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  • 7/30/2019 Entrelinhas AP

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    Ano XINmero 55

    Abr | Mai | Jun 2011

    ImpressoEspecial

    9912211301/2008 - DR/RSConselho Regional dePsicologia 7 Regio

    CORREIOS

    Avaliao

    PsicolgicaO Sistema Conselhos elegeu2011 como o Ano Temtico daAvaliao Psicolgica. Visandoa promover o debate sobre osprincpios ticos e tcnicos darea e dos instrumentosde Avaliao Psicolgicajunto categoria, o CRPRS

    apresenta nesta edio dojornal EntreLinhas uma sriede artigos sobre o tema e suarelao com as diversas reasde atuao da Psicologia.

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    edit

    orial

    Publicao trimestral doConselho Regional dePsicologia do Rio Grande do Sul

    Presidente:Vera Lcia Pasini

    Vice-presidente:Vania Roseli Correa de MelloTesoureira:Alexandra Maria Campelo Ximendes

    Secretria:Loiva dos Santos Leite

    Conselheiros:Vera Lcia Pasini, Loiva Leite, Vania Roseli

    Correa de Mello, Dirce Terezinha Tatsch, Maria de Ftima

    B. Fischer, Alexandra Maria Campelo Ximendes, Vivian

    Roxo Borges, Adolfo Pizzinato, Luciana Knijnik, Elisabeth

    Mazeron Machado, Roberta Fin Motta, Thmis Brbara

    Antunes Trentini, Sinara Cristiane Tres Soares, Tatiana

    Baierle, Leda Rubia C. Maurina, Pedro Jos Pacheco,

    Deise Rosa Ortiz, Nelson Eduardo E. Rivero, Rafael Volski

    de Oliveira, Melissa Rios Classen, Rosa Veronese, VniaFortes de Oliveira, Janana Turcato Zanchin, Lutiane de

    Lara, Bianca Sordi Stock, Daniela Deimiquei.

    Comisso Editorial:Janana Turcato Zanchin, Vivian

    Roxo Borges.

    Jornalista Responsvel:Jos Antnio Leal Mtb 10375

    Estagiria de Jornalismo: Bruna Arndt

    Redao:Jos Antnio Leal e Bruna Arndt

    Relaes Pblicas:

    Belisa Zoehler Giorgis / CONRERP/4 3007

    Eventos: Adriana Burmann

    Comentrios e sugestes: [email protected]

    Endereos CRPRS:

    Sede Porto Alegre:Av. Protsio Alves, 2854/301

    CEP: 90410-006 Fone/Fax: (51) 3334-6799

    [email protected]

    Subsede Caxias do Sul: Rua Moreira Cesar, 2712/33

    CEP: 95034-000 Fone/Fax: (54) 3223-7848

    [email protected]

    Subsede Pelotas: Rua Flix da Cunha, 772/304

    CEP: 96010-000 Fone/Fax: (53) 3227-4197

    [email protected]

    Projeto Grfico e Diagramao:

    Tavane Reichert Machado

    Imagens de capa: Servio de Sade Mental de Ouro

    Preto (MG)

    Impresso: Ideograf

    Tiragem: 16.000 exemplares

    Distribuio gratuita

    Cadastre-se no sitepara receber

    a newsletter

    www.crprs.org.br

    O tema da Avaliao Psicolgica foi defi-nido pela Assemblia das Polticas Adminis-trativas e Financeiras (APAF) para o Ano Te-mtico no Sistema Conselhos de Psicologiaem 2011 e ser intensamente discutido nestaedio do Jornal EntreLinhas.

    Este nmero abordar o tema a partir dasperspectivas da formao, das prticas (naclnica, no contexto escolar, no trnsito, noSistema Prisional, na habilitao para o por-te de arma de fogo), das tcnicas e de suasinterfaces com os princpios ticos da pro-fisso e com a questo dos direitos humanos.Esperamos que os textos aqui apresentadospor conselheiros e colaboradores, vincula-dos temtica por suas prticas cotidianas epela insero junto s diferentes Comisses

    do CRPRS onde o mesmo discutido, possacircular nos meios acadmicos e profissio-nais e contribua com o debate que acontece-r em nvel nacional e que em nosso Estadoter uma programao especfica desenvol-

    vida pelo CRPRS a partir de agosto deste ano.Alm de sua temtica central, este nmero

    do jornal Entrelinhas traz matrias sobre: as ati-vidades desenvolvidas em junho pelaAccade-mia della Follia, grupo teatral italiano que este-ve ligado a Franco Basaglia durante o perodode desinstitucionalizao dos manicmios daItlia, e que esteve no Rio Grande do Sul pormeio de parceria entre o CRPRS, o CFP e a Se-cretaria Estadual de Sade; as atividades alusi-

    vas ao dia 18 de maio como a Reunio Temticada Comisso de Polticas Pblicas sobre NovasPrticas de Cuidado em Sade Mental e o IISeminrio Internacional Loucos pela Vida 20anos de Construo Coletiva, promovido pelaSecretaria Estadual da Sade e que contou coma presena de Franco Rotelli; aes do CRPRSe CFP em respeito ao tema da diversidade se-

    xual (Reunio Temtica da Comisso de Direi-tos Humanos, notas de repdio s declaraesdo deputado Jair Bolsonaro e deciso contra okit anti-homofobia, Resoluo CFP n 014/2011que autoriza uso do nome social por profis-sionais transexuais ou travestis); o Seminrioque abordou as implicaes da Resoluo n012/2011, que estabelece novos parmetrospara a atuao dos psiclogos no Sistema Pri-sional; a pesquisa do CREPOP envolvendo osprofissionais que atuam na segurana pblica e

    ainda, a tradicional agenda de cursos, congres-sos, e simpsios para o perodo.Desejamos a todos (as) uma tima leitu-

    ra e convidamos a participar ativamente dasaes do CRPRS.

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    ndice18 Sistema Prisional

    Psiclogos do SistemaPrisional buscam esclarecerdvidas em seminrio

    23 CREPOP

    20 Espetculo

    21 Luta Antimanicomial

    22 Diversidade Sexual

    24 Agenda

    Pesquisa envolveprofissionais que atuam naSegurana Pblica

    A tcnica, a loucura e a arte daAccademia della Follia

    A arte invade o presdio, omanicmio e a universidade

    Atividades mobilizamprofissionais no Dia da Luta

    Antimanicomial

    Respeito diversidade sexualorienta aes do CRPRS e CFP

    Matrias de capa

    A Avaliao Psicolgica naprtica clnica

    Avaliao neuropsicolgica:rea interdisciplinar dacincia neurocognitiva

    Avaliao Psicolgica nocontexto escolar

    Avaliao Psicolgica

    no trnsito

    Avaliao Psicolgica paraporte de arma de fogo

    Elaborao de documentospsicolgicos

    Qualificao da AvaliaoPsicolgica: critrios dereconhecimento e validao apartir dos Direitos Humanos

    Contribuies da Psicologia

    no campo prisional: desafiose possibilidades

    Rochele Paz Fonseca, Christian Haag KristenseneRodrigo Grassi de Oliveira

    Valria Gonzatti, Simone Fragoso Courel, MarleteSusin, ria Jacoby de Oliveira

    Camila Barth Strmer, Cristina Armani Madeira,Liziane Bastian W. Marques, Sinara CristianeTres Soares

    Cristina Armani Madeira, Miriam Siminovich,Neusa Chardosim

    Gabriela Quadros de Lima, Blanca SusanaGuevara Werlang

    Gabriela Quadros de Lima, Blanca SusanaGuevara Werlang

    Ana Paula de Lima, Ivarlete Guimares de Fran-a, Jeferson Reichert Dutra, Elsa Anlia Bandeirade Menezes, Pedro Jos Pacheco

    04 a 17 Avaliao Psicolgica

    Formao do psiclogo emAvaliao Psicolgica

    Avaliao Psicolgica:

    novos fazeres so possveis

    Bruna Mnego

    Mariana Esteves Paranhos e Milene Merg

    Vivian Roxo Borges

    D

    ilogocomoCRPRSComo se d a autorizao, em nosso pas,

    para o uso de testes por psiclogos?

    Todos os testes comercializados e utilizados por psi-clogos em nosso pas devem ter passado por pesquisascientficas atuais e encaminhados, para anlise e aprova-o, Comisso Consultiva em Avaliao Psicolgica doConselho Federal de Psicologia. Esta comisso, a partir

    de critrios estabelecidos, principalmente no que se re-fere ao construto e s propriedades psicomtricas dostestes, realiza a anlise dos instrumentos psicolgicos.

    Uma vez aprovados para comercializao e uso, ostestes so publicados periodicamente em lista aprova-da pelo CFP no Sistema de Avaliao de Testes Psicol-gicos/SATEPSI. Desta forma, somente os testes psicol-gicos que constam na lista dos aprovados (com parecerfavorvel) pelo CFP podem ser comercializados e uti-lizados pelos psiclogos. A lista de testes aprovadospode ser conferida no site www2.pol.org.br/satepsi.

    A seo Dilogo com o CRPRS apresenta algumas das

    dvidas enviadas pela categoria sobre a atuao do Conselho.

    Psiclogo, se voc tiver dvidas sobre o que vem sendo feito

    pelo CRPRS em relao a sua rea de atuao profissional, en-

    vie sua pergunta para [email protected].

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    avalia

    opsicol

    gica

    Avaliao Psicolgica: novos fazeresso possveis

    O Conselho Federal e os Conselhos Regionais de Psicologia elegeram 2011 como o Ano

    Temtico da Avaliao Psicolgica. A eleio de anos temticos pelo Sistema Conselhos,

    que j contemplou temas como a Sade (2006), a Psicologia na Educao (2008) e a

    Psicoterapia (2009), tem como objetivo mobilizar a categoria em debates visando ao

    aperfeioamento das prticas profissionais.

    A Avaliao Psicolgica prtica privativa dos psiclogos e pode ser utilizada nos mais

    diversos contextos de atuao da Psicologia. A escolha do tema para o ano de 2011 foifeita com o intuito de promover reflexo sobre a Avaliao Psicolgica como um processo

    complexo, com a garantia dos direitos humanos e o cumprimento dos princpios ticos e

    tcnicos da profisso.

    Neste ano, o Conselho Federal e os Conselhos Regionais promovero uma srie de eventos

    visando a mapear as necessidades para a qualificao da rea e discutir a adequao das

    ferramentas aos parmetros ticos da profisso e aos contextos de uso. Os eventos regionais

    acontecero de agosto a novembro de 2011 e o evento nacional em maro de 2012. Mais

    informaes podem ser conferidas no site http://anotematico.cfp.org.br.

    Vivian Roxo Borges1

    A

    tualmente, a rea de Avaliao Psi-colgica vem sendo pauta de vriasdiscusses importantes dentro do

    cenrio da Psicologia. A questo histricaque permeia esta rea vem destacando v-rios momentos marcantes, a comear pelamobilizao da categoria profissional e dasociedade pela qualificao dos procedi-mentos e dos instrumentos de avaliao. Oque se sabe, contudo, que no basta in-

    vestir na qualificao desses procedimen-tos se o profissional que os utiliza no o fazde forma responsvel, tanto tica quanto

    tecnicamente. Neste sentido, a formaonesta rea e a implicao dos profissio-nais com as repercusses dos processos de

    Avaliao Psicolgica para a sociedade tmsido, tambm, um tpico constante nas dis-cusses desta rea.

    A Avaliao Psicolgica uma rea daPsicologia dirigida compreenso de pro-blemas pessoais, grupais, institucionais ousociais. Para desenvolv-la, o psiclogo pre-cisa lanar mo de um modelo terico quelhe possibilite compreender determinadofenmeno. Nesse sentido, entre as tarefasenvolvidas num processo de avaliao psi-colgica, deve-se incluir a anlise de diver-sos aspectos relacionados ao sujeito e ao

    contexto em que se est avaliando. Por umlado, caber ao psiclogo avaliador posi-cionar-se em relao aos diversos modelos

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    avalia

    opsicol

    gica

    1 Psicloga, Doutora em Psicologia pela PUCRS, Professorada Faculdade de Psicologia da PUCRS, Conselheira Titular doCRPRS, Presidente da Comisso de Avaliao Psicolgica doCRPRS e membro da Comisso de tica do CRPRS.

