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Entrevistas a Luís Lavradio, novo presidente da Causa Real, e a … · 2013. 10. 4. · A Queda dum Anjo [1866],umdosmaisacla-madosromancesdeCamilo,pretendeprovar que,arrancadoaoseuambientenatural,

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Editorial Chega às vossas mãos o n.º 6 do Correio Real perto do fim do ano de2011. Contra a nossa vontade. A periodicidade que tínhamos estabelecido e anunciadonão foi cumprida. Disso nos penetenciamos. Mas existem razões. E a principal é a faltade disponibilidade financeira, uma vez que a crise, que a todos afecta, se reflecte na dimi-nuição das quotizações e outras receitas habituais. Para além de despesas extraordináriasocorridas neste ano, nomeadamente com o condomínio da nossa sede. Temos tentadodiminuir as despesas correntes de funcionamento e feito um esforço de racionalização,procedendo a uma actualização dos ficheiros e recorrendo mais às facilidades que atecnologia nos proporciona para o contacto com os nossos associados, como o envio dee-mails e de sms para os telemóveis daqueles que não indicaram endereço electrónico.Este meio de comunicação representa a poupança de muitas centenas de euros.

O ano que está prestes a terminar tem sido, para todos os Portugueses, um anode acrescidas dificuldades financeiras, que se devem à crise provocada por muitos anosde má governação dos principais partidos políticos da República, sob uma crise europeiae global. Tem-se falado dos últimos quinze anos, mas diríamos que os erros são anterio-res e começaram, depois dos anos de dificuldade pós 25 de Abril, com a falta de perspec-tiva das políticas seguidas após a adesão à então cee, em que as contribuições financeirasda Comunidade Europeia foram gastas com critérios imediatistas e de enganosa abun-dância, criando uma falsa mentalidade de país e Estado ricos, que levou sucessivos go-vernos, e a sociedade civil, a viver para além das reais capacidades financeiras,conduzindo ao endividamento do Estado e das pessoas.

Muitas vozes, sobretudo entre os monárquicos, se ergueram para apelar a mudan-ças radicais, designadamente à mudança de regime, constatando, entre outras razões, queno seio da ce as monarquias têm resistido mais facilmente à crise. De facto, são repúbli-cas os países a precisar de recorrer à ajuda internacional. Se é verdade, e é bom enfatizá-lo,que a instauração da Monarquia não seria uma panaceia que nos afastaria de imediatoda crise em que estamos mergulhados, é também verdade que a mudança de regimepoderia ter efeitos benéficos, sobretudo ao nível da coesão nacional, da confiança nasinstituições, da recuperação do orgulho nacional e da esperança no futuro. A Monarquiaserá, se todos nós quisermos, esse caminho para um futuro de esperança e confiança emPortugal. É preciso, cada vez mais, apontá-lo aos Portugueses, unidos num só desígniopatriótico, em torno de quem a representa, Sua Alteza Real o Senhor Dom Duarte,Chefe da Casa Real. João Mattos e Silva Presidente da Direcção

A partir deste número, o Boletim conta com um novo grafismo. Agradecemos a PauloCorreia o valioso contributo nos números anteriores. João Távora Chefe de redacção

Correio RealBoletim oficial da Real Associação de LisboaDirector: João Mattos e SilvaChefe de redacção: João TávoraRedacção: Nuno Pombo, Duarte CalvãoDesign e edição: Vasco RosaProdução: Sinapse Media

Nova Gráfica do Cartaxo1600 exemplaresNovembro de 2011

� Regularizaçãode quotas

Sabia que toda a nossa actividade

é financiada pelas quotizações dos sócios?

Cumpra a sua parte,

ajude-nos a servir Portugal!

21 342 8115

[email protected]

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Luís Lavradio, nascido em Lisboa em 1967,

viveu em Londres de 1973 a 1989, quando con-

cluiu o curso de Economia em Cambridge. Ex-

banqueiro com experiência transcontinental e

nacional, desenvolve actualmente um projecto

profissional próprio e é presidente da Causa Real,

eleito em Maio de 2010. Sucedeu a Paulo Tei-

xeira Pinto, que coadjuvara como um dos três

vice-presidentes, e cujo mandato decorreu de

Janeiro de 2007 até então.

Ouvimo-lo a propósito da sua convicção mo-

nárquica e do trabalho de reforço da intervenção

política e organizativa da Causa Real que apro-

veita as virtudes da geração digital e tecnológica.

— Sou monárquico desde que me lembro,inicialmente por tradição de família mas hoje,inquestionavelmente, pela convicção de que oregime monárquico poderá trazer claríssimasvantagens para o nosso País. Devo dizer quenunca tinha pensado em aderir à militânciamonárquica até ouvir as ideias sobre a monar-quia, claras, objectivas, expostas por PauloTeixeira Pinto num debate de televisão, noprograma Prós e Contras. O longo períodoque vivi em Inglaterra permitiu-me amadure-cer ideias e convicções, porque, mantendo omais possível o meu interesse por Portugal,constatei sempre uma diferença marcanteentre regimes. Um dos pilares da extraordiná-ria estabilidade do sistema político britânicoé o respeito pela Instituição Real enquantopersonificação do ideal britânico passado,presente e futuro e que, necessariamente, foie vai evoluindo. A experiência política deIsabel II, por exemplo, que ao longo de cin-quenta anos conversou semanalmente comdoze primeiros-ministros diferentes, deChurchill, que nasceu no século xix [1874], aCameron, que nasceu quase cem anos depois

[1966], é inatingível por qualquer presidenteda república. Repare que, embora sem qual-quer poder de facto, a Rainha tem um papelsimbólico importantíssimo.

Como encarou o desafio que Paulo Teixeira

Pinto lhe propôs para assumir a presidência da

Causa Real?

Disse-lhe que não me achava capacitado,que não seria a pessoa certa. No entanto, atransformação da causa monárquica nummovimento político foi muito bem concebidae posta em marcha pelo Paulo Teixeira Pinto,que tem uma ideia essencialmente funcional emuito pragmática em relação à Causa Real,que eu partilho inteiramente. Dito isto, econstituída a estrutura certa, a verdade é quetemos tudo por fazer. É fundamental melho-rar a coordenação e cooperação interna e con-solidar a nova estrutura da Causa Real e dasReais Associações, de modo a potenciar a suaacção política a todos os níveis e a adesão denovos membros da causa monárquica, querem Portugal quer no exterior. Ao mesmotempo, seguindo uma estratégia delineadapela actual Direcção da Causa, que visa apre-sentar aos Portugueses uma alternativa polí-tica viável para Portugal assente numaInstituição Real, temo-nos dedicado ao de-senvolvimento de um projecto de comunica-ção que é absolutamente fulcral para osnossos objectivos. Há muitos que querem verresultados imediatos, mas para pormos estanossa máquina a funcionar como deve ser,precisamos de tempo: estamos a correr umamaratona, não os cem metros…

O que relançou o movimento monárquico?

O centenário da república foi, sem dúvida,uma ocasião fundamental para desmistificar a

Entrevista

«Correio Real», n.º 6, Novembro de 2011 3

«A Causa Real tem agorauma visibilidade inédita»

Entrevista a Luís Lavradio

É funda-mentalmelhorar acoordena-ção e coope-raçãointerna econsolidara novaestruturada CausaReal e dasReaisAssociações

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instituição real e o ideal monárquico. Não éinsignificante o número de pessoas que hojeem dia se me confessam «menos republica-nas», muito pela visibilidade dada aos vergo-nhosos acontecimentos da primeira repúblicaque veio desmistificar o ideário republicano ea chamada ética republicana, uma adjectiva-ção que tem tanto de ideológico como deestúpido. Ao longo dos últimos dois anos omovimento monárquico e, em particular osrepresentantes da Causa Real, tem aparecidoem debates televisivos, na telefonia e em ou-tros meios, a discutir a questão do regime.Mais: levámos o debate às escolas, aos liceus,onde se gerou um interesse imenso. Devodizer que ainda estou para ouvir um argu-mento sensato que sustente o republicanismo,e custa-me continuar a ouvir argumentoscontra a monarquia baseados em faláciase preconceitos. Foram desenvolvidos cominteligência um número de acções que, em-bora poucas, tiveram um impacto mediáticopara além de qualquer expectativa e trouxe-ram uma visibilidade à causa monárquica queela nunca tinha tido. A troca da bandeira naPraça do Município em Lisboa em Agosto de2009 mexeu, e mostrou que os monárquicosportugueses não são figuras do século xix,saudosistas, agarradas de unhas e dentes aoantigamente, mas pessoas perfeitamente ac-tuais, com senso de humor, viradas para o fu-turo. Aliás, tem havido uma grande adesão dejovens à causa monárquica e de pessoas quenada têm a ver com a visão estereótipa queexiste em relação à nossa causa. O próprioPaulo Teixeira Pinto aparece com uma grandecredibilidade pública, granjeada enquantopolítico, gestor e empresário, passando porisso uma forte mensagem ao afirmar-se comomonárquico e como líder da Causa. Outrosprofissionais de reconhecido mérito que re-centemente afirmaram a sua adesão à Causatambém vieram ajudar a mudar a ideia esta-belecida em relação aos monárquicos.

