ENUNCIADO-CORREÇÃO; Direito do Trabalho II - TA - 11 jun. 2014.pdf

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    DIREITO DO TRABALHO II – DIAAno letivo 2013/2014 – Exame escrito – Duração: 2 horas

    Regente: Professor Doutor Luís Menezes Leitão

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    TÓPICOS DE CORREÇÃO

    A Sociedade Álea, dedicada à exploração de quiosques de jornais,

    conta com cerca de 70 trabalhadores, incluindo Abel e Bento, respetivamente,diretor de recursos humanos e diretor administrativo e financeiro, contratados

    em regime de comissão de serviço.

      Aplicabilidade do Código do Trabalho de 2009 (Lei n.º 7/2009, de 12 de

    fevereiro; entrada em vigor a 17.2.2009);

      Tipo de empresa: média (art. 100.º, n.º1, al. c), CT);

      Contrato de trabalho especial: comissão de serviço (arts. 161.º e ss. CT);

    exceção ao princípio da segurança no emprego (art. 53.º CRP) condições

    de admissibilidade materiais (art. 161.º CT) e formais (artigo 162.º CT);Referência às modalidades de comissão de serviço.

    Em 1.12.2013, Carlos, Técnico Informático, contratado pela ETT Só

    Trabalho, iniciou a prestação de atividade no quiosque de Lisboa da

    Sociedade Álea, pelo período de seis meses, tendo sido indicado como

    fundamento a necessidade de substituir Diana, por ocasião do nascimento do

    filho desta.

      Trabalho temporário: exceção ao princípio da segurança no emprego (art.

    53.º CRP); Diretiva 2008/104/CE do Parlamento Europeu e do Conselho,

    de 19 de novembro de 2008, relativa ao trabalho temporário;

      Distinção entre contrato de trabalho temporário e contrato de utilização

    de trabalho temporário (arts. 172.º e ss. e 180.º do CT, Decreto-Lei n.º

    260/2009, de 25 de setembro, alterado pela Lei n.º 5/2014, de 12 de

    fevereiro); relação laboral triangular; fragmentação da posição jurídica de

    empregador;

      Condições de admissibilidade do contrato de utilização de trabalho

    temporário (art. 140.º, n.ºs 1 e 2, al. al), aplicável ex vi  art. 175.º, n.º1, CT)

    e do contrato de trabalho temporário (art. 180.º, n.º 1, CT); ónus da provado motivo justificativo por parte do utilizador, sob pena de nulidade e

    conversão em contrato sem termo (art. 176.º, n.ºs 1 e 2, CT), assim como

    em caso de ausência de motivo para a celebração do contrato de

    trabalho temporário (art. 180.º, n.º 2, CT). Havendo concorrência de

    vícios: art. 180.º, n.º3, CT;

      Requisitos formais do contrato de utilização de trabalho temporário (art.

    177.º, n.ºs 1, 5 e 6, CT) e do contrato de trabalho temporário (art. 181.º,

    n.ºs 1 e 2, CT). De referir que, a fundamentação devia fazer menção

    expressa ao nome da trabalhadora a substituir, bem como uma relaçãoentre a justificação e o termo (arts. 177.º, n.º2 e 181.º, n.º2, CT);

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      Duração do contrato de utilização de trabalho temporário a termo certo

    (arts. 175.º, n.º3, e 178.º, n.º2, do CT) e do contrato de trabalho

    temporário a termo certo (art. 182.º, n.º1, CT): devia ser discutido se o

    prazo de 6 meses era adequado, na medida em que a licença parentalinicial tem a duração de 120 ou 150 dias consecutivos (art. 40.º, n.º1,

    CT), em articulação com o art. 176.º, n.º1, CT.

    Na mesma data, a Associação de Empresas de Comércio, da qual a

    Sociedade Álea é membro, celebrou com o Sindicato Nacional dos

    Trabalhadores de Serviços uma convenção coletiva, por 5 anos, nos termos da

    qual a retribuição dos técnicos informáticos contratados há menos de 3 anos

    era de € 1.000,00. O Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Serviços

    obrigou-se ainda, em qualquer caso , a não decretar a greve durante a vigênciada convenção.

      Identificação das estruturas de representação coletiva dos trabalhadores:

    art. 404.º, al. a), CT;

      Associações sindicais: natureza jurídica (art. 440.º, n.º1, CT), autonomia

    e independência (art. 405.º, n.º1, CT); tipo (arts. 440.º, n.º3, e 442.º, n.º1,

    al. a), CT)

      Associações de empregadores: natureza jurídica (art. 440.º, n.º2, CT);

    tipo (arts. 440.º, n.º4, e 442.º, n.º2, al. a), CT)

      Direito de celebrar convenções coletivas de trabalho (art. 443.º, n.º1, al.

    a), CT); monopólio do direito de contratação coletiva do lado sindical (art.

