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Entrevista a Ana Reis

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Entrevista a Ana Reis, arquitecta actualmente a trabalhar para a Architecture for Humanity

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O medo de se acomodar a uma dita “vida fácil” foi um dos motoresque impulsionou a saída de Ana Reis de Portugal. Hoje, passados

cinco anos, e depois de ter passado pelo gabinete Foster + Partners,Adjaye Associates e de actualmente integrar a Architecture for Huma-nity, sente que todas as experiências que tem tido a enriqueceram pes-soal e profissionalmente. Contudo, disse à Traço, que um dia voltará

para Portugal para colocar em prática tudo o que aprendeu

Texto: Ana Rita Sevilha | Fotos: D.R.

Ana Reis

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Formaste-te no Porto, mas aca-baste por rumar a Londres.

Recordas-te o que te levou a ir?Sim claro! O receio de ficar no mesmo

sitio o resto da minha vida, e de olhar paratrás, passado uns anos e perceber que metinha acomodado a uma vida (na altura) ditafácil na função publica, a vontade de experi-mentar sair do País, nem que fosse por umano uma vez que não tinha feito nenhumErasmus e o fascínio que sempre tive porLondres.

Estive cinco anos na CMFF no Departa -mento de Estudos e Projectos, onde adquiriuma experiência de obra e projecto a quemuitos colegas meus não tinham acesso atrabalhar em escritórios, digamos conven-cionais. Tive a sorte de ter um presidente queconfiou em mim e de trabalhar com umaequipa muito jovem de arquitectos, enge-nheiros e topógrafos, que tinham uma von-tade imensa de “fazer coisas”. Perdi o mitode que na função pública “não se fazia nada”.Nos cinco anos que lá estive trabalheiimenso, estive envolvida numa série de pro-jectos bastante diversificados, desde recupe-rações, a arranjos exteriores ou projectos deraiz. Basicamente desenvolvi e acompanheicada projecto desde o primeiro esquiço até àsua completa construção.

Comecei, no entanto, a sentir que preci-sava de algo mais, tanto em termos profis-sionais como pessoais e quando estava emvias de assinar um contrato “para a vida”, de-cidi tentar dar um rumo diferente à minhavida e ver o que acontecia antes de me aco-modar a uma vida pacata na Figueira na Foze concorri para Londres. Surpreendente -mente chamaram-me para entrevistas dosdois únicos escritórios que eu tinha concor-rido.

Acabaste por ficar por lá e trabalharem gabinetes como Foster+Partners eAdjaye Associates.

Como foram estas experiências e oque retiraste de cada uma delas?Um dos escritórios que mostrou interessena minha candidatura foi precisamente oF+P. Acabei por ficar a trabalhar por lá,num escritório com umas 800 pessoas vin-das de todo o mundo, com vista para o Tha-mes. Imagina a sensação para quem comoeu tinha passado os últimos cinco anos naFigueira da Foz. A oferta que me fizeramera muito boa e teria sido disparatado daminha parte não a aproveitar . Claro queperdi a oportunidade de assinar o tal “con-trato para a vida”, mas ainda hoje acho quenão foi de todo uma decisão errada.Fiquei 1 ano no F+P, onde trabalhei como

nunca tinha trabalhado na vida. T odos osdias até às 10/11 da noite, jantar todos osdias no escritório, fins-de-semana no escri-tório. Basicamanente estar em Londres ouna China teria sido exactamente a mesmacoisa. Os projectos que estava a desenvol-ver eram todos para países nos Emirados,a equipa gigante e muito volúvel (pessoas asair todas as sextas-feiras e outras novas achegar todas as segundas-feiras, literal-mente!). Mas participei em proje ctos inte-ressantíssimos para os quais nunca teriacolaborado se tivesse ficado na Figueira daFoz, tais como o Projecto Masdar City.Passado um ano, depois de estar mais adap-tada e de perceber que me sentia bem ali eque a cidade ainda tinha muito para meoferecer, decidi concorrer então para um es-critório mais pequeno, que me desse maisperspectivas de futuro e acabei por traba-lhar para o gabinete do arquitecto DavidAdjaye, com o qual me identifico mais emtermos de linguagem arquitectónica. A ex-periência a trabalhar para o David foimuito boa e aprendi sem dúvida mais doque no escritório anterior , talvez por termais autonomia, por a equipa ser significa-tivamente mais pequena e por ter tido aoportunidade de trabalhar com pessoas quetinham acima de tudo uma admiraçãoimensa pelo trabalho do David.O que retirei de cada uma destas experiên-cias... acima de tudo,foi como se deve apre-sentar um projecto e defender uma ideia.Aprendi a ser mais competitiva e ambi-ciosa. Foram experiências muito diferentesmas que me permitiram conhecer imensagente que de certa forma moldaram o meupercurso ate hoje.