Qual o argumento político que podemos tra-zer para uma nação em crise?

Um nação em crise precisa, acima de tudo,de esperança. Um símbolo vivo que traduzcontinuidade e que, não estando na luta polí-tica, está mais propenso a assimilar o sofri-mento do seu País, tem uma força que não secompara às melhores intenções de qualquerpresidente da república. A monarquia é umaforma de regime mais natural, contrariando aartificialidade do regime republicano. Esteprocura sempre encontrar a melhor forma deestabelecer a ligação entre Chefia de Estado epovo que é perfeitamente natural no regimemonárquico. Qualquer pessoa percebe a posi-ção do Rei, qualquer pessoa, gostando ou não,vê no monarca um símbolo vivo da essênciado seu país e do seu povo. É um símboloaglutinador. Mesmo que um presidente façaum bom cargo, nunca está investido de igualdignidade e legitimidade e não acarreta deforma alguma a mesma ligação emocionalque um povo desenvolve à volta da sua Famí-lia Real. Mais: a posição apartidária, ou su-prapartidária, de um rei, que lhe garante umaverdadeira isenção política, é uma vantagempolítica facilmente perceptível. Daí advémem parte a predisposição para a maior estabi-lidade política do regime monárquico consti-tucional. Espanha, Bélgica e Inglaterra, porexemplo, também elas em época de crise,demonstram-no claramente. Mas penso tam-bém em mais-valias quantificáveis, que talvezsejam menos óbvias. Estou a desenvolverequipas de estudo para avaliar o impacto deuma monarquia constitucional na nossa eco-nomia, na salvaguarda do património e dacultura, ou na capacidade de diálogo transge-racional e transcontinental, principalmentecom a diáspora portuguesa e os países lusófo-nos [v. adiante, p. 7]. O Senhor Dom Duarte,por exemplo, tem demonstrado as vantagensdeste último, ao ponto de ter sido agraciadopor Timor como cidadão daquele país, quepenso ser um caso único. Anunciei também aconstituição de uma comissão política queestá a estudar a possível forma jurídico-cons-titucional de um regime monárquico em Por-tugal, com base nas nossas tradições e nos

Entrevista

«Correio Real», n.º 6, Novembro de 20114

Foram de-senvolvi-das com

inteligênciaações que

trouxeramuma visi-bilidade àcausa mo-nárquicaque elanunca

tinha tido

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exemplos vivos que são as monarquias mo-dernas europeias.

Poderiam os monárquicos, como tais, ter uma

intervenção mais visível na sociedade?

Neste momento, temos todos a obrigaçãode intervir na sociedade, sobretudo comoportugueses. Estamos numa situação econó-mico-financeira que tenderá a piorar no fu-turo próximo e que nos conduzirá a situaçõessociais cada vez mais preocupantes. Eu soumonárquico e acredito nos benefícios do re-gime monárquico constitucional para Portu-gal porque, acima de tudo, sou português.E é precisamente nestas alturas que aquelesque se dizem monárquicos devem dar o seuexemplo como portugueses. Temos que estartodos prontos a dar o nosso contributo. Asermos solidários com aqueles que nos ro-deiam. Os nossos vizinhos, as nossas comuni-dades, não esquecendo as nossas obrigaçõesperante o Estado. Não está na altura para a

demagogia fácil. E aventuro-me a fazer umaapelo aos monárquicos: juntem-se à Causa,dêem a cara, afirmem-se monárquicos porqueacreditam no nosso País e porque estão pron-tos a dar o que for preciso para ajudar a re-construí-lo.

ss.aa.rr. os Duques de Bragança têmdado um exemplo infatigável dessa solidarie-dade, tanto com a sua presença junto dosPortugueses como o seu trabalho em prol devariadíssimas causas humanitárias. Como ins-tituição, a própria Causa Real também temuma preocupação de solidariedade, e isso temsido visível na acção local das Reais Associa-ções. Este ano a Causa Real propõe entregaro lucro do chamado Jantar dos Conjurados,que recorda a reconquista da nossa indepen-dência em 1640, a uma obra de beneficênciaescolhida por ss.aa.rr.

Como vai a interacção entre as Reais Assso-

ciações e a Causa Monárquica?

«Correio Real», n.º 6, Novembro de 2011 5

A CausaReal temuma preo-cupação desolidarie-dade, e issotem sidovisível naacção localdas ReaisAssociações

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Eu fiz um compromisso quando fui eleitoem Maio, e tenho procurado visitar todas asReais Associações para conhecer melhor a suasituação e as suas ideias, e para que haja umacomunicação melhor e contínua com a CausaReal. Há vantagens claras nisso. A nossa in-tervenção como monárquicos devia ser cadavez mais visível e tem de ter continuidade,tanto ao nível local como nacional, se não, depouco vale.A Real Associação de Viana de Castelo,

por exemplo, nas últimas eleições teve o cui-dado e a inteligência de escrever a todos oscandidatos na sua região, procurando a posi-ção de cada um em relação à monarquia. Estetipo de actuação devia ser automático porparte de todas as Reais Associações, e teriasido se já houvesse o nível de coordenaçãopara que actualmente caminhamos. As ReaisAssociações têm um profundo conhecimentodas realidades locais e óptimos acessos às es-truturas políticas municipais, aos media regio-nais, etc.; estão por isso capacitadas para fazerpolítica local.Através das Reais Associações, a Causa

Real terá também acesso facilitado aos mo-nárquicos em todo o País, e no estrangeiro, ehá um compromisso estatutário das ReaisAssociações de fornecer à Causa Real o censoactualizado dos seus membros. Estamos aactualizar e digitalizar toda essa documenta-ção. É uma tarefa essencial, que ainda levaráalgum tempo.

Nos blogues e meios afins têm aparecido críti-cas, sugestões e até preocupações de milhares deportugueses que pensam como nós. Como corres-ponder a isso? Não deveriam esses monárquicosgenuínos e generosos ser chamados a colaborar di-rectamente?Claro que sim. Vejo nisso uma oportuni-

dade que não deve ser desperdiçada. Críticasconstrutivas são sempre bem-vindas e os seusproponentes também. Sabe que desde quetomei as rédeas da Causa já me chegarammeia-dúzia de ideias muito bem delineadas,algumas das quais totalmente em sintonia

com a nossa própria agenda e que gostaría-mos de pôr em marcha? Em todos estescasos, convidei os proponentes a fazer parteou mesmo liderar as equipas que levarão estasideias para a frente.Do que a Causa precisa realmente são re-

cursos, tanto humanos como financeiros, semeles não pode funcionar. Infelizmente, hámuito poucos interessados em dar o corpo aomanifesto; eles falam, falam, falam, falam,mas... As Reais Associações, enquanto órgãosregionais da Causa, têm o trabalho duplo deangariar novos sócios e encaminhá-los paraprojectos que a Causa está a desenvolver.Com a alteração estatutário de 2009, os asso-ciados das Reais Associações são automatica-mente associados da Causa Real. Mas nãotemos a pretensão de virmos a englobar todosos monárquicos debaixo da bandeira daCausa Real. Temos trabalhado, e bem, comgrupos independentes de monárquicos, aju-dando-nos mutuamente. Aliás, o facto deterem aparecido recentemente várias associa-ções monárquicas revela não só um interessecrescente no tema, mas também a riqueza doregime que defendemos, que é multicultural,multiétnico e suprapartidário. Quer dentro,quer fora da Causa, há muito que se podefazer. Os meios actualmente ao nosso alcancedão-nos possibilidades de comunicação ex-traordinárias. A plataforma web 2.0 é funda-mental para nós e temos uma excelenteequipa a desenvolver essa ferramenta para aCausa.

