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Episódio de Inês de Castro Narrador: VASCO DA GAMA

Episódio de Inês de Castro

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Narrador: VASCO DA GAMA. Episódio de Inês de Castro. Narratário: Rei de Melinde (e a função de prólogo). Passada esta tão próspera vitória, Tornado Afonso à lusitana terra, A se lograr da paz com tanta glória Quanta soube ganhar na dura guerra, O caso triste , digno da memória - PowerPoint PPT Presentation

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Page 1: Episódio de Inês de Castro

Episódio de Inês de Castro

Narrador:VASCO DA GAMA

Page 2: Episódio de Inês de Castro

Narratário: Rei de Melinde(e a função de prólogo)

Passada esta tão próspera vitória,Tornado Afonso à lusitana terra,

A se lograr da paz com tanta glóriaQuanta soube ganhar na dura guerra,

O caso triste, digno da memóriaQue do sepulcro os homens desenterra

Aconteceu da mísera e mesquinhaQue depois de ser morta foi rainha.

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Tu só, tu, puro Amor ...

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Narratário: Amor(e a injusta condição humana: impotência)

Tu só, tu, puro Amor, com força crua,Que os corações humanos tanto obriga,

Deste causa à molesta morte sua,Como se fora pérfida inimiga.

Se dizem, fero Amor, que a sede tuaNem com lágrimas tristes se mitigaÉ porque queres, áspero e tirano,

Tuas aras banhar em sangue humano.

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Narratária: Inês(e a inocência dos verdadeiros amantes)

Estavas, linda Inês, posta em sossego,De teus anos colhendo doce fruto,

Naquele engano d'alma ledo e cegoQue a fortuna não deixa durar muito,

Nos saudosos campos do mondegoDe teus formosos olhos muito enxuito,Aos montes ensinando, e às ervinhas,O nome que no peito escrito tinhas

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amor x Estado(nova apóstrofe do amor, tal o coro)

De outras belas senhoras e princesasOs desejosos tálamos enjeita

Que tudo, enfim, tu, puro amor, desprezasQuando um gesto suave te sujeita.

Vendo estas namoradas estranhezasO velho pai, sesudo, que respeitaO murmurar do povo e a fantasia

Do filho, que casar-se não queria :

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Amor > Estado (o destino faz os homens)

Tirar Inês ao mundo determina,Por lhe tirar o filho, que tem preso,

Crendo com o sangue só da morte indinaMatar do firme amor o fogo aceso.

Que furor consentiu que a espada finaQue pôde sustentar o grande pesoDo furor mauro, fosse alevantada

Contra uma fraca dama delicada ?

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Amor > Estado(e o destino se utiliza dos homens) Tirar Inês ao mundo determina,

Por lhe tirar o filho, que tem preso,Crendo com o sangue só da morte indina

Matar do firme amor o fogo aceso.Que furor consentiu que a espada fina

Que pôde sustentar o grande pesoDo furor mauro, fosse alevantada

Contra uma fraca dama delicada ?

Page 9: Episódio de Inês de Castro

Ante o Rei, já movido à piedade:

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Paixão e tragédia(piedade e terror)

Traziam-na os horríficos algozes,Ante o Rei, já movido à piedade:Mas o povo, com falsas e ferozesRazões, à morte crua o persuade.Ela, com tristes e piedosas vozes,

Saídas só da mágoa e saudadeDo seu príncipe e filhos, que deixava,

Que mais que a própria morte a magoava,

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Piedade(a impotência humana)

Para o céu cristalino alevantandoCom lágrimas, os olhos piedosos,

Os olhos, porque as mãos lhe estava atandoUm dos duros ministros rigorosos.E depois, nos meninos atentando,

Que tão queridos tinha, e tão mimosos,Cuja orfandade como mãe temia,

Para o avô cruel, assim dizia :

Page 12: Episódio de Inês de Castro

Piedade: fala Inês(o absurdo da desumanização)

"Se já nas brutas feras cuja menteNatura fez cruel de nascimento,

E nas aves agrestes, que somenteNas rapinas aéreas têm o intento,

Com pequenas crianças viu a genteTerem tão piedoso sentimento,

Como co'a mãe de Nino já mostraram,E co'os irmãos que Roma edificaram:

Page 13: Episódio de Inês de Castro

Piedade(a mulher dá lugar à mãe)

Põe-me onde se use toda a feridade,Entre leões e tigres, e verei

Se neles achar posso a piedadeQue entre peitos humanos não achei.Ali, co'o amor intrínseco e vontadeNaquele por quem mouro, criarei

Estas relíquias suas que aqui viste,Que refrigério sejam da mãe triste."

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Polifonia(o povo, protagonista, é impiedoso)

Queria perdoar-lhe o rei benigno,Movido das palavras que o magoam,Mas o pertinaz povo, e seu destino

Que desta sorte o quis, lhe não perdoam.Arrancam das espadas de aço fino

Os que por bom tal feito ali apregoam.Contra uma dama, ó peitos carniceiros,

Feros vos mostrais, e cavaleiros ?

Page 15: Episódio de Inês de Castro

Terror (a terrível condição humana)

Qual contra a linda moça Policena,Consolação extrema da mãe velha,

Porque a sombra de Aquiles a condena,Com o ferro o duro Pirro se aparelha.Mas ela, os olhos com que o ar serena,(Bem como paciente e mansa ovelha)Na mísera mãe postos, que endoidece,

Ao duro sacrifício se oferece.

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Terror(a terrível condição humana)

Qual contra a linda moça Policena,Consolação extrema da mãe velha,

Porque a sombra de Aquiles a condena,Com o ferro o duro Pirro se aparelha.Mas ela, os olhos com que o ar serena,(Bem como paciente e mansa ovelha)Na mísera mãe postos, que endoidece,

Ao duro sacrifício se oferece.

Page 17: Episódio de Inês de Castro

Terror(homens, instrumentos da maldade)

Tais contra Inês os brutos matadores,No colo de alabastro que sustinha

As obras com que Amor matou de amoresAquele que depois a fez rainha,

As espadas banhando, e as brancas flores,Que ela dos olhos seus regadas tinha,Se encarniçavam, férvidos e irosos,

No futuro castigo não cuidosos.

Page 18: Episódio de Inês de Castro

Narratária: a Natureza(a indignação ante tamanho ódio)

Bem puderas, ó Sol, da vida destes,Teus raios apartar aquele dia,Como da seva mesa de Tiestes,

Quando os filhos por mão de Atreu comia!Vós, ó côncavos vales, que pudestes

A voz extrema ouvir da boca fria,O nome do seu Pedro, que lhe ouvistes,

Por muito grande espaço repetistes.

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A condição humana(a efemeridade da vida)

Assim como a bonina que cortadaAntes do tempo foi, cândida e bela,

Sendo das mãos lascivas maltratadaDa menina que a trouxe na capela,

O cheiro traz perdido e a cor murchada:Tal está, morta, a pálida donzela,Secas do rosto as rosas e perdida

A branca e viva cor, co'a doce vida.

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A condição humana(a efemeridade da vida)

Assim como a bonina que cortadaAntes do tempo foi, cândida e bela,Sendo das mãos lascivas maltratadaDa menina que a trouxe na capela,

O cheiro traz perdido e a cor murchada:Tal está, morta, a pálida donzela,Secas do rosto as rosas e perdida

A branca e viva cor, co'a doce vida.

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A condição humana(a efemeridade da vida)