    Referncias

    Regulamentao do uso, elaborao e comercializao deTestes Psicolgicos, Resoluo CFP n. 002/2003, Conse-lho Federal de Psicologia. (2003). Acesso em 14 de junho de2011. [On-line]. Disponvel: http://www.pol.org.br/resoluco-es/002_2003.doc

    tericos existentes, para poder interpretaro fenmeno em questo. Por outro, do pon-to de vista tcnico, o profissional dispe deum nmero significativo de procedimentos(tcnicas e testes) que o auxiliam a coletar

    as informaes necessrias para a condu-o do processo avaliativo. Entre os proce-dimentos tcnicos disponveis, encontram--se as entrevistas e os instrumentos deavaliao os testes psicomtricos e proje-tivos. Os testes psicomtricos so aquelesbaseados em critrios mais objetivos paraquantificar um determinado construto, de-monstrando ou no a adaptao do sujeitoa padres estabelecidos. Os testes projeti-

    vos, por sua vez, so baseados em critriosdinmicos, globais e no observveis paraanalisar e/ou caracterizar um determinadoconstruto. A partir disso, torna-se importan-te enfatizar que os testes psicolgicos soapenas ferramentas, meios para se alcan-ar um fim, e nunca um fim em si mesmo(CFP, 2003; Urbina, 2007; Werlang, Villemor--Amaral & Nascimento, 2010).

    Com base nisso, atualmente h um mo-

    vimento no campo da Psicologia respons-vel pelo constante aprimoramento dos ins-trumentos psicolgicos que sinaliza para anecessidade de zelar pela qualidade dosservios prestados pelos psiclogos, espe-cialmente os referentes a avaliaes psi-colgicas. Contudo, tem sido emergente,tambm, a necessidade de se pensar a Ava-liao Psicolgica para alm dos instru-mentos de avaliao, considerando-se todo

    o fazer do psiclogo e a interface com asoutras reas da prpria Psicologia e com aspolticas pblicas (sade, segurana, etc.).Com a inteno de dar mais visibilidadeao sujeito e menos sua patologia, e uni-

    camente aos seus comportamentos, os pro-fissionais mobilizaram-se e, com o fomentodo CFP, esto sendo organizados nos lti-mos anos fruns de discusso em torno darea da Avaliao Psicolgica. O que temdemarcado essas discusses o que ago-ra vem sendo proposto para o desenvolvi-mento de aes comemorativas ao Ano da

    Avaliao Psicolgica no Sistema Conse-lhos, destacando-se principalmente, os cri-

    trios de reconhecimento e validao dosinstrumentos a partir dos Direitos Huma-nos, a Avaliao Psicolgica como processoe os diferentes contextos em que ela podeestar inserida. Destacando-se a importn-cia de temas como esses, eles tm sido pau-ta constante das reunies da Comisso de

    Avaliao Psicolgica do CRPRS.Com base nestes apontamentos, cabe

    salientar que muito j se tem avanado na

    rea de Avaliao Psicolgica no sentidode uma maior compreenso de contexto,e no somente do sujeito isolado em seuprocesso de vida. A partir de novos para-digmas, que ganham forma e relevncianas discusses dentro da Avaliao Psico-lgica, novos fazeres so possveis quandoagregamos o conhecimento tcnico dessarea s consideraes ticas e polticas dofazer em Psicologia.

    Urbina, S. (2007). Fundamentos da TestagemPsicolgica. Porto Alegre: Artmed.

    Werlang, B. S. G., Villemor-Amaral, A. E. & Nasci-mento, R. S. G. F. (2010). Avaliao psicolgica,testes e possibilidades de uso. In: ConselhoFederal de Psicologia/CFP (Org.). AvaliaoPsicolgica: diretrizes na regulamentao daprofisso (pp. 87-99). Braslia: CFP.

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    Formao do psiclogo emAvaliao Psicolgica

    Area de Avaliao Psicolgica demanda-da por diferentes contextos da Psicologia

    como, por exemplo, a rea Escolar, Hospi-

    talar, Clnica, Organizacional, da Sade, do Trnsito

    e tantas outras. , tambm, uma das principais ativi-

    dades desenvolvidas pelo psiclogo (Comission de

    Tests del Colgio de Psiclogos, 2002).

    Dvidas sobre a rea de Avaliao Psicolgica cons-

    tantemente chegam rea Tcnica do CRPRS e muitas

    das discusses na Comisso de Avaliao Psicolgica

    desse mesmo Conselho nos remetem aos problemas

    na formao do psiclogo. Se a avaliao psicolgica uma rea to importante para a profisso, o que aconte-

    ce no caminho da formao e durante a trajetria pro-

    fissional? Esta discusso no recente e tem sido muito

    debatida em artigos cientficos (Noronha et al., 2010), li-

    vros (Hutz, 2009), na Associao Brasileira de Ensino em

    Psicologia (ABEP) e nos Conselhos de Psicologia.

    O objetivo deste artigo no propriamente abor-

    dar como se ensina Avaliao Psicolgica, tampouco

    resolver os problemas da formao nessa rea. O que

    se pretende aqui lanar mo das propostas de aes

    do Ano Temtico da Avaliao Psicolgica no SistemaConselhos para fortalecer essa discusso e convocar a

    categoria para pensar nas alternativas e nos papis de

    cada um, no que se refere formao em Psicologia e

    rea de Avaliao Psicolgica.

    A Avaliao Psicolgica demanda a integrao de

    diferentes conhecimentos da Psicologia como as ques-

    tes de desenvolvimento, de contexto de vida dos sujei-

    tos e do entendimento clnico, por exemplo. Alm disso,

    fundamental que se tenha clareza quanto construo,

    desenvolvimento, normatizao, padronizao e valida-

    o dos instrumentos psicolgicos (Conselho Federalde Psicologia, 2003; Cmara de Educao Superior,

    2004). Tambm verdade que toda a nossa prtica, em

    algum momento, demanda conhecimentos de Avalia-

    o Psicolgica, a partir de um entendimento desta rea

    de uma forma mais ampla. Deste modo, o aprendizado

    deste campo no se d apenas nas disciplinas dedica-

    das a essa rea, mas em muitas outras, pois os processos

    de avaliao permeiam muitos campos da Psicologia.

    Gomes (2000) relata que muitos alunos de gradua-

    o tm uma viso tendenciosa e emocional (p. 63) da

    Avaliao Psicolgica e a veem como uma prtica quepode levar o sujeito excluso social, estigmatizao

    (p. 62). Neste sentido, o mais importante neste contexto

    de discusso pensar que alguns processos envolvidos

    na Avaliao Psicolgica h muito tempo deixaram para

    trs estes conceitos de excluso. Tornou-se emergentepensar que o caminho est (muito presente na forma-

    o) em se dar outro lugar a esta rea, que respeita o ser

    humano na sua singularidade e que utiliza, por exemplo,

    instrumentos de avaliao como um recurso na compre-

    enso dos indivduos em seus processos de vida. Assim,

    importante salientar que todos esto implicados nes-

    ta construo, a comear pelo professor de Psicologia,

    que deve refletir sobre sua prtica e fomentar estas dis-

    cusses em sala de aula.

    Com base nestas questes, importante diferenciar

    quando o problema est em um teste (que no vlido oufidedigno, por exemplo) ou na falta de preparo de quem

    o aplica e o interpreta. H situaes nas quais se critica o

    processo de avaliao psicolgica quando, na verdade,

    o avaliador que precisa de orientaes quanto a sua tcni-

    ca ou postura profissional. Uma pesquisa sobre o assunto

    indicou que os problemas mais graves e mais frequentes

    no uso dos testes foram relacionados sim a problemas do

    prprio instrumento, mas muito em relao ao uso deles

    e formao profissional (Noronha, 2002).

    Por fim, cabe salientar que responsabilidade

    dos prprios psiclogos demonstrarem competn-cia tcnica e postura tica em todos os seus campos

    de atuao. com a reflexo tica, com a atualizao

    constante e com um trabalho conjunto entre psic-

    logos professores, pesquisadores, clnicos, etc., que

    poderemos qualificar ainda mais a profisso nas suas

    diferentes reas de atuao.

    avalia

    opsicol

    gica

    Bruna Mnego1

    1 Psicloga, Mestranda em Psicologia pela UFRGS, cursando a Especializa-o em Neuropsicologia pela mesma universidade e membro da equipe doCentro de Avaliao Psicolgica da UFRGS. Colaboradora da Comisso deAvaliao Psicolgica do CRPRS.

    RefernciasAssociao Brasileira de Ensino de Psicologia (2005). Do currculo mni-mo s Diretrizes Curriculares: mudanas fundamentais. Disponvel emhttp://www.abepsi.org.br Consulta feita em 10/06/2011.

    Cmara de Educao Superior (2004). Diretrizes Curriculares Nacionais para osCursos de Graduao em Psicologia. Psicologia:Teoria e Pesquisa, 20(2), 205-208.

    Comission de Tests del Colgio de Psiclogos (2002). Princpios ticosde La Evaluacin Psicolgica. Disponvel em http://www.cop.es/tests/principios.htm. Consulta feita em 10/06/2011.

    Conselho Federal de Psicologia. (2003). Resoluo 002/2003. Dispon-vel em http://www.pol.org.br Consulta feita em 10/06/2011.

    Gomes, I. C. (2000). A formao em psicodiagnstico e os testes psico-

    lgicos.Psicologia:

    Teoria e Prtica, 2(2), 60-69.

    Hutz, C. S. (2009). Avanos e Polmicas em Avaliao Psicolgica. So Paulo:Casa do Psiclogo.

    Noronha, A. P. P. (2002). Os problemas mais graves e mais frequentesno uso dos testes psicolgicos. Psicologia: Reflexo e Crtica, 15(1), 135-142.

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    A Avaliao Psicolgica na prtica clnicaMariana Esteves Paranhos1 e Milene Merg2

    avalia

    opsicol

    gica

    Area de Avaliao Psicolgica vem sofrendouma srie de mudanas ao longo dos tem-

    pos, oscilando entre perodos de intensos

    movimentos contra sua prtica e principalmente ao

    uso de testes, e outros, to intensos quanto, de movi-

    mentos a seu favor. No entanto vive-se hoje uma era

    de grande produo e contribuies importantes

    para rea, com pesquisadores de muitos lugares do

    Brasil interessados em qualificar a prtica da Avalia-

    o Psicolgica e seu instrumental. Reflexo disso

    a conquista do ano dedicado a Avaliao Psicolgica

    pelo Sistema Conselhos, ao qual esta edio do jor-nal EntreLinhas se destina, e que se prope a deba-

    ter a respeito dos rumos que a Avaliao Psicolgica

    ir tomar no pas nos prximos anos. No que concer-

    ne a este tema, cabe uma reflexo tambm sobre as

    prticas da Avaliao Psicolgica dentro do contex-

    to clnico, tradicionalmente relacionado ao diagns-

    tico psicolgico ou psicodiagnstico.

    Psicodiagnstico, de acordo com Jurema Cunha

    (2000), autora de uma das mais importantes obras

    relacionadas a esta prtica, trata-se de um processo

    que busca clarear uma situao, classificar por meiode um diagnstico, descrever um comportamento e/

    ou estabelecer um plano teraputico, para isso, valen-

    do-se de tcnicas e testes psicolgicos. Sobre o ins-

    trumental proposto, relevante pensar que mesmo

    se tendo disposio tcnicas fiveis e ferramentas

    vlidas no que se refere a suas propriedades psico-

    mtricas, o melhor instrumento que o psiclogo tem

    sua disposio ainda ele mesmo e todo seu conhe-

    cimento da profisso.