Aprovaria a formação de tendências monár-quicas nos partidos políticos?Sem dúvida. Há muitos políticos com

convicção ou simpatia monárquica em todosos partidos da direita à esquerda. Repare quehá pouco mais de 20 anos, o Conselho deEstado era maioritariamente monárquico!Se formos capazes de mostrar que há, defacto, uma alternativa de regime credível eque é apoiada por uma camada significativada população, julgo que teremos uma adesãoe uma visibilidade maior dessas tendências

Entrevista

«Correio Real», n.º 6, Novembro de 20116

As ReaisAssociações

têm otrabalhoduplo deangariar

novossócios e

encami-nhá-los

paraprojectos

que a Causaestá a

desenvolver

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monárquicas dentro dos partidos políticos.Mas olhe que a Causa Real não se limita adefender apenas a monarquia. Defende umamonarquia constitucional que se traduz numsistema político encimado pela InstituiçãoReal. E é esta, na pessoa do Rei ou da Rai-nha, que garante uma maior estabilidade euma maior transparência na representativi-dade política e entre os poderes legislativoe executivo. Há aqui muito tema de debatecom os partidos políticos sem entrarmos naquestão, stricto sensu, da monarquia.

Destaque três acções concretas para os oitomeses que restam ao seu mandato actual.É pouco tempo, mas há três acções priori-

tárias que temos vindo a desenvolver. Pri-meiro, a estratégia de comunicação queestamos a implementar. Baseada nas ferra-mentas da web 2.0, vai ajudar-nos a coorde-nar e gerir o movimento de uma forma maiseficaz, para facilitar e amplificar a comunica-ção da Causa Real com todos os Portugueses,monárquicos ou não, entre os quais importadestacar os emigrantes. Segundo, institucio-nalizar a cooperação e o diálogo contínuoscom as nossas estruturas locais. Deixarão aCausa Real com uma estrutura nacional con-solidada, agilizada, modernizada e dinâmica.Sem isto, a primeira nunca poderá funcionarbem! Terceiro, mais do que manter a chamaacesa, queremos fazê-la brilhar! Vamos con-cretizar ao longo do ano iniciativas que euacredito darão maior visibilidade pública ànossa Causa.Em suma, apesar de termos apenas um

ano, gostava no fim do mandato poder dizerque esta equipa pôs a funcionar a máquinaque recebemos, com mais associados, comuma maior visibilidade, com uma credibili-dade acrescida e com rumo ao futuro!

Entrevista de Duarte Calvãoe João Távora

Grupos de trabalho políticoe económico

O Presidente da Causa Real, Luís Lavradio,anunciou a constituição de dois grupos de traba-lho, um afecto à nova Comissão política e outroà Comissão Económica, que assinalou ser «damaior relevância para a Causa Real e o movi-mento monárquico em Portugal».

A Comissão Política, que conta com nomesreconhecidos da áreas jurídica, constitucional,histórica, política e académica, alguns dos quaisjá ligados à Causa Real, visa concretizar umconjunto de análises centradas quer na tradiçãomonárquica portuguesa e na nossa realidadejurídico-constitucional, quer nos alicerces consti-tucionais das monarquias europeias modernas.A Causa Real procura assim criar uma base paradeterminar os passos necessários para a transiçãopara uma monarquia constitucional em Portugale para o bom funcionamento da mesma. Aomesmo tempo, pretende apresentar uma propostapara a renovação e reestruturação do sistemapolítico e constitucional português, tendo comoobjectivo reforçar as vantagens que a InstituiçãoReal poderá aportar a um regime parlamentar,características de uma monarquia constitucionalmoderna, nomeadamente a transparência, aresponsabilização e a estabilidade.

Luís Lavradio avançou também com anotícia da constituição de uma ComissãoEconómica, que irá desenvolver uma análise decusto-benefício em relação a uma monarquiaconstitucional em Portugal. Lembrou-nos que«o custo da Chefia de Estado, embora importantenão é, per se, a questão central. É preciso enten-der os benefícios que uma Chefia de Estado ofe-rece a um país. O facto de a Família Real emEspanha custar aos espanhóis metade do custoda nossa Presidência da República não é umfactor determinante. Mais importante é o seubenefício económico que é, pelo menos em grandeparte, quantificável. Neste caso, não só o regimemonárquico é mais barato, como tem um efeitodirecto, positivo no PIB espanhol.»

Entrevista

«Correio Real», n.º 6, Novembro de 2011 7

Aweb 2.0vai aju-dar-nos agerir o mo-vimento deuma formamais efi-caz, parafacilitara comuni-cação daCausaReal comtodos osPortugue-ses, entreos quaisimportadestacar osemigrantes

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A democracia é, como se costuma dizer, opior regime exceptuando todos os outros. Énaturalmente melhor do que qualquer regimeoligárquico, tirânico ou autoritário. Na suaacepção ideal, tem como grandes virtudes aliberdade de expressão, a aspiração à difusãode oportunidades e igualdade no acesso àeducação, permitindo ainda aos indivíduose à sociedade civil ter um papel determinantena condução da política e da vida pública,ao passo que o aparelho estatal assenta teori-camente numa separação de poderes e numsistema de checks and balances como forma deevitar que exista qualquer poder incontrolado,porque, como ensinou Karl Popper, o impor-tante em democracia não é saber quemmanda mas como controlar o poder de quemmanda.

Porém, a democracia tem o condão depoder degenerar, tal como tem vindo a acon-tecer em Portugal, numa ditadura da maioria(a mais das vezes medíocre, bastando olharpara os imensos exemplos de políticos portu-gueses) e num regime tendencialmente oli-gárquico – confirmando a Lei de Ferro daOligarquia, formulada por Robert Michels –subjugado por interesses mais ou menos des-conhecidos – as coligações de interesses orga-nizados que Friedrich A. Hayek apontavacomo um dos factores responsáveis pela per-versão da democracia.

O regime actual padece de graves falhasque ao nível político estão cada vez mais visí-veis, funcionando cada vez pior. Desde logo,a arquitectura do aparelho estatal, com umregime híbrido e com poderes muito poucoseparados, contando com um presidente darepública com poucos poderes, um primeiro--ministro que é sempre um potencial ditadorse tiver uma maioria parlamentar absoluta,um parlamento com deputados completa-

mente reféns dos partidos pelos quais sãoeleitos – e que mais não é do que a casa, nãoda democracia, mas da falta de sentido de es-tado e ausência de dedicação à causa pública,sem falar no cada vez mais kafkiano sistemade justiça.

Os partidos políticos, por seu lado, torna-ram-se reféns das coligações de interessesorganizados com as quais os políticos sãoforçados a negociar e das quais depende emgrande medida o seu apoio e sustentação po-lítica, ocorrendo uma distorção do que deveser o interesse público, na medida em que ospartidos não estão unidos por verdadeirosprincípios políticos e sujeitam-se aos interes-ses dos grupos de pressão que são efectiva-mente capazes de se organizar a ponto depreponderarem sobre outros que não se con-seguem organizar de forma tão eficaz. Istodistorce a alocação de recursos, que é feitapelo poder político sem quaisquer referênciasa princípios de justiça, igualdade ou eficiên-cia, consubstanciando o que José AdelinoMaltez costuma referir como uma economiaprivada sem economia de mercado.

A virtude da democracia é refrear os ímpe-tos autoritários e ditatoriais, aceitando edefendendo o conflito e institucionalizandoregras para este. A negociação e o compro-misso têm de ser constantes em qualquer de-mocracia saudável. Em Portugal, contudo, ospolíticos preferem não ter freios ao poder,impor as suas opiniões e decisões pela forçada soberania popular expressa nos actos elei-torais e governar como se fossem ditadores –tudo em nome da estabilidade e da governa-bilidade, como se fosse possível eliminar ainstabilidade e o conflito inerentes à demo-cracia.

Temos assim um ambiente político exas-perante, em que a política é encarada como

Opinião e Debate

«Correio Real», n.º 6, Novembro de 2011 9

Cultura de serviçoSamuel de Paiva Pires

[email protected]

O regimeactualpadece degravesfalhas queao nívelpolíticoestão cadavez maisvisíveis,funcio-nando cadavez pior

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o futebol, com clubes e as suas respectivas

claques compostas por elementos que, na sua

esmagadora maioria, se preocupam essencial-

mente com a baixa política intriguista e inte-

resses que pouco ou nada têm a ver com a

causa pública. Falta-nos uma cultura de ser-

viço, que nos permita transcender-nos no que

à governação diz respeito, fazendo cumprir

Portugal através da prossecução de uma polí-

tica assente no respeito por todos os portu-

gueses e não apenas por interesses que

distorcem o funcionamento da democracia,

colocando-a em causa. Não podendo envere-

dar por uma nova campanha de Descobri-

mentos, tendo sido a religião arredada do

espaço público em virtude do jacobinismo

republicano que grassa desde a Primeira Re-

pública, apenas uma mudança política pode

revitalizar moralmente o País e contribuir

para uma substancial regeneração do mesmo:

a restauração da monarquia. Só esta permitirá

que nos sintamos mais coesos enquanto

nação, e que tenhamos verdadeiramente um

espírito de missão na prossecução das nossas

vidas, com a certeza de contribuirmos para

algo muito superior a qualquer um de nós

mas, contudo, essencial para as nossas vidas

e para o País.

