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CURSO DE FORMAÇÃO EM ASTROLOGIA ASTROLETIVA – Terra do Juremá Comunicação Ltda. Nível: Especialização – Curso: Astrologia Mundial e Grandes Ciclos 1 – Lição: 1 Texto: Fernando Fernandes Eras, ciclos e periodização da História A civilização ocidental, os ciclos de planetas exteriores e as fases da era de Peixes Tanto a História quanto a Astrologia buscam reconhecer, no fluxo contínuo dos acontecimentos mundanos, alguma forma de padrão, elementos referenciais que permitam estabelecer periodizações válidas e minimamente homogêneas. Do ponto de vista histórico, valorizam-se especialmente as mudanças de grande porte no modo de produção e na superestrutura política- ideológica que lhe corresponde. Já do ponto de vista astrológico, os recursos mais apropriados para estabelecer um padrão compreensivo de vastas extensões de tempo são os conceitos de era, decorrente do movimento de precessão dos equinócios, e de ciclos de planetas exteriores – Urano, Netuno e Plutão, entendendo-se por ciclo o intervalo de tempo entre duas conjunções sucessivas formadas pelos mesmos planetas. Teríamos, assim, três ciclos a considerar, Urano-Netuno, Urano- Plutão e Netuno-Plutão, sendo que a inter-relação dos três, confrontada com as subdivisões internas de cada era, formaria uma grade complexa, com amplas possibilidades interpretativas. Naturalmente, os ciclos mais longos correspondem a processos históricos de dimensões macroscópicas e de maior alcance. Tais processos não precisam necessariamente ser anunciados por acontecimentos bombásticos, nem correspondem a uma ruptura radical com o estado de coisas anterior. Suas características só são percebidas a partir da visão de conjunto proporcionada pelo distanciamento – como ocorre, aliás, com todas as grandes mudanças históricas. Da mesma forma como os planetas exteriores são invisíveis a olho nu, alguns acontecimentos de enormes conseqüências futuras passam despercebidos aos contemporâneos, e somente o transcurso do tempo irá lançar luz sobre sua verdadeira dimensão. Vejamos agora o critério de periodização que abarca períodos mais extensos e é indicador de processos de maior amplitude: o conceito de eras astrológicas. O que é uma era astrológica Ao mesmo tempo que realiza o movimento de rotação em torno do próprio eixo, que gera a sucessão dos dias e das noites, e o movimento de translação em torno do Sol, que cria a sucessão das estações do ano, a Terra realiza também um terceiro movimento que pode ser comparado ao bamboleio de um pião, cujo eixo pende ora para um lado, ora para outro, antes de parar completamente. Assim, o pólo celeste (que é uma extensão imaginária do pólo terrestre) descreve no céu um lento movimento circular no sentido leste-oeste, que se completa no período aproximado de 25.794 anos. Ao longo deste vasto ciclo, o pólo volta-se sucessivamente para diferentes regiões do céu. Por esta razão, a estrela polar (aquela para a qual o pólo norte aponta) também varia: já foi Thuban, a Alpha Draconis, por volta de 3000 a.C.; hoje é Polaris, a Alfa da Ursa Menor; dentro de 12 mil anos, será a estrela Vega, da constelação de Lira.

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CURSO DE FORMAÇÃO EM ASTROLOGIA

ASTROLETIVA – Terra do Juremá Comunicação Ltda.

Nível: Especialização – Curso: Astrologia Mundial e Grandes Ciclos 1 – Lição: 1 Texto: Fernando Fernandes

Eras, ciclos e periodização da História

A civilização ocidental, os ciclos de planetas exteriores

e as fases da era de Peixes

Tanto a História quanto a Astrologia buscam reconhecer, no fluxo contínuo dos acontecimentos mundanos, alguma forma de padrão, elementos referenciais que permitam estabelecer periodizações válidas e minimamente homogêneas. Do ponto de vista histórico, valorizam-se especialmente as mudanças de grande porte no modo de produção e na superestrutura política-ideológica que lhe corresponde. Já do ponto de vista astrológico, os recursos mais apropriados para estabelecer um padrão compreensivo de vastas extensões de tempo são os conceitos de era, decorrente do movimento de precessão dos equinócios, e de ciclos de planetas exteriores – Urano, Netuno e Plutão, entendendo-se por ciclo o intervalo de tempo entre duas conjunções sucessivas formadas pelos mesmos planetas. Teríamos, assim, três ciclos a considerar, Urano-Netuno, Urano-Plutão e Netuno-Plutão, sendo que a inter-relação dos três, confrontada com as subdivisões internas de cada era, formaria uma grade complexa, com amplas possibilidades interpretativas. Naturalmente, os ciclos mais longos correspondem a processos históricos de dimensões macroscópicas e de maior alcance. Tais processos não precisam necessariamente ser anunciados por acontecimentos bombásticos, nem correspondem a uma ruptura radical com o estado de coisas anterior. Suas características só são percebidas a partir da visão de conjunto proporcionada pelo distanciamento – como ocorre, aliás, com todas as grandes mudanças históricas. Da mesma forma como os planetas exteriores são invisíveis a olho nu, alguns acontecimentos de enormes conseqüências futuras passam despercebidos aos contemporâneos, e somente o transcurso do tempo irá lançar luz sobre sua verdadeira dimensão. Vejamos agora o critério de periodização que abarca períodos mais extensos e é indicador de processos de maior amplitude: o conceito de eras astrológicas.

O que é uma era astrológica

Ao mesmo tempo que realiza o movimento de rotação em torno do próprio eixo, que gera a sucessão dos dias e das noites, e o movimento de translação em torno do Sol, que cria a sucessão das estações do ano, a Terra realiza também um terceiro movimento que pode ser comparado ao bamboleio de um pião, cujo eixo pende ora para um lado, ora para outro, antes de parar completamente. Assim, o pólo celeste (que é uma extensão imaginária do pólo terrestre) descreve no céu um lento movimento circular no sentido leste-oeste, que se completa no período aproximado de 25.794 anos. Ao longo deste vasto ciclo, o pólo volta-se sucessivamente para diferentes regiões do céu. Por esta razão, a estrela polar (aquela para a qual o pólo norte aponta) também varia: já foi Thuban, a Alpha Draconis, por volta de 3000 a.C.; hoje é Polaris, a Alfa da Ursa Menor; dentro de 12 mil anos, será a estrela Vega, da constelação de Lira.

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Eclíptica é o plano da órbita da Terra em torno do Sol (ou o caminho aparente do Sol em torno da Terra). Zodíaco é o grupo de constelações que se situa na região da eclíptica. Sabemos que, por causa da inclinação do eixo da Terra, o plano do equador também não coincide com o plano da eclíptica, apresentando uma ângulo de inclinação de aproximadamente 23 graus e 27 minutos. Por isso, em seu movimento aparente, o Sol está seis meses ao norte e seis meses ao sul do equador celeste. Em apenas dois momentos do ano o Sol corta o equador celeste, e estes momentos marcam uma igual distribuição de luz pelos dois hemisférios, assim como igual duração do dia e da noite. São os equinócios de primavera e de outono. Na medida em que o pólo vai descrevendo seu lento movimento de bamboleio no céu, vai-se alterando também a constelação zodiacal que serve de pano de fundo à passagem do Sol nos equinócios. A constelação que marcava o equinócio de primavera no hemisfério norte na época de Sócrates e de Platão era a de Áries; era Peixes quando Colombo descobriu a América; e, dentro de pouco tempo, será Aquário. O ponto de interseção da eclíptica com o equador celeste, no equinócio de primavera do hemisfério norte, é chamado de ponto vernal e marca o início do signo de Áries, no zodíaco tropical utilizado pela Astrologia do Ocidente. Quanto o início da primavera no hemisfério no hemisfério norte – o signo de Áries – coincidia com a passagem do ponto vernal pela constelação do mesmo nome, estávamos na era de Áries. A passagem do ponto vernal para a constelação de Peixes marcou o início da era de Peixes. Este movimento se dá no sentido contrário ao dos signos do zodíaco, sendo chamado, por esta razão, de movimento precessional, que gera a correspondente precessão dos equinócios.

Quando começa a era de Aquário? No caso das eras astrológicas, não há sequer um consenso sobre seus verdadeiros limites. A transição da era de Peixes para a de Aquário é tema de controvérsias que se arrastam há décadas, conforme podemos deduzir deste trecho de David Williams1:

A dificuldade para determinar quando a chamada Era de Aquário começa deve-se aos diferentes sistemas zodiacais utilizados em diversos períodos. Pesquisadores modernos contribuíram para a confusão ao considerar vários pontos de partida para suas constelações zodiacais. (...) Astrônomos tornam a confusão ainda pior ao chamarem o ponto vernal, que é móvel, de zero de Áries, e por usarem um sistema de determinação do tamanho das constelações inteiramente diferente. O quadro seguinte mostra a variedade de datas determinadas por várias autoridades astrológicas:

PESQUISADOR 0° de Peixes 0° de Aquário Cheiro 388 A.C. 1762 D. Davidson (1ª hipótese) 317 A.C. 1844 A. M. Harding 300 A.C. ? Gerald Massey 255 A.C. 1905 C. A. Jayne, Jr. 254 A.C. 1906 Thierens 125 A.C. ? Dane Rudhyar 97 A.C. ? Paul Councel 0 A.D. 2160 Cyril Fagan 231 A.D. 2369 D. Davidson (2ª hipótese) 381 A.D. 2500

Observa-se, portanto, que não há unanimidade nem quanto à data de início da era de Aquário nem quanto à própria duração do período precessional. De acordo com a fórmula do prof. Simon

1 WILLIAMS, David. Simplified Astronomy for Astrologers. Tempe – Arizona, AFA, 1980.

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Newcomb, baseada em valores tabulados para o período de 1600 a 2100, a Terra completa um inteiro ciclo precessional (o chamado Grande Ano de Platão) em 25.794 anos. Já outros pesquisadores trabalham com durações ligeiramente diferentes. Se não temos limites precisos, podemos pelo menos tentar compreender o sentido geral das três eras historicamente conhecidas, que são as de Touro, Áries e Peixes. Mas como fazê-lo? O astrólogo francês André Barbault, em A Crise Mundial, indica o caminho da analogia entre o simbolismo de cada era e das civilizações que nela se desenvolveram ao afirmar:

É um fato, que esse relógio das eras parece corresponder-se, em linhas gerais, com as diversas civilizações e religiões antigas. Assim, quando o Sol de primavera se elevava na era de Touro, dominava o mitraísmo na Ásia Menor, cujo animal sa-grado era o boi Ápis (analogia com o símbolo de Touro: o touro); o culto do Minotauro, que evoca a lenda do bezerro de ouro semita, estava associado às religiões de Súmer, da Síria, do Egito... Depois, quando o mesmo Sol atravessava a era de Áries (cujo símbolo é o carneiro), a mesma raça estava sob a supremacia espiritual de Amon-Rá, o deus solar egípcio, com cabeça de cordeiro; havia o culto do velocino de ouro, do cordeiro pascal... Enfim, após dois milênios, estamos no que se chama a era de Peixes, que é a era do Cristianismo; pois os primeiros cristãos tomaram os peixes como emblema e sinal para reuniões secretas, gravando-os nos muros das catacumbas e sobre suas primeiras sepulturas, sendo o peixe sempre o animal de sacrifício na religião cristã. Além disso, o espírito do cristianismo está conforme a psicologia do último signo zodiacal: abnegação, caridade, humanidade... 2

A era de Touro

A era de Touro é aquela que se estende (muito aproximadamente) entre 4000 a.C e 2000 a.C. Ao longo desses dois milênios, comunidades nômades de caçadores e coletores começam a sedentarizar-se primeiro em torno da atividade pastoril e, logo depois, da agricultura. A fixação à terra e às riquezes dela decorrentes é a marca registrada da era de Touro. Uma era não expressa apenas os valores de um signo, mas também os do signo oposto e complementar e, em menor escala, dos signos com que forma quadraturas. É como se o signo dominante da era representasse o Ascendente simbólico do mundo, ponto de partida de uma cruz cósmica que pode envolver todos os signos cardinais, fixos ou mutáveis. Assim, a era de Touro é também a de Escorpião no Descendente, de Aquário no Meio-Céu e de Leão no Fundo do Céu. O eixo Touro–Escorpião explica adequadamente o processo de formação do antigo império egípcio e das civilizações mesopotâmicas estabelecidas nos vales do Tigre e do Eufrates. O desafio principal para a fixação do homem ao solo era o controle das águas dos rios, de forma a permitir a formação de reservatórios que regulassem as cheias e vazantes anuais e abastecessem canais de irrigação. A construção de diques e represas aperfeiçoa-se aos poucos, levando à extensão progressiva das áreas cultiváveis e à geração de um excedente de produção capaz de alimentar classes de trabalhadores especializados a serviço do Estado. O caso do Egito é típico deste processo, e foi o controle do Nilo que permitiu a acumulação dos recursos capazes de sustentar um enorme corpo de funcionários – sacerdotes, escribas e militares – não envolvidos diretamente com a produção agropastoril. Escorpião simboliza a força concentrada das águas, enquanto Touro rege as construções. O represamento das águas através de enormes obras de engenharia e o aproveitamento prático dos

2 Citado em: CRISTOFF, Boris. La gran catastrofe de 1983. Buenos Aires, Ed. Martinez Roca, 1979.

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recursos hídricos são processos típicos do eixo Touro–Escorpião. É o controle das águas (Escorpião) para manter a agropecuária (Touro) e gerar excedentes suficientes para a manutenção do Estado. Aquário no Meio-Céu responde bem à idéia de uma estrutura de poder que, pela primeira vez na história, sustenta-se não apenas pela força bruta, mas também pela capacidade de criar e administrar um sistema de circulação de riquezas baseado no controle da produção e na eficiente arrecadação de tributos. Egito e Suméria são casos pioneiros de estados burocráticos, em que o escriba que registra o montante dos tributos é tão importante na sustentação do poder do monarca quanto as tropas do exército.

A era de Áries A passagem da era de Touro para a era de Áries é marcada por uma onda de invasões de povos bárbaros que, vindos das terras mais frias do norte, invadem as regiões férteis do Mediterrâneo, do Oriente Médio, do Egito, da Índia e da China. A chegada desses invasores desestabiliza os grandes impérios agrários, como o do Egito, e instaura momentaneamente o caos e a desordem. A superioridade dos invasores é de ordem militar: utilizam carros de combate puxados a cavalo (uma novidade) e armamentos de ferro e de bronze. O domínio do ferro, metal regido por Áries, é uma das marcas que identificam os povos surgidos nesta era. A reorganização da vida social, política e econômica dá-se, a seguir, em novas bases, em que a agressividade bélica a serviço do expansionismo territorial desempenhará um papel preponderante. O Egito da época de Amenófis III e de Ramsés II, já na era de Áries, é uma potência militar voltada para a disputa com os hititas pelo domínio dos corredores comerciais do Oriente Médio, em contraste com o Egito isolado e voltado para os valores da terra da era de Touro, na fase do Antigo e do Médio impérios. As invasões da era de Áries começam a trazer para o mundo civilizado os povos indo-europeus que constituirão a base étnica dos futuros estados da Europa. Gregos, latinos, persas e os conquistadores arianos que se estabeleceram na Índia são alguns dos povos que “entram na História” neste período. Suas religiões cultuam valores masculinos, solares, em contraste com o culto da terra e do princípio lunar e feminino, na era anterior. Como Libra é o signo oposto e complementar a Áries, a marca libriana está presente em diversas formulações religiosas, filosóficas e institucionais da última parte deste período, como o budismo (uma religião abstrata, que valoriza o “caminho do meio”), o confucionismo (um código ético voltado para a regulação das relações sociais) e o próprio direito romano, cujos pilares são estabelecidos. Na Grécia, novas experimentações políticas e institucionais levam à democracia ateniense, ainda restrita a uma pequena elite (os escravos e estrangeiros, que somavam juntos 90% da população, não são considerados cidadãos), mas já incorporando mecanismos de debate e de livre escolha entre posições conflitantes. De qualquer forma, os dois milênios anteriores ao nascimento de Cristo caracterizam-se pelo predomínio das monarquias despóticas e teocráticas. Com Áries no Ascendente simbólico da era, o Meio-Céu estava ocupado por Capricórnio, indicando a vigência de um modelo de poder baseado na hierarquia, na tradição e na rígida estratificação social. Com Touro na casa 2, a riqueza estava associada à agricultura e às atividades pastoris. Nestes dois milênios, sucedem-se como grandes potências no Oriente Médio os impérios teocráticos do Egito, da Caldéia, da Assíria e da Pérsia. Na medida em que a era se aproxima de seu término, começa a verificar-se um lento deslocamento do eixo de poder do Oriente para o Ocidente, especialmente após a formação do império helenístico

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de Alexandre, o Grande. A Macedônia, cujo trono Alexandre herdou, era um reino vizinho à Grécia e sob sua esfera de influência cultural. O próprio Alexandre foi educado por professores gregos. Ao unificar toda a região entre o Egito e o vale do Indo, nela introduziu os valores da cultura grega que, em contato com as culturas locais, geraram a base da civilização helenística. Alexandre, ao derrubar fronteiras políticas, econômicas, étnicas e linguísticas, concorreu para a dissolução (um sentido de Peixes) das estruturas da era de Áries e abriu caminho para um novo ciclo de civilização. Pela primeira vez, porções consideráveis de território asiático encontravam-se sob a hegemonia de uma potência européia. Este fato, por suas profundas implicações futuras, pode ser considerado o início do processo de transição da era de Áries para a era de Peixes.

A era de Peixes A era de Peixes é, antes de tudo, a era da Europa e da trajetória da civilização ocidental no rumo da hegemonia planetária, processo que se afirma com maior força em sua quarta e última fase, que vai da expansão marítima ibérica até os nossos dias. O que vemos hoje é a adesão de praticamente todos os países do mundo a um modelo de estruturação política e social de inspiração européia. As conseqüências da revolução industrial atingem todos os continentes, e o modelo tecnológico e de organização de trabalho segue um mesmo padrão em todos os quadrantes da Terra. O processo de globalização deu-se a partir de parâmetros europeus – ou norte-americanos, sendo estes os herdeiros e continuadores diretos da civilização européia. Para competir em pé de igualdade, povos de cultura tradicional tiveram de ocidentalizar-se, sendo o Japão o caso mais evidente. Eis, então, o traço mais definitivo da era de Peixes: o deslocamento do eixo de poder da Ásia para a Europa, sendo Europa praticamente um sinônimo de cristandade, ou seja, de um conjunto de povos unidos pelo traço comum da religião cristã e da herança cultural greco-romana. Para entender o significado da transição da era de Áries para a de Peixes, é preciso investigar o período entre o quarto século a.C e o quarto século A.D. em busca de indicações do que desaparecia neste período para dar lugar a algo novo. Um bom começo é considerar o efeito das conquistas de Alexandre, cujo governo estendeu-se de 336 a.C a 323 a.C., sobre o mundo civilizado:

Alexandre desenvolveu intensa atividade no sentido de realizar a fusão de gregos e persas, promovendo a união de vencidos e vencedores e desenvolvendo a helenização do mundo antigo. Encorajou o casamento de ocidentais e orientais, ele mesmo desposando princesas persas; incorporou jovens persas helenizados ao seu exército (...); mostrou-se tolerante com os deuses e costumes dos vencidos, inclusive copiando o cerimonial asiático, mantendo os quadros administrativos e adotando práticas orientais, como a poligamia e o despotismo teocrático (proclamou-se filho de Amon e de Zeus). Paralelamente, tornou o grego o idioma oficial do Império e multiplicou a fundação de cidades. (...) Obrigando milhões de indivíduos a revisarem seus preconceitos de raça, a manter uma certa coexistência de interesses materiais, a tolerar as mesmas idéias religiosas, a compreender um mesmo idioma, Alexandre, por sua obra, marcou o início de uma nova era que se prolongaria até a conquista romana.3

Não é difícil perceber Alexandre como um agente precursor da era de Peixes, na medida em que cumpre papéis piscianos: integrar, dissolver fronteiras, fundir, diluir as diferenças. Para alguns

3 SILVA, José Luiz Werneck da. & AQUINO, Rubim Santos Leão de. História Antiga e Medieval. Rio de Janeiro, Guymara Ed., 1970.

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pesquisadores, aliás, o período helenístico é considerado como já pertencente à era de Peixes. Contudo, melhor seria defini-lo como a fase de apogeu e início da desintegração das estruturas da era anterior, um período de transição em que o velho ainda coexiste com as sementes do novo. Outro fator de transição é a emergência de Roma como potência imperialista, o que se dá especialmente a partir das Guerras Púnicas, contra Cartago, entre 264 a.C. e 146 a.C. Em muitos aspectos, a expansão romana foi facilitada pelo trabalho de integração cultural e econômica realizado por Alexandre. Ao dirigir seus exércitos para o Oriente, Roma não mais encontrará as velhas monarquias teocráticas, mas apenas os frágeis reinos helenísticos que resultaram da desagregação do império macedônio. O que Roma traz de já indicativo da nova era é o aperfeiçoamento da superestrutura jurídica – o Direito Romano – que fornece um parâmetro abstrato e lógico para o ordenamento das relações sociais e econômicas. A era de Peixes tem os signos mutáveis nos ângulos do mapa simbólico do planeta. Na casa 10, está Sagitário, o signo que expressa os princípios da lei e da cultura superior. O terceiro fator na transição de eras é o advento do Cristianismo, cuja ascensão deve-se antes de tudo ao próprio conteúdo moral e religioso da nova crença, que apresenta os seguintes fundamentos:

o monoteísmo que coloca a comunhão com Deus, o Pai, por intermédio de seu filho Jesus; o amor a Deus e ao próximo, considerado como irmão; (...) o desapego aos bens materiais, infinitamente inferiores aos bens no Reino Celestial; a igualdade, a pureza e a humildade do coração; o perdão das injúrias e a caridade; enfim, a salvação prometida aos que acreditassem e cumprissem seus ensinamentos, enquanto os demais seriam condenados. (...) O próprio caráter universalista da religião, imprimido por Paulo de Tarso (...) que pregou a conversão de todos os homens, e seu ideal de igualdade de todos perante a divindade constituiu um motivo de sucesso entre os pobres, os humildes e os escravos, tendo, por meio destes, penetrado nos lares dos poderosos, influenciando inicialmente os filhos e as esposas de seus senhores.4

Vários desses traços remetem a conteúdos do signo de Peixes: o caráter universalista, o desapego, o amor e a caridade sem fronteiras, a difusão entre os pobres e escravos. Outros, como a valorização da humildade e da pureza, expressam o signo oposto e complementar, Virgem. A expansão do Cristianismo foi grandemente beneficiada pela

vitalidade da civilização helenística, que criara vínculos comuns aos mundos grego, oriental e romano. A língua grega serviu de veículo inicial de transmissão do Cristianismo, tendo permanecido até metade do século III como a língua oficial da religião cristã. (...) A unificação política do mundo mediterrâneo, sob a égide de Roma, também contribuiu para a propagação da fé cristã. Com efeito, a cristianização (...) foi facilitada pela existência de um denominador comum, o Império, do qual as estradas eram um veículo de romanização e, posteriormente, de divulgação do Cristianismo. 5

Portanto, em correspondência com a natureza dual do signo de Peixes, as grandes bases civilizatórias da nova era são também duplas: de um lado, a herança cultural da Grécia e dos reinos helenísticos, assimilada e preservada por Roma; de outro, o Cristianismo, religião pisciana por excelência, nascida entre pescadores e consolidada no martírio de Jesus e dos primeiros seguidores. Sem dúvida, a nova religião é o fator central das mudanças da passagem de era.

4 SILVA, José Luiz Werneck da. & AQUINO, Rubim Santos Leão de. Op. Cit. 5 Idem.

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Mas que data podemos definir como marco inicial da era de Peixes? Simbolicamente, o nascimento do novo messias no rústico ambiente de uma estrebaria, filho de uma mulher considerada pura e identificada com o signo de Virgem, e anunciado por configurações fortes o suficiente para atrair a atenção dos astrólogos da época (os reis magos), atende todos os requisitos para representar este momento inicial. Já se sabe que o nascimento de Cristo ocorreu algum tempo antes da data utilizada como referência para o calendário cristão, provavelmente no ano 7 a.C. Mas somos de opinião que o início de uma era não pode ser reduzido a um momento, sendo muito mais um período transicional que pode estender-se por vários anos, ou décadas. Entretanto, estabelecer um ponto de partida para o início da era de Peixes é importante como base de referência para tentarmos investigar quando se dará o momento inicial da era seguinte – a de Aquário.

Dividindo uma era em doze etapas Uma ferramenta de investigação de grande utilidade foi proposta pelo astrólogo uruguaio Boris Cristoff, que sugeriu a divisão das eras astrológicas em doze períodos menores, suberas ou fases, cada uma em analogia com um signo e uma casa. Assim, o primeiro duodécimo da era teria sempre um sentido ariano (ou de casa 1), o segundo, de Touro (ou de casa 2), e assim por diante. Tal proposição encontra respaldo num dos princípios fundamentais em Astrologia, que é o da analogia entre ciclos, que permite transpor conceitos e significados de ciclos mais amplos para os mais curtos, e vice-versa. Tais analogias estão baseadas na correlação entre os três principais movimentos da Terra: a rotação, a translação e a precessão dos equinócios. Assim, se o ano de aproximadamente 365 dias gerado pelo movimento de translação pode ser dividido em doze porções, cada uma correspondendo a um signo, o mesmo pode ser feito em relação ao Grande Ano de Platão, de quase 26 mil anos, gerado pela precessão dos equinócios. E cada 1/12 avos deste Grande Ano – cada era astrológica, portanto – pode, por sua vez, sofrer nova subdivisão por doze, para gerar suberas. Boris Cristoff, para sua infelicidade, desenvolveu esta interessante discussão num livro cuja proposta maior revelou-se um enorme fracasso em termos de previsões coletivas: A grande catástrofe de 1983, escrito no final dos anos setenta. Neste livro, Cristoff tenta provar, com base em profecias e evidências astrológicas, que o ano de 1983 seria marcado por terríveis hecatombes mundiais, incluindo gigantescos terremotos e o desaparecimento de países inteiros. Como nada aconteceu, o livro caiu no esquecimento e, com ele, a discussão sobre as suberas. Cristoff, aliás, parece ter incorrido em outros pecados: estabelece como ponto de partida da era de Peixes o ano zero do calendário cristão, como se correspondesse verdadeiramente ao nascimento de Cristo; estabelece para o Grande Ano de Platão uma duração de 25.200 anos, que não é aceita unanimemente pelos especialistas; e dá para cada era uma duração de 175 anos, que também pode ser contestada. A seguir, define o conteúdo astrológico de cada subera de forma um tanto simplificada e esquemática, sem entrar em maiores considerações de ordem histórica ou cultural. Tentaremos resgatar a proposta central de Cristoff de que uma era pode ser subdivida em doze fases, cada uma carregando conteúdos do signo e casa correspondentes. Contudo, em vez de estabelecer datas e, a partir daí, procurar processos históricos que correspondam ao simbolismo astrológico, faremos o percurso oposto, que é buscar, no desenvolvimento da civilização ocidental, momentos coletivos que carreguem um sentido deste ou daquele signo, para apenas depois tentar uma periodização mais detalhada.

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As doze fases da era de Peixes No caso das eras e suberas, estaremos lidando sempre com processos coletivos, macroscópicos, tão vastos no tempo e no espaço que sua verdadeira natureza só pode ser percebida com clareza a partir de uma perspectiva extremamente distanciada e abrangente. Trata-se de uma escala de tempo e de espaço muito superior ao de uma vida humana.

Áries e casa 1: o irromper da cristandade O período inicial da era de Peixes tem uma conotação ariana e de casa 1. Precisa estar caracterizado, pois, pela implantação de um princípio novo, fundamentalmente diverso dos conteúdos das eras anteriores. Tal princípio, como já vimos, é o Cristianismo, religião que se desenvolve a partir das camadas mais pobres e socialmente excluídas do Império Romano. É um caso raro de religião que se afirma (sentido da fase Áries ou de casa 1) pelo sacrifício voluntário (Peixes) de seus membros. É a fase também da afirmação do poder imperial romano e da construção de uma unidade política e social cujos parâmetros institucionais já são totalmente europeus. Este é o processo que será desdobrado e aprofundado nas fases posteriores.

Touro e casa 2: a consolidação da Igreja Touro e casa 2 têm a ver com valores, com a estabilização da forma e com o preenchimento do molde definido pelo Ascendente através da aquisição e agregação dos recursos necessários. Considerando que a forma gerada na fase ariana foi a da nova civilização de base greco-romana e cristã, este momento de estabilização e consolidação se dá com o restabelecimento da paz religiosa através do Edito de Milão, no ano de 313, que põe fim às perseguições e permite a liberdade religiosa. Ainda no mesmo século, novo passo será dado pelo imperador Teodósio, com a elevação do Cristianismo à condição de religião oficial do Estado. Livre dos problemas externos, a igreja cristã consegue concentrar esforços na própria organização: uma série de concílios fixa os dogmas da religião e inicia o processo de estruturação do clero.

Gêmeos e casa 3: o bárbaro que experimenta Gêmeos e casa 3 expressam conteúdos de troca, aprendizagem, dualidade, intercâmbio, mudanças rápidas e instabilidade. Politicamente, correspondem à derrocada final do Império Romano do Ocidente e sua substituição por uma miríade de pequenos reinos bárbaros, fruto da aceleração das invasões de povos germânicos e asiáticos (hunos) no antigo território imperial. Paralelamente, sobrevive na parte oriental do Mediterrâneo o Império Romano do Oriente, que também passa por intensas transformações culturais cujo resultado será o progressivo abandono das raízes latinas e a retomada do patrimônio cultural grego, sob a capa do Cristianismo. Consoante com a natureza dual de Gêmeos, consolida-se na Europa a dualidade entre o Ocidente latino-germânico e o Oriente greco-cristão. A igreja cristã tem sua unidade ameaçada pelas heresias (em grego, “opiniões separadas”) que, se já existiam desde o século II, nesta fase alcançam seu maior impacto com a conversão de povos bárbaros, como os visigodos, às seitas heréticas. É também a fase em que começam a nascer as línguas européias modernas, resultantes da desagregação do latim clássico em uma série de dialetos locais. O sentido geminiano está em que esta fase pode ser considerada um grande laboratório de experimentação de novas formas de organização política e social. Os bárbaros recém-chegados da vida nômade das estepes apoderam-se dos sofisticados recursos do Império Romano e experimentam um poderoso choque cultural, comportando-se como “macacos na cristaleira”. É a adolescência da Europa Moderna.

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Câncer e casa 4: em busca das raízes

A metade do século VI marca um brilhante momento do império bizantino. Sua grande contribuição é a consolidação, no governo de Justiniano, de todo o saber jurídico até então existente através do Corpus Juris Civilis, uma obra monumental de compilação. Justiniano desenvolve uma política expansionista com o objetivo de recuperar a grandeza do império romano. É bem sucedido, mas os resultados não são duráveis:

Sua política imperialista foi um erro de proporções grandiosas porquanto, ao tentar ressuscitar o passado, comprometeu consideráveis recursos militares e financeiros em conquistas precárias.6

Porém, o que impressiona no Império Bizantino desta fase é a preocupação canceriana e de casa 4 no sentido de resgatar o passado, reconstituir o fio da meada da trajetória da civilização romana, restaurar as raízes do império. Tal tentativa revela-se artificial, pois a base populacional de Bizâncio já não é latina, e sim grega. Este fato é reconhecido pelos imperadores subseqüentes, especialmente Heráclio (610-641), que finalmente abandona o latim como língua oficial e adota o grego na legislação, na administração e até mesmo na denominação dos cargos. Com Heráclio, Bizâncio, cancerianamente, encontra sua raiz. O século VII marca o surgimento de uma nova religião – o Islamismo – e a emergência política e militar do povo árabe, até então destinado a um papel secundário em relação às principais correntes civilizatórias. O sentido canceriano do Islamismo está presente até mesmo em seu símbolo máximo – a Lua crescente. Esta fase corresponde ao atingimento do primeiro quarto da era de Peixes, sua casa 4 simbólica, cujo sentido é o da fixação das bases emocionais e das raízes ancestrais da civilização. O Islamismo cumpre bem este papel, indo resgatar elementos do judaísmo, do cristianismo e dos cultos tribais para sintetizá-los numa religião simples e de grande impacto popular. O Islamismo expandiu-se rapidamente movido, entre outros fatores, por um intenso emocionalismo, que é um traço canceriano. Ao mesmo tempo, a Europa Ocidental assiste a tentativa de consolidação dos reinos bárbaros que, passada a turbulência dos séculos anteriores, iniciam um processo de fixação à terra e de delimitação de territórios.

Leão e casa 5: os grandes monarcas O século VIII marca um momento de retomada da centralização política em torno da figura de monarcas fortes que, desenvolvendo políticas imperialistas, consolidam o controle sobre vastos territórios. No Ocidente, o Papa, como líder da cristandade, estabelece uma aliança com o reino dos Francos, como forma de enfraquecer outros reinos bárbaros em que predominam tendências heréticas. Desta aliança surgirá o império de Carlos Magno, tentativa de reconstituição do Império Romano. No auge do poder, Carlos Magno faz-se coroar imperador pelo papa cujo nome já é uma revelação: Leão III. No Oriente, duas outras potências também estendem-se por enormes porções territoriais: o Império Bizantino e o Califado de Bagdá, em plena fase de apogeu sob o governo de Harum-Al-Raschid. Esta fase leonina, de centralização e estabilização, expressa também conteúdos de casa 5 (criatividade, auto-expressão) na retomada da produção cultural, que atinge níveis altamente florescentes entre os árabes e manifesta-se na forma do “renascimento carolíngio” do Ocidente.

6 Idem.

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Virgem e casa 6: o isolamento feudal Após a morte de Carlos Magno, o império fragmenta-se em unidades menores. Para os novos reinos da Europa é um momento difícil e caótico: piratas vikings, originários da Escandinávia, assolam toda a costa do Atlântico em pequenos barcos, sobem pelos rios navegáveis e arrasam povoados e plantações, espalhando o terror; os magiares, bárbaros oriundos das estepes asiáticas, atravessam as estepes russas e ucranianas para desabar sobre a Europa Oriental; ao sul, são os muçulmanos que, já instalados na Espanha desde 711, ocupam agora os pontos estratégicos do Mediterrâneo e reduzem drasticamente as possibilidades de comércio marítimo entre povos cristãos. A ação conjugada de vikings, muçulmanos e magiares paralisa a Europa e obriga à adoção de uma estrutura social militarizada, onde a preocupação defensiva organiza as populações em comunidades estanques e auto-suficientes. Surgem o Sacro Império Romano Germânico, raiz da futura Alemanha, e o reino da França. Os séculos X e XI representam o apogeu do feudalismo. A virada do milênio encontra uma Europa agrária, compartimentada em unidades políticas e econômicas descentralizadas, que funcionavam na prática como pequenos Estados independentes. Em 1066, os normandos (descendentes dos vikings que se estabeleceram na costa francesa e assimilaram a cultura dos francos) invadem as Ilhas Britânicas e instauram uma nova dinastia. É a origem da Inglaterra moderna. Outro fato importante que marca essa época é a definitiva cisão, em 1054, entre as igrejas de Roma, chefiada pelo papa, e de Bizâncio, chefiada pelo patriarca de Constantinopla. É o Grande Cisma (cisão), que dividirá, daí em diante, a cristandade em dois blocos: católicos na Europa Ocidental e ortodoxos na Europa Oriental. Por outro lado, desencadeia-se nos séculos X e XI um processo de aperfeiçoamento das técnicas agrícolas que resulta no aumento gradativo da produtividade e na geração de excedentes para o comércio. É desse movimento que virá, já na fase Libra, o renascimento comercial e urbano da Europa, a partir da segunda metade do século XI. A fragmentação de impérios em reinos menores, a acentuação das diferenças étnicas, políticas e religiosas, os lentos mas seguros avanços no campo material, tudo isso remete a Virgem, signo da discriminação e da fragmentação do todo em partes. Outro sentido virginiano está presente no apogeu cultural da civilização muçulmana, que assume as tarefas de revisão, filtragem e repasse do patrimônio cultural clássico (rever, filtrar e aperfeiçoar são funções de Virgem).

Libra e casa 7: a cristandade em armas Com os aperfeiçoamentos tecnológicos iniciados na fase anterior, a Europa entra numa fase de maior prosperidade, caracterizando um renascimento comercial e urbano a partir das últimas décadas do século XI. A chegada de uma nova ameaça à cristandande é representada pelos turcos vindos da Ásia Central que, após converterem-se ao Islamismo, apoderam-se aos poucos das principais fontes de produção e vias de comércio do Oriente Médio. A tomada de Jerusalém pelos turcos soa como o sinal de alerta para a cristandade e como pretexto para que o papado e as lideranças feudais desviem a população excedente da Europa para um grande esforço bélico multinacional: as cruzadas. É o conflito de duas grandes correntes civilizatórias, a cristã e a islâmica, caracterizando todo o período com um claro toque libriano e de casa 7. É o confronto com a alteridade, com todas o seu leque de possibilidades: acordo, compromisso ou guerra. O auge do movimento cruzadista estendeu-se de 1099, quando a primeira cruzada conquista Jerusalém, a 1204, quando a quarta cruzada, desviada para Constantinopla por interesses comerciais, forma um efêmero império latino em território de Bizâncio.

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É uma época contraditória: ao mesmo tempo em que existe fanatismo religioso e guerra permanente contra os infiéis, existe também um intenso movimento de troca entre as duas civilizações em conflito. Desta troca resultará a reintrodução da cultura clássica no Ocidente, que fora preservada pelos árabes, assim como o progressivo incremento do consumo de artigos de luxo, especialmente de tecidos. A vida urbana ganha terreno e refina-se aos poucos, em contraste com o dura austeridade dos séculos anteriores. Tudo isso reflete conteúdos de Libra: a era chega a seu ponto intermediário – a oposição – e a civilização cristã caminha para a sofisticação e para a crescente complexidade dos séculos seguintes.

Escorpião e casa 8: a hora da peste Em meados do século XIV, a Europa sofre a maior de suas crises, desde o advento da era cristã. O inimigo maior, desta vez, não é o guerreiro bárbaro, mas um bacilo invisível e insidioso, que chega ao continente no aparelho digestivo dos ratos de navio. Não é difícil perceber na Peste Negra um forte conteúdo de Escorpião e de casa 8. É o sombrio véu da morte que desaba sobre a Europa, dizimando um terço de sua população. Paralelamente, uma ameaça mais palpável muda os rumos da história na Ásia, com reflexos sobre a Europa: é o auge da expansão das hordas mongólicas e turco-tártaras para o Ocidente. As ricas civilizações bizantina e árabe-persa sofrem com a chegada dos guerreiros bárbaros de Tamerlão que, vindos das profundezas das estepes asiáticas, espalham o terror, arrasam Bagdá e põem em cheque a sobrevivência bizantina. A civilização ocidental passa, neste período, por um aparente retrocesso, para voltar a expandir-se mais adiante, em busca de novos horizontes.

Sagitário e casa 9: expansão e fé O período da expansão marítima européia tem um evidente sentido sagitariano. É uma ampliação de fronteiras culturais e econômicas que se dá pela via oceânica, caracterizando claramente o sentido da fase sagitariana da era de Peixes. As décadas que marcaram mais fortemente este período são as que vão de 1488 – chegada de Bartolomeu Dias ao cabo das Tormentas, no extremo sul da África – à primeira viagem a dar a volta à Terra por mar, por Fernão de Magalhães, entre 1519 e 1522. Entre uma e outra, a chegada de Colombo à América, em 1492, e de Vasco da Gama às Índias por mar, em 1498. Nesta mesma fase, ocorre também a Reforma Protestante, iniciada por Lutero e aprofundada por Calvino. Enquanto navegantes e piratas exploram os mais longínquos oceanos, a Europa mergulha em sangrentas guerras de religião. Não é preciso lembrar que tanto as longas viagens quanto a religião organizada são assuntos de Sagitário e de casa 9.

Capricórnio e casa 10: a hora do poder A fase Capricórnio teria de estar ligada a valores deste signo: hierarquia, materialismo, fortalecimento das estruturas de poder, conservadorismo. É a fase do máximo fortalecimento das monarquias européias na forma dos regimes absolutistas. E é também a fase em que a Europa começa a libertar-se do jugo restritivo da Igreja e a desenvolver visões filosóficas e teorias científicas que vão de encontro à visão teológica até então vigente. O século XVII é o século do empirismo, da lei da gravidade, do desenvolvimento da mecânica e dos modelos matemáticos do universo.

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O longo reinado de Luís XIV, na França, é o fenômeno político mais acabado do regime absolutista. A famosa frase atribuída a Luís XIV – “Après moi, le déluge” (Depois de mim, o dilúvio) – parece esconder uma profecia de base astrológica: efetivamente, depois de Capricórnio vem Aquário, o signo do Aguadeiro.

