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B.3 DIÁRIO capital PORTO VELHO-RO . SEGUNDA-FEIRA, 10 DE OUTUBRO DE 2011 ENTREVISTA. Secretaria de Assistência Social fala sobre o Plano FutuRO, que combaterá a miséria no Estado pobreza DIÁRIO: Como foram os primeiros nove meses de trabalho à frente da secretaria? CLÁUDIA MOURA: Quando a gente assumiu a Secreta- ria de Assistência, a gente notou bastante deficiência da relação da secretaria com os municípios. Precisava es- treitar mais essa relação, e foi nossa primeira atitude fazer essa convocação, tanto com os municípios como as entidades que prestam ser- viços assistenciais. A gente fez isso logo no início do ano. Porque não tem como construir essa política de atendimento sem a aproxi- mação do Estado e dos mu- nicípios, e do Estado com o terceiro setor, que são as entidades. Então, essa foi nossa primeira atitude, ven- cendo essa construção. DIÁRIO: Quais foram os critérios pra decidir a tomada das primeiras ações? CLÁUDIA: Nós fizemos esse diagnóstico básico, dessa relação com os municípios, começamos a ter mais en- contros, chamar os secre- tários municipais para con- versar, e começamos pela parte objetiva, de fazer o repasse dos recursos para a área de assistência dos mu- nicípios. A gente tem uma deficiência muito grande de atendimento, as prefeituras não têm muitas condições de realizar esses serviços e nós temos feito isso. Fize- mos três editais de convo- cação das prefeituras e das entidades, para o Estado fa- zer convênios e repassar re- cursos. A maior deficiência é a falta de equipamentos, de estrutura física e pesso- al para atendimento. Então, o convênio, que já está em fase de finalização agora, é justamente para isso, para passar recursos para convo- cação e para a reestrutura- ção dos Cras, os Centros de Referência de Assistência Social. Para ter uma ideia, os Cras são para a assistên- cia social os que os postos de saúde são para a saúde. Então a maioria não tem equipamento, não tem es- trutura física adequada, e a gente tá passando recur- sos. Nesse último edital fo- ram R$ 12 milhões para as prefeituras estruturarem os atendimentos dos Cras e dos Creas, que são os Cen- tros de Referência Especia- lizados de Assistência So- cial, o que vai desde a construção do centro aos equipamentos e contratação de recursos humanos. Esses são os piores gargalos. Para as entidades também foram feitos dois editais, fortalecendo o terceiro se- tor. É uma área que muitas pessoas trabalham volunta- riamente, começam o traba- lho social de forma volun- tária, sem muitos recursos, sem muita estrutura. Então nós detectamos isso tam- bém. E a gente está fazendo essa parceria, repassando recursos para essas entida- des, porque elas às vezes também não têm condições técnicas nem para captar recursos. Fizemos algumas capacitações e temos várias outras previs- tas, para prepa- rar tecnicamen- te as entidades, para poder pas- sar recursos do Estado e até mesmo Federal. Nós temos dado essa força ta- refa no sentido de fazer essa rede de entida- des funcionar. Já foram libe- rados R$ 1,2 milhão e agora lançamos outro de mais de R$ 3 milhões, então nós estamos as- sim, democrati- zando os recursos existen- tes nos municípios. DIÁRIO: Já foi feito al- gum mapeamento para saber os locais que mais precisam de assis- tência? CLÁUDIA: Nós estamos con- tratando um instituto para fazer esse mapeamento, porque a gente não tem. A secretaria é totalmente desprovida de dados, de in- dicadores. Nós não temos dados para analisar, é tudo muito precário. A gente tem dados conseguidos in- formalmente, obtido por re- passes dos secretários. Ago- ra nós vamos, a partir dessa radiografia, levantar essa demanda, questionar com os secretários. Mas agora nós vamos in loco, para ver realmente o que está sendo oferecido para a comunida- de, pelas prefeituras, mas também pelas entidades in- teressadas, para saber que tipos de serviços elas ofere- cem, como é a estrutura fí- sica. Esse mapeamento de- mora de dois a três meses para concluir, porque nós vamos de cidade em cidade, ver o que o Poder Público oferece, para saber como o Estado vai atuar. DIÁRIO: Como está o pa- norama atual da pobre- za em Rondônia? CLÁUDIA: O governador assumiu em janeiro e uma das primeiras decisões dele foi saber como estava situ- ação da área social do Es- tado de Rondônia e qual a ação que a gente poderia efetivamente fazer para re- duzir os problemas sociais. Então a gente começou desde janeiro traba- lhando nisso e construiu um plano de ação social para es- treitamento de problemas. O Ministério do Desenvolvi- mento Social viu o nosso trabalho e nos convidou para integrar esse grande pacto nacional de en- frentamento da pobreza. Antes mesmo do go- verno Federal iniciar esse de- bate, a gente começou aqui no Estado esse levantamento, que foi essa conversa com os muni- cípios. E saiu então, o resul- tado do IBGE. Com o resul- tado do IBGE e do Cadastro Único do governo Federal, que é o cadastro do Bolsa Família, nós levantamos o mapa da pobreza no Esta- do. Hoje a gente tem esse retrato superficial de onde estão essas famílias. Sabe- mos que está mais concen- trada na área rural, que os municípios mais pobres são os menores e mais rurais. Campo Novo, por exemplo, é o município de maior ín- dice de extrema pobreza do Estado. Aí vem o