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TERÇA-FEIRA | 21 ABR 2015 | 05 Entrevista membros da academia, o nú- mero de Spin-off UA/ Start-ups UAe os resultados provenientes da sua actividade, o número de casos de sucesso de empresas com crescimento exponencial e o de acelerar a integração des- sas empresas em ecossistemas e redes internacionais de ino- vação e conhecimento. Na sua opinião, que medidas poderiam ser implementa- das para estimular o empre- endedorismo universitário? A estimulação do empreende- dorismo pode ser feita através de variadíssimas iniciativas, a montante e a jusante do ensino e da investigação. Contudo, existem acções não muito complexas e que podem con- tribuir para a activação da von- tade de empreender como por exemplo, Universidades de Ve- rão de empreendedorismo, Es- tágios em Start-ups ou Mini- cursos de empreendedorismo disponíveis on line. É difícil criar uma cultura de empreendedorismo entre os alunos? Comecemos por assumir que o empreendedorismo é um pro- cesso de criação de algo dife- rente e com valor, sendo neces- sário dedicar tempo e o esforço necessários, assumindo os ris- cos financeiros, psicológicos e sociais correspondentes, e rece- bendo as consequentes recom- pensas da satisfação económica e pessoal. É ainda importante termos a noção de que as crises são sempre temporárias e con- junturais, e que é necessário ter- mos uma perspectiva de médio e de longo prazo. Por exemplo, o ano passado foi o melhor ano de sempre da IEUA. Contudo as empresas, sobre- tudo as que estão a iniciar a ac- tividade, precisam de recursos e competências para dar res- posta a diversas questões, como por exemplo a necessidade de serviços jurídicos, validações de mercado ou a capacidade para apresentar a sua proposta de valor a potenciais investidores e clientes. Ou seja, precisam de recursos que permitam dimi- nuir o risco e simultaneamente aumentar a probabilidade de sucesso, “queimando etapas”, até porque o tempo que se de- mora a colocar um produto/ serviço no mercado pode dimi- nuir a sua relevância. Aproposta de valor das empre- sas tem de ser evidente e os seus promotores devem, no mínimo, saber responder às seguintes questões: qual é a melhoria que o produto ou serviço incorpora, porque é que se diferencia, para melhor, das soluções já existen- tes, quais as vantagens compe- titivas que apresenta face às al- ternativas concorrentes, quais são as necessidades de mercado a que o produto ou serviço pode dar resposta. Quantas empresas já “cami- nham” sozinhas depois de terem dados os primeiros passos na IEUA? A IEUA detém um historial in- teressante de projetos em- preendedores de sucesso nas- cidos no seu campus, tendo al- cançado notoriedade interna- cional o Sapo, a Beeverycrea- tive, a VeniamWorks, a Endea- vour Lab e a Edubox. Ao longo dos seus 19 anos de actividade contribuiu para a capacitação e a criação de 61 empresas (so- ciedades comerciais), 24 das quais estavam em incubação ou aceleração no final de 2014. Quantas empresas se en- contram, actualmente, alo- jadas na IEUA? A IEUA tem sete ideias de ne- gócio e 24 empresas em incu- bação (oito das quais criadas em 2014), tendo estas, no final do ano, apresentado um vo- lume de negócios de 4.513.354,77 euros e um total de 152 postos de trabalho. Como classifica a iniciativa IEUA Sharing? Na IEUA, acreditamos que uma verdadeira atitude de partilha é crucial para a criação de um ecossistema inovador que possa contribuir para que os empreen- dedores e as empresas cresçam rapidamente e sejam bem su- cedidas. Partilhar contactos, par- tilhar ideias, partilhar experiên- cias e, acima de tudo, partilhar os erros de percurso, e a razão pela qual aconteceram. Todos devemos aprender com os nos- sos erros, mas a verdadeira sa- bedoria é aprender com os erros dos outros, sendo certo que não receberemos se não estivermos preparados para partilhar. É, por isso, que criamos a iniciativa IEUA Sharing, sendo certo que as 26 edições já realizadas são uma exigência acrescida para as próximas edições. Entretanto fechou esta se- mana o período de inscri- ções para o “Start Aveiro Re- gion”. Em que vai consistir esta iniciativa? Num conjunto de acções de ca- pacitação para a qualificação de ideias de negócio, bem como para o seu desenvolvimento e apresentação à comunidade da Região de Aveiro. A mais-valia deste concurso é que não são apenas os finalistas ou o vence- dor a ganharem os prémios. To- dos os participantes ganham, porque podem melhorar a sua ideia de negócio, aumentar a no- toriedade da ideia, rede de con- tactos e terem acesso a recursos que aumentem exponencial- mente a oportunidade de terem acesso a financiamento para concretizarem parte do seu pro- jecto. Constitui também uma oportunidade para que a comu- nidade da Região de Aveiro possa apoiar e contribuir para a selecção e para a concretização dos projectos que considere mais relevante, se possível atra- vés de financiamento. É, sobre- tudo, uma ferramenta para aju- dar a qualificar o projecto, para os tirar “da gaveta” e para atrair um montante mínimo de capital para a sua concretização. O que espera deste con- curso de ideias? Contribuir para a concretização de projectos que possam ser relevantes para o desenvolvi- mento económico da Região de Aveiro e, simultaneamente, para a concretização de alguns dos sonhos de potenciais em- preendedores. Como é a ligação entre a IEUA e outras incubadoras de empresas? A IEUA acompanha as dinâmi- cas do empreendedorismo as- sociado ao ecossistema do co- nhecimento, em estreita cola- boração com os parceiros do projectoAveiro Empreendedor, da Incubadora de Empresas da Região de Aveiro (IERA) e da Rede de Incubadoras de Em- presas da Região Centro (RIERC). Desta colaboração, é de destacar a parceira estabe- lecida com a CIRA, os 11 muni- cípios da Região de Aveiro e a AIDA, na definição do conceito da IERA, ancorado na ideia de que esta região deve ter uma incubadora única, em agrega- ção voluntária e colaborativa, que disponibilize a todos os empreendedores uma oferta integrada de espaços, de equi- pamentos e de serviços. Como vê a importância de uma incubadora de empre- sas numa universidade que serve uma região do país menos central e com menos oportunidades de emprego? Acentralidade, ou falta dela, não é um problema para a criação de empresas com impacto glo- bal. Veja-se o caso da Inditex (Za- ra). Na Região deAveiro, existem elevadas competências científi- cas, por exemplo na área das Tecnologias de Informação (TIC), com centros de I&D uni- versitários e autónomos, a pre- sença de um ambiente empre- sarial direcionado para o mer- cado das TICE, constitui um bom exemplo da centralidade e da liderança que a UAe a Região deAveiro podem assumir no pa- norama internacional. | melhor ano de sempre da IEUA”