Posteriormente fundaste o atelierLangdon Reis Architects.

Os trabalhos do gabinete focam-semais em Portugal ou no estrangeiro?

Quais as principais dificuldades comque se têm deparado para garantir a sus-tentabilidade do mesmo?

O escritorio LRA surgiu por acaso. En-quanto trabalhei no David Adjaye, conheci oRoss e o Matthias, um australiano e o outroalemão, respectivamente. Surgiu a ideia defazermos um concurso para um quarteirãocultural na Noruega nos tempos livres e aca-bamos por ganhar a 1ª fase do concurso.

Para sermos admitidos na 2ª fase, um dosrequisitos era que fossemos uma empresa le-galmente registada e não apenas um “grupode amigos que se juntou para se divertir nostempos livres no Inverno londrino” e claroque não hesitámos e decidimos arriscar. Noespaço de duas semanas saímos do escritó-

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rio em que estávamos, formámos uma em-presa, desenhamos um website e cartões devisita. O projecto estava a ser publicado emtodo o lado e como tínhamos a 2ª fase pelafrente e não podíamos trabalhar de casa, alu-gamos um pequeno escritório em Bricklane,um espaço partilhado com umas cabeleirei-ras japonesas. Entretanto fomos a Bodø (avila onde o projecto iria ser desenvolvido) re-ceber o prémio da 1ª fase, a Oslo procuraruma equipa norueguesa de arquitectos queestivessem interessados em colaborar con-nosco, uma vez que era um requisito e a Arupcontactou-nos a oferecer-se para colaborarconnosco. Estava tudo a postos para come-çar então a 2ª fase do projecto, mas, comoéhabitual em arquitectura, esta fase foi sendoadiada e para não ficarmos parados fizemosmais um concurso e acabámos por receberuma menção honrosa.

Acabámos por não ganhar a 2ª fase , masnem por isso desistimos. Já tínhamos onome, o feedbak era bom e outras oportuni-dades foram surgindo, um concurso por con-vite na Noruega também, uma pequenaremodelação de uma casa no Norte de Lon-dres, outro concurso na Polónia e finalmenteo Europan11 em 2010, em Vardø, no ArticoNorueguês, que ganhámos.

Como sabes, o Europan tem sido uma pla-taforma de lançamento para inúmeros ar -quitectos europeus e nós tentámos agarrar a

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desumano. Ao nível de oportunidades, eu sou uma

eterna optimista e penso que as oportunida -des são as pessoas que as criam e tanto fazestar em Portugal como no estrangeiro. Claroque depende do mercado e dos objectivos decada um. Neste momento e pelo que tenholido e ouvido, é difícil em Portugal ter trabalhoem gabinetes de arquitectura como assistentee por isso e difícil para quem esta a começare precisa de fazer um estágio profissional emencontrar quem os acolha. A função pública,que absorveu durante tantos anos tanta gente,também esta superlotada ou sem trabalhomas hoje em dia, não faz sentido nenhumficar cingido a um país e cruzar os braços. Amobilidade de pessoas entre países é imensa,e só tens essa noção quando efectivamentesais do país e de repente te apercebes quetodos os teus colegas antes de estarem ali, jáviveram em pelo menos dois ou três países,seja a trabalhar ou a estudar.

