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Entropia - Termodinâmica

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Consequências da Entropia no Universo (aumento)

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  • ORDEM, COMPLEXIDADE E ENTROPIAOrlando Ruben Ritter

    INTRODUO

    Hoje o termo entropia, seu sentido e sua relao com ordem e complexidade sobem conhecidos. A expresso logo relacionada com o aumento de desordens.

    No entanto, sempre cabem reflexes em torno do assunto, e o que faremos aseguir.

    Vejamos algumas declaraes a respeito de entropia:

    ISAAC ASIMOVO universo est se tornando mais e mais desordenado. Sob esse aspectopodemos observar, por toda parte ao nosso redor, as consequncias da segundalei da Termodinmica (lei da entropia).Temos que trabalhar duramente para arrumar um quarto, mas deixado a si, eletorna-se novamente uma desordem. Mesmo que nele jamais entremos, ele setorna empoeirado e mofado.Como difcil manter casas, mquinas e nossos prprios corpos em perfeitascondies. Quo facilmente deterioram.Na verdade, tudo o que temos que fazer fazer nada e tudo deteriorar, entrarem colapso, se desintegrar, se gastar. Tudo por si mesmo. Isso o que estimplicto na segunda lei da termodinmica (Smithsonian Institute Journal, June1970, p. 6).

    BLUMTodos os processos tm lugar com aumento de entropia. Ela mede arandomicidade, a desorganizao de um sistema. Quanto maior a randomicidade,maior a entropia (American Scientist, October 1955, p. 595).

    ENTROPIA

    A Entropia um conceito matemtico associado energia no utilizvel numsistema onde h transformao de energia.

    o caso de uma mquina trmica, aparato onde calor transformado emtrabalho, sob a gide dos princpios da termodinmica que a cincia que estudatais transformaes.

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  • A primeira lei, que pode ser chamada lei da conservao da energia, afirma:energia pode ser transformada de uma forma para outra... transferida de um lugarpara outro, mas ... em qualquer processo de transformao a energia conservada.

    Em outras palavras: No pode ser nem criada, nem destruda.

    A segunda lei chamada de lei do aumento da entropia. Ela reza assim:Nas transformaes naturais embora a energia seja conservada, h um constanteaumento de energia no utilizvel para fazer trabalho. Melhor: h um constanteaumento de entropia associado s transformaes.

    Em outra linguagem:Nas transformaes, energia no se perde, mas da energia algo se perde suacapacidade de fazer trabalho, o que quer dizer que a entropia do sistema vaiaumentando. Ex.: renovao das fontes de energia.

    Alis, a condio necessria para a ocorrncia de um processo que ele resulteem aumento de entropia, seja a condensao de uma nuvem csmica emestrelas, ou a construo de uma mquina trmica destinada transformao decalor em trabalho.

    Se a entropia no aumentar, o processo invivel.

    ENTROPIA E DISSIPAO DE ENERGIA

    O termo entropia tambm pode ser associado ao processo de dissipao deenergia observvel no mundo natural e no universo.

    A ocorrncia e o andamento dos processos naturais resulta num constanteaumento de energia no aproveitvel, num contexto de conservao da energia.Basta observar como as vrias formas de energia tendem a transformar-se emenergia trmica, com o calor sendo constantemente transferido de corpos ouregies mais quentes para corpos ou regies mais frias.

    A economia energtica do universo indubitavelmente de dissipao, ou seja, deaumento de entropia.

    Temos um bom exemplo no mundo estelar. Estrelas ao brilharem consomemmilhes de toneladas de Hidrognio por segundo, transformando-o em Hlio eeste, depois, em ciclos menos eficientes transformado em Carbono, Oxignio eelementos mais pesados. E h bilhes de estrelas e bilhes de galxias segastando!

    Ainda dentro desse processo de dissipao de energia, radiaeseletromagnticas so irradiadas em todas as direes, neutrinos e partculas demaior ou menor energia so ejetadas no espao.

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  • A natureza, como um todo, parece mover-se num nico sentido com dissipao deenergia em transformaes irreversveis.

    E com a diminuio paulatina da energia utilizvel no universo, que se podeesperar? O fim?

    ENTROPIA E DESORDENAMENTO

    O termo entropia tambm pode ser associado tendncia natural para odesordenamento de sistemas.