Aquário e casa 11: as luzes da ciência Não é difícil perceber uma forte conotação aquariana e de seu regente moderno, Urano, nos processos políticos e econômicos que transformaram a face da Europa no final do século XVIII: a Revolução Francesa, com seus ideais de Liberdade, Igualdade e Fraternidade (todos conceitos aquarianos) e a Revolução Industrial. O século XIX e o início do século XX carregam também o toque aquariano no movimento expansionista do capitalismo industrial, no enorme impulso tecnológico e na elevação da ciência quase à categoria de uma nova religião. É a época da máquina a vapor, da descoberta da eletricidade, do trem de ferro, da microbiologia, da invenção do automóvel. Surgem os meios de comunicação à distância, como o telégrafo, o rádio e o telefone. Uma verdadeira revolução urbanística começa a substituir cidades ainda de aspecto medieval por metrópoles modernas, de avenidas largas e arejadas. Paris dá o exemplo, no reinado de Napoleão III, e assume o aspecto que preserva até hoje. Nos novos países do Ocidente, como os Estados Unidos, desenvolve-se uma sociedade cujos valores favorecem a livre iniciativa e a liberdade de expressão. As cidades americanas assumem um aspecto futurista, com seus arranha-céus. Na Europa Oriental, a Rússia inaugura a experiência de um regime que se propõe a socializar em bases equitativas os frutos da produção. A expectativa quase ingênua de que a ciência e o desenvolvimento tecnológico criariam condições para a paz e a prosperidade é subitamente posta em cheque com o barbarismo da primeira guerra mundial e com os acontecimentos da década de trinta. O capitalismo entra em crise. O desemprego e a desesperança abrem as portas para regimes totalitários na Alemanha e em outros países. Surge outra vez a figura do líder forte e providencial – um arquétipo de Leão, signo complementar a Aquário. E surge, com as bombas de Hiroshima e Nagasaki, a possibilidade concreta da extinção da raça humana. O conceito aquariano de fraternidade preside a criação de organismos internacionais de ajuda mútua e de preservação da paz mundial: a Liga das Nações, a ONU, a Organização Mundial da Saúde, a Unesco etc. Por outro lado, jamais tão poucas potências acumulam tanto poder de fogo quanto neste período. Contudo, o que prevalece é o enfrentamento estratégico através da chamada Guerra Fria (Aquário). A impessoalidade começa a ser um problema definido nas relações humanas e nas relações entre governos e populações.

Peixes e casa 12: as lições não aprendidas A última fase de uma era guarda correlação com a casa 12, aquela que simboliza a necessidade do confronto com os conteúdos das casas anteriores, com vistas a uma nova síntese e a um novo recomeço. Sendo a fase pisciana de uma era pisciana, o paradigma civilizatório instituído na fase de casa 1 está aqui enfatizado, pela dupla ênfase em Peixes. Os esqueletos guardados no armário tendem a reaparecer e a provocar mal estar. É a hora de resolver pendências milenares. Toda a era de Peixes foi uma longa trajetória de ascensão da civilização ocidental em busca da hegemonia mundial. Houve momentos de crise e de aparente retrocesso, especialmente na passagem pelas casas que limitam o Fundo do Céu – a 3 e a 4 – e naquelas tradicionalmente associadas a processos críticos, a 6 e a 8 (que simbolicamente estão em quincúncio com o Ascendente da era). E houve um claro momento de expansão e de apogeu, na passagem pelas casas

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9, 10 e 11. De qualquer forma, é natural que o final da era – sua fase de casa 12 – traga de volta problemas relacionados ao mau uso das energias corporificadas nos signos e casas anteriores. A civilização ocidental tem seu fundamento na generosidade dos preceitos cristãos e na universalidade de suas propostas. Contudo, o “Amai-vos uns aos outros” do primeiro momento traduziu-se na deturpação de uma religião que acobertou todas as formas de beligerância, intolerância e discriminação. A possibilidade de uma síntese entre os valores do Ocidente e do Oriente colocou-se na fase de Libra e casa 7, durante as cruzadas. A cristandade optou pela tentativa de aniquilação do “diferente”, visto como infiel e inimigo. A possibilidade de utilizar a concentração de recursos e poderes em prol de um grande projeto de disseminação de um novo paradigma de civilização colocou-se duas vezes, nas duas passagens pelos signos do eixo casa 5 - casa 11. Em ambas, as luzes do progresso foram postas a serviço de formidáveis máquinas de destruição e drenagem de riquezas para alimentar as elites hegemônicas. Nas duas ocasiões, a oportunidade foi desperdiçada pelos francos, a primeira com Carlos Magno, a segunda, com Napoleão Bonaparte. Na fase Sagitário/casa 9, a civilização ocidental teve a oportunidade única de expandir seus horizontes de fé e de conhecimentos para continentes inteiros até então desconhecidos. Com raras exceções, o que prevaleceu foi a submissão forçada e o massacre metódico dos nativos, sob o pretexto da salvação de suas almas. A fase de casa 12 da era de Peixes pode ser identificada nos movimentos que começam a minar e a ameaçar a hegemonia da civilização ocidental. Um marco notável foi a guerra do Vietnam, quando os Estados Unidos experimentaram seu primeiro grande revés no papel de “polícia mundial”. Outro delimitador foi a eclosão do terrorismo islâmico durante as Olimpíadas de Munique, em 1972. As figuras encapuzadas dos membros do movimento Setembro Negro são pura casa 12: os inimigos abertos da fase de casa 7 (cruzadas) tornam-se, modernamente, os inimigos ocultos que podem agir a qualquer momento em pleno território ocidental. Ainda nos anos sessenta, o movimento hippie, as manifestações pacifistas e de integração racial nos Estados Unidos e as revoltas estudantis por toda parte começam a dar voz a uma inquietação latente sobre os rumos do “sistema”. Não é ainda a era de Aquário: é o ocaso da era de Peixes, com toda sua carga de desencanto, dúvidas e perplexidade. 1973 marca a união dos produtores de petróleo – povos islâmicos, na maioria – para colocar contra a parede os países industrializados do Ocidente, maiores consumidores do produto. 1979 é o ano do renascimento do fundamentalismo islâmico, consubstanciado na tomada do poder pelos xiítas iranianos. Até a década de cinqüenta, o mundo ainda parecia em ordem. Apesar de toda a barbárie das duas guerras mundiais, o Ocidente ainda era o dono do planeta. É nas décadas de sessenta e setenta que a falência da civilização ocidental começa a prenunciar-se, de forma lenta, insidiosa e inexorável. Conflitos históricos que se acreditavam absolutamente superados voltam à cena. Velhos ódios étnicos e religiosos explodem outra vez, como se todos os ressentimentos acumulados ao longo da era tivessem subitamente vindo à tona. As guerras civis de fundo étnico na Bósnia, no Kossovo, na Chechênia e em outras regiões da Europa Oriental parecem o eco de velhas batalhas medievais, mas não são apenas um anacronismo: são também uma recapitulação.

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Astroletiva – Nível Especialização – Astrologia Mundial e Grandes Ciclos 1 – Lição 1 – 14

Teste de Verificação 1 – Além de epidemias como a Peste Negra, a oitava fase da era de Peixes caracteriza-se pelo início de um processo de nítida conotação Escorpião/casa 8. Estamos falando:

a) das Cruzadas contra povos islâmicos. b) do início do movimento artístico e cultural conhecido como Renascimento. c) das Grandes Navegações, que ampliam os horizontes comerciais e culturais da civilização

européia. d) do Feudalismo, com sua característica ênfase na atividade agrícola e na dependência do

homem à terra. 2 – Assinale a alternativa onde não há correspondência entre o processo histórico e a fase da era de Peixes:

a) Absolutismo monárquico – fase casa 10/Capricórnio. b) Invasões, grandes migrações e fragmentação cultural, política e linguística do antigo

Império Romano – fase casa 3/Gêmeos. c) Surgimento dos processos históricos que definem a “cara” da era de Peixes: o Império

Romano e o Cristianismo – fase casa 1/Áries. d) Grande desenvolvimento industrial e tecnológico, paralelamente ao desenvolvimento de

uma atitude científica diante do conhecimento – fase casa 6/Virgem. 3 – Alguns personagens históricos parecem simbolizar especialmente o sentido de cada fase da era de Peixes. Aponte a única alternativa em que os personagens não parecem ser uma boa escolha para representar o espírito da fase relacionada:

a) Martinho Lutero, Cristóvão Colombo, Américo Vespúcio – fase Capricórnio/casa 10. b) Einstein, Pasteur e Oswaldo Cruz – fase Aquário/casa 11. c) Osama bin Laden, “Chacal”, guerrilheiros da FARC e do IRA – fase Peixes/casa 12. d) Luís XIV, Marquês de Pombal, Maurício de Nassau – fase Capricórnio/casa 10.

4 – Da leitura desta lição, depreende-se que:

a) Existe absoluta concordância em torno das datas de transição da era de Peixes para a era de Aquário.

b) As eras astrológicas são decorrentes do movimento de precessão dos equinócios, que altera gradativamente o ponto vernal.

c) Ponto vernal é o ponto inicial da constelação de Áries. d) O movimento precessional explica porque, ao longo dos milênios, a passagem do Sol por

determinadas constelações acontece sempre nas mesmas estações do ano. 5 – Aponte a única opção abaixo que se relaciona com a era de Touro:

a) Introdução em larga escala de armas de ferro e supremacia dos povos que dominam a tecnologia de sua produção.

b) Surgimento de grandes impérios agrários, dependentes do controle das águas dos rios e da irrigação.

c) Deslocamento do eixo do poder da Mesopotâmia para a região do Mediterrâneo. d) Desenvolvimento de grandes religiões monoteístas.

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Astroletiva – Nível Especialização – Astrologia Mundial e Grandes Ciclos 1 – Lição 1 – 15

6 – A partir da leitura desta lição, fica claro que um dos momentos de maior retraimento da civilização ocidental durante a era de Peixes aconteceu na fase:

a) Touro ou casa 2. b) Virgem ou casa 6. c) Sagitário ou casa 9. d) Peixes ou casa 12.

7 – Aponte a associação errada:

a) Império de Carlos Magno – fase Leão da era de Peixes. b) Iluminismo (Rousseau, Voltaire, Diderot etc.) – fase Aquário da era de Peixes. c) Formação do Islamismo – fase Escorpião da era de Peixes. d) Materialismo e progressivo afastamento entre o Estado e a religião – fase Capricórnio da

era de Peixes. 8 – Para utilizar um conceito muito comum em Astrologia Psicológica, cada fase da era de Peixes, além de afirmar as características de um signo e de sua casa correspondente, ainda traz a “sombra”, ou a manifestação negativa, do signo e da casa opostos. A propósito, aponte a única opção que não relaciona corretamente um exemplo dessa manifestação negativa da polaridade:

a) Líderes autocráticos, agressivos e expansionistas, como Napoleão Bonaparte, Stálin ou Hitler, manifestam a “sombra” leonina da fase Aquário da era de Peixes.

b) A violência dos combates nas Cruzadas e a brutalidade das invasões, em contraste com o código de honra de cavalaria, expressam a “sombra” ariana da fase Libra da era de Peixes.

c) A economia de subsistência típica do período feudal, associada aos pequenos avanços tecnológicos que permitiram progressivos ganhos de produtividade, expressa a “sombra” pisciana da fase Virgem da era de Peixes.

d) O extremado nacionalismo que opôs com freqüência franceses, espanhóis, portugueses, ingleses e holandeses durante o século XVII expressa uma das facetas da “sombra” canceriana da fase Capricórnio da era de Peixes.

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CURSO DE FORMAÇÃO EM ASTROLOGIA

ASTROLETIVA – Terra do Juremá Comunicação Ltda.

Nível: Especialização – Curso: Astrologia Mundial e Grandes Ciclos 1 – Lição: 2 Texto: Fernando Fernandes

Uma periodização possível da era de Peixes

Com base nas correlações apresentadas nos capítulos anteriores, pode-se tentar agora uma fixação aproximada dos limites da era de Peixes e de cada uma de suas fases. Tomando como base um ciclo precessional de 25.974 anos, teríamos cada era com uma duração de 2.149,5 anos, e cada fase com uma duração de 179,125 anos. Se contarmos o ano de 7 a.C. (provável nascimento de Cristo) como ponto de partida da era de Peixes, o quadro de sucessão das fases seria o seguinte, incluindo as últimas fases da era de Áries: ACONTECIMENTO-CHAVE (OCIDENTE) ERA FASE INÍCIO Apogeu da cultura grega Áries Capricórnio 544 a.C. Formação do império de Alexandre, o Grande Aquário 365 a.C Reinos Helenísticos/Expansão Romana Peixes 186 a.C Cristianismo/Império Romano Peixes Áries 7 a.C. Estruturação da igreja cristã Touro 173 Invasões bárbaras/Divisão do Império Romano Gêmeos 352 Surgimento do Islamismo Câncer 531 Império de Carlos Magno Leão 711 Apogeu do Feudalismo Virgem 890 Cruzadas Libra 1069 Peste Negra: redução da população européia Escorpião 1248 Grandes Navegações e Reforma Protestante Sagitário 1427 Absolutismo Capricórnio 1606 Revoluções Francesa e Industrial Aquário 1785 A civilização ocidental sob pressão Peixes 1964 ? Aquário Áries 2144 Verifica-se que a maioria dos limites de datas corresponde ao simbolismo que identificamos nos capítulos anteriores. Contudo, não temos a pretensão de considerar o quadro como definitivo, já que esta é apenas uma das delimitações possíveis. Algumas observações fazem-se ainda necessárias:

a) Nem todas as civilizações reagem da mesma forma e com a mesma rapidez ao simbolismo da era e de suas diversas fases. A ressonância parece ser maior naquelas culturas mais afinadas com as novas tendências e que, por isso mesmo, tendem a exercer um papel hegemônico nos campos político ou cultural. b) Este é um modelo que considera apenas o ponto de vista da Europa e do Oriente Médio. Sua adoção deve-se à caracterização da era de Peixes como a era européia e ocidental por excelência. Este fato, aliás, só se torna evidente a partir do último quarto da era, já que,

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Astroletiva – Nível Especialização – Astrologia Mundial e Grandes Ciclos 1 – Lição 2 – 2

durante o primeiro milênio, alguns dos maiores focos de civilização estiveram no Oriente, especialmente na Índia e na China. c) O simbolismo de cada fase parece não esgotar-se em seus limites de tempo. Conteúdos de cada fase são antecipados nas fases anteriores e sobrevivem nas fases seguintes. Estamos falando aqui de traços dominantes, e não de uma caracterização fechada e excludente.

Mesmo com todos estes cuidados, não há como não observar que este modelo descreve com adequada precisão a trajetória da civilização ocidental, do seu nascimento à crise que vivemos hoje. É uma abordagem especulativa, mas perfeitamente factível.

A era de Peixes e o mapa simbólico da Terra Outra forma de operacionalizar o conceito de era astrológica é considerar que o signo que corresponde ao ponto vernal no zodíaco sideral determina o Ascendente simbólico da Terra, a partir do qual é possível traçar um mapa igualmente simbólico: uma estrutura vazia em que a seqüência dos signos zodiacais é correlacionada com as doze casas, explicitando uma forma particular de condução dos assuntos mundanos. De acordo com este raciocínio, se Peixes está na casa 1 da era atual, Áries estará na cúspide da casa 2, e assim por diante.1 Este esquema lança luz sobre algumas tendências gerais válidas para um período de mais de dois milênios, além de apresentar outros usos quando conjugado aos ciclos de planetas exteriores, como veremos mais adiante. Áries na casa 2 da era de Peixes mostra um padrão marciano de aquisição e conservação de recursos, assim como de formação dos valores coletivos e do trato com os bens materiais. Nesta área, sempre predominou a competição – e não raro a guerra de conquista e de pilhagem – como forma de ampliação da riqueza. Touro na casa 3 fala da dependência dos processos de comunicação aos suportes materiais: a qualidade da comunicação e do ensino dependerá, em grande parte, da qualidade dos recursos físicos disponíveis. Foi o que aconteceu, por exemplo, com a introdução do papel, mais barato que o pergaminho, e da imprensa de Gutenberg, avanços materiais que tiveram profundas conseqüências na vida cultural da Europa. Apenas agora, na fase final da era atual e já no limiar da era de Aquário, o suporte da comunicação começa a desmaterializar-se, como indicado pelo uso intensivo da eletricidade, de ondas de variada espécie (o raio laser, por exemplo) e pela popularização da informática (Áries na casa 3 da era de Aquário). Contudo, tal transformação é ainda limitada pelo fator econômico: o uso de recursos como a Internet ainda depende da disponibilidade financeira para a aquisição de equipamentos, sendo um reflexo natural disso o fato de que as populações carentes do terceiro mundo ainda encontram-se à margem da aldeia global. Gêmeos na casa 4 fala da pluralidade das origens étnicas e culturais das grandes civilizações da era de Peixes. O próprio Cristianismo, seu marco fundador, já incorporou desde os primeiros tempos elementos das culturas grega, judaica e romana, constituindo-se como religião de síntese. Minorias étnicas e linguísticas foram e continuam sendo um problema da maior importância na política interna da maioria dos Estados, da mesma forma como o sentido de pertencimento a uma comunidade é determinado, em grande parte, pela língua. Como exemplos atuais, veja-se o caso da Espanha, onde as minorias da Catalunha e das províncias bascas lutam ainda pela preservação do

1 Um astrólogo brasileiro que usa com freqüência tal esquema de raciocínio, sempre com resultados muito pertinentes, é Antonio Carlos Siqueira Harres, o Bola.

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dialeto e da cultura regional, e de Timor Leste, onde o governo indonésio tentou extirpar de todas as formas a preservação da língua portuguesa, vista como um elemento de rebeldia. Câncer na casa 5 corresponde ao princípio da fecundidade aplicado a dois assuntos desta casa: a taxa de natalidade (a população da Terra nunca foi tão grande quanto nesta era, nem teve um incremento tão rápido) e a exuberância da produção artística, um dos poucos saldos realmente positivos da era de Peixes. Leão na casa 6 indica, entre outras possibilidades, que os maiores avanços técnicos na área da produção teriam relação com o elemento Fogo: as armas de combate, a máquina a vapor, o motor a explosão. Mostra também a valorização das atividades produtivas de sentido análogo ao do signo, especialmente a da produção dos artigos de luxo voltados para o consumo das classes dominantes. Significa ainda as condições leoninas impostas ao trabalhador ao longo da era, obrigando-o ao trabalho escravo ou servil em benefício de poucos. Virgem na casa 7 expressa uma atitude seletiva e discriminatória frente à alteridade. Esta foi a postura que predominou na Europa ao longo de toda a era, mudando apenas o rótulo atribuído ao diferente: herege, pagão, infiel, bárbaro, gentio (aplicado aos nativos da América) e assim por diante. O resultado foi a ausência de disposição integrativa, que levou a um relacionamento entre desiguais sempre marcado pelo confronto. Libra na casa 8 pode simbolizar a complexidade e a subordinação a princípios teóricos e jurídicos que a administração financeira e tributária assumiu ao longo da era, assim como a sofisticação crescente das práticas bancárias, especialmente a partir do final da Idade Média. A casa 8 é aquela das relações econômicas compartilhadas, um tema que já vinha sendo objeto de regulação desde o Direito Romano, e que ganharia especial importância com os teóricos do mercantilismo e, posteriormente, do liberalismo. No último quarto da era, torna-se cada vez mais evidente a tendência para o planejamento (Libra) da economia (casa 2-casa 8). Escorpião na casa 9 mostra a religião como fonte de controle social e manipulação de consciências. Exprime também o profundo emocionalismo e radicalismo que caracterizou as questões ideológicas ao longo de toda a era, como nas cruzadas ou nas jihads (guerras santas) muçulmanas: é a era do “crê ou morre”. Sagitário na casa 10 mostra a permanente vinculação entre a religião organizada e o poder temporal, consubstanciada, por exemplo, na teoria do direito divino dos reis e na instituição do papado como uma potência não apenas espiritual, mas também de ordem político-econômica. Capricórnio na casa 11 expressa valores de hierarquia no mundo social: a predominância durante quase toda a era de uma sociedade rigidamente estruturada em classes e de uma ideologia que reforça tal estratificação. Capricórnio na 11 relaciona-se também com os clubes e sociedades fechadas, voltados prioritariamente para objetivos políticos: os templários, a Ordem de Cristo, a Maçonaria dos séculos XVIII e XIX etc. Aquário na casa 12 associa valores de independência intelectual e de exclusão social. Na era de Peixes, pensar com a própria cabeça sempre foi um exercício perigoso, punido com a prisão, o exílio, a tortura e a morte. Concepções heterodoxas sempre foram consideradas subversivas, e seus autores, perseguidos até o aniquilamento. A maioria dos grandes pensadores dos últimos dois milênios teve de sofrer por suas idéias, enfrentando desde a simples censura até as fogueiras da intolerância. Um poeta carioca, Rubem Obelar, escreveu nos anos 70 uma letra de música que, ao referir-se à censura que então amordaçava a intelectualidade brasileira, poderia servir para descrever toda a complicada relação entre Aquário e casa 12 na era de Peixes:

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Boca pra reclamar sempre teve mordaça a calar. Mãos soltas, algemas pra algemar. Gargantas, cordas pra enforcar. Gente consciente, lugar fechado a esperar.2

Apenas por curiosidade, podemos perceber alguns sintomas da chegada da era de Aquário em algumas mudanças que já se fazem sentir no tratamento de questões regidas por determinadas casas. Por exemplo: Peixes na 2 da era de Aquário deverá indicar uma preocupação maior com o sentido social da riqueza, assim como com a interdependência da economia mundial. Câncer na casa 6 já se delineia na tendência cada vez maior ao trabalho doméstico (o escritório confundindo-se com a própria residência) e, mais adiante, deverá traduzir-se por uma valorização do trabalho no setor agrícola e de transformação de alimentos. Libra na 9 pode sinalizar o advento de uma era de maior tolerância religiosa, enquanto Gêmeos na 5 trará, certamente, uma revolução nos métodos de ensino básico. Mas tais considerações estão no terreno da especulação. Cumpre agora analisar o outro uso que podemos fazer deste mapa simbólico da era: a de servir como uma estrutura de casas para a análise dos ciclos dos planetas exteriores.

As casas da era contextualizando ciclos de planetas exteriores Os ciclos de planetas exteriores têm seu ponto de partida nas conjunções Urano-Netuno, Urano-Plutão e Netuno-Plutão. Tais conjunções, na medida em que são fenômenos relativamente raros, dão a tônica de todo o período que se estende até a conjunção seguinte, o que evidencia a importância do signo em que a conjunção ocorre e de seu planeta regente. Tomando o mapa simbólico da era de Peixes, em que este signo ocuparia o Ascendente, podemos contextualizar todos os ciclos de planetas exteriores não apenas em função do signo em que ocorrem, mas também da casa que ativam no mapa simbólico da Terra. Não estamos levando em conta, naturalmente, que o Ascendente se desloca ao longo da era, percorrendo os trinta graus do signo em movimento retrógrado. Para todos os efeitos, tomamos como hipótese de raciocício o conceito de casa = signo, ou seja, casas iguais cujas cúspides correspondem ao grau inicial do signo. Com isso, é possível montar um quadro em que se sucedem os ciclos e as fases da era, como um relógio cósmico que acompanha e delimita períodos da história humana. Sobre este quadro, cabem algumas observações preliminares: A periodização da era de Peixes em fases, apesar de analogicamente correta (todo ciclo pode ser dividido em doze etapas, em correspondência com os doze signos e as doze casas), não apresenta absoluta precisão nas datas que marcam o início de cada fase. É um esquema especulativo, que pode sofrer algumas correções para mais ou para menos. Contudo, como a mudança de tônica de uma fase a outra não se dá de chofre, mas sim de forma gradativa, a periodização é válida, servindo os anos indicados no quadro apenas como um referencial aproximado. Na contextualização de cada ciclo (exemplo: Netuno-Urano em Peixes na 1), a referência ao signo é um dado objetivo (efetivamente, a conjunção deu-se em Peixes, pelo zodíaco tropical), mas a referência à casa é simbólica, conforme explicado no início deste capítulo.

2 Lugar Fechado, letra de Rubem Obelar publicada no boletim mimeografado Garra Suburbana, Rio de Janeiro, 1976.

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Como os diversos ciclos têm durações diferentes e iniciam-se em datas diferentes, qualquer momento histórico pode ser referenciado a um conjunto de ciclos, como no caso da convocação da Primeira Cruzada, em 1095: basicamente, trata-se de um acontecimento vinculado ao ciclo Urano-Plutão em Áries iniciado apenas cinco anos antes, mas é também um processo que ocorre na vigência de um ciclo Urano-Netuno em Virgem e de um ciclo Netuno-Plutão em Touro, além de estar contido na fase Libra da era de Peixes. O sentido deste quatro ciclos, tomados em conjunto, cria um quadro complexo de significadores astrológicos, que dão a tonalidade única daquele momento. É importante observar também que cada ciclo tem uma área de aplicação específica, que depende de sua duração e dos planetas envolvidos. Resumidamente, poderíamos dizer que os ciclos Netuno-Plutão delimitam grandes mudanças na esfera cultural aproximadamente a cada dois milênios; os ciclos Urano-Plutão aceleram a introdução de inovações tecnológicas e político-sociais, caracterizando períodos de turbulência e mudanças bruscas; os ciclos Urano-Netuno, finalmente, reforçam o sentido geral das fases da era de Peixes, quando caem no mesmo signo, ou servem-lhes de contraponto, quando caem em signos diferentes. Na medida em que dissolvem ou abalam estruturas do ciclo anterior, têm o papel de abrir caminhos para mudanças, se bem que nem sempre de forma tão ostensiva quanto nos encontros Urano-Plutão.

Um resumo das fases da era de Peixes e dos ciclos: da Idade Média aos nossos dias

No quadro que apresentamos a seguir, estão resumidos os principais eventos astrológicos que demarcam a história européia a partir da Idade Média. Muitos destes ciclos serão explorados em detalhes nos próximos capítulos. A coluna à esquerda indica o ano de ocorrência da primeira conjunção do ciclo ou de início de cada fase da era. A coluna central mostra acontecimentos da história européia ou com ela conectados ocorridos nas proximidades do início de cada ciclo (os acontecimentos muito próximos estão indicados em negrito). A coluna da direita identifica o ciclo de planetas exteriores ou fase da era de Peixes.

ANO OCORRÊNCIAS PRÓXIMAS CICLO 711 Mouros invadem a Península Ibérica (711) Início da fase Leão 794 Coroação de Carlos Magno (800) Ura-Net em Virgem na 7 837 Divisão do Império Carolíngio (843)

Auge das invasões vikings na Europa (meados do século) Ura-Plu em Peixes na 1

890 Fim definitivo do Império Carolíngio (887) Início da fase Virgem 905 Fundação da Abadia de Cluny (910) Net-Plu em Touro na 3 947 Fixação dos traços mais típicos do feudalismo (meados do

século) Ura-Plu em Câncer na 5

965 Otão I restaura o “Império Sagrado” (962) Fundação do reino da França (987)

Ura-Net em Virgem na 7

1069 Separação entre igrejas católica e ortodoxa (Cisma – 1054) Normandos invadem a Inglaterra (1066)

Início da fase Libra

1090 Urbano II convoca a primeira Cruzada (1095) Cruzados criam um reino latino em Jerusalém (1099)

Ura-Plu em Áries na 2

1136 Fundação da Ordem dos Templários (1128) Independência de Portugal (1139) Desenvolvimento do estilo gótico na Europa (segunda metade do século) e literatura trovadoresca.

Ura-Net em Libra na 8

1201 João Sem-Terra (1199-1215) em conflito com a nobreza feudal.IV Cruzada: conquista de Bizâncio pelos latinos (1204) Estruturação da Santa Inquisição e combate às heresias (todo o século, especialmente as primeiras décadas)

Ura-Plu em Câncer na 5

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1248 Apogeu do estilo gótico Início da fase Escorpião 1307 Cativeiro de Avignon – submissão do papado à França

(1305) Prisão, julgamento e execução dos Templários (1307-14) Criação da Ordem de Cristo em Portugal (1319)

Ura-Net em Escorpião na 9

1344 Início da Guerra dos Cem Anos (1337-1453) Auge da Peste Negra na Europa (1348-50)

Ura-Plu em Áries na 2

1398 Dinastia de Avis no poder em Portugal (1383-85) Hordas de Tamerlão invadem a Índia (1398) Tamerlão derrota os turcos na Ásia Menor (14 Conquista de Ceuta pelos portugueses (1415)

Net-Plu em Gêmeos na 4

1427 Infante D. Henrique instala-se em Sagres (1419) Portugueses descobrem os Açores (1427) Portugueses exploram a costa da África Negra (1436 em diante)

Início da fase Sagitário

1455 Imprensa de Gutenberg (1450) Fim da Guerra dos Cem Anos (1453) Tomada de Constantinopla pelos turcos (1453) Bula do Papa Nicolau V sobre o domínio dos mares (1455)

Ura-Plu em Leão na 6

1478 Primeiro auto de fé da Inquisição espanhola (1481) Guerra das Duas Rosas na Inglaterra Unificação espanhola e expulsão de mouros e judeus (1492) Descobrimento da América (1492) Vasco da Gama chega às Índias por mar (1498) Descobrimento do Brasil (1500) Início da Reforma Luterana (1517)

Ura-Net em Sagitário na 10

1597 Derrota da Invencível Armada e início da decadência espanhola (1588) Pacificação religiosa na França (Edito de Nantes, 1598) e início da dinastia dos Bourbon Consolidação de regimes absolutistas

Ura-Plu em Áries na 2

1606 Don Quijote de La Mancha, de Cervantes (1605) Apogeu do estilo barroco Bases da ciência moderna (racionalismo)

Início da fase Capricórnio

1650 Restauração portuguesa: dinastia de Bragança (1640) Frondas: últimas revoltas feudais contra o absolutismo francês (1650) Ditadura de Cromwell na Inglaterra (1649-1660) Inglaterra derrota e supera a Holanda Ocupação holandesa no nordeste brasileiro (1630-1654)

Ura-Net em Sagitário na 10

1710 Descoberta do ouro em Minas Gerais (1693-95) Guerra dos Emboabas em Minas Gerais (1708-1709) Guerra dos Mascates em Pernambuco (1710) Invasões francesas no Rio de Janeiro (1710-11) Guerra da Sucessão da Espanha (1701-1713)

Ura-Plu em Leão na 6

1785 Independência dos Estados Unidos (1776) Início Revolução Francesa (1789) Conjuração Mineira (1789)

Início da fase Aquário

1821 Reação conservadora na Europa após o Congresso de Viena (1815) Independência da América espanhola Independência do Brasil (1822)

Ura-Net em Capricórnio na 11

1850 Proibição do tráfico negreiro no Brasil (1850) Imperialismo europeu na África, China e Japão

Ura-Plu em Áries na 2

1892 Surgimento do cinema e das histórias em quadrinhos (1894-95) Primeira Guerra Mundial (1914-18)

Net-Plu em Gêmeos na 4

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1964 Fim dos impérios coloniais europeus na África (fim anos 50-início anos 60) Assassinato de Kennedy (1963) Explosão da Beatlemania (1963) Golpe militar no Brasil (1964)

Início da fase Peixes

1966 Conflitos estudantis e étnicos na Europa, EUA, México e Brasil (1968) Chegada do homem à Lua (1969) Ditaduras em vários países latino-americanos (início anos 70)

Ura-Plu em Virgem na 7

1993 Glasnost e Perestroika na União Soviética (fim dos anos 80) Fim da União Soviética e do bloco socialista Globalização de mercados Popularização da Internet

Ura-Net em Capricórnio na 11

2144 Início da fase Áries 2165 Ura-Net em Aquário na 12

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As conjunções Netuno-Plutão De todos os ciclos planetários, aquele de maior duração no tempo é o ciclo Netuno-Plutão, cujas conjunções ocorrem num intervalo aproximado de 493 ou 494 anos, quase meio milênio, portanto. Ao longo de uma era astrológica – a era de Peixes, por exemplo – não é possível haver mais do que cinco dessas conjunções. E mais: cada nova conjunção Netuno-Plutão acontece apenas alguns poucos graus à frente da anterior, o que faz com que tais planetas encontrem-se sempre no mesmo signo por quatro ou cinco conjunções consecutivas. Não é pouco tempo: entre a primeira e a última conjunção Netuno-Plutão em Touro passaram-se simplesmente 1978 anos! É evidente que um período tão longo terá de deixar uma impressão profunda, sendo que as conjunções mais marcantes deverão ser aquelas que iniciam uma fase de dois milênios num novo signo. Alan Meece, autor de Horoscope for the New Millennium3, defende o argumento de que as conjunções Netuno-Plutão correspondem a fases de tremendas mudanças civilizatórias, turbulentas e confusas enquanto ocorrem, mas sempre seguidas, um século depois, por um período de grande renovação e florescimento cultural. O argumento procede, sendo amplamente confirmado pelos fatos. Todavia, por que este intervalo de cem anos? Pode-se pensar que a conjunção Netuno-Plutão funcione mais ou menos como um foco de dissolução e eliminação de modelos obsoletos, abrindo caminho para a instauração de novas condições. As sementes destas seriam lançadas durante a conjunção, mas necessitariam de algum tempo para florescer. Um século é mais ou menos um quinto do tempo de um ciclo completo Netuno-Plutão. Se pensarmos em termos analógicos, podemos associar este intervalo com o sentido do quintil, aspecto de 72º (um quinto da circunferência) que costuma ser relacionado a talentos e à criatividade. Tais qualidades manifestar-se-iam após a “limpeza de terreno” promovida durante a conjunção e nas décadas imediatamente seguintes.

As conjunções Netuno-Plutão em Touro As cinco conjunções ocorridas antes de 1500 a.C. tiveram lugar em Áries. Em 1073 a.C. acontece a primeira conjunção Netuno-Plutão em Touro, e exatamente no primeiro grau do signo. O Egito dos faraós já era na época uma potência decadente, e a Babilônia cassita estava prestes a seguir o mesmo caminho. O império assírio é a nova força que se afirma no Oriente Médio e prepara-se para alguns séculos de apogeu. Se bem que os registros históricos sejam imprecisos, é mais ou menos na época dessa conjunção que a Assíria de Tiglath-Pileser I impõe-se ao declinante império babilônico e inicia sua impressionante expansão. A conjunção de 578 a.C. acontece em 10° de Touro e prenuncia a ascensão e o apogeu de uma nova civilização, a grega. A conjunção corresponde aproximadamente à época de profundas transformações em todo o Mediterrâneo e Oriente Próximo, com o surgimento também da Pérsia Aquemênida e da Roma republicana. Na fase do quintil, um século depois, Atenas estará no apogeu. Outra conjunção só viria a acontecer em 16°10’ de Touro, em 83 a.C. Esta fase coincide com intensas lutas entre patrícios e plebeus na República Romana, já então a maior potência do Mediterrâneo. Pouco depois, inicia-se uma sucessão de ditaduras, fase de transição para a constituição do Império. Em 60 a.C., César assume o poder com Pompeu e Crasso, no primeiro triunvirato; nos anos subseqüentes, expande o território romano mediante a conquista das Gálias e inicia a campanha do Egito, que será completada por Otávio. Este, em 27 a.C., assume o título de imperador. Todo o ciclo iniciado por esta conjunção coincide com os séculos do apogeu de Roma,

3 Llewellyn Publications, 1997.

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com o advento do Cristianismo e com a definitiva transferência do eixo de poder do Oriente Médio para a Europa. Em 411, dá-se uma nova conjunção, desta vez em 23° de Touro. É o início de um período de cinco séculos profundamente diferente do anterior: no lugar da Pax Romana, é hora da partilha da Europa entre as tribos bárbaras chegadas no norte e do leste. Já com os dois planetas a apenas um grau da conjunção exata, Alarico, rei dos visigodos, invade e saqueia Roma, prenunciando a queda definitiva da cidade. Nas décadas seguintes, o império em decadência ainda sofrerá com a ameaça dos hunos, em 452, e com a invasão da capital pelos vândalos, em 1455, até que em 476 o chefe germânico Odoacro depõe o último imperador do Ocidente, no que é considerado o marco final da Antiguidade. No século seguinte, o poderio do império ressurge, mas não mais em Roma, e sim em Bizâncio, que terá dias de apogeu durante o reinado de Justiniano. A conjunção Netuno-Plutão seguinte tem lugar no penúltimo grau de Touro, no ano de 905. Com a derrocada final do que ainda sobrevivera do império de Carlos Magno, a Europa mergulha na fase mais característica do regime feudal. Nas décadas subseqüentes, são gestados os dois reinos que darão a tônica da geopolítica européia no milênio seguinte: formam-se o reino da França, sob a dinastia dos Capetos, e o Sacro Império Romano Germânico, raiz da futura Alemanha. Um acontecimento que exemplifica bem o enfoque cultural desta conjunção foi a fundação da abadia de Cluny, na França, no ano de 910. Os monges cluniacenses terão papel fundamental na consolidação do saber eclesiástico dos séculos seguintes, que estabelecerá o paradigma de conhecimento da Europa medieval. Coincidentemente, este século também presencia o apogeu da cultura islâmica, sob o Califado de Bagdá.

Netuno-Plutão em Gêmeos: da terra ao controle da informação Em 1398, após vários ciclos em que a conjunção acontecera sempre em Touro, Netuno e Plutão encontram-se no quinto grau de Gêmeos, sinalizando o advento de uma era em que as tecnologias da informação e os meios de reprodução da cultura teriam cada vez maior importância. Durante quase dois mil anos, as sucessivas conjunções dos dois planetas exteriores em Touro haviam definido um longo ciclo de lentas mudanças e em que a posse objetiva da terra se constituíra na mais importante dos valores. Ampliar e preservar o próprio território foi uma preocupação permanente de assírios, persas, romanos e dos impérios medievais dos francos (Carlos Magno), bizantinos e árabes. Isso porque o baixo nível de desenvolvimento tecnológico não permitia ainda um aproveitamento intensivo dos recursos naturais, com prejuízos especialmente para a agricultura. Para produzir o suficiente para a alimentação dos centros urbanos da antiguidade, era necessário o controle de vastas extensões de terra, e, de preferência, terras naturalmente férteis. As coisas começam a mudar no final da Idade Média, já nas proximidades da primeira conjunção Netuno-Plutão em Gêmeos. A adoção de técnicas agrícolas mais avançadas permite maior produção em menores áreas, diminuindo a importância estratégica da extensão territorial. Gêmeos é um signo de Ar, ligado aos processos mentais e à rapidez na aquisição de conhecimentos. O novo valor dominante não seria a posse dos meios de produção, pura e simplesmente, mas o controle da tecnologia de seu processamento. As potências emergentes a partir daí serão aquelas que farão um uso inteligente da informação e desenvolverem canais adequados de troca – de conhecimento ou de bens materiais. Não por acaso, o primeiro século do novo ciclo já presencia a primeira fase de uma revolução comercial, com a expansão marítima européia, e uma outra revolução de caráter mais sutil, mas não menos importante, na área da cultura. A avidez para testar, experimentar e inovar é uma marca registrada desta fase iniciada em 1398. São os princípios geminianos que se afirmam, em contraste com o relativo imobilismo dos séculos anteriores.

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No próprio ano de 1398, o grande acontecimento talvez tenha sido a invasão da Índia pelas tropas tártaro-mongólicas de Tamerlão (ocidentalização do nome do líder militar turco-tártaro Timur Leng – Timur, o Coxo). Tamerlão repetia, quase dois séculos depois, o fenômeno Gengis Khan, outro líder mongol que conseguira aglutinar centenas de tribos dispersas das estepes e constituir um efêmero império, invadindo e devastando o território de velhas civilizações. Mas Tamerlão acabaria por prestar um favor à civilização cristã, ao atrasar em meio século a derrocada final do Império Bizantino. Após destruir a cidade de Delhi, dirige suas tropas para o ocidente, ao encontro das forças militares de Bajazet, o sultão otomano. Este é obrigado a abandonar o assédio a Bizâncio – prestes a cair – para enfrentar as tropas tártaro-mongólicas nas proximidades de Ancara (atual Turquia), num embate que envolveu, segundo estimativas, mais de um milhão de guerreiros. A derrota de Bajazet representou um duro golpe para os turcos otomanos, que, temporariamente enfraquecidos, deram aos bizantinos condições de reorganizar a defesa, o que lhes garantiu uma sobrevida até 1453. Por outro lado, a turbulência provocada por Tamerlão na Índia também contribuiu para criar um clima de fragmentação política que viria a facilitar a criação das feitorias portuguesas, quase cem anos mais tarde. As décadas que se seguiram à conjunção testemunham um conjunto de mudanças que iria transformar para sempre a face do mundo civilizado. O aperfeiçoamento da imprensa, a utilização das armas de fogo em larga escala na Europa, a explosão criativa do Renascimento italiano, a queda de Bizâncio, o lento desvelamento do litoral africano pelos portugueses, a progressiva formação do reino da Espanha e o surgimento do sentimento nacional na França, em torno da figura de Joana d’Arc, são sintomas de mudanças profundas, a partir das quais a Europa Ocidental assumiria por quatro séculos um papel de vanguarda, só quebrada com a emergência de outros centros de poder no século XX, como os Estados Unidos e o Japão.

Netuno-Plutão e o Descobrimento do Brasil Como a assinalar a vinculação entre o Descobrimento do Brasil e os processos desencadeados a partir desta conjunção Netuno-Plutão, o mapa do avistamento da nova terra por Cabral apresenta Vênus, regente do Ascendente do Brasil-Colônia, em 7°´55’ de Gêmeos, em conjunção, portanto, com o encontro de Netuno e Plutão de 1398, em 3°51’ de Gêmeos. A Lua, regente do Meio-Céu desta carta, encontra-se por sua vez em 5°30’ de Peixes, em quadratura, portanto, com a referida conjunção dos planetas exteriores. Mais ainda: Júpiter e Lua em Gêmeos, no mapa da Independência, ativam simultaneamente a conjunção de 1398 e a Vênus do Descobrimento, num efeito de ressonância mais do que significativo.