Vale do Guaporé, Guajará-Mirim, Nova Mamoré. Então a po- breza está praticamente em todas as regiões, mais espe- cificamente nos municípios da área rural e do Vale do Guaporé. Com os dados do IBGE a gente sabe que ao todo são 121 mil pessoas ou 35 mil famílias em ex- trema pobre- za, em situa- ção de miséria, abaixo da linha de pobreza. É um dado grande, quase 20% da população está en- tre pobres e extremamente pobres, considerando po- bre quem possui uma ren- da per capita inferior a R$ 140 e extremamente pobre para uma renda per capita abaixo de R$ 70. Para um Estado que tem 1,5 milhão de habitantes, são dados significativos. Quer dizer, 20% da população do Esta- do não acessa esse ciclo de desenvolvimento que o Es- tado atravessa. DIÁRIO: Existe uma for- ma de outros órgãos ajudarem nesse proces- so? CLAÚDIA: Só é possível fa- zer isso com a ajuda dos três poderes, prefeituras, Assembleia Legislativa, Ju- diciário, Ministério Público. Se não for a união de forças dos vários poderes, é im- possível de se efetivar. Hoje nós estamos com um pro- jeto de lei na Assembleia Legislativa para aprovar a transferência de renda para complementar a renda das famílias em extrema pobre- za, que estão no Cadastro Único e já recebem o Bolsa Família. Com o Bolsa Famí- lia não ouve a mudança de classe, eles continuam em extrema pobreza. Então o Estado vai complementar a renda no valor de R$ 30 até R$ 150, depende do nú- mero de pessoas na família para justamente alavancar essas pessoas, para que elas saiam da extrema pobreza. E, aliado a isso, faremos outras políticas de inclusão no mercado de trabalho, não é só transferir dinhei- ro. Mas para que haja essa transferência, é preciso a aprovação do projeto de lei na Assembleia, então os de- putados são fundamentais. O que a gente quer mostrar para todas as pessoas é que isso não é uma política li- gada a partido e nem ao governo, especificamente. O desenvolvimento chega, faz as pessoas ficarem ri- cas, mas tem esse universo de pessoas que precisam entrar nesse bolo. É uma obrigação das pessoas que foram eleitas para isso. DIÁRIO: Qual é o dife- rencial do Plano Futu- RO para os programas federais? CLÁUDIA: O diferencial do Plano FutuRO, que é o pla- “VAMOS ABRIR A CAIXA PRETA DA Desde janeiro, Cláudia Moura está à frente da Secre- taria Estadual de Assistência Social (Seas). Trabalhando com setores delicados, que envolvem direitos humanos, a secretária se mostra con- fiante quanto às próximas ações. Em entrevista ao Di- ário da Amazônia, Cláudia falou sobre o Plano FutuRO, projeto que será lançado pelo governo do Estado, volta- do à transferência de renda, acesso aos serviços públicos e inclusão produtiva e tecnoló- gica. As formas de tentar re- verter o quadro apresentado por dados recentes do IBGE, que apontam 20% da popu- lação do Estado em nível de pobreza ou extrema pobreza, também fez parte da conver- sa. E a secretária afirma sem nenhuma dúvida: “não dá para falar no desenvolvimen- to econômico sem falar no desenvolvimento social”. Cláudia Moura disse que precisa do apoio dos deputados estaduais LARISSA TEZZARI [email protected] @larizatezzari ELIÊNIO NASCIMENTO Cláudia lembra que assumiu uma secretaria sucateada no que o governo do Estado vai lançar, é a integração das áreas. Ele não é um pa- cote político só da área da assistência. A área da assis- tência coordena porque é li- gado ao nosso público alvo, que são os pobres, mas ele integra áreas como saúde, educação, desenvolvimen- to econômico, segurança pública, justiça, cultura e esporte. Ele vai integrar todas as áreas em um grande pacote de ação integrada e que se comple- mentam. A gente vai mapear essas famílias, a gente já sabe onde elas estão através do Cadastro Único, então vamos fa- zer visitas porta a porta, conhecer o perfil dessas famílias, a parte real da pobreza de Rondônia, o que falta, quais são as grandes mazelas sociais. O Estado não tem esses dados ainda, nunca foram feitos. Pela primeira vez nós vamos abrir a cai- xa preta da pobreza e des- cobrir o que essas pessoas precisam para alavancar o desenvolvimento socioeco- nômico de Rondônia. Hoje não dá para falar no desen- volvimento econômico sem falar no desenvolvimento social. DIÁRIO: Quais serão os próximos passos da Seas? CLÁUDIA: Hoje a gente já detectou os principais pro- blemas internos, já sabemos que a secretaria tem que se modernizar, tem que passar por um processo de melho- ria de recursos humanos. Esta- mos trabalhando num concurso para ser realiza- do no início de 2012, para ter- mos um quadro efetivo, além de outros proble- mas estruturais que temos que resolver. Vamos trabalhar com a capacitação de técnicos, por- que temos que formar gestores plenos, capazes de gerir a com- plexidade que é a assistên- cia social. A gente não ficou só na reestruturação nesses primeiros meses, a gente começou a agir já com os municípios porque as pes- soas não podem esperar. No segundo ano com certeza vai ser melhor, vamos ter o mapa na mão e vamos po- der atuar localizadamente com eficiência. ESTAMOS COM UM PROJETO DE LEI NA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA PARA APROVAR A TRANSFERÊNCIA DE RENDA PARA COMPLEMENTAR A RENDA DAS FAMÍLIAS EM EXTREMA POBREZA SÃO 121 MIL PESSOAS OU 35 MIL FAMÍLIAS EM EXTREMA POBREZA, EM SITUAÇÃO DE MISÉRIA, ABAIXO DA LINHA DE POBREZA

