (MG) representantes de diversas entidades governamentais e de apoio ao empreendedorismo, gestores de incubadoras, empreendedores e pesquisadores da área. Além de discutir diretrizes, estratégias e ações para o movimento no Brasil, o evento oferecerá oportunidades de capacitação, atualização, debates de tendências, apresentação de resultados e produção técnico-científica. Ao todo, serão realizados nove minicursos, abordando temas que vão desde rotinas de gestão até captação de recursos, exportação e avaliação de micro e pequenas empresas. Nos dias 17 e 18 ocorrerá o Workshop Anprotec, que proporciona aos participantes informações atuais sobre temas essenciais ao movimento, como oportunidades e tendências da Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior (PITCE). Os participantes que se inscreverem até o dia31 de julho recebem desconto na taxa de inscrição.A programação completa do evento pode ser conferidaem www.seminarionacional.com.brData: 17 a 21 de setembro de 2007Local: Belo Horizonte (MG)Informações: www.seminarionacional.com.br

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Adesivo Cirúrgico Na Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da

Universidade do Estado da Bahia (Incubatec/Uneb), está em desenvolvimento um adesivo destinado à realização de sutura da pele em homens e animais que dispensa o uso de anestésicos e de equipamentos cirúrgicos, como bisturi e agulhas. Idealizado para o atendimento emergencial a vítimas de acidentes em locais afastados de centros

urbanos, a inovação promete solução definitiva ou provisó-ria – até a remoção do paciente. A idéia foi patenteada em 2003 e o produto deve chegar ao mercado até 2008. Na foto ao lado, um protótipo artesanal do adesivo.

Saiba mais pelotelefone (71) 3247-3787

CHEGA DE CLORO!A Brasil Ozônio, empresa

incubada no Cietec (SP), fabrica sistemas para purificação à basede ozônio. Chamado de BRO3-3,o equipamento substitui produtos químicos, como o cloro, no tratamento da água de piscinas, poços artesianos, caixas d’água e efluentes industriais. “O ozônio é20 vezes mais forte que o cloro em sua ação, além de agir cerca de 3 mil vezes mais rápido e não poluir o meio ambiente”, explica o diretor da empresa Samy Menasce.

Saiba mais: www.brazilozonio.com.br

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Engenheiro, pesquisador, gestor, homem público, empreendedor. Cinco defini-

ções para alguém de múltiplas atividades, de múltiplas lutas. Telmo Silva de Araújo nasceu pernambucano, mas adotou a Pa-raíba como segunda terra natal. Formado em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1965, cons-truiu uma carreira repleta de êxitos e con-tribuiu para o desenvolvimento científico, tecnológico e industrial do país. Entu-siasta do empreendedorismo inovador, foi um dos principais mentores da An-protec. A vida de Telmo teve fim no últi-mo dia 24 de maio, mas sua história dei-xa lições perenes.

No final da década de 1960, pediu de-missão do emprego na Companhia Ener-gética de Pernambuco (Celpe) ao aceitar um convite que mudaria sua trajetória: tornar-se professor do recém-implantado curso de Engenharia Elétrica da Universi-dade Federal da Paraíba (UFPB), na cida-de de Campina Grande. Apostou na car-reira acadêmica e, em 1975, concluiu o doutorado na Universidade Paul Sabatier, em Toulouse, França. “Naquela época, ele já tinha a compreensão de que o conheci-mento gerado na academia deveria ser

O LEGADO DE UM GUERREIROO movimento de incubadoras e parquestecnológicos perdeu no mês de maio um de seus principais defensores. Telmo Silva de Araújodeixa lições de liderança e dignidade

H O M E N A G E M

voltado para o desenvolvimento regional”, afirma a esposa de Telmo, Francilene Gar-cia, também professora da UFPB.

A entrada no movimentoEm 1984, o Conselho Nacional de De-

senvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), presidido por Linaldo Cavalcan-ti, criou cinco fundações que dariam ori-gem a parques tecnológicos. Uma delas foi implantada em Campina Grande, onde Telmo teve atuação decisiva. “Na Funda-ção Parque Tecnológico da Paraíba, ele foi um dos maiores batalhadores, sendo o se-gundo diretor-geral e o principal protago-nista do esforço para consolidar o Pólo Tecnológico de Campina Grande”, afirma Cavalcanti.

A liderança e o trabalho de Telmo es-tenderam-se também à gestão pública. Em 1988, Cássio Cunha Lima, hoje gover-nador do estado, foi eleito prefeito de Campina Grande e instituiu a Secretaria Municipal de Ciência e Tecnologia – ini-ciativa pioneira no Brasil. Telmo foi o res-ponsável pela nova pasta, implantando na prefeitura seu jeito especial de gerenciar, que investia no relacionamento entre ins-tituições e pessoas. Com esse modelo de gestão, ele tornou-se, anos depois, secretá-rio de Planejamento de Campina Grande, diretor-presidente da Agência Municipal de Desenvolvimento (AMDE) e presidente do Centro de Apoio aos Pequenos Empre-endimentos da Paraíba (Ceape).