    A partir das demandas cada vez mais complexas

    que chegam ao consultrio de muitos psiclogos e aimportante insero deste profissional em diferentes

    espaos da sade, como hospitais gerais, postos de

    sade, servios de sade mental, entre outros, a exi-

    gncia torna-se maior que simplesmente o estabele-

    cimento, por exemplo, de um diagnstico diferencial.

    A necessidade pela sua contribuio crtica e capaz

    de contemplar o todo da situao que se impe, con-

    siderando o indivduo no presente e em sua histria,

    no seu meio familiar e social, no contexto em que a

    avaliao se insere, retomando a identidade que di-

    ferencia a Psicologia de outras profisses, e a capa-cidade do olhar para a singularidade do indivduo. E

    tal capacidade diagnstica no obtida nos resul-

    tados provenientes de tcnicas e testes selecionados

    na avaliao, mas sim na vida que o profissional da estes em cada caso.

    Neste sentido, Tavares (2003) utiliza o termo vali-

    dade clnica para demonstrar que os resultados, mes-

    mo numricos, de diferentes ferramentas devem ser

    adequados ao sujeito particular que est se subme-

    tendo a avaliao, obtendo-se assim um significado

    tambm particular daquelas informaes, impres-

    ses estas que s podem tomar forma e fazer sentido

    a partir da interpretao do psiclogo, ficando claro

    assim que este tambm deve ser vlido para o que se

    prope a realizar.Assim, para o exerccio da Avaliao Psicol-

    gica, em conformidade com a tica profissional e

    consciente da necessidade de humanizao do pro-

    cesso, no mbito clnico, e talvez em todos os mbi-

    tos em que esta se insere, o avaliador deve, como

    bem lembra Tavares (2003, p. 125), estar habilitado

    no que diz respeito percia das estratgias eleitas

    (tcnicas e testes psicolgicos), levando em consi-

    derao as vantagens e limitaes de cada uma e

    o conhecimento aprofundado das teorias que nor-

    teiam as mesmas. Desta forma, ser possvel asse-gurar de maneira efetiva a qualidade da Avaliao

    Psicolgica e seu lugar na Psicologia, e, da mesma

    forma, estar em consonncia com a responsabilida-

    de do seu exerccio no que se refere s repercusses

    para o sujeito e para a sociedade.

    1 Psicloga. Mestre em Psicologia Clnica pela Pontifcia UniversidadeCatlica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Especialista em Counseling eInterveno em Urgncias, Emergncias e Catstrofes pela Universidadde Mlaga (UMA- Espanha), Doutoranda em Psicologia pela Pontifcia

    Universidade Catlica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Psicloga clnica einstitucional do Hospital So Lucas da PUCRS. Colaboradora do Grupo dePesquisa Avaliao e Interveno do Funcionamento Psicolgico Adapta-do e No Adaptado FAPSI/PUCRS. Colaboradora da Comisso de AvaliaoPsicolgica do Conselho Regional de Psicologia do RS (CRP-RS)[email protected].

    1 Psicloga. Mestre em Psicologia Clnica pela Pontifcia UniversidadeCatlica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Especialista em Psicoterapia deCrianas e Adolescentes pelo CEAPIA, Colaboradora do Grupo de Pes-quisa Formao, Avaliao e Atendimento em Psicoterapia Psicanaltica(PUCRS), Coordenadora do Comit de Psicodiagnstico da SPRGS e Cola-boradora da Comisso de Avaliao Psicolgica do Conselho Regional dePsicologia do RS (CRP-RS)[email protected]

    Referncias

    Cunha, J. A. (2000). Fundamentos do psicodiagnstico. In: J. A. Cunha(Org.). Psicodiagnstico-V. Porto Alegre: Artes Mdicas.

    Tavares, M. (2003). Validade Clnica. Psico-USF, 8(2), 125-136.

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    Avaliao neuropsicolgica:rea interdisciplinar da cincia

    neurocognitivaRochele Paz Fonseca1 , Christian Haag Kristensen2 e Rodrigo Grassi de Oliveira3

    avalia

    opsicol

    gica

    Aneuropsicologia nasce como uma dasneurocincias e uma das cincias cog-nitivas e, , portanto, permeada pelainterdisciplinariedade. Paul Broca, neurologistafrancs, em 1861, marca o surgimento da neu-ropsicologia com a descrio de estudos decasos com alterao da produo de linguagem

    ps-leso cerebral envolvendo uma regio dolobo frontal esquerdo que veio a receber seunome (para uma reviso ver Kristensen, Almei-da & Gomes, 2001). O exame da cognio hu-mana apresenta um carter interdisciplinar comcontribuies de vrias disciplinas cientficas,tais como, neurocincias, psicologia cognitivae experimental, medicina, biologia, lingustica,educao, fonoaudiologia, entre outras (Dave-laar, 2010). Sua interdisciplinariedade abrangeaspectos tericos e metodolgicos, assim comoepistemolgicos, que envolvem conhecimentosderivados da neurobiologia, do mtodo expe-rimental e antomo-clnico, da psicometria, dapsicolingustica, das tcnicas de neuroimagemestrutural e funcional, cada vez mais avanadas,entre outras. Estuda diversas funes cognitivase seus mltiplos componentes: orientao, aten-o, percepo, memria, calculias, linguageme comunicao, funes executivas, e praxias(Smith & Kosslyn, 2007).

    Duas grandes reas representam a rotina neu-ropsicolgica clnica e de pesquisa: avaliao e(re)abilitao neuropsicolgicas. A avaliao en-

    volve procedimentos de observao e entrevistasclnicas, assim como tcnicas padronizadas e no--padronizadas de exame do desempenho cogniti-

    vo, complementadas por escalas de investigaoda cognio funcional (processos cognitivos no co-tidiano). Todo este complexo, rigoroso e interdisci-plinar processo busca caracterizar dissociaes eassociaes cognitivas (habilidades cognitivas com

    desempenho prejudicado e aquelas preservadas),visando a alcanar muito alm de um produto finalrepresentado por um escore de acertos, de errosou de tempos. Por meio da avaliao neuropsico-

    lgica, mensuram-se e analisam-se tambm estra-tgias de processamento, tipos de erros e relaesde tempos de diferentes tarefas (Fonseca, Salles &Parente, 2008). Por fim, uma contnua interpretaointertarefas cognitivas padronizadas e ecolgicaspermite um entendimento amplo do perfil cogniti-

    vo de cada caso avaliado. Em complementaridade,

    a reabilitao neuropsicolgica inerentementeinterdisciplinar, na medida em que envolve m-todos de interveno neurocognitiva baseada emmodelos neuroanatomofuncionais, cognitivos, ex-perimentais e clnicos a partir de noes atuais deneuroplasticidade e de reserva cognitiva (Gindri,Frizzon, Oliveira, Zimmermann, Netto, Landeira--Fernandez, Parente & Fonseca, 2011, no prelo).

    Neste contexto, associaes e sociedadesinternacionais e nacionais constituem-se pormembros de diferentes reas de formao emnvel de graduao. A International Neurop-sychological Society (INS), a Sociedad Latinoa-mericana de Neuropsicologa (SLAN) e a Socie-dade Brasileira de Neuropsicologia (SBNp), temsuas diretorias e associados representados porpessoas com formao de ps-graduao emneuropsicologia, tais como, psiclogos, fono-audilogos, mdicos (principalmente especia-listas em neurologia, psiquiatria ou geriatria),pedagogos e psicopedagogos, terapeutas ocu-

    pacionais, entre outros ligados neurocincias.No mbito da pesquisa em cognio humana,esta interdisciplinariedade pode se ampliarmais ainda, uma vez que os programas que en-

    volvem linhas de pesquisa em neuropsicologiapelo pas afora so constitudos por docentes ediscentes de mltiplas disciplinas, o que enri-quece e torna esta rea cada vez mais produtivae consolidada mundialmente. A prpria CAPESapresenta como um de seus pilares a pesquisabaseada na representao interdisciplinar.

    Como uma ilustrao de instrumento desen-volvimento luz destes pressupostos terico--metodolgico-epistemolgicos foi o Instrumen-to de Avaliao Neuropsicolgica NEUPSILIN

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    gica(Fonseca, Salles & Parente, 2009). Trata-se de umabateria de administrao abreviada, em uma ni-

    ca sesso, que examina alguns componentes ehabilidades de oito processos cognitivos (orien-tao temporoespacial, ateno concentrada

    visual, percepo visual, memrias de trabalho,episdica, semntica, visual de reconhecimentoe prospectiva), calculias, linguagem oral e escri-ta, praxias e funes executivas. Foi elaboradacom base na experincia clnica e de pesquisade trs fonoaudilogas, sendo uma delas tam-bm psicloga, com a participao de expertsque julgaram e contriburam para o aprimora-mento do instrumento: neurologistas, psiquia-tras, psiclogos, fonoaudilogos, neuropsicolin-guistas. Recentemente uma situao exemplifica

    uma questo que gera muitos questionamentose reflexes: este instrumento foi consideradorestrito ao uso de psiclogos. Em face das in-meras discusses sobre o fato de instrumentosneuropsicolgicos nacionais ou internacionais(para uma reviso ver Malloy-Diniz et al, 2010)serem elaborados para contriburem ao diag-nstico neuropsicolgico, e no ao diagnsticopsicolgico, muitos movimentos cientficos tmsido promovidos.

    Para ilustrar, o NEUPSILIN e outros instrumen-tos neuropsicolgicos podem ser administradose interpretados por psiclogos, fonoaudilogos,mdicos, entre outros profissionais da sade e daeducao. Isto porque esta ferramenta examinafunes lingusticas e outras cognitivas relacio-nadas linguagem e comunicao, relacio-nando-se avaliao fonoaudiolgica (consultarresoluo CFFa n 400/10), representando, ain-da, um exame mais aprofundado do renomadoe historicamente reconhecido exame do estado

    mental, cujos itens fazem parte da smula psico-patolgica da avaliaes psiquitricas e neurol-gicas, por exemplo (Cheniaux, 2007).

    No Ano da Avaliao Psicolgica, urge dis-cutirmos sobre a interface entre avaliao psi-colgica e avaliao neuropsicolgica, comofoi feito no V Congresso Brasileiro de AvaliaoPsicolgica, promovido pelo IBAP, no incio des-te ms, sob a coordenao de uma mesa peloProf. Claudio Hutz, que muito bem citou o maisreconhecido e citado pesquisador da memria,

    Prof. Ivan Izquierdo. Uma importante limitaomuito bem documentada pela neuropsiclogaMaria Joana Mader e colaboradores, uma daspesquisadoras e clnicas pioneiras no Brasil nes-

    ta rea e muito respeitada,vem sendo levantada:os instrumentos com abordagem neuropsicol-gica avaliados positivamente pelo CFP no semostram suficientes para a parte padronizadada avaliao neurocognitiva (documento apre-

    sentado ao CRP-08). necessrio estimularmos,assim, uma reflexo em busca de aes estra-tgicas que promovam uma avaliao neuropsi-colgica baseada em pressupostos terico-me-todolgicos neurocientficos e em constantes ecrescentes evidncias.

    1 Professora Adjunta do Programa de Ps-Graduao em

    Psicologia (Cognio Humana) e da Faculdade de Psicologiada PUCRS, Psicloga e fonoaudiloga, Doutora em Psicologiapela UFRGS e Ps-Doutoramento em Cincias Biomdicas pelaUniversidade de Montral.

    2 Professor Adjunto e Coordenador do Programa de Ps-Gra-duao em Psicologia e da Faculdade de Psicologia da PUCRS,Psiclogo, Doutor em Psicologia do Desenvolvimento pelaUFRGS (estgio na Universidade do Arizona).