    Suponhamos um sistema formado por partculas com a mesma velocidademovendo-se na mesma direo e no mesmo sentido.

    Evidentemente trata-se de um estado ordenado do sistema de partculas.Contudo, deixado o sistema a si mesmo, no tardar seu desordenamento compartculas se movimentando nas mais diversas maneiras, na forma de diversosestados desordenados.

    Esse desordenamento, com o aumento do nmero de estados, representadopelo aumento da entropia.

    O mesmo pode ser observado numa barra imantada onde a orientao ordenadados dipolos magnticos produz o campo magntico. Deixada a barra a si mesma,tem lugar o desordenamento dos dipolos magnticos com a paulatina dimuio daintensidade do campo. Ordenao, s com nova imantao.

    A entropia assim uma medida de desordem e a lei da entropia, que correspondeao segundo princpio da termodinmica, pode ter este enunciado:

    Lei da Entropia

    Um sistema constitudo por um grande nmero de partculas, se deixado a simesmo, assumir um estado de mxima entropia, ou seja, se tornar o maisdesordenado possvel.

    Entropia = probabilidade.

    Nesse contexto (da mecnica estatstica cogitando de partculas), entropia temtambm o sentido de probabilidade, pois o estado desordenado o estado maisprovvel.

    fcil perceb-lo porque para um estado ordenado existe um grande nmero deestados desordenados, conforme pode ser visto na Figura.

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  • -----> -----> -----> / / / -----> -----> -----> / / / /

    -----> -----> -----> FIGURA

    Por exemplo: para o estado ordenado de uma casa recm construda, existemmuitos estados desordenados na forma de monturos.

    Expresso da Entropia na Estatstica de Stefan Boltzman

    Se chamarmos de w o nmero provvel de micro-estados de um determinadoestado de um sistema, no contexto da mecnica estatstica, a entropia S dosistema pode ser expressa pela frmula:

    S = K.log w

    onde K a constante de Boltzman igual a R/N onde R a constante dos gasesperfeitos e N o nmero de Avogadro.

    Concluso

    Percebe-se que entropia : - medida de dissipao de energia - medida de desordem- medida de probabilidade, ou seja, tendncia para o estado mais provvel.

    Esta concluso permite outros enunciados para a lei da entropia, como: A ocorrncia dos processos naturais, nos seus vrios estados, segue a lei das

    probabilidades. Acontece o provvel. Os processos naturais ocorrem passando de um estado para outro de maior

    probabilidade (desordem). possvel provar que entropia igual ao logaritmo de uma probabilidade (temque ver com a tendncia para aumentar o nmero de estados desordenados).

    O mais provvel o que tem a chance de acontecer. Ex.: provvel que umcorpo deixado a si, caia. Usando um pouco de redundncia, provvel queacontea o mais provvel.

    Em outras palavras: Entropia mede a probabilidade de um determinado tipo deconfigurao; e como configurao desordenada altamente provvel econfigurao ordenada altamente improvvel, conclumos: complexidades somenos provveis que simplificaes.

    Ordem menos provvel que desordem. Caoticidade o mais provvel no andamento dos processos naturais, quando

    deixados a si.

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  • ENTROPIA E ESTATSTICA

    Tem se procurado descobrir brechas na lei da entropia que a lei do aumentoprovvel da desordem.

    Alguns tm apelado para a natureza probabilstica da entropia, afirmando quemesmo alta probabilidade no certeza, havendo assim margem para aocorrncia do improvvel ordenamento e evoluo.

    No curso de Fsica Matemtica na USP, no final dos anos 40, o professor GlebWataghin, contratado pela USP, ao concluir consideraes sobre entropia naestatstica de Stephen Boltzman e sua natureza probabilstica, disse:probabilidade no certeza. Aqui est uma esperana para a ocorrncia doimprovvel. E tomando um livro que estava sobre a mesa, jogou-o e, obviamente,caiu no cho.

    Disse, ento, o professor: no contexto da natureza probabilstica da entropia, elepoderia ter subido, acontecendo o improvvel.

    verdade, mas a alta improbabilidade desta ocorrncia acaba sendo para efeitosprticos impossibilidades.

    como disse algum: h uma chance de um menino jogar uma pedra aqui daTerra, l na Lua. Contudo, essa chance remotssima. como se fosse nunca!Filosofando, no contexto da natureza probabilstica da entropia, alguns dizem: nouniverso do espao e do tempo no impossvel o desenvolvimento de umacondio improvvel, ou o desenvolvimento de uma condio improvvel no muito provvel.