«Correio Real», n.º 6, Novembro de 201110

� Proponha-nos as suas reflexões

As páginas de Opinião e Debate do «Correio Real» estão abertasà colaboração dos sócios da Real Associação de Lisboa

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Numa sociedade que se deleita tomando--se a si mesma por objecto de estudo e per-plexidade, como aquela em que vivemos,sente-se a falta de um largo inquérito querevele o ressurgir do passado na vida políticacontemporânea.

O discurso político, deslumbrado com obrilho da modernidade, prefere alimentar ailusão de que o homem de hoje vive nummundo à parte, elevado pelas proezas da tec-nologia a tão elevados cumes de civilização,que se desfizeram em pó todas as suas amar-ras ao passado. Supõe-se, então, que nada lhepode interessar tanto como começar e acabarcada debate com os olhos postos no futuro.Lisongeiam-se os eleitores com a repetidaafirmação de que o futuro, com todas as suasmaravilhas, é o único tema merecedor daatenção do homem evoluído, como se fossepossível conceber um perfil dos dias futurossem os assentar numa perspectiva do passado.Criou-se, assim, a presunção de que não sub-sistem, na sociedade contemporânea, laçosque a prendam ao passado, e daí se pôde con-cluir que a história ficou reduzida ao papelde uma inocente distracção, cultivada portranquila curiosidade no sossego dos momen-tos ociosos. Imagina-se que só uma pequenafranja de inadaptados pode ainda conferirimportância a tradições históricas. E quandose pensa neles, desenha-se uma imagem com-pleta: vivendo à margem da sociedade, agar-rados aos fastos de outros tempos, presos amemórias do passado, voltados para trás, in-capazes de perceberem que o mundo não vol-tará a ser como era. Tal é o estatuto atribuídoaos grupos monárquicos ou conservadores,equiparados, na moderna propaganda polí-tica, ao Velho do Restelo, venerando e elo-quente sábio que é apontado por padrão emodelo de quantos se recusam a acompanhar

a marcha triunfal do progresso.E uma vez que o apego à história passa,

no vocabulário político mais corrente, porapanágio das correntes monárquicas, tradicio-nalistas ou conservadoras, tornou-se umlugar-comum censurá-las asperamente pelasua «cegueira» e «teimosia», por não quereremver que o mundo mudou e que todas as tradi-ções estão condenadas à extinção. Tão repeti-das e vigorosas censuras, apesar do seu frágilconteúdo filosófico, acabaram surtindo efeito,e os militantes destas correntes ideológicasviram-se na necessidade de produzir calorosasdeclarações de amor ao mundo moderno eao tão recomendado futuro. Despojados dodireito à história, desejosos de se descolaremdo rótulo de passadistas ou saudosistas,viram-se coagidos ao uso de uma linguagemque não contribuiu para aclarar os seus pro-jectos políticos.

Deve notar-se, porém, que o discursoanti-histórico ocupa apenas a mais fina crostado discurso político, aquela que é destinadaao consumo imediato e massificado. Assimque se entra numa esfera minimamente ele-vada e reflectida do debate ideológico, salta àvista a concentração dos recursos intelectuaisna análise do processo histórico. Nesse domí-nio parece haver uma feroz competição paradecidir qual das ideologias em conflito seapodera com mais vigorosa argumentaçãodos dados da história, convocando-os paraprova da convergência dos tempos numaúnica direcção possível.

A leitura e interpretação das idades histó-ricas encontra-se no cerne de todas as ideolo-gias políticas, desde o «século das luzes».Todos os futurismos, todos os profetismospolíticos ou sociais invocaram a seu favor otestemunho da história, e não como testemu-nha secundária ou complementar, mas como

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História como estratégiaCarlos Bobone

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portadora da revelação decisiva e primordial.E quanto mais revolucionária a ideologia,tanto mais forte o seu apelo ao argumentohistórico. A causa desta aparente contradiçãonão reside no prestígio do paradoxo. O que opensamento revolucionário descobriu foi que,para subverter um sistema social enraizado notempo e nas consciências, é preciso dar a co-nhecer o seu carácter histórico e transitório,mostrando que a ordem existente faz partede um processo em evolução, e não está desti-nada a perdurar para sempre. Desvendar ofundo histórico de um regime é mostrá-loassociado a circunstâncias particulares quejustificaram o seu aparecimento e que, alte-rando-se, ditarão o seu fim.

Requerendo, pois, a caução da história,todos aqueles que quiseram encabeçar insur-reições políticas, filosóficas, científicas oumorais, tornaram-se vasculhadores do pas-sado, historiadores, arqueólogos, genealogis-tas. Procuraram a «origem e o fundamentoda desigualdade» (Rousseau), a «origem dafamília, da propriedade e do estado» (Engels),a «origem das espécies» (Darwin) ou a «ge-nealogia da moral» (Nietzsche). Mergulha-ram a cultura moderna numa incessantebusca genealógica, à procura de raízes legiti-madoras e de direcções promissoras. Forambuscar aos «ventos da história», às «grandescorrentes da história universal» e às «tendên-cias do nosso tempo» a autoridade moral quenos séculos anteriores se procurava na religiãorevelada, para impor no debate ideológico opeso de uma força superior à razão humana,e contra a qual toda a resistência seria vã.

Daqui nasceu o hábito, muito populari-zado desde a revolução francesa, de condenara inútil resistência de todos os que se obstina-vam em conservar ou até restaurar, no todoou em parte, as estruturas sociais ou políticasderrubadas por tão poderosas forças como asdo processo histórico. Subalternizou-se avelha forma de fazer política, descrevendo osvários tipos de regimes e comparando-os nassuas virtudes ou nos seus defeitos. A políticamoderna fez-se sobretudo invocando os

novos tempos, a força imparável do progressoe a irremediável decadência de quem se pu-sesse à margem de tão prodigioso movi-mento.

A controvérsia ideológica extravasou docampo da argumentação directa e foi procu-rar noutros domínios o apoio poderoso daimagem, da sugestão, do estereótipo literário.A literatura do século xix esmerou-se nacriação do figurino que pretendeu fixar comoo modelo do vencido: a figura do velho fi-dalgo legitimista, isolado no seu velho solarem ruínas, preso a memórias do passado,longe do movimento da civilização e de cos-tas voltadas para esta, preenche boa parte daliteratura europeia no século xix, e tem umlugar particularmente espaçoso na portu-guesa.

É raro o romancista, novelista ou drama-turgo do nosso oitocentismo literário que nãotenha criado um fidalgo com estes contornos,tratando-o por vezes com respeito ou até comdeferência, mas retirando-lhe sempre qual-quer sombra de eficácia no combate dasideias, fazendo sempre dele um derrotado porexcelência.

O Caetano da Maia de Os Maias, oD. Galeão de A Cidade e as Serras, o D. LuísNegrão de Os Fidalgos da Casa Mourisca, oBártolo de Briteiros de Agulha em Palheiro, oCalisto Elói de A Queda dum Anjo, são exem-plos vivos do esforço que a imaginação doconstitucionalismo português empregou parase livrar de um vulto incómodo, castigando-ocom todos os sinais da derrota e sugerindoque havia um único modo de ser legitimista:isolado, esquecido, sem poder nem influência,entregue a um ócio rancoroso, acobertando-sena única virtude que lhe sobrava: a sua tei-mosa fidelidade a um mundo irremediavel-mente perdido.

Nem a sua força de carácter lhe servia:A Queda dum Anjo [1866], um dos mais acla-mados romances de Camilo, pretende provarque, arrancado ao seu ambiente natural,transposto para a cidade, este figurino fica su-jeito à corrupção, perde a sua conhecida inte-

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Mergulha-ram a

culturamoderna

numaincessante

buscagenealógica,

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gridade e acaba chafurdando na lama da in-triga parlamentar e da infidelidade conjugal.