Entrevista melhor ano de sempre da IEUA” - iera.pt · os tirar “da gaveta” e para atrair um montante mínimo de capital para a sua concretização. O que espera deste con-curso

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Page 1: Entrevista melhor ano de sempre da IEUA” - iera.pt · os tirar “da gaveta” e para atrair um montante mínimo de capital para a sua concretização. O que espera deste con-curso

TERÇA-FEIRA | 21 ABR 2015 | 05

Entrevista

membros da academia, o nú-mero de Spin-off UA / Start-upsUA e os resultados provenientesda sua actividade, o número decasos de sucesso de empresascom crescimento exponenciale o de acelerar a integração des-sas empresas em ecossistemase redes internacionais de ino-vação e conhecimento.

Na sua opinião, que medidaspoderiam ser implementa-das para estimular o empre -endedorismo universitário?A estimulação do empreende-dorismo pode ser feita atravésde variadíssimas iniciativas, amontante e a jusante do ensinoe da investigação. Contudo,existem acções não muitocomplexas e que podem con-tribuir para a activação da von-tade de empreender como porexemplo, Universidades de Ve-rão de empreendedorismo, Es-

tágios em Start-ups ou Mini-cursos de empreendedorismodisponíveis on line.

É difícil criar uma cultura deempreendedorismo entreos alunos?Comecemos por assumir que oempreendedorismo é um pro-cesso de criação de algo dife-rente e com valor, sendo neces-sário dedicar tempo e o esforçonecessários, assumindo os ris-cos financeiros, psicológicos esociais correspondentes, e rece-bendo as consequentes recom-pensas da satisfação económicae pessoal. É ainda importantetermos a noção de que as crisessão sempre temporárias e con-junturais, e que é necessário ter-mos uma perspectiva de médioe de longo prazo. Por exemplo,o ano passado foi o melhor anode sempre da IEUA.Contudo as empresas, sobre-

tudo as que estão a iniciar a ac-tividade, precisam de recursose competências para dar res-posta a diversas questões, comopor exemplo a necessidade deserviços jurídicos, validações demercado ou a capacidade paraapresentar a sua proposta devalor a potenciais investidorese clientes. Ou seja, precisam derecursos que permitam dimi-nuir o risco e simultaneamenteaumentar a probabilidade desucesso, “queimando etapas”,até porque o tempo que se de-mora a colocar um produto/serviço no mercado pode dimi-nuir a sua relevância.A proposta de valor das empre-sas tem de ser evidente e os seuspromotores devem, no mínimo,saber responder às seguintesquestões: qual é a melhoria queo produto ou serviço incorpora,porque é que se diferencia, paramelhor, das soluções já existen-

tes, quais as vantagens compe-titivas que apresenta face às al-ternativas concorrentes, quaissão as necessidades de mercadoa que o produto ou serviçopode dar resposta.