    Em outras palavras, a vigncia da lei da entropia no impede que o improvveltambm seja provvel.

    DEMNIO DE MAXWELL

    outra tentativa de furtar sistemas aos efeitos da lei da entropia.

    Seria o nome dado a um imaginrio agente atuando a nvel molecular comcapacidade para escolher, dispor e ordenar tomos e molculas de modo areverter os efeitos da entropia.

    Seria um suposto agente ordenador a nvel molecular. O provvel raciocnio atrazda suposta existncia de tal entidade, seria: a evoluo para estados maisordenados e complexos no pode ser discutida. tida como provada e deve seraceita.

    Por outro lado, a lei da entropia no pode ser ignorada, pois vige suprema nossistemas.

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  • Logo, deve haver a atuao de alguma entidade capaz de dispor e ordenartomos ... fazendo acontecer justamente o contrrio do que o que deveriaacontecer (fazendo coisas de demnios).

    Exploses

    Muitos gostam de imaginar que exploses poderiam ter capacidade organizadora.Por ex.: a teoria do Big Bang nos domnios cosmolgicos.

    Tem-se imaginado que eventos catastrficos como exploses, provocariam taisflutuaes que o sistema por elas perturbado, se deslocaria jogado para umestado de maior ordem.

    Talvez o fato de estados ordenados serem altamente instveis, leve a essaimaginao.

    Contudo, muito pouco provvel que um processo catico como uma exploso,produza um ordenamento exatamente adequado para algo no estado ps-exploso.

    TEORIA ESTRUTURALISTA DA ADMINISTRAO E ENTROPIA

    Estudiosos da Teoria Estruturalista da Administrao tiveram que introduzir oconceito de entropia na forma de tendncias entrpicas na organizao, quelevariam sua desestruturao.

    As organizaes se desestruturam pelo fato simples de existirem (entropia).

    TEORIA SISTMICA E ENTROPIA

    Na elaborao da Teoria Sistmica tambm foi necessrio introduzir o conceito deEntropia.

    Sistemas so objeto de estudo da Ciberntica que se prope unificar os vrioscampos da cincia ... organizando, processando, controlando dados a elareferentes.

    Conceitos: Sistema um conjunto coerente de entidades ou Sistema um conjunto de entidades em mtua interao.

    As palavras sistema e entidade tm sentidos bastante amplos.

    Exemplos de Sistemas: Mesa, casa, relgio, computador, vestido, nvem csmica,clima de uma regio, escola, ser vivo, etc.

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  • A palavra entidade pode referir-se tanto a uma partcula de p quanto a umagalxia, tanto a uma ameba quanto a uma pessoa.

    Muito poderia ser dito a respeito de sistemas, mas nos preocuparemos apenascom a Entropia de um Sistema. A entropia seria: a propenso para afrouxamento e simplificao das interaes que do

    coerncia ao sistema; propenso para o esgaramento das estruturas. Ex.: vestido sujeito ao tempo; propenso para o desvanecimento de limites. Ex.: expanso de nvem

    csmica, mudanas climticas.

    Resultado da entropia nos sistemas: reduo da coerncia do sistema; perda da forma e da permanncia; tendncia para a busca do estado desordenado; tendncia para a busca do equilbrio estvel, um estado de alta entropia.Ex.: tendncia da casa para o monturo.

    Alguns termos relacionados com a entropia dos sistemas: Estado firme de um sistema o estado de permanncia da estrutura e da

    coerncia (permanncia das interaes). um estado instvel e porisso poucoprovvel;

    Papel referncia funo desempenhada no sistema por seus elementos noprocesso de interao e que resulta em determinado estado do sistema.

    Autoridade o elemento que provido ao sistema impe o desempenho dedeterminado papel s entidades do sistema (por exemplo a preservao dacoerncia ou do estado firme). No caso da casa, a manuteno para impedirque tenda para um monturo.

    Resumindo: com autoridade adequada possvel impor papis aos componentesde um sistema de modo a resultar um estado firme, provendo a permanncia eprovendo a preservao da forma.

    ENTROPIA E INFORMAO

    Nos sistemas fechados a lei da entropia vige suprema.