A conjunção Netuno-Plutão de 1892 A mais recente conjunção Netuno-Plutão acontece na última década do século XIX, tendo lugar desta vez no ano de 1892, no nono grau de Gêmeos. Coincide com uma série de mudanças significativas na áreas das comunicações, como a invenção do rádio, o advento dos grandes impérios jornalísticos norte-americanos e o lançamento, enfim, das bases da cultura de massa, das quais o cinema e a história em quadrinhos, ambos produtos daquela década, são exemplos marcantes. Inicia-se um período em que os Estados Unidos ganham importância crescente, ascendendo, após duas guerras mundiais, à condição de maior potência econômica e militar do planeta. O principal foco de poder do mundo sai da Europa Ocidental e migra para a América.

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Astroletiva – Nível Especialização – Astrologia Mundial e Grandes Ciclos 1 – Lição 2 – 11

Resumindo os ciclos Netuno-Plutão Podemos resumir a sucessão de conjunções Netuno-Plutão com o seguinte quadro, em que são assinaladas as datas-limite de cada ciclo e os acontecimentos-chave que neles tiveram lugar. Netuno-Plutão em Touro DURAÇÃO PROCESSOS HISTÓRICOS CORRESPONDENTES 1073 a.C – 578 a.C. Apogeu da Assíria. 578 a.C. – 83 a.C. Apogeu da cultura grega e helenística. 83 a.C. – 411 d.C. Império Romano. 411 – 905 Europa dividida em reinos bárbaros. Impérios carolíngio e bizantino e

surgimento do Islamismo. 905 – 1398 Formação da Europa Moderna: surgimento e consolidação da França, da

Alemanha (Sacro Império Romano Germânico) e da Inglaterra. Netuno-Plutão em Gêmeos DURAÇÃO PROCESSOS HISTÓRICOS CORRESPONDENTES 1398 – 1892 Era da afirmação burguesa. Grandes navegações. Transferência do eixo de

poder do Mediterrâneo para a Europa Atlântica. “Civilização de Gutenberg”. 1892 - ... Era da cultura de massa e da definitiva globalização econômica e cultural.

Capitalismo industrial. Predomínio americano.

Exercício de compreensão Leia com atenção estes trechos retirados da obra Astrologia Mundial, de André Barbault: Os caldeus admitiam que o mundo era alternativamente e de modo periódico inundado e queimado. O período de reprodução desses fenômenos era aquele em que todos os astros errantes4 voltavam a ocupar uma mesma posição em relação ao céu das estrelas fixas. Através de Berósio (século III a.C.) sabemos o que ensinavam os babilônios a respeito do Grande Ano cósmico. Infelizmente, não resta grande coisa da obra do grande sacerdote de Bel. O fragmento de sua obra que trata desta doutrina foi conservado por Sêneca em suas Questões Naturais, sem nenhuma dúvida citado na Meteorologia, hoje perdida, de Possidônio:

O dilúvio de água e fogo acontece quando é da vontade de Deus criar um mundo melhor e acabar com o antigo... Berósio, tradutor de Bélio, atribui estas revoluções aos astros, e de uma forma tão afirmativa que fixa a época da conflagração e do dilúvio. O globo, diz, arderá em fogo quando todos os astros, que têm agora cursos tão diversos, reunirem-se em Câncer e posicionarem-se de tal forma uns sobre os outros que uma linha reta poderia atravessar o centro de todos. O dilúvio terá lugar quando todos esses corpos celestes se encontrarem igualmente unidos, mas em Capricórnio. A primeira dessas constelações rege o solstício de verão, a outra, o solstício de inverno...

Uma conjunção perfeita das luminárias e dos planetas, quer dizer, de todos os astros do sistema solar nos pontos solsticiais: esta é a configuração que determina o giro último em que morre um mundo e nasce outro, sob um dilúvio de água ou de fogo, ponto de renovação do Grande Ano.

4 Planetas.

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Astroletiva – Nível Especialização – Astrologia Mundial e Grandes Ciclos 1 – Lição 2 – 12

Esta doutrina introduziu-se muito cedo cedo no Oriente e no mundo helênico, mas nada autoriza a pensar que Berósio formulava uma novidade: não era esta uma idéia já universalmente disseminada? Esta concepção da periodicidade do universo parece, em particular, ter-se desenvolvido na Índia desde uma época longínqua. Platão, ao falar, no Timeu, da Gênese e da Criação, evoca o mais completo dos retornos periódicos, aquele que, tomando os sete astros errantes em uma certa configuração e numa certa posição em relação às estrelas fixas, devolve-os a uma posição idêntica:

O número perfeito do tempo se realiza e o ano perfeito chega a sua revolução quando as oito revoluções, cujas velocidades são diferentes, chegam a seu fim ao mesmo tempo, voltando todos os astros a encontrar-se com o ponto de partida, depois de um tempo medido com ajuda do que permanece sempre o mesmo e possui uma marcha uniforme (...) e de novo todas as coisas serão restabelecidas segundo suas antigas condições.

Contudo, ao assinalar esta duração astronômica, Platão não dizia nada de novo, e sabemos que o Grande Ano, ao qual se chamará platônico, já era muito bem conhecido antes dele.

(BARBAULT, André. Astrologia Mundial. Barcelona, Visión Libros, 1981.) 1. Da leitura do texto, fica claro que:

a) O conceito de era astrológica, conforme apresentado neste curso, é idêntico ao do Grande Ano, que chegou à Grécia através da tradição dos caldeus.

b) Deve-se ao grande sacerdote Berósio, do século III a.C., o conceito de eras astrológicas. c) O chamado Grande Ano de Platão é uma versão grega de uma tradição mais antiga, que via

na conjunção de todos os planetas conhecidos um momento maior de recomeço. d) O Grande Ano é uma invenção dos caldeus difundida pelos gregos.

2. Na visão platônica:

a) Cada novo Grande Ano traz novas condições de desenvolvimento para a humanidade. b) O tempo é uma concepção cíclica, pois o novo Grande Ano restabelece as condições do

Grande Ano anterior. c) A destruição e renovação do mundo se caracterizam, alternadamente, por dilúvios de água

e fogo. d) Para caracterizar um Grande Ano, a conjunção de todos os planetas conhecidos deve

ocorrer nos pontos equinociais.

Teste de Verificação da Lição 1 RESPOSTAS

1 – Além de epidemias como a Peste Negra, a oitava fase da era de Peixes caracteriza-se pelo início de um processo de nítida conotação Escorpião/casa 8. Estamos falando:

a) das Cruzadas contra povos islâmicos. b) do início do movimento artístico e cultural conhecido como Renascimento. [X] c) das Grandes Navegações, que ampliam os horizontes comerciais e culturais da civilização

européia.

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d) do Feudalismo, com sua característica ênfase na atividade agrícola e na dependência do homem à terra.

Comentário – Renascimento é um termo que exprime uma idéia de reciclagem, renovação, um ressurgir das cinzas após uma morte aparente (no caso, trata-se do renascimento da cultura clássica em pleno final da era medieval). É o típico significado de casa 8 aplicado ao âmbito cultural e coletivo. Já as Cruzadas, como vimos, são um confronto com uma cultura estranha, uma outra cultura. Trata-se de um típico enfrentamento de casa 7. A ampliação de horizontes das Grandes Navegações é um momento de casa 9 na história européia, enquanto o feudalismo, ao menos em seu momento de implementação, associa-se a processos de casa 6. 2 – Assinale a alternativa onde não há correspondência entre o processo histórico e a fase da era de Peixes:

a) Absolutismo monárquico – fase casa 10/Capricórnio. b) Invasões, grandes migrações e fragmentação cultural, política e linguística do antigo

Império Romano – fase casa 3/Gêmeos. c) Surgimento dos processos históricos que definem a “cara” da era de Peixes: o Império

Romano e o Cristianismo – fase casa 1/Áries. d) Grande desenvolvimento industrial e tecnológico, paralelamente ao desenvolvimento de

uma atitude científica diante do conhecimento – fase casa 6/Virgem. [X] Comentário – O desenvolvimento industrial rápido, capaz de mudar completamente a face da sociedade, é a faceta mais visível da fase Aquário/casa 11 da era de Peixes. Corresponde também a um momento de afirmação do pensamento científico, fruto do racionalismo dominante nesta fase regida por Saturno e Urano. Já a fase Virgem/casa 6 retrata um período bem anterior, em que a sociedade é obrigada a voltar-se para a terra e para um modelo de organização extremamente fragmentado. Virgem simboliza a decomposição do todo – o grande império de Carlos Magno, por exemplo – em unidades mínimas e auto-suficientes – os feudos. 3 – Alguns personagens históricos parecem simbolizar especialmente o sentido de cada fase da era de Peixes. Aponte a única alternativa em que os personagens não parecem ser uma boa escolha para representar o espírito da fase relacionada:

a) Martinho Lutero, Cristóvão Colombo, Américo Vespúcio – fase Capricórnio/casa 10. [X] b) Einstein, Pasteur e Oswaldo Cruz – fase Aquário/casa 11. c) Osama bin Laden, “Chacal”, guerrilheiros da FARC e do IRA – fase Peixes/casa 12. d) Luís XIV, Marquês de Pombal, Maurício de Nassau – fase Capricórnio/casa 10.

Comentário – Lutero foi o reformador (Escorpião) de uma religião (Sagitário). Ao dar início à Reforma Protestante, dispara um processo de ampla discussão dos dogmas e dos evangelhos que mergulhará a Europa em convulsões ideológicas por mais de um século. Lutero, ele próprio um escorpiano, é uma das figuras mais intensas da fase Sagitário/casa 9 da era de Peixes. O mesmo pode-se dizer de Colombo e Vespúcio, ambos viajantes, ambos aventureiros, ambos deixando um legado de expansão dos horizontes civilizatórios (pura casa 9!) com a integração de grandes regiões desconhecidas à esfera de influência européia. 4 – Da leitura desta lição, depreende-se que:

a) Existe absoluta concordância em torno das datas de transição da era de Peixes para a era de Aquário.

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b) As eras astrológicas são decorrentes do movimento de precessão dos equinócios, que altera gradativamente o ponto vernal. [X]

c) Ponto vernal é o ponto inicial da constelação de Áries. d) O movimento precessional explica porque, ao longo dos milênios, a passagem do Sol por

determinadas constelações acontece sempre nas mesmas estações do ano. Comentário – Apenas a opção B está correta. Nas demais, eis os erros: não existe nenhuma concordância sobre as datas de transição de eras, ao contrário do que afirma a opção A; o ponto vernal é o ponto inicial do signo de Áries no zodíaco tropical, e não da constelação com o mesmo nome (hoje o ponto vernal está transitando de Peixes para Aquário); e, finalmente, a passagem do Sol por determinadas estações não coincide sempre com as mesmas estações. A passagem do Sol pela constelação de Áries, que hoje acontece no outono do hemisfério Sul, já aconteceu no verão, ao tempo da era de Touro, e dentro de alguns milênios delimitará o início do inverno. 5 – Aponte a única opção abaixo que se relaciona com a era de Touro:

a) Introdução em larga escala de armas de ferro e supremacia dos povos que dominam a tecnologia de sua produção.

b) Surgimento de grandes impérios agrários, dependentes do controle das águas dos rios e da irrigação. [X]

c) Deslocamento do eixo do poder da Mesopotâmia para a região do Mediterrâneo. d) Desenvolvimento de grandes religiões monoteístas.

Comentário – Armas de ferro são típicas da era de Áries; o deslocamento do poder para o Mediterrâneo ocorre no final da era de Áries e se consolida na era de Peixes. Já os impérios agrários (agricultura – elemento Terra), que dependiam de grandes obras de irrigação (barragens são um assunto do eixo Touro-Escorpião) se desenvolvem na era de Touro: Egito, Caldéia, China antiga etc. 6 – A partir da leitura desta lição, fica claro que um dos momentos de maior retraimento da civilização ocidental durante a era de Peixes aconteceu na fase:

a) Touro ou casa 2. b) Virgem ou casa 6. [X] c) Sagitário ou casa 9. d) Peixes ou casa 12.

Comentário – Como a fase Virgem/casa 6 corresponde ao apogeu da organização feudal, com quase desaparecimento da vida urbana, aí se define o momento de maior retraimento de toda a história da civilização européia. 7 – Aponte a associação errada:

a) Império de Carlos Magno – fase Leão da era de Peixes. b) Iluminismo (Rousseau, Voltaire, Diderot etc.) – fase Aquário da era de Peixes. c) Formação do Islamismo – fase Escorpião da era de Peixes. [X] d) Materialismo e progressivo afastamento entre o Estado e a religião – fase Capricórnio da

era de Peixes. Comentário – O Islamismo, ou seja, a religião monoteísta cujos pilares foram deixados por Maomé, é fruto da fase canceriana da era de Peixes. Até hoje a lua em fase crescente é o símbolo do Islã, estando presente na bandeira de vários países do Oriente Médio.

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8 – Para utilizar um conceito muito comum em Astrologia Psicológica, cada fase da era de Peixes, além de afirmar as características de um signo e de sua casa correspondente, ainda traz a “sombra”, ou a manifestação negativa, do signo e da casa opostos. A propósito, aponte a única opção que não relaciona corretamente um exemplo dessa manifestação negativa da polaridade:

a) Líderes autocráticos, agressivos e expansionistas, como Napoleão Bonaparte, Stálin ou Hitler, manifestam a “sombra” leonina da fase Aquário da era de Peixes.

b) A violência dos combates nas Cruzadas e a brutalidade das invasões, em contraste com o código de honra de cavalaria, expressam a “sombra” ariana da fase Libra da era de Peixes.

c) A economia de subsistência típica do período feudal, associada aos pequenos avanços tecnológicos que permitiram progressivos ganhos de produtividade, expressa a “sombra” pisciana da fase Virgem da era de Peixes. [X]

d) O extremado nacionalismo que opôs com freqüência franceses, espanhóis, portugueses, ingleses e holandeses durante o século XVII expressa uma das facetas da “sombra” canceriana da fase Capricórnio da era de Peixes.

Comentário – Os pequenos avanços tecnológicos e a economia de subsistência baseada no trabalho duro com a terra expressam traços virginianos, e não piscianos. A sombra pisciana aparece com maior clareza em outras características da época, tais como o surgimento de importantes ordens monásticas (o isolamento dos monges, em sua vida conventual, é típica de Peixes/casa 12). Algumas dessas ordens acabam por exercer uma influência tal que as transforma em poderes políticos paralelos, que mais tarde alimentarão o fanatismo das Cruzadas. O misticismo desinformado somado à ignorância e à superstição também produz o fenômeno do milenarismo, ou seja, o terror que se espalhou em toda a Europa medieval, às vésperas do ano 1000, quanto à possível iminência do fim do mundo e do juízo final.

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CURSO DE FORMAÇÃO EM ASTROLOGIA

ASTROLETIVA – Terra do Juremá Comunicação Ltda.

Nível: Especialização – Curso: Astrologia Mundial e Grandes Ciclos 1 – Lição: 3 Texto: Fernando Fernandes

Exercitando o uso de regências de ciclos: Um estudo do Renascimento e do Humanismo

A Astrologia Mundial desenvolveu nos últimos dois séculos uma grande quantidade de ferramentas para a elaboração de previsões precisas e específicas. Entretanto, a maioria dessas previsões acaba por apresentar resultados muito pobres, às vezes errando totalmente o alvo. Se analisarmos o procedimento utilizado por astrólogos que cometem grandes erros – e falamos daqueles realmente grosseiros, que depõem contra a credibilidade da Astrologia – vamos encontrar sempre as mesmas causas. A maior delas é a utilização de técnicas inadequadas ou insuficientes para o objetivo pretendido. Outra, não menos importante, é a desconsideração do princípio de hierarquia que atua tanto sobre eventos astrológicos quanto sobre eventos histórico-sociais. Se pretendemos, por exemplo, entender as perspectivas do planeta nos anos 2003 e 2004, será que poderemos chegar a grandes conclusões apenas pela análise dos trânsitos e progressões do mapa de George W. Bush? Onde poderemos alcançar uma dimensão de análise mais coletiva e abrangente? No mapa de Bush ou dos Estados Unidos? Do indivíduo ou da coletividade? Naturalmente, os mapas de um país e de seu governante costumam estar em ressonância, já que o governante, de uma certa forma, corporifica certas expectativas e tendências difusas, contribuindo para sua objetivação. Seria ingenuidade pensar que Hitler e Stalin foram meros acidentes nas histórias da Alemanha e da União Soviética. Não foram, pois havia condições históricas que tornaram possível a ascensão desses líderes. E não vamos encontrar tais condições espelhadas apenas nas cartas natais de Hitler e Stalin. Para chegar logo ao ponto: quanto mais amplo e mais coletivo for o processo que estivermos analisando, mais chance teremos de chegar a uma visão de conjunto que permita a compreensão de personalidades e motivações individuais. E, do ponto de vista astrológico, quanto mais raro e especial for o evento que consideramos, mais chances teremos de identificar significados que remetam a processos históricos de natureza macroscópica. Os eventos mais raros são exatamente a sucessão de eras (cada era durando mais de dois mil anos) e as conjunções de planetas trans-saturninos. Trabalhando exclusivamente com estes indicadores, não vamos chegar a previsões precisas e localizadas, mas vamos construir um cenário de vastas proporções, que constituirá um pano de fundo seguro para análises mais factuais e específicas. A exemplificação da técnica será feita, a seguir, com o complexo processo cultural que se convencionou chamar de Humanismo e Renascimento. Para compreendê-lo, utilizaremos o conceito de fases da era de Peixes e todos os ciclos de planetas trans-saturninos, considerando, especialmente, os signos em que se deu cada conjunção e seus regentes.

Uma visão geral da Europa na transição para a Idade Moderna Durante a Idade Média, o legado clássico greco-romano não desaparecera: ficara confinado aos mosteiros e amoldara-se às categorias do pensamento religioso. A filosofia escolástica de eruditos

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Astroletiva – Nível Especialização – Astrologia Mundial e Grandes Ciclos 1 – Lição 3 – 2

como São Tomás de Aquino ou de S. Alberto Magno tem suas raízes firmemente plantadas em Aristóteles. As idéias de Santo Agostinho fundamentaram-se, em parte, no idealismo platônico e até mesmo os filósofos pré-socráticos contribuíram para a formação do saber medieval. Falar, portanto, em Renascimento soa um tanto falso na medida em que só renasce aquilo que já está incontestavelmente morto. O que houve, na verdade, foi uma aplicação mais livre e mais ampla do mesmo legado clássico que na Idade Média estivera controlado pela Igreja e conhecido apenas por uma minoria. Agora, libertava-se o patrimônio clássico do monopólio eclesiástico e deixava de ser um privilégio da aristocracia: a burguesia o tomava como novo meio de expressão. O Humanismo precedeu e provocou o Renascimento, com o qual coexistiu. Sendo uma nova postura diante da tradição clássica, permitiu que o Renascimento fosse buscar nessa tradição parte da sua temática e da sua técnica expressiva. Mas sendo também uma escola de pensadores revolucionariamente preocupados com o homem e seu ser-no-mundo, o Humanismo prosseguiu o seu caminho independente. Na Alemanha, por exemplo, o pensamento humanista articulou todas as pré-condições intelectuais para a eclosão da Reforma. Não há processo que melhor defina o caráter dos novos tempos iniciados em 1398 do que o da mudança de paradigmas estéticos e culturais trazida no bojo do Humanismo e do Renascimento. Para compreendê-lo, é preciso lembrar que a superestrutura ideológica que condicionara a vida da sociedade européia durante a Idade Média fora essencialmente ditada pela Igreja Católica. Em um mundo feudal, fundamentado no imobilismo das classes sociais e em uma economia auto-suficiente, quase “natural”, a ideologia religiosa satisfazia completamente enquanto elemento de explicação e justificação da realidade material. O servo era servo por vontade divina e encontraria no paraíso a compensação para os sofrimentos terrenos. A hierarquização da sociedade feudal era um mero reflexo da hierarquia celeste dos santos, anjos e arcanjos. Sendo a ideologia ditada pela classe dominante e satisfazendo aos interesses desta classe, para que mudá-la? À rigidez da estratificação social, correspondia a rigidez dos dogmas. A facilidade de transformar-se o perturbador da estabilidade política ou social em um “subversivo religioso” – um herege – explica, até certo ponto, a manipulação política sofrida por alguns movimentos ou instituições de caráter inicialmente religioso: as Cruzadas, a Santa Inquisição, as ordens religiosas de monges-soldados, como a dos Templários etc. Enfim, o teocentrismo medieval adequa-se perfeitamente às condições de seu tempo: em um mundo onde as mudanças ocorrem em ritmo excessivamente lento, parece-nos que, em verdade, não há mudanças e tudo é eterno. Torna-se concebível a idéia de uma ordem natural das coisas que se fundamenta em uma causa primeira, extra-humana e transcendental. Desta concepção decorre toda uma teoria do conhecimento que pode ser grosseiramente esquematizada da seguinte maneira: se o mundo é um reflexo da vontade divina e tem em Deus sua causa primeira, a melhor maneira de chegar-se ao conhecimento do mundo é através da aproximação com o Criador. Ora, de tais concepções deriva um evidente desprezo pelas informações sensoriais, pela observação enquanto instrumento do saber. A lentidão das mudanças, a dependência à terra e a economia de base agrária do mundo feudal remetem ao cenário taurino do ciclo iniciado em 905. Se imaginarmos que o início de cada ciclo tem um sentido de recomeço, de fundação de novas bases, podemos atribuir às grandes conjunções um papel simbólico de Ascendente, sendo que o signo em que estas ocorrem determina o tom do período ali iniciado. Do ponto de vista do ciclo Netuno-Plutão, a Europa feudal tem uma tonalidade taurina, evidente inclusive nas imagens que a ela associamos: os pesados e rústicos castelos fortificados, a massa de servos a manejar arados, o bucolismo da vida rural, a preocupação defensiva. Se colocarmos Touro na 1, Capricórnio irá para a casa 9 – a da religião organizada – retratando adequadamente a noção de ordem e hierarquia presente tanto na estrutura da Igreja quanto na própria concepção teológica.

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Este estado de coisas dissolve-se pouco a pouco na medida em que o ciclo chega ao fim, já numa antecipação do sentido dos ciclos Netuno-Plutão no elemento Ar: as catedrais se verticalizam e ganham a transparência dos vitrais, no apogeu do gótico; a vida nas cidades se reanima e o comércio retoma o vigor. O novo ciclo de 1398, por ter uma conotação de Gêmeos no Ascendente, teria, por analogia, um sentido aquariano em sua casa 9. É a partir da última fase da Idade Média que se manifesta uma reação contra o monopólio católico da ideologia. Principalmente nos séculos XV e XVI, um movimento de considerável amplitude no âmbito da filosofia e da literatura, que atinge também as artes plásticas, o teatro e a música sob forma de uma renovação de temas e de meios de expressão, marca em definitivo o aparecimento de novas formas de pensar e de entender o mundo. Este movimento, desdobrado no Humanismo e no Renascimento, deve ser entendido essencialmente como uma adaptação da ideologia às necessidades de justificação e explicação da sociedade mercantil e burguesa (Gêmeos) que aos poucos ocupava o lugar da sociedade feudal (Touro). O Humanismo e o Renascimento, completados pelos movimentos da Reforma e da Contra-Reforma, compõem um grande painel que, considerado em conjunto, constitui a cosmovisão da Europa Moderna. William Shakespeare já é um representante tardio do Renascimento, tendo produzido o grosso de sua obra nos últimos anos do século XVI e nos primeiros do século XVII. Exatamente por ser tardio, é também um exemplo da nova cosmovisão em seu momento de maturidade, quando os traços distintivos do ciclo Netuno-Plutão em Gêmeos já estão plenamente fixados. A respeito de Shakespeare, o crítico literário Anatol Rosenfeld escreveu alguns parágrafos reveladores, se analisados sob a ótica astrológica:

Os valores parecem concentrar-se na vida temporal e terrena; (...) Os heróis de Shakespeare parecem dizer com seu contemporâneo Montaigne: “afinal, é esta a nossa existência, é tudo que possuímos”. (...) As desgraças que se abatem sobre os heróis trágicos de Shakespeare não parecem preparação para a vida futura. São condições inescapáveis do único mundo em que, sem dúvida, vivem e sofrem. Raramente se tem a impressão de que o pensamento do além é fator decisivo, quer das peças no seu todo, quer do comportamento dos protagonistas. O céu afigura-se remoto no mundo shakespeariano, os poderes divinos indiferentes ante o destino dos personagens. (...) Raramente é sugerida uma retribuição justa no Além. E neste nosso mundo terreno Macbeth, culpado, morre da mesma forma como morre a inocente Lady Macduff e seu filho.

O que Rosenfeld está a descrever não é a negação dos valores sagitarianos? Gêmeos, como signo oposto a Sagitário, é o exílio de Júpiter e, portanto, onde os valores morais tornam-se mais ligeiros e adaptáveis, dando lugar, por vezes, a uma atitude cínica diante dos fatos da existência. A fé passa pelo crivo da razão, e a crença numa realidade espiritual invisível e distante cede espaço à preocupação com o estar no mundo – o entorno imediato e seus múltiplos focos de interesse.

O mal, na obra de Shakespeare, (...) é de substancialidade maciça; alastrando-se, contagia e corrompe o universo e isso com tamanha força demoníaca que seria ridículo considerá-lo mera negação ou privação. Há um terrível realismo psicológico em Shakespeare; (...) Seus grandes criminosos (...) são retratos magistrais dos abismos humanos. Mas esses retratos já não são projetados contra o pano de fundo do pecado original; não são postos em termos religiosos. São, simplesmente, fatos humanos, fenômenos psicológico-morais (ou amorais), bem segundo Maquiavel que, como já verifica Bacon, descreve o que os homens fazem e não o que deveriam fazer. (...) Mas há, em contraposição, valores positivos, igualmente substanciais – a lealdade, a ordem, a moderação, a serenidade, a gratidão, a justiça, a sabedoria – e é

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precisamente o choque de forças positivas e negativas, ambas poderosas e de maciça realidade, que constitui a tragicidade deste universo dir-se-ia maniqueu1; tragicidade que é inconcebível no harmônico mundo medieval. Pois o trágico é incompatível com qualquer forma de fé religiosa que parte da idéia de um Deus pessoal, onipotente e de suma bondade.

A concepção dialética do bem e do mal que interagem num universo mutável e polarizado tem relação com a dualidade geminiana. Por outro lado, é esta mesma ênfase no signo de Mercúrio – exílio de Júpiter – que permite a afirmação do sentido do trágico, entendido como o colocar-se do homem diante do sofrimento provocado pelo entrechoque de forças cegas e incompreensíveis. Em outras palavras: o sentimento do trágico é incompatível com Júpiter, só sendo possível quando o sofrimento perde sua finalidade transcendente de abrir caminho para a manifestação da Graça Divina (um conceito jupiteriano). Na visão da religião organizada, o mal é sempre referenciado a uma hierarquia de valores que o torna pouco mais do que um desvio temporário no processo de afirmação do bem absoluto. O mal, na visão teológica medieval, tem um lugar definido na hierarquia cósmica (sentido de Capricórnio na 9). No novo ciclo civilizatório instaurado por Netuno-Plutão em Gêmeos, predomina o sentido de Aquário na 9, definindo uma nova concepção teológica menos hierarquizada, na qual todos os conceitos-matrizes podem coexistir em “pé de igualdade”. Há que lembrar ainda que a tragédia shakespeareana não se fundamenta na mesma cosmovisão da tragédia grega, onde o homem é joguete dos deuses. Em Shakespeare, o universo é humano e, se o personagem padece diante de forças cegas e impiedosas, é porque recusa conhecê-las com outro instrumento que não seja a razão. A acuidade psicológica de algumas destas peças reside em grande parte no retrato preciso do comportamento de personagens com uma dominante Ar confrontados com tudo aquilo que temem: o abismo pantanoso dos próprios sentimentos, a explosão passional e a intuição do incompreensível. Este é o drama de Hamlet, por exemplo, que, diante das terríveis suspeitas quanto ao comportamento da própria mãe, reage filosofando no mais puro estilo geminiano: “Ser ou não ser, eis a questão”. O lugar-comum associado a Hamlet, mesmo para quem jamais leu uma única linha escrita por Shakespeare, é a imagem do príncipe dinamarquês a dialogar com a caveira que tem em suas mãos: é o órgão mais geminiano do corpo a portar o símbolo da morte (Plutão) enquanto forças sutis e insidiosas (Netuno) corrompem as bases do poder: “Há algo de podre no reino da Dinamarca”... Mas estamos indo muito longe. Voltemos atrás para analisar as origens da revolução cultural do Renascimento e considerar suas implicações astrológicas.

A bota italiana dá o pontapé inicial A Itália foi a primeira região da Europa a assistir à ascensão da burguesia e a conseqüente decadência do sistema feudal. Portanto, a Idade Moderna começou mais cedo para aquela península, obrigando a uma precoce reformulação das cosmovisões. Por outro lado, a presença de uma burguesia mercantil próspera e urbana explica outros fatos: o financiamento de obras suntuosas e a proteção prestada aos artistas por homens ricos – os mecenas – e a presença de uma sociedade urbana mais culta e letrada, em condições de consumir a nova produção artística. O comércio italiano com o Império Bizantino abriu um intercâmbio cultural intenso entre Veneza, Gênova, Florença e Constantinopla. A vinda de documentos originais greco-romanos para a Itália foi uma decorrência desse intercâmbio. É preciso retirar da cabeça a velha imagem de sábios bizantinos fugindo em desabalada carreira de Constantinopla para a Itália após as conquistas turcas 1 Maniqueu – Maniqueísta. Polarizado entre os conceitos de bem e de mal.

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de 1453: em primeiro lugar, os turcos não eram tão intolerantes quanto se pensa, e muitos eruditos adaptaram-se pacificamente à dominação mulçumana. Em segundo lugar, o Renascimento e o Humanismo tiveram início muito tempo antes da tomada de Constantinopla. Esta somente serviu como um fator de aceleração do fluxo migratório de eruditos e de documentos para a Itália. Na verdade, a presença de sábios bizantinos nas cidades italianas remonta ao próprio momento em que Netuno e Plutão entravam em órbita de conjunção em Gêmeos: foi exatamente no ano de 1397 que introduziu-se o estudo do grego na Universidade de Florença, fato que terá papel decisivo no desenvolvimento das idéias humanistas. O ensino da língua helênica abriu caminho para a leitura e tradução de um grande número de obras clássicas, provocando uma onda de interesse no resgate do acervo cultural da antiguidade.

E os homens ocuparam o centro... O Humanismo pode ser encarado como uma reinterpretação do patrimônio cultural clássico greco-romano feito à luz de critérios não-católicos, na medida em que reagiu contra o teocentrismo e o escolasticismo medievais. Extraem os humanistas da leitura dos clássicos uma tendência antropocêntrica, quer dizer, uma preocupação fundamental com o homem, deixando de considerá-lo como um mero reflexo da ordem celeste. A valorização do homem-espécie em oposição à noção do homem-criatura; do homem-indivíduo em oposição à noção de homem-membro-da-comunidade; do homem-sujeito-de-conhecimento em oposição ao homem-objeto-da-revelação-celeste, tudo isso são traços que justifícam o termo Humanismo para definir esta nova filosofia. Sempre tomando Gêmeos como o Ascendente simbólico do ciclo iniciado pela conjunção Netuno-Plutão de 1398, por analogia teremos Aquário na casa 9, a da filosofia e da religiosidade. Aquário, sendo signo de Ar, é racional por definição; sendo o pólo complementar de Leão, cumpre uma função ligada aos valores deste eixo. No corpo humano, por exemplo, Leão rege o coração, que bombeia o sangue que o sistema arterial, regido por Aquário, encarregar-se-á de distribuir. Da mesma forma, os humanistas serão os disseminadores de um novo paradigma cultural, baseado no livre exame dos clássicos, na independência ideológica frente à ortodoxia da Igreja e na valorização do homem – sendo Aquário o signo humano por excelência. O foco emissor de toda esta inquietação cultural é a Itália, região à qual sempre se atribuiu uma regência leonina, e a base de referência é a civilização clássica greco-romana, sendo que a Roma clássica tem em suas origens um fundamento geminiano, a começar por seu mito de fundação, onde pontificam os irmãos gêmeos Rômulo e Remo. A princípio um fenômeno italiano, o Humanismo generalizou-se por toda a Europa Ocidental. Podemos dizer que o Humanismo foi a base sobre a qual se deu o Renascimento artístico e literário, mas algumas diferenças permitem destinguir humanistas de renascentistas. O Humanismo é exclusivamente literário, o Renascimento, não; os humanistas costumam escrever suas obras em línguas clássicas, como o latim e o grego, desenvolvem tendências universalistas e tendem a fundir, em uma só cosmovisão, a mitologia clássica, o cristianismo reinterpretado e a aceitação de sua própria época, confusa e mutante. Os renascentistas tendem a afastar-se da padronização e desenvolver, na arte, peculiaridades de cada país. Na literatura, utilizam as línguas nacionais e até mesmo os dialetos locais.

As pré-condições: a fase Escorpião da era de Peixes Como condições políticas para o fenômeno renascentista, destacamos a libertação da Itália com relação à influência asfixiante do Papado e do império. A Igreja Católica, tradicionalmente sediada em Roma, havia-se transferido em 1309 para a cidade de Avignon, no sul da França, onde permanecera até 1377. Este período, conhecido como “Cativeiro de Avignon” ou “Cativeiro da Babilônia”, representou uma fase de submissão do poder espiritual do Papa ao poder temporal dos

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reis de França. A Igreja desmoralizava-se. Quando do retorno do Papa a Roma, ocorrem os estranhos acontecimentos conhecidos como o Grande Cisma do Ocidente: em 1379, dois papas são eleitos, um em Roma, outro em Avignon. Como fórmula de conciliação, os bispos e cardeais decidem depô-los e eleger um terceiro, o que realmente acontece. Porém, os dois pretendentes iniciais não arredam o pé do poder e, durante algum tempo, a Igreja Católica é obrigada a sofrer o desprestígio e a anarquia interna trazidos por esta tricefalia. Envolvida em suas próprias questões, mergulhada em um período de insegurança e corrupção crescente, a Igreja relaxa sua vigilância ideológica e deixa de ser a grande censora intelectual das elites italianas. Por outro lado, notemos que a Itália, durante algum tempo na Idade Média, fizera parte do Sacro Império Romano Germânico. As questões que opuseram o Papa e o imperador alemão, associadas ao desmoronamento da centralização política imperial da oposição feita pelos grandes senhores feudais à dinastia reinante, facilitaram a independência da Itália. Esta não se constituirá em um reino unificado, mas num conjunto de pequenas repúblicas mercantis e aristocráticas: Veneza Florença, Gênova, Pisa e outras eram cidades autogovernadas e dominadas por interesses burgueses. Condição mais do que suficiente para explicar o clima de liberdade com que velhas tradições serão ali revistas e criticadas. As conexões são mais do que óbvias, mas não custa enunciá-las: a idéia de renascimento está profundamente vinculada a Escorpião e à casa 8, constituindo a dimensão positiva do simbolismo destas duas instâncias astrológicas. Em Escorpião, algo precisa transmutar-se, processo que se inicia pela eliminação das velhas formas que já não apresentam serventia. O que estava em crise na fase Escorpião da era de Peixes (1248-1427) era a Igreja medieval, cujo desmantelamento se aprofundaria com a Reforma e cuja renovação só se completaria com a Contra-Reforma, já na fase Sagitário. O Renascimento, ao retomar o patrimônio clássico da primeira fase da era, cumpre o papel escorpiano de reciclagem, ao atualizar e recolocar em circulação concepções estéticas e modelos de abordagem da realidade que haviam “envelhecido” após séculos de monopólio ideológico da Igreja. Se bem que seja na fase seguinte, aquela de Sagitário, que o movimento daria seus melhores frutos, a fase Escorpião é seu marco inicial e ponto de partida.

Libra na casa 5 do novo ciclo Netuno-Plutão Considerando que o Renascimento foi antes de tudo um fenômeno artístico, pode-se pensar na conotação libriana da casa 5 do novo ciclo Netuno-Plutão. E a estética renascentista é libriana até a raiz dos cabelos, bastando, para constatá-lo, recordar duas das obras que melhor caracterizaram o período: a Última Ceia, de Leonardo da Vinci, e o Nascimento de Vênus, de Botticelli. Na primeira, mostra-se a figura de Jesus ocupando o centro da pintura, numa composição harmônica em que o grupo de seis apóstolos à esquerda é contrabalançado por idêntico número de apóstolos à direita, num jogo de formas e volumes que remete ao senso de proporção de Libra. Todo o esquema de composição é racional, num esforço deliberado para disciplinar a forma e transmitir equilíbrio. A Última Ceia não é uma obra emocional, mas o fruto de um planejamento com vistas à obtenção de um resultado intencional. É arte libriana, explicitando todos os valores deste signo de Ar. Sobre a pintura de Sandro Botticelli, afirma o crítico de arte Nicolas Pioch2:

A sofisticada compreensão da perspectiva, da anatomia, e o debate humanista na corte dos Médici jamais sobrepujou a fina poesia da visão de Botticelli. Nada é mais gracioso, em beleza lírica, do que as pinturas de tema mitológico da Primavera e do

2 Artigo da Britannica Online, em tradução livre e condensada.

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Nascimento de Vênus, onde o mito pagão é encarado com reverente seriedade e Vênus é a Virgem Maria em outra roupagem.

Sofisticada em sua planificação, com uso consciente da perspectiva, e ao mesmo tempo poética em sua abordagem lírica: eis uma definição que aponta para duas qualidades librianas, ao que o crítico acrescenta: “Vênus é a Virgem Maria em outra roupagem”, como a indicar uma mudança de tom na abordagem da figura feminina na arte medieval e renascentista. No período anterior, ainda dentro do ciclo de Netuno-Plutão em Touro, Virgem estaria simbolicamente na quinta casa do mapa-matriz do ciclo, o que explica a onipresente utilização da figura da Virgem Maria como o arquétipo da mulher por excelência na arte medieval. Com Libra na quinta casa de Gêmeos, o padrão agora é outro, como enuncia Pioch mais adiante:

A poesia tem como pano de fundo uma espécie de nostalgia por algo que não podemos possuir, mas com o que nos sentimos profundamente identificados. (...) As figuras parecem etéreas, muito mais um sonho do que poderiam ser do que propriamente uma visão do que são.

Esta é a beleza de Vênus em Libra, signo de Ar e, portanto, imaterial, etérea, idealizada, um padrão inalcançável de perfeição. E o crítico acrescenta:

Somente na época do Renascimento, quando os italianos tentavam tão apaixonadamente resgatar a primitiva glória de Roma, os mitos clássicos tornaram-se populares entre os homens educados. (...) Estavam estes homens tão convencidos da superior sabedoria dos antigos que acreditavam que os mitos clássicos deveriam conter alguma verdade profunda e misteriosa. O patrono que encomendou a pintura de Botticelli para a decoração de sua villa era membro da rica e poderosa família dos Médici. Ou ele mesmo ou um de seus eruditos amigos explicou ao pintor o que se sabia sobre a forma como os antigos representavam Vênus saindo das águas do mar. (...) A pintura forma, de fato, um padrão perfeitamente harmonioso. (...) As figuras não parecem sólidas. Não são tão corretamente desenhadas como as de Pollaiuolo ou de Masaccio. Os movimentos graciosos e as linhas melodiosas lembram a tradição gótica. (...) A Vênus de Botticelli é tão linda que não notamos a anormal extensão de seu pescoço, a brusca curva descendente de seus ombros ou a curiosa forma como seu braço esquerdo está ligado ao corpo. Poderíamos dizer que essas liberdades que Botticelli tomou em relação à natureza de forma a obter um traço gracioso contribuem para a beleza e harmonia do desenho porque aumentam a impressão de um ser infinitamente terno e delicado, que nos chega como um presente dos céus.

Em outras palavras: Botticelli (como faria Modigliani já no século XX) altera proporções, distorce propositalmente a figura para realçar suas curvas suaves, suas linhas melodiosas. É uma representação de Vênus tratada com padrões estéticos venusianos. É a expressão criativa de Libra na casa 5. Este mesmo senso de beleza idealizada estará presente no trabalho de quase todos os grandes artistas do período, seja no vigor de Miguel Ângelo, seja na suavidade das Madonnas de Rafael. Estará presente também em outras criações no sentido mais amplo, como a carta em que Pero Vaz de Caminha relata o Descobrimento do Brasil. O avistamento da terra por Cabral e os primeiros contatos com os índios refletem um mapa onde Libra ocupa o Ascendente, e a descrição desses acontecimentos, tal como uma pintura renascentista, flui da pena elegante de Caminha como um sonho libriano, harmônico, equilibrado, integrando opostos numa unidade idílica e quase irreal. Simbolicamente, o Ascendente do Brasil colonial está na casa 5 do ciclo Netuno-Plutão de 1398. O Brasil também é filho desse ciclo, uma criação tão libriana quanto o Nascimento de Vênus de Botticelli.