Esta subordinação do debate ideológico amodelos literários, que procuram lançar oanátema moral sobre opiniões presumivel-mente antiquadas, significou a derrota doprojecto iluminista, que visava libertar oespírito humano de todas as tutelas e devolverà razão individual a iniciativa do julgamento.Derrota tanto mais amarga quanto foi infli-gida pelos próprios herdeiros do «espírito dasluzes» que, apenas se viram livres da tutelareligiosa, correram a procurar nova tutela,trocando a superstição tradicional pela su-perstição progressista, com o mesmo caráctermístico e igualmente avessa à argumentaçãoracional. À sombra dos futuros vaticinados,desabrochou a mais acolhedora crendice. Aúnica forma de tradicionalismo que encon-trou acolhimento neste ambiente cultural foia que se apresentou sob as vestes do conheci-mento hermético, envolta na linguagem doocultismo e invocando a sabedoria secreta dassociedades iniciáticas.

A cultura de massas foi terreno fértil parao desabrochar de todas as superstições inte-lectuais, pregadas pelos detentores do novopoder espiritual, que conquistaram o estatutode verdadeiros profetas. Algumas vozes isola-

das, como as de Julien Benda, RaymondAron e Karl Popper, denunciaram o caráctercoercivo e intimidatório deste uso e abuso doargumento histórico, a que o último deles deuo nome de «historicismo». Em obras degrande fôlego ideológico, como «a traição dosintelectuais», «o ópio dos intelectuais», «a po-breza do historicismo» e «a sociedade aberta eos seus inimigos», os filósofos da democracialiberal tentaram libertar o debate político doexcessivo peso da argumentação histórico-profética, futurista e progressista. Batendo-sepela restauração da racionalidade iluminista,expuseram com vigor a impossibilidade deformular leis da evolução da humanidade, ea importância de deixar em aberto, à mercêda liberdade de escolha, o perfil da sociedadefutura. Mas também eles se deixaram seduzirpelo prestígio do argumento evolucionista,e puseram a sua crítica sob a égide da «socie-dade aberta», correspondente ao grau maiscomplexo e avançado da civilização, enquantodistribuíam aos seus adversários o papel deúltimos arautos da «sociedade fechada», aforma mais simples e arcaica de vida colec-tiva.

Chegamos assim ao ponto em que se en-contra a cultura política contemporânea. Sa-turada de argumentação histórica, mesmo

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O homem «moderno» antecipa o futuro com os olhos no passado«Cortejo fúnebre eléctrico».

In Carlos Bobone, O Futuro dos Nossos Avós, Lisboa: Bizantina, 1991.

À sombrados futurosvaticinados,desabrochoua maisacolhedoracrendice

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naqueles círculos que a rejeitam, mas severa-mente oposta ao «passadismo» e «saudosis-mo» dos monárquicos e conservadores, osúnicos a quem não se reconhece o direito àhistória.

Um ambiente de tão pesada censura temobstado a que, nos movimentos deste cariz, seproduza a reflexão sobre o papel de primeiroplano que a leitura da história desempenhaem qualquer estratégia política. Não sendonecessário formular leis tão rigorosas e infalí-veis como as que o materialismo dialécticoserviu aos seus crentes, a verdade é que qual-quer grupo político ganha em consistência econvicção se souber enquadrar as suas opçõesnuma linha de reflexão e debate com fundasraízes no tempo. O combate político é hoje,em grande medida, travado num plano emque se confrontam questões morais e cultu-rais, prolongando venerandas e antigas con-trovérsias. Identificar e adoptar a sualinhagem político-cultural, defendê-la nassuas encarnações históricas, é um poderosoreforço para qualquer agrupamento político.A formulação desta necessidade encontra-seaproximadamente expressa numa frase quenos últimos anos encontrou grande acolhi-mento entre o público consumidor de litera-tura sensacionalista e de revisionismoshistóricos: «A história é sempre contada pelosvencedores.»

Afirmação que não condiz inteiramentecom a verdade, pois existem vários momentoshistóricos que chegaram ao nosso conheci-mento na versão dos vencidos, exprime, noentanto, a intuição da necessidade que sen-tem os poderes em conflito, de se apoderaremde uma versão da história, para reforço daautoridade que cobiçam. Conhecemos, nodecorrer dos tempos, povos ou grupos quecontaram as suas derrotas com mais eloquên-cia e riqueza de pormenores do que se fossemvencedores. Na antiguidade, o frágil estadoerguido pelos Hebreus esteve constantementesujeito a invasões e opressões dos povos vizi-nhos, e os desaires do povo eleito são-nosmais conhecidos pelos seus lamentos do que

pelos hinos triunfais dos vencedores. Houvetambém vencidos que captaram a simpatiados vencedores, e por isso o mundo conheceua destruição dos índios da América Espa-nhola pelo relato do seu fogoso defensor, opadre Bartolomé de las Casas, que espalhoupelos quatro cantos da terra o seu revoltadotestemunho. Poderíamos, pois, corrigir anossa afirmação dizendo que a história não ésempre contada pelos vencedores, mas aque-les que souberam contar a história tornaram-se vencedores. No caso do povo hebreu, épatente a força que retirou da circunstânciade em todos os momentos do seu acidentadopercurso ter encontrado um profeta capazde lembrar, em forma literária inspirada, osaltos e baixos da história daquele povo, ensi-nando-lhe que todas as derrotas se deviama infidelidades religiosas e todas as vitórias aoestrito cumprimento dos deveres da sagradaaliança. Na repetição deste ensinamento his-tórico encontraram os Israelitas a fé na suaidentidade de povo eleito e a orgulhosa forçaque os tornou imunes a todas as desgraças.

Os últimos desenvolvimentos da constela-ção política, nas sociedades da era cibernáu-tica, confirmam a força conferida pelahistória aos grupos que se apropriam de par-celas do passado. A autoridade moral e a pro-tecção especial reconhecidas aos gruposminoritários, que reclamam a herança dascategorias humanas oprimidas ao longo dosséculos, mostra que os sucessores reais ouimaginários de escravos, judeus, homosse-xuais, emigrantes, operários ou outras classesagredidas em tempos idos, souberam colher ofruto da indignação que a injustiça provoca,mesmo a título póstumo. Explorar a memóriado sofrimento e da injustiça faz parte do arse-nal político europeu desde o tempo dos pri-meiros mártires cristãos e ocupa lugar derelevo em todo o espectro da política contem-porânea, desde o movimento operário, queescolheu para seu dia de festa o 1.º de Maio,data do morticínio de trabalhadores em Chi-cago, até ao movimento sionista, que explorahabilmente as perseguições ao povo de Israel.

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Até opositivismorepublicano,que tanto seesmerou adenegrir opassado damonarquiaportuguesa,reservou um

lugar dehonra às

comemora-ções

centenárias

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Na tradição política portuguesa, hoje umtanto esbatida pelos fumos prestigiosos doeuropeísmo, o lugar da história na psicologiacolectiva foi sempre tomado em alta conta,mesmo pelos que quiseram minimizar a suainfluência. Até o positivismo republicano,que tanto se esmerou a denegrir o passadoda monarquia portuguesa, reservou um lugarde honra às comemorações centenárias, quedestinava ao importante papel de «sínteseafectiva do povo português», equiparando-asquase a uma nova religião.

Por multiplicados caminhos, como se vê,as leituras e releituras da história alimentamtodo o debate de ideias no nosso tempo. Vi-vemos a época da consciência histórica, ondetudo nos lembra que a data em que viemos aomundo afecta por vários modos a nossa exis-tência.

Não há motivos para nos mostrarmos des-prendidos do passado, mas sim para explorar-mos o vasto campo que ele abre à estratégiamonárquica, desde que se perceba que a ins-piração tradicionalista, a força vivificante dahistória, não fere em nada o estatuto de umacorrente ideológica que se pretende modernae virada para o futuro.

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Pela nossa liberdade

Nuno [email protected]

De quando em vez, obedecendo a critériosde oportunidade nem sempre descortináveise consensuais, o presidente da república, poroutra via que não o facebook, decide oferecer asua autoridade aos Portugueses. Ele já tinhaavisado. Já tinha dito. Já tinha denunciado.Admito que sim. Houve quem tivesse avi-sado, dito e denunciado. Mas sinceramentenão me lembro de ouvir a voz do senhor pre-sidente. Aliás, desde os tristemente famososcasos das escutas e do estatuto dos Açoresque me pergunto se vale a pena seguir o ra-ciocínio presidencial. É como aquela de cha-mar a atenção para a necessidade de nosvoltarmos para o mar depois de ter promo-vido, anos antes, o abate da nossa frota pes-queira. Os que não têm vergonha só existempoliticamente porque há os que não têm me-mória. A própria república, enquanto regime,é prenhe destes absurdos. Fala-se dela, home-nageando a liberdade, quando devíamos saberque ela foi um retrocesso democrático. A re-pública é, neste sentido, das maiores farsasdos últimos 100 anos. E árvores que não sãoboas não podem dar frutos bons.