    3 Professor Adjunto do Programa de Ps-Graduao emPsicologia (Cognio Humana) e da Faculdade de Psicologia daPUCRS, Psiquiatra, Doutor em Psicologia pela PUCRS (estgiona Universidade de Harvard).

    Referncias

    Cheniaux, E. (2007). Manual de psicopatologia. Rio de Janeiro:Guanabara Koogan.

    Davelaar, E. J. (2010). Cognitive science future challenges ofan interdisciplinary field. Frontiers in Psychology, 1, 1-2.

    Fonseca, R. P., Salles, J. F., & Pimenta, M. A. P. (2009). NEUPSI-LIN: Instrumento de Avaliao Neuropsicolgica Breve. SoPaulo: Vetor.

    Fonseca, R. P., Salles, J. F., & Pimenta, M. A. P. (2008). Develop-

    ment and content validity of the Brazilian Brief Neuropsycho-logical Assessment Battery Neupsilin. Psychology & Neuros-cience, 1(1), 55-62.

    Gindri, G., Frizzon, T., Oliveira, C., Zimmermann, N., Netto,T., Landeira-Fernandez, J., Parente, M.A.M.P. & Fonseca, R.P.(2011, no prelo). Mtodos de reabilitao neuropsicolgica:reflexes sobre modelos tericos, abordagens e ilustrao deprograma. In J. Landeira-Fernandez & S. Fukusima. Mtodosde pesquisa em neurocincia clnica e experimental. SoPaulo: Manole.

    Kristensen, C. H., Almeida, R. M. M. & Gomes, W. B. (2001).Desenvolvimento histrico e fundamentos metodolgicos da

    neuropsicologia cognitiva. Psicologia: Reflexo e Crtica, 14(2), 259-274.

    Malloy-Diniz, L., Fuentes, D., Mattos, P. & Abreu, N. (2010).Avaliao Neuropsicolgica. Porto Alegre: Artmed.

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    Avaliao Psicolgica no contexto escolarValria Gonzatti1, Simone Fragoso Courel2, Marlete Susin3, ria Jacoby de Oliveira4

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    gica

    AAvaliao Psicolgica uma tcnica de

    trabalho exclusiva do psiclogo, que re-quer treino e habilidade e pode ser utili-

    zada em diversas reas de atuao como a clnica,trnsito, hospitalar, organizacional, jurdica, esco-lar, porte de armas, entre outras. O psiclogo deveestar atento, nesse processo de avaliao que estrealizando, a obedecer aos princpios do cdigode tica, observando a elaborao e redao dedocumento, de acordo com os as orientaes daResoluo do CFP n. 007/2003.

    A escola um espao de vrias possibilidadesde trabalho em Psicologia. Com uma abordagem ins-

    titucional, o psiclogo educacional pode compreen-der e intervir nas relaes que se estabelecem entreos diversos atores da escola, propiciar entendimentoe manejo de situaes especificas, seja com o corpodocente, famlias ou estudantes, participar da elabo-rao do projeto poltico pedaggico da instituio,colaborando com a promoo de cidadania e efetivaincluso social, conforme apregoa a Carta de Braslia(2009). Dentre as atividades e recursos utilizados nes-te contexto, destacamos aqui a Avaliao Psicolgicaque vem contribuir para o processo de compreenso,orientao, manejo e encaminhamentos dos sujeitosavaliados, caso se faam necessrios.

    Uma avaliao psicolgica no mbito educacio-nal, podendo contar tambm com o auxlio de ins-trumentos cientficos, pode ajudar na compreensode algumas caractersticas que esto vinculadasao processo de aprendizagem, como por exemplocapacidades de leitura, escrita, aritmtica, funesexecutivas, memria, ateno, inteligncia, habili-dades psicomotoras, habilidades sociais, motivaopara aprender, criatividade, investigao de inte-resse vocacional, de sintomas de estresse, depres-so, ansiedade, hiperatividade dentre tantas outrassituaes que aparecem no ambiente escolar. Neste

    aspecto, cabe salientar a importncia da avaliaopsicolgica estar integrada ao processo de avalia-o multidisciplinar, sendo ainda mais eficaz e v-lida em seus objetivos, tanto para a escola e paraa famlia, quanto para os estudantes. O avano nastcnicas de avaliao s tem a contribuir para umaavaliao que privilegie o sujeito como um todo, co-nhecendo suas potencialidades e limitaes a fimde propor maneiras de interveno com o objetivode auxiliar seu desenvolvimento.

    Neste sentido, Guzzo (2010) acrescenta com osfundamentos para a construo de um conhecimen-

    to psicolgico comprometido com a realidade dasescolas brasileiras, que segundo a autora remete :

    Avaliar dimenses psicossociais de comunidades e

    indivduos situados historicamente, compreender as

    redes de apoio, suportes e equipamentos pblicos e

    privados que sustentem as aes comunitrias e adinmica dos movimentos sociais presentes em de-

    terminados espaos geogrficos - quem so e como

    vivem estudantes, professores, pais e gestores das

    instituies de ensino e a sua comunidade. (p.58).

    No contexto escolar todos (educadores,orientadores escolares, pedagogos, psicopeda-gogos e familiares) so parceiros para que ques-tes escolares possam ser avaliadas, assim comointervenes na escola e orientaes famlia,a fim de melhorar o desempenho dos estudan-

    tes avaliados. Compreende-se que, quanto maisprecoce e especificada for a identificao dedificuldades e potencialidades, maiores seroos efeitos dos programas de interveno em re-lao aos dficits, assim como, as suas relaescom problemas secundrios.

    Por fim, a avaliao psicolgica no contextoescolar pode vir a ser uma demanda que surgepara o psiclogo escolar, em que uma parceriafranca com as famlias, educadores e educandos,poder ser efetiva e trazer benefcios promoven-do a sade dos envolvidos, na direo contrriaao modelo vigente que estigmatiza e exclui.

    1 Educadora da rede estadual e Psicloga formada pela ULBRA. Especia-lizao em Psicologia Hospitalar com nfase em Avaliao Psicolgica eNeuropsicolgica pelo IPq- HCFMUSP e Neuropsicologia pela UFRGS. Atuana Avaliao Psicolgica e Neuropsicolgica e Escolar. Colaboradora daComisso de Avaliao Psicolgica do CRPRS.

    2 Psicloga formada pela UERJ, licenciada em Psicologia tambm pelaUERJ, atuante nos ltimos anos na rea clnica e educacional, especializa-o em Psicopedagogia, ps-graduanda em Neuropsicologia pela UFRGS,colaboradora do Ncleo de Educao do CRPRS - Subsede Serra.

    3 Psicloga formada pela Universidade de Caxias do Sul. Ps-graduandana rea de Psicologia do Desenvolvimento, curso de Infncia e Famlia:

    Avaliao, Preveno e Interveno da UFRGS; Curso EAD - UFCSPA - En-frentamento violncia infanto-juvenil: Projeto de Capacitao Multidis-ciplinar para profissionais da sade e educao; Atua na rea da PsicologiaClnica (adoo de crianas: atendimentos s famlias com filhos adota-dos). Colaboradora do Ncleo de Educao do CRPRS Subsede Serra.

    4 Psicloga Especialista em Neuropsicologia UFRGS,Formao em Orientao Profissional, Colaboradora do Ncleo de Educa-o do CRPRS - Subsede Serra. Atua na rea Educacional e Clnica.

    Referncias

    Guzzo, R. (2008). Psicologia em instituies escolares e educativas:Apontamentos para um debate. Caderno Ano da psicologia na Educao Eixo 3 Conselho federal de Psicologia.

    Conselho Federal de Psicologia (2009). Carta de Braslia. Seminrio Na-cional Ano da Educao do Sistema Conselhos de Psicologia. Braslia,

    24 de abril de 2009.

    ______. (2003). Manual de Elaborao de Documentos Escritos. Reso-luo CFP n. 007/2003. Acesso em13 de junho de 2011. Disponvel em:http://www.pol.org.br/pol/export/sites/default/pol/legislacao/legislacao-Documentos/resolucao2003_7.pdf

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    Camila Barth Strmer1, Cristina Armani Madeira2,Liziane Bastian W. Marques3, Sinara Cristiane Tres Soares4

    1 Psicloga, Analista de Recursos Humanos da Cia. Carris, responsvelpelo recrutamento e seleo de candidatos. Colaboradora da Comisso

    de Avaliao Psicolgica do CRPRS. Especializao em MBA Desen-volvimento Humano e Organizacional no IBGEN (Instituto Brasileiro deGesto e Negcios).

    2 Psicloga, Especialista em Diagnstico Psicolgico pela PontifciaUniversidade Catlica do Rio Grande do Sul e Mestre em Psicologia pelaUniversidade So Francisco (USF). Psicloga da junta do ConselhoEstadual de Trnsito (CETRAN). Colaboradora da Comisso de AvaliaoPsicolgica do CRPRS.

    3 Psicloga - Analista de Recursos Humanos da Cia Carris Porto-Alegren-se, responsvel pela rea de Desenvolvimento e Treinamento.Colaboradora da Comisso de Avaliao Psicolgica do CRPRS.Especializao em andamento em MBA - Desenvolvimento Humano eOrganizacional no IBGEN (Instituto Brasileiro de Gesto e Negcios).

    4 Conselheira do Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul

    (CRPRS), Presidente da Comisso de Trnsito e Mobilidade Humanado CRPRS, membro da Comisso de Avaliao Psicolgica do CRPRS,Tcnica Superior em Trnsito da Diviso de Habilitao, CoordenadoriaPsicolgica e Mdica do DETRAN/RS, membro da equipe que coordenaas avaliaes psicolgicas para a obteno de CNH no Estado.

    avalia

    opsicol

    gicaAvaliao Psicolgica no trnsito

    AAvaliao Psicolgica no trnsito vem

    sendo realizada no Brasil desde 1913, ou

    seja, antes da prpria profisso de psic-

    logo estar regulamentada. O incio dessa atividade

    ocorreu com o trabalho do engenheiro Roberto

    Mangue na seleo e orientao de ferrovirios,

    na cidade de So Paulo. Hoje a avaliao regula-

    mentada pelas Resolues n267/08, do Conselho

    Nacional de Trnsito (CONTRAN), e a Resoluo n

    007/2009, do Conselho Federal de Psicologia.A avaliao psicolgica para obter a Carteira

    Nacional de Habilitao (CNH) , geralmente, o

    maior campo de atuao dos psiclogos na rea

    de trnsito. Tal avaliao possui especificidades,

    pois se acrescenta s normativas do CFP, que tra-

    zem diversas questes ticas para o profissional,

    as regulamentaes dos rgos de trnsito. Alm

    disso, o prprio contexto em que as avaliaes

    so realizadas traz consigo diversas situaes nas

    quais o profissional se depara com aspectos ti-cos a serem considerados.

    importante que o psiclogo que realiza a

    avaliao psicolgica neste contexto utilize cri-

    trios rigorosos, seguindo as resolues do CFP

    e CONTRAN, analisando no somente a questo

    da segurana no trnsito, como tambm a capa-

    cidade do candidato de lidar de forma adaptativa

    com o estresse do dia a dia e a propabilidade de

    manter sua sade e do meio onde circula.

    A avaliao psicolgica para obter a CNHconstitui-se, muitas vezes, no nico contato que o

    indivduo tem, em toda a sua vida, com um profis-

    sional da Psicologia. Assim, importante que o psi-

    clogo utilize o momento da entrevista devolutiva,

    que tambm faz parte do processo de avaliao

    psicolgica, para auxiliar o sujeito a identificar fa-

    tores psicolgicos presentes em sua vida que po-

    dem ser trabalhados, superados ou desenvolvidos.

    Essa questo de extrema relevncia em nosso

    contexto atual, no qual nem todos os condutoresrealizam a avaliao psicolgica nas renovaes

    de CNH, muitas vezes sendo realizada apenas uma

    nica avaliao em toda a vida.