Entrevista Cláudia Moura

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Entrevista com Cláudia Moura, Secretária de Assistência Social do Governo do Estado de Rondônia.

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Page 1: Entrevista Cláudia Moura

B.3DIÁRIO capital PORTO VELHO-RO . SEGUNDA-FEIRA, 10 DE OUTUBRO DE 2011

ENTREVISTA. Secretaria de Assistência Social fala sobre o Plano FutuRO, que combaterá a miséria no Estado

pobreza”

DIÁRIO: Como foram os primeiros nove meses de trabalho à frente da secretaria?CLÁUDIA MOURA: Quando a gente assumiu a Secreta-ria de Assistência, a gente notou bastante deficiência da relação da secretaria com os municípios. Precisava es-treitar mais essa relação, e foi nossa primeira atitude fazer essa convocação, tanto com os municípios como as entidades que prestam ser-viços assistenciais. A gente fez isso logo no início do ano. Porque não tem como construir essa política de atendimento sem a aproxi-mação do Estado e dos mu-nicípios, e do Estado com o terceiro setor, que são as entidades. Então, essa foi nossa primeira atitude, ven-cendo essa construção.

DIÁRIO: Quais foram os critérios pra decidir a tomada das primeiras ações?CLÁUDIA: Nós fizemos esse diagnóstico básico, dessa relação com os municípios, começamos a ter mais en-contros, chamar os secre-tários municipais para con-versar, e começamos pela parte objetiva, de fazer o repasse dos recursos para a área de assistência dos mu-nicípios. A gente tem uma deficiência muito grande de atendimento, as prefeituras não têm muitas condições de realizar esses serviços e nós temos feito isso. Fize-mos três editais de convo-cação das prefeituras e das entidades, para o Estado fa-zer convênios e repassar re-cursos. A maior deficiência é a falta de equipamentos, de estrutura física e pesso-al para atendimento. Então, o convênio, que já está em fase de finalização agora, é justamente para isso, para passar recursos para convo-cação e para a reestrutura-ção dos Cras, os Centros de Referência de Assistência Social. Para ter uma ideia, os Cras são para a assistên-cia social os que os postos de saúde são para a saúde. Então a maioria não tem equipamento, não tem es-trutura física adequada, e a gente tá passando recur-sos. Nesse último edital fo-ram R$ 12 milhões para as prefeituras estruturarem os atendimentos dos Cras e dos Creas, que são os Cen-tros de Referência Especia-lizados de Assistência So-