É evidente que o sistema republicano nãoé o culpado de todos os males que vivemos.Mas também é certo que não é irrelevante aforma como se organizam os Estados. A re-pública, respaldada na pretensa superioridadeética do voto directo e universal, vive da tran-sitoriedade. Do efémero. Da ausência de me-mória. Semeia a fractura, o divisionismo, asuspeita, a reserva mental. A táctica da sobre-vivência. Deixa-se minar pelo compadrio eaceita sufocar-se pelas clientelas.

A instituição real, por seu lado, umbilical-mente ancorada na raiz da nacionalidade, fazparte integrante da essência do que é perma-nente. Da continuidade. Potencia a união,promove a harmonia e facilita a concórdia.

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A repúblicafoi umretrocessodemocrático,e uma dasmaioresfarsas dosúltimos 100anos. Eárvores quenão são boasnão podemdar frutosbons

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É alheia aos apetites dos que vivem dos favo-res públicos. O Rei, encarnando a sua missãohistórica, assume uma legitimidade muitoprópria e diversa da que anima os demais ór-gãos do Estado. É, por força dessa mesma le-gitimidade, completamente livre. Não precisade afinar pelo diapasão dos partidos. Não de-pende deles e tem um horizonte de magisté-rio que lhe permite libertar-se da conjuntura.Neste sentido, a instituição real é o garanteúltimo da nossa existência, da estabilidade ede uma perspectiva de futuro.

As marcas distintivas da chefia monárquicado Estado são particularmente relevantes noactual contexto conjuntural. Agora, melhor sepercebe a vantagem que uma genuína inde-pendência apresenta face ao que me parece serum mero reflexo formal dela. Por muito queambicione a neutralidade, o presidente da re-pública é fruto do jogo partidário. Emergedessas lutas. E esse é o seu pecado original.Sempre haverá quem veja nas decisões presi-denciais e nas suas tomadas de posição umfrete aos amigos de sempre ou uma traição.Com o actual panorama, não é difícil conce-ber cenários em que seria imprescindível asuperior autoridade do chefe do Estado. Ora,o presidente da república, seja ele quem for,não a tem. Não tem autoridade nem a podiater. É a genética eleitoral que a impede. Decerto modo, o maior inimigo da propaladaética republicana é a própria república.

No topo da hierarquia institucional doEstado deve figurar quem pode afirmar-seindependente. Quem possa exibir uma inde-pendência que lhe vem de uma legitimidadeverdadeiramente nacional. Quem não sedeixe afogar no pântano em que se podemtornar as vontades de facção. Não tenhamosdúvidas: um chefe de Estado que não emirjade voláteis maiorias episódicas é um chefe deEstado mais forte, mais credível e que podeexercer com maior e mais qualificada autori-dade a sua magistratura. Um chefe de Estadoque não está preso à conjuntura é livre. Esendo o Rei livre, está também garantida anossa liberdade.

Esclarecimento

Recebi a propósito do meu artigo «Quermesmo ficar sentado?» publicado no último nú-mero deste Correio Real, um desabafo de umnosso associado que, pela sua pertinência, aquidou devida nota. Estranhou o leitor, médico doServiço Nacional de Saúde (sns), que eu termi-nasse o texto com a frase «Ou vêm médicos es-trangeiros salvar-nos ou morremos sentadosnuma cadeira de pau à espera de uma consulta».Quero esclarecer o sentido e alcance daquela afir-mação. Ela não tinha por objectivo pôr em causao sns nem, muito menos, descredibilizar os pro-fissionais que nele prestam serviços.

O texto em causa tem, como pano de fundo,a intervenção estrangeira de que somos beneficiá-rios ou vítimas, consoante a perspectiva. O quequis sublinhar foi o facto de estarmos sempremais dispostos a aceitar o que vem de fora do queem buscar soluções internas para os nossos pro-blemas. Aceitamos da dita troika coisas que nuncaseriam aceites se fossem propostas pelo Governo,sem mais. Nem, na verdade, Governo que as pro-pusesse continuaria a sê-lo por muito tempo…

Coincidiu a redacção daquele meu texto coma notícia da vinda de médicos estrangeiros, algunsque nem português sabiam falar, para «trataremda nossa saúde». Achei a iniciativa ridícula. Lá vieu uma nova troika, agora de bata e seringa empunho, a resolver o nosso problema da saúde,como se nós, com os profissionais que temos, nãotivéssemos assistência bastante ou capacidade demelhorar o que está mal. No fundo, tentava ironi-zar: vem a troika mandar nas nossas finanças evêm 30 médicos sul-americanos pôr o sns naordem. Dá a ideia de que se a troika não viesse, opaís desapareceria. Da mesma maneira, pareceque se não viessem estes médicos estrangeiros,morreríamos «sentados numa cadeira de pau à es-pera de uma consulta».

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Não é difícilconceber

cenários emque seria

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Estado.Ora, o presi-

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não a tem.É a genéticaeleitoral que

a impede

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Há uns anos, o republicano José Ribeiro eCastro considerava constituir um incalculávelprivilégio para um país com a nossa história,mais ainda quando ameaçado por uma sinis-tra crise de soberania nacional, possuir umatão venerável quanto unânime Casa Real.Apesar da improvável origem destas sábiasdeclarações, essa é a mais preciosa motivaçãopara a minha militância monárquica. Trata-sede uma mensagem sobre Esperança. Um paíscom quase 900 anos de história bem mereceexibir no topo da pirâmide do Estado umaisenta instituição transgeracional, exclusiva-mente vocacionada para o serviço público,contribuindo para a materialização de umaNação una e para a conciliação dos interesses,facções e corporações que se digladiam, orga-nizadas em inevitáveis «partes» e «partidos».

Tamanha tarefa choca com a incontorná-vel realidade: destituídas de recursos materiaise humanos, as estruturas da Causa Real, salvohonrosas excepções, roçam a inexistência oucristalizaram-se numa espécie de clubes pri-vados inactivos, no melhor dos casos especia-lizados em jantares, efemérides históricas ecerimónias religiosas.

Para começarmos a contrariar esta lógicade morte, temos de entender a Causa Realcomo uma organização intrinsecamente polí-tica. É como tal que deveria ser assumidapelos seus líderes que, para todos os efeitos,deverão assumir-se também como políticos.Mas acontece que as Reais Associações nãotêm militantes, têm sócios, e, ainda por cima,difíceis de mobilizar para este ambicioso pro-jecto: promover eficazmente a utilidade, no-toriedade e reputação da sua Casa Real.

Urge alterar as nossas prioridades parauma intervenção aglutinadora de ideias e paraa disputa do espaço mediático, seja ele analó-gico ou digital, físico ou virtual. A nossa prio-

ridade não é convencer os monárquicos aserem mais monárquicos, mas cativar ohomem da rua que hesita entre a simpatia eo preconceito, usando uma mensagem clarae atractiva.

Compete às Reais Associações imiscuí-rem-se nas discussões económicas, nas ques-tões políticas candentes do País que é detodos nós. É paradigmática a facilidade comque juntamos 800 almas num jantar eleganteà volta da Família Real, mas somos incapazesde reunir 30 militantes para discutir a actuali-dade política. Não animamos um núcleo es-tudantil, não temos voz nos partidos. Éirónico como enchemos igrejas pelo menosduas vezes por ano, mas não juntamos trêsbandeiras da monarquia num jogo da selecçãonacional de futebol, para atrair a atenção docidadão comum. A pergunta que sobeja éesta: Está a nossa organização condenada à irre-velância de um grupo de patuscos saudosistas?Que mudanças organizacionais são necessáriaspara inverter este declínio?

Há três anos consecutivos que a CausaReal disputa com considerável sucesso o palcopolítico proporcionado pelo 5 de Outubro,granjeando protagonismo nos telejornais, im-prensa e rádios, nacionais e regionais. Alémdisso, anunciou a criação de dois grupos detrabalho, a Comissão Política e a ComissãoEconómica, para reforçar a sua componentepolítica e substanciar o argumentário econó-mico-financeiro de restauração da InstituiçãoReal. Num panorama de profundas dificulda-des, estes são pequenos passos, animadores si-nais de uma Causa Real que ambicionaextravasar a sua irrelevância, ou a pontual pre-sença nas revistas cor-de-rosa, para o terrenoque é o seu por natureza e obrigação: o polí-tico, o da conquista dum futuro de esperançapara Portugal.