Sempre que vejo noticias nos canais por -tugueses, ou leio na Internet os jornais, o as-sunto acaba sempre no maior número dejovens licenciados que tem de sair do paíspara encontrar emprego mas nunca falamnos que entretanto voltaram, depois de teremexperiências no estrangeiro e decidiram ar -riscar começar de novo em Portugal, mesmoem tempo de crise económica, ou dos que fi-caram e estão efectivamente a ter novasideias e a trabalhar.

O Porto é um bom exemplo disso. Sempreque lá vou fico com vontade de voltar , preci-samente porque sinto que há coisas a aconte-cer na cidade, muitas delas ideias importadasdo estrangeiro por pessoas que como eu tive-ram experiências profissionais em cidadescomo Barcelona, Berlim ou Londres. E essasideias vão desde escritórios de arquitecturaque oferecem serviços mais abrangentes, amercados de rua, restaurantes, eventos artís-ticos, etc, etc.. Muitas destas pessoas são ar-quitectos, mas quando voltaram nem lhespassou pela cabeça procurar trabalho comoassistentes em escritórios, mas sim, criar assuas próprias oportunidades, arriscar. Alémdisso, a Internet permite-te voltar a casa, estarem Portugal, teres alguma qualidade de vidaque às vezes é tão difícil ter lá fora e estar li-gada com o resto do mundo.

Integraste a Architecture for Huma-nity e actualmente estás em Cabo Verde.

Como surgiu esta oportunidade?Como é o dia-a-dia num projecto como

este?Em que trabalhos estás actualmente

envolvida?Ainda não estou em Cabo V erde, mas

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oportunidade o melhor que soubemos. Denovo inúmeras viagens à Noruega, apresen-tações, reuniões, etc, etc, mas o projecto aca-bou por não avançar.Chegou então a altura de repensar se vale-ria a pena continuar a apostar no escritó-rio e procurar novos projectos, maspassado dois anos, depois de perder o 3ºelemento da equipa (o Matthias tinha en-tretanto resolvido voltar para a Alemanha)e principalmente devido às cada vez maio-res dificuldades económicas, decidimosparar por uns tempos e lançarmo-nos emexperiências diferentes: O Ross teve umaoportunidade de trabalho no Uganda paradesenvolver projectos para uma empresade safaris e eu continuei em Londres a tra-balhar como freelancer e tirei um Mes-trado.O que era suposto ser um intervalo de umano, acabou por se estender até hoje. (ORoss ainda está em Africa e agora tambémeu me mudei para aqui) e por isso recente-mente decidimos fechar a LRA.Se me perguntares se teria sido possívelmanter a sustentabilidade da LRA... sim,talvez, mas o escritório foi montado apenaspara desenvolver o concurso inicial, tudo oresto surgiu um pouco por acréscimo ecomo não tivemos a sorte de efectivamenteconstruir nenhum dos projectos/concursosem que estivemos envolvidos, acabámos

por procurar alternativas.Já estiveste em Portugal a estudar e a

trabalhar, e igualmente no estrangeiro.Quais as principais diferenças?Que oportunidades poderá haver aqui

que não há lá fora e vice-versa?Para um arquitecto em início de car -

reira, onde é mais fácil começar?A competitividade no estrangeiro é muito

maior. E nós não estamos preparados paraela. Tanto nos escritórios em que trabalheicomo na Universidade tive essa sensação.

No estrangeiro promove-se mais a discus-são e inclui-se nessa discussão todas as par-tes envolvidas. Questiona-se mais, pensa-semais a longo prazo. Na Universidade, desen-volve-se o poder de argumentação e discu-tem-se ideias, mais do que em Portugal, Nosescritórios há uma atitude muito mais prag-mática e práctica face aos projectos. Háacima de tudo um respeito e reconhecimentomaior pelo trabalho desenvolvido, é maisfácil progredir na carreira e esse reconheci-mento reflecte-se também nos salários (umassistente não recebe o mesmo que uma em-pregada de limpeza, como acontece muitasvezes em Portugal e sabe que se fizer umbom trabalho, será mais tarde ou mais cedoreconhecido e eventualmente progredir den-tro da empresa e ter mais responsabilidades)mas há também uma sensação constante deque se errarmos, somos substituíveis. É mais

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mudar-me-ei para lá em Abril. O projecto queestou a desenvolver é de facto em Cabo Verde,mas as primeiras fases a são desenvolvidas apartir da sede do programa que está na Ci-dade do Cabo, na África do Sul, que é ondeneste momento estou, desde Outubro de 2011.