Em meados dos anos 1980, o movimen-to em prol do empreendedorismo inova-

Pionieirismo nas relações com a China.

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dor começava a se consolidar no Brasil, atingindo o ápice com a fundação da As-sociação Nacional de Entidades Promoto-ras de Empreendimentos Inovadores (An-protec), em 1987. Telmo integrou o grupo dos 12 sócios-fundadores da associação, da qual foi vice-presidente entre 1991 e 1993 e presidente de 1993 a 1995. “Sua gestão marca um ponto de inflexão na trajetória do empreendedorismo inovador no Brasil. Um índice relevante do que aconteceu a partir de sua gestão é o cres-cimento médio de 30% ao ano no número de incubadoras, desde 1994 até hoje”, afir-ma o atual vice-presidente da Anprotec, Guilherme Ary Plonski.

A atuação de Telmo frente à entidade ocorreu em um momento de transição do movimento. “Juntamente com sua equipe, Telmo iniciou um bem-sucedido processo de reforço institucional da associação, com o estabelecimento da sede em Brasília, o fortalecimento da participação em conse-lhos de órgãos parceiros, a formalização do Seminário Nacional de Incubadoras e Par-ques, a criação do Informativo Locus e a reforma do estatuto”, afirma o presidente da Anprotec, José Eduardo Fiates.

Pioneirismo no OrienteQuando deixou a presidência da An-

protec, em 1996, Telmo foi convidado pelo CNPq para um novo desafio: implan-tar na China um escritório de cooperação do projeto Softex 2000 – Programa Nacio-nal de Software para Exportação, que bus-cava estimular o surgimento de uma in-dústria brasileira de software voltada à exportação. “No início, fomos para passar apenas um ano, mas as coisas deram tão certo que acabamos ficando até 1999”, con-ta a esposa Francilene. Um dos resultados da cooperação com a China foi a implanta-ção, em 2004, do projeto TecOut Center, desenvolvido no Parque Tecnológico da Paraíba sob coordenação de Telmo.

Apesar de ter deixado de dar aulas em 1991, o pesquisador continuava a produ-zir artigos acadêmicos – apresentou mais de 60 trabalhos em congressos e periódi-

cos nacionais e internacio-nais – e a orientar disserta-ções de mestrado e teses de doutorado na UFPB. A descoberta de um câncer na pelve renal, em 2005, não aba-lou suas atividades de trabalho. “Ele nun-ca escondeu a doença, apostou no trata-mento e manteve a esperança da cura até o fim”, afirma Francilene.

Para aqueles que conheceram Telmo, fi-caram inúmeras lições. “Era um líder aces-sível e parceiro, que não se apegava a car-gos, não inventava dificuldades e não criava barreiras para o crescimento das pessoas. Pelo contrário, era um visionário que buscava sempre novos desafios, novas experiências e novas formas de utilizar seu conhecimento e capacidade de construir em benefício da sociedade”, ressalta Fiates.

Plonski afirma que a principal marca de Telmo era a capacidade de combinar características aparentemente contraditó-rias: “Empreendedorismo e solidez; ousa-dia e tranqüilidade; promoção do capita-lismo empreendedor e defesa do interesse público; cosmopolitismo e valorização do local”. Para a esposa, fica como lição uma das frases mais repetidas por ele: “Meu maior prazer é trabalhar com gente”.

Creio que era final de 1978. Estávamos na Paraíba, em um semi-nário sobre “Tecnologias Apropriadas”, tema que vivia sua onda de glória naqueles tempos pré-globalização. De repente surge uma voz grave do fundo do auditório: “Olhe, esse negócio de quebrar estra-da usando marreta é muito bom pra gaúcho, que teve uma boa ali-mentação. Aqui no Nordeste, o nosso negócio é eletrônica”. Naquele dia conheci Telmo – pernambucano, filho de gaúcho – com sua enorme capacidade de dizer as coisas de forma clara e inteligente. Com precisão e sensibilidade. Esse era um dos traços mais marcan-tes da personalidade de Telmo – uma invejável capacidade de nos fazer pensar.

Pude conviver intensamente com Telmo no período de 93 a 95, quando tive a honra e a satisfação de ser o seu vice-presidente na Anprotec e seu suplente no Conselho Deliberativo Nacional do Se-brae. Trabalhamos juntos, sonhamos e caminhamos juntos, num momento em que as incubadoras de empresas no Brasil e o próprio Sebrae (com S) davam os seus primeiros passos. Telmo foi um exemplo de espírito público, retidão e empreendedorismo, combi-nação tão valiosa e infelizmente rara em nossos dias. Telmo vai fa-zer falta. Que a sua ausência nos faça pensar.

Maurício GuedesPresidente do Conselho

Editorial de LOCUS

Telmo silva de araújo 1942 2007

D E P O I M E N T O

Com a fi lhamais nova, Tainá

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