    56.º, n.º3, CRP);

      Classificação do IRCT: negocial (art. 2.º, n.º1, CT), contrato coletivo de

    trabalho (art. 2.º, n.º3, al. a), CT);

      Artigo 477.º CT;

      Artigos 485.º a 495.º CT; artigo 519.º CT;

      Âmbito pessoal do IRCT: princípio da (dupla) filiação (art. 496.º, n.ºs1 e 3,

    CT); Aplicabilidade do contrato coletivo à Sociedade Álea e aos seus

    trabalhadores filiados no SNTS;  Âmbito temporal do IRCT: prazo 5 anos, renovável (art. 499.º, n.º1, CT);

      Âmbito material do IRCT: retribuição (art. 492.º, n.º1, alínea f), CT);

    Validade da cláusula (arts. 3.º, n.º1 e 258.º ss CT); Art. 476.º CT;

      Âmbito geográfico do IRCT: âmbito nacional, visto que as partes não

    restringiram a sua aplicação (art. 492.º, n.º1, al. c), CT);

      Convenção vertical: setor do comércio e serviços (art. 492.º, n.º1, al. c),

    CT);

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      Direito à greve: direito fundamental (art. 57.º CRP); direito individual de

    exercício coletivo; irrenunciabilidade do direito à greve (art. 530.º, n.º3,

    CT); distinção da cláusula de paz social relativa; admissibilidade de

    cláusula de paz social relativa; nulidade da cláusula de paz socialabsoluta (art. 542.º CT); possibilidade de redução (cláusula de paz social

    relativa – art. 292.º CC)

    Em 1.4.2014, Carlos, que até então auferia € 900,00 de retribuição,  

    declarou à Sociedade Álea que pretendia que a convenção se lhe aplicasse,

    pretensão que foi rejeitada por este ser apenas trabalhador temporário.

      Art. 496.º, n.º1, CT: não aplicação do contrato coletivo a Carlos (não

    filiado);  Art. 497.º CT: exceção ao princípio da filiação; possibilidade de adesão

    individual; indicação das condições de admissibilidade da adesão;

      Art. 185.º, n.ºs 1 e 5, CT;

      Recusa de aplicação do contrato coletivo: ponderar a aplicação do art.

    520.º CT, em face da adesão pelo art. 497.º CT

    Em 1.5.2014, a ETT Só Trabalho e Carlos acordaram por escrito a

    renovação do contrato, por um período adicional de 6 meses, não obstante o

    regresso de Diana ter tido lugar no início de abril.

      Condições de admissibilidade da renovação do contrato de trabalho

    temporário (art. 182.º, n.ºs 2 e 3, CT): renovação do contrato de utilização

    de trabalho temporário (art. 178.º, n.º2, CT), manutenção do motivo

     justificativo e observância da duração máxima; nulidade da renovação

    por cessação do motivo que justificou a sua celebração (art. 182.º, n.º2,

    CT); ausência de norma expressa de conversão; aplicabilidade da

    conversão, em contrato de trabalho por tempo indeterminado com a

    empresa de trabalho temporário, sem prejuízo do direito de o trabalhador

    optar, nos 30 dias seguintes, por uma indemnização (art. 53.º da CRP earts. 147.º, n.º 2, alínea a), 180.º, n.º2, 173.º, n.º 6, e 396.º do CT);

      Ausência de renovação do contrato de utilização de trabalho temporário:

    aplicabilidade do art. 178.º, n.º4, CT.

    Em 15.5.2014, Diana, adepta fervorosa do clube Garras Afiadas, fechou

    o quiosque durante o seu horário de trabalho para assistir ao jogo. Ao saber

    disso, Bento, adepto do clube adversário, entregou-lhe, no dia 19 de maio,

    uma nota de culpa com intenção de despedimento e disse-lhe: “Estás

    dispensada de comparecer atéao final deste pr ocedimento . Desaparece! ” .Diana não apresentou resposta, porque pretende “ir discutir este ato

    persecutório para Tribunal ” .

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      Ponderação da aplicação do regime do despedimento coletivo ou do

    despedimento por extinção de posto de trabalho, consoante o número de

    trabalhadores do estabelecimento (arts. 359.º, n.º1, e art. 100.º, n.º1, al.

    c), CT); ilicitude do despedimento por extinção do posto de trabalho, casoseja aplicável o despedimento coletivo (arts. 368.º, n.º1 e 384.º, al. a),

    CT);

      Irrelevância dos critérios de seleção dos trabalhadores,

    independentemente do tipo de despedimento, uma vez que o

    despedimento se aplica a todos os trabalhadores do estabelecimento

    (arts. 360.º, n.º2, al. c) e 368.º, n.º2, CT, na redação dada pela Lei n.º

    27/2014, de 8 de maio);

      Referência ao procedimento aplicável (arts. 360.º a 363.º e 369.º a 371.º

    CT);  Direitos dos trabalhadores (arts. 363.º, n.º5, 364.º a 366.º e 372.º do CT);

    sob pena de ilicitude do despedimento (arts. 383.º, al. c) e 384.º, al. d),

    CT).

    Entretanto, em 1.6.2014, perante as notícias de que o Governo se

    preparava para uma nova alteração ao Código do Trabalho, o Sindicato

    Nacional dos Trabalhadores de Serviços decretou uma greve, com a duração

    de uma semana, para os dias 8 a 14 de junho, à qual tanto Carlos como Diana

    aderiram, no seguimento do que a Sociedade Álea lhes pretende exigir uma

    indemnização pelos prejuízos sofridos.Quid iur is ?

      Direito à greve: art. 57.º CRP e arts. 530.º ss CT;

      Conceito de greve (abstenção concertada da prestação de trabalho que

    abrange uma pluralidade de trabalhadores e visa a obtenção de objetivos

    comuns);

      Requisitos de licitude da greve: legitimidade para declarar a greve (art.

    531.º, n.º1, CT), observância do pré-aviso e existência de serviços

    mínimos (eventual);

      Greve política; ponderação da sua admissibilidade e licitude;  Conclusão quanto à licitude da greve: aplicação do art. 536.º CT;

      Cláusula de paz social: art. 542.º, n.º3, CT;

      Adesão à greve: desnecessidade de filiação e de declaração do

    trabalhador, bastando o seu comportamento (ausência ao trabalho

    durante o período de greve decretado pelo Sindicato)

    Hipótese: 18 valores / ponderação global: 2 valores