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14 Brasília, terça-feira,24 de setembro de 201 3JORNAL DE BRASÍLIA Po l í t i c a &Po d e r .
Deputada diz que se pretende buscar uma reeleição por W.O. e que fisiologia nunca foi tão radical
FOTOS: ELIO RIZZO
ENTREVISTA/ELIANA PEDROSA
Atual governo deixaráuma Brasília endividada
A senhora acredita que está em
curso uma estratégia do
governador Agnelo Queiroz para
tentar uma reeleição por W.O.?
Acredito que sim. Para aquele
que está no governo e pretende uma
reeleição, omelhor dos mundos é a
eleição por W.O, mas eu acredito
que as outras forças políticas aqui
de Brasília haverão de se unir para
que isso não aconteça.
A votação das contas do
governador José Roberto Arruda
seria parte dessa estratégia?
Eu espero que não, porque a
apreciação das contas tem que ser
vista do ponto de vista técnico.
Imaginar que você vai usar a políti-
ca para descredenciar as contas de
um governo que operou de maneira
lícita, correta, como foi o entendi-
mento do Tribunal de Contas para
as contas de 2008e tambémo voto
da Comissão de Economia, Orça-
mento e Finanças da Câmara Le-
gislativa, não é admissível. Mudar
isso no plenário seria muito, diga-
mos assim, estranho.
A senhora está se filiando hoje no
PPS. Isso reforça sua candidatura
ao Buriti?
Eu vinha ao longo deste ano me
colocando à disposição para um
cargo majoritário dentro do PSD.
Com essa minha mudança para o
PPS, também colocaria meu nome à
disposição e espero que meu traba-
lho seja escolhido na convenção do
partido num momento próprio
O PPS elegeu dois deputados
distritais em 2010. Com que
metas o partido está trabalhando
para as próximas eleições?
Estamos trabalhando com es-
treantes na política. Acho que os
movimentos ocorridos neste ano,
de manifestações populares, mos-
tram que a sociedade está pedindo
nomes novos. O PPS está traba-
lhando muito com essas pessoas
que querem colocar seu nome à
disposição seu nome para fazer a
renovação que a rua vem exigindo.
O que a leva ao PPS nesse
m o m e n to?
Eu já enfrentava algumadificul-
dade dentro do PSD em termos de
participação partidária. Não fazia
parte da executiva, não tínhamos a
possibilidade de participar das de-
cisões do partido regionalmente.
Esse foi o grande motivador. Eu sou
uma pessoa que gosta de participar
do debate, da crítica, de colocar as
ideias até ser vencida. A gente acei-
ta, mas ficar à margem do partido
Daniel Cardozo
daniel.cardozo@jornaldebrasília.com .br
Vencer a eleição para governador sem concor-
rentes à altura, usando o expediente apelidado
de W.O. é uma estratégia real, do atual governo
segundo a deputada distrital Eliana Pedrosa, que
hoje se filia ao PPS. Para ela, soma-se a essa es-
tratégia o pacote de aumentos aos servidores que
pode configurar, realmente, uma herança mal-
dita, que pode prejudicar o futuro governador do
DF. A distrital fala também sobre a dificuldade
de seruma daspoucasvozesde oposiçãonaCâ-
mara Legislativa. “A base de governo é tão gran-
de que, quando chega o projeto, já se considera
que ele está pronto. A Câmara Legislativa tem
que dar oportunidade, a qualquer cidadão, de co-
nhecer o que está sendo proposto”, criticou.
O atual governo prometeu mudar as
relações com a Câmara Não mudou. Pior.
Sempre existiu um certo fisiologismo, mas
agora é muito maior, muito mais radical.
15JORNAL DE BRASÍLIABrasília, terça-feira,24 de setembro de 201 3Po l í t i c a &Po d e r .
me deixou desconfortável. E a bus-ca de um novo caminho surgiu como PPS. É um partido por quem sem-pre tive uma grande admiração,grande atração pela sua história, deluta, que nunca ficou engessado.
Na Câmara Legislativa, já houve
outras legislaturas em que o
governo tinha grande maioria,
mas nunca como hoje, quando
são apenas três nomes de
oposição. Como a senhora avalia
esta atual legislatura?
É uma legislatura onde temosmuitos poucos debates. Os projetosde governo entram na Câmara deuma maneira apressada. Os ante-riores também faziam assim, mas,até por ter mais pessoas na oposi-ção, por ter umperfil de parlamen-tares mais afeitos ao debate, discu-tia-se muito cada uma dessasquestões antes que elas entrassemem pauta de votação.
Essa falta de debate se deve ao
perfil dos atuais deputados?
Éumaquestão quedecorre dessabase ampla. Ela é tão grande quequando chega o projeto, já se consi-dera que ele está pronto, perfeito,não precisa de mais discussão, masnão é isso. A Câmara Legislativatem que dar a oportunidade, a qual-quer cidadão, de conhecer o que es-tá sendo proposto. E tempo paraque se possa reagir a qualquer umadessas propostas.
Quando o atual governo assumiu,
ele disse, no que seria uma crítica
à fisiologia, que mudaria o
padrão das relações entre
Executivo e Legislativo. Mudou
me smo?
Não mudou. Pior. Sempre existiuum certo fisiologismo, mas agora émuito maior, muito mais radical.
Como a senhora avalia o atual
g ove r n o?
Eu não preciso avaliar. A avalia-ção vem do povo e ele mesmo estádizendo o que representa esse novogoverno.