    A Psicologia pode contribuir preventivamente

    diante dos dados estatsticos que apontam a ocor-

    rncia em nosso Estado, no ano de 2010, de mais

    de cinco bitos por dia em acidentes de trnsito.

    Diante disso, essencial que os psiclogos que

    atuam na Avaliao Psicolgica para o trnsito,

    seja ela na obteno da CNH ou em seleo para

    cargos de motoristas, reflitam sobre qual o seu

    papel social na busca por um trnsito seguro.

    Os dados acima demonstram quo complexae criteriosa deve ser a Avaliao Psicolgica no

    trnsito. O nmero de mortes revela uma reali-

    dade preocupante, tanto para o cidado comum,

    quanto para os profissionais que atuam na sele-

    o de motoristas em empresas de transporte e

    na avaliao para a obteno de CNH.

    Embora no Brasil essa atividade seja realizada

    h mais de 40 anos, ainda faltam pesquisas para

    auxiliar esse trabalho. O trnsito hoje considera-

    do um problema de sade pblica no Brasil, poismorrem muitas pessoas por ano, no s no pas,

    mas no mundo todo. A Avaliao Psicolgica pode

    se constituir, nesse contexto, em uma estratgia de

    preveno de mortes e acidentalidade no trnsi-

    to, mas ser necessrio desenvolver estudos para

    aperfeioar a qualidade dessa atividade.

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    avalia

    opsicol

    gica Avaliao Psicolgica para porte de

    arma de fogoCristina Armani Madeira1, Miriam Siminovich2, Neusa Chardosim3

    Apartir da nova legislao de 1997 alei federal do porte de armas (Lei n9.437) que estabelecia condiespara o registro e porte de arma de fogo e aResoluo n 018/2008 do Conselho Federalde Psicologia, que dispe acerca do trabalhodo psiclogo na Avaliao Psicolgica paraconcesso de registro e/ou porte de arma defogo, os psiclogos se viram diante da tare-

    fa de propor um sistema adequado para queessa avaliao fosse efetuada dentro dos pa-dres ticos, tcnicos e cientficos.

    importante debater sobre as avaliaesnas diferentes reas em que o porte ou regis-tro de arma se fazem necessrios, conscien-tizando os psiclogos da responsabilidadeque tm em seu fazer e da importncia deuma avaliao realizada com conhecimentotcnico e de contexto na rea de AvaliaoPsicolgica, pois o profissional quem deci-

    dir, a partir deste procedimento, a indica-o ou no para que o indivduo possa portararma de fogo.

    Em uma avaliao no possvel fazeruma previso segura de comportamento

    violento no futuro. No entanto, possvel ve-rificar principalmente se uma pessoa temcaractersticas violentas, controle emocionale at mesmo constatar se alguma caracte-rstica est sendo omitida em funo do usode determinados mecanismos de defesa docandidato diante da situao de avaliao.Para isso, o psiclogo deve ter conhecimentotcnico para utilizar instrumentos de Avalia-o Psicolgica, usando sempre os testes quetem parecer favorvel, conforme resoluodo CFP, assim como seguindo com rigor asnormas dos manuais para realizar a aplica-o, levantamento e avaliao dos resultados,como tambm toda legislao e referencialterico vigente sobre o assunto.

    Na Avaliao Psicolgica da rea de se-gurana, deve-se questionar a dimenso queeste processo ocupa, principalmente quandoest em pauta o porte de arma. Esto inclu-

    das nesta rea as instituies militares e civis,a Polcia Federal, a Guarda Municipal e as em-presas de segurana. Nesta rea, o problemadas avaliaes adquire repercusso maior,principalmente nas escolas de segurana emque h concesso de arma de fogo para umnmero grande de vigilantes, que recebem oporte para trabalharem em empresas de se-gurana e em outros locais.

    Como ainda no se tem um perfil defini-do com base em pesquisas cientficas, im-portante que se realize estudos de mbitonacional para viabilizar uma uniformidade narealizao das avaliaes, com o objetivo dedefinir as tcnicas mais indicadas para estetipo de Avaliao Psicolgica.

    Outro aspecto que vem sendo colocadoem pauta so os honorrios cobrados nestetipo de avaliao. importante salientar queo Conselho Federal de Psicologia disponibi-

    liza uma tabela de honorrios para as maisdiversas atividades desenvolvidas pelos psi-clogos, na qual uma delas a avaliao paraporte de arma. Cabe ao profissional utiliz-lana sua prtica.

    A Comisso de Avaliao Psicolgica doCRPRS, preocupada com as diversas deman-das na rea de Avaliao Psicolgica, comotambm com a avaliao de porte de arma,

    vem discutindo e refletindo no sentido demelhorar a qualidade dessa atividade.

    1 Psicloga, Especialista em Diagnstico Psicolgico pela PontifciaUniversidade Catlica do Rio Grande do Sul e Mestre em Psicologia pelaUniversidade So Francisco (USF). Psicloga da junta do ConselhoEstadual de Trnsito (CETRAN). Colaboradora da Comisso de AvaliaoPsicolgica do CRPRS.

    2 Psicloga, Especializao em Psicologia Organizacional Ulbra,Especialista em Psicologia Organizacional e do Trabalho - Regio 7.Atuao em avaliaes na rea de segurana privada, em selees e re-cursos administrativos e judiciais. Credenciada pela Policia Federal paraavaliaes de porte de arma. Colaboradora da Comisso de AvaliaoPsicolgica do CRPRS.

    3 Psicloga clinica com especializao em Psicoterapia de Orientao

    Analtica pelo CELG / UFRGS e Neuropsicologia /UFRGS; psiclogacredenciada pela Polcia Federal para avaliao de registro e porte dearma; responsvel tcnica pelas avaliaes psicolgicas dos concursosrealizados pela Fundao Conesul; colaboradora de pesquisa no ProDAH(Hospital de Clnicas de Porto Alegre); colaboradora da Comisso deAvaliao Psicolgica do CRPRS.

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    Elaborao de documentospsicolgicos

    Gabriela Quadros de Lima1, Blanca Susana Guevara Werlang2

    AAvaliao Psicolgica um processo tcnicoe cientfico que pode incluir diversas estrat-gias de avaliao, entre elas o uso de testespsicolgicos. uma atividade que faz parte do coti-diano profissional de muitos psiclogos visando to-mada de deciso em relao determinada questosobre a vida de um indivduo, em diferentes contextos.Portanto, esta atividade exige dos psiclogos forma-o qualificada (conhecimento terico e tcnico) paraidentificar e compreender (de acordo com os objeti-

    vos especficos de cada processo avaliativo) aspectos

    psicolgicos de diversas naturezas.Concluda a coleta de dados (calcada em estrat-

    gias e instrumental cientificamente sustentados), noprocesso de avaliao o psiclogo est em condiesde analisar e interpretar os achados para produzir umdocumento escrito (claro e preciso) que retrate e res-ponda a questes relacionadas ao funcionamento psi-colgico do avaliado. A Resoluo n 007/2003 do Con-selho Federal de Psicologia orienta e fornece diretrizespara a elaborao de documentos escritos ressaltandoa importncia e o compromisso tico do profissionalpsiclogo quando solicitado a apresentar informa-es documentais a respeito do trabalho realizado.

    A resoluo mencionada institui o Manual de Ela-borao de Documentos Escritos. Este manual orientasobre a elaborao de quatro diferentes tipos de do-cumentos: (1) Declarao; (2) Atestado Psicolgico; (3)Relatrio/Laudo Psicolgico e (4) Parecer Psicolgico.Cabe lembrar que a Declarao e o Parecer Psicol-gico no so documentos decorrentes de avaliaespsicolgicas, ou seja, no so elaborados com base nouso de estratgias, mtodos e tcnicas especficas daPsicologia, como os testes psicolgicos. A finalidade daDeclarao informar a ocorrncia de fatos ou situa-es objetivas como, por exemplo, o tempo de acom-

    panhamento psicolgico, sem a presena de sintomasou estados psicolgicos. J o Parecer deve apresentarresposta esclarecedora no campo da Psicologia, obje-tivando dirimir dvidas que esto interferindo em umapossvel deciso.

    No Atestado Psicolgico, pode-se certificar de-terminado estado psicolgico com fins de justificaraptides, faltas e impedimentos, podendo apresen-tar, assim, sintomas identificados de acordo com aClassificao Internacional de Doenas em vigor. ORelatrio ou Laudo Psicolgico, sem dvida, o docu-mento mais completo produzido pelo psiclogo que

    possui a finalidade de apresentar os procedimentosutilizados e explanar as concluses alcanadas atra-vs do processo de avaliao psicolgica. Neste do-cumento tambm devem ser expostos o diagnsticoe prognstico para a situao constatada, assim como

    os encaminhamentos necessrios podendo sugeririntervenes ou estratgias teraputicas de acordocom cada situao.

    O Relatrio ou Laudo Psicolgico um documen-to de fundamental importncia que explicita infor-maes pessoais do sujeito em avaliao, portanto osdados explanados so da responsabilidade exclusivado profissional psiclogo e dependem de seu amplodomnio, no apenas no uso das tcnicas de avaliao,como tambm das teorias que as fundamentam. Des-taca-se que este documento deve ser elaborado para

    beneficio do sujeito avaliado e que a propriedade dosdados contidos no mesmo no do psiclogo avalia-dor, nem do profissional que solicitou a avaliao, nemdo profissional que conduzir a interveno terapu-tica. A propriedade do sujeito avaliado ou de seusresponsveis. Desta maneira, o avaliado (ou seus res-ponsveis) deve receber na entrevista de devoluoesse documento escrito. A entrevista de devoluo fe-cha o processo de avaliao psicolgica, nela devemser apresentados os achados identificados, comentan-do e esclarecendo todos os aspectos assinalados nodocumento escrito.

    Cabe enfatizar que imperioso que o psiclogoque se proponha a trabalhar na rea da Avaliao Psi-colgica tenha conhecimento e formao especializa-da para conduzir um bom processo de avaliao, assimcomo tambm para saber comunicar (oral ou de formaescrita) os resultados do seu trabalho, pois a partirdessa comunicao que aes podero ser tomadas,auxiliando intensamente os indivduos nas mais diver-sas demandas das suas vidas. Neste sentido, oportunoressaltar que a formao dos psiclogos inicia nos Cur-sos de Graduao. Assim sendo, os docentes respons-

    veis pelas disciplinas da rea de Avaliao Psicolgicaprecisam estar conscientes da sua responsabilidade

    com a nica rea que, por lei, privativa do psiclo-go. Aqueles devem servir como modelo, mostrando suaqualificao e constante aperfeioamento como formade incitar ao aluno (futuro colega) para o desenvolvi-mento de competncias que o auxiliem a compreenderque boas estratgias e/ou instrumentos de avaliaono prescindem de bons profissionais psiclogos.

    1 Psicloga. Mestre em Psicologia Clnica pela Pontifcia UniversidadeCatlica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Doutoranda em Psicologia (PU-CRS). Professora Adjunta da Escola de Psicologia da Faculdade Meridio-nal IMED. Pesquisadora do Centro de Estudos e Testagens Psicolgicas CETEST/IMED. Colaboradora da Comisso de Avaliao Psicolgica doConselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul.

    2 Psicloga Clnica. Doutora em Cincias Mdicas, rea Sade Mental,pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Professora Titularda Graduao e do Programa de Ps-Graduao da Faculdade de Psicolo-gia da PUCRS. Membro da Comisso Consultiva em Avaliao Psicolgicado Conselho Federal de Psicologia

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    gica

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    gica Qualificao da Avaliao Psicolgica:

    critrios de reconhecimento e validao

    a partir dos Direitos HumanosCaroline Tozzi Reppold 1

    Declarao Universal dos Direitos Humanos,criada pela ONU em 1948, surgiu como res-posta s atrocidades cometidas nos camposde concentrao durante a Segunda Guerra Mun-

    dial. Desde esta poca, discutem-se os preceitos

    que deveriam reger o convvio entre os seres hu-

    manos e as intervenes profissionais de diferentes

    reas, uma vez que essas no podem desconsiderara influncia das diferenas culturais, religiosas, po-

    lticas, sexuais, geogrficas sobre as interaes e a

    formao da identidade dos indivduos.