    Ocorre o mais provvel: desordenamento, desestruturao, tendncia para abusca do equilbrio estvel em estgios cada vez mais simples e em nveis cadavez mais baixos. Ex.: casa monturo. Assim: corpos no alto, deixados a si, caem;corpos quentes, esfriam. gua corre para baixo nos rios. Lquidos deixados dentrodo copo, nele permanecem. Estruturas degradam. Acontece o que provvel queacontea.

    Sistemas abertos tambm esto sujeitos vigncia da lei da entropia, a menosque se consiga prover ao sistema algo que reverta sua ao.

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  • Informao o ingrediente que, adicionado ao sistema (aberto), capaz deimpor determinada configurao.

    Na linguagem dos sistemas:Informao o ingrediente com autoridade para impor aos elementos do sistemapapis que tornem provvel determinado processo. (A ordenao por exemplo,revertendo a ao da entropia).

    Pensemos no sistema formado por um litro de gasolina. Se incendiada, provvelque produza fogo, calor, fumaa e exploso.

    Com informao adequada o motor provida ao sistema configurao tal quea exploso de um litro de gasolina produza trabalho de trao.

    O que era improvvel, tornou-se provvel mediante informao com autoridadepara impor papis aos elementos do sistema; com o resultado esperado ouprovvel o funcionamento do motor!

    Resumindo: Informao pode, em um sistema aberto, prover configurao ou condies taisque o resultado provvel seja a diminuio da entropia.

    Convm ressaltar no entanto, que a informao provida deve ser bem especfica ebem adequada ao sistema. No caso do litro de gasolina, a informao capaz dealterar condies no sistema, deve ser bem especfica o motor, e este muitobem planejado e construdo.

    No adianta gritar palavras ao litro de gasolina, mesmo que elas descrevamperfeitamente o motor.

    Sabe-se que planejamento inteligente contando com aparatos e materiaisadequados, pode prover informao a sistemas abertos que resulte emordenamento.

    Foi o caso dos experimentos de Stanley Miller, quando planejamento inteligenteenvolvendo retortas e fontes de energia permitiram sintetizar aminocidos a partirde molculas organognicas.

    Da mesma natureza foi o experimento de Kornberg, realizado pelo Doutor ArthurKornberg da Universidade Stanford, que foi, na verdade, um experimento dereplicao. Consistiu em produzir artificialmente o DNA do virus fi-X-174 (um virusbacterifago que ataca bactrias intestinais) na presena de DNA natural domesmo virus e de aminocidos e enzimas convenientes (polimerase do DNA daEscherichia coli e ligase de bactrias vivas).

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  • Informao adequada resultante de planejamento inteligente, contando comaparatos e elementos apropriados, crucial na conduo de processos deordenamento ou replicao.

    Por exemplo, em um ovo humano fertilizado h informao acumulada nos genesdos cromossomos que far com que, sob configurao adequada, provida pelocorpo da me, ocorra o mais provvel que o desenvolvimento do beb.

    Ainda por falta de informao adequada, a gerao da vida tem sido improvvel,mesmo sob planejamento e com sistemas de retortas e outras parafernliascontendo uma sopa primeva constituda de todos os presumveis elementos damatria viva nas devidas propores.

    Da mesma forma, no tem sentido imaginar que a incidncia de energia solarsobre um sistema proveja informao capaz de levar a crescimento eordenamento no sistema.

    Proviso de energia bem diferente de proviso de informao. Em grande partedo reino vegetal, energia provida pelo Sol e informao provida pelascomplexas molculas de clorofila sob configurao adequada na planta.

    Convm lembrar que a entropia tambm ataca o processo de transmisso deinformao, truncando o contedo das mensagens transmitidas como o casodas mutaes que ocorrem nas mensagens transmitidas, pelo cdigo gentico.Mensagens podem ser truncadas pelo simples fato de serem transmitidas.

    interessante notar que, com informao adequada, se pode reverter a ao daentropia, mas por outro lado, a informao pode ser atacada pela entropia.

    Outro fato interessante que a medida do contedo de informao de umamensagem em dado conjunto de mensagens dada pelo logaritmo daprobabilidade de sua ocorrncia.

    Percebe-se logo a semelhana com a frmula da entropia, que tambm ologaritmo de uma probabilidade.

