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Só a mobilização pode melhorar a situação da juventude” – Entrevista com Sérgio Botton Barcellos. краска для волос RIO DE JANEIRO/RJ - Nestes tempos de mobilizações as esperanças renascem. Para o pesquisador Sérgio Botton Barcellos, é necessário observar que “o povo já está mobilizado e nas ruas há muito tempo” e que destas ruas podem emergir mudanças necessárias para se garantir reforma agrária, moradia, condições dignas de trabalho. Nesta entrevista, concedida ao Sítio da PJR, Sérgio analisa o quadro das políticas públicas de juventude rural e avalia que “é pouco, muito pouco, pois fica difícil para @s jovens quererem viver no campo na situação em que estão as coisas, sem políticas sociais que dialoguem com as pautas das suas organizações e movimentos sociais e sem ter as condições de mobilidade adequadas para o jovem por ir e vir nesses espaços”.

Entrevista políticas públicas para a juventude rural sérgio botton barcellos

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Entrevista dada a PJR.

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Só a mobilização pode melhorar a situação da juventude” – Entrevista com Sérgio Botton Barcellos.краска для волос

RIO DE JANEIRO/RJ - Nestes tempos de mobilizações as esperanças renascem.Para o pesquisador Sérgio Botton Barcellos, é necessário observar que “o povojá está mobilizado e nas ruas há muito tempo” e que destas ruas podememergir mudanças necessárias para se garantir reforma agrária, moradia,condições dignas de trabalho.

Nesta entrevista, concedida ao Sítio da PJR, Sérgio analisa o quadro daspolíticas públicas de juventude rural e avalia que “é pouco, muito pouco, poisfica difícil para @s jovens quererem viver no campo na situação em que estãoas coisas, sem políticas sociais que dialoguem com as pautas das suasorganizações e movimentos sociais e sem ter as condições de mobilidadeadequadas para o jovem por ir e vir nesses espaços”.

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Para o pesquisador, que recentemente defendeu sua tese de doutorado naUFRRJ sobre o tema, o Pronaf Jovem e o Nossa Primeira Terra são insuficientespara atender as demandas da juventude camponesa. A saída é a mobilizaçãopopular englobando os temas das pautas de luta.

Confira a entrevista.

Sérgio - Em primeiro lugar quero agradecer o convite e sempre é umasatisfação dialogar com a PJR. É uma organização a qual tenho muita simpatiae amig@s. Bom, sobre a entrevista são perguntas complexas, mas vou tentarser sucinto e para isso vou indicar alguns links para não ficar algo extensodemais. Abraços @ tod@s!

Sítio da PJR - Qual a situação das políticas públicas para a juventuderural atualmente no Brasil?

Sérgio - Atualmente a questão da juventude no meio rural brasileiro remete àvivência em um espaço socialmente desigual, com a falta de acesso a bens eserviços, e ao tensionamento diante da expansão indiscriminada doagronegócio e a perpetuação do latifúndio. Então é difícil fazer essa análisesem olhar o cenário no qual a juventude rural está incluída.

Analiso que o tema da juventude rural, em seus fluxos políticos nessemomento histórico, seja junto ao governo federal, seja junto a muitos estados,não obteve a confluência de fatores e o acúmulo de força política necessáriapara estar na agenda das políticas públicas de desenvolvimento rural e chamara atenção no sentido de criar condições para @s jovens terem projetos de vidaviáveis no espaço rural se assim desejarem. Fiz avaliações anteriores e nãovejo muitas mudanças atualmente.

O MDA há anos não apresenta nada além dos parcos PRONAF-Jovem e NossaPrimeira Terra – PNCF. O PRONATEC, na minha opinião, não é significativo.Talvez no plano Safra 2014/2015 saia algo diferente e que dialogue um poucocom as organizações e movimentos sociais. Foram feitas várias propostas naúltima reunião dos Comitês do CONDRAF, que discutiu o Plano Safra. O Comitêde Juventude fez propostas, talvez em ano eleitoral role alguma coisa. Não háainda como avaliar os impactos das articulações políticas da SecretariaNacional de Juventude, que tentou fazer esforços para viabilizar algum tipo dePrograma para a juventude rural em parceria com ministérios e instituiçõespúblicas e a construção de iniciativas com um relativo grau de diálogo com asociedade civil.