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Uma periodização do Renascimento Tendo em vista a vasta extensão no tempo do movimento estético-filosófico a que chamamos de Renascimento e Humanismo, é possível utilizá-lo como um exemplo de aplicação da teoria dos ciclos de conjunção dos planetas exteriores e suas relações com as diversas fases da era de Peixes. O quadro que apresentamos a seguir estabelece uma periodização estruturada em oito etapas, cada uma iniciada por um evento de grande importância astrológica: uma conjunção ou uma mudança de fase da era. Como tais eventos não são concomitantes, e pertencem a ciclos de duração diferente, os diversos ciclos se interpenetram de forma que os períodos daí resultantes recortam o tempo de forma irregular, gerando desde etapas de curtíssima duração, como a sétima (apenas nove anos) até outras que se estendem por mais de um século, como a sexta, exatamente a mais importante. O dado fundamental a reter são os signos em que ocorre cada conjunção ou que correspondem a cada novo duodécimo da era precessional. Estes signos darão a tonalidade dominante do período, e sua combinação estabelecerá um padrão complexo e específico para cada etapa. Cabe notar também que a divisão não é rígida, e que a proximidade da etapa seguinte já tonaliza os eventos ocorridos nos anos imediatamente anteriores. Assim, a tomada de Constantinopla pelos turcos, por exemplo, é um evento muito mais relacionado à conjunção Urano-Plutão de 1455, que se tornaria exata apenas dois anos depois, do que à etapa então vigente, iniciada em 1427 com o início da fase sagitariana da era de Peixes. A transição de uma etapa a outra não é, aliás, um fenômeno brusco, pois, dos quatro fatores considerados, apenas um se modifica de cada vez, indicando um dado astrológico novo que se contrapõe a um pano de fundo de continuidade. No quadro a seguir, a primeira coluna indica a fase corrente da era de Peixes. As três seguintes, os ciclos de planetas exteriores então vigentes. A última coluna relaciona alguns marcos importantes da produção cultural do período. O ciclo que se modifica em cada etapa está indicado em negrito. FASE Ura-Net Ura-Plu Net-Plu Intervalo Marcos do processo cultural Escorpião Escorpião Câncer Touro 1307-44 Petrarca, precursor do Humanismo.

Afrescos de Giotto. Dante completa a Divina Comédia.

Escorpião Escorpião Áries Touro 1344-98 Decameron, de Boccaccio (1353) Escorpião Escorpião Áries Gêmeos 1398-1427 Bizantinos introduzem a literatura grega na

Universidade de Florença (1397). Popularização do termo Humanitas. Humanistas estudam textos clássicos.

Sagitário Escorpião Áries Gêmeos 1427-55 David, de Donatello (reintrodução do nu na escultura). Fundação da biblioteca do Vaticano. Anunciação, de Fra Angelico. Descida da Cruz, de Van der Weyden.

Sagitário Escorpião Leão Gêmeos 1455-78 Chegada de muitos sábios e manuscritos gregos à Itália (a partir de 1453). Marsilio Ficino funda a Academia Platônica em Florença. Pintura de Piero Della Francesca, Andrea Mantegna e outros artistas, especialmente florentinos.

Sagitário Sagitário Leão Gêmeos 1478-1597 Última Ceia e Mona Lisa, de Leonarda Da Vinci. O Príncipe, de Maquiavel. Melhores obras de Miguel Ângelo, Rafael

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Sanzio, Ticiano, Cellini, Correggio, Bosch, Bruegel, Cranach, Caravaggio, Dürer, Giorgione, Holbein, Tintoretto, Veronese, Grünewald etc. Bramante projeta a Catedral de São Pedro. Teoria Heliocêntrica de Copérnico. Grandes avanços na medicina. Utopia, de Thomas Morus. Elogio da Loucura, de Erasmo de Roterdã. Gargântua e Pantagruel, de Rabelais.

Sagitário Sagitário Áries Gêmeos 1597-1606 Dramaturgia de Shakespeare.

Capricórnio Sagitário Áries Gêmeos 1606-1650 Últimas obras de Shakespeare. A ópera firma-se como gênero musical. Apogeu do estilo barroco.

Se considerarmos o planeta regente dos signos correspondentes a cada fase da era de Peixes, assim como às conjunções dos três planetas exteriores, podemos montar um modelo de periodização do Renascimento e do Humanismo em função das combinações entre tais regentes. Utilizando o esquema clássico, em que Marte é o regente de Escorpião, teríamos os seguintes períodos:

Etapa Marte-Lua-Vênus (1307-44): o proto-renascimento Estas duas etapas distinguem-se das demais pela regência venusiana do ciclo Netuno-Plutão. Em ambas, a dominante marciana é muito forte, dada a presença de dois fatores em Escorpião. Como já dissemos em capítulo anterior, é a Escorpião que se deve associar o próprio conceito de Renascimento, entendido como um movimento de resgate e reciclagem da cultura clássica. Na primeira etapa, a figura dominante é Dante Alighieri (1265-1321), que sintetizou toda a vida intelectual, religiosa, social e econômica de seu tempo em uma obra monumental: A Divina Comédia. Não se tem idéia do dia em que veio ao mundo, mas sabe-se que Dante foi um geminiano, informação que ele próprio nos dá, o que permite colocar seu nascimento entre os dias 14 de maio e 13 de junho de 1265 (calendário juliano). No mínimo, três planetas estão em Gêmeos (Sol, Saturno e Mercúrio), número que pode chegar a cinco caso o Sol esteja nos dois últimos graus do signo. Os únicos aspectos que podem ser dados como certos em sua carta são a quadratura Urano-Netuno e a conjunção Júpiter-Saturno, já em formação durante o trânsito do Sol por Gêmeos, e que se tornaria exata em 25 de julho daquele ano. Seja qual for a carta astrológica de Dante Alighieri, a Divina Comédia evidencia uma série de valores escorpianos, em consonância com o ciclo iniciado com a conjunção Urano-Netuno neste signo, em 1307. Significativamente, o poema começa a ser escrito um pouco antes de 1308 e sua elaboração estende-se por longos anos, até quase a morte do autor, em 1321. Dante situa todo o desenrolar do poema entre o início da noite da sexta-feira santa e o domingo de Páscoa de 1300, ou seja, o período em que se recorda a morte e a ressurreição de Cristo, um simbolismo ao mesmo tempo ariano (o do início de um novo ciclo) e escorpiano (a transmutação). Áries e Escorpião têm em comum a regência marciana, a mesma desta etapa do Renascimento. A Divina Comédia relata a visita de um homem – provavelmente o próprio Dante – sucessivamente ao Inferno, ao Purgatório e ao Paraíso, numa seqüência que lembra o processo purificador de Escorpião. Quem o guia nas duas primeiras etapas é o poeta clássico Virgílio; no Paraíso, Virgílio é substituído por Beatriz, a musa do poeta.

A visita ao Inferno é, como Virgílio e mais tarde Beatriz explicam, uma medida extrema, um ato doloroso mas necessário antes que o verdadeiro resgate possa

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começar. (...) A jornada ao inferno significa basicamente um processo de separação, sendo portanto somente o degrau inicial de um desenvolvimento posterior. (...) A ausência de impacto dramático ou emocional no encontro com Satan no canto XXXIV (...) é um anticlímax inevitável porque a revelação final de Satan não tem nada de novo a oferecer: os tristes efeitos de sua presença na história humana já se haviam tornado visíveis ao longo da jornada pelo Inferno. No Purgatório, inicia-se o penoso processo de reabilitação espiritual do protagonista; de fato, esta parte da jornada pode ser considerada o verdadeiro ponto de partida moral do poema. Aqui, o peregrino Dante subjuga sua própria personalidade com vistas à ascensão. Em contraste com o Inferno, onde Dante é confrontado com um sistema de modelos que precisa ser descartado, no Purgatório poucos personagens apresentam-se como modelos; todos os penitentes são peregrinos na estrada da vida. (...) Se o Inferno é um cântico de forçada e involuntária alienação, no qual Dante toma consciência de quão daninhas eram suas anteriores atitudes, no Purgatório ele chega à aceitação da essencial imagem cristã da vida como uma peregrinação. Como lembra Beatriz (...), ele precisa aprender a rejeitar as decepcionantes promessas do mundo temporal. (...) O Purgatório é o reino da aurora espiritual. (...) É, além disso, o grande cântico da poesia e das artes. Dante traduz essa idéia literalmente quando proclama (...): “Que a poesia se levante novamente do reino dos mortos”.3

Tem-se aí o sentido da descida aos Infernos como uma tomada de consciência do que precisa ser descartado. É um processo de purgação, não apenas do poeta, mas de todo uma sociedade que precisa deixar para trás velhos modelos para alcançar um novo patamar. Dante, se não chega a ser um renascentista, é pelo menos, um precursor deste movimento que teria em Petrarca seu primeiro representante legítimo. Mas o que a Divina Comédia propõe é exatamente uma renascença no sentido mais amplo: é a revisão do passado (Lua) para depurá-lo (Marte-Escorpião) de forma a refundar as bases do futuro crescimento espiritual. Na medida em que Dante aponta uma data precisa e um horário aproximado para o início da jornada ao Inferno – o início da noite da sexta-feira santa de 1300, que corresponde, no calendário juliano, à data de 10 de abril – estes dados permitem uma investigação curiosa: o levantamento do mapa especulativo do ponto de partida do protagonista da Divina Comédia. O Ascendente do momento do pôr-do-sol naquele dia é Libra, mas uma hora depois já temos Escorpião a levantar-se no horizonte leste (se calcularmos a carta para a latitude de Florença). Há um grande trígono em signos de Fogo, exatamente aqueles mais relacionados às questões morais: Saturno em Leão no Meio-Céu, Lua em Sagitário e Marte em Áries. Os dois planetas em domicílio, e que dispõem de todos os demais, são exatamente Marte e Vênus, os regentes do complexo de ciclos vigente quando da elaboração da Divina Comédia. O Sol em Áries na casa 6 fecha uma oposição exata com Netuno na 12, aspecto que indica uma crise espiritual e o impulso de elevação acima das contingências mundanas. O provável regente da carta, Marte, opõe-se a Urano também no eixo 6-12, simbolizando um momento de ruptura e libertação. Além de ser uma carta especulativa, refere-se a um momento puramente simbólico, referido pelo próprio poeta, já que a elaboração do poema só começaria, na verdade, sete ou oito anos mais tarde. Mas, exatamente por seu caráter simbólico, sinaliza a grande virada nos padrões ideológicos do mundo ocidental que ainda estava por vir.

3 Artigo da Britannica Online, em tradução livre e condensada.

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Etapa Marte-Vênus (1344-1398): o nascimento do Humanismo Francisco Petrarca (1304-74) pode ser considerado o “pai do Humanismo”. Muito influenciado pelos clássicos, escreve em dialeto toscano, criando uma poesia onde se misturavam paganismo e misticismo, lirismo e sensualidade materialista. Colocou em moda o soneto, sendo talvez o seu criador. Considera-se a data de 20 de julho de 1304 como a mais provável para o nascimento do poeta. Se correta, a carta daí resultante apresentaria o Sol em Leão como dispositor final de todos os demais planetas, um Sol conjunto a Mercúrio e em estreita quadratura com Netuno em Escorpião. Petrarca foi um tipo Leão-Peixes, já que a Lua se encontra neste último signo em oposição a Júpiter, reforçando a tonalidade pisciana do Sol decorrente do aspecto com Netuno. A profundidade e a independência intelectual traduzem-se no Grande Trígono em signos de Ar, unindo Vênus a Urano em Libra e a Plutão em Aquário. Vênus no final de Gêmeos recebe a quadratura de Saturno no início de Libra, aspecto que provavelmente explica o rigor e a contenção formal do soneto, uma forma fixa, econômica, padronizada, que obriga o poeta a um constante exercício de síntese, verdadeiro trabalho de ourivesaria. O soneto é constituído por catorze versos (catorze é a duração em anos de um hemiciclo de Saturno) que se distribuem por duas quadras e dois tercetos. As quadras propõem um dilema, colocam uma questão (em analogia com a quadratura), enquanto os dois tercetos finais resolvem o dilema e apresentam uma solução (em analogia com o trígono e o sextil). A estrutura do soneto cria, pois, uma tensão que prepara terreno para os tercetos finais, que assim surgem enormemente valorizados. É uma forma “redonda”, fechada, lembrando a inércia do Grande Trígono presente no mapa de seu criador. É também uma forma racional, pensada, o que aponta para o elemento Ar em que se situam os planetas envolvidos no Grande Trígono. Em sua evolução, o soneto será sempre encarado como um desafio ao domínio da forma poética, sendo praticado especialmente nas épocas em que predominam tendências mais clássicas na literatura, como o parnasianismo do século XIX. Os parnasianos chamavam, inclusive, o terceto final do soneto de “fecho de ouro”, lembrando a dominante solar e leonina do mapa de Petrarca. O tema recorrente na obra de Petrarca é um lirismo amoroso sempre voltado para uma mesma musa – Laura, objeto de desejo sensual nos primeiros anos e progressivamente transformada numa referência idealizada, visionária, impossível, em concordância com a quadratura do desapegado Netuno ao passional Sol leonino. A poesia surge assim para Petrarca como a sublimação do afeto, transferido para um patamar mais elevado e perene, no qual a musa se perpetua mesmo após a morte física. Jamais se soube exatamente quem foi Laura. Sabe-se apenas que Petrarca viu-a pela primeira vez em 6 de abril de 1327 numa igreja em Avignon, onde radicara-se a serviço do Cardeal Collona. Laura, sempre para ele uma mulher inalcançável (talvez por ser casada), foi uma das incontáveis vítimas da Peste Negra, vindo a falecer por volta de 1350. Em Avignon, aliás, ainda jovem, o italiano Petrarca teve contato com a rica e corrupta corte papal, transferida duas décadas antes para aquela cidade francesa em virtude da interferência política de Felipe, o Belo. O ambiente não o desagradava. Petrarca sentia-se à vontade pavoneando-se pela cidade e sendo admirado pela elegância (Sol e Mercúrio em Leão). Mas o clima de decadência moral de Avignon acabaria calando fundo em sua alma e levando-o a buscar uma nova síntese entre o pensamento clássico e o pensamento cristão. Petrarca seria toda a vida um cristão convicto, até mesmo um místico em seus últimos anos, ao mesmo tempo em que alimentava uma profunda admiração pelos clássicos, dos quais se torna um estudioso. Em torno de 1340, já de volta à Itália, seu pensamento sofre uma evolução moral e espiritual. Por volta de 1343, Petrarca termina de escrever o Secretum meum, um tratado autobiográfico em que retrata a si próprio dialogando com Santo Agostinho. É nesta obra que formula a proposição de que é possível ao homem comum,

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mesmo absorvido em suas preocupações pessoais e atividades mundanas, manter uma via de contato com Deus. Esta via passava longe, certamente, das concepções teológicas predominantes, se bem que o poeta continuasse a ser um homem envolvido com a Igreja e desempenhando funções eclesiásticas. Por volta de 1350, Petrarca desenvolve suas opiniões sobre uma nova proposta educacional, que substituísse o escolasticismo medieval em prol de uma aproximação mais direta com os clássicos e sua nobreza espiritual. Segundo Petrarca, se existia uma Providência a guiar o mundo, certamente esta Providência teria o homem como eixo central de seu projeto. Esta conciliação entre o espírito clássico e o cristão, esta enunciação da nobreza e da dignidade da alma humana que busca a Deus por uma via mais intimista, são a base do Humanismo, do qual este poeta, filósofo e erudito é o verdadeiro precursor. A consolidação de sua mundividência ocorre na esteira da conjunção Urano-Plutão em Áries, nos anos em que a Peste Negra assola a Europa, a mesma hecatombe que serviria de pano de fundo para outra das grandes obras proto-renascentistas: o Decameron, de Giovanni Boccaccio (1313-75). O Decameron, coletânea de uma centena de histórias contadas por sete moças e três rapazes reunidos nos arredores de Florença, fugindo da peste que assolava a cidade, estabeleceu o modelo da prosa italiana. Obra considerada imoral durante muito tempo, o Decameron estaria justamente no pólo oposto: dos relatos sobre casos de adultério, corrupção, venalidade e outros males sociais, o leitor retira uma sátira irônica e mordaz, se bem que indulgente e bem-humorada, da decadência de costumes que o autor retrata. Dante, Petrarca e Boccaccio são as três referências mais marcantes da revolução cultural que estava em andamento. Seria preciso esperar, porém, pela conjunção Netuno-Plutão de 1398 para que o Renascimento começasse a ganhar contornos mais nítidos.

Etapa Marte-Mercúrio (1398-1427): a erudição Com a morte de Boccaccio fecha-se o período do trecento (século XIV). Durante o século XV (o quattrocento), predominam produções literárias escritas em latim. As obras clássicas são revistas e repõem-se em moda os temas pagãos. O grande acontecimento desta etapa é a primeira conjunção Netuno-Plutão em Gêmeos, depois de quase dois milênios em que o ciclo sempre se repetiu em Touro. Vênus sai de cena para dar lugar a Mercúrio. É uma fase de experimentação intelectual e de crescente erudição, acelerada com a introdução do ensino do grego em universidades italianas e com o aumento do intercâmbio entre estudiosos italianos e bizantinos.

Etapa Júpiter-Marte-Mercúrio (1427-55) Na medida em que o século aproxima-se de sua metade, a vinda de maiores contingentes de eruditos do Império Bizantino para a Itália difunde o conhecimento do grego e abre novos horizontes culturais. A ativação do eixo Gêmeos-Sagitário corresponde a um alargamento de perspectivas e a uma fase de maior ambição temática. A intelectualidade européia está voltada para aprender e experimentar, mais do que propriamente exercitar a criação. As bibliotecas ampliam seu acervo e outras são fundadas, como a do Vaticano. A escultura, que anteriormente era considerada como arte auxiliar da arquitetura, sofreu uma evolução gradativa que terminou por torná-la uma arte autônoma. Donatello destaca-se neste campo artístico, sendo o reintrodutor da nudez da figura humana no Ocidente. Este século representa uma preparação para a explosão literária do século seguinte, o cinquecento.

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Exercício de compreensão da Lição 2 RESPOSTAS

Texto de referência: trechos de Astrologia Mundial (BARBAULT, André. Astrologia Mundial. Barcelona, Visión Libros, 1981.)

1. Da leitura do texto, fica claro que:

a) O conceito de era astrológica, conforme apresentado neste curso, é idêntico ao do Grande Ano, que chegou à Grécia através da tradição dos caldeus.

b) Deve-se ao grande sacerdote Berósio, do século III a.C., o conceito de eras astrológicas. c) O chamado Grande Ano de Platão é uma versão grega de uma tradição mais antiga, que via

na conjunção de todos os planetas conhecidos um momento maior de recomeço. (X) d) O Grande Ano é uma invenção dos caldeus difundida pelos gregos.

Comentário: Se bem que muitos autores alimentem este equívoco, o chamado Grande Ano de Platão não é sinônimo de um ciclo precessional completo, constituído por doze eras astrológicas. A expressão aplica-se à repetição cíclica (fenômeno praticamente impossível, aliás) das posições de todos os planetas no céu. É um conceito que se fundamenta em posições planetárias, não em movimento precessional. O conceito não é de Platão nem tampouco de Berósio, ou dos demais astrólogos caldeus, em geral. O importante a reter do texto de Barbault é a constatação de que, desde os primórdios, a Astrologia atribui importância fundamental aos ciclos planetários (se bem que desconhecessem a existência dos planetas trans-saturninos). Quanto às eras precessionais, trata-se de um estudo posto em voga em épocas muito mais recentes – especialmente a partir do século XIX. 2. Na visão platônica:

a) Cada novo Grande Ano traz novas condições de desenvolvimento para a humanidade. b) O tempo é uma concepção cíclica, pois o novo Grande Ano restabelece as condições do

Grande Ano anterior. (X) c) A destruição e renovação do mundo se caracterizam, alternadamente, por dilúvios de água

e fogo. d) Para caracterizar um Grande Ano, a conjunção de todos os planetas conhecidos deve

ocorrer nos pontos equinociais. Comentário: Basta lembrar do trecho do Timeu em que Platão afirma que “de novo todas as coisas serão restabelecidas segundo suas antigas condições”. Em outras palavras: a repetição de um céu, ou seja, de todos os posicionamentos relativos de estrelas fixas e de planetas, resultaria numa repetição de circunstâncias mundanas, ou num grande movimento de retorno. A noção expressa na opção A é típica da moderna visão da sucessão das eras. A era de Aquário, por exemplo, traria condições diversas da era de Peixes, e assim por diante. Já a afirmativa presente na opção C define a concepção babilônica, que deve caracterizar-se por uma conjunção de todos os planetas nos solstícios de verão e inverno (Câncer e Capricórnio), e não nos equinócios de primavera e outono (Áries e Libra).

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CURSO DE FORMAÇÃO EM ASTROLOGIA

ASTROLETIVA – Terra do Juremá Comunicação Ltda.

Nível: Especialização – Curso: Astrologia Mundial e Grandes Ciclos 1 – Lição: 4 Texto: Fernando Fernandes

Exercitando o uso de regências de ciclos:

Um estudo do Renascimento e do Humanismo (parte final)

Vimos, na lição anterior, como é possível periodizar astrologicamente o vasto movimento artístico e cultural englobado sob as denominações genéricas de Renascimento e Humanismo. A idéia central é que um movimento histórico de grande amplitude só pode ser compreendido por analogia a fenômenos astrológicos igualmente de grande amplitude, quais sejam, as eras e suas fases e os ciclos dos planetas mais lentos – os trans-saturninos. No análise das primeiras etapas do renascimento artístico, chegamos a considerar dois mapas específicos: o do poeta Petrarca (uma carta especulativa) e o do início da jornada ao Inferno do protagonista da Divina Comédia, de Dante Alighieri. No estudo dessas cartas, verifica-se com clareza a diferença entre o enfoque macro (amplo e coletivo) e micro (restrito e individual). Por exemplo: o equilíbrio formal e a rigorosa concisão do soneto, fórmula poética posta em moda por Petrarca, podem ser explicados pelo próprio mapa do poeta (grande trígono em signos de Ar, Vênus em quadratura com Saturno e assim por diante). Mas o fato de a obra de Petrarca ter sido um marco da retomada do patrimônio cultural da antiguidade e de sua síntese com o pensamento cristão medieval não pode ser explicado apenas pela carta individual. Se Petrarca não desse a partida no processo, outro o faria. A conjugação de fatores Escorpião, decorrentes da conjunção de Urano e Netuno naquele signo em concomitância com o transcurso da oitava fase da era de Peixes, é que explica a própria idéia de Renascimento, entendido como a recuperação e a reciclagem do patrimônio cultural greco-romano (conceitos de Escorpião e de casa 8). Com o mapa de Petrarca, entendemos algumas características de seu estilo pessoal. Mas com a análise dos ciclos correntes entendemos o movimento coletivo em que Petrarca se insere e do qual é, em boa medida, um precursor. O poeta nasce pouco antes da conjunção exata Urano-Netuno em Escorpião, um acontecimento raro do ponto de vista astrológico. O mapa do poeta, de uma certa forma, “dialoga” com os indicadores do ciclo coletivo, da mesma forma como o próprio Petrarca, enquanto personagem histórico, vivencia e absorve todas as influências culturais que o circundam durante sua fase de preparação intelectual. No decorrer deste curso, em seus vários módulos, veremos uma série de casos semelhantes, em que indivíduos isolados, particularmente “antenados” com os ciclos coletivos de sua época, tornam-se canais privilegiados de manifestação de seus significados. É o que observaremos, mais adiante, no Dom Quixote de Miguel de Cervantes, na lenda de Robin Hood, na vida aventureira do Che Guevara e no surgimento de uma nova religião – o protestantismo – pela ação de Martinho Lutero, Felipe Melanchton e Frederico, o sábio, da Saxônia. As quatro primeiras etapas do Humanismo e do Renascimento já foram analisadas na lição anterior. Veremos agora as quatro etapas seguintes, exatamente as mais luminosas, e não por acaso: são as

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fases em que se agrega ao conjunto o elemento solar, simbolizado pela conjunção Urano-Plutão em Leão de 1455. Observe-se que por enquanto sequer analisamos o significado das conjunções Urano-Plutão e Urano-Netuno. Entretanto, queremos deixar claro desde já a base do modelo de análise com base em ciclos: qualquer momento histórico pode ser referenciado aos ciclos astrológicos em cuja vigência ocorrer, sendo que a vigência de um ciclo se estende até o momento do início do ciclo seguinte. Em outras palavras: a aplicação mundana do significado de uma conjunção Urano-Netuno, por exemplo, não se limita ao curto período (alguns poucos anos) em que estes dois planetas encontram-se efetivamente em órbita de conjunção, mas estende-se até a conjunção seguinte, que neste caso só ocorrerá 171 anos depois. Voltaremos a este tópico nos exercícios do final da presente lição.

Etapa Júpiter-Marte-Sol-Mercúrio (1455-78)

Aos demais regentes, agrega-se agora o Sol, em virtude da conjunção Urano-Plutão em Leão. Grandes transformações técnicas ocorrem em vários domínios, sendo que o aperfeiçoamento da imprensa dará uma contribuição decisiva para a ampliação do público leitor e para a difusão das novas idéias. A pintura ganha um toque solar, definindo, especialmente na Itália, o caráter luminoso que manteria na etapa seguinte. O artista plástico, mais e mais, deixa de ser um anônimo produtor de obras convencionais para afirmar um estilo pessoal e inconfundível. Outra característica Leão-Sagitário do período é a importância crescente dos mecenas, os ricos e poderosos senhores italianos que utilizam a aquisição de obras de arte como forma de afirmação social, ao mesmo tempo em que protegem e estimulam o trabalho de artistas criativos, garantindo-lhes, com suas encomendas, os recursos financeiros para a dedicação exclusiva à pintura ou à escultura. Por outro lado, os mecenas estabelecem também um controle exclusivista e muitas vezes despótico sobre seus artistas preferidos, comportamento visível, por exemplo, nos Médici de Florença. É uma arte solar a serviço do poder e da glória de figuras igualmente solares.

Etapa Marte-Júpiter-Sol-Mercúrio (1478-1597): o apogeu É o período do apogeu do Humanismo e do Renascimento, pontilhado por uma sucessão impressionante de grandes produções artísticas e literárias. Seu marco inicial é uma conjunção Urano-Netuno nos últimos minutos de Escorpião, mas reiterando o sentido sagitariano da nona fase da era de Peixes iniciada em 14271. Esta reiteração se dá pelo fato de que a conjunção ocorre junto à cúspide simbólica da nona fase da era, que estaria em 0º de Sagitário. Três dos ciclos estão em signos masculinos, com predominância do elemento Fogo. É o momento mais extrovertido do Renascimento, aquele em que a natureza solar e jupiteriana contribuirá para a plena afirmação, à luz do dia, de valores estéticos e literários que celebram o homem e sua inerente nobreza. Durante o século XVI, destacam-se na Itália Ludovico Ariosto com seu magnífico poema épico Orlando Furioso; Pedro Aretino, o sarcástico e cínico poeta radicado em Veneza; o florentino Niccolò Machiavelli, autor de O Príncipe, um manual de ciência política, e Lourenço Valla, historiador e crítico que inaugurou uma nova era para a ciência do conhecimento do passado.

1 A primeira conjunção Urano-Netuno ocorre nos últimos minutos de Escorpião, mais precisamente em 29º40’ de Escorpião, na data de 6 de dezembro de 1478. Em seguida, os dois planetas entram em Sagitário, sempre em órbita de conjunção, tornam-se retrógrados no primeiro semestre do ano seguinte, retornam a Escorpião e fazem uma segunda conjunção, ambos retrógrados, em 25 de julho de 1479 (28º49’ de Escorpião). Uma terceira conjunção, novamente em movimento direto, ocorrerá em 19 de agosto do mesmo ano. Depois de entrar definitivamente em Sagitário, Urano e Netuno continuam em órbita de conjunção até pelo menos 1481, quando finalmente Urano começa a ganhar distância, adiantando-se mais de cinco graus em relação a Netuno.

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Um dos maiores nomes da época é Leonardo da Vinci, que foi um “homem de sete instrumentos”, dotado de um saber enciclopédico que abrangia os conhecimentos de seu tempo e de uma inventividade muito além das limitações da época. Da Vinci projetou escafandros, máquinas a vapor, serras mecânicas, helicópteros, tanques de guerra, asas para vôos humanos individuais e outras quimeras que os cientistas do século XX acabaram por transformar em realidade. A arquitetura, que recoloca em moda a coluna grega estilizada e a predominância de linhas horizontais, tem em Bramante, Miguel Ângelo e Rafael seus principais representantes. Algumas características gerais definem o conjunto da produção do período, compondo um estilo que poderíamos chamar de classicismo: a valorização da figura humana, principalmente em termos de preocupação anatômica, a sensualidade e nudez (as madonas de Rafael aparecem ali como uma exceção), a busca de simetria, uma aparente preocupação naturalista que esconde a idealização das formas (não se retrata o homem como ele é, mas como deveria ser) e a introdução da perspectiva geométrica como geradora da idéia de profundidade, prática que, durante a Idade Média, havia sido substituída pelo “achatamento” das figuras em um bidimensionalismo onde só importavam a altura e a largura. O ano de 1550 marca o declínio do Renascimento na Itália. Como causa preponderante para o fenômeno, aponta-se a perda de poderio econômico das cidades do Mediterrâneo em função da transferência do eixo econômico da Europa para o Atlântico. Porém, a onde renovadora do Renascimento já havia atingido praias mais distantes: França, Inglaterra, Espanha, Holanda, Portugal e Alemanha encarregaram-se de dar continuidade à obra das pequenas cidades burguesas da península.

O Renascimento fora da Itália O mais imaginativo, iconoclasta e demolidor de todos os literatos humanistas foi um francês chamado François Rabelais, autor de Gargântua e Pantagruel. Rabelais mereceu o seguinte comentário da historiadora de arte Edith Sichel:

O príncipe Gargântua, o bebê gigantesco de Rabelais, nascido ao ar livre, em meio de uma festa, acordando para a vida abrasado pela sede e pedindo alto o que beber, deve ter sido um símbolo intencional da infância do Renascimento, que veio ao mundo desenfaixado e sedento, para beber e tornar-se forte o suficiente para a derrubada das falsas barreiras e a reinstalação dos sentidos, que a religião ensinara a desprezar.2

Montaigne, o cético e pessimista autor dos Essais, foi um precursor indireto do Cartesianismo, pela pregação do uso da dúvida metódica e pela descrença em qualquer sistema filosófico baseado na postulação de verdades dogmáticas e definitivas. Thomas Morus (1474-1536) é o primeiro grande humanista inglês. Em A Ilha de Utopia, a melhor das Repúblicas, idealiza o Estado perfeito, de onde estavam ausentes a propriedade privada, a de-sigualdade social, a miséria e os abusos de poder. Esta ilha imaginária era uma metáfora da própria Inglaterra e valia como uma severa crítica à sociedade da época, cada vez mais submissa ao absolutismo real e aos privilégios da classe dominante. Utopias sociais são bem o retrato, aliás, de Aquário na casa 9 do ciclo Netuno-Plutão em Gêmeos.3

2 SICHEL, Edith. O Renascimento. RJ, Zahar, 1972. 3 Cada conjunção que inicia um ciclo pode ser considerada o Ascendente de uma mapa simbólico. É um recurso para a compreensão de tendências gerais com o uso do conceito de casas. Como a conjunção Netuno-Plutão de 1398 ocorreu em Gêmeos, podemos considerar, na análise dos processos que se desdobram na vigência deste conjunção (quase 500 anos até a conjunção seguinte), que Câncer está na casa 2, Leão na 3,

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Desidério Erasmus, cognominado o Príncipe dos Humanistas, revigorou a filosofia e a literatura nos Países Baixos. Natural de Rotterdam, Erasmus foi um erudito para cujas idéias sua época ainda não estava preparada. Em pleno ápice das lutas religiosas, combate o dogmatismo e a intolerância de católicos e protestantes; desenvolve intensa luta contra o obscurantismo e a sonegação da cultura às massas populares (democratização da cultura: outra idéia de Aquário na 9); defende a justiça social (idem) e o liberalismo como uma fórmula para a diminuição dos males sociais. Sua obra mais importante é o Elogio da Loucura. Na Alemanha, a influência italiana na literatura e nas artes deu-se a princípio através do contato que os estudantes germânicos tiveram com as novas correntes estéticas enquanto freqüentavam as universidades da península. De volta ao país de origem, estes estudantes tornaram-se propagadores da arte renascentista nos prósperos centros urbanos de Heidelberg, München, Erfurt, Nurenberg e outros. Porém, o renascimento artístico restringiu-se à pintura e à gravura. Albrecht Dürer e Hans Holbein são os artistas plásticos mais notáveis. Na filosofia, desenvolveu-se uma tendência humanista mística, e seus principais representantes dedicaram-se à exegese dos textos bíblicos em uma atmosfera de livre exame que atentava diretamente contra o dogmatismo da Igreja Católica. Este humanismo à germânica foi um dos elementos desencadeadores da Reforma Protestante. Em Portugal, o primeiro nome a destacar é Luís de Camões. Em seu poema épico Os Lusíadas, mostra a saga do povo português durante a fase gloriosa da expansão marítima do reino. Sá de Miranda, introdutor do soneto em Portugal, e Gil Vicente, fundador do teatro lusitano, cultivaram o bilingüismo, escrevendo em português e espanhol.

As origens do Renascimento científico O Humanismo, ao valorizar o homem e torná-lo centro de especulações filosóficas, valoriza também as possibilidades humanas de atingir o conhecimento através da razão, da observação e da experimentação. Esta posição materialista trouxe a base ideológica necessária para a eclosão de um surto de desenvolvimento científico. A astronomia, a física e a medicina, principalmente, detidas no seu avanço durante a Idade Média por causa do teocentrismo e o do monopólio eclesiástico do saber, terão condições de realizar surpreendentes progressos que, por vezes, abalam rígidas estruturas de pensamento conservador. Tal qual em outros setores, a Itália detém o pioneirismo no Renascimento científico. A teoria geocêntrica medieval foi posta abaixo pelos estudos de um grupo de sábios: Nicolau de Cusa, Leonardo da Vinci e, principalmente, Copérnico. Este substituiu a teoria tradicional por uma outra, conhecida como heliocentrismo, na qual se declara ser o sol o centro do sistema e estarem os planetas em órbita em torno dele. Porém, Copérnico só publica seu trabalho em 1543, temeroso da reação da Igreja Católica. Na medicina, Falópio descobre as trompas que hoje levam o seu nome, enquanto Eustáquio pesquisa o tubo que une o ouvido médio à garganta. Mundinus introduz a prática da dissecação na Universidade de Bolonha e André Vesálio corrige superstições antigas, investigando detalhes anatômicos do corpo humano. Fora da Itália, o francês Miguel Servet localiza a circulação pulmonar do sangue e, algum tempo mais tarde, o inglês William Harvey completa-lhe os estudos descobrindo o funcionamento de todo o aparelho circulatório e a importância do coração como bomba distribuidora de sangue. Na Alemanha, o médico conhecido como Paracelso, uma exótica mistura de pesquisador moderno e alquimista medieval, faz importantes descobertas sobre a

Libra na 5, Aquário na 9 etc.

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transmissão congênita de anomalias mentais ao mesmo tempo em que tenta fabricar os “homúnculos”, seres quase-humanos sintetizados em laboratório. Na França, finalmente, Ambroise Paré aperfeiçoa a técnica de tratamento de ferimentos por armas de fogo introduzindo a aplicação do óleo em ebulição e desenvolvendo a técnica de ligamento de artérias rompidas. Inventa também pernas e braços mecânicos para soldados mutilados, mas o peso destes artefatos, construídos em sólido metal, tornava a sua utilização quase impraticável. Esta longa enumeração de obras artísticas e descobertas científicas fala por si só. É um momento literalmente luminoso (Sol) na história do conhecimento, onde os signos de Ar afirmam plenamente o potencial da conjunção Netuno-Plutão em Gêmeos de 1398.

Etapa Júpiter-Marte-Mercúrio (1597-1606): Cervantes Sai de cena o fator solar e reforça-se o fator marciano com uma nova conjunção Urano-Plutão em Áries. Contudo, trata-se apenas de um curto período de transição, que abre caminho para a etapa seguinte, iniciada em 1606 com a entrada na fase Capricórnio da era de Peixes. Estes anos transicionais correspondem ao apogeu do Renascimento na Inglaterra e à produção de uma obra-prima de valor perene, o Don Quijote de La Mancha, de Miguel de Cervantes. O Renascimento inglês foi um tanto tardio, assim como foi tardio o desenvolvimento comercial e marítimo na Inglaterra. As grandes produções artísticas só apareceram no final da Era Tudor, na passagem do século XVI para o XVII. A literatura e a filosofia serão as áreas de ação prediletas para o gênio inglês. O drama, especificamente, pode ser considerado como uma criação inglesa, visto que até então copiavam-se servilmente os modelos clássicos da tragédia e da comédia greco-romanas ou os esquemas formais dos mistérios, milagres e farsas medievais. É na literatura dramática que encontramos as maiores realizações da época elizabetana. Beaumont, Fletcher, Christopher Marlowe, Ben Jonson e, principalmente, William Shakespeare elevam o teatro inglês à categoria de melhor da Europa durante a era renascentista. As obras principais de Shakespeare, distribuídas entre tragédias, comédias e dramas históricos, são Romeu e Julieta, Rei Lear, Hamlet, Macbeth, Otelo, As Alegres Comadres de Windsor, O Mercador de Veneza, Sonho de Uma Noite de Verão e mais duas dezenas de outras peças de valor inigualável. A maioria é produzida exatamente neste curto período de nove anos em que à tônica geminiana do ciclo Netuno-Plutão agrega-se a tônica ariana da conjunção Urano-Plutão de 1597. Pintura e literatura foram os dois campos aos quais se limitaram os artistas espanhóis do Renascimento. Na pintura, marcada pela preocupação religiosa, temos Luiz de Morales e El Greco como os maiores expoentes. Na literatura dramática, destacam-se Tirso de Molina e Lope de Vega. Porém, o maior nome do renascimento espanhol é Miguel de Cervantes (1547-1616), autor de Don Quijote de La Mancha, obra-prima onde se retrata o choque dos valores medievais com a nascente moral burguesa, realista e mundana.

Dom Quixote: Urano-Plutão e os moinhos de vento Jamais se saberá a data de nascimento de Cervantes. Dele não há, inclusive, sequer uma descrição acurada de sua aparência física. Originário de uma família de origem nobre mas que vivia em extrema penúria (seu pai sobrevivia como practicante, ou seja, como médico prático), foi batizado em 9 de outubro de 1547, devendo ter nascido algumas semanas (ou mesmo alguns meses) antes desta data. Em 1571 estava alistado na armada espanhola que combateu os turcos na batalha de Lepanto (17 de outubro de 1571), onde acabou ferido e perdeu para sempre os movimentos da mão esquerda. Todavia, isso não foi o suficiente para tirar Cervantes da carreira militar. Em setembro de 1575, o navio em que Cervantes viaja é aprisionado no Mediterrâneo por mouros argelinos. Levada

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para o norte da África, a tripulação passaria os cinco anos seguintes em situação de escravidão. Por diversas vezes, Cervantes liderou tentativas de fuga, sempre frustradas por traições de última hora. Chegou a sofrer torturas para revelar planos de fuga e nomes de cúmplices, mas resistiu sempre, granjeando a admiração (e um cárcere duplamente reforçado) do vice-rei muçulmano. Quando, enfim, volta à Espanha após o pagamento de um resgate, é vítima de acusações falsas e enfrenta problemas com a Inquisição. Mais alguns anos, consegue um cargo vinculado ao abastecimento dos navios da Invencível Armada espanhola, mas é encarcerado pelo menos mais duas vezes, em 1592 e 1597, acusado (não se sabe se correta ou falsamente) de desviar mercadorias e apresentar relatórios inconsistentes. Tantas prisões alimentaram a crença de que parte de Don Quijote de La Mancha foi produzida no cárcere. O que se sabe ao certo é que a primeira edição de Don Quijote veio à luz em setembro (sempre setembro!) de 1604, gerando para o autor, nos anos seguintes, uma enorme notoriedade, mas poucas compensações financeiras, além de novos problemas com a justiça. Em 1605, por exemplo, foi preso por algumas semanas acusado de participar de uma briga em que rivais foram mortos a golpes de punhal. Depois de solto, passou três anos escondido. Apenas nos últimos anos de vida teve a tranqüilidade necessária para escrever o restante de sua obra e participar de clubes literários. A pobreza, porém, acompanhou-o até os últimos dias. É bem provável que Cervantes tenha nascido em meados de 1547, talvez em junho ou início de julho, quando Urano formava oposição a Júpiter, Sol e Mercúrio percorriam o signo de Câncer e Marte encontrava-se em Leão. É provável também uma ênfase na casa 12 – talvez um Sol canceriano na 12 com Marte no Ascendente, em Leão – o que poderia explicar as constantes prisões, os cinco anos de escravidão e as perseguições e traições de toda ordem que teve de enfrentar. Era, com certeza, um tipo turbulento e aventureiro (Marte, Urano-Júpiter), e que por mais de uma vez esteve literalmente com a corda no pescoço. Dom Quixote, um dos personagens mais conhecidos da história da literatura, transformou-se num sinônimo universal de comportamento visionário e “lunático”. Ao tentar viver de acordo com o código de comportamento de uma época já definitivamente sepultada, ao idealizar o passado e combater moinhos de vento que tomava por inimigos gigantescos, Dom Quixote desempenha o papel canceriano do que recusa a transformação social, do que fecha os olhos à imposição dos interesses burgueses, com toda a sua fria lucidez e cinzenta praticidade. Se pensarmos que Cervantes escreve no limiar do início da fase capricorniana da era de Peixes – os dois séculos mais pragmáticos de todo este ciclo precessional – e em plena efervescência do início de um novo ciclo Urano-Plutão em Áries, é possível entender Dom Quixote como o símbolo de tudo um mundo que desmoronava e tornava-se obsoleto, só podendo sobreviver, daí em diante, no domínio idealizado da ficção. O contraponto de Quixote é Sancho Pança, o gordo e pragmático criado-escudeiro afinado com os novos tempos. Como personagem, Sancho é um tipo com traços taurinos, mas como representante de comportamento de época, é um filho do ciclo Urano-Plutão em Áries e da fase Capricórnio da era. Quixote, por sua vez, sob uma ossuda aparência saturnina, reúne traços Câncer-Peixes-Sagitário. É um outsider de comportamento excêntrico (expressando, talvez, a oposição Júpiter-Urano do ano do nascimento de Cervantes) e simboliza a manifestação tardia e conseqüentemente deslocada do espírito da fase Sagitário da era de Peixes, que naquele momento já perdia sua força para dar lugar a valores mais pragmáticos. Talvez por isso mesmo, Quixote tenha uma certa nobreza, a nobreza intransigente e tresloucada dos últimos resistentes. Nos anos sessenta, Dom Quixote e o próprio Cervantes transformaram-se em personagens de um musical da Broadway de enorme sucesso, que acabou virando filme com o nome em português de O Homem de La Mancha. Na peça, Cervantes e seu alter ego Quixote são mostrados como símbolos da liberdade de consciência que não se deixa abater nem pela prisão nem pelo ridículo, e que têm

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coragem de correr atrás do “sonho impossível”, por mais que as condições sejam desfavoráveis. Ao transformar os companheiros de cela em atores de uma peça improvisada, o personagem Cervantes resgata-lhes a dignidade e afirma o poder da imaginação. Esta releitura moderna enfatiza valores jupiterianos dos signos de Sagitário e Peixes (a fé, a imaginação, a capacidade de recriar a realidade) e é significativo que tenha chegado aos palcos logo depois de uma nova conjunção Urano-Plutão, aquela ocorrida em Virgem, em 1966. Assim, o “sonho impossível” da peça tem a ver com a preservação do que há de humano no ser frente ao tecnicismo da era da informática, das viagens espaciais e da impessoalidade das relações de trabalho (Urano-Plutão em Virgem). É, certamente, uma reinterpretação bastante livre do sentido da obra de Cervantes, o que não invalida o paralelismo com as condições geradas pela conjunção de 1597: os encontros Urano-Plutão sempre têm um impacto algo desumanizador, quando vistos pela ótica de quem vivencia suas conjunções. Por isso mesmo, geram movimentos de reação, ou sob a forma de tentativas de retorno a um passado ideal, ou na pele de românticos heróis da resistência. Mais tarde voltaremos a tratar deste fenômeno, ao analisarmos a conjunção de 1201.