A oportunidade AfH, surgiu, lá está, por -que a procurei, porque conheci alguém queme despertou alguma curiosidade por traba-lhos desenvolvidos em ONG’s na área da ar-quitectura, porque estava a necessitar deuma experiência nova e acima de tudo por -que cheguei a um ponto na minha carreiraem que por um lado sabia que não queriavoltar a trabalhar para nenhum escritório, epor outro lado a situação económica euro-peia não era a ideial para abrir um escritóriode arquitectura, principalmente sem um pro-jecto que o sustentasse. Fiz alguma pesquisae encontrei a AfH, que coincidentemente es-tava à procura de arquitectos para colaborarnum projecto com parceria da FIF A masnum regime de voluntariado. Enviei o CV eacabei por ter uma entrevista via Skype queacabou numa oferta de emprego. Passadoduas semanas estava na Cidade do Cabo.O programa em que estou envolvida “20centres to 2010” consiste na construção de20 equipamentos desportivos em 20 cida-des africanas e e uma herança do Mundialde Futebol na África do Sul e patrocinadapela FIFA. Basicamente a ideia é construirestes centros em comunidades carenciadase que tenham já em funcionamento asso-ciações de apoio a crianças e que estejamde alguma forma ligadas a actividades des-portivas. Cada projecto, consiste na cons-

trução de um campo de futebol de 5 e numedifício de apoio com um máximo de180m2, que responde às necessidades es-pecíficas dessa comunidade, sejam elas deeducação ou de saúde pública. No caso docentro em Cabo Verde, no Tarrafal da Ilhade Santiago, o centro vais ser construidonuma associação de apoio a crianças jáexistente e o edifício vai dotar o espaço comuma biblioteca, para já inexistente, e umasala polivalente para eventos variados.O projecto é super interessante e está a des-pertar o meu interesse para estas questõesde resposta a emergências sociais. Está acomeçar e, para já, o projecto é feito umpouco à distância, uma vez que esta rimeirafase e desenvolvida a partir da Cidade doCabo (claro que já fui lá, mas não é amesma coisa), mas em Abril mudo-me efico até que o edifício esteja construido. Vaiser de certeza uma experiência acima detudo enriquecedora.

No contexto económico, muitas têmsido as vozes que incentivam à emigra-ção.

O que podes dizer sobre isso a quemestá em Portugal e não sabe se fica ou separte?

Bem, quem sou eu para dizer a alguém sefica ou se parte. Isso é uma decisão que cabea cada um, mas o que posso dizer, e que saíde Portugal em 2006 e ainda não voltei, nãoporque ache que não se passa nada em Por-tugal, ou porque não há “trabalho”, ou por -que cá fora é que e bom. Não! Não volteiporque me têm surgido oportunidades muito

diferentes e super interessantes umas atrásdas outras que teria sido um disparate não aster aproveitado e que me têm dado uma ex-periência que penso me tem valorizado, nãosó a nível profissional, mas também a nívelpessoal e humano. Quero, daqui a uns tem-pos (não sei se meses, se anos) voltar e pôrem prática tudo o que aprendi cá fora e dealguma forma contribuir para o desenvolvi-mento do País. A única coisa que posso acon-selhar, é a não ficarem de braços cruzados ese não encontrarem em Portugal o que pro-curam, então abram os horizontes e arris -quem noutros sítios. Pode-se sempre voltar.

Nunca equacionaste voltar?Todos os dias! Mas ainda não se proporcio-nou.