cial, o que vai desde a construção do centro aos equipamentos e contratação de recursos humanos. Esses são os piores gargalos. Para as entidades também foram feitos dois editais, fortalecendo o terceiro se-tor. É uma área que muitas pessoas trabalham volunta-riamente, começam o traba-lho social de forma volun-tária, sem muitos recursos, sem muita estrutura. Então nós detectamos isso tam-bém. E a gente está fazendo essa parceria, repassando recursos para essas entida-des, porque elas às vezes também não têm condições técnicas nem para captar recursos. Fizemos algumas capacitações e temos várias outras previs-tas, para prepa-rar tecnicamen-te as entidades, para poder pas-sar recursos do Estado e até mesmo Federal.Nós temos dado essa força ta-refa no sentido de fazer essa rede de entida-des funcionar. Já foram libe-rados R$ 1,2 milhão e agora lançamos outro de mais de R$ 3 milhões, então nós estamos as-sim, democrati-zando os recursos existen-tes nos municípios.

DIÁRIO: Já foi feito al-gum mapeamento para saber os locais que mais precisam de assis-tência?CLÁUDIA: Nós estamos con-tratando um instituto para fazer esse mapeamento, porque a gente não tem. A secretaria é totalmente desprovida de dados, de in-dicadores. Nós não temos dados para analisar, é tudo muito precário. A gente tem dados conseguidos in-formalmente, obtido por re-passes dos secretários. Ago-ra nós vamos, a partir dessa radiografia, levantar essa demanda, questionar com os secretários. Mas agora nós vamos in loco, para ver realmente o que está sendo oferecido para a comunida-de, pelas prefeituras, mas também pelas entidades in-teressadas, para saber que tipos de serviços elas ofere-

cem, como é a estrutura fí-sica. Esse mapeamento de-mora de dois a três meses para concluir, porque nós vamos de cidade em cidade, ver o que o Poder Público oferece, para saber como o Estado vai atuar.

DIÁRIO: Como está o pa-norama atual da pobre-za em Rondônia?CLÁUDIA: O governador assumiu em janeiro e uma das primeiras decisões dele foi saber como estava situ-ação da área social do Es-tado de Rondônia e qual a ação que a gente poderia efetivamente fazer para re-duzir os problemas sociais.

Então a gente começou desde janeiro traba-lhando nisso e construiu um plano de ação social para es-treitamento de problemas. O Ministério do D e s e n v o l v i -mento Social viu o nosso trabalho e nos convidou para integrar esse grande pacto nacional de en-frentamento da pobreza. Antes mesmo do go-verno Federal iniciar esse de-bate, a gente

começou aqui no Estado esse levantamento, que foi essa conversa com os muni-cípios. E saiu então, o resul-tado do IBGE. Com o resul-tado do IBGE e do Cadastro Único do governo Federal, que é o cadastro do Bolsa Família, nós levantamos o mapa da pobreza no Esta-do. Hoje a gente tem esse retrato superficial de onde estão essas famílias. Sabe-mos que está mais concen-trada na área rural, que os municípios mais pobres são os menores e mais rurais. Campo Novo, por exemplo, é o município de maior ín-dice de extrema pobreza do Estado. Aí vem o Vale do Guaporé, Guajará-Mirim, Nova Mamoré. Então a po-breza está praticamente em todas as regiões, mais espe-cificamente nos municípios da área rural e do Vale do Guaporé. Com os dados do IBGE a gente sabe que ao todo são 121 mil pessoas ou 35 mil famílias em ex-

trema pobre-za, em situa-

ção de miséria, abaixo da linha de pobreza. É um dado grande, quase 20% da população está en-tre pobres e extremamente pobres, considerando po-bre quem possui uma ren-da per capita inferior a R$ 140 e extremamente pobre para uma renda per capita abaixo de R$ 70. Para um Estado que tem 1,5 milhão de habitantes, são dados significativos. Quer dizer, 20% da população do Esta-do não acessa esse ciclo de desenvolvimento que o Es-tado atravessa.