O que tem de fato, atualmente, é o Comitê Permanente de Juventude Rural(CPJR) do Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável(CONDRAF), o Grupo de Trabalho em Juventude Rural (GTJR) da SecretariaNacional da Juventude (SNJ) que vem sendo pouco acionado e, como políticaespecífica com recorte para a juventude rural, o PRONAF-Jovem e o NossaPrimeira Terra (que tentam fazer isso, mas não conseguem). Além disso, hátrês iniciativas piloto da SNJ: o Curso de Formação em Agroecologia, o Fomentoa Grupos em Economia Solidária e ações na área de inclusão digital.

Mas isso é pouco, muito pouco, pois fica difícil para @s jovens quererem viverno campo na situação em que estão as coisas, sem políticas sociais que

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dialoguem com as pautas das suas organizações e movimentos sociais e semter as condições de mobilidade adequadas para ir e vir nesses espaços.

Percebe-se que a aprovação do Estatuto da Juventude, em certa medida,tomou um rumo institucionalizado e burocratizado pelas relatorias do Senado eCâmara, e acima de tudo partidarizado e também muito mediado por disputasno interior do movimento estudantil vinculado à UNE e à UBES, que é apenasuma fração das muitas contidas no conjunto da juventude brasileira. Asreivindicações feitas pelas organizações e movimentos sociais em juventuderural foram ignoradas quanto à garantia do direito a terra e medidas deproteção sobre o uso dos agrotóxicos. Isso também já foi discutido em outromomento.

Parece que a questão da juventude rural carece de mais atenção e ainda nãoestá sendo tratada como uma das prioridades na agenda política do governofederal, de muitos governos estaduais e municipais.

Sítio da PJR - Como tem sido avaliado o PRONAF Jovem e o PNCF? Oque poderia ser melhorado nessas políticas?

Sérgio - Em parte, a resposta a essa questão vai ter uma cara acadêmica.Desculpa, mas fazer de outro jeito não sei se seria legal. O Pronaf - Jovem e oNossa Primeira Terra do Crédito Fundiário são políticas públicas destinadas paraa juventude rural, desde o ano de 2003, e podem ser consideradas em umtempo histórico recente, em relação às demais políticas agrícolas, por trazeremà tona os temas da juventude rural de forma mais específica, embora outrapolíticas de educação e trabalho abordem o tema de forma transversal.

Foi possível observar essas políticas públicas, durante pesquisas que realizeinos últimos quatro anos, discutidas desde seu processo de formulação até oseu acesso. Elas estão imersas geralmente em tensões, conflitos enegociações, pois há dissonâncias entre os resultados que o Estado espera dobeneficiário (juventude rural) e da política pública e os projetos e planos devida dos (as) jovens rurais, técnicos e dirigentes políticos que vivem em umadeterminada realidade no meio rural.

Atualmente, ao longo de uma pesquisa realizada (que vou disponibilizar atéfinal de junho) ocorreram cerca de 3000 acessos (super estimando) ao Pronaflinha Jovem até 2013, em quase 12 anos de política. O Nossa Primeira Terra foidivulgado como se já tivesse beneficiado 32 mil jovens entre 16 e 29 anos, emum investimento total de R$ 106 milhões. Em uma divulgação recente do MDA,a última disponível em seu site, datada de novembro de 2013, a questão jovemno Crédito Fundiário não foi divulgada pela linha Nossa Primeira Terra, mas simpor faixa etária, no qual apresenta um índice que coloca as pessoas em faixaetária jovem como o maior público que acessa essa política. Bom, esses são osdados publicizados até então.