Quais as tuas ambições enquanto ar -quitect a médio e longo prazo?

Eu sou péssima a pensar a médio ou longoprazo. Todas as experiências que tive nos últimoscinco anos, foram oportunidades que surgiramquase sem contar e que tive de tomar uma deci-são imediata de as aceitar ou não. V amos veronde me leva esta nova experiência, num médioou longo prazo.

Tenho vontade de a médio prazo voltar paraPortugal e abrir o meu escritório. Tenho que pen-sar em que termos esse escritório funcionará, seique não poderá ser um simples, tradicional, es-critório de arquitectura. Sei que será de certezano Porto, no centro da cidade, num daquelesmuitos edifícios abandonados. T enho imensavontade em contribuir de alguma forma para arecuperação da cidade.

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Projecto para Vardø, Europan 10 - “Reposicionar o Remoto”

ContextoVardø está intrinsecamente ligada ao Mar de Barents. O futuro das Águas do Árctico irá ditar o desen-volvimento ou declínio deste isolado enclave urbano. Historicamente, um posto de exploração, expansão, logística, militarismo e indústria, no Árctico. A rela-ção de Vardø com o mar evoluiu continuamente de forma a responder e adaptar-se aos diversos para-digmas económicos e politicos da região. Geograficamente, Vardø assume uma posição única: outroraponto de partida da expansão Vicking, a capital norueguesa do Comércio Pomor entre a Noruega e a Rús-sia, o “fim” da Noruega, uma frente da Guerra Fria, um ponto de vigilância e mais recentemente o pontoterrestre mais próximo da extracção offshore de petróleo. Vardø, está pronta a redefinir a sua relação com o Mar de Barents. Com toda a atenção virada para asterras do Norte, devido ao recuo dos gelos no Árctico, à descoberta de novas áreas de extracção de pe-tróleo e gás, à definição de novas rotas marítimas e à transformação ecológica da região, Vardø irá re-posicionar-se de forma a definir o futuro do Mar de Barents.A relação entre Vardø e o Mar tem sido sempre estabelecida através das arquitecturas do seu Porto -com águas que nunca congelam e um enclave de paredões, docas, fábricas de peixe e armazéns. His-toricamente o centro da vida pública e privada da cidade - o porto, era um espaço de aparência, comércioe de intercâmbios culturais. Com o declínio da indústria piscatória e com a construção do túnel de Svart-nes que liga Vardø ao aeroporto, o porto transformou-se num conjunto de estruturas industriais aban-donadas e descaracterizadas, tornando-se num símbolo do declínio da cidade e da situação actual dasáreas costeiras do Mar de Barents.Com a mudança económica que se antevê no horizonte, o porto vai-se redefinir como um centro de novosmodos de produção, armazenamento e intercâmbios. Pronta, uma vez mais a tirar partido da sua posi-ção única – em termos de geografia, de logística, geopolítica e ecologia, Vardø irá reposicionar a suarelação com o Barents através das arquitecturas do seu Porto.

PropostaAo analisar este horizonte e ao estabelecer um conjunto de princípios de desenvolvimento, a propostapropõe repensar o porto de Vardø, de forma a definir de certa forma o futuro do Mar de Barents. A curtoprazo, uma série de edifícios e espaços culturais serão inseridos na frente portuária existente, de formaa regenerar o espaço urbano e atrair novas actividades para a comunidade. Com a próxima fase de ex-ploração energética norueguesa prestes a explorar reservas próximo de Vardø, o porto vai-se transfor-mar de forma a apoiar a nova Indústria, e simultaneamente a frágil ecologia da região. Após a fase deexploração petrolífera Vardø, deverá criar novos meios de produção e utilizar o Porto como Centro parauma Economia com Baixos Índices de Emissão de Carbono. Com a reutilização das actuais estruturasindustriais abandonadas para fins culturais, a regeneração da frente portuária através da inserção dediversas estruturas marítimas e ao colonizar os espaços intersticiais com novos modos de produçãoecológica, o Porto de Vardø voltará a ser o centro da vida pública e privada da cidade.

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