Etapa Saturno-Marte-Mercúrio (1606-1650): o materialismo Júpiter sai de cena enquanto afirma-se a regência de Saturno. O classicismo do Renascimento começa a dar lugar ao barroco, estilo já antecipado, aliás, por alguns pintores e literatos dos dois períodos anteriores. Em consonância com o toque saturnino da fase capricorniana da era, os tons sombrios tomam de assalto a pintura, que perde a claridade solar do início do século XVI. O traço fundamental do barroco é o jogo de contrastes, presente nas oposições de sombra e luz que criam intenso efeito dramático. Em vez de harmonia na composição, a pintura começa a tematizar o conflito. O vigor do barroco, em oposição à placidez do classicismo, parece apontar para a dominante marciana do ciclo iniciado pela conjunção Urano-Plutão em Áries. Além disso, a temática, mesmo quando religiosa, contém um forte apelo sensorial. O barroco lança mão dos efeitos de impacto visual e da sólida materialidade das formas físicas. As figuras não são mais etéreas e idealizadas, como em Botticelli: são humanas, terrenais e, quando sofrem, seu sofrimento é expresso numa realista tensão facial. Tudo isso aponta para o caráter terráqueo de Capricórnio e sua vinculação à dimensão mais concreta da realidade. Este mesmo materialismo afirma-se também na filosofia e nos saberes técnicos, que ganham uma consistência cada vez maior em função de métodos mais rigorosos de observação e experimentação e da tradução do mundo em modelos matemáticos. A preocupação de chegar às causas, ao princípio estruturador, é típica de Saturno, planeta do essencial e do estrutural, em oposição ao supérfluo e ornamental. É a regência de Saturno na décima fase da era que aprofunda a revolução no pensamento já começada com o ciclo Netuno-Plutão em Gêmeos (Humanismo) e com o ciclo Urano-Plutão em Leão de 1455 (avanços tecnológicos na imprensa, astronomia e artes náuticas). Os séculos XV e XVI já haviam presenciado inovações tremendas quando comparadas com o estado do conhecimento na época feudal. Com a chegada da fase Capricórnio, em 1606, as condições estão maduras para o advento da ciência tal como a conhecemos hoje. Na fase Sagitário, os horizontes se alargaram e o intercâmbio de informações crescera drasticamente; agora, é o momento de consolidá-los.4

As conjunções Urano-Netuno Esta conjunção ocorre em intervalos regulares de aproximadamente 171 anos. Dos ciclos planetários, é o que mais se aproxima de uma divisão por doze de um inteiro ciclo precessional – uma era astrológica. Se considerarmos que um ciclo precessional completo tem por volta de 26 mil 4 Veremos isso com mais detalhes no próximo curso, ao analisarmos a conjunção Urano-Plutão de 1597.

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anos (25.974, para utilizar a fórmula do prof. Simon Newcomb), podemos dividir cada era astrológica em doze fases, cada uma com aproximadamente 179,125 anos, o que não fica muito distante do intervalo entre duas conjunções Urano-Netuno. A cada duocécimo de era pode ser atribuído um sentido correspondente a cada um dos doze signos do zodíaco, sendo Áries, naturalmente, o signo identificado com a fase inicial da era, em que se instalam novas condições. Já tratamos o assunto em detalhes na primeira parte deste curso, bastando recordar aqui que uma das periodizações possíveis da era de Peixes seria considerar como seu marco inicial o ano 7 a.C., sendo que, contando aproximadamente 180 anos a partir desta data, podemos estabelecer as doze fases em que a era se desdobra, cada uma com características próprias e bem definidas. A era de Peixes é a era da civilização européia. Seu início está vinculado ao surgimento do Império Romano e ao advento do Cristianismo, que estabeleceram, respectivamente, o arcabouço jurídico e ideológico do mundo ocidental para os dois milênios seguintes. Em analogia com a passagem dos planetas pelos seis primeiros signos do zodíaco (ou pelas seis primeiras casas), o primeiro milênio da era de Peixes representou uma fase de lenta afirmação do novo ambiente civilizatório, que só começa a ganhar um caráter realmente expansivo a partir da sétima fase, aquela correspondente a Libra, sinalizando o momento em que a Europa toma a iniciativa do confronto direto com outras civilizações, ampliando pouco a pouco sua área de influência. Este período corresponde à época das Cruzadas, quando a Cristandade do Ocidente, a pretexto do combate aos infiéis, reverte o movimento de expansão muçulmana e promove o refluxo, iniciando a retomada de territórios. Esta fase, assim como a imediatamente anterior e a seguinte são particularmente significativas por serem as únicas, em toda a era de Peixes, que coincidem com uma conjunção Urano-Netuno no signo correspondente ao período. É o que pode ser observado no quadro abaixo: ACONTECIMENTO-CHAVE (OCIDENTE) ERA FASE INÍCIO CONJUNÇÃO Cristianismo/Império Romano Peixes Áries 7 a.C. Câncer, 110 Estruturação da igreja cristã Touro 173 Leão, 281 Invasões bárbaras/Divisão do Império Romano Gêmeos 352 Leão, 452 Surgimento do Islamismo Câncer 531 Virgem, 623 Império de Carlos Magno Leão 711 Virgem, 794 Apogeu do Feudalismo Virgem 890 Virgem, 965 Cruzadas Libra 1069 Libra, 1136 Peste Negra: redução da população européia Escorpião 1248 Escorpião, 1307 Grandes Navegações e Reforma Protestante Sagitário 1427 Escorpião, 1478 Absolutismo Capricórnio 1606 Sagitário, 1650 Revoluções Francesa e Industrial Aquário 1785 Capricórnio, 1821A civilização ocidental sob pressão Peixes 1964 Capricórnio, 1989? Aquário Áries 2144 Aquário, 2165 É fato conhecido que as conjunções de planetas trans-saturninos identificam ciclos de grandes transformações coletivas, sendo que o ciclo Urano-Netuno é especialmente importante como demarcador de mudanças no âmbito político-cultural. Basta recordar as duas últimas, a de 1821, que corresponde, grosso modo, à fase de independência da maioria dos países latino-americanos, e a mais recente, de 1993, que praticamente coincide com o colapso da União Soviética e do bloco socialista da Europa Oriental, e também com a popularização da Internet. Cabe lembrar que tais conjunções, por serem fenômenos raros, podem ser diretamente associadas a acontecimentos de uma faixa de tempo que se estende por vários anos – uma década inteira, pelo menos. Na prática, observamos que as conjunções Urano-Netuno são as que mais dificilmente conseguimos associar a eventos objetivos. É claro que, se vasculharmos os registros históricos, sempre encontraremos fatos aos quais pode ser atribuída uma natureza análoga à atuação destes dois planetas. Nem sempre,

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porém, são de ordem tão evidente ou de caráter tão impactante quanto aqueles que caracterizam, por exemplo, os encontros de Urano com Plutão.

Urano-Netuno em Virgem: castelos e abadias A imagem mais forte que normalmente se tem do mundo feudal é a da paisagem européia salpicada de castelos fortificados, cujas grossas paredes de pedra abrigam rudes nobres guerreiros e clérigos em sotainas negras. Em volta, camponeses miseráveis cultivam a terra, prontos para refugiarem-se sob a proteção do senhor a qualquer sinal de invasão. Esta visão é verdadeira, se pensarmos na Europa do século X. É a fase do apogeu deste sistema de organização social e econômica, fruto de uma longa adaptação a um quadro adverso, em que a instabilidade política e as constantes invasões de povos não-cristãos obrigam a sociedade européia a desenvolver um sólido esquema de defesa. E as características da organização da Cristandade neste período guardam estreita analogia com traços virginianos, duplamente enfatizados pelo início da fase Virgem da era de Peixes, no final do século IX, e pela conjunção Urano-Netuno no mesmo signo, em 965. É uma sociedade rigidamente hierarquizada, fragmentada em unidades semi-autônomas e dependentes da exploração da terra. Se bem que hierarquia não seja exatamente um conceito virginiano, o mesmo não se pode fizer da ordem, e esta parece ser a característica mais forte do mundo feudal: em função do baixo nível de mobilidade social, o mundo parece estável, e cada indivíduo sabe o seu lugar. Além do mais, a produção agrícola é desenvolvida em regime servil, sendo a servidão outro conceito virginiano.

Sacro Império Romano Germânico: origem da Alemanha moderna Se pensarmos nos acontecimentos políticos-culturais que pontuam o período, a conjunção coincide com o chamado renascimento otônida do Sacro Império Romano Germânico. O Império (de que Voltaire zombaria muitos séculos mais tarde, afirmando que nada tinha de império, nem de sagrado, nem de romano) resultara da reunificação de parte do imenso território controlado um século antes por Carlos Magno. O reino da Germânia já existia desde 843, quando o Tratado de Verdun promovera a partilha do Império Carolíngio. Mas foi apenas sob o reinado de Otão I (ou Oton I), entre 936 e 973, que a nova entidade política assumiu a identidade que manteria durante quase um milênio. Ao contrário da França e da Inglaterra, o Sacro Império jamais chegou a ter uma administração realmente centralizada. O poder local dos senhores feudais, assim como da forte igreja alemã, sempre representaria um problema para o imperador, sendo esta predominância dos interesses locais sobre os nacionais uma característica virginiana. Otão I, todavia, restaura a legitimidade imperial fazendo-se sagrar pelo Papa João XII, numa repetição do gesto de Carlos Magno, no século anterior. Por outro lado, entra em conflito com a Igreja ao reivindicar para si o direito de nomear as autoridades eclesiásticas do Império, numa antecipação da crise que se agravaria no século seguinte com a chamada querela das investiduras5. Durante séculos, as relações entre o Sacro Império e o Papado serão tensas, dada a imprecisão de fronteiras entre os poderes temporal e espiritual. É a tematização do caráter contraditório da presença de Netuno em Virgem, num fenômeno semelhante ao que ocorreria nos anos 40 do século XX, quando, ao repetir-se o mesmo posicionamento, a Igreja Católica vê-se novamente acuada pela ascensão dos regimes totalitários de Hitler e Mussolini. O Terceiro Reich, espécie de versão moderna do Sacro Império, também tentará submeter a autoridade espiritual aos interesses do Estado, criando outra vez um quadro de relações dúbias e uma área de sombra nas fronteiras entre os dois poderes.

5 A querela das investiduras, disputa entre o imperador e o Papa sobre a primazia no direito de nomear bispos e cardeais, representou, na prática, um dos momentos do permanente conflito entre o poder político e econômico entre Roma e o Sacro Império.

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Do ponto de vista artístico, este ciclo Urano-Netuno em Virgem vê afirmar-se o estilo românico: construções sólidas, pesadas, terráqueas, despidas de maiores ornamentos e antes funcionais que decorativas. Apenas na fase seguinte as torres da igreja elevar-se-ão em direção aos céus, ressaltando a leveza do elemento Ar.

Urano-Netuno em Libra: o florescimento cultural do gótico Em 1136 Urano e Netuno encontram-se em Libra, novamente em concordância com a subdivisão da era de Peixes em doze fases: a fase Libra – exatamente a metade do tempo total de duração da era – iniciara-se apenas poucas décadas antes, por volta do ano de 1069. Por toda parte respiram-se novos ares. Quatro décadas antes o Papa Urbano II convocara a primeira cruzada. Jerusalém e toda a Síria já estavam de novo sob o controle da Cristandade. Nas áreas ocupadas, experimentava-se o choque cultural do confronto entre as civilizações franco-normanda6 e muçulmana. Este ciclo testemunha o apogeu da cultura medieval, fruto paradoxal do florescimento da vida urbana que acompanha o desenvolvimento do comércio e das atividades burguesas. Mas o que se escreve nesta época ainda é uma literatura em grande parte voltada para a temática da cavalaria e para a celebração de uma visão aristocrática e idealizada das relações pessoais. A delicadeza e os vôos de imaginação de Netuno em Libra refletem-se no lirismo provençal, gênero de poesia surgido no sul da França e produzido no dialeto local, a langue d’oc, que estava fadada a desaparecer não muito tempo depois. Refletem-se também nas poesias aristocráticas ou populares de outras regiões da França, nas quais sempre é possível encontrar, aqui ou ali, a celebração da temática venusiana. É o caso, por exemplo, de Alexandre de Bernay, poeta que retoma em linguagem corrente o tema das conquistas de Alexandre, o Grande, exaltando suas virtudes cavalheirescas e descrevendo-o em viagens por lugares maravilhosos, cheios de animais fantásticos, mulheres aquáticas, fontes da juventude e também a extraordinária floresta das donzelas-flores7:

En icele forest dont vos m’oés conter, Nesune male chose ne puet laiens entrer. Li home ne les bestes n’i osent converser. Onques en nesun tans ne vit hon yverner, Ne trop froit ne trop chaud, ne negier ne gresler. Ce conte l’escripture, que hom n’i doit entrer, Se il nem a talent de de conquerre ou d’amer. [Nesta floresta de que me ouvis falar, nenhuma criatura maléfica pode entrar. Nem homens nem feras ousam nela circular. Jamais, em tempo algum, nela se viu inverno, Nem excessos de frio ou calor, nem neve nem geada. Contam os escritos que o homem não deve nela entrar se não tem desejo de conquistar ou amar.]

A floresta maravilhosa, onde não entram criaturas maléficas nem jamais há extremos de frio ou calor, não é uma imagem adequada do ideal de beleza e harmonia de Libra? A arquitetura também começa a verticalizar-se. Em vez das grossas e sólidas paredes de pedra das construções românicas, é a vez da leveza das catedrais mantidas em equilíbrio pelo inteligente uso das ogivas e dos arcobotantes. Começa a construção de Notre Dame, de Chartres, dos grandes

6 A civilização francesa medieval é resultado da mescla das culturas franca (dos bárbaros francos) e normanda (dos bárbaros vikings que se estabeleceram no litoral norte da França, entre outras regiões, e assimilaram a língua local). 7 MARY, André (org.). Anthologie poétique française – Moyen âge 1. Paris, Garnier, 1967. O trecho do poema, em francês arcaico, é da segunda metade do século XII.

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monumentos ao gênio arquitetônico englobados genericamente sob a denominação de estilo gótico. O apogeu do gótico ocorreria no século seguinte, já na fase Escorpião da era de Peixes, mas é no ciclo de Urano-Netuno em Libra que se dá sua concepção. É o outono da Idade Média, e é também o período em que surgem as maiores produções intelectuais européias que ainda podem ser consideradas tipicamente medievais. Comparado com os ciclos anteriores, este é um ciclo de crescente sofisticação intelectual, em consonância com a natureza aérea de Libra e com o idealismo netuniano submetido ao ímpeto renovador de Urano.

Urano-Netuno em Escorpião: a crise espiritual Ao contrário dos ciclos anteriores, o encontro Urano-Netuno em Escorpião teve seu início sinalizado bem de perto por fatos visíveis e cuja notícia provocou choque e estupor na Europa de então. A conjunção ocorre em 1307, quando o conflito de interesses entre o Papa e as nascentes monarquias nacionais chega a um ponto crítico. Escorpião é o signo imediatamente anterior a Sagitário, significador natural da religião organizada e da instituição do Papado. Escorpião tem, portanto, um sentido de casa 12 em relação a esses assuntos, o que dá ao período uma dupla conotação de crise religiosa. Sendo a casa 12, entre outros significados, a das prisões e exílios, não admira que o ciclo tenha-se iniciado no exato momento em que Felipe, o Belo, rei da França, consegue impor sua influência sobre a Igreja fazendo eleger como Papa um cardeal francês, que sobe ao trono pontifício com o nome de Clemente V (O Papa anterior, Bonifácio, fora preso por tropas leais a Felipe e submetido a situações vexatórias). Ainda sob pressão de Felipe, Clemente transfere a sede da Igreja de Roma para Avignon, cidade no sul do França. Até 1377, serão eleitos sempre papas franceses que continuarão a ter em Avignon a sua sede. Esta submissão aos interesses políticos da monarquia enfraquece a Igreja, que vê-se mais desgastada ainda com a corrupção de costumes de parte do clero e com a pressão dos governantes de toda a Europa que repudiam cada vez com mais vigor as interferências eclesiásticas na gestão dos assuntos nacionais. Este período ficou conhecido como Cativeiro de Avignon, e está totalmente de acordo com o sentido de Netuno no décimo-segundo signo a partir de Sagitário. A dimensão especificamente escorpiana do ciclo revela-se no episódio da prisão dos Templários e no processo movido contra seus principais líderes. O processo é discutido com mais detalhes em outro módulo deste curso, mas chamemos a atenção para um de seus aspectos: os Templários constituíam uma confraria envolta em mistério, cujos membros submetiam-se ao voto de silêncio sobre o que lhes era dado conhecer em cada grau iniciático. Na verdade, a maioria dos segredos da Ordem dos Cavaleiros do Templo dizia respeito a questões bem materiais, relativas à atuação da confraria como força política e econômica de enorme influência. Mas a exaltação popular, atiçada primeiro pela monarquia francesa e depois por outros reis europeus igualmente endividados com os templários, acabou por vislumbrar nos monges-guerreiros figuras quase satânicas, detentoras de poderes extraordinários e de secretos conhecimentos de magia. Ao pôr um foco sobre tais questões, a sociedade européia realizava um dos sentidos da conjunção Urano-Netuno em Escorpião: era o terror e ao mesmo tempo a fascinação do oculto, do mágico, do iniciático, do subterrâneo – dos valores de Escorpião, enfim. Uma verdadeira histeria toma conta da Europa. Não são apenas os templários, mas também as curandeiras populares que serão chamadas de bruxas e lançadas em fogueiras, os “esquisitos” e os “diferentes” que serão acusados de pactos diabólicos e submetidos à tortura para revelar a verdade sobre os encontros do Sabá. O substrato pagão e o impulso herético que sobreviviam nos porões da religiosidade oficial são trazidos à tona, indo alimentar o insaciável sadismo dos porões ainda mais sombrios da Santa Inquisição.

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A abertura de vastos horizontes Por volta de 1427 inicia-se a fase Sagitário da era de Peixes. Sob a égide deste signo expansivo e mutável, a Europa amplia fronteiras através da exploração marítima da costa africana, passo preliminar para a descoberta do caminho marítimo para as Índias e do Novo Mundo. No próprio ano de 1427, um navegador português chamado Diogo de Silves chega pela primeira vez ao arquipélago dos Açores, que começará a ser povoado em 1439. Mas é a partir de 1478, ano da segunda conjunção Urano-Netuno em Escorpião, que os acontecimentos se precipitam: em 1488, Bartolomeu Dias dobra o Cabo das Tormentas, na extremidade sul da África, abrindo o caminho para que Vasco da Gama alcance Calicute dez anos depois. Enquanto isso, os reinos de Castela e Aragão aceleram o processo de reconquista de todo o território ibérico aos mouros, completando-o em 1492, mesmo ano da viagem de Colombo, com a tomada de Granada, último reduto dos domínios muçulmanos do Al-Andaluz (Andaluzia). Da união de Aragão e Castela surge a Espanha moderna, país a quem a regência sagitariana cabe melhor do que qualquer outra. É durante este ciclo que tem início a história brasileira, com as viagens de Cabral e de Américo Vespúcio. A conjunção de 1478 tem uma conotação mista: acontece no último grau de Escorpião, em 29°40’, a apenas 20 minutos do início de Sagitário. Além disso, dá-se em oposição a Júpiter em Touro e em conjunção simbólica com o ponto inicial da fase Sagitário da era de Peixes, o que reforça-lhe o sentido sagitariano. Sendo Escorpião o signo da transmutação e da reciclagem e Sagitário o signo da fé e da religião organizada, era natural que o encontro de Urano e Netuno trouxesse também uma renovação das instituições eclesiásticas, após a fase de eclipse e de “descida aos infernos” da fase duplamente escorpiana do século anterior. Esta renovação não se dá sem dor nem sem turbulência, e constitui os grandes movimentos históricos a que se costuma chamar Reforma e Contra-Reforma.

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CURSO DE FORMAÇÃO EM ASTROLOGIA

ASTROLETIVA – Terra do Juremá Comunicação Ltda.

Nível: Especialização – Curso: Astrologia Mundial e Grandes Ciclos 1 – Lição: 5 Texto: Fernando Fernandes

Reforma e Contra-reforma Denis Meadows, historiador que produziu uma concisa e elucidativa História da Igreja Católica, afirmou sobre o movimento desencadeado por Martinho Lutero:

A Reforma não foi propriamente uma reforma, e sim muito mais uma revolução. Nos países por onde o movimento se espalhou com mais força, o que se viu foi o desmonte de uma instituição já percebida como indesejável e sua substituição por um corpo de práticas e crenças absolutamente novo. É tentador simplificar ao extremo a descrição das causas do movimento protestante e atribuí-lo a um pequeno número de fatos marcantes, se bem que este tipo de raciocínio esquemático não chegue à raiz das profundas modificações ocorridas na superestrutura ideológica da Europa moderna. O Cativeiro de Avignon, o Grande Cisma do Ocidente, o nepotismo, a venda de cargos eclesiásticos e o comportamento mundano dos altos escalões do clero revoltaram muitas inteligências e predispunham-nas à rebelião. No pensamento do católico pré-reformista estava muito bem assentada a consciência da diferença entre a santidade do ofício de padre, bispo ou papa, e a dignidade de quem o exercia.1

Mesmo assim, algumas situações que se apresentavam aos olhos da opinião pública eram de caráter tão escandaloso que mesmo os católicos mais acomodados sentiam um certo desconforto ao perceber a contradição entre o ideário religioso e o escancarado cinismo das práticas da época. Foi nesse terreno minado que o Papa Leão X resolveu fornecer o estopim que provocaria a explosão do barril de pólvora. O desejo do pontífice era acabar a construção da Catedral de São Pedro, obra que vinha-se transformando num enorme sorvedouro de recursos. O escândalo do levantamento de fundos sacudiu os brios de alguns integrantes da própria Igreja, um deles um monge agostiniano chamado Martinho Lutero – um homem genial.

De 1517 até vinte anos mais tarde, Lutero foi a mais proeminente figura do mundo ocidental, uma singular e apaixonada voz levantada contra o pontífice de Roma, a quem o mundo de até então havia considerado como o único e supremo Vigário de Cristo.2

Lutero nascera em Eislaben, na Saxônia, em 1483, filho de um mineiro que alcançara uma próspera situação financeira. Ingressou em 1501 na Universidade de Erfurt, onde dedicou-se a estudos jurídicos para satisfazer a vontade paterna.

1 MEADOWS, Denis. A Short History of the Catholic Church. New York, All Saints Press, 1960. Esta citação e as seguintes são traduções livres e resumidas do texto original. 2 Idem.

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Prometeu, porém, dedicar-se à vida religiosa em julho de 1505 ao ser surpreendido – diz a lenda – por uma terrível tempestade em pleno campo. É mais provável que tenha ocorrido com Lutero um processo semelhante ao de Paulo de Tarso no caminho de Damasco: um profundo e perturbador insight de sua verdadeira vocação, com força suficiente para redirecionar toda a sua vida deste momento em diante. Lutero tornou-se agostiniano, tendo rezado sua primeira missa em 1507, e foi mais tarde nomeado professor da Universidade de Wittenberg, às margens do rio Elba. Por volta de 1510, visitou Roma pela primeira e última vez, lá mandado a negócios de sua ordem religiosa. Parece ter ficado desgostoso e chocado pelo que viu a respeito da vida corrupta de boa parte do clero romano. “O mais próximo de Roma”, diria ele mais tarde, “é o pior cristão”. Durante os quatro anos que se seguiram à viagem, Lutero realizou conferências na universidade sobre temas do Velho e do Novo Testamento. Por esta época ele desenvolveu o conceito ou, segundo suas próprias palavras, recebeu do Espírito Santo a revelação da justificação pela fé. Este é o núcleo de todo o seu sistema teológico. Resumindo a doutrina luterana, diríamos que pela Queda (o pecado de Adão) a natureza humana tornou-se totalmente corrompida. A vontade humana, por si própria, é incapaz de qualquer ato agradável a Deus, resultando daí a indignidade das chamadas “boas obras”. Na verdade, a vontade humana não é livre. Apenas a graça divina, sem que seja merecida ou pedida, pode dotar os atos humanos de algum valor ou dar ao fiel alguma esperança de salvação. Por outro lado, a presença da graça divina não implica transformação da alma sobre a qual recaia. A alma não é boa por si própria, mas por causa de uma determinação divina. As deduções lógicas que retiramos dessas idéias são revolucionárias. Estudaremos o assunto com mais detalhes à vista do confronto entre agostinianos e tomistas. A revelação de Lutero foi, no nível pessoal, o ponto de partida da Reforma Protestante. Mas o primeiro choque frontal com as autoridades eclesiásticas dá-se apenas em 1517, quando ocorre a controvérsia a respeito das Indulgências. A princípio, Lutero não ataca a doutrina das Indulgências, ou seja, da autoridade que a Igreja tem para oferecer, em consideração a obras pias, a remissão da punição temporal por todos os pecados de que o fiel se arrependeu. De início, Lutero atacou apenas certos abusos claros: o papa Leão X, necessitado de recursos, envolvera-se em complicadas negociações financeiras com seu arcebispo alemão Alberto de Magdeburgo e com a família de banqueiros Függer. Todas as esmolas recebidas na jurisdição deste arcebispado seriam divididas em percentagens iguais: parte para Roma, parte para o arcebispo, parte para os frades dominicanos (encarregados da cobrança) e o restante para os Függer, em pagamento dos empréstimos que estes fizeram à Igreja. Para encorajar as esmolas para as obras de São Pedro, oferecia-se uma indulgência completa para todos aqueles que contribuíssem, bastando que o fiel estivesse em dia com os sacramentos. Johann Tetzel, frade dominicano, era o encarregado das pregações pró-esmolas na região de Wittenberg. Sua indiscrição deu a Lutero a motivação necessária para iniciar uma contestação aberta. O frade dominicano, ao contrário do que se afirma, não vendeu as indulgências. Havia mesmo uma recomendação no sentido de que as indulgências não deveriam ser negadas àqueles que, pela carência de recursos, só pudessem contribuir com preces e boa vontade. Até aqui, nada que pudesse despertar a austera cólera de Lutero. Mas Tetzel, que era um mestre em oratória, resolveu mostrar todo o seu talento em uma argumentação teologicamente inaceitável. Prometeu, por exemplo, a indulgência para as almas que estivessem a penar no purgatório, oferecendo aos parentes vivos das almas sofredoras a possibilidade de redimi-las. É claro que esses desvios teológicos, agravados pelo fato de que Tetzel indulgenciava indivíduos que não comungavam nem se confessavam, bastando apenas que pagassem, representavam um sintoma evidente da mundanização da Igreja. Em 31 de outubro de 1517, véspera do dia de Todos os Santos, Lutero afixou na porta da igreja de Wittenberg as suas noventa e cinco teses condenatórias da venalidade, do mundanismo, da

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corrupção e do imobilismo da Igreja. Era o primeiro movimento do cataclismo que iria sacudir a Igreja por várias dezenas de anos. A partir daí inicia-se a campanha contra Tetzel e suas indulgências. Lutero – no dizer de Denis Meadows – era um pregador “impregnado de emoção e eloqüência, um mestre da língua alemã como era falada pelos camponeses e pelas massas urbanas, colorida, vigorosa, hiperbólica e rica em imagens”. Os dominicanos recorrem ao arcebispo e este passa a reclamação ao Papa, do qual chega a ordem para que Lutero se cale. Os agostinianos, todavia, apóiam seu revolucionário confrade. Do ponto de vista astrológico quem era Lutero? Sabe-se que nasceu entre 23h e meia-noite (hora local) do dia 10 de novembro de 1483 na pequena cidade de Eislaben, na Turíngia3. Nos limites desta faixa de tempo, podemos ter um Ascendente em qualquer ponto entre 27° de Leão e quase 8° de Virgem. Há argumentos a favor de qualquer um desses Ascendentes, mas trabalharemos aqui com uma carta especulativa levantada para as 23h37 LMT, o que deixaria seu Ascendente em 4° de Virgem. Neste caso, o regente da carta seria Mercúrio em Sagitário (signo de religião, fé, filosofia e teologia) em conjunção exata com Netuno, co-regente da casa 7. É um aspecto de misticismo, de exaltação da busca espiritual e da necessidade do encontrar raízes firmes para a fé (a conjunção está na casa 4). Marte em Escorpião na 3, conjunto a Júpiter no final de Libra, regeria a casa 9, da religião organizada. Lutero, a partir do momento em que afixa suas teses na porta da igreja de Wittenberg, torna-se um rebelde, um dissidente, um opositor do papado (se bem que não tenha sido esta sua intenção num primeiro momento). Marte na 9 ou regendo tal casa tende a produzir este tipo de atitude: é um posicionamento de combate por questões teológicas e de postura cruzadista. Além disso, Marte está em Escorpião, signo de resistência e, se necessário, de agressão, e em conjunção com Júpiter, aspecto ao mesmo tempo significador de ousadia e de afirmação (Marte) da fé (Júpiter). Marte está na 3, casa que, por ser oposta à 9, é significadora do papel de adversário da religião organizada4. Por outro lado, é também a casa da atividade intelectual, dos escritos, dos documentos, e o que mais Lutero fez na vida foi exatamente usar a palavra para convencer, mobilizar, afirmar assertivamente os fundamentos de sua visão teológica. A Reforma começa com um documento – as 95 teses – para avançar entre discursos veementes e libelos inflamados e atingir seu ponto crucial com a publicação por Lutero da Bíblia em língua alemã corrente, trabalho magistral do ponto de vista literário e de erudição, cujo impacto imediato foi permitir a todo um povo ter acesso direto ao conhecimento e à discussão de textos sagrados que antes lhe eram oferecidos em latim incompreensível e cuidadosamente filtrados pela ortodoxia romana. O Luteranismo foi a primeira religião a ganhar terreno através da palavra escrita, a primeira a usar o livro como ferramenta básica de difusão. Marte na 3 em Escorpião parece-nos um símbolo bastante adequado para definir um aspecto essencial da vida deste literato-guerreiro. Se analisarmos a vida de Lutero nos primeiros anos, até o momento em que a força das circunstâncias projetou-o no primeiro plano da política européia, vamos vê-lo sempre obcecado por livros, enfurnado no retiro das bibliotecas, estudando com seriedade e paixão. Nove planetas abaixo da linha do horizonte, assim como o Sol em Escorpião no Fundo do Céu, explicam esta tendência intimista, avessa ao bulício, enquanto Virgem no Ascendente dá bem o retrato do homem escrupuloso, minucioso em suas pesquisas, eternamente curioso e ao mesmo tempo capaz de uma enorme concentração mental. A conjunção de Mercúrio com Netuno, planeta naturalmente dispersivo, parece contradizer em parte tal descrição, mas trata-se de um Netuno de casa 4, que recebe também um trígono da Lua na 8 (uma casa de investigação, com conotação escorpiana), e

3 Turíngia – Região no leste da Alemanha. Eislaben é uma pequena cidade próxima de Magdeburgo e, entre o final da segunda guerra e o início dos anos 90, fez parte do território da Alemanha Oriental. 4 A 3 como 7 a partir da 9 (casa derivada).

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um Netuno que remete exatamente ao objeto fundamental de todas as pesquisas de Lutero: a fé, a revelação divina e o caminho da ascese espiritual. A Lua surge neste mapa com uma força incomum por ser o único planeta acima da linha do horizonte, o que lhe dá enorme importância acidental em decorrência do isolamento hemisférico. É uma Lua em Áries – combativa e direta, portanto – e de casa 8, o que faz dela um agente de tremendas mudanças. Podemos chamá-las tremendas em virtude da oposição desta Lua a Plutão na 2, casa dos critérios de valor, que, sob o crivo rigoroso de Lutero, tornar-se-iam a chave para um severo julgamento da ortodoxia vigente e causa do disparamento de uma reforma – uma reciclagem completa (casa 8) da instituição religiosa. A Lua rege a 11, a casa das utopias sociais e da insatisfação com o status quo. O duplo toque Marte-Escorpião desta Lua, por posicionamento em signo, casa e aspecto, faria com que o ímpeto de transformar condições estagnadas não se esgotasse no primeiro movimento. Lutero iria até as últimas conseqüências e faria uma reforma radical. São exatamente os planetas trans-saturninos, ainda não descobertos na ocasião, que dão à carta de Lutero uma sintonia com as grandes correntes subterrâneas que esperavam apenas um agente adequado para fazê-las aflorar. Mercúrio, regente do Ascendente, está enquadrado entre Netuno e Urano; Plutão aspecta a Lua; e o jogo de regências faz desaguar toda a força da carta em Marte, dispositor final dos outros nove planetas. O ano de 1505 é um dos mais decisivos na vida de Lutero, por ter sido aquele em que a vocação religiosa se revela de chofre, numa profunda experiência mística. Utilizando arcos solares, vemos que Vênus, regente do Meio-Céu, atinge naquele ano a quadratura com o Ascendente. Junto com Vênus vem Saturno, com quem forma conjunção em Escorpião na carta natal. Saturno rege a 5, da criatividade e da emergência de uma nova religiosidade (por ser a nona casa a partir da 9). Marte, por sua vez, entra em órbita de conjunção com o eixo do meridiano, opondo-se ao Meio-Céu, enquanto a Lua dirigida está na 9, mostrando a adesão à vida monástica. Por trânsitos, é Plutão em Sagitário que faz a quadratura com o Ascendente (um momento de reciclagem de sua auto-imagem, em que o homem mundano fica para trás para dar lugar ao monge), enquanto Júpiter transita pela 12 e Urano forma a primeira quadratura com sua posição natal. A revolução solar daquele ano, primeira de Lutero entre os agostinianos, coloca o Ascendente enquadrado entre o Sol e Mercúrio, estando este último planeta também em quadratura com o Ascendente natal. São outras tantas evidências para confirmar a hipótese de um Ascendente entre 4° e 5° de Virgem. Além de 1505, outro ano-chave na vida de Lutero é o de 1517, quando se manifesta sua “rebeldia” em relação a Roma. Nele, veremos a Lua progredida transitar pela cúspide da casa 11, a dos projetos sociais, enquanto Marte progredido chega ao Fundo do Céu, repetindo o posicionamento por arco solar de 1505. Já os arcos solares de 1517 revelam uma série de sextis entre posições dirigidas e natais: é um ano de oportunidades, e Lutero não as desperdiçaria. Segundo os registros da época, Luterou afixou as 95 teses na porta da igreja de Wittenberg por volta das 12h (hora local) do dia 31 de outubro de 1517. Este é o mapa do nascimento da Reforma Protestante, que tantas conseqüências traria para a vida religiosa e política da Europa por mais de um século e meio. O movimento nasce com Capricórnio no Ascendente e o visionário Netuno em Aquário na 1, em quadratura com o Sol em Escorpião junto ao Meio-Céu. Marte está na 9, em Escorpião, opondo-se a Urano na 3, aspecto revelador do impacto que o documento causaria, desencadeando reações que logo fariam subir a temperatura política de todo o continente.

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A presença de Netuno na 1 co-regendo a casa 2, dos valores, fala da mudança de paradigma que ali se iniciava, e que se consubstanciaria na doutrina da justificação pela fé, em vez de pelas obras. Saturno, regente do Ascendente, e Plutão, co-regente do Meio-Céu, estão em conjunção na 12, unidos também ao Nodo Lunar Sul, expressando ao mesmo tempo o intimismo da experiência religiosa que Lutero propunha, avessa às exterioridades da liturgia (Saturno está em Sagitário), e o oceano de forças anti-sociais que seria desatado descontroladamente nas sanguinárias guerras de religião. A partir de um certo momento, efetivamente, o processo desencadeado por Lutero adquire vida própria e passa a ser independente em relação ao seu criador. Elementos políticos, econômicos e sociais interferem no desenvolvimento do movimento protestante e transformam-no em um importante marco histórico no processo de transformação da sociedade feudal em sociedade burguesa. Precisamos, então, verificar o que acontecia pela Europa um pouco antes dos primeiros sermões de Lutero.

Os antecedentes da Reforma A Igreja Católica possuía imenso patrimônio em bens móveis e imóveis. Como lembrança de sua época mais gloriosa, durante o apogeu do sistema feudal, restava-lhe uma extensão de terras que correspondia, grosso modo, a um terço das terras aproveitáveis da Europa. Sendo a Igreja uma grande proprietária, os bispos e arcebispos comportavam-se sob o aspecto econômico como qualquer senhor feudal, recolhendo impostos, utilizando mão-de-obra servil, valendo-se da corvéia e de outras práticas medievais. Os senhores feudais leigos, pertencentes à nobreza tradicional, viam nas posses da Igreja um obstáculo para o seu próprio crescimento econômico. Na Alemanha, por exemplo, qualquer contestação ao poder e aos direitos da Igreja Católica seria bem recebida por boa parte da nobreza, pois permitiria a esta secularizar5 as terras eclesiásticas. Deve-se lembrar também a situação das massas camponesas ainda submetidas a condições de servilismo. Para esta classe explorada e miserável, o pagamento dos impostos eclesiásticos obrigatórios era, por vezes, um fardo insuportável. Além disso, o camponês via o bispo ou o cardeal como um ser não muito diverso dos grandes senhores leigos: eram ambos membros da classe dominante e fundamentavam suas riquezas na espoliação do trabalhador rural. Por último, também a burguesia tinha motivos para pôr-se ao lado dos reformistas, pois a Igreja Católica continuava a ser um dos baluartes do feudalismo. Economicamente, dependia da terra; politicamente, organizava-se a partir de uma hierarquia que em muito lembrava as relações feudais de vassalagem; ideologicamente, desaprovava as atividades burguesas através da postulação da “lei do justo preço” e da condenação da usura. A burguesia precisava de uma religião que expressasse a nova realidade econômica européia. Da Reforma Protestante poderia surgir esta nova religião. Podemos listar também o interesse de vários Estados Nacionais em formação no sentido de afastar de seus negócios internos a influência da Igreja. A política do supranacionalismo6 papal era incompatível com o nacionalismo radical pregado pelos monarcas absolutos. Tanto que a formação de Igrejas Nacionais, principalmente na Inglaterra, atendeu a uma necessidade de fortalecimento da autoridade real. A base intelectual para o movimento reformista pode ser encontrada no Humanismo e no Renascimento. Se alguns pensadores refugiaram-se na tradição clássica greco-romana e

5 Secularizar – Transferir os bens eclesiásticos para o controle de leigos. 6 Supranacionalismo – A autoridade do Papa era definida como estando acima e além da autoridade de cada Estado Nacional.

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afastaram-se da temática religiosa, outros adotaram a prática do livre exame na retomada dos testamentos, principalmente o novo, e desenvolveram um “humanismo religioso” (especialmente na Alemanha) através da reinterpretação dos textos sagrados a partir das necessidades ideológicas da modernidade. Ao teocentrismo medieval, sinônimo de um “eclesiocentrismo”, sucedeu o antropo-centrismo humanista, que colocou na berlinda algumas indagações básicas sobre o destino do homem: quem o criou, para que foi criado, o que conhece, como conhece (questão esta respondida com as teses racionalistas de Descartes e com as teorias linguísticas de Port-Royal), o que é condenável ou não aos olhos de Deus e dos homens e outros problemas de importância semelhante. Com o Humanismo, uma ânsia de revisão de todo o conhecimento humano e sua avaliação a partir dos critérios recém-introduzidos tomou conta da intelectualidade européia. No interior da Igreja Católica, a rigidez dogmática e a dificuldade em modificar-se um sistema ideológico comprometido com realidades sociais, políticas e econômicas sufocaram, num primeiro momento, a tendência revisionista e deixaram campo aberto às iniciativas dos franco-atiradores. Em outras palavras: só tinha plenas condições para criticar a Igreja aquele que já estivesse fora dela.