    Dentro deste contexto, a Psicologia brasileira,

    como cincia e profisso tambm interessada nes-

    se debate, busca, sistematicamente, incorporar

    sua prtica novos compromissos que atendam aos

    princpios ticos idealizados para a profisso e ao

    respeito aos Direitos Humanos. Provas disso so a

    criao, na dcada de 1990, da Comisso Nacional

    de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psi-cologia (CFP), e dos quatro diferentes Cdigos de

    tica Profissional, propostos pelo CFP desde a d-

    cada de 1970. Esses movimentos revelam o esforo

    da classe em acompanhar as mudanas ocorridas

    em diferentes momentos polticos e sociais des-

    te pas, adequando suas prticas profissionais s

    transformaes da sociedade em cada poca.

    A Avaliao Psicolgica, uma das reas de atua-

    o mais antigas da Psicologia, foi contemplada em

    todas as edies do Cdigo de tica, uma vez con-

    siderado o potencial da rea em construir conheci-

    mentos a respeito de construtos psicolgicos e, em

    ltima instncia, em produzir, orientar, monitorar e

    encaminhar aes e intervenes sobre as pesso-

    as/instituies avaliadas. Historicamente esta rea

    sofreu intensas transformaes, advindas das mu-

    danas sociais, das demandas deontolgicas e dos

    dilemas ticos caractersticos de cada poca.

    No passado, o campo de Avaliao Psicolgica

    foi algumas vezes associado a prticas de excluso

    social. Isso ocorria, sobretudo, em um tempo em quea Avaliao Psicolgica era reduzida administrao

    de testes isolados, a qual no levava em considerao

    seu contexto de aplicao, nem mesmo a necessida-

    de de adaptao dos instrumentos s normas locais.

    Essa concepo tecnicista e fragmentada, de fato,

    fora contraproducente, medida que terminou por

    tratar de maneira igual pessoas que tinham realida-

    des e demandas diferentes. Nos dias atuais, a Avalia-

    o Psicolgica norteada por uma grande preocu-

    pao com os avanos metodolgicos, tecnolgicos

    e tericos, com a qualificao e normatizao dosinstrumentos disponveis, com a necessidade de con-

    textualizao dos resultados obtidos, com a validade

    consequencial e clnica dos testes e com a relevncia

    social das avaliaes realizadas. luz destas mudan-

    as, pesquisadores e psiclogos devem buscar, de

    forma sistemtica, aproximar suas prticas do desen-

    volvimento e aplicao de teorias que sejam empi-

    ricamente embasadas. Para tanto, imprescindvel

    que disponham de instrumentos psicolgicos que

    possam fornecer dados confiveis sobre a condio

    avaliada, de forma coerente realidade do indivduoe aos sofrimentos aos quais esteja exposto. Isso exi-

    ge, por exemplo, ateno a caractersticas tcnicas

    dos instrumentos (como as diferentes evidncias de

    validade consideradas vide Nunes & Primi, 2010;

    Primi, 2010). Exige tambm o desenvolvimento, no

    profissional psiclogo, de habilidades que os permi-

    tam identificar e intervir positivamente em situaes

    que envolvam violao aos Direitos Humanos.

    Neste sentido, primordial que o ensino da

    Avaliao Psicolgica, exerccio restrito aos psic-

    logos, priorize, alm de competncias tcnicas, a

    vivncia de situaes prticas que envolvam dile-

    mas relacionados tica, ao respeito dignidade e

    aos Direitos Humanos, preocupao com o bem-

    -estar do outro e responsabilidade social (Noro-

    nha & Reppold, 2010). Chama ateno, contudo, o

    fato de que a maioria das infraes ticas denun-

    ciadas ao Conselho Federal de Psicologia nos l-

    timos anos refere-se ao exerccio equivocado da

    Avaliao Psicolgica (Anache & Reppold, 2010).

    Muitas envolvem o uso de tcnicas inadequadasou no reconhecidas, a falta de orientaes sobre

    encaminhamentos adequados ou a emisso de do-

    cumentos sem fundamentao terica.

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    avalia

    opsicol

    gicaA par das demandas da rea, o Conselho Fe-deral de Psicologia tem movido esforos para

    qualificao do campo da Avaliao Psicolgica.

    Destacam-se a criao, ao final do ano de 2001, do

    Sistema de Avaliao dos Testes Psicolgicos (SA-

    TEPSI) e a Resoluo CFP N. 007/2003, conside-radas marcos de mudanas na prtica profissional.

    O gerenciamento do SATEPSI feito por um

    grupo de especialistas (psiclogos e conselheiros

    em Avaliao Psicolgica com experincia e produ-

    o cientfica na rea), que constituem uma Comis-

    so Consultiva em Avaliao Psicolgica. tarefa

    deste grupo analisar e emitir pareceres sobre os

    testes psicolgicos encaminhados ao CFP, com base

    nos parmetros definidos na resoluo. Alm disso,

    a comisso delibera nos casos de dvidas se deter-

    minado teste ou no psicolgico, orienta as edito-ras no propsito de garantir que o acesso aos testes

    seja exclusivo classe de psiclogos e fornece aos

    psiclogos ou a outros setores da sociedade, con-

    sumidores da Avaliao Psicolgica (Procuradoria

    da Justia, Segurana Pblica, dentre outros), orien-

    taes em relao ao uso dos testes para diferentes

    finalidades (Anache & Correa, 2010).

    Com isso, o SATEPSI eleva a qualidade dos ins-

    trumentos de Avaliao Psicolgica utilizados pe-

    los profissionais da rea e prima pela ateno aos

    Diretos Humanos, uma vez que baseia os critrios

    de avaliao da qualidade dos testes em estudos

    que comprovem seus fundamentos cientficos (isso

    , que sejam baseados em evidncias empricas e

    normas atualizadas). A manuteno deste sistema

    , sem dvida, um incremento qualificao da

    rea, pois a administrao de instrumentos antes

    no regulamentados pelo SATEPSI poderia ferir os

    direitos das pessoas avaliadas, caso estes fossem

    utilizados para uma finalidade no prpria. Por

    exemplo, se empregados para justificar presun-es clnicas em um suposto caso de abuso sexual

    infantil ou para indicar uma interdio de algum

    considerado incapaz juridicamente, sem que hou-

    vesse evidncias empricas que sustentassem tais

    hipteses. Hoje, de posse de informaes sobre

    as qualidades psicomtricas dos testes (fidedig-

    nidade, tipos de validade apresentadas, contexto

    de normatizao, etc.), possvel aos profissionais

    decidir quais os melhores instrumentos utilizar em

    cada contexto para fornecer diagnsticos e prog-

    nsticos mais confiveis e propor intervenesque sejam mais adequadas s peculiaridades do

    caso avaliado. Nesse ensejo, a Avaliao Psicolgi-

    ca um recurso promotor da ateno aos Direitos

    Humanos, uma vez que viabiliza que os indivduos

    que apresentam demanda possam ser encaminha-

    dos a tratamento condizente com seu quadro. Em

    acrscimo, ajuda a evitar que os mesmos sejam

    submetidos a tratamentos incuos.

    No obstante, contudo, s mudanas da reae aos esforos para qualificao dos instrumen-

    tos psicolgicos, na prtica profissional ainda so

    recorrentes os dilemas ticos em relao s situa-

    es especficas de exerccio da profisso. Por con-

    ta dessas dvidas, imprescindvel a criao de

    fruns que fomentem discusses sobre a relao

    entre tica, direitos humanos e a prtica da avalia-

    o psicolgica e que instrumentalizem os profis-

    sionais em nvel de formao continuada. A ampli-

    tude dessas discusses vai alm da prtica isolada

    dos psiclogos e, em seu conjunto, subsidia a orga-nizao de polticas pblicas que atendam s reais

    demandas de sade e cidadania da populao.

    Muitos so ainda os desafios, especialmente

    no que diz respeito formao de um profissional

    qualificado para o exerccio de sua profisso, mas

    grandes passos nesta direo esto sendo dados.

    A autora agradece pela reviso de

    Ana Cristina Pedron

    1 Psicloga, mestre e doutora em Psicologia pela Universidade Federaldo Rio Grande do Sul (UFRGS), com ps-doutorado em Psicologia pelaUFRGS (concludo) e pela Universidade So Francisco (em andamento).Professora de Graduao e Ps-Graduao da Universidade Federal deCincias da Sade de Porto Alegre (UFCSPA). Diretora do curso de Psico-logia UFCSPA. Presidente do Instituto Brasileiro de Avaliao Psicolgica(IBAP). Membro da Comisso Consultiva de Avaliao Psicolgica doConselho Federal de Psicologia (SATEPSI). Bolsista de Produtividade doCNPq e pesquisadora da FAPERGS.

    RefernciasAnache, A. & Correa, F. (2010). As polticas do Conselho Federal de Psico-logia para a Avaliao Psicolgica. Em: Conselho Federal de Psicologia(Org.). Avaliao Psicolgica: Diretrizes na regulamentao da profis-so. Braslia: CFP.

    Anache, A. & Reppold, C. (2010). Avaliao Psicolgica: Implicaes

    ticas. Em: Conselho Federal de Psicologia (Org.).Avaliao Psicolgica:Diretrizes na regulamentao da profisso (pp. 57-85). Braslia: CFP.

    Conselho Federal de Psicologia (2003). Resoluo CFP n007/2003.Define e regulamenta o uso, a elaborao e a comercializao de testespsicolgicos e revoga a Resoluo CFP n 025/2001. Recuperado em 14de abril de 2011, de http://www.pol.org.br/pol/export/sites/default/pol/legislacao/legislacaoDocumentos/resolucao2003_02.pdf

    Conselho Federal de Psicologia (2005). Resoluo CFP n010/2005.Aprova o Cdigo de tica Profissional do Psiclogo. Braslia, DF: Recupe-rado em 14 de abril de 2011, de http://www.pol.org.br/pol/export/sites/default/pol/legislacao/legislacaoDocumentos/resolucao2005_10.pdf

    Noronha, A. P. P. & Reppold, C. (2010). Consideraes sobre a AvaliaoPsicolgica no Brasil. Psicologia: Cincia e Profisso, 30,192-201.

    Nunes, C. H. & Primi, R. (2010). Aspectos tcnicos e conceituais da fichade avaliao dos testes psicolgicos. Em: Conselho Federal de Psicologia(Org.). Avaliao Psicolgica: Diretrizes na regulamentao da profisso(pp. 101-128). Braslia: CFP.

    Primi, R. (2010). Avaliao psicolgica no Brasil: Fundamentos, situaoatual e direes para o futuro. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 26, 25-35.