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«Correio Real», n.º 6, Novembro de 2011 17

Uma causa políticaJoão Távora

[email protected]

Para come-çar a con-trariar essalógica demorte, temosde entendera CausaReal comouma orga-nizaçãopolítica, e osseus líderescomopolíticos

A nossaprioridadeé cativar ohomem darua quehesita entrea simpatia eo preconceito

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«Correio Real», n.º 6, Novembro de 201118

«A sustentabilidade do País

não está a ser discutida»

Entrevista a Gonçalo Ribeiro TellesEle próprio uma força da natureza, aos 89

anos Gonçalo Ribeiro Telles continua activo eatento aos problemas no nosso País, e muitopreocupado com a falta de debate sobre o queverdadeiramente importa. «A utopia e os pés naterra», título de um livro que o Museu de Évoralhe dedicou em 2003, reunindo alguns dos seusescritos, condiz na perfeição com o espírito desteMestre que tanto dignifica a causa monárquicae que tivemos o prazer e a honra de ouviruma vez mais.

.

A reforma administrativa proposta pelatroika quer reduzir o número de municípiosportugueses e agregar juntas de freguesias. Quepensa disso?

Cortes geométricos feitos em função dapopulação não têm a mínima sustentação, eessa reforma administrativa de nada valerá senão for ao cerne do problema. É que tudoisso tem de partir de uma verdade, que é a dasnossas regiões naturais e históricas. A Histó-ria conta muito…

Foi o que propusemos em 1982 [Regiona-lização: uma proposta do Partido Popular Mo-nárquico, 17 pp.]: reunir os concelhos actuaisem 50 regiões naturais, organizadas em 15confederações de municípios no Portugalcontinental. Regiões naturais: Alto Minho,Lima, Cávado, Ave, Sousa, Alto Tâmega,Terra Fria, Terra Quente, Miranda, BaixoTâmega, Panoias, Douro Sul, Alto Douro,Baixo Vouga, Gândaras, Bairrada, BaixoMondego, Leiria, Viseu, Dão, Arganil, Serra,Guarda, Pinhal da Beira, Alto Mondego,Castelo Branco, Extremadura, Santarém,Tomar, Borda d'Água Ribatejana, Abrantes,Sorraia, Portalegre, Avis, Caia, Évora,Estremoz, Alentejo litoral, Portel, Beja,Guadiana, Algarve, Termo de Lisboa, Outra

Banda, Baixo Sado, Terras de Santa Maria,Gaia, Porto-cidade, Maia, Vila do Condee Póvoa do Varzim. E como confederações,ou regiões administrativas: Minho, Trás-os-Montes, Douro, Litoral atlântico, Beira Alta,Beira Interior, Beira Baixa, Extremadura,Ribatejo, Alto Alentejo, Alentejo central,Baixo Alentejo, Algarve, área metropolitanade Lisboa e área metropolitana do Porto.

As regiões naturais estão estabelecidas emfunção do povoamento, da defesa dos solosagrícolas e das reservas naturais. São definidaspor condicionalismos mesológicos e biológi-cos. São elas que devem comandar os municí-pios, para que haja independência na rede dealdeias e lugares, e abastecimento de proximi-dade de frescos, carne e leite. As bacias hidro-gráficas são, digamos assim, a cosedura naturaldos municípios. As confederações facilitamos transportes, a administração, etc.

O agrupamento das juntas de freguesiasrurais é já um problema de povoamento,porque as juntas de freguesia dependem dasaldeias, que estão a morrer pelo abandono daagricultura. A administração pública deveriaestruturar-se de modo a que fosse possívelarticular o ordenamento biofísico e demográ-fico com o planeamento económico e social ecorresponder à realidade física e histórica dasregiões naturais.

Aqui e acolá, apesar de tudo, coisas boas estãoa ser feitas...

Muito pouco. Então não vê que deixaramque a agroquímica estragasse os barros deBeja? O dinheiro das celuloses está, na ver-dade, a sair-nos muito caro. A situação égravíssima e a incompetência dos partidospolíticos, de uma forma geral, é enorme. Nãodiscutem sequer o florestamento idiota, semqualidade de vida, e a agricultura foi abando-

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correspon-der à reali-dade físicae históricadas regiões

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nada porque os seus lucros não são tão ime-diatos. É preciso dar a cada parcela de terrenoa utilização mais conforme com as suas po-tencialidades naturais. E entender o agricul-tor como verdadeiro guardião dos campos,serras e matas — do espaço rural cuja beleza,equilíbrio e estabilidade geram benefícios deordem cultural, social e física. Temos de pen-sar em termos de dignificação do homem ede valorização da terra. Em zonamento eco-lógico e em paisagem humanizada, tendo emvista o ordenamento dos elementos essenciaisao equilíbrio biológico, à estabilidade física eà distribuição e escolha adequada das culturase dos gados. Há que procurar a melhor distri-buição das matas, dos prados e das terras desequeiro e regadio, identificando a melhoraptidão para as diferentes culturas, promo-vendo uma agricultura que intensifique o usoda terra pela construção de uma paisagemequilibrada biologicamente. Num país comoo nosso, com um mosaico geográfico muitovariado, onde são muitas as serras, as charne-cas e as costas com magníficas paisagenshumanizadas, os parques naturais são um dosinstrumentos eficazes de uma política dedesenvolvimento e de ambiente.

As cidades estão, de certa forma, a apodrecer.Veja o que se passa com as áreas metropo-

litanas. Qual é a cidade que persiste sem umarelação íntima com a agricultura? O problemadas cidades é o do território; deixou de falar--se de agricultura, prefere-se a falsa floresta,que usa terrenos de qualidade agrícola paraobter lucros imediatos.

Dependemos alimentarmente...Os cereais, é trágico! Mas nenhum partido

quer falar disso. Não têm sequer noção doque se passa. Permitiu-se a construção na le-zíria de Loures, na lezíria de Faro, e agora háeste caso das terras muito férteis da Costa daCaparica… As melhores terras de culturaforam ameaçadas, em muitas regiões, pela es-peculação dos preços de terrenos para cons-trução.

Não será esta trágica crise financeira umaoportunidade especial para se reavaliar tudo isso?

Nenhum político quer discutir verdadeira-mente. O primeiro problema começa no usodo território, que é uma discussão de quetodos fogem: a falta de agricultura e a pressãoda falsa floresta (povoamentos monoespecífi-cos de pinheiro-bravo ou de eucalipto), queacabaram com a agricultura de sustentabili-dade que levou à extinção das aldeias. Esse éque é o problema grave: não se faz um paíscom base na especulação da celulose e dosterrenos para construção urbana. O cresci-mento concentrado desencadeia, por sua vez,obras que só encontram justificação numafalsa imagem de progresso criada pela propa-ganda sistemática dos vícios da sociedade deconsumo.

Os políticos falam muito de exportações,mas não das importações. Ora, as importa-ções do que é essencial aumentam diaria-mente, e querem compensar isso exportandoparafusos e coisas assim. Os presidentes decâmara são analfabetos, e a Universidade éum problema gravíssimo em Portugal, porquevive de sectores artificiais, visando dar «em-pregos», e não está aberta a estas discussões.

Como as aldeias fecharam e os muros depedra seca para suporte da agricultura em re-levo ou de vedação (e lembro que Portugal é80 % montanhoso) deixaram de ter interesse,aparecem uns senhores a comprar essas pe-dras, e toda a noite desaparecem muros quesão levados para Espanha. Já ando a falardisto há uns quatro ou cinco anos. Ninguémme quer ouvir.

Portugal tem, antes de tudo, de reencon-trar a sua identidade social e cultural. Nãopode subsistir alicerçado numa sociedade deconsumo. Ruralidade e Mar é o binómio quedetermina a nossa existência como povo enação.

Entrevista de João Távora e Vasco Rosa

Opinião e Debate

«Correio Real», n.º 6, Novembro de 201120

Portugaltem de

reencon-trar a suaidentidadesocial ecultural.Não podesubsistiralicerçadonuma

sociedadede consumo

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XVII Congresso da Causa RealPorto, 14 de Maio de 2010

Decorreu a dia 14 de Maio noPalácio da Bolsa, no Porto, oXVII Congresso da Causa Real,que uma vez mais reuniu os seusórgãos sociais e as suas estruturasregionais, as reais associações. Naagenda constava o pedido derenúncia de Paulo Teixeira Pintoe a sua substituição, até ao fim domandato da Direcção em 2012,pelo vice-presidente Luís Lavra-dio, assim como a substituição dediversos titulares de cargos direc-tivos, por morte ou demissão.