Destaco que as opções políticas, operacionais e de destinação orçamentáriaem relação ao Pronaf-Jovem e o Primeira Terra compõem um contexto muitomais amplo, que está imbricado com o papel agroexportador assumido peloBrasil na expansão agrícola mundial.

Conforme demonstra em suas pesquisas, por exemplo, Lauro Mattei, emrelação à trajetória do Pronaf em um contexto mais amplo, nota-se que ocorrea concentração dos recursos e dos contratos no Sul, Sudeste e Centro Oeste do

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Brasil, onde são majoritários os acessos dos agricultores mais capitalizados.Nesse aspecto, cabe ainda ressaltar que, agravando o cenário de riscopotencial para a segurança alimentar em nosso país, as políticasgovernamentais nos últimos anos disseminaram a lógica produtiva daagricultura do agronegócio entre grande parcela dos agricultores familiares.Ainda, o Pronaf pode ser considerado um programa que não conseguiu interviradequadamente no sentido de mudar os mecanismos do padrão dedesenvolvimento agrícola que vigoram no país desde o pós-guerra.

Em relação aos programas em questão, foi identificado que os possíveisimpasses podem ser articulados com o preconceito intergeracional sobre aquestão da juventude, a falta de formação técnica apropriada dos quadrostécnicos e políticos do Estado (Ministérios, ATER, bancos e suas agências) paraatuar com os grupos sociais que se identificam como juventude rural, sejacomo sujeitos sociais ou como público beneficiário de uma política pública.Prova disso é a dificuldade de discutir a necessidade do jovem ter a sua DAPprópria a parte do pai de família, a qual atualmente foi apelidada de DAP filhopor não permitir ao jovem ter mais autonomia se desejar, pois o deixa aindamuito tutelado. O Crédito Fundiário, após anos, quem sabe agora, depois daaprovação do projeto de lei complementar (PLP) 362/06, mude e seja maisinteressante.

Não basta o governo disponibilizar mais recursos, mesmo com juros maisbaixos, como vem sendo realizado recentemente com o Pronaf-Jovem e oPrimeira Terra, pois apenas isto não garante que os recursos públicos cheguemao conjunto da população rural, especialmente as pessoas em faixa etáriaclassificada como jovem e que mais necessitam acessar essas políticas.

Além disso, a questão da juventude é uma pauta emergente dentro do Estadobrasileiro e parece ter sido tratada como mais um tema geral, e não de formasingular e apropriada no escopo dessas políticas de crédito, e isso se reflete nointerior do próprio MDA. Ao mesmo tempo em que até hoje, salvo algumamudança a ser anunciada no Plano Safra do MDA 2014/2015 por parte dogoverno federal, observou-se poucas respostas do MDA ou mudançasconsideradas estruturais nesses Programas.

Nas pautas e nos espaços de debates sobre as políticas públicas para ajuventude rural, foi identificada a proposição da formulação de outras políticasde crédito e acesso a terra, bem como de outro projeto de desenvolvimentorural que contemple as pautas das organizações e movimentos sociais.

Sítio da PJR - Qual tem sido o papel e quais os desafios dasorganizações e movimentos sociais ao pautar o governo na elaboraçãoe implementação de políticas públicas para a juventude rural?

Sérgio - As organizações e movimentos sociais em juventude rural têm tidouma participação importante no processo de reivindicação e conquistas depolíticas públicas. Prova disso foi a atuação na 2ª Conferência Nacional deJuventude em 2011, depois na 2ª Conferência Nacional de DesenvolvimentoRural Sustentável e Solidária e há pouco tempo no III Encontro Nacional deAgroecologia. Quase todo mundo fala ou diz ser consenso que a juventudeprecisa ter voz, espaço e vez, mas isso não será dado, terá que ser disputado econquistado nas mais diversas esferas da sociedade cotidianamente, inclusivenos governos e no interior das organizações e movimentos sociais. Acho que a

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dominação e o preconceito social sobre a juventude rural têm eficácia pelo fatode ser ignorada.