    INFORMAO E INTELIGNCIA

    Partindo do princpio de que informao no pode originar-se por si mesma,poderamos chamar de inteligncia a toda fonte de informao.

    Inteligncia adicionando informao a um sistema pode diminuir sua entropia.Contudo, o sistema deve ser aberto, e a informao adicionada deve seradequada e bem especfica s caractersticas do sistema.

    Retornando linguagem da teoria dos sistemas: inteligncia atravs dainformao adicionada deve ter autoridade sobre o sistema como um todo, e

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  • capacidade de impor papis aos seus elementos de modo a resultarem condiesou configurao que torne provvel o ordenamento.

    A inteligncia humana tem sido capaz de prover informao que resulte emaumento de longevidade e melhor qualidade de vida aos seres humanos.Contudo, no tem sido capaz de impedir que a vida humana chegue a um fim.

    INTELIGNCIA E ENTROPIA

    importante notar que mesmo inteligncia residente em um sistema, se fordeixada a si (caso do sistema fechado), fica sujeita ao princpio da entropia,podendo tornar-se decrpita. Isso no acontecer apenas se houver influxo deinformao proveniente de inteligncia fora do sistema no qual a intelignciareside, desde que ele se comporte como sistema aberto.

    No contexto criacionista, se levado a concluir que deve haver uma intelignciaorigem de todas as formas e fontes de inteligncia existente, e capaz de proverinformao adequada s inteligncias residentes nos sistemas.

    IMPLICAES DO PRINCPIO DA ENTROPIA

    A grande implicao que o resultado provvel de acontecimentos ocasionais catico.

    Complexidades so menos provveis que simplicidades e por isso, sob a gide deprincpio da entropia, desaparecero paulatinamente, dando lugar simplicidadecatica.

    Caoticidade, desordem, equilbrio estvel, simplicidade e probabilidade estoassociados ao aumento de entropia.

    Por outro lado, ordem, complexidade, equilbrio instvel e improbabilidade estoassociados baixa entropia, evidenciando a instabilidade dos estados ordenadose conseqentemente da excelncia.

    Como a entropia tende a aumentar nos sistemas fechados, improvvel apassagem casual de um sistema, seja ele qual for, para estados de maior ordem ecomplexidade. Aumento de ordem e complexidade privilgio de sistemas abertosa informao adequada, provida por inteligncia.

    improvvel a ao ordenadora dos processos a casuais.

    ENTROPIA E SERES VIVOS

    Seres vivos so providos de alto grau de ordem e complexidade, resultantes deinformao adequada a eles provida na forma de energia organizadora. Tem-seespeculado que seres vivos no estariam sob a vigncia da lei da entropia graas

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  • presena de certas condies. Veja-se, por exemplo, a Teoria da Sintropia deAlbert Szent-Giorgi, duas vezes prmio Nobel (1937, 1955).

    Segundo a proposta, haveria uma tendncia oposta entropia, chamadaSintropia, fazendo as entidades vivas progredirem para nveis mais e maiselevados de organizao e complexidade. Seres vivos seriam diferentes, sobvrios aspectos, das entidades inanimadas, especialmente pelo fato deaparentemente no parecerem sujeitos entropia. Assim, enquanto a entropiaopera no mundo em geral, a sintropia equilibraria sua ao no mundo dos seresvivos.

    No h evidncias de peso sustentando a existncia da sintropia. Se existisse,atuaria atravs de algum rgo ou funo? Ou estaria presente em cada clula demodo a direcionar processos?

    Muitas hipteses tm sido levantadas, tendo em vista atenuar os efeitos daentropia sobre os seres vivos. Considere-se, por exemplo, a suposta existncia deabaixadores de entropia capazes de tornar os seres vivos resistentes ao aumentoda entropia, graas ingesto de alimentos provedores de energia e a suadegradao em dejetos de alta entropia.

    idia genial, mas de comprovao difcil, pois os seres vivos no escapam aodesordenamento imposto pela entropia, sujeitos que esto ao envelhecimento, doena e morte.

    A ORIGEM DA VIDA EM FACE DA ENTROPIA

    Tem havido preocupao em mostrar que a vida pode ter-se originado porprocessos naturais apesar do princpio da entropia.