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    gica Contribuies da Psicologia no campo

    prisional: desafios e possibilidadesAna Paula de Lima1, Ivarlete Guimares de Frana2, Jeferson Reichert Dutra3,

    Elsa Anlia Bandeira de Menezes4, Pedro Jos Pacheco5

    ORio Grande do Sul realizou o primeiroconcurso para psiclogo do SistemaPrisional ao final da dcada de 90.Na virada do milnio, psiclogos que traba-lham com pessoas aprisionadas inauguraramem 2001 no CRPRS o Grupo de Trabalho dosPsiclogos do Sistema Prisional. Construofeita em conjunto com o rgo que fiscaliza,

    orienta e regulamenta o fazer profissional dacategoria e pautada inicialmente pela cons-truo de espao de garantias frente aos di-reitos humanos do sujeito encarcerado, tomarcadamente vulnerabilizado. Agresses,torturas e violaes de direitos levaram ospsiclogos a se colocarem neste cenrio, re-avaliando, sobretudo, posturas e ticas pro-fissionais cotidianas. Paralelamente, o fazerprofissional foi encorpando neste espao deconstruo coletiva da categoria e mantmdiscusses regionais atravs do GT, eventose fruns realizados no Estado e no pas. Umaquesto amplamente debatida diz respeitos avaliaes psicolgicas de pessoas apri-sionadas para fins de concesso de direitos/benefcios durante a execuo penal. Temamuitas vezes controverso, especificamenteno campo prisional, o chamado exame cri-minolgico mostrou-se alvo central dessedebate. Isso porque se baseava no binmiodelito-delinquente, dade prejudicada teri-ca-eticamente em razo da naturalizao docrime frente a um esquecimento (proposi-tal?) das perverses intrnsecas ao modo depunir no Brasil. Nada de responsabilidadesdo que produz a sociedade; pouca visibilida-de para o degradante abandono da realidadesocial e prisional brasileira. Tal avaliao, an-

    corada em medidas diagnsticas e progns-ticas, induzia profissionais ao erro, quandose apresentavam como modelo de avaliaopara dar conta da diminuio da criminalida-

    de contempornea. Por meio da utilizao desaberes cientficos ocorreram prejuzos nosdireitos/benefcios e, consequentemente, au-mento de encarceramento e manuteno daexcluso de pessoas identificadas naquelemodo de avaliao punitiva. As prticas ava-liativas psi no devem relacionar sua utiliza-o a procedimentos de prognose de reinci-

    dncia ou a qualquer efeito que aumente osofrimento do sujeito avaliado.

    Em 2007, o CFP deu um importante passoao mapear o fazer profissional no Sistema Pri-sional. Lanando em parceria com o Depar-tamento Penitencirio Nacional as Diretrizespara a atuao e formao dos psiclogosdo sistema prisional brasileiro, apontou umnorte diferenciado ao fazer profissional, comindicativo de extino dos exames crimino-lgicos. Assim, em 2010, com a Resoluo n09/2010 do CFP, os psiclogos que trabalhamno Sistema Prisional avanaram na direo daconstruo de uma nova prtica dentro dasinstituies, honrando seus papis e afazerespertinentes a sua rea. Ao considerar o PlanoNacional de Sade no Sistema Penitencirioe a Lei da Reforma Psiquitrica, as prticaspsi nas prises, direcionadas pela Resoluo,tornaram-se viveis e ticas, desconstruindo

    velhas prticas de alguns profissionais queocupavam outros lugares no devidos comode vigilncia, de controle e de punio, as-pectos to marcadamente arraigados no con-texto do exame criminolgico. A Resoluocolocou o profissional psi do campo prisio-nal frente a sua real possibilidade de inter-

    veno, vindo a avalizar prticas de respeito humanidade do sujeito preso, que cabem

    Psicologia no contexto das penas privativasde liberdade e das medidas de segurana.Contudo, tal Resoluo provocou comoo

    nacional. Operadores da justia meramente

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    1 Psicloga, integrante do GT Sistema Prisional do CRPRS.2 Psicloga, integrante do GT Sistema Prisional do CRPRS.3 Psiclogo, integrante do GT Sistema Prisional do CRPRS.4 Psicloga, integrante do GT Sistema Prisional do CRPRS.5 Psiclogo, conselheiro do CRPRS , integrante do GT SistemaPrisional do CRPRS.

    punitivista vieram a pblico reivindicar aopsiclogo seu lugar de assistente (subalter-no) de juzes e promotores, desconsiderandoo dizer dos psiclogos que reivindicavam seudireito em garantir ao sujeito preso assistn-

    cia sade, e reconstruo da cidadanianuma perspectiva de ateno integral, ouseja, prticas de tratamento penal. Psiclogosforam ameaados; outros, punidos com san-es disciplinares e judiciais por tentaremdar voz legtima e reconhecida Resoluo.Porm, a mesma prtica que encarcera emmassa em nosso pas, que coloca em con-dies subumanas mais de meio milho depessoas promoveu a (re)construo da refe-

    rida Resoluo. Novos debates e discussesse aquiesceram e, no corrente ano, o CFP edi-tou a nova Resoluo na qual hoje (re)vigoraa questo da Avaliao Psicolgica no campoprisional. Luz criminalizao do fazer psinesse campo, ao denunciar prticas descom-prometidas com a tica profissional e comgarantias mnimas previstas constitucional-mente aos presos no Brasil, a nova redao daResoluo n 012/2011 em seu artigo 4 diz

    que ainda cabe ao psiclogo em sua atuaono sistema prisional subsidiar a deciso ju-dicial na execuo da pena e das medidas deseguranas. Da mesma forma, na letra bdo referido artigo reedita-se a elaborao doexame criminolgico, sob a alcunha de pe-rcia psicolgica, marcando os retrocessos edesafios colocados hoje categoria: continu-ar o psiclogo no campo prisional a tratardas questes sociais e institucionais de seu

    pas como casos exclusivamente de polcia ede punio individual?

    Sobre os limites da atuao profissional,determinados nesta resoluo, apontando aConstituio Federal, os princpios e diretri-zes do SUS, as regras mnimas para o trata-mento do preso, as diretrizes para atuao eformao dos psiclogos no Sistema Prisionale o Cdigo de tica Profissional, como nor-teadores da construo de prticas e elabo-rao de documentos escritos ao Judicirio,esses revelam a urgncia de novos direcio-namentos da questo da Avaliao Psicolgi-ca na rea prisional. Com o redirecionamen-

    to do campo avaliativo para o da sade e daateno ao sujeito aprisionado marca-se agarantia que o psiclogo no ser cmpliceda barbrie prisional em que nos encontra-mos, avesso a isso, possa concentrar-se em

    intervenes que amenizem os efeitos da pri-sionizao e fortalea a construo de umasociedade mais justa e menos desigual.

    O debate no est encerrado com estanova Resoluo. A Psicologia permanece de-bruada sobre os condicionantes sociais doencarceramento. Importante reconhecer quea concepo de (in)justia social no igualpara todos, depende do paradigma adotado,e que uma anlise apenas sobre os fatores

    de risco no gera impacto na determinaosocial da vulnerabilidade, sendo preciso umareleitura sobre as concepes ticas e pol-ticas que sustentam a cultura das desigual-dades que excluem as diferenas (Fleury, T.Paulo, 2009). Os condicionantes sociais de-

    vem ser analisados para alm das carnciassociais, luz de um status quo que marca aposio reservada a cada sujeito e a cadagrupo social, tornando possvel evidenciar

    que os aparatos jurdicos (penais e psis) his-toricamente obedeceram a esta lgica. Esteolhar crtico e reflexivo, presente no mbitode uma Psicologia implicada com a emanci-pao da sociedade e respeito dignidadedo sujeito, impe produzir rompimentos quepossibilitem a construo de novas prticas

    voltadas s prises gachas e brasileiras.Este o nosso desafio.

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    temaprisional Psiclogos do Sistema Prisional buscam

    esclarecer dvidas em seminrio

    Seminrio abordou as implicaes da Resoluo n 012/2011, que estabelece novosparmetros para a atuao dos psiclogos no Sistema Prisional.

    Cerca de 80 psiclogos que atuam no Siste-ma Prisional participaram em 30 de junhode seminrio para abordar a Resoluo n012/2011, que regulamenta a atuao dos psiclo-gos no Sistema Prisional (confira ntegra na pginaao lado). O encontro, organizado pelo CRPRS soba coordenao da Conselheira e Coordenadorado Grupo de Trabalho do Sistema Prisional, Ma-

    ria de Ftima Bueno Fischer, visou a esclareceras dvidas dos psiclogos do Sistema Prisional arespeito da elaborao de documentos psicol-gicos que servem como subsdio para decisesjudiciais na execuo das penas ou nas medidasde segurana.

    O coordenador tcnico do CRPRS, Lucio Fer-nando Garcia, apresentou o contedo da Resolu-o n 012/2011 e lembrou o papel dos conselhosna regulamentao das atividades profissionais.A Constituio Federal estabelece a liberdadedo exerccio profissional dentro de critrios defi-nidos por lei. Neste sentido, as resolues publi-cadas pelo Conselho Federal de Psicologia, queestabelecem os parmetros ticos e tcnicos daprofisso, tm fora legal, salientou.

    O advogado Salo de Carvalho, que partici-pou dos debates do Sistema Conselhos a respei-to da atuao da Psicologia no Sistema Prisional,contribuiu para o esclarecimento das dvidas. Arespeito da elaborao de prognsticos de rein-

    cidncia, vedada pela resoluo e solicitada pordeterminados juzes, Carvalho aponta uma res-posta possvel: No h consenso na cincia psi-colgica sobre a eficcia dos instrumentos destetipo de avaliao, realidade que foi levada emconsiderao pelo Conselho Federal de Psicolo-gia ao publicar esta resoluo. Logo, prudenteque o psiclogo no realize este tipo de anlise.

    A assessora jurdica do CRPRS, Mariana deAssis Brasil, chamou a ateno para a fora dacategoria contra os constrangimentos que visama distorcer sua prtica profissional. Os psiclo-gos tm o direito de se posicionarem contra asdemandas que contrariem seu saber, pois estorespaldados na regulamentao da sua profisso.No razovel haver a sobreposio do saber ju-rdico ao saber psicolgico, afirmou.

    No fechamento do seminrio, a ConselheiraLoiva Leite reafirmou o compromisso do CRPRSem esclarecer e orientar os profissionais sobre anova resoluo. O Conselho est atento realida-de dos psiclogos do Sistema Prisional. Fica aber-ta a possibilidade de novos encontros para acom-panhar o processo de aplicao da resoluo eorientar os profissionais para novas situaes queocorrerem, ressaltou.

    Nota pblicaO Conselho Federal de Psicologia publicou

    em 8 de julho nota pblica de esclarecimentossobre a Resoluo n 012/2011. No texto, o CFP

    contextualiza o processo de debates com o en-volvimento da categoria, sociedade civil e poderpblico, a respeito da regulamentao da atuaodos psiclogos no Sistema Prisional.

    A nota tambm esclarece as implicaes da re-soluo no cotidiano de trabalho dos profissionais.Em relao aos documentos que visam a subsidiara deciso judicial na execuo das penas e medi-das de segurana, a nota refora que ficam veda-das a anlise preditiva de reincidncia, a aferiode periculosidade e o estabelecimento do nexocausal a partir do binmio delito-delinquente.

    A ntegra da nota pode ser conferida no linkhttp://www.crprs.org.br/nota_publica_012-2011

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    temaprisional

    Resoluo CFP 012/2011

    O CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, no uso de suasatribuies legais e regimentais, que lhe so conferidas pelaLei n 5.766, de 20/12/1971;

    CONSIDERANDO o disposto no Art. 6, letra c, da Lei n5.766 de 20/12/1971, e o Art. 6, inciso V, do Decreto n 79.822de 17/6/1977;

    CONSIDERANDO que a Constituio Federal, em seu Art.196, bem como os princpios e diretrizes preconizados peloSistema nico de Sade (SUS), definem que a sade direitode todos e dever do Estado;

    CONSIDERANDO as Regras Mnimas para Tratamento doPreso no Brasil (Resoluo n 14 de 11/11/1994), resultante darecomendao do Comit Permanente de Preveno do Cri-me e Justia Penal da ONU, que estabelece em seu Art. 15 aassistncia psicolgica como direito da pessoa presa;

    CONSIDERANDO as Diretrizes para Atuao e Formao

    dos Psiclogos do Sistema Prisional Brasileiro, elaboradaspelo Ministrio da Justia, Departamento Penitencirio Nacio-nal (Depen) e o Conselho Federal de Psicologia (CFP);

    CONSIDERANDO que as questes relativas ao encarcera-mento devem ser compreendidas em sua complexidade e comoum processo que engendra a marginalizao e a excluso social;

    CONSIDERANDO que a Psicologia, como Cincia e Pro-fisso, posiciona-se pelo compromisso social da categoria emrelao s proposies alternativas pena privativa de liber-dade, alm de fortalecer a luta pela garantia de direitos huma-nos nas instituies em que h privao de liberdade;

    CONSIDERANDO que as(os) psiclogas(os) atuarosegundo os princpios do seu Cdigo de tica Profissional,notadamente aqueles que se fundamentam no respeito e napromoo da liberdade, da dignidade, da igualdade e da inte-gridade do ser humano, conforme a Declarao Universal dosDireitos Humanos;

    CONSIDERANDO o processo de profcua interlocuocom a categoria, as teses aprovadas no IV, V, VI e VII CongressoNacional de Psicologia (CNP), relativas ao sistema prisional,com o objetivo de regulamentar a prtica profissional da(o)psicloga(o) no mbito do sistema prisional;

    CONSIDERANDO deciso desta Diretoria, ad referendumdo Plenrio do Conselho Federal de Psicologia, em reunio re-alizada no dia 25 de maio de 2011.