Camponeses e príncipes em armas Iniciada entre os servos da Suábia e da Turíngia, a revolta camponesa visava à abolição daquilo que o sistema feudal tinha de mais infamante, quer dizer, a própria condição servil do trabalhador rural. O líder do movimento era Thomas Münzer, um discípulo de Lutero. Tal qual os anabatistas, aparecidos na Suíça, Münzer reclamava a instauração imediata do reino de Deus na terra, a supressão da propriedade e a partilha da riqueza. Os camponeses se valeram de recursos violentos para chegaram a seus objetivos, praticando a pilhagem e a destruição de castelos feudais e abadias. A princípio, Lutero apóia as reivindicações camponesas mas, estando comprometido com os interesses econômicos dos grandes senhores, não revela abertamente estas inclinações e prefere não interferir. Mais tarde, após o massacre de Weinsberg, cometido pelos camponeses, Lutero incita os nobres à repressão. Os camponeses são esmagados e mais de cinqüenta mil perdem a vida em combates desiguais contra as bem armadas milícias dos príncipes. O imperador alemão Carlos V manteve uma posição dúbia durante o choque entre os reformistas e o papado. Na frente interna, precisava conter o ímpeto dos senhores feudais e evitar a secularização de terras, que mais os fortaleceria. Na frente externa, tentava sobrepor-se ao papa e anular os efeitos da política supranacional do Vaticano mas, ao mesmo tempo, precisava do apoio papal para a luta contra o rei Francisco I, da França. Na impossibilidade de pesar demoradamente cada aspecto da questão, o imperador oscila em uma política indefinida e não toma partido. Pressionado pelo papa, convoca a Dieta7 de Worms, em 1521, e intima Lutero a comparecer. Este, apesar de acusado do crime de heresia, não sofre nenhuma sanção, protegido que estava pela maioria da nobreza. A Dieta de Spira, em 1526, não soluciona nenhuma questão de importância. Em 1529, uma nova Dieta de Spira encerra-se com uma decisiva resolução do imperador no sentido de tolerar o Luteranismo onde este já estivesse, mas proibir sua propagação a novas áreas. A resolução provoca protestos de vários príncipes e representantes de comunidades urbanas, e destes protestos derivam um nome e uma liga militar. O nome é protestantismo, que, daí em diante, passou a ser um sinônimo de reformismo. A liga militar é a de Schmalkalden (Liga da Esmeralda), formada pelos príncipes ou senhores feudais protestantes em 1531, tendo como objetivo o enfraquecimento do poder imperial, se bem que o pretexto para a guerra civil que prolongou-se de 1531 a 1555 fosse a defesa do Luteranismo contra a reação pró-católica de Carlos V.

7 Dieta – Assembléia de nobres, autoridades eclesiásticas e representantes das cidades livres.

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Astroletiva – Nível Especialização – Astrologia Mundial e Grandes Ciclos 1 – Lição 5 – 7

A paz entre católicos e protestantes foi feita em 1555 (Paz de Augsburgo), ficando decidido que os súditos teriam a obrigação de seguir a religião de seus príncipes, enquanto estes gozavam da liberdade de escolha. A decisão enfraquece o poder imperial, sendo um nítido sintoma da impotência do imperador diante das aspirações autonomistas da nobreza alemã. A religião não mais poderia ser utilizada como um fator de unidade nacional dentro do Sacro Império. O luteranismo, além de conquistar as almas de boa parte da população alemã, expandiu-se por outros países, notadamente os da Escandinávia. Na Suécia, Noruega e Dinamarca, acabou sendo a religião oficial do Estado, contribuindo para o fortalecimento de regimes absolutistas. Podemos observar a carta do início da Reforma em busca dos indicadores da violência da guerra civil que sacudiu a Alemanha por 14 anos. Por trânsitos, vemos que o período de beligerâncias, que só se extinguiu quase dez anos após a morte de Lutero, corresponde aproximadamente à passagem de Plutão em Aquário na casa 1 da Reforma. Sendo o co-regente do Meio-Céu e ocupando a 12 na carta radical daquele processo histórico, Plutão é significador tanto das lutas pela hegemonia política (causa principal dos combates) quanto da emergência de ódios seculares, mantidos abafados (casa 12) até o momento em que encontraram o pretexto para manifestar-se. Plutão já está a apenas quatro graus do Ascendente da carta da Reforma na primavera de 1520, quando Lutero é excomungado por uma bula papal cujas primeiras palavras eram:

Levanta-te, Senhor [Exsurge Domine], julga a Tua causa! Lembra-te do opróbrio com que os insensatos Te oprimem; inclina o Teu ouvido às nossas súplicas. As raposas entraram na vinha que plantaste... Levanta-te, Pedro, defende a causa da Santa Igreja Romana, mãe de todas as igrejas e senhora soberana da fé. Levanta-te, Paulo, que iluminaste a Igreja com os teus ensinos! Levanta-te, assembléia dos santos! Homens cujo entendimento foi iludido pelo pai da mentira, pois estão torcendo e falsificando a Escritura.

A bula, como relata Hermínio C. Miranda em sua interessante biografia de Lutero8, “espalhara grande agitação na Alemanha, radicalizando posições e engendrando um clima de tensão. Só Lutero parecia conservar admirável tranqüilidade espiritual”. Uma coisa fora promulgar a bula; outra seria fazê-la cumprir. Os ânimos na Alemanha já estavam exaltados contra a Igreja, e Lutero ganhara muitos adeptos desde 1517. Houve um nobre, porém, que, mesmo sem aderir à causa luterana, desempenharia importante papel para proteger Lutero do risco de cair na garra dos “papistas”: era o eleitor da Saxônia9, o príncipe Frederico, o Sábio.

Frederico, a raposa capricorniana Frederico nasceu em 17 de janeiro de 1463, em Torgau, na Alemanha. Seu mapa solar mostra uma forte dominante saturnina: quatro planetas em Capricórnio e Sol e Saturno em Aquário, domicílio tradicional deste planeta. Em diversas ocasiões, Frederico encarnou para Lutero a figura da autoridade esclarecida e ponderada, que, sem se envolver diretamente nas querelas religiosas da época, dispensava ao monge rebelde uma discreta proteção. Frederico tinha nada menos que cinco planetas na vazia casa 5 de Lutero, e foi exatamente no período de retiro forçado no castelo de Frederico que o monge produziu a obra que haveria de imortalizá-lo: a tradução, em alemão vivaz e corrente, do Novo Testamento, primeiro traslado do texto bíblico integral para uma língua moderna. Talvez a identificação de Frederico com Lutero venha da conjunção quase exata entre as

8 MIRANDA, Hermínio C. As marcas do Cristo, volume II: Lutero, o Reformador. RJ, FEB, 1974. 9 Eleitor – Como o cargo de imperador alemão não era hereditário, mas eletivo, os nobres mais influentes do país eram os que detinham a prerrogativa de eleger o novo imperador. Frederico era um deles.

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posições de Marte na carta de ambos, em 1° de Escorpião. O Urano de Frederico ocupa a casa 1 de Lutero, indicando uma disposição aberta para aceitar a personalidade inovadora do reformador. Mais impressionante ainda é a comparação da carta de Frederico com a do início do movimento reformista, pois o stellium do príncipe em Capricórnio-Aquário ativa exatamente a primeira casa do movimento, mostrando a importância deste nobre como agente da corporificação (sentido de casa 1) da nova religião. A Lua do príncipe está colada ao Ascendente da Reforma, posicionamento sinástrico que costuma indicar alguém que demonstra uma atitude receptiva e provê um abrigo, um lar (função da Lua) para outrem. Vênus do príncipe também está colada ao Ascendente do movimento, identificando-o em sua função apaziguadora, atuando como mediador entre Lutero e as lideranças políticas e eclesiásticas que pretendiam aniquilá-lo. Frederico era um homem equilibrado e de formação cultural primorosa, que mantinha em sua corte algumas das mais importantes figuras intelectuais da época. Entre estes, os pintores Albrecht Durer e Lucas Cranach, o velho, e o pensador humanista Georg Spalatin. Na época da excomunhão, o famoso humanista Desidério Erasmo10 também se encontrava na corte de Frederico, sendo por este procurado em 5 de novembro de 1520 para opinar sobre os desdobramentos cada vez mais graves da situação. Consta que Erasmo, após alguma hesitação, respondeu-lhe com discreta ironia: “Lutero cometeu dois pecados: tocou a coroa do Papa e o ventre dos monges”...

Carlos V, o imperador dividido É nesse clima de radicalização crescente que, no final de 1520, o novo imperador do Sacro Império Romano Germânico, Carlos V – então um jovem de pouco mais de vinte anos – é coroado em Aachen (a mesma Aix-La-Chapelle que servira de sede ao governo de Carlos Magno). Para discutir as grandes questões que assolavam o império, convocou uma assembléia (a Dieta) que deveria realizar-se logo no início do ano seguinte, na cidade de Worms. Na pauta de discussões, a proposta de que a Dieta deveria “aconselhar os meios adequados e conter as novas e perigosas opiniões que ameaçavam perturbar a paz na Alemanha”. Carlos V, herdeiro dos vastos territórios dos Habsburgos que incluíam a Alemanha, a Áustria, a Espanha, a Boêmia, Flandres, Holanda, Hungria e o reino de Nápoles, além de toda a América Espanhola, havia nascido em 24 de fevereiro de 1500, em Ghent, na atual Bélgica, apenas dois meses antes da chegada de Cabral ao Brasil. Seu mapa apresenta nove planetas em signos femininos, com destaque para o stellium de Mercúrio, Júpiter, Sol e Marte em Peixes. Mas o único planeta em signo masculino – Urano domiciliado em Aquário – desempenha um papel de destaque, não só por esta condição diferenciada como também por ser o ápice de uma quadratura T, em quadratura com a oposição praticamente exata entre Marte em Touro e Plutão em Escorpião. A carta é uma taça – os dez planetas contidos dentro de uma oposição – e Plutão desempenha a função de planeta-guia, aquele que, sendo o primeiro a cruzar os ângulos no movimento diário do Ascendente, determina o padrão básico de aproximação deste rei em relação às experiências mundanas. Esta quadratura T envolvendo Marte, Urano e Plutão em signos fixos é o retrato de um homem sempre tensionado pelo impulso de preservação do poder e do controle, e que envidaria todos os esforços para a manutenção de seu imenso império; além disso, havia um stellium em Peixes, símbolo da dualidade de comportamento de um rei que teria sempre de “dividir-se em dois” para dar conta das imensas responsabilidades de dirigir o maior império do mundo. Vejamos como sua personalidade é descrita por um historiador isento:

Não apenas a tarefa, mas o homem a quem ela foi confiada tinham uma natureza dual. Por formação, Carlos era um governante medieval, cuja visão de mundo foi

10 Também chamado Erasmo de Roterdã.

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marcada por uma fé católica profundamente experienciada e pela nobreza de ideais da extinta era da cavalaria. Por outro lado, um raciocício sóbrio, racional e pragmático define-o como um homem de seu tempo. Se bem que a elevação moral e o senso de honradez pessoal de Carlos tornam impossível impossível defini-lo como um verdadeiro homem de Estado maquiavélico, (...) sua recusa em abrir mão de qualquer parcela de seu patrimônio evidencia um forte e incondicional desejo de poder. Mais do que isso, é precisamente esta necessidade pessoal de poder que forma a essência de sua personalidade e explica seus objetivos e ações.11

A natureza dual está em Peixes e também na própria psicologia da oposição, aspecto que implica a necessidade de conciliação de opostos e de alguma forma de compromisso entre extremos. O raciocínio sóbrio e pragmático relaciona-se com os quatro planetas em Terra (a Lua, em Capricórnio, faz conjunção com Netuno e trígono com Saturno e Marte em Touro). O conservadorismo nostálgico, que leva Carlos a adotar uma idealizada ética medieval, tem relação com Lua-Netuno em Capricórnio. E a dificuldade para abrir mão de seja lá o que for, que obrigou Carlos a percorrer a Europa incansavelmente para sufocar rebeliões e “apagar incêndios” nos quatro cantos de seu império, é reflexo da quadratura T em signos fixos. Carlos V enfrentou revoltas nas municipalidades espanholas, sufocou rebeliões em Flandres e nos Países Baixos, envolveu-se em permanentes lutas com a França pelo domínio da Itália e assumiu um papel semelhante ao dos reis-cruzados que o antecederam em alguns séculos, ao assumir a defesa da Cristandade contra o crescente poderio dos turcos no Mediterrâneo e na Europa Oriental. Em boa parte, foi bem sucedido, mas à custa da exaustão do tesouro imperial, cujos recursos foi obrigado a canalizar para esforços bélicos. Quando necessário, usou de violência, mandando executar rebeldes às centenas na Espanha e na Holanda (a rigidez da quadratura T envolvendo os planetas “maléficos”). Mas foi, por outro lado, um imperador pio, cuja natureza basicamente pisciana prevaleceu nos anos finais de vida, quando abdicou do trono, em 1556, para internar-se num mosteiro e preparar-se para a morte.

O ponto de não-retorno na carta de Lutero Os múltiplos interesses políticos de Carlos V não permitiriam a Carlos V a alternativa de rompimento com a Igreja Católica. Por isso, ao convocar a Dieta de Worms, aceita as pressões de Roma no sentido de transformar a assembléia num “ponto final” às atitudes reformista de Lutero. Não é bem sucedido: Lutero, numa estratégia genial, já havia conseguido transformar sua causa na causa de toda a Alemanha ao produzir o famoso documento À Nobreza Cristã da Nação Alemã Relativamente à Reforma da Cristandade, texto que conclamava a nobreza alemã a defender o país da influência nociva do papado, contrária aos interesses do país. Protegido por um salvo-conduto, Lutero comparece à Dieta de Worms e defende-se com brilhantismo, atacando a Igreja e a passividade do imperador. Não se obtém ali sua condenação, mas as forças anti-reformistas tencionavam aprisioná-lo na volta para casa, quando o salvo-conduto já não fosse mais válido. Foi então que Frederico, o Sábio, lançou mão de um inspirado ardil de sua mente saturnina (Mercúrio em Capricórnio em conjunção com Júpiter e quadratura com Netuno) e, numa atitude ousada, mandou prender Lutero antes dos adversários, transportando-o à força para seu castelo de Wartburg. A prisão fez bem ao monge e provavelmente salvou-lhe a vida e a continuidade da Reforma. Encarcerado num castelo onde podia locomover-se com liberdade, refém de um nobre que tinha por ele inequívoca simpatia e fora do alcance das forças papistas e do imperador, Lutero aproveita a estada em Wartburg para isolar-se do mundo e trazer à luz sua obra maior, a tradução do Novo Testamento em alemão. O representante do Papa na Alemanha intuiu a

11 Britannica Online, verbete sobre Carlos V.

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verdade e escreveu a Roma, referindo-se ao sumiço de Lutero e à possível participação de Frederico: “Foi aquela raposa saxônia que o raptou.” Nesses anos vitais, de 1520 a 1522, Lutero ultrapassa o ponto de não-retorno e evolui da condição de simples monge com idéias dissidentes e um tanto exóticas para líder inconteste de um movimento revolucionário. Abrira mão voluntariamente das oportunidades de retratar-se e era agora um herege, um excomungado e um homem com a cabeça a prêmio pelo Papa e pelo imperador. Só lhe restava um caminho: ir até o fim, combatendo sempre. Estes anos são caracterizados por três quadraturas em seu mapa: Urano em trânsito chega ao Meio-Céu, enquanto Netuno atinge o Descendente e Plutão forma quadratura com a Lua natal. Verdadeiramente, Lutero assume a condição de agente das grandes mudanças anunciadas pelo ciclo Urano-Netuno de 1478. O período 1521-22 é também o da passagem de Marte progredido sobre o Sol natal, reforçando o sentido de aguçamento de lutas. O Ascendente dirigido por arco solar atinge a oposição Plutão-Lua, no eixo 2-8. Sob qualquer ângulo que consideremos, é o auge da vida de Lutero, o momento decisivo de sua participação pessoal na construção de um novo credo religioso. A retirada de cena de Lutero tornara o movimento um tanto acéfalo. A agitação cresce nas cidades e no campo, trazendo o risco de convulsões sociais. Percebendo as condições do momento, Frederico libera Lutero, que reaparece publicamente em Wittenberg e reinicia suas pregações, retomando o leme da Reforma. Nos anos seguintes, cada vez o movimento ganharia um caráter mais coletivo, com a emergência de novas lideranças e de seitas dissidentes. Lutero permaneceria vivo e atuante até 1546, mas foi naquele período de 1521-22 que sua participação assumiu um caráter mais decisivo. Era a prova de fogo da nova religião, o caminho sem volta.

Melanchton, o complemento de Lutero Entre os colaboradores de Lutero que assumiriam crescente importância nos anos subseqüentes, destaca-se Phillip Melanchton, um jovem que viria a transformar-se em seu principal amigo e confidente. Melanchton era quase o oposto de Lutero: tímido, ligeiramente gago, retraído e de temperamento doce e conciliador, se bem que cheio de idéias próprias e capaz de uma erudição teológica ainda mais elaborada do que a do próprio Lutero. Melanchton era um gênio precoce. Nascido em Bretten, na região alemã do Palatinado, em 16 de fevereiro de 1497, aos vinte anos já era um erudito especialista em línguas clássicas disputado por diversas universidades do país. Com esta idade começa a lecionar em 1518 na Universidade de Wittenberg, onde conhece Lutero. Entre ambos surge uma profunda e duradoura amizade, que nem todas as intrigas de falsos amigos e opositores conseguiria destruir. Em 1530, no impedimento do próprio Lutero, é Melanchton quem elabora a Confissão de Augsburg, documento teológico que relacionava 28 artigos de fé, dos quais 21 haviam sido cuidadosamente negociados entre católicos e protestantes. A confissão era uma tentativa de conciliação de posições radicais, comportando em sua origem a intenção de evitar novos conflitos entre as duas facções e preservar a unidade alemã. Na prática, os resultados não são tão eficazes: Melanchton é acusado pelos dois lados de adotar uma posição dúbia, despertando desconfianças inclusive entre os próprios colaboradores mais chegados a Lutero. Desconhece-se a hora exata do nascimento deste erudito humanista, mas sua constante atuação como mediador, conciliador e pacificador, no meio do fogo cruzado de posições conflitantes, faz pensar num Ascendente Libra – signo que não conta com qualquer planeta em sua carta. Se considerarmos a possibilidade de um nascimento por volta das 21h, Libra estaria no Ascendente com nove planetas abaixo da linha do horizonte, uma distribuição compatível com o temperamento

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introvertido e discreto deste filósofo. A Lua em Virgem na 11 (uma indicação de sensibilidade a questões sociais), regente do Meio-Céu, seria o planeta dominante da carta, além de estar em conjunção com o Ascendente de Lutero. Só mesmo uma forte relação sinástrica poderia explicar a estreita amizade e irrestrita confiança que uniram o polêmico e agressivo reformador e seu quieto e suave colaborador. Melanchton teria uma oposição Lua-Sol bem no eixo Ascendente-Descendente de Lutero, interaspecto de associação, receptividade e empatia. Contudo, seu Mercúrio em Aquário forma uma fechada quadratura ao Sol de Lutero, e não raro os dois amigos divergiram em função de questões teológicas ou quanto às táticas de condução do movimento. Melanchton, com Sol em Peixes e outros três planetas em signos mutáveis, é adaptável nos mesmos pontos em que Lutero fixa-se na intransigência, e dispõe-se ao acordo nas mesmas situações que despertam no companheiro apenas a disposição para o combate feroz. Outro interaspecto digno de nota é Saturno de Melanchton em Áries, sobre a Lua de Lutero, que bem retrata a ascendência moral e intelectual que o jovem professor de grego teria sobre o reformador. Lutero sempre descreve o amigo como uma autoridade (Saturno) em assuntos culturais e teológicos, submetendo-se também, em momentos críticos, aos seus conselhos de cautela e apaziguamento. Melanchton é o freio de Lutero, o jovem que exerce, paradoxalmente, o papel de amigo sábio e conselheiro – um papel de Saturno, enfim. A importância de Philipp Melanchton para a educação alemã é tremenda. Foi ele quem lançou as bases conceituais do ensino fundamental e médio do país, influenciando gerações de educadores. Foi chamado, ainda em vida, o “preceptor da Alemanha”, o que destaca a importância das casas ligadas à educação em seu mapa. Se o horário em torno das 21h revelar-se correto, Júpiter e Marte, em Sagitário, estarão na cúspide da 3 (em conjunção com Mercúrio e Netuno de Lutero), enquanto Mercúrio e Sol estarão na 5, sendo Mercúrio o regente da 9. Como Netuno também ocupa a 3, teríamos assim cinco planetas nas duas casas mais ligadas às questões da educação fundamental, exatamente a 3 e a 5.

Lutero, Melanchton e a teologia luterana A teologia luterana é tanto obra de Lutero quanto de Melanchton, respondendo este pela dimensão humanista da nova religião (Mercúrio em Aquário regendo a 9 e Lua na 11 regendo o Meio-Céu). Comparando as duas cartas, a de Melanchton e a da Reforma Luterana, a Lua do movimento está na cúspide da 9 do filósofo, e o Plutão deste está no Meio-Céu da Reforma em conjunção com o Sol de 31 de outubro de 1517. O Sol em Peixes de Melanchton ocupa a cúspide da 2 da Reforma, revelando o papel deste homem como aquele que viria dar ao Protestantismo a consolidação de seus valores espirituais (Peixes na casa 2). As Luas dos dois mapas estão ambas em signos de Mercúrio. A Igreja Luterana foi a primeira a surgir após o advento da imprensa, e sua difusão dependeu da palavra escrita, mais do que das pregações no púlpito. Pode-se dizer que, sem o livro, a Reforma não existiria, e as Luas mercurianas de Melanchton e do próprio movimento dão testemunho desta importância. O Mercúrio da Reforma está em Sagitário, assim como o de Lutero (a palavra a serviço da causa religiosa), reforçando o vínculo entre a transmissão do conhecimento e a difusão da fé. Até hoje, a imagem que logo se associa aos “crentes” é a do pregador em praça pública, a ler a Bíblia em voz alta com todo o entusiasmo de um Mercúrio em Sagitário. Por outro lado, verifica-se também nesta religião um impulso de simplificação do culto e de busca da essência, em detrimento da liturgia. Não há muito lugar para as exterioridades, prevalecendo a importância da experiência mística, intimista, interior. O rompimento radical com alguns aspectos ritualísticos do Catolicismo revela a importância de Plutão no mapa da Reforma, em plena 12,

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conjunto a Saturno, regente do Ascendente. Capricórnio na 1, aliás, já faz pensar neste “emagrecimento” da liturgia, com a redução do culto àquilo que há de mais estrutural. A teologia luterana conserva um certo número de elementos tradicionais do Catolicismo. Porém, dos sete sacramentos só restam três: batismo, comunhão e eucaristia. Nesta última, os reformistas recusam-se a acreditar na transubstanciação, ou seja, na transformação do pão e do vinho no sangue e no corpo de Cristo, preferindo considerar apenas a idéia de consubstanciação, quer dizer, da simples presença de Cristo ao ato que, em si, seria apenas simbólico. O culto aos santos é eliminado, assim como a hierarquia do clero e a crença no purgatório. Rejeita-se também o celibato, tendo o próprio Lutero contraído casamento com uma monja. A fé aparece como o único caminho para a salvação, idéia evidentemente antitomista. Aqui é necessário lembrar que dois grandes filósofos, Platão e Aristóteles, dividiam entre si as atenções dos teólogos e que suas respectivas obras vinham merecendo uma detalhada exegese desde o início da Idade Média. Santo Agostinho, ainda nos agitados primórdios da era medieval, desenvolve a partir de Platão uma teoria na qual o homem aparece depravado pela sua própria natureza, podendo salvar-se pela fé. Esta, e não as boas obras, poderia guiar o homem em direção ao paraíso. Contudo, a valorização da fé não deixava bem claro o papel da Igreja para a salvação do homem. Séculos depois surge São Tomás de Aquino, em pleno apogeu da Igreja na Idade Média, para elaborar um novo sistema teológico no qual o homem era dotado de livre arbítrio (em Santo Agostinho predominava a idéia de predestinação). Para Aquino, o homem teria o direito de escolher entre o bem e o mal e, de acordo com o caráter de suas obras, seria conduzido para o céu ou para o inferno. Como o diabo sempre estava a tentar o homem e a seduzi-lo inevitavelmente para o mal, a Igreja adquire a importantíssima função de livrar o fiel desta satânica influência e mostrar-lhe o caminho das obras pias. Como se vê, o livre arbítrio do homem coloca-o por completo na dependência da Igreja, pois raramente é acompanhado de discernimento. Lutero, sendo agostiniano e estudioso do Novo Testamento (onde as epístolas de São Paulo já antecipavam certas idéias de Santo Agostinho), lutava contra o tomismo, quer dizer, contra a ideologia religiosa oficial que derivava de São Tomás. Ao retomar as idéias agostinianas, Lutero e Melanchton realizam o sentido de Peixes na casa 2 da Reforma. A única “moeda” que pode levar o homem ao paraíso é sua devoção, sua fé inabalável. É um valor – casa 2 – tão invisível quanto Netuno, em contraste com a noção católica da importância das obras, incluindo a caridade material. Estando corretos os horários que propusemos para os dois líderes do movimento, ambos apresentam Plutão na casa 2, outro planeta a chamar a atenção sobre a importância do invisível e a apontar para um traço que se tornaria extremamente importante nas práticas reformistas: a conversão, com abandono radical do estilo de vida anterior e entrega completa a Cristo. Os testemunhos que podem ser vistos nas igrejas evangélicas de nossos dias dão conta deste toque plutoniano, no destaque que é dado à disposição de transformar-se por inteiro, deixando morrer o “homem velho” para deixar nascer o “homem novo”, como dizia Paulo de Tarso. É o sentido de Plutão e de Escorpião presente até hoje. O comprometimento político com os príncipes alemães fora a tônica do luteranismo desde o início do movimento. Era natural portanto, que fizesse concessões nesse sentido e fosse levado a declarar a ascendência do Estado sobre a Igreja. A princípio postula-se a possibilidade de um Estado forte coexistir com a tolerância religiosa: “O Estado deve deixar cada um livre de crer no que pode e quer crer.” Porém, com a multiplicação de seitas protestantes, muitas vezes radicais e rivais entre si, Lutero refaz a idéia e encaminha-se para a fórmula restrita: “tal príncipe, tal religião”. É uma estratégia de sobrevivência do novo culto, mas que revela o sentido aristocrático presente no mapa da Reforma. Nesta, Plutão, regente do Meio-Céu, encontra-se em conjunção com o regente do Ascendente, expressando a aliança entre o movimento e as aspirações da oligarquia alemã. O Sol junto ao Meio-Céu, em Escorpião (em ressonância com o Sol do próprio Lutero no mesmo signo)

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fala desta vocação para o reforço da autoridade forte e controladora. Já no mapa de Melanchton, o sentido de autoridade e disciplina está presente na conjunção de Vênus, regente do Ascendente, com Saturno.

Exercícios de aplicação A crise na Argentina

Durante os anos 80, a Argentina sofreu com a hiperinflação a ponto de, em 1989, os preços já serem remarcados mais de uma vez no mesmo dia. Isso levou a saques de supermercados e a que o presidente Raul Alfonsin antecipasse a transmissão do cargo para seu sucessor eleito, Carlos Menem. Em 1991, Menem e seu ministro da Economia, Domingo Cavallo, instituíram um novo plano econômico em que o peso passou a ter paridade com o dólar americano (mesmo valor) e o câmbio tornou-se fixo. Por volta de 1993, o novo plano parecia estar produzindo o melhor de seus resultados. Mas, de 1994 em diante, a Argentina mergulhou lentamente na recessão (diminuição progressiva da atividade econômica), com aumento do desemprego. A causa principal foi o encarecimento dos produtos argentinos no exterior, pois o dólar se valorizou internacionalmente, o mesmo acontecendo com o peso argentino. Além disso, a dívida pública aumentou enormemente, já que tanto o governo federal quanto as províncias gastaram mais do que podiam, sendo obrigados a obter empréstimos cada vez maiores no exterior. A crise se aprofundou de 1999 a 2001, quando o desemprego atingiu um recorde de quase 20%. Daí para a situação de miséria de 40% dos argentinos e para o início dos saques foi apenas um passo. O único grande ciclo de planetas exteriores iniciado nesses anos foi o da conjunção Urano-Netuno que teve lugar em 1993, quando os dois planetas se encontraram aproximadamente a 18º de Capricórnio. A Argentina tem dois mapas de independência: um da primeira declaração, feita em Buenos Aires em 25 de maio de 1810, e outro para a declaração formal de independência, no Congresso de Tucumán, em 9 de julho de 1816. Você está recebendo os dois mapas em cartas solares (sem indicação de casas, dadas as dúvidas sobre os horários exatos). Tente responder às seguintes perguntas: 1 – Qual dos dois mapas apresenta planetas mais afetados pela conjunção Urano-Netuno de 1993? 2 – O que esses planetas representam em mapas natais de países e instituições? 3 – Considerando que o significado básico de Urano é desestabilizar e abrir novos horizontes e o de Netuno é dissolver e transcender, como funciona a conjunção Urano-Netuno no que tem de melhor e de pior? No caso da Argentina, qual desses significados predominou? 4 – São inúmeras as anedotas sobre argentinos que circulam por aí. Veja algumas:

“O que quer dizer ego?” pergunta o garotinho. “Ego, meu filho”, responde o pai, “é o pequeno argentino que vive dentro de cada um de nós”. Como se faz para saber que um espião é argentino? É fácil! Ele leva um cartão que diz: "El mejor espión del mundo". A filha chega em casa aos prantos e diz para a mãe: –Mãe, mãe, fui violentada por um argentino! –Mas... como você sabe que era um argentino?

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–Ele me obrigou a agradecer. Por que há tantos partos prematuros na Argentina? Porque nem as mães agüentam um argentino por 9 meses! Um turista brasileiro em Buenos Aires descobre que esqueceu o isqueiro e resolve pedir fogo a um argentino que vai passando. O argentino pára e começa a se apalpar procurando o isqueiro. Apalpa-se aqui, apalpa-se ali, apalpa-se um pouco mais e, muitos minutos depois, diz: –Olha, acho que esqueci meu isqueiro em casa. Mas... caramba, como eu sou gostoso! Em Uruguaiana, fronteira com a Argentina, havia um padre que adorava falar mal dos nossos vizinhos. Porém, os comerciantes brasileiros não gostavam nem um pouco disso, porque vinha criando um clima ruim junto aos argentinos que atravessavam a fronteira para fazer compras na cidade. Reclamaram com o bispo, que proibiu o padre de falar mal dos argentinos. Então, na missa do dia seguinte, o padre disse: –Devemos amar os nossos queridos irmãos argentinos do mesmo jeito que Jesus amou seus discípulos na Santa Ceia, mesmo sabendo que um deles o iria trair. Como vocês sabem, quando Jesus disse isso, logo olhou para Pedro. E Pedro perguntou: “Serei eu, Mestre?” E Jesus respondeu: “Não Pedro, não será você.” Em seguida, Jesus encarou João, que também perguntou: “Por acaso serei eu o traidor?” O Mestre respondeu igualmente com uma negativa e encarou Judas. Aí Judas, muito incomodado, perguntou: “Hey hombre, por que me miras así?”

Agora, observe de novo as duas cartas da Argentina: qual das duas mais mostra um povo com uma atitude básica semelhante à das anedotas que você leu? Justifique. 5 – Da mesma forma: qual das cartas mostra maior tendência para instabilidade política, radicalismos, revoluções etc.? Considerando que a Argentina teve uma vida política extremamente instável, agitada e muitas vezes violenta ao longo das últimas décadas, em que carta isso se revela melhor? 6 – Fernando De la Rúa, o presidente que renunciou em dezembro de 2001, assumiu em 10 de dezembro de 1999. Os presidentes argentinos, tal como os brasileiros, assumem o poder em duas cerimônias: primeiro diante do Congresso (juramento da Constituição) e depois mediante a transmissão da faixa presidencial (a posse propriamente dita). De la Rúa fez isso com um intervalo de duas horas, jurando a Constituição às 9h e tomando posse às 11h. Você está recebendo os dois mapas. Sobre eles, responda:

a) qual o aspecto de crise e de possibilidade de um governo conturbado presente em ambos os mapas? Em qual dos dois é mais forte?

b) Qual dos mapas mostra de maneira mais intensa que a crise do governo de De la Rúa afetaria fortemente o Brasil (o que aconteceu especialmente no final de 2000 e início de 2001)? O mapa da independência do Brasil também está anexo.

Mapas complementares: Mapas complementares: Sobre a Reforma Protestante: Carlos_v.gif – Carta solar do imperador Carlos V.

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Astroletiva – Nível Especialização – Astrologia Mundial e Grandes Ciclos 1 – Lição 5 – 15

Frederic.gif – Carta solar do príncipe Frederico da Saxônia (“o Sábio”). Lutero.gif – Carta retificada de Martinho Lutero. Melanch.gif – Carta solar de Felipe Melanchton. Reforma.gif – Carta do lançamento da Reforma Luterana (afixação das 95 teses). Sobre a Argentina: Argentina1810.gif – Primeira declaração de independência da Argentina – Buenos Aires, 25.5.1810. Argentina1816.gif – Segunda declaração de independência da Argentina – Tucumán, 9.7.1816. JuramentoDeLaRua.gif – Fernando De la Rúa jura a Constituição no Congresso Argentino – 10.12.1999, 9h (-03:00), Buenos Aires, Argentina – 34s36, 58w27. PosseDeLaRua.gif – Fernando De la Rúa toma posse na Casa Rosada. – 10.12.1999, 11h (-03:00), Buenos Aires, Argentina – 34s36, 58w27. Ipiranga.gif – carta da Independência do Brasil (Grito do Ipiranga) – 7.9.1822, 16h30 LMT, São Paulo, SP.

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Astroletiva – Nível Especialização – Eras e Ciclos Planetários 1 – Lição 6 – 1

CURSO DE FORMAÇÃO EM ASTROLOGIA

ASTROLETIVA – Terra do Juremá Comunicação Ltda.

Nível: Especialização – Curso: Astrologia Mundial e Grandes Ciclos 1 – Lição: 6 Texto: Fernando Fernandes

Exercícios de aplicação

A crise na Argentina RESPOSTAS

Durante os anos 80, a Argentina sofreu com a hiperinflação a ponto de, em 1989, os preços já serem remarcados mais de uma vez no mesmo dia. Isso levou a saques de supermercados e a que o presidente Raul Alfonsin antecipasse a transmissão do cargo para seu sucessor eleito, Carlos Menem. Em 1991, Menem e seu ministro da Economia, Domingo Cavallo, instituíram um novo plano econômico em que o peso passou a ter paridade com o dólar americano (mesmo valor) e o câmbio tornou-se fixo. Por volta de 1993, o novo plano parecia estar produzindo o melhor de seus resultados. Mas, de 1994 em diante, a Argentina mergulhou lentamente na recessão (diminuição progressiva da atividade econômica), com aumento do desemprego. (...) O único grande ciclo de planetas exteriores iniciado nesses anos foi o da conjunção Urano-Netuno que teve lugar em 1993, quando os dois planetas se encontraram aproximadamente a 18º de Capricórnio. A Argentina tem dois mapas de independência: um da primeira declaração, feita em Buenos Aires em 25 de maio de 1810, e outro para a declaração formal de independência, no Congresso de Tucumán, em 9 de julho de 1816. Você está recebendo os dois mapas em cartas solares (sem indicação de casas, dadas as dúvidas sobre os horários exatos). Tente responder às seguintes perguntas: 1 – Qual dos dois mapas apresenta planetas mais afetados pela conjunção Urano-Netuno de 1993? Resposta: A conjunção Urano-Netuno de 1993 ativa em cheio a oposição Sol-Lua no mapa de 1816. Por outro lado, não forma nenhuma conjunção ou aspectos tensos (oposição, quadratura) com planetas da carta de 1810. Esta carta de 1810 nem tem, aliás, planetas em signos cardinais. 2 – O que esses planetas representam em mapas natais de países e instituições? Resposta: Podem ter vários significados, dependendo do enfoque. De maneira geral, Urano é desestabilização, abertura, desejo de liberdade, arejamento ou ruptura de estruturas tradicionais. Mais especificamente, rege as indústrias eletrônica, de informática e aeronáutica, os terremotos e furacões e assim por diante. Netuno é a arte, a musicalidade, o ritmo, o misticismo, a ligação com o oceano. Do ponto de vista econômico, o petróleo e seus derivados, os gases, as bebidas alcoólicas, os anestésicos. Tensionado, Netuno significa escândalos, situações confusas e indefinidas, perda de rumo, corrupção, falta de objetividade e corrosão de estruturas político-administrativas.

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3 – Considerando que o significado básico de Urano é desestabilizar e abrir novos horizontes e o de Netuno é dissolver e transcender, como funciona a conjunção Urano-Netuno no que tem de melhor e de pior? No caso da Argentina, qual desses significados predominou? Resposta: No que tem de melhor, esta conjunção simboliza a possibilidade de romper e superar o condicionamento a estruturas políticas, administrativas e culturais estagnadas e restritivas. Considerando que os efeitos se manifestam numa faixa de tempo bastante ampla, foi sob uma destas conjunções que a Europa viu a Igreja Católica entrar em crise e perder o monopólio da cristandade, com o advento da Reforma Protestante. Sob outra conjunção Urano-Netuno, a de 1821, as colônias americanas afastaram-se definitivamente do controle das metrópoles européias (Espanha e Portugal) e iniciaram uma vida independente. Na conjunção de 1993, a Guerra Fria acabou de vez, o “império” soviético desmoronou e a Internet trouxe uma revolução nas comunicações internacionais. No que tem de pior, sob a conjunção Urano-Netuno estruturas estáveis são abaladas e convulsionadas. Limites necessários deixam de existir nitidamente e referências importantes são perdidas. A Argentina, cujo mapa de 1816 foi fortemente afetado pela conjunção de 1993, abriu mão da independência de sua moeda, atrelando-a ao dólar, e adotou um modelo neoliberalista em que as importações entraram indiscriminadamente no país a ponto de desequilibrar a balança de pagamentos. Empresas importantes e estáveis (Capricórnio) foram desnacionalizadas, vendidas, puverizadas ou desestabilizadas. A conseqüência, mais adiante, foi a maior onda de desemprego da história do país. Sem dúvida, predominaram os significados mais negativos da conjunção Netuno-Urano, se bem que sua manifestação não tenha sido imediata. 4 – São inúmeras as anedotas sobre argentinos que circulam por aí. Veja algumas:

“O que quer dizer ego?” pergunta o garotinho. “Ego, meu filho”, responde o pai, “é o pequeno argentino que vive dentro de cada um de nós”. (...)

Agora, observe de novo as duas cartas da Argentina: qual das duas mais mostra um povo com uma atitude básica semelhante à das anedotas que você leu? Justifique. Resposta: O que há de comum na maioria das anedotas é uma imagem do argentino como um tipo vaidoso, de ego inflado, com uma percepção distorcida do próprio valor e sempre disposto à autoglorificação. O corolário de tais “qualidades” seria, naturalmente, um comportamento difícil de suportar pelos não-argentinos. Anedotas sempre exageram, mas por trás da brincadeira há um fundo de verdade. O clássico indivíduo de ego inflado e que não tem pudor de demonstrá-lo é aquele que apresenta ênfase em Leão, ou no Sol, e aspectos dissonantes extrovertidos ou “espaçosos”, como Sol-Marte ou Sol-Júpiter. Isso também vale para uma instituição ou para um país. A carta de 1810 apresenta uma conjunção Sol-Marte em Gêmeos (tagarelice, verborragia) recebendo uma oposição de Saturno e Netuno no exagerado signo de Sagitário. Aspectos Sol-Saturno costumam ter efeito depressivo e de queda na auto-estima, do que resulta um esforço de supercompensação. Algo no estilo: “Sinto-me inseguro e descontente comigo mesmo. Mas não, não quero me sentir assim. Quero me sentir o máximo. Aliás, eu sou o máximo e todo mundo precisa se convencer disto!” Agora, o mais interessante: o outro mapa, de 1816, apresenta Marte em Leão, uma posição que é análoga a Marte em conjunção com o Sol. O Sol, por outro lado, não está em aspecto com Saturno, mas apresenta uma oposição à Lua em Capricórnio, signo de Saturno. Quem está em oposição a

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Saturno, como no mapa de 1810, é Marte! Ou seja, ambos os mapas revelam a mesma temática da insegurança interna que é supercompensada por um comportamento excessivamente assertivo e de autoglorificação. Como o Sol é um símbolo de identidade, podemos entender que a Argentina, enquanto coletividade, padece de uma dificuldade para definir sua identidade nacional. Este fato, aliás, é bem conhecido, sendo tema, inclusive, de teses antropológicas. É o velho dilema do argentino que se vê como “um italiano que fala espanhol e pensa que é inglês”. Se bem que os dois mapas apontem para o mesmo “complexo”, o de 1810 é muito mais evidente, já que exacerba o eixo Gêmeos-Sagitário, exatamente o da tagarelice, dos exageros verbais, da “lábia” etc. Basta lembrar que os dispositores dos seis planetas que se encontram neste eixo são Mercúrio e Júpiter. 5 – Da mesma forma: qual das cartas mostra maior tendência para instabilidade política, radicalismos, revoluções etc.? Considerando que a Argentina teve uma vida política extremamente instável, agitada e muitas vezes violenta ao longo das últimas décadas, em que carta isso se revela melhor? Resposta: Esta é uma questão de resposta muito difícil. Tudo depende da distribuição dos planetas por casas, sobre o que não há nenhuma certeza dada a ausência de dados conclusivos quanto aos horários das duas cartas. Mas analisando exclusivamente as posições de planetas por signos e seus aspectos, o mapa de 1810 apresenta um excesso de planetas tensionados em signos mutáveis, o que tende a levar a um excesso de idas e voltas que não se traduzem em resultados muito práticos. Os acontecimentos do final de 2001 e início de 2002 na Argentina são bem a expressão dessas tensões mutáveis: num dia o ministro anuncia o nono plano econômico, no outro o ministro renuncia, mais adiante o próprio presidente renuncia para dar lugar a outro que não resiste por uma semana... e tudo isso entremeado de dezenas de pronunciamentos em cadeia nacional, intermináveis reuniões de lideranças partidárias, enfim, uma agitação que parece não ter fim e que não conduz a parte alguma. Quanto à violência institucional, com a freqüente intervenção das Forças Armadas na vida política, podemos associá-la a alguns aspectos que aparecem em ambos os mapas, como a oposição Saturno-Marte. Mas novamente é o mapa de 1810 que traduz melhor a possibilidade da violência associada ao exercício do poder (violência do governante ou contra o governante), tendo em vista os aspectos que unem Sol, Marte, Saturno e Netuno. 6 – Fernando De la Rúa, o presidente que renunciou em dezembro de 2001, assumiu em 10 de dezembro de 1999. Os presidentes argentinos, tal como os brasileiros, assumem o poder em duas cerimônias: primeiro diante do Congresso (juramento da Constituição) e depois mediante a transmissão da faixa presidencial (a posse propriamente dita). De la Rúa fez isso com um intervalo de duas horas, jurando a Constituição às 9h e tomando posse às 11h. Você está recebendo os dois mapas. Sobre eles, responda:

a) qual o aspecto de crise e de possibilidade de um governo conturbado presente em ambos os mapas? Em qual dos dois é mais forte?