    Tm sido propostos passos sucessivos de ordenamento e organizao a partir doHidrognio, de cuja origem no se cogita (existiria por si?). Num primeiro passo,os elementos surgiriam a partir da fuso do H em estrelas, alguns elementospesados, como o Ferro, requerendo a presena de estrelas ultra-quentes.

    Entre eles, teriam surgido os chamados Elementos Organognicos (H, C, N, D eoutros), de particular importncia para os seres vivos.

    Contudo, a suposta formao dos elementos a partir do Hidrognio no natural,pois requer a presena de estrelas quentes e ultra-quentes como fornos de fuso,alm da pr-existncia do Hidrognio. Evidentemente, tais processos contrariam alei da entropia.

    O passo seguinte imaginado, seria a formao das molculas organognicas(CH4, NH3, CO2, H2O e outras) a partir do carbono, hidrognio, nitrognio eoxignio, agora a temperaturas baixas.

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  • O passo seguinte seria a formao dos Biomonmeros (aminocidos, bases decidos nuclicos, etc). Esta passagem supostamente no apresentaria problemas,pois foi conseguida sob controle em experimentos qumicos como por exemplo osde Stanley Miller.

    J a passagem da formao dos Biopolmeros (protenas, cidos nuclicos emacromolculas outras) a partir dos Biomonmeros problemtica. Bastaconsiderar como altamente improvvel a formao, por processos naturais, deuma simples protena.

    A matemtica permite calcular a probabilidade estatstica da formao casual dainsulina com seus 51 aminocidos. Para efeitos prticos, pode ser consideradanula. Imagine-se a probabilidade de formao casual da hemoglobina com seus574 aminocidos dispostos em quatro cadeias, duas com 141 e duas com 146aminocidos! A complicao ainda aumenta quando se considera o fato dos seresvivos utilizarem apenas levoaminocidos em sua constituio.

    J a passagem da matria inerte para organismos vivos, que mesmo nas suasformas mais simples, so sistemas bioqumicos complexos, em equilbrio instvel,a partir de informao codificada altamente improvvel. Na verdade proibitiva.S a formao por si mesmo, de um cdigo de informao como o DNA, umtremendo desafio. Quanto mais, quando se sabe que a aplicao dos princpios datermodinmica s transformaes de ordem inferior para ordem superior, requer apresena de energia ordenadora para se opor ao entrpica. Isso pode serobservado mesmo no caso da organizao dos papis sobre uma mesa ou namontagem das peas de uma ratoeira ou arapuca.

    Parece bvio assumir que o acaso, mesmo acompanhado de muito tempo, nopossa prover tais condies.

    No parece sensato supor que pelo fato da origem da vida pertencer categoriados fenmenos singulares, dado tempo suficiente, o improvvel se torna provvelou como se diz, o impossvel se torna possvel, o possvel provvel e o provvelocorre.

    No parece suficiente deixar o tempo passar. Seria o tempo milagreiro? Quantotempo dever passar para que o altamente improvvel se torne provvel efinalmente ocorra, no uma, nem duas, mas bilhes de vezes? Resolve filosofarque, no universo do espao e do tempo, o no desenvolvimento de uma condioimprovvel no muito provvel?

    O que se percebe que a probabilidade um dos argumentos matemticos contrao ordenamento e a organizao espontnea de sistemas. A probabilidade de quea natureza possa organizar algo por si mesma muitssimo pequena.

    Bem, disseram os matemticos aos bilogos no simpsio do Wistar Institute em1966: Se se der ao acaso papel srio no aumento da ordem e da complexidade

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  • nos sitemas, deve ser aguardada a descoberta de novas leis cientficas, pois oacaso requereria bilhes de vezes mais tempo do que os supostos 4,6 bilhes deanos da idade da Terra.

    Pelo visto, o elemento bsico nas passagens da matria inerte para a matria viva inteligncia, e inteligncia na forma de causar, direcionar e controlar processos.No caso da origem da vida em si mesma, requer, como pensam os criacionistas,ao sobre-humana, certamente proveniente do Criador.

    Por outro lado, Teilhard de Chardin afirmava que vida no anomalia fsico-qumica, mas propriedade universal da matria csmica. Aparecer em qualquerlugar do universo desde que haja condies adequadas. A matria possuiria em sio potencial para evoluir para a ordem e a complexidade.