A juventude não precisa de gestores/as, acadêmicos/as, legisladores/as etecnoburocratas “iluminados/as” que queiram “tirar da cartola” ou prometermedidas socioeducativas, assistencialistas ou de “inclusão” no mercado detrabalho capitalista para resolver o “problema” das/os “jovens problemas”.Para implementar políticas públicas viáveis e negociadas com a juventuderural, tem que ter diretrizes políticas e pessoas, inclusive os próprios jovens, comprometidos com as pautas e as experiências que @s jovens rurais estãoconstruindo em meio a esse processo. A PJR, por exemplo, tem o GPR e issodeve ser valorizado e é uma história que está sendo feita.

Por exemplo, eu acho que as organizações e movimentos sociais em juventuderural em algum momento vão ter que pensar na elaboração de seus própriosindicadores sociais (princípios, diretrizes, meta de público e de regionalização)para as políticas públicas caso queiram reivindicar dos governos um projeto dedesenvolvimento rural que contemple suas pautas históricas. E nisso asorganizações e movimentos sociais vão ter que se questionar sobre qual o graude autonomia que vão querer ter em relação aos governos e qual a intensidadeda reivindicação política que vai querer fazer para gerar ciclos de mobilização ereivindicar políticas públicas que garantam de fato as condições de uma vidadigna para a juventude no meio rural.

Está mais do que evidente que muitos grupos de juventude rural têm projetos,experiências e tecnologias sociais inovadoras em seu cotidiano de atuaçãopolítica e vida, nas organizações e movimentos sociais, bem com em algunsgovernos municipais e estaduais. Contudo, em 2014 e nos próximos anos seránecessário continuar persistindo em formular questões diferentes das quetemos para ser possível elaborar um projeto de desenvolvimento rural querespeite as diferentes formas de vida e o povo deixe de viver em meio àdesigualdade social.

As organizações e movimentos em juventude rural talvez tenham que pautaressa discussão tanto na campanha eleitoral em 2014 e cobrar dos seuscandidatos uma postura sobre suas pautas, bem como na implementação doSistema Nacional de Juventude (SINAJUVE) para contemplar a questão de que éestratégico para o país ter um projeto de desenvolvimento social que viabilizeos projetos de vida na agricultura familiar e camponesa e que promova asoberania alimentar.

A galera tem que ficar esperta, pois as políticas públicas para a juventude ruraltêm que dar conta da questão do direito a terra para @ jovem; o fortalecimentoda educação do campo; o apoio a uma agricultura livre de agrotóxicos;subsídios para o financiamento das iniciativas da juventude; a consolidação derelações trabalhistas que promovam efetivamente a dignidade dosassalariados rurais; o direito ao esporte, lazer, acesso a equipamentos culturaise a saúde apropriados à diversidade dos modos e contextos de vida d@sjovens que vivem no espaço rural brasileiro. Qualquer política que não abranjaisso de alguma forma, na minha opinião, é mais uma conversa fiada!

Sítio da PJR - Como você vê a questão das manifestações desde julhode 2013 e o envolvimento da juventude?

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Sérgio - O povo já está mobilizado e nas ruas há muito tempo, os movimentossociais que se organizam no espaço rural e urbano estão mobilizados e naresistência faz muito tempo, como os Movimentos pelo transporte, Movimentodos atingidos pelos grandes empreendimentos (Vale do Rio Doce, Belo Monteetc.) e Comitês Populares da Copa do Mundo, Movimentos Feministas,Movimento GLBT’s, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, Movimentodos Sem Emprego, Comissões Pastorais, Movimento Estudantil e uma grandevariedade de outros movimentos.

Os dois últimos governos do Lula e o recente que é o da Dilma representamuma construção histórica e anos de luta de uma significativa parcela da classetrabalhadora no Brasil, protagonistas em algumas mudanças muito bemavaliadas na vida imediata do povo brasileiro, como, por exemplo, as políticasde redistribuição de renda e o ensino superior. Contudo, não é por isso que nãodevemos ficar atentos em que medida está se fazendo política paradesestabilizar e modificar os aparatos de Estado que mantêm a desigualdade einjustiça social no Brasil.