    RESOLVE:Art. 1.Em todas as prticas no mbito do sistema prisio-

    nal, a(o) psicloga(o) dever respeitar e promover:a) Os direitos humanos dos sujeitos em privao de liber-

    dade, atuando em mbito institucional e interdisciplinar;b) Os processos de construo da cidadania, em contra-

    posio cultura de primazia da segurana, de vingana so-

    cial e de disciplinarizao do indivduo;c) A desconstruo do conceito de que o crime est relaciona-do unicamente patologia ou histria individual, enfatizando osdispositivos sociais que promovem o processo de criminalizao;

    d) A construo de estratgias que visem ao fortalecimentodos laos sociais e uma participao maior dos sujeitos por meiode projetos interdisciplinares que tenham por objetivo o resgateda cidadania e a insero na sociedade extramuros.

    Art. 2. Em relao atuao com a populao emprivao de liberdade ou em medida de segurana, a(o)psicloga(o) dever:

    a) Compreender os sujeitos na sua totalidade histrica,social, cultural, humana e emocional;

    b) Promover prticas que potencializem a vida em liber-dade, de modo a construir e fortalecer dispositivos que esti-mulem a autonomia e a expresso da individualidade dos en-volvidos no atendimento;

    c) Construir dispositivos de superao das lgicas mani-questas que atuam na instituio e na sociedade, principal-mente com relao a projetos de sade e reintegrao social;

    d) Atuar na promoo de sade mental, a partir dos pres-supostos antimanicomiais, tendo como referncia fundamen-tal a Lei da Reforma Psiquitrica, Lei n 10.216/2001, visando

    a favorecer a criao ou o fortalecimento dos laos sociais ecomunitrios e a ateno integral;

    e) Desenvolver e participar da construo de redes nosservios pblicos de sade/sade mental para as pessoas em

    cumprimento de pena (privativa de liberdade e restritiva dedireitos), bem como de medidas de segurana;

    f) Ter autonomia terica, tcnica e metodolgica, de acordocom os princpios tico-polticos que norteiam a profisso.

    Pargrafo nico: vedado (ao) psicloga(o) participarde procedimentos que envolvam as prticas de carter punitivoe disciplinar, notadamente os de apurao de faltas disciplinares.

    Art. 3. Em relao atuao como gestor, a(o)psicloga(o) dever:

    a) Considerar as polticas pblicas, principalmente no to-cante sade integral, assistncia social e aos direitos huma-nos no mbito do sistema prisional, nas propostas e projetos aser implementados no contexto prisional;

    b) Contribuir na elaborao e proposio de modelos deatuao que combatam a culpabilizao do indivduo, a exclu-so social e mecanismos coercitivos e punitivos;

    c) Promover aes que facilitem as relaes de articula-o interpessoal, intersetorial e interinstitucional;d) Considerar que as atribuies administrativas do car-

    go ocupado na gesto no se sobrepem s determinaescontidas no Cdigo de tica Profissional e nas resolues doConselho Federal de Psicologia.

    Art. 4. Em relao elaborao de documentos escritospara subsidiar a deciso judicial na execuo das penas e dasmedidas de segurana:

    a) A produo de documentos escritos com a finalida-de exposta no caput deste artigo no poder ser realizadapela(o) psicloga(o) que atua como profissional de refernciapara o acompanhamento da pessoa em cumprimento da penaou medida de segurana, em quaisquer modalidades comoateno psicossocial, ateno sade integral, projetos dereintegrao social, entre outros.

    b) A partir da deciso judicial fundamentada que deter-

    mina a elaborao do exame criminolgico ou outros docu-mentos escritos com a finalidade de instruir processo de exe-cuo penal, excetuadas as situaes previstas na alnea a,caber (ao) psicloga(o) somente realizar a percia psicol-gica, a partir dos quesitos elaborados pelo demandante e den-tro dos parmetros tcnico-cientficos e ticos da profisso.

    1. Na percia psicolgica realizada no contexto da execu-o penal ficam vedadas a elaborao de prognstico criminol-gico de reincidncia, a aferio de periculosidade e o estabele-cimento de nexo causal a partir do binmio delito-delinquente.

    2. Cabe (ao) psicloga(o) que atuar como perita(o)respeitar o direito ao contraditrio da pessoa em cumprimen-to de pena ou medida de segurana.

    Art. 5. Na atuao com outros segmentos ou reas, a(o)psicloga(o) dever:

    a) Visar reconstruo de laos comunitrios, sociais e

    familiares no atendimento a egressos e familiares daquelesque ainda esto em privao de liberdade;b) Atentar para os limites que se impem realizao de

    atendimentos a colegas de trabalho, sendo seu dever apontara incompatibilidade de papis ao ser convocado a assumir talresponsabilidade.

    Art. 6. Toda e qualquer atividade psicolgica no mbi-to do sistema prisional dever seguir os itens determinadosnesta resoluo.

    Pargrafo nico A no observncia da presente nor-ma constitui falta tico-disciplinar, passvel de capitulao nosdispositivos referentes ao exerccio profissional do Cdigode tica Profissional do Psiclogo, sem prejuzo de outros quepossam ser arguidos.

    Art. 7.Esta resoluo entrar em vigor no dia 2 de junhode 2011.

    Art. 8. Revogam-se as disposies em contrrio, em es-

    pecial a Resoluo CFP n 009/2010.

    Braslia, 25 de maio de 2011.

    HUMBERTO VERONAPresidente

    Regulamenta a atuaoda(o) psicloga(o) no mbito dosistema prisional

  • 7/30/2019 Entrelinhas AP

    20/2420

    espet

    culo

    A tcnica, a loucura e aarte da Accademia della Follia

    A arte invade o presdio, o manicmio e a universidade

    O grupo teatral italiano emocionou centenas de gachos com o espetculo Extravagncia.

    Centenas de pessoas prestigiaram em

    18 de junho o espetculo Extravagn-cia, promovido pelos loucos-atores do

    grupo teatral italiano Accademia della Follia. Avinda da companhia a Porto Alegre (RS), comapresentao de duas sesses no Teatro daAMRIGS, foi possibilitada pelo apoio do Con-selho Federal de Psicologia, Conselho Regio-nal de Psicologia do Rio Grande do Sul e Se-cretaria Estadual da Sade.

    Agradecendo a presena dos espectadores,a Conselheira Presidente do CRPRS, Vera Lcia

    Pasini, lembrou dos esforos para trazer a com-panhia ao Brasil. Esta uma noite de sonho. Umsonho que foi construdo desde o ano passado,quando soubemos da existncia da Accademiadella Follia e trabalhamos para que eles pudes-sem estar aqui em Porto Alegre. Com o apoio do

    Conselho Federal de Psicologia e a Secretaria

    Estadual da Sade, pudemos realizar hoje o so-nho deste belo espetculo, afirmou.

    A diretora do Departamento de Aes emSade, Sandra Fagundes, elogiou a proposta dacompanhia, baseada na combinao entre loucu-ra e arte: A Accademia della Follia mostra que possvel construir um outro mundo onde caibamas diferenas, com espao para uma esttica pro-duzida pela liberdade.

    O espetculo em portugus teve a orientaodo mestre Claudio Misculin, que esteve ligado a

    Franco Basaglia durante o perodo de desinstitu-cionalizao dos manicmios da Itlia. A compa-nhia, que j fez apresentaes em Braslia (DF) eSo Leopoldo (RS), segue sua turn nas cidadesde Aracaj (SE), So Paulo (SP), Rio de Janeiro(RJ), Belo Horizonte (MG) e Ouro Preto (MG).

    Alm da apresentao no teatro da AMRIGS, os inte-

    grantes da Accademia della Follia aproveitaram a vinda

    capital gacha para compartilharem suas experinciasem trs oportunidades. Com a organizao das Conse-

    lheiras do CRPRS Loiva Leite e Maria de Ftima Bueno

    Fischer, os loucos-atores participaram de debates com

    estudantes e profissionais no Instituto de Psicologia

    da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com

    usurios do Hospital Psiquitrico So Pedro e com pro-

    fissionais da Penitenciria Feminina Madre Pelletier.

    O diretor e ator do grupo, Claudio Misculin, falou

    sobre a proposta da Accademia: Em nosso teatro, ns

    apresentamos o valor cultural da loucura. A loucura um

    dom especial do ser humano. um patrimnio do indi-vduo. Uns reprimem, alguns escondem, outros negam.

    Ns somos diferentes: ns somos loucos, e no doentes.

    A produtora Cinzia Quintiliani reitera que o grupo

    no se reveste de um carter teraputico , mas artstico

    e profissional. Se um interessado deseja ingressar na

    Accademia, deve seguir todas as nossas rotinas de tra-

    balho. Louco, viciado, no nos importa o que a pessoa. Quando subimos no palco, ns somos, antes de tudo,

    atores, enfatizou.

  • 7/30/2019 Entrelinhas AP

    21/2421

    Profissionais, estudantes e usurios dos serviosde Sade Mental lotaram em 3 junho o auditrio daFundao Estadual de Pesquisa Agropecuria paraparticipar do II Seminrio Internacional Loucospela Vida 20 Anos de Construo Coletiva.

    O encontro contou com a participao do mdicopsiquiatra e coordenador da Conferncia Permanen-te para Sade Mental no Mundo, Franco Rotelli, dovice-governador do Estado, Beto Grill, do jornalistaMarcos Rolim, do diretor do Hospital Psiquitrico So

    Atividades mobilizam profissionais noDia da Luta AntimanicomialSeminrios promovidos pelo CRPRS na Capital e Interior promoveram debates sobre prticas

    em sade mental e avanos da Reforma Psiquitrica.

    lutaa

    ntimanico

    mial

    Odia 18 de maio Dia Nacional da LutaAntimanicomial foi marcado por umasrie de encontros promovidos na sededo CRPRS e no interior do Estado. Em Porto Ale-gre, a Comisso de Polticas Pblicas da entida-de reuniu profissionais, estudantes e usurios emReunio Temtica para um debate sobre novasprticas de cuidado em sade mental.

    Na ocasio, a psicloga Fernanda FontanaStreppel apresentou o trabalho Potncia Mentalno ar... rdio-acontecimento em sade mental,que aborda a experincia do Coletivo PotnciaMental, rdio comunitria de Porto Alegre coma participao dos usurios. Em seu trabalho,Fernanda contextualizou a histria do coletivo,que surgiu em 2006, e refletiu sobre os papis deprofissionais e usurios. No Potncia Mental, to-dos assumem o papel de locutores. Os profissio-nais e usurios esto, ao mesmo tempo, prximose distantes, mas sempre voltados para a tarefa defazer rdio, salientou.

    Alm desta experincia, foi apresentado otrabalho da equipe do Ponto de Cultura e SadeFalando a gente se entende, do Grupo Hospi-talar Conceio, que realiza o programa de rdioQuartas Intenes na rdio comunitria RubemBerta, em que desenvolvem atividades com usu-rios dos servios de sade mental do GHC.

    Os integrantes do grupo esclareceram queo propsito da rdio no