Quantas empresas já “cami-nham” sozinhas depois deterem dados os primeirospassos na IEUA?A IEUA detém um historial in-teressante de projetos em-preendedores de sucesso nas-cidos no seu campus, tendo al-cançado notoriedade interna-cional o Sapo, a Beeverycrea-tive, a VeniamWorks, a Endea-vour Lab e a Edubox. Ao longodos seus 19 anos de actividadecontribuiu para a capacitaçãoe a criação de 61 empresas (so-ciedades comerciais), 24 dasquais estavam em incubaçãoou aceleração no final de 2014.

Quantas empresas se en-contram, actualmente, alo-jadas na IEUA?A IEUA tem sete ideias de ne-gócio e 24 empresas em incu-bação (oito das quais criadasem 2014), tendo estas, no finaldo ano, apresentado um vo-lume de negócios de 4.513.354,77euros e um total de 152 postosde trabalho.

Como classifica a iniciativaIEUA Sharing?Na IEUA, acreditamos que umaverdadeira atitude de partilha écrucial para a criação de umecossistema inovador que possacontribuir para que os empreen-dedores e as empresas cresçamrapidamente e sejam bem su-cedidas. Partilhar contactos, par-tilhar ideias, partilhar experiên-cias e, acima de tudo, partilharos erros de percurso, e a razãopela qual aconteceram. Todosdevemos aprender com os nos-sos erros, mas a verdadeira sa-

bedoria é aprender com os errosdos outros, sendo certo que nãoreceberemos se não estivermospreparados para partilhar. É, porisso, que criamos a iniciativaIEUA Sharing, sendo certo queas 26 edições já realizadas sãouma exigência acrescida para aspróximas edições.

Entretanto fechou esta se-mana o período de inscri-ções para o “Start Aveiro Re-gion”. Em que vai consistiresta iniciativa?Num conjunto de acções de ca-pacitação para a qualificação deideias de negócio, bem comopara o seu desenvolvimento eapresentação à comunidade daRegião de Aveiro. A mais-valiadeste concurso é que não sãoapenas os finalistas ou o vence-dor a ganharem os prémios. To-dos os participantes ganham,porque podem melhorar a suaideia de negócio, aumentar a no-toriedade da ideia, rede de con-tactos e terem acesso a recursosque aumentem exponencial-mente a oportunidade de teremacesso a financiamento paraconcretizarem parte do seu pro-jecto. Constitui também umaoportunidade para que a comu-nidade da Região de Aveiropossa apoiar e contribuir para aselecção e para a concretizaçãodos projectos que consideremais relevante, se possível atra-vés de financiamento. É, sobre-tudo, uma ferramenta para aju-dar a qualificar o projecto, paraos tirar “da gaveta” e para atrairum montante mínimo de capitalpara a sua concretização.

O que espera deste con-curso de ideias?Contribuir para a concretizaçãode projectos que possam serrelevantes para o desenvolvi-mento económico da Regiãode Aveiro e, simultaneamente,

para a concretização de algunsdos sonhos de potenciais em-preendedores.

Como é a ligação entre aIEUA e outras incubadorasde empresas?A IEUA acompanha as dinâmi-cas do empreendedorismo as-sociado ao ecossistema do co-nhecimento, em estreita cola-boração com os parceiros doprojecto Aveiro Empreendedor,da Incubadora de Empresas daRegião de Aveiro (IERA) e daRede de Incubadoras de Em-presas da Região Centro(RIERC). Desta colaboração, éde destacar a parceira estabe-lecida com a CIRA, os 11 muni-cípios da Região de Aveiro e aAIDA, na definição do conceitoda IERA, ancorado na ideia deque esta região deve ter umaincubadora única, em agrega-ção voluntária e colaborativa,que disponibilize a todos osempreendedores uma ofertaintegrada de espaços, de equi-pamentos e de serviços.

Como vê a importância deuma incubadora de empre-sas numa universidade queserve uma região do paísmenos central e com menosoportunidades de emprego?A centralidade, ou falta dela, nãoé um problema para a criaçãode empresas com impacto glo-bal. Veja-se o caso da Inditex (Za -ra). Na Região de Aveiro, existemelevadas competências científi-cas, por exemplo na área dasTecnologias de Informação(TIC), com centros de I&D uni-versitários e autónomos, a pre-sença de um ambiente empre-sarial direcionado para o mer-cado das TICE, constitui umbom exemplo da centralidade eda liderança que a UA e a Regiãode Aveiro podem assumir no pa-norama internacional. |

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