    OUTROS MUNDOS

    O andamento dos processos naturais num mundo sujeito entropia tal que aresultante provvel do seu andamento o desordenamento, e no caso dos seresvivos, a doena e a morte que resultam do desordenamento dos processos vitais.

    Alguns cogitam de sistemas menores, isentos de entropia ou com baixa entropia epara satisfazer a lei, haveria compensao no aumento da entropia em sistemasmaiores que os contenham. Isso possvel e cabe a pergunta: como seriamsistemas ou mundos assim?

    Sistemas ou mundos sem entropia! No difcil imaginar como seriam. Sob avigncia da lei da entropia, ocorreria o mais provvel. Na ausncia da lei, ocorreriao improvvel e no o provvel, como a lei requer. O resultado seria uma boaconfuso por causa da ocorrncia do improvvel.

    Tijolos subiriam em vez de cair, gua correria para cima nos vales e no parabaixo, lquidos no parariam dentro dos copos, corpos deixados a si poderiamaquecer-se em vez de esfriar. At poderia dar-se o caso de um moleque conseguiratirar uma pedra na Lua!

    Estes e muitos outros eventos estranhos e fora dos domnios da lei naturalpoderiam ocorrer. Seria um mundo muito difcil, ou mesmo impossvel para seviver.

    ALTERANDO PROBABILIDADES

    A lei da entropia vige suprema e requer a ocorrncia do mais provvel.

    muito pouco provvel a ocorrncia do improvvel. Haveria, contudo, aprobabilidade da sua ocorrncia?

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  • Consideremos, por exemplo, os domnios da vida onde envelhecimento, doena emorte so mais provveis que sade e vida. Haveria a possibilidade de reverteruma tal probabilidade de modo que sade e vida sejam mais provveis e por issoocorram?

    De acordo com a natureza probabilstica da entropia, haveria tal possibilidadedesde que houvesse informao adequada, proveniente de fonte de intelignciacom autoridade para alterar papis na configurao dos processos vitais, de modoque sade e vida sejam mais provveis que doena e morte.

    Caberia agora a pergunta: Existiria uma tal fonte? Informao ordenadora com talcompetncia ou autoridade dever poder contar com mais recursos do que osprovidos pelo acaso e pelo correr de muito tempo.

    Processos naturais no dirigidos no tm condies de prover informaoordenadora. De acordo com o pensamento criacionista, o Criador, Deus, possuiautoridade para prover informao aos processos vitais de modo a reverterprobabilidades. Ele o Criador!

    A natureza probabilstica da entropia permite que mesmo inteligncia humanapossa prover informao capaz de alterar probabilidades.

    Contudo, algumas alteraes parecem ser prerrogativas da Divindade, capaz que de alterar configuraes no mundo e na vida, realizando o que chamaramos demilagres ao tornar provvel o que antes, ou de outro modo, seria improvvel.

    O resultado de tal atuao poder ser, crem os criacionistas, um mundo novo,onde a entropia ainda continuar vigindo e a gua continuar a correr para baixo,mas a vida ser mais provvel que a doena e a morte.

    BIBLIOGRAFIA

    Atkin K. R. Physics. John Wiley and Sons Inc. New York, 1965.Barbour, Ian G. Issues in Science and Religion, Englewood Cliffs Prentice-Hall Inc.1966.Somerfield, Arnold. Thermodynamics and Statistical Mechanics, Academic Press New York, 1964.von Bertolanffy I. The Theory of Open Systems in Physics and Biology. Science111, 1950.

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    INTRODUOBLUMENTROPIA

    ENTROPIA E DISSIPAO DE ENERGIAENTROPIA E DESORDENAMENTOLei da EntropiaFIGURAExpresso da Entropia na Estatstica de Stefan Boltzman

    ENTROPIA E ESTATSTICADEMNIO DE MAXWELLExploses

    TEORIA ESTRUTURALISTA DA ADMINISTRAO E ENTROPIATEORIA SISTMICA E ENTROPIAENTROPIA E INFORMAO

    INFORMAO E INTELIGNCIAINTELIGNCIA E ENTROPIAIMPLICAES DO PRINCPIO DA ENTROPIAENTROPIA E SERES VIVOSA ORIGEM DA VIDA EM FACE DA ENTROPIAOUTROS MUNDOSALTERANDO PROBABILIDADESBIBLIOGRAFIA