Resposta: O presidente da República, autoridade máxima da nação, é simbolizado essencialmente pelo Sol e acidentalmente pelos regentes ou ocupantes da casa 10. O aspecto mais crítico de ambos os mapas é a presença de uma configuração chamada quadratura T (dois planetas em oposição enviando quadratura a um terceiro – no caso deste mapa a terceiros). No mapa do juramento, esta configuração envolve Vênus na casa 10 e regente da 10 (o presidente) em quadratura com Marte (violência) e Urano (a imprevisibilidade, a desestabilização, a rapidez no desdobrar dos acontecimentos). No segundo mapa, da posse, o regente do Meio-Céu passa a ser Marte na casa 12 (situações fora de controle), ainda conjunto a Urano regente da 1 (o país) e em quadratura com Vênus na 9 (o exterior, as relações internacionais, as leis etc.).

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Astroletiva – Nível Especialização – Astrologia Mundial e Grandes Ciclos 1 – Lição 6 – 4

Ou seja: qualquer dos mapas que consideremos, o significador do presidente estará envolvido nesta configuração tensa, indicando um governo que poderia terminar, como terminou, em pancadaria. NOTA: Depois de enviado este exercício, obtivemos um horário mais preciso para o juramento de De la Rúa. A cerimônia não ocorreu às 9h, como estava inicialmente programada, mas às 9h46 (houve um atraso de quase uma hora). Neste novo mapa, Vênus não é mais regente do Meio-Céu, que se situa já em Escorpião. Por outro lado, Vênus passa a estar presente no Meio-Céu, por conjunção, o que torna este planeta, de qualquer maneira, o significador do presidente. Quanto ao Ascendente (que representa o país e sua identidade coletiva), passa a ficar enquadrado entre Marte e Urano... não poderia ser mais revelador!

a) Qual dos mapas mostra de maneira mais intensa que a crise do governo de De la Rúa afetaria fortemente o Brasil (o que aconteceu especialmente no final de 2000 e início de 2001)?

Resposta: O mapa da transmissão da faixa presidencial tem o Ascendente superposto ao Ascendente brasileiro. A coincidência de Ascendentes é óbvia: o que afeta um, também afeta o outro. É uma relação de ressonância. O Brasil teve, inclusive, de fazer um grande esforço para convencer os credores e investidores internacionais de que não é a Argentina. Mapas complementares (já enviados com a lição 5): Argentina1810.gif – Primeira declaração de independência da Argentina – Buenos Aires, 25.5.1810. Argentina1816.gif – Segunda declaração de independência da Argentina – Tucumán, 9.7.1816. JuramentoDeLaRua.gif – Fernando De la Rúa jura a Constituição no Congresso Argentino – 10.12.1999, 9h (-03:00), Buenos Aires, Argentina – 34s36, 58w27. PosseDeLaRua.gif – Fernando De la Rúa toma posse na Casa Rosada. – 10.12.1999, 11h (-03:00), Buenos Aires, Argentina – 34s36, 58w27. Ipiranga.gif – carta da Independência do Brasil (Grito do Ipiranga) – 7.9.1822, 16h30 LMT, São Paulo, SP.

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Note
Argentina1810.gif – Primeira declaração de independência da Argentina – Buenos Aires, 25.5.1810.
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Manda Chuva
Note
Argentina1816.gif – Segunda declaração de independência da Argentina – Tucumán, 9.7.1816.
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Note
JuramentoDeLaRua.gif – Fernando De la Rúa jura a Constituição no Congresso Argentino – 10.12.1999, 9h (-03:00), Buenos Aires, Argentina – 34s36, 58w27.
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Note
PosseDeLaRua.gif – Fernando De la Rúa toma posse na Casa Rosada. – 10.12.1999, 11h (-03:00), Buenos Aires, Argentina – 34s36, 58w27.
Manda Chuva
Note
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Note
Ipiranga.gif – carta da Independência do Brasil (Grito do Ipiranga) – 7.9.1822, 16h30 LMT, São Paulo, SP.
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CURSO DE FORMAÇÃO EM ASTROLOGIA

ASTROLETIVA – Terra do Juremá Comunicação Ltda.

Nível: Especialização – Curso: Astrologia Mundial – Eras e Ciclos Planetários 2 – Lição: 01 Texto: Fernando Fernandes

Os ciclos Urano-Plutão na História do Ocidente

As conjunções Urano-Plutão de 1090 até 1965 são o assunto principal deste curso. Os ciclos iniciados por estas conjunções demarcam os momentos críticos do processo de

transição do feudalismo para o capitalismo industrial.

Tais ciclos, enquanto ocorreram em signos de Fogo, estiveram estreitamente ligados à história de uma classe social, a burguesia, e aos avanços tecnológicos que permitiram a expansão comercial européia e a exportação do modelo da civilização ocidental a todo o

globo terrestre.

O QUE VEREMOS NESTE CURSO: O PRÓLOGO DA IDADE MODERNA

a) “Deus lo Volt!” PLUTÃO-URANO E ROBIN HOOD

b) Surge o Santo Ofício c) Um golpe mortal em Bizâncio

OS ANOS DE HORROR

a) A Guerra dos Cem Anos e Joana d’Arc A CONJUNÇÃO DE 1455

b) A questão negra A CONJUNÇÃO DE 1597

c) O advento da ciência moderna A CONJUNÇÃO DE 1710

d) Voltando no tempo: o governo de Luís XIV e) O infatigável Colbert f) A política externa de Luís XIV g) Conflitos no Brasil, máquinas na Inglaterra

A CONJUNÇÃO DE 1850 E O NEOCOLONIALISMO

a) A marcha para o Oeste b) Trens e manifestos

A CONJUNÇÃO DE 1965: O SONHO ACABOU?

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Astroletiva – Nível Especialização – Eras e Ciclos Planetários 2 – Lição 1 – 2

Urano-Plutão nas casas da era de Peixes Se observarmos a seqüência de conjunções Urano-Plutão, dois fatos chamam a atenção: trata-se do ciclo mais irregular, alternando um intervalo mais longo, de 140 a 143 anos, com outro mais curto, de 110 a 116 anos; e, ao contrário do ciclo Netuno-Plutão, que apresenta várias conjunções em seqüência no mesmo signo, este alterna por quase um milênio conjunções em dois signos da mesma triplicidade, como podemos ver nesta relação das dez últimas ocorrências (graus aproximados):

837 20° de Peixes 947 15° de Câncer

1090 1° de Áries 1201 29° de Câncer 1343 10° de Áries 1455 13° de Leão 1597 20° de Áries 1710 28° de Leão 1850 29° de Áries 1965 17° de Virgem

O fato mais significativo nesta seqüência é, portanto, a mudança de elemento, sendo que no último milênio tivemos a alternância de três: Água, até 1090; uma fase transicional Água-Fogo entre 1090 e 1343; apenas Fogo daí até 1965 (e sempre em Áries e Leão); e Terra, fase iniciada com a conjunção em Virgem de 1965. Para tentar uma abordagem deste ciclo, iniciemos com a conjunção de 1965. Recordando o que ocorreu no mundo na década de 60, não é difícil perceber uma série de correlações significativas: • A independência das antigas colônias européias na África negra, processo que se inicia nos

anos 50 e só terminará nos 70, tendo seu auge no início da década de 60. • A popularização da eletrônica, que passa a fazer parte do cotidiano da maioria da população

dos países ocidentais (transistores, miniaturização de equipamentos, difusão do uso de computadores no ambiente corporativo, transmissões via satélite etc.).

• Surgimento de regimes autoritários em muitos países do terceiro mundo, inclusive o Brasil

(1964) e a maioria das ex-colônias africanas. • A corrida espacial: a chegada do homem à Lua ocorre apenas três anos depois do início deste

ciclo. • A turbulência social e os movimentos contestatórios de minorias e da juventude, que terão seu

auge em 1968. A tônica é, portanto, a inovação tecnológica, a agitação social e ideológica e uma tendência centrífuga em termos de geopolítica, visível nos anos 60 com a derrocada dos últimos impérios coloniais e o surgimento de dezenas de novas nações independentes (Urano voltaria a manifestar efeitos semelhantes quando de sua conjunção com Netuno em Capricórnio, nos anos 90). Outra particularidade do ciclo Urano-Plutão é sua relação com o aspecto do trígono. Quando duas conjunções seguidas ocorrem em signos do mesmo elemento, estes signos estão afastados entre si

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Astroletiva – Nível Especialização – Eras e Ciclos Planetários 2 – Lição 1 – 3

por ângulos de 120 graus, o que remete à idéia de inércia do trígono, entendida como a tendência de cada ciclo para preservar o movimento iniciado no ciclo anterior. Assim, as conjunções Urano-Plutão estabelecem ao longo do tempo um padrão cujo funcionamento é semelhante ao de uma locomotiva que, uma vez posta em movimento, ganha cada vez mais impulso e velocidade, avançando sempre na mesma direção e arrastando o que quer que esteja em seu caminho. Neste sentido, são as conjunções mais impessoais, aquelas que exercem de maneira mais evidente um efeito de varredura, esmagamento ou pulverização daquilo que entrava o avanço das forças que representam. Considerando o mapa simbólico da Terra nos últimos dois milênios, com o Ascendente em Peixes1, é possível identificar que casas deste mapa da Terra os ciclos Urano-Plutão vão ativando durante os séculos em que ocupam determinado elemento. Assim, as conjunções no elemento Água ativam as casas de identidade (1, 5 e 9), enquanto as conjunções em Fogo colocam em evidência questões relacionadas à produção (casas 2, 6 e 10). Já aquelas em Terra trazem à tona inovações nas áreas de comunicação, trocas e aprendizagem. No período que mais nos interessa, aquele que vai de 1090 a 1965, estas conjunções estão nas casas 2 e 6 da era de Peixes, remetendo sempre a avanços na forma de produção da riqueza e da organização do trabalho. Historicamente, correspondem ao lento mas constante processo de transição do mundo feudal e agrário da Idade Média para o moderno capitalismo industrial. São as conjunções burguesas por excelência e sinalizam transformações violentas, os solavancos maiores que se traduzem mais adiante como etapas de rápido progresso no desenvolvimento das forças produtivas. Observemos agora com mais atenção os fatos que se relacionam com a conjunção de 1090, extremamente importante por ter sido a primeira em signos de Fogo da era cristã.

O prólogo da Idade Moderna A vida econômica da antiguidade greco-romana tinha no comércio um de seus aspectos mais importantes. As civilizações grega e romana tiveram em comum o fato de desenvolveram-se nas margens do Mar Mediterrâneo, grande eixo comercial da Antiguidade e caminho natural por onde passavam as embarcações carregadas de toda espécie de mercadorias. Mesmo após a queda do Império Romano e a conseqüente formação dos reinos bárbaros na Europa Ocidental, o comércio continuou a representar um papel de grande importância. O Mediterrâneo permanecia aberto às embarcações dos bárbaros germânicos cristianizados e, no interior, as cidades e os latifúndios completavam-se, integrados em um só contexto econômico. Nas áreas urbanas produziam-se artigos manufaturados que eram trocados pelos produtos agrícolas provenientes do campo. Sob o aspecto econômico, esta primeira fase da Idade Média foi uma continuação natural da Antiguidade. E tudo funcionou a contento até que árabes, normandos e magiares forçaram e Europa a encontrar um novo ponto de equilíbrio. Os normandos eram bárbaros ainda não cristianizados que, vindos do norte, assolaram o litoral da Europa a partir do século VIII com freqüentes incursões que visavam à pilhagem e ao saque. Com seus barcos pequenos e leves, penetravam também pelos vales fluviais e disseminavam o terror entre as populações interioranas. Os magiares (atuais húngaros) eram bárbaros aparentados com os hunos. Chegados das estepes asiáticas, penetraram na Europa Oriental e, praticando a pilhagem como forma sistemática de sobrevivência, transformaram-se na segunda das pragas que desabaram sobre a cristandade. A terceira praga – sempre do ponto de vista cristão – foram os muçulmanos. Estes, impulsionados por um intenso fervor religioso e pelo interesse na conquista das zonas de

1 Ver o curso Eras e Ciclos Planetários 1, em que se discute o mapa simbólico da era de Peixes como fator de contextualização dos ciclos de planetas trans-saturninos.

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comércio da Europa, bloquearam o Mar Mediterrâneo, conquistaram a maior parte da Península Ibérica e ali estabeleceram um Estado islâmico no decorrer do século VIII. No alvorecer do século IX, a cristandade encontra-se num beco sem saída. Atacada por todas as direções e escorraçada do Mediterrâneo pelos árabes, é obrigada a ruralizar-se e voltar-se para a agricultura. O comércio tornara-se impraticável devido à perda do eixo marítimo mediterrâneo e à instabilidade das rotas terrestres. Estrutura-se o feudalismo, sistema econômico no qual a terra é a base de toda a riqueza e o feudo, ou seja, o latifúndio, funciona como uma unidade de produção auto-suficiente. Socialmente, a divisão em classes se estabelece a partir da propriedade ou não-propriedade da terra. Os senhores feudais são a nobreza e o clero, classes dominantes, enquanto os camponeses sem terra transformam-se em servos dependentes de seus senhores. Tal estado de coisas dura até o século XI, quando uma série de transformações trazem à Europa as condições necessárias para a retomada dos caminhos do comércio e das grandes águas do Oceano. Com o fim das invasões magiares e normandas e o início da decadência árabe, diminui a insegurança que impedia a plena e regular exploração dos campos. A agricultura – atividade que necessita de paz e estabilidade política para desenvolver-se – inicia nesta época um grande ciclo de renovação de suas práticas, através de aperfeiçoamentos técnicos nos arados e outras ferramentas, da substituição da rotação bienal pela trienal e da expansão das áreas cultivadas. Com o fim das invasões e a relativa paz que se seguiu, houve condições para um novo surto demográfico. Este, por sua vez, originou a necessidade da expansão das áreas cultivadas, pressionando também no sentido da busca de maior produtividade. Trata-se, portanto, de um conjunto de fatores que interagem, de tudo resultando uma conseqüência mais ampla cujo conhecimento é essencial para a compreensão de fatos posteriores: o surgimento dos excedentes de produção, em função dos quais o comércio teve condições de reativar-se e as cidades puderam sair de sua tricentenária letargia. Neste mesmo século, as cidades italianas aceleraram o processo de reconquista do Mediterrâneo aos árabes enquanto os caminhos do interior tornavam-se a cada dia mais seguros. Preparava-se o caminho para o chamado Renascimento Comercial e Urbano, termo que designa o conjunto das transformações econômicas sofridas pela Europa a partir do século XI. Nas antigas cidades revitalizadas ou naquelas recém-fundadas, a população volta-se outra vez para o artesanato e o comércio. Os elementos urbanos eram homens livres que se agrupavam em corporações de ofício (associações comerciais e artesanais) para fins de proteção contra o senhor feudal, anulação de concorrência e assistência social. As populações urbanas dão, assim, origem a uma nova classe social: a burguesia, cujo nome deriva da expressão burgo (núcleo populacional fortificado) ou ainda de forisburgo (núcleos populacionais localizados ao redor dos burgos primitivos).

A conjunção de 1090

“Deus lo Volt!”

É claro que todos estes acontecimentos não se deram de uma única vez, nem com a mesma velocidade em todas as regiões da Europa. São típicos especialmente nas regiões que já apresentavam algumas pré-condições capazes de proporcionar-lhes a dianteira no processo de mudança. Mas é fora de dúvida que se pode atribuir à conjunção Urano-Plutão de 1090 o papel de aceleradora do chamado renascimento comercial e urbano da Europa, argumento que se torna ainda mais evidente quando se recorda o fato que toma de assalto a mentalidade européia naquela década: a luta pela reconquista da Terra Santa aos infiéis.

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Os árabes do Califado de Bagdá vinham sendo relativamente tolerantes com as comunidades cristãs da Síria e com os peregrinos europeus que periodicamente acorriam a Jerusalém. Contudo, na segunda metade do século XI os turcos seldjúquidas irromperam das estepes asiáticas para colocar em perigo todo o equilíbrio político do Mediterrâneo Oriental. Em 1071 bateram os bizantinos na batalha de Manzikert e abriram caminho pela Ásia Menor, abocanhando porções cada vez maiores de território de Bizâncio, o império cristão do Oriente. Ao mesmo tempo, venceram os árabes do Califado de Bagdá em diversas frentes, apoderando-se da Síria e finalmente alcançando Jerusalém. O comando da expansão do Islã mudava de mãos: a partir daí não seriam mais os árabes a exercer a liderança, mas sim os turcos, chamados pelos bizantinos de sarakenos (orientais), de onde originou-se o termo sarraceno. Em 1054 a Cristandade dividira-se em duas quando o Patriarca de Bizâncio, após séculos de querelas político-religiosas com o Papado, rompera definitivamente com a igreja de Roma. Esta cisão seria permanente, gerando, de um lado, a Igreja Romana, predominante na Europa Ocidental, e, de outro, a Igreja Ortodoxa Grega, que manteve sob sua área de influência a Rússia, a Ucrânia e outras porções da Europa Oriental. Contudo, frente ao perigo turco, o imperador de Bizâncio, Alexis Comneno, passa por cima das velhas rivalidades e pede socorro ao Ocidente. O Papa Urbano II vê neste apelo a oportunidade para promover a união da Cristandade em torno de uma causa comum – o inimigo externo – e convoca o concílio de Clermont, em 1095, no qual apresenta a prelados de toda a Europa o ousado projeto da guerra santa para a retomada das terras orientais. No encerramento do concílio, em 27 de novembro de 1095, Urbano II ocupa uma sacada que dava para o adro da igreja, onde se acotovelavam centenas de fiéis, e anuncia a cruzada. Ao término da prédica papal, ecoa na multidão um grito espontâneo, que toma conta de toda a praça e se transformaria no mote das cruzadas: “Deus lo volt!” (em dialeto provençal arcaico: “Deus o quer”). Para conseguir este resultado, Urbano II lançara mão de imagens altamente sugestivas, como a descrição minuciosa dos supostos horrores praticados pelos turcos, e apelara para as recompensas que estariam à espera do fiel disposto a embarcar na aventura cruzadista. Como profundo conhecedor da realidade social e psicológica de seu rebanho, acrescentara ainda argumentos bastante práticos, como a possibilidade de ocupação de terras férteis, “de onde manavam leite e mel”, capazes de solucionar o problema da fome que grassava na Europa, e a oportunidade de canalizar para fins nobres e aceitáveis aos olhos de Deus a enorme agressividade que ainda caracterizava as relações sociais:

Ainda que irmãos, vós vos despedaçais mutuamente, oprimis os órfãos, desencaminhais as viúvas, perpetrais morticínios, cometeis sacrilégios... Cessai, pois, de assassinar os vossos irmãos e, em vez disso, marchai contra nações estrangeiras e combatei por Jerusalém.

A Cristandade européia faria mais do que isso: combateria turcos e árabes e também aproveitaria para ocupar Bizâncio a pretexto de protegê-la, instituindo por um breve período um Império Latino do Oriente em terras gregas. Tomaria contato com uma realidade cultural até então quase desconhecida e desenvolveria novas habilidades tecnológicas e novos hábitos de consumo. Após as Cruzadas, a Europa nunca mais seria a mesma. Idealizadas para expandir e reiterar os valores da sociedade feudal, as Cruzadas terminariam por abalá-los profundamente, abrindo caminho para o avanço das atividades mercantis. Abalariam também o já ameaçado Império Bizantino, enfraquecendo-o ainda mais e contribuindo para sua derrocada final, alguns séculos depois. Todo este conjunto de processos turbulentos, desestabilizantes e arejadores está de acordo com o simbolismo do encontro de Urano e Plutão no início de Áries. É a primeira conjunção destes planetas em signos de Fogo. É o início de uma longa fase de 876 anos em que os ciclos Urano-Plutão se repetirão em signos de Fogo (com uma única exceção), e que termina apenas em 1965, com a conjunção em Virgem. Os grandes traços em comum deste período de quase um milênio são

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Astroletiva – Nível Especialização – Eras e Ciclos Planetários 2 – Lição 1 – 6

a incorporação de áreas cada vez mais extensas ao modelo da civilização européia e a ascensão progressiva da burguesia comercial e urbana, que suplantará pouco a pouco a hegemonia do clero e da nobreza até tornar-se a classe social dominante, com o advento da revolução industrial. A conjunção seguinte dá-se em 1201 no último grau de Câncer, no que talvez seja um indício da complexidade do processo de transição. A conjunção anterior antecipara o fim da sociedade feudal e lançara as sementes das grandes transformações que estavam por vir. Mas o velho modelo ainda resiste, conforme pode ser observado na história de França e Inglaterra deste período.

A conjunção de 1201

Plutão-Urano e Robin Hood De 987 ao século XI, a dinastia dos capetos governa uma França feudal, desunida políticamente. Do século XI ao século XIV, ocorre uma progressiva centralização de poder levada a efeito pelos reis capetos, que, apoiados muitas vezes na burguesia nascente, combatem os grandes senhores. O rei Felipe Augusto (1180-1223) arrebata feudos aos plantagenetas2 e fiscaliza os grandes senhores através de agentes reais (bailios e senescais). Não consegue ainda, porém, uma verdadeira unidade nacional, que só viria no século XV. Tensão semelhante viviam também o Sacro Império Romano-Germânico (onde a unidade nunca chegou a ocorrer) e a Inglaterra. Até 1066, reinos celtas e anglo-saxões dividem as Ilhas Britânicas e enfrentam eventuais incursões de piratas marítimos dinamarqueses. Naquele ano, porém, os normandos3 do noroeste da França invadem a Inglaterra e, após a Batalha de Hastings, Guilherme, o Conquistador, torna-se rei. Henrique II, seu neto, centraliza o poder e é considerado o fundador da dinastia plantageneta. A família plantageneta governava a Inglaterra mas era proprietária de imensos feudos na França. Os reis franceses, tentando uma centralização de poder, iniciaram intenso combate aos plantagenetas, os quais, carentes de recursos para o esforço de guerra, buscam obtê-los estabelecendo impostos cada vez mais altos sobre o povo inglês. A nobreza da Inglaterra, não querendo sustentar uma guerra contra a França que interessava antes de tudo aos plantagenetas, revolta-se e obriga o rei João Sem-Terra (1199-1215), filho de Henrique II e irmão mais jovem de Ricardo Coração de Leão (1189-1199), a assinar a Carta Magna. Por esta, o rei se compromete a respeitar os direitos da nobreza e a não estabelecer impostos sem consentimento dos vassalos. Este documento limita o poder real e representa uma vitória dos interesses feudais. Por outro lado, é um antecedente longínquo das modernas constituições que garantem as liberdades individuais e previnem os abusos do poder. Os conflitos de João Sem-Terra com a nobreza dão-se no âmbito da última conjunção Urano-Plutão em Câncer e expressam vários atributos deste aspecto: a rebelião dos vassalos, a intranqüilidade cercando o exercício do poder e o confronto entre o exercício autocrático da autoridade e o espírito

2 Plantagenetas – Família real inglesa de origem normanda e detentora de feudos de enorme extensão na França. Assim, os plantagenetas desempenhavam papéis trocados em cada país: na Inglaterra eram suseranos, tendo interesse no fortalecimento do poder real contra a nobreza; na França, eram vassalos, tendo interesse na preservação das prerrogativas feudais e no enfraquecimento do trono. 3 Os normandos eram os descendentes dos piratas vikings que, originários da Dinamarca e da Escandinávia, vinham assolando a Europa desde o século VIII. Instalados no litoral noroeste da França – região que ficou conhecida como Normandia – assimilaram em algumas gerações a língua e a cultura francesa, que transportaram depois para a Inglaterra. Na corte dos reis plantagenetas, como Henrique I e Ricardo Coração de Leão, o francês era a língua dominante, em contraste com o dialeto local falado pelos anglo-saxões. O francês dos normandos contaminou de tal forma a língua nativa que hoje 75% das palavras da língua inglesa apresentam radicais latinos.

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de insubmissão. O resultado jurídico do conflito – a Carta Magna – é ao mesmo tempo fruto do desejo canceriano de autoproteção, que sempre caracterizou o feudalismo, e um avanço uraniano no sentido da luta pela liberdade e pela autonomia. É um resultado contraditório, como foi contraditório todo este ciclo da última conjunção no elemento Água, quando a sociedade feudal, já em pleno ocaso, produz alguns de seus frutos mais saborosos. A instituição do parlamento britânico também faz parte deste ciclo e tem origem nas reuniões do Conselho dos Nobres, formado para opinar sobre assuntos de interesse nacional e garantir a submissão do rei às limitações impostas pela Magna Carta. Ganha importância no governo de Henrique III, filho de João Sem-Terra, quando passa a contar com uma Câmara dos Lordes (Alto Clero e Alta Nobreza) e uma Câmara dos Comuns (pequena nobreza e deputados da burguesia). A lenda de Robin Hood e seu bando de rebeldes da floresta de Sherwood é ambientada exatamente nos anos finais do reinado de Ricardo Coração de Leão e nos primeiros anos de João Sem-Terra, correspondendo ao período da conjunção Urano-Plutão em Câncer. Robin é retratado como uma figura desestabilizadora, como sempre são os personagens com uma dominante Urano-Plutão. Vive escondido nas profundezas da floresta (um refúgio inacessível, com conotação canceriana) e, apesar de despossuído, insiste em comportar-se de acordo com a velha ética da nobreza, à qual pertence e a cujo seio enfim retorna. Robin é contraditório, pois exprime um ideal de retorno ao passado (Câncer) contra os avanços da centralização monárquica (Leão, signo de Fogo, onde ocorreriam as próximas conjunções Urano-Plutão) ao mesmo tempo em que lança mão de táticas subversivas (Plutão) e desenvolve uma fórmula original (Urano) de proteger (Câncer) os fracos e oprimidos. Séculos mais tarde, noutra conjunção Urano-Plutão, veremos a mitificação da figura romântica de Che Guevara, morto em 1967 nas florestas da Bolívia e transformado em ícone instantâneo de toda uma geração. Apenas por curiosidade: Ernesto Guevara de la Serna, o “Che”, nascido em Rosario, Argentina, em 6 de junho de 1928, às 22h, tinha um Ascendente aquariano e um mapa onde oito planetas agrupam-se numa área pouco maior que um trígono, entre Áries e Leão. No centro deste grupo, uma conjunção Sol-Vênus em Gêmeos que recebe uma oposição de Saturno em Sagitário. Saturno exerce um papel proeminente, por ser o planeta mais elevado da carta e por corresponder ao papel de homem público e de “animal político” que sempre o caracterizou. A Lua em Capricórnio reforça tal indicação, pois sua posição em Capricórnio torna-a administradora e empreendedora; pelo posicionamento na 12 em quadratura com Júpiter, regente da 11, é também uma Lua que se sente à vontade em atividades clandestinas em prol de um ideal coletivo. Guevara manifestou sintomas de asma desde os dois anos de idade, sendo tal doença explicável por vários aspectos em seu mapa. Basta observar que os planetas em Gêmeos e todos os planetas com algum contato com a casa 3, além do próprio Mercúrio, significador natural do aparelho respiratório, encontram-se severamente tensionados. A saúde delicada do menino levou a família a mudar-se para uma cidade de clima mais saudável (Alta Gracia, perto de Cordoba), e a incentivá-lo a praticar uma série de esportes capazes de aumentar-lhe a resistência física. Guevara tornou-se jogador de rugby e motociclista, além de formar-se em medicina. Foi a paixão pela moto que levou-o a fazer uma rústica viagem por toda a cordilheira dos Andes, cortando diversos países. Nesta longa aventura, entrou em contato pela primeira vez com a rotina miserável das áreas rurais da América Latina e fez as primeiras amizades que iriam influenciá-lo a ingressar na militância política. O gosto pelas viagens está claro na configuração Sol-Vênus-Saturno no eixo Gêmeos-Sagitário. Guevara viaja por prazer (Vênus) e, ao mesmo tempo, ao deixar para trás as raízes domésticas (casa 4), recebe um duro “choque de realidade” (Saturno na 10) que afeta profundamente sua consciência (Sol). A partir daí, Guevara redirecionará o melhor de suas energias para a luta revolucionária.

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Depois de períodos na Bolívia e na América Central (Guatemala, especialmente), acaba envolvendo-se na guerrilha cubana que pretendia derrubar o corrupto regime de Fulgencio Batista, ditador apoiado pelos Estados Unidos. Torna-se amigo pessoal de Fidel Castro e desempenha um importante papel na revolução armada. Em 2 de janeiro de 1959, as forças de Castro apoderam-se de Havana e instalam um regime marxista. No novo governo, Guevara, que assumira a cidadania cubana, exerce as mais altas funções, como a direção do Banco Nacional de Cuba, do ministério da Indústria e do Instituto Nacional de Reforma Agrária. Em abril de 1965 Guevara desaparece da vida pública. Nos dois anos seguintes seus movimentos seriam sempre secretos. Soube-se depois que estivera no Congo, apoiando as tropas de Patrice Lumumba na guerra civil local, e que, em 1966, viajou incógnito para a Bolívia para liderar um grupo guerrilheiro na região de Santa Cruz de la Sierra. Em 8 de outubro de 1967 o grupo foi aniquilado por tropas especiais do exército. Guevara foi ferido, capturado e, logo depois, morto a tiros. O período em que Guevara permanece incógnito corresponde à formação da conjunção Urano-Plutão em Virgem, em quadratura com todos os três planetas de sua oposição no eixo Gêmeos-Sagitário (a conjunção exata acontece em 17°11’ de Virgem, em 9 de outubro de 1965). Sob o impacto deste poderoso trânsito, Guevara troca a segurança de um alto posto na hierarquia cubana pelo risco do combate em selvas congolesas e bolivianas. É uma atitude radical, coerente com sua proposta também radical de lutar contra qualquer forma de imperialismo. Saturno em trânsito em Peixes fechava oposição a Urano-Plutão e entrava em órbita de quadratura com o Saturno natal do guerrilheiro. Na data de sua morte, este Saturno já estará sobre Urano natal em Áries, enquanto Lua e Marte em Sagitário ativam Saturno natal. A adesão de Guevara a um modelo romântico e extremado de confronto direto com o imperialismo – romântico por ser uma luta de Davi contra Golias, com poucas chances de sucesso – é, pois, fruto de uma ativação pluto-uraniana de sua carta natal. Neste sentido, Guevara incorpora o componente de rebeldia sempre presente neste ciclo, juntando seu nome ao de uma longa galeria de heróis e anti-heróis reais ou fictícios, que começa em Robin Hood e passa pelo Dom Quixote de Cervantes, a combater moinhos de vento, e pelos bandeirantes paulistas que tentam deter a onda inexorável da chegada dos forasteiros aos veios de ouro de Minas Gerais, na Guerra dos Emboabas. Todos os heróis Urano-Plutão atemorizam e fascinam. São vistos como loucos, como perigosos, são rejeitados e ao mesmo tempo mitificados. Cada novo ciclo tem o seu, ou os seus. No Brasil de 1850, o Barão de Mauá foi um deles. Morreria pobre e desacreditado, depois de semear indústrias e ferrovias e ousar o confronto com os poderosos interesses das companhias inglesas. Ernesto “Che” Guevara virou tema de posters que já estiveram nos quartos de quase todos os adolescentes da América Latina. Sob a foto em pose heróica, a famosa frase: “Há que endurecer, mas sem jamais perder a ternura.” É o próprio eixo articulador de sua carta, a oposição de Saturno (o endurecimento) a Vênus (a ternura) ativada pela poderosa injeção de adrenalina do último ciclo Urano-Plutão.

Teste de Verificação 1 – As conjunções Urano-Plutão em signos de Fogo podem ser relacionadas com momentos importantes do processo de formação:

a) Do Feudalismo, com a progressiva ascensão da nobreza. b) Do Feudalismo, com a progressiva afirmação do clero católico. c) Do Capitalismo, com a progressiva ascensão da burguesia.

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d) Do Socialismo, com a progressiva afirmação de uma sociedade sem classes. 2 – Apenas uma das alternativas abaixo não corresponde a processos típicos da última conjunção Urano-Plutão, ocorrida em Virgem nos anos 60. Assinale-a:

a) Surgimento de regimes autoritários em diversos países da África, Ásia e América Latina. b) Significativos avanços tecnológicos, especialmente em áreas como a eletrônica e a

indústria aeroespacial. c) Distensão política internacional, com a redução de conflitos de ordem econômica ou

ideológica e o fim da “guerra fria”. d) Turbulência social, com surgimento de movimentos radicais e acirramento de conflitos

étnicos ou ideológicos. 3 – Sobre os ciclos Urano-Plutão, é falsa a seguinte afirmação:

a) Cada novo ciclo é iniciado por uma nova conjunção Urano-Plutão. b) No último milênio, a maioria das conjunções Urano-Plutão ocorreu em signos de Água. c) Os desdobramentos daquilo que se inicia sob uma conjunção Urano-Plutão tendem a

estender-se até que ocorra uma nova conjunção, mais de um século depois. d) A tendência das conjunções Urano-Plutão é ocorrerem alternadamente em dois signos do

mesmo elemento durante um longo período. 4 – Como o ciclo Urano-Plutão lembra muito a natureza do trígono, em função da repetição do elemento em que ocorrem as conjunções, cada ciclo tende a:

a) Significar uma completa ruptura com os processos iniciados no ciclo anterior, pois esta é a dinâmica do trígono.

b) Reiterar, radicalizar e aprofundar processos já iniciados em ciclos anteriores no mesmo elemento.

c) Suavizar e resolver conflitos iniciados em ciclos anteriores no mesmo elemento. d) Trazer para o primeiro plano uma nova forma de organização da produção e uma nova

classe social hegemônica, numa seqüência descontínua. 5 – A mitificação de heróis populares, como Robin Hood e Che Guevara, expressa:

a) Uma personificação idealizada das tendências dominantes em cada novo ciclo Urano-Plutão, quais sejam, o avanço tecnológico, o cientificismo, o imperialismo e a concentração do poder econômico.

b) O espírito romântico que domina cada novo início de ciclo Urano-Plutão, onde predominam os valores da fé, da imaginação e da religiosidade.

c) Uma forma de resistência romântica e rebelde à impessoalidade e à violência dos processos de concentração de renda e de avanço tecnológico que caracterizam as conjunções Urano-Plutão.

d) A valorização da pobreza e do desapego, que são características dominantes de cada início de ciclo Urano-Plutão.

6 – Assinale a única alternativa que não corresponde ao clima típico dos acontecimentos demarcados pelas conjunções Urano-Plutão em signos de Fogo:

a) Mudanças significativas no âmbito tecnológico e avanços nos meios de produção. b) Desaceleração do crescimento econômico e restauração de valores ideológicos de fases

anteriores. São épocas de pouca atividade econômica, mas de paz social.

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c) Radicalização de conflitos entre classes sociais ou grupos diferenciados cultural ou ideologicamente. Sob estas conjunções, não há muito lugar para conciliação.

d) Momentos importantes no processo de afirmação do capitalismo e da sociedade burguesa. 7 – Se consideramos as conjunções Urano-Plutão ao longo do período 1090-1850, observaremos um fenômeno curioso: calculando o ponto médio de cada par de conjunções, ou seja, o ponto intermediário entre os graus em que caiu uma determinada conjunção e a conjunção imediatamente posterior, veremos que este ponto médio cai invariavelmente no signo de Gêmeos, formando um eixo com o ponto oposto, em Sagitário. Todas as opções a seguir relacionam, nos dois ciclos já analisados (aqueles iniciados em 1090 e 1201), processos e acontecimentos nitidamente identificados com Gêmeos-Sagitário, com exceção de uma. Aponte-a:

a) Choque de culturas (cristãos e muçulmanos) e a guerra motivada por questões religiosas. b) Renascimento comercial e urbano. c) Advento da Carta Magna na Inglaterra, antecipando os futuros regimes constitucionais. d) Fortalecimento do poder monárquico.

8 – Tanto a tomada de Jerusalém quanto o próprio início das cruzadas aconteceram no âmbito de dois diferentes ciclos: o de Urano-Plutão em Áries (conjunção de 1090) e o de Saturno-Plutão em Peixes (conjunção em 1083, por volta de 25º de Peixes). Ocorre que o ciclo Saturno-Plutão é bem mais curto. Este de 1083, por exemplo, durou exatos 32 anos, até a ocorrência de nova conjunção, desta vez em Áries, em 1115. Coincidentemente, as cruzadas com maior poder de mobilização popular foram as primeiras, acontecidas ainda na vigência do ciclo Plutão-Saturno em Peixes. Das alternativas abaixo, aponte aquela que identifica elementos piscianos na ideologia das Cruzadas:

a) O componente místico e sacrificial do comportamento de muitos cruzados e o caráter internacional do movimento, que reuniu cristãos de toda parte, independentemente de fronteiras.

b) O fato de terem sido as Cruzadas iniciadas a partir de uma convocação do Papa, chefe máximo da Cristandade.

c) A mobilização de grandes massas humanas e a natureza militar e aventureira do movimento.

d) A rejeição mútua entre cristãos e muçulmanos, que não lograram um modelo de convivência que permitisse o surgimento de uma civilização híbrida, com elementos das duas culturas e das duas religiões.

Exercícios de Aplicação

Estes exercícios dependem da leitura dos três pequenos textos seguintes. Os textos, aliás, valem por si só, pois permitem, com testemunhos de época, compreender o espírito das cruzadas e, por conseqüência, do ciclo Urano-Plutão em Áries. A tomada de Jerusalém descrita por um cronista da época

"Em 7 de junho os francos4 sitiaram Jerusalém. (...) A metade inferior da muralha é de sólida alvenaria, de pedras quadradas e argamassa, seladas com chumbo fundido. Tão forte é a muralha que, se 15 ou vinte homens estiverem bem equipados com provisões, não seriam submetidos por nenhum exército (...). Quando os francos viram como seria difícil tomar a cidade, seus chefes ordenaram

4 Francos: franceses.

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construir escadas, esperando que com um vigoroso assalto poderia ser possível superar os muros e assim tomar a cidade, com a ajuda de Deus. Desse modo, quando as escadas ficaram prontas, com as primeiras luzes do novo dia, os chefes ordenaram o ataque, e, ao soar das trombetas, se lançou um esplêndido assalta por todos os lados. O ataque durou até a sexta hora, porém se fez evidente que a cidade não poderia ser tomada com as escadas, que eram poucos, e, tristemente, detivemos o ataque. (...) No dia seguinte, a tarefa começou outra vez ao soar das trombetas (...) os aríetes, com seu contínuo golpear, abriram uma brecha numa parte da muralha. Os sarracenos puseram dois troncos diante da abertura, amarrando-s com cordas, e, empilhando pedras atrás, puseram um obstáculo aos aríetes. No entanto, os que eles fizeram para sua proteção se converteu, graças á Divina Providência, na causa de sua própria destruição. Porque, quando as torres se aproximaram o máximo possível da muralha, as cordas que amarravam os troncos foram cortadas, e com elas os francos construíram uma ponte, que estenderam habilmente desde a torre até a muralha. Então uma das torres da muralha começou a arder, porque os homens que manejavam nossas máquinas [de assédio] haviam lançado tochas sobre ela até que as vigas de madeira se incendiaram. As chamas e a fumaça chegaram a ser tão grandes que nenhum dos defensores daquela parte da muralha era capaz de permanecer em seu lugar. Ao meio-dia de sexta-feira, com as trombetas soando e aos gritos de "Deus nos ajude!", os francos entraram na cidade. Quando os pagãos viram um de nossos estandartes sobre a muralha, ficam completamente desmoralizados, sua anterior intrepidez se desvaneceu e empreenderam a retirada através das estreitas ruas da cidade (...). (...) Uma grande luta teve lugar nos pátios e pórticos dos templos, de onde eles eram incapazes de escapar de nossos gladiadores. Muitos subiram ao teto do templo de Salomão, e ali foram flechados, caindo mortos ao solo. Nesse templo foram mortos quase 10.000. Com efeito, se pudesses estar ali, teria visto nossos pés cobertos até o tornozelo com o sangue dos mortos. Porém, que mais devo contar? Nenhum deles ficou vivo: nenhuma mulher ou criança foi perdoado. Finalizada a matança, os cruzados entraram nas casas para colher tudo o que nelas havia. (...) Assim, muitos que eram pobres se fizeram ricos. Depois todos, clérigos e laicos, se dirigiram ao Sepulcro do Senhor e a seu Glorioso templo entoando novenas. Com a devida humildade, recitaram orações e fizeram suas oferendas nos santos lugares que haviam desejado desde há muito tempo (...). Foi no ano de nosso Senhor de 1099 quando o povo gaulês tomou a cidade, Foi a 15 de julho quando os francos se assenhorearam da cidade. Foi no (...) ano 285 desde a morte de Carlos Magno e no duodécimo ano depois da morte de Guilherme I da Inglaterra."