A senhora fala das pesquisas?
Tem acompanhado as pesquisas?
Sim, as pesquisas mostram que ocidadão brasiliense não está satis-feito com a condução do governo.Todos têm a clara percepção que agestão não está funcionando bem.
A senhora já disse que é
necessário que a oposição já
trabalhasse a escolha dos
candidatos para a próxima eleição.
A oposição segue dividida?
Estamos em um momento muitoimportante, de definições de can-didatos e pré-candidatos em todosos níveis, buscando os partidos comos quais têm mais afinidade. É nes-se momento que começa a se bus-car, efetivamente, as tratativas, ar-ticulações e possíveis alianças. De-ve-se lembrar que o cenário nacio-nal não está perfeitamente deli-neado. Essas alianças a nível na-cional certamente terão uma gran-de repercussão localmente.
Mesmo sem ter candidatura a
governadora confirmada, deve
pensar em propostas e
plataforma de campanha. Quais
seriam as áreas prioritárias?
Obviamente, acho que nenhumcandidato, nenhum partido políticoou coligação pode esquecer as áreasde educação, saúde, segurança pú-blica e aqui em Brasília, transporte.São quatro áreas que são priorida-des em qualquer governo. Portanto,é o caminho que nós queremos se-guir. Não porque é o meu caminhoou do PPS. É o que a sociedade exi-ge. Há muitos pontos que eu querodebater no PPS e na sociedade.
A senhora foi vítima dos fakes,
atribuídos ao GDF, na internet.
Como a senhora vê essa situação,
esse tipo de atuação e o tipo de
resposta que tem sido dado pelas
forças que deveriam reprimir essa
condut a?
Eu procurei a Justiça, em primeirolugar. Pedindo a quebra dos IPs e de-pois que me fossem informados ostitulares desses IPs. Ainda aguardoisso. Quer dizer, já vem se arrastan-do há dois anos. Consegui a quebra eainda estou esperando para saberquais são os titulares desses IPs. Masvou até o fim, porque a nossa Cons-tituição garante que todos possamfazer sua crítica, todas possam exer-cer a liberdade de expressão, masnão de uma forma oculta. Até por-que você tem que permitir, é basilarna nossa Constituição, o contraditó-rio. E eu acho que essa questão dosfakes foi muito além. Não nos ata-cou, a mim e a outros personagensaqui de Brasília apenas no plano po-lítico, mas no plano pessoal. Isso émuito grave, porque todos nós te-mos famílias. Queremosquenossosfilhos, familiares, tenham sua vidaparticular preservada, naquilo que émais sagrado, o seu direito de priva-cidade. Jogaram de uma formamuito baixa com muitos de nós, da
oposição. Quando mexe com a fa-mília da gente, não é fácil. Não va-mos desistir tão cedo de chegar auma apuração desse caso. E eu es-pero que a nossa polícia, nosso Mi-nistério Público entrem de verdadenessa questão.
A senhora foi muito crítica à
forma desse pacote de aumentos
que o GDF está propondo. Isso
preocupa, para a senhora que
pode ser governadora, arcar com
esses custos no futuro?
O primeiro ponto que nós ataca-mos foi a questão de os projetoschegarem em bloco e o governo nãodar umprazo para quenós tivésse-mos oportunidade de fazer umaanálise mais profunda dos projetos.Felizmente, houve um entendi-mento. Foi muito importante, por-que de 22 projetos que chegaram àCâmara, 11 retornaram porque ti-nhamprobleminhas, para o gover-no fazer algumas correções. Algu-mas categorias ainda se encontramem estudo. O segundo ponto é queos aumentos que serão pagos nospróximos anos têm valor substan-cial. Estamos falando de impacto demais de R$ 1 bilhãona folha de pa-gamento.Enós precisávamos saberse a Lei de Responsabilidade Fiscalhavia sido considerada em relaçãoa isso. Conceder aumento aos ser-vidores é bom, na medida que oservidor satisfeito e bem atendidopoderá oferecer também melhores
serviços à sociedade. Não tenhonenhum questionamento em rela-ção a isso. Mas será que se somaramtodos os impactos? A Lei de Res-ponsabilidade Fiscal foi umgrandepassodado peloBrasil até para evi-tar o endividamento.
A senhora tem a mesma posição
em relação ao empréstimo que
eles fizeram dando a arrecadação
futura de ICMS?
Estamos com folga no nível deendividamento, que é permitido. Oque eu questionei é que se fosse es-se caminho do empréstimo, pode-ria ter sido outro. Nós gastamosquase R$ 2 bilhões ou mais no Está-dio Nacional. Se o estádio tivesseum valor mais condizente com oque foi construído, teríamos comfolga os R$ 500 milhões para fazer ainfraestrutura de Arniqueiras, PortoRico, Sol Nascente, sem que preci-sássemos endividar Brasília. Nósestamos endividando Brasília. Issonão seria necessário se os preçosaplicados ali no estádio estivessemem patamares mais aceitáveis.
Com os fakes da internet, jogaram de uma forma
muito baixa com muitos de nós, oposição. Quando
mexe com a família da gente, não é fácil. Não vamos
desistir tão cedo de chegar à apuração desse caso.
Os aumentos
que serão
pagos nos
próximos anos
têm valor
subs tancial.
Es tamos
falando de
impacto de
mais de R$ 1
bilhão na folha
de pagamento.