Os tópicos principais das in-tervenções foram a esperança nofuturo e a responsabilidade queacresce, num movimento que os-tenta sinais de crescimento e derenovação, tanto nas suas basesquanto nos seus corpos directivos,aos quais nos últimos tempos sevêm juntando novas caras, dejovens e promissores quadrosprofissionais.

A sessão da manhã não foiencerrada sem ter sido prestadoum voto de louvor ao presidentecessante, Paulo Teixeira Pinto,

que manterá presença no Con-selho Superior.

Para a Direcção Nacionalforam eleitos os seguintes novosquadros dirigentes: para a Vice--presidência, João Távora, em-presário de Comunicação; paraSecretário-Geral, Sérgio RauSilva, gestor bancário; para Vogal,Alexandra Mascarenhas Vascon-cellos, administradora de empre-sas no sector dos média ePresidente da Ejesa. Tambémpara Vogal, Gonçalo de Brito eCunha, doutorado em Inteligên-cia Artificial, empresário emnome próprio.

No Conselho Superior, emsubstituição de Rui Fortes daGama, entretanto falecido, entrouRui Moreira, empresário, colu-nista e comentador desportivo,Presidente da Associação Com-ercial do Porto.

Para o Conselho Monárquico,em substituição do Maestro IvoCruz, que faleceu, foi designadoAntónio Filipe Pimentel, douto-rado em História da Arte, antigo

pró-Reitor da Universidade deCoimbra, actual Director doMuseu Nacional de Arte Antiga.

Após um pequeno semináriosobre as oportunidades da comu-nicação Web e Interlocal, respec-tivamente por João Távora e JoãoPalmeiro, o congresso foi encer-rado com a alocução de s.a.r.D. Duarte, Duque de Bragança,que exortou as estruturas daCausa Real a intensificarem a suaimplantação local através de maiseficientes estratégias de comuni-cação.

Nas fotografias, em sentido horário:uma sessão do Congresso; Jorge Leão,presidente da Real Associação do Porto,S.A.R. Dom Duarte, e Luís Lavradio,novo Presidente de Causa Real; o Chefeda Casa Real e, a seu lado, ÁlvaroMenezes, presidente da RealAssociação de Viseu; S.A.R. o Duque deBragança e João Távora, no semináriosobre comunicação digital.

© Diogo Lencastre

Noticiário

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A Causa Real promoveu, umavez mais, a celebração do dia daFundação da Nacionaliidade,pelos 868 anos do Tratado deZamora (1143), entre D. AfonsoHenriques e o rei de Leão eCastela, perante o legado pontifí-cio Cardeal Guido de Vico, emque D. Afonso VII reconheceuomo reino o Condado Portu-calense e a seu primo o título derei.

As celebrações decorreramem Coimbra, cabendo à sua RealAssociação, dirigida por JoaquimNora, a organização dos eventos:Missa por alma de Dom AfonsoHenriques e dos reis seus suces-sores na igreja de Santa Cruz, ehomenagem prestada junto doseu túmulo e do de seu filho D.Sancho I; leitura da mensagemde s.a.r. o Senhor Dom Duartena Sala do Capítulo do mosteiro;e recepção nos Paços do Con-celho, pelo presidente da CâmaraMunicipal João Paulo Barbosa deMelo e Vereadores de Coimbra.

ss.as.rr. os Duques de Bra-gança chegaram às 11 h ao tem-plo, já repleto por centenas demonárquicos de todo o País,

sendo recebidos por membros di-rectivos da Causa Real e da RealAssociação de Coimbra, seguindopara os lugares de honra que lhesestavam destinados. Na homilia,foi realçado o interesse patrióticoda cerimónia litúrgica e a im-portância da presença do Chefeda Casa Real e da Senhora DonaIsabel de Bragança, que saudou.

Depois do almoço, a Sala doCapítulo foi pequena para os quequiseram ouvir a mensagem des.a.r. o Senhor Dom Duarte, quereferiu o significado histórico epolítico da data que se comemo-rava e realçou a iniciativa dosmonárquicos ao não deixarem es-quecer esse dia fundamental paraa existência de Portugal comonação, apelando à sua acção pa-triótica e política e exortando-osa apoiarem as Reais Associações,na defesa dos ideais políticos derestauração da Monarquia, aindamais premente como factor deesperança e de maior coesão na-cional nos momentos de criseque Portugal vive.

Os presentes, no final daspalavras proferidas pelo herdeirode Dom Afonso Henriques, que

aplaudiram entusiasticamente,apresentaram cumprimentos ass.aa.rr. os Duques de Bragança,que seguiram depois para osPaços do Concelho, acompan-hados por muitos participantes,onde foram recebidos como con-vidados de honra. Usaram dapalavra o Presidente da edilidade,que deu as boas-vindas aosDuques de Bragança em nomeda cidade, e o Senhor DomDuarte que agradeceu a recepçãoe exaltou o dia da Fundação daNacionalidade.

Os Duques de Bragança fi-zeram depois uma visita privadaao convento de Santa Clara aVelha, onde foram recebidos peloseu Director, que guiou a visita.

A Real Associação de Lisboaorganizou, com um autocarro, aparticipação dos associados deLisboa.

Na fotografia: monárquicos de todoo País na igreja de Santa Cruz, panteãonacional.

© Raul Bugalho Pinto

Noticiário

«Correio Real», n.º 6, Novembro de 201122

Celebração do dia da Fundação da NacionalidadeCoimbra, 5 de Outubro de 2010

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No dia 28 de Maio, cerca decem associados comemoraram oaniversário da Real Associaçãode Lisboa (fundada por escriturapública em 2 de Fevereiro de1989) com uma visita ao Palácioda Pena, em Sintra, e um almoçopresidido por s.a.r. o SenhorDom Duarte.

Um autocarro saiu de Lisboano início da manhã e juntou-senos portões do Parque da Penaaos muitos associados do Núcleode Sintra da Real Associação deLisboa, que foi o anfitrião e orga-nizador deste encontro. Para avisita ao Palácio, formaram-sedois grupos, tendo como guias osDra. D. Eduarda Delgado e Dr.Rui Oliveira, que informaramdos aspectos históricos, arquitec-tónicos e vivenciais do paláciomandado construir pelo Rei con-sorte D. Fernando II, como suapropriedade pessoal, sobre o pe-queno convento abandonado de

Nossa Senhora da Pena. Residên-cia de veraneio da Família Real,foi depois da morte do soberanovendida ao Estado pelo Rei D.Pedro V. Dali saiu para Mafra epara o exílio a Rainha DonaAmélia, em 1910.

Seguiu-se depois um almoçona Quinta da Madre de Deus, naRibeira de Sintra, com todos osparticipantes da vista, a que sejuntaram outros associados, entreeles autarcas da freguesia deMem Martins, a que presidiu oSenhor Dom Duarte. No final darefeição usaram da palavra oPresidente do Núcleo, DouglasLima, D. Vasco Cabral da Câ-mara, decano dos associados doNúcleo de Sintra, e o Presidenteda Direcção, João Mattos e Silva,que agradeceram e saudaram apresença do Senhor Duque deBragança e de todos os partici-pantes e, por último, o SenhorDom Duarte, que se congratulou

com a presença de tantos associa-dos e apelou aos valores e princí-pios éticos, tão arredados danossa sociedade actual, como ele-mentos regeneradores da vida danação portuguesa neste momentoparticularmente difícil.

A visita que estava progra-mada, para depois do almoço, aosparque e palácio de Monserrate,teve de ser cancelada devido aotemporal que se abateu sobreSintra, pelo que continuou até aofim da tarde o convívio dos pre-sentes com o Chefe da CasaReal.

Nas fotografias: Douglas Lima, presidentedo Núcleo de Sintra da Real Associaçãode Lisboa, com o Duque de Bragança;João Mattos e Silva (Presidente da RAL)e Vasco Telles da Gama, Presidente daMesa da Assembleia Geral da RAL).

© Raul Bugalho Pinto

Noticiário

«Correio Real», n.º 6, Novembro de 2011 23

22.º aniversário da Real Associação de LisboaSintra, 28 de Maio de 2010

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