Parece que o momento requer observação, escuta e participação tanto porparte das organizações e movimentos sociais historicamente constituídos nocampo da esquerda e das lutas populares, até para disputar os rumos desseprocesso histórico. As grandes manifestações estão reiniciando e parece quenão vão parar mesmo com a forte repressão policial, pelo menos até o final daCopa do Mundo. Em minha opinião, observar e estar atentamente nas ruas éimportante. Paulo Freire já dizia algo do tipo “a cabeça pensa a partir de ondeos pés pisam”.

Claro que ficar só pautando os gastos da Copa nas manifestações é inócuo. Atéporque, o problema dos gastos públicos no Brasil é rever a nossa Dívida Públicaque o atual governo insiste em continuar pagando e que consome entre45%-50% do PIB e questionar por não fazer uma auditoria dessa dívida(informações: http://www.auditoriacidada.org.br). O Equador fez uma eaveriguaram um monte de irregularidades e conseguiram anular 70% da suadívida. Então não dá para dizer que propor fazer auditoria da dívida pública noBrasil é vanguardismo ou não dá para fazer.

O povo que vai à rua é heterogêneo, não é só uma coisa binária (PRÓgovernistas e oposicionistas), até porque se reduzirmos a nossa cultura eformação política a uma coisa maniqueísta (BEM X MAL) tenderemos a fazerparte do jogo no qual dizemos combater. Temos que estar espertos, o sistemaelabora muitas armadilhas para a gente se confundir e ficarmos correndo atrásdo “próprio rabo” ou nos ocuparmos fazendo coisas que até parecem legais,mas que não vão ao “X da questão”. Em relação a isso, o Chomsky em um dosseus escritos abordou as estratégias de manipulação das informações e damídia. Vale à pena dar uma olhada.

Refletirmos sobre “Qual o Estado que queremos?” e “Estado para quê e paraquem?” urge e é mais do que necessário. Sinceramente, pode parecer chaticeda minha parte falar isso, mas se mobilizar um monte para uma campanha quepauta apenas Reforma Política em pleno sistema capitalista e da forma comose dá dinheiro do povo as transnacionais e para as 15 famílias mais ricas doBrasil, por exemplo, eu acho que não passa de mais uma armadilha para nosocuparmos com o que não é o ponto nevrálgico da coisa.

Acho equivocado sair rotulando a multidão que vai ir às ruas, pois além de ser

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generalista pode parecer que é de má fé. O conjunto de fatores que levaramdiversos grupos sociais se manifestarem nas ruas aos montes são bastanteinfluentes e se entrelaçam com parcelas que almejam transformações sociais,como pautar a desigualdade social ainda grande em nosso país, também vaigente que é conservadora e ufanista, a galera que não teve acesso aosestádios, tem quem vai no embalo e que vai se apresentar com carinha pintadade verde e amarelo. São só exemplos, para dizer que será um público diverso,talvez nem tanto como junho do ano passado.

Nem todo mundo está indo para a rua por conta dos gastos da Copa, mas poruma série de motivos, desde os “coxinhas vida loka” oportunistas, até o casodo MTST, professores, vigilantes rodoviários e demais categorias que lutam pormais dignidade no trabalho e vão ocupar essa cena, que o próprio “capital”criou, para chamar a atenção. As mães da Praça de Maio na Copa da Argentinaem 1978 fizeram isso, por exemplo. Nessa Copa em 2014 os índios tambémvão tentar chamar a atenção internacional sobre a violação dos seus DireitosHumanos. Isso é legítimo!

Outro ponto é que essas manifestações também são uma resposta ànegligência das políticas relacionadas à juventude e aos direitos sociaisbásicos, como a questão das reformas urbana e agrária, da mobilidade e a faltade planejamento diante do atual momento demográfico do país, com a maiorpopulação em faixa etária jovem da história. Desde junho do ano passadoquem vai para as ruas em grande parte são jovens.