DIÁRIO: Existe uma for-ma de outros órgãos ajudarem nesse proces-so?CLAÚDIA: Só é possível fa-zer isso com a ajuda dos três poderes, prefeituras, Assembleia Legislativa, Ju-diciário, Ministério Público. Se não for a união de forças dos vários poderes, é im-possível de se efetivar. Hoje nós estamos com um pro-jeto de lei na Assembleia Legislativa para aprovar a transferência de renda para complementar a renda das famílias em extrema pobre-za, que estão no Cadastro Único e já recebem o Bolsa Família. Com o Bolsa Famí-lia não ouve a mudança de classe, eles continuam em extrema pobreza. Então o Estado vai complementar a renda no valor de R$ 30 até R$ 150, depende do nú-mero de pessoas na família para justamente alavancar essas pessoas, para que elas saiam da extrema pobreza. E, aliado a isso, faremos outras políticas de inclusão no mercado de trabalho, não é só transferir dinhei-ro. Mas para que haja essa transferência, é preciso a aprovação do projeto de lei na Assembleia, então os de-putados são fundamentais. O que a gente quer mostrar para todas as pessoas é que isso não é uma política li-gada a partido e nem ao governo, especificamente. O desenvolvimento chega, faz as pessoas ficarem ri-cas, mas tem esse universo de pessoas que precisam entrar nesse bolo. É uma obrigação das pessoas que foram eleitas para isso.

DIÁRIO: Qual é o dife-rencial do Plano Futu-RO para os programas federais?CLÁUDIA: O diferencial do Plano FutuRO, que é o pla-

“VAMOS ABRIR ACAIXA PRETA DA

Desde janeiro, Cláudia Moura está à frente da Secre-taria Estadual de Assistência Social (Seas). Trabalhando com setores delicados, que envolvem direitos humanos, a secretária se mostra con-fiante quanto às próximas ações. Em entrevista ao Di-ário da Amazônia, Cláudia falou sobre o Plano FutuRO, projeto que será lançado pelo

governo do Estado, volta-do à transferência de renda, acesso aos serviços públicos e inclusão produtiva e tecnoló-gica. As formas de tentar re-verter o quadro apresentado por dados recentes do IBGE, que apontam 20% da popu-lação do Estado em nível de pobreza ou extrema pobreza, também fez parte da conver-sa. E a secretária afirma sem nenhuma dúvida: “não dá para falar no desenvolvimen-to econômico sem falar no desenvolvimento social”.

Cláudia Moura disse que precisa do apoio dos deputados estaduais

LARISSA TEZZARI [email protected] @larizatezzari

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Cláudia lembra que assumiu uma secretaria sucateada

no que o governo do Estado vai lançar, é a integração das áreas. Ele não é um pa-cote político só da área da assistência. A área da assis-tência coordena porque é li-gado ao nosso público alvo, que são os pobres, mas ele integra áreas como saúde, educação, desenvolvimen-to econômico, segurança pública, justiça, cultura e esporte. Ele vai integrar todas as áreas em um grande pacote de ação integrada e que se comple-mentam. A gente vai mapear essas famílias, a gente já sabe onde elas estão através do Cadastro Único, então vamos fa-zer visitas porta a porta, conhecer o perfil dessas famílias, a parte real da pobreza de Rondônia, o que falta, quais são as grandes mazelas sociais. O Estado não tem esses dados ainda, nunca foram feitos. Pela primeira vez nós vamos abrir a cai-xa preta da pobreza e des-cobrir o que essas pessoas precisam para alavancar o desenvolvimento socioeco-nômico de Rondônia. Hoje não dá para falar no desen-volvimento econômico sem

falar no desenvolvimento social.

DIÁRIO: Quais serão os próximos passos da Seas?CLÁUDIA: Hoje a gente já detectou os principais pro-blemas internos, já sabemos que a secretaria tem que se modernizar, tem que passar por um processo de melho-

ria de recursos humanos. Esta-mos trabalhando num concurso para ser realiza-do no início de 2012, para ter-mos um quadro efetivo, além de outros proble-mas estruturais que temos que resolver. Vamos trabalhar com a capacitação de técnicos, por-que temos que formar gestores plenos, capazes de gerir a com-

plexidade que é a assistên-cia social. A gente não ficou só na reestruturação nesses primeiros meses, a gente começou a agir já com os municípios porque as pes-soas não podem esperar. No segundo ano com certeza vai ser melhor, vamos ter o mapa na mão e vamos po-der atuar localizadamente com eficiência.

ESTAMOS COM UM PROJETO

DE LEI NA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA

PARA APROVAR A TRANSFERÊNCIA DE RENDA PARA

COMPLEMENTAR A RENDA DAS FAMÍLIAS EM

EXTREMA POBREZA

SÃO 121 MIL PESSOAS OU 35

MIL FAMÍLIAS EM EXTREMA POBREZA, EM

SITUAÇÃO DE MISÉRIA,

ABAIXO DA LINHA DE POBREZA