Fulk de Chartres, cronista franco (1059-1127) A tomada de Jerusalém descrita por um arcebispo

"Era impossível olhar o grande número de mortos sem horrorizar-se; por todos os lados havia fragmentos tirados de corpos humanos, e até mesmo o piso estava coberto de sangue dos mortos. Não eram somente o espetáculo de corpos sem cabeça e extremidades mutiladas jogadas em todas as direções que inspirava terror a todos que olhavam; mais horripilante ainda era ver os vitoriosos banhados de sangue do pé à cabeça, uma onipotente

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estampa que inspirava o terror a todos que os viam. Dentro do Templo morreram cerca de 10.000 infiéis."

Arcebispo de Tiro, testemunha ocular. A Cruzada contra os cátaros

Em 20 de julho de 1209 o exército cruzado está diante das muralhas de Beziers. (...) Em 22 de julho, um grupo de defensores não se contém e faz uma saída em pleno dia para enfrentar o inimigo cara-a-cara. Frente a isso, o chefe dos cruzados inicia um ataque. Os de Beziers, surpreendidos, se retiram, mas os cruzados que os perseguem chegam a uma das portas da cidade e dela se apoderam. Ante tão inesperada vantagem, os cruzados assaltam em massa. A situação dos sitiados torna-se desesperadora: a população busca refúgio nas igrejas, e os sacerdotes fazem repicar os sinos e vestem seus ornamentos. Ao ser perguntado por seus soldados como distinguir os cátaros dos católicos, Arnaud Amalric responde: "Matem a todos; Deus reconhecerá os seus!" Assim todos os habitantes de Beziers foram mortos sem piedade e sem exceção: homens, mulheres, crianças, e sacerdotes nas igrejas e ao pé dos altares. Beziers tinha então 20.000 habitantes e sua população havia crescido com a chegada muitos camponeses que, com sua família e gado, buscavam refugiar da guerra atrás das muralhas. Após a matança, Arnaud Amalric, abade geral da Ordem Cisterciense, escreveu imediatamente ao Papa: "Os nossos, sem perdoar classe, sexo nem idade, passaram em armas a vinte mil pessoas. Depois da enorme matança de inimigos, toda a cidade foi saqueada e queimada: a vingança de Deus foi admirável".5

(do site Clio História - http://www.cliohistoria.hpg.ig.com.br) Agora, as questões: 1 – É difícil, além de um tanto artificial, separar, numa configuração astrológica complexa, fatores que sejam significadores específicos deste ou daquele aspecto da realidade. Mesmo assim, e apenas para efeito didático, tente identificar, nas frases abaixo, todas pinçadas dos textos, o que corresponde a cada um dos fatores envolvidos na conjunção Urano-Plutão em Áries. Para exemplificar, a primeira citação já está com sua correspondência astrológica identificada. CITAÇÃO DO TEXTO Urano Plutão Áries “O espetáculo de corpos sem cabeça e extremidades mutiladas jogadas em todas as direções que inspirava terror a todos que olhavam.”

X

“Os vitoriosos banhados de sangue do pé à cabeça.” “Nenhum deles ficou vivo: nenhuma mulher ou criança foi perdoado.”

5 Observe que os fatos relatados neste trecho referem-se a uma cruzada contra o grupo heréticos dos cátaros, no sul da França, em 1209, e não às cruzadas iniciais, contra os turcos muçulmanos que ocupavam a Palestina. A cruzada contra os cátaros já acontece sob uma nova conjunção Urano-Plutão, a de 1201, no último grau de Câncer. Contudo, todas as cruzadas, até a última, sempre guardarão um vínculo astrológico com o ponto de partida do movimento, que se dá no âmbito do primeiro ciclo Urano-Plutão em Áries. É interessante observar – e veremos isso na próxima lição – que a conjunção de 1201 em Câncer desvia o foco das Cruzadas para combates entre diferentes comunidades cristãs. A Cristandade lutando entre si, sem “sair de casa”, é um simbolismo adequado para a turbulência da conjunção Urano-Plutão no signo das raízes domésticas.

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“Os aríetes, com seu contínuo golpear, abriram uma brecha numa parte da muralha.”

“Um grupo de defensores não se contém e faz uma saída em pleno dia para enfrentar o inimigo cara-a-cara.”

“No entanto, os que eles fizeram para sua proteção se converteu, graças á Divina Providência, na causa de sua própria destruição.”

2 – Em 15 de julho de 1099, quando Jerusalém foi tomada aos muçulmanos pelos cruzados francos (franceses), Urano e Plutão já não estavam em conjunção. Urano estava em 11º de Touro, em semi-sextil com Plutão em 11º de Áries. Plutão está em oposição a Saturno em Libra e em quadratura com Marte em Câncer. Abaixo, seguem-se algumas afirmativas. Ao lado de cada uma, assinale certo ou errado: AFIRMATIVAS Certo ErradoOs episódios descritos no texto já não podem ser associados ao ciclo Urano-Plutão, pois, no momento em que ocorrem, os dois planetas já não se encontravam mais em órbita de conjunção. Não se encontravam sequer no mesmo signo.

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O aspecto de oposição Plutão-Saturno, do dia da tomada de Jerusalém, é o mesmo, por exemplo, do mapa da destruição do World Trade Center por um ataque terrorista, em 2001, e do subseqüente ataque americano ao Afeganistão. Confrontos violentos são uma das possibilidades deste contato planetário, especialmente envolvendo forças atacantes extremamente agressivas (Plutão) que rompem ou destroem defesas adversárias (Saturno).

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O episódio da tomada de Jerusalém pelos cristãos pode ser analisado astrologicamente como um evento isolado. Neste caso, o aspecto mais importante a considerar é a quadratura T entre Plutão, Saturno e Marte, e não o ciclo Urano-Plutão.

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Se analisarmos o mapa da tomada de Jerusalém como um evento isolado, teremos nesta carta informações valiosas que permitirão contextualizar todo o processo histórico das cruzadas. Tal resultado será obtido mesmo que não comparemos a carta do evento com nenhuma outra carta, nem consideremos os ciclos astrológicos correntes.

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A carta de um evento isolado, como a da tomada de Jerusalém, tende a apresentar um efeito de ressonância com outras cartas de processos históricos ao qual o evento histórico está conectado. Os processos micro guardam analogia com os processos macro.

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Mapas complementares: guevara.gif – Ernesto “Che” Guevara – 06.06.1928, 22h – Rosário, Argentina. 32s57, 60w40 (+4:00). cruzadas.gif – Cruzadas, anúncio de sua realização por Urbano II – carta solar, sem indicação de casas – 27.11.1095, Clermont, França. 49n23, 02e24. Jerusalem.gif – Tomada de Jerusalém pela primeira cruzada – 15.07.1099, 12h – Jerusalém.

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Manda Chuva
Note
Ernesto “Che” Guevara – 06.06.1928, 22h – Rosário, Argentina. 32s57, 60w40 (+4:00).
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Manda Chuva
Note
ICruzadas, anúncio de sua realização por Urbano II – carta solar, sem indicação de casas – 27.11.1095, Clermont, França. 49n23, 02e24.
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Manda Chuva
Note
Tomada de Jerusalém pela primeira cruzada – 15.07.1099, 12h – Jerusalém.
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CURSO DE FORMAÇÃO EM ASTROLOGIA

ASTROLETIVA – Terra do Juremá Comunicação Ltda.

Nível: Especialização – Curso: Astrologia Mundial – Eras e Ciclos Planetários 2 – Lição: 02 Texto: Fernando Fernandes

Ainda a conjunção Urano-Plutão de 1201

Surge o Santo Ofício Outro processo que faz parte do ciclo iniciado em 1201 é o da implantação do tribunal do Santo Ofício – a famigerada Inquisição. As heresias, que sempre existiram desde que a Igreja estabeleceu seus dogmas, haviam tomado um vulto quase incontrolável na segunda metade do século XII. O foco principal de problemas era a região do Languedoc, no sul da França, onde os cátaros ou albigenses haviam constituído comunidades autônomas, que não mais reconheciam a autoridade nem de Roma nem do rei de França. O catarismo era uma tentativa de retorno à pureza do Cristianismo primitivo, se bem que suas concepções teológicas possam ser melhor classificadas como uma forma de neomaniqueísmo, comportando a crença na coexistência e no confronto permanente do bem e do mal. Neste sentido, lembra o zoroastrismo persa e outras formulações religiosas orientais. Tal concepção dialética remete, aliás, à tônica libriana da sétima fase da era de Peixes, iniciada em 1069. Os albigenses foram identificados de imediato como um risco à ortodoxia católica. Contra eles levantaram-se o Papado e a realeza. Parte da energia beligerante das cruzadas foi desviada para o sul da França, onde terríveis carnificinas tiveram lugar nas últimas décadas do século XII e primeiras do século XIII. Além da histeria religiosa, estavam em jogo as velhas diferenças culturais entre o norte da França (onde estava Paris) e o sul, onde, inclusive, falava-se um dialeto local, a Langue d’Oc, e também o interesse territorial dos nobres do norte na ocupação das terras que pretendiam confiscar na região conflagrada. A cobiça foi o motor da cruzada contra os albigenses, um dos genocídios mais selvagens da história medieval. A existência de uma heresia tão difundida exigia da Igreja a institucionalização de instrumentos de repressão. Nobres católicos já vinham queimando albigenses por conta própria, e procedimentos de tortura eram comuns tanto nas prisões seculares quanto nas eclesiásticas. A Inquisição não chega a ser exatamente uma novidade, constituindo em essência uma regulamentação e institucionalização das práticas já existentes:

O estabelecimento da Inquisição será o produto de uma longa evolução feita de hesitações, de acessos de cólera, de receios. Regra geral, todavia, é ao tratado de Paris de 1229 que se atribui a origem desta instituição, conseqüência normal das decisões anteriores.1

Entre tais decisões pode ser lembrada uma Constituição proclamada no concílio de Verona, em 4 de novembro de 1184, cujo texto decretava:

1 TESTAS, G. & TESTAS, J. A Inquisição. SP, Difel, 1968.

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(...) os habitantes fariam juramento de denunciar ao bispo toda e qualquer pessoa suspeita de heresia; (...) os bispos visitariam em pessoa, duas vezes por ano, as cidades e aldeias de sua diocese, a fim de descobrir os heréticos (...).2

A idéia já estava esboçada, mas não ainda os meios. Tanto que, como informam Guy e Jean Testas:

Até a eleição de Inocêncio III, em 1198, Roma contentar-se-á em lamentar o perigo cátaro, sem que por isso tome medidas eficazes. Em 1200, reúne-se um concílio em Avignon onde se decide que em cada paróquia será constituída uma comissão composta por um padre e dois ou três laicos íntegros, que prometeriam, em juramento, denunciar todos os que passassem à heresia, os que ajudassem os heréticos ou os escondessem.3

Já é, portanto, o delineamento das principais ferramentas de que se valerá o Santo Ofício: a denúncia, o cerco permanente à heresia e o envolvimento da inteira comunidade de fiéis no processo de preservação da fé. Em pouco tempo, todo cristão estaria transformado num informante, obrigado a vigiar e a denunciar vizinhos e parentes sob pena de tornar-se, ele também, um suspeito. Serão séculos de terrorismo religioso e de asfixia das consciências. O simbolismo de Urano-Plutão em Câncer novamente parece-nos adequado para lançar luz sobre este momento. É a Igreja fazendo um movimento de autoproteção (Câncer), de preservação de sua ortodoxia, e utilizando para isso o plutoniano recurso do controle ostensivo. Como em todos os inícios de ciclo Urano-Plutão, a temperatura social se eleva e a radicalização se acentua. Num primeiro momento, a Inquisição volta-se apenas contra os hereges, aí entendidos aqueles que deliberadamente contestavam os dogmas da religião oficial. O herege não é um não-cristão, mas um cristão que se afasta da ortodoxia.4 Assim, os judeus que se conservavam fiéis ao judaísmo estavam – pelo menos em tese – livres da perseguição do Santo Ofício. Da mesma forma, a feitiçaria também não desperta a atenção inicial da Igreja, que mantém frente a magos, adivinhos e feiticeiras uma postura razoavelmente tolerante até o século XIV. O objetivo da ação inquisitorial é claro: punir o herege, aquele que é inimigo aberto da religião, o que traduz, portanto, um clima libriano, típico da sétima fase da era. É o início da fase Escorpião, em 1248, que sinaliza um endurecimento no perfil do Santo Ofício. Até então, a Igreja evitara institucionalizar a tortura como recurso habitual nos interrogatórios (se bem que esta fosse praticada extra-oficialmente). Mas em 15 de maio de 1252, através da bula Ad Extirpanda, o papa Inocêncio IV autoriza-a formalmente, decisão que será ratificada por seus sucessores. A partir daí, o uso da polé, da roda, das tenazes e da asfixia pela água torna-se cada vez mais sofisticado, a ponto de merecer minuciosa regulamentação. Mais adiante, será a vez da feitiçaria entrar oficialmente no rol das preocupações dos inquisidores. A este propósito, o papa João XXII determina, em 1320, que os inquisidores persigam os acusados de crimes tais como “bruxarias, pactos diabólicos e profanação de sacramentos”. A Europa mergulha, então, numa verdadeira onda demonomaníaca, que se estenderá por toda a fase Escorpião e terá seu auge na fase Sagitário, já nos séculos XV e XVI. E os judeus também perdem sua relativa imunidade a partir da Peste Negra, quando são acusados de “envenenarem as águas”, provocando a doença. Por toda parte ocorrem pogroms5. Esta onda de exacerbação do anti-semitismo e do terror às feiticeiras

2 Idem. 3 Ibidem. 4 A expressão herege vem do grego hairetikós, com o significado de faccioso ou sectário, e chegou à forma atual depois de passar pelo latim haereticu e pelo provençal antigo eretge. O provençal era exatamente a língua falado pelos albigenses. 5 Pogrom – Perseguição a judeus, normalmente com assassinatos em massa e confisco de bens. Os pogroms eram facilitados pelo fato de que os judeus, na maior parte da Europa, viviam em bairros segregados. Em Lisboa, por exemplo, este bairro chamava-se Judiaria, de onde veio o termo judiar.

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corresponde não apenas à fase Escorpião da era de Peixes, mas também ao ciclo Urano-Netuno em Escorpião. Era natural, portanto, que os conteúdos deste signo e de sua correspondente casa 8 estivessem em evidência. Digno de nota é o fato de que mesmo os mais encarniçados perseguidores de bruxas também estivessem envolvidos com o demônio. O próprio papa João XXII, por exemplo, era astrólogo e interessado em assuntos de magia, contando-se que acumulara imensa fortuna e subira ao trono pontifício em virtude de “pactos diabólicos” que estabelecera com entidades infernais. Outro sintoma do endurecimento é que, até 1264, o inquisidor estava proibido de assistir à tortura, já que fazê-lo seria incidir numa irregularidade canônica. A partir daquele ano, o papa Urbano IV não apenas autoriza os juízes inquisitoriais a presidirem as sessões de tortura, mas estimula-os também a aplicá-las pessoalmente. Contudo, e apesar do rigor, a atuação do Santo Ofício arrefece aos poucos a partir do final do século XIV e do início do século XV, até mesmo em função da desmoralização do papado, cada vez mais submetido a interesses temporais e cindido internamente em várias facções rivais que disputam o poder. Uma Inquisição renovada irá estabelecer-se, contudo, no final do século XV, já na fase sagitariana da era de Peixes e em estreita relação com o início do ciclo Urano-Netuno de 1478, no último grau de Escorpião. Sendo Sagitário o signo da fé, da instituição religiosa e do próprio papado, o advento de uma época com a marca Escorpião-Sagitário teria de corresponder a uma renovação da energia inquisitorial, mas já com um caráter diverso daquele das fases precedentes. A decadência da Inquisição acontece apenas no século XVII, período de forte pragmatismo em que a era de Peixes passa a viver sua fase capricorniana. De uma forma geral, é uma época de enfraquecimento do poder da Igreja. Mais e mais, os Estados querem ter o controle de seus negócios internos, e a presença de um tribunal eclesiástico com poderes supranacionais entrava em choque com tal proposta. Em alguns países a Inquisição é simplesmente proibida, enquanto em outros tem suas atividades sensivelmente atenuadas. Uma mudança que bem expressa os novos tempos é a introdução do conceito de que a punição não deveria ser aplicada pelo simples desvio de consciência, mas pela prática de crime que configurasse um fato material previsto na legislação civil de cada país. Com exceção da Espanha, onde o Santo Ofício ainda teria uma sobrevida, a figura soturna do inquisidor deixa de pairar sobre a comunidade cristã como uma permanente ameaça.

Um golpe mortal em Bizâncio

Ao mesmo tempo em que combatem heresias domésticas, as lideranças cristãs lançam os olhos também para o rico Império Bizantino, localizado estrategicamente na passagem das rotas comerciais do Ocidente para o Oriente. Bizâncio6 era ainda nesta época a maior cidade do mundo conhecido. Com aproximadamente um milhão de habitantes, constituía um entroncamento de caminhos terrestres e marítimos para onde afluíam mercadores de toda parte. Nos limites da cidade era possível encontrar bairros inteiros ocupados por armênios, genoveses, venezianos, pisanos, enfim, representantes de todos os povos que faziam do comércio internacional sua fonte principal de riqueza. A localização de Bizâncio não poderia ser mais privilegiada: levantada junto ao Bósforo, estreito que une as águas do Mediterrâneo ao mar Negro, era passagem obrigatória de qualquer embarcação que, partindo da Europa, quisesse alcançar os portos que davam acesso à Rússia, à Pérsia e à

6 O nome da cidade para os romanos era Constantinopla, em referência ao imperador Constantino.

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famosa rota da seda, que, avançando pelas estepes e cordilheiras da Ásia Central, alcançava a China e toda sua produção de mercadorias de luxo. A base da formação do Império Bizantino foram as antigas províncias orientais do Império Romano, em territórios onde antes estendiam-se os reinos helenísticos. Era uma região onde predominavam a língua e a cultura gregas, sobre as quais levantou-se durante alguns séculos uma capa de cultura latina. Com a queda de Roma, a parte oriental do império prosseguiu sua existência autônoma. As instituições romanas ainda estiveram bem vivas até o século VI, quando ocorre o reinado de Justiniano, que tenta, inclusive, reconstituir o poder imperial em terras do ocidente. É da época de Justiniano, por exemplo, a mais monumental das compilações do Direito Romano, o Corpus Juris Civilis. Contudo, o surgimento do Islamismo e a expansão árabe obrigaram os “romanos do Oriente” a voltarem-se para sua própria defesa, ameaçada pelas agressões muçulmanas. Bizâncio abandona aos poucos o verniz de cultura latina e reassume com força cada vez maior suas origens gregas, seja na língua, seja nos costumes e práticas sociais. Por outro lado, Bizâncio avança sobre territórios eslavos, estabelecendo áreas de influência em torno do mar Negro e junto ao novo reino da Bulgária. Tantos os búlgaros quanto os russos serão convertidos ao cristianismo por missionários bizantinos. As diferenças acentuam-se de forma tal que, com o passar dos séculos, bizantinos e ocidentais tenderão a ver-se uns aos outros com uma sensação de estranhamento e de crescente desconfiança. Um dos pontos mais controversos na relação com o ocidente dizia respeito à religião, onde parecia pouco estimulante para o clero e para os imperadores bizantinos (os chamados basileus) submeter-se à autoridade do Papa. No aspecto cultural, os bizantinos preservam, ao longo da primeira fase da Idade Média, um nível de refinamento muito superior ao dos povos latinos, a quem consideram pouco mais do que bárbaros; do ponto de vista político, disputam o papel de liderança na Cristandade; já no aspecto econômico, ressentem-se da drenagem de impostos eclesiásticos promovida pelo papa romano, situação que levará a uma série de querelas que culminarão com o rompimento definitivo entre as duas igrejas, em 1054. Não obstante, quando os turcos convertidos ao islamismo irrompem no Oriente Médio e na Ásia Menor e começam a conquistar um a um os territórios árabes e bizantinos, Bizâncio deixa de lado a velha rivalidade e apela para a ajuda militar do Ocidente, utilizando o argumento de que a defesa da Cristandade era uma causa comum, acima dos eventuais conflitos de interesse. Tal argumento, aliás, é devidamente explorado pelo papa Urbano II, quando da convocação da primeira cruzada. Quando os exércitos do ocidente se põem em marcha, partem com a certeza de que encontrarão em Bizâncio o apoio logístico necessário durante a travessia para a Terra Santa. Contudo, a colaboração logo se transforma em novas fontes de atrito. Os bizantinos, que sempre haviam tido dos povos latinos uma impressão de selvageria, transformam esta impressão em certeza ao ter contato de perto com os rudes barões que comandavam as tropas a serviço do papado. Estas, por sua vez, ao transitarem pelas ricas cidades bizantinas, têm sua cobiça despertada pela abundância de recursos à disposição, recursos que constituíam, aliás, uma presa muito mais fácil do que as terras em mãos dos turcos. Os mercadores e armadores de navios que financiam as cruzadas também têm seus interesses em Bizâncio, onde querem obter maiores privilégios para suas representações comerciais – e, de preferência, sem restrições legais e sem impostos. Os atritos vão num crescendo até que, num desvio absolutamente injustificável do ponto de vista da ideologia do movimento, a quarta cruzada é direcionada não mais para o combate aos turcos, e sim para a conquista do próprio Império Bizantino. Em 1204, Constantinopla cai diante das tropas ocidentais – especialmente francesas – e instala-se na velha metrópole um Império Latino do

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Oriente que durará quase um século. O basileu e a elite bizantina são obrigados a buscar refúgio mais para o interior, transferindo provisoriamente a sede do governo para Edessa, no centro da Ásia Menor. A fase de ocupação latina em Bizâncio coincide com o ciclo da conjunção Urano-Plutão em Câncer de 1201, sendo que a cruzada que lhe dá origem inicia-se exatamente quando a conjunção ainda está presente nos céus. Esta ocupação é um golpe mortal para o Império, na medida em que o enfraquece em duas frentes e facilita o desmembramento territorial. Quando Bizâncio restaurar sua unidade e o basileu voltar para a Constantinopla, o império, reduzido apenas a uma extensão de terra equivalente ao atual território da Grécia e a uma parte da Turquia, terá uma sobrevida de um século e meio, acossado pela proximidade cada vez maior das tropas turcas e debilitado pela perda de importantes fontes de suprimento e de rotas comerciais. Se lembrarmos que Bizâncio levantara-se como potência com identidade própria no século VI, mais ou menos um século após a derrocada final do Império Romano de que fazia parte, verificaremos que a projeção de Bizâncio no cenário internacional dera-se durante a fase Câncer da era de Peixes7. Agora, quase 700 anos depois, o império fragmentava-se em plena fase Libra, iniciada em 1069, e também na vigência de um ciclo Urano-Plutão em Câncer e um ciclo Urano-Netuno em Libra (iniciado em 1136). A fase Câncer tem um sentido de casa 4 na era de Peixes, mas de casa 1 especificamente no que tange ao Império Bizantino. A fase Libra tem um sentido de casa 7 na história da Cristandade, mas de casa 4 para Bizâncio. Passara-se um quarto da era de Peixes, uma quadratura, portanto. E o ciclo que define o início do ocaso bizantino é o da conjunção Urano-Plutão no último grau de Câncer, indicando um choque de desestabilização naquilo que constituía o cerne da identidade bizantina. A capital controlada por “bárbaros” católicos, o basileu refugiado numa província do interior, o clima turbulento das cruzadas trazendo a desorganização da estrutura política e do poderio econômico de Bizâncio – tudo isso remete claramente ao sentido simbólico de uma ativação pluto-uraniana no Ascendente.

O ciclo de 1343

Os anos de horror A conjunção Urano-Plutão seguinte acontece em 1343, em 11°29’ de Áries. O acontecimento marcante do período não poderia ser mais significativo. É a chegada da Peste Negra à Europa, conforme já afirmamos em artigo anterior:

A sociedade medieval vinha sendo até então uma sociedade de classes fechadas, com oportunidades de mobilidade e ascensão quase inexistentes. As diferenciações entre nobres, clérigos e camponeses, justificadas pela ideologia religiosa, constituíam barreiras intransponíveis que contribuíam para manter a imutabilidade do status quo. O renascimento do comércio e da vida urbana, por volta do século XI, assim como a crescente importância da burguesia e o surgimento de movimentos heréticos, não haviam sido ainda suficientes para provocar fissuras realmente importantes nesta estrutura. Com a peste negra, ocorre uma desorganização da vida social numa escala sem precedentes. Nas regiões atingidas, o incontável número de mortes despovoa campos e cidades, e o terror da contaminação provoca a debandada da população remanescente. É um verdadeiro “salve-se quem puder”, que iguala no pânico sacerdotes e mercadores,

7 Na verdade, o surgimento do Império Bizantino – ainda como Império Romano do Oriente, com forte influência latina – remonta à fase Gêmeos, com a divisão da administração imperial entre duas capitais – Roma e Constantinopla – por Teodósio, em 395.

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camponeses e altos dignitários da nobreza. A peste é democrática: ceifa vidas em todas as classes, invade indiscriminadamente choupanas e mosteiros e destrói laços comunitários (...).8

Esta descrição está plenamente de acordo com o sentido de transformação violenta associado ao ciclo Urano-Plutão. A Peste Negra, ao matar algo estimado em um terço da população da Europa e ao desorganizar toda a vida social e produtiva, tem um drástico efeito de varredura, limpando o terreno para a implantação de novas estruturas. Um dado significativo, se bem que compreensível do ponto de vista epidemiológico, foi a ação seletiva da peste, que ceifou maior quantidade de vidas exatamente nas regiões mais atrasadas e reacionárias do continente. A razão está nas medidas de controle sanitário tomadas pelas municipalidades mais progressistas, as únicas que conseguiram compreender que havia um vínculo entre a higiene e a saúde pública e que perceberam, se bem que de forma incompleta, a relação existente entre os ratos e a contaminação. De qualquer forma, a peste foi um perfeito agente do terremoto pluto-uraniano, ao conseguir acelerar o que a aliança entre os reis e as cidades mercantis vinham obtendo com muita lentidão: o desmonte da sociedade feudal e seus arcaicos privilégios. Observe-se também que a peste está em sintonia com as Cruzadas, na medida em que foi a abertura de pontes de contato com o Oriente que abriu o caminho para os navios por onde chegaram os temíveis ratos negros. Assim, a conjunção Urano-Plutão em Áries de 1343 reverbera e amplia os processos iniciados com a mesma conjunção em Áries de 1090. Em ambas há como um violento vendaval que desaloja grupos sociais de seu espaço habitual e abre novos horizontes em meio a crises e turbulências.

A Guerra dos Cem Anos e Joana d’Arc Outro acontecimento que está em ressonância com este ciclo é o início da Guerra dos Cem Anos, entre França e Inglaterra. Na prática, a guerra durou um pouco mais, estendendo-se de 1337 (seis anos antes da conjunção exata) e encerrando-se apenas em 1453 (dois anos antes da conjunção seguinte). Seus limites confundem-se, assim, com os do próprio ciclo. Já vimos que na origem do conflito entre França e Inglaterra estava a dupla condição dos reis da dinastia plantageneta – originária da Normandia, no nordeste da França, diga-se de passagem – que, ao mesmo tempo em que ocupavam o trono inglês, eram detentores de enormes feudos na França, onde tinham o status de vassalos dos reis capetos9 e, posteriormente, dos reis da dinastia Valois10. Em 1328, com a morte do rei Carlos IV, o trono da França ficou sem um sucessor direto. Dois pretendentes apresentaram-se, sendo um deles o conde de Valois, neto de um rei anterior, Felipe III, e o outro Eduardo III da Inglaterra, primo de Carlos IV. Eduardo, além disso, era também o duque da Guiana (parte da Aquitânia, no sudoeste da França) e conde de Ponthieu, região próxima do canal do Mancha. Havia outros motivos, entretanto, sendo o principal deles a disputa franco-inglesa pelo controle da rica região comercial de Flandres. A nobreza francesa optou pelo conde de Valois, entronizado com o nome de VI. Este, ansioso por se livrar do risco plantageneta, confiscou em 1337 o ducado da Guiana, o que motivou imediata reação militar da Inglaterra. As hostilidades prosseguiram pelos 116 anos seguintes (a exata duração de um ciclo Urano-Plutão em sua versão mais longa), começando como uma típica guerra feudal e assumindo aos poucos o perfil de um combate entre dois Estados nacionais. Foi preciso 8 FERNANDES, Fernando & OCAMPO, Ana Teresa. Peste Negra: o apocalipse do século XIV. In: Constelar n° 5, novembro/98. 9 Reis capetos – da dinastia capetíngia, que ocupou o trono da França a partir do século X. 10 Dinastia dos Valois – dinastia que sucede a dos capetíngios na França após a morte, sem herdeiros diretos, do último filho de Felipe, o Belo. Os Valois eram um ramo lateral da família capeto.

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que a França se reduzisse à condição de um reino ocupado, com a capital tomada pelos adversários e a corte refugiada precariamente em Chinon para que fossem despertadas, enfim, as forças de resistência, agrupadas em torno da figura de Joana d’Arc. Joana, la pucelle d’Orléans, foi o arauto da fase Sagitário da era de Peixes. Sua atuação pública – ou a missão que lhe fora confiada pelas vozes do céu, como ela própria afirmava – inicia-se em 1429, no limiar da fase Sagitário. Nada mais adequado para simbolizar o período dominado por este signo do que a donzela vidente e portadora de uma ardente fé guerreira, capaz de enxergar a esperança de vitória no momento em que a própria corte já se rendera à evidência da dominação inglesa e apta para vislumbrar, no reino cindido e despedaçado, a futura glória da França. Sua inspiração vinha, entre outras fontes, de Santa Catarina, outra figura vinculada ao arquétipo sagitariano, também visionária e capaz de discutir teologia em pé de igualdade com os homens mais sábios de sua época. É neste contexto de uma guerra iniciada no ciclo Urano-Plutão em Áries e de uma missão revelada na fase sagitariana da era que Joana vai despertar o ânimo de nobres e peões e transformar-se na figura-símbolo da coragem e do espírito de sacrifício postos a serviço de uma causa coletiva. Joana é puro elemento Fogo, e nas chamas morreria, após o mais injusto dos julgamentos, para ressurgir como mito consolidador da unidade nacional. A guerra ainda duraria mais 22 anos após sua morte, mas a contribuição estava dada. Sagitário é também o signo para o qual aponta o eixo dos pontos médios das diversas conjunções Urano-Plutão em Áries e Leão. No caso em pauta, a Guerra dos Cem Anos acontece enquadrada entre as conjunções de 1343, por volta de 10º de Áries, e a de 1455, por volta de 13º de Leão. Os pontos médios traçam, portanto, um eixo por volta de 11º30’ de Gêmeos-Sagitário. As idas e voltas da Guerra dos Cem Anos concorreram para esgotar os recursos da nobreza feudal de França e Inglaterra e preparar o terreno para o fortalecimento do centralismo monárquico nos dois países. Por vias tortas, e em âmbito local, o sentido é semelhante ao da peste negra. É o mundo medieval que lentamente se esvai.

Exercícios de Fixação 1 – Com base na periodização em fases da era de Peixes11, a fase Libra/casa 7, que se estende aproximadamente de 1069 a 1248, engloba duas conjunções Urano-Plutão: a de 1090, em Áries, e a de 1201, em Câncer. A fase Escorpião/casa 8 (aproximadamente 1248/1427) engloba a conjunção Urano-Plutão de 1343, em Áries; e a fase Sagitário/casa 9 da era de Peixes (a partir de 1427, aproximadamente) vê acontecer em 1455 a primeira conjunção Urano-Plutão em Leão. Considerando a síntese destes fatores, associe as duas colunas: a) Conjunção Urano-Plutão em Áries/fase Libra da era de Peixes

( ) Processos de mudança que se voltam contra tradições seculares ou comunidades fechadas. Polarização entre o velho e o novo, assim como entre o poder e as massas populares.

b) Conjunção Urano-Plutão em Câncer/fase Libra da era de Peixes

( ) Fase de grande expansão cultural, econômica e tecnológica, em que velhos paradigmas são deixados rapidamente para trás. Mudanças radicais relacionadas ao controle do poder e à forma como o poder é exercido. Mudanças radicais também no âmbito religioso.

c) Conjunção Urano- ( ) Rápida mudança de condições. Renovação ou renascimento

11 Explicada na lição 2 do módulo 1 deste curso.

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Plutão em Áries/fase Escorpião da era de Peixes

econômico, tecnológico e cultural em função da ruptura violenta do quadro anterior. Processos históricos com força inicial muito destrutiva.

d) Conjunção Urano-Plutão em Leão/fase Sagitário da era de Peixes

( ) Ponto de partida de grandes mudanças em função do choque de civilizações e do contato com a alteridade. Iniciativas bélicas.

As descrições seguintes referem-se à peste negra, que grassou na Europa no século XIV. Leia-as com atenção e responda às questões 2, 3 e 4.

A doença era aterrorizante. Os bubões purgavam pus e sangue, e eram acompanhados por manchas escuras, resultantes de hemorragias internas. Os doentes sentiam dores muito fortes e geralmente morriam em até cinco dias após a manifestação dos primeiros sintomas. No caso da forma pneumônica, o doente tinha febre alta e constante, tosse forte, suores abundantes e escarro sangrento, e morria em três dias ou menos. Em ambos os casos, tudo que saía do corpo – hálito, suor, sangue dos bubões e pulmões, urina sanguinolenta e excrementos enegrecidos pelo sangue – cheirava extremamente mal. A depressão e o desespero acompanhavam os sintomas físicos, o que levou alguns cronistas da época a dizer que "a morte se estampava no rosto dos condenados".12

Afirmo, portanto, que tínhamos atingido já o ano bem farto da Encarnação do Filho de Deus de 1348, quando, na mui excelsa cidade de Florença, cuja beleza supera a de qualquer outra da Itália, sobreveio a mortífera pestilência. Por iniciativa dos corpos superiores ou em razão de nossas iniqüidades, a peste atirada sobre os homens por justa cólera divina e para nossa exemplificação, tivera início nas regiões orientais, há alguns anos. Tal praga ceifara, naquelas plagas, uma enorme quantidade de pessoas vivas. Incansável, fora de um lugar para outro; e estendera-se, de forma miserável, para o Ocidente.13

2 – A peste negra começa na Europa pouco depois da conjunção de Urano e Plutão em Áries, em 1343. Você poderia destacar dos textos pelo menos dois trechos que remetam, especificamente, ao simbolismo de Urano, Plutão e Áries? Urano – Plutão – Áries – 3 – Por curiosidade, há um trecho nestes textos que parece sugerir que a peste negra tinha uma causa astrológica. Você pode identificá-lo?

Teste de Verificação da Lição 1 RESPOSTAS

1 – As conjunções Urano-Plutão em signos de Fogo podem ser relacionadas com momentos importantes do processo de formação: a) Do Feudalismo, com a progressiva ascensão da nobreza.

12 GUSMÃO Jr., Amiraldo M. A experiência do Apocalipse. 13 Giovanni Boccaccio, século XIV, escritor italiano do século XIV, autor do Decamerão e contemporâneo da peste negra.

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b) Do Feudalismo, com a progressiva afirmação do clero católico. c) Do Capitalismo, com a progressiva ascensão da burguesia. (X) d) Do Socialismo, com a progressiva afirmação de uma sociedade sem classes. Comentário – As conjunções Urano-Plutão em signos de Fogo correspondem a todas as etapas da lenta emergência e progressiva consolidação do capitalismo comercial e industrial, desde a fase de acumulação primitiva de capital, com o Renascimento Comercial e Urbano do século XI. 2 – Apenas uma das alternativas abaixo não corresponde a processos típicos da última conjunção Urano-Plutão, ocorrida em Virgem nos anos 60. Assinale-a: a) Surgimento de regimes autoritários em diversos países da África, Ásia e América Latina. b) Significativos avanços tecnológicos, especialmente em áreas como a eletrônica e a indústria

aeroespacial. c) Distensão política internacional, com a redução de conflitos de ordem econômica ou ideológica

e o fim da “guerra fria”. (X) d) Turbulência social, com surgimento de movimentos radicais e acirramento de conflitos étnicos

ou ideológicos. Comentário – Todas as conjunções Urano-Plutão correspondem a momentos históricos turbulentos, e a dos anos 60 não foi diferente. Em vez de distensão, o que houve foi um acirramento de conflitos localizados, como a Guerra do Vietnã, que foi um dos capítulos mais sangrentos do confronto ideológico entre os blocos ocidental e oriental. 3 – Sobre os ciclos Urano-Plutão, é falsa a seguinte afirmação: a) Cada novo ciclo é iniciado por uma nova conjunção Urano-Plutão. b) No último milênio, a maioria das conjunções Urano-Plutão ocorreu em signos de Água. (X) c) Os desdobramentos daquilo que se inicia sob uma conjunção Urano-Plutão tendem a estender-

se até que ocorra uma nova conjunção, mais de um século depois. d) A tendência das conjunções Urano-Plutão é ocorrerem alternadamente em dois signos do

mesmo elemento durante um longo período. Comentário – Basta reler a lição 1 para recordar que a última conjunção em signo de Água ocorreu em 1201. Daí até 1850 todas as conjunções ocorreram em signos de Fogo. 4 – Como o ciclo Urano-Plutão lembra muito a natureza do trígono, em função da repetição do elemento em que ocorrem as conjunções, cada ciclo tende a: a) Significar uma completa ruptura com os processos iniciados no ciclo anterior, pois esta é a

dinâmica do trígono. b) Reiterar, radicalizar e aprofundar processos já iniciados em ciclos anteriores no mesmo

elemento. (X) c) Suavizar e resolver conflitos iniciados em ciclos anteriores no mesmo elemento. d) Trazer para o primeiro plano uma nova forma de organização da produção e uma nova classe

social hegemônica, numa seqüência descontínua. Comentário – O trígono é um aspecto reiterativo, ou seja, por unir signos do mesmo elemento, não tende a promover rupturas, e sim continuidade de processos e aprofundamento da experiência. Neste sentido, é um aspecto que conserva o movimento iniciado, seja qual for. Como as conjunções Urano-Plutão acontecem durante muitos séculos em signos do mesmo elemento, que guardam entre

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si uma relação de trígono, tais conjunções funcionam como um martelo que vai enterrando um prego na madeira cada vez mais profundamente. 5 – A mitificação de heróis populares, como Robin Hood e Che Guevara, expressa: a) Uma personificação idealizada das tendências dominantes em cada novo ciclo Urano-Plutão,

quais sejam, o avanço tecnológico, o cientificismo, o imperialismo e a concentração do poder econômico.

b) O espírito romântico que domina cada novo início de ciclo Urano-Plutão, onde predominam os valores da fé, da imaginação e da religiosidade.

c) Uma forma de resistência romântica e rebelde à impessoalidade e à violência dos processos de concentração de renda e de avanço tecnológico que caracterizam as conjunções Urano-Plutão. (X)

d) A valorização da pobreza e do desapego, que são características dominantes de cada início de ciclo Urano-Plutão.

Comentário – Robin Hood e Che Guevara, assim como o personagem Dom Quixote, de Cervantes, são exemplos da luta individual contra a corrente dominante, que é sempre no sentido de impor à força os valores, a tecnologia e o poder da classe hegemônica. Robin Hood, um membro da “velha” aristocracia, luta contra os invasores normandos e contra a tentativa de fortalecimento do poder real promovida pelo rei João sem Terra; Dom Quixote tenta negar o progresso e restaurar os tempos da cavalaria; Guevara luta contra o imperialismo das grandes nações industrializadas. São exemplos, pois, de resistência e de rebeldia. 6 – Assinale a única alternativa que não corresponde ao clima típico dos acontecimentos demarcados pelas conjunções Urano-Plutão em signos de Fogo:

a) Mudanças significativas no âmbito tecnológico e avanços nos meios de produção. b) Desaceleração do crescimento econômico e restauração de valores ideológicos de fases

anteriores. São épocas de pouca atividade econômica, mas de paz social. (X) c) Radicalização de conflitos entre classes sociais ou grupos diferenciados cultural ou

ideologicamente. Sob estas conjunções, não há muito lugar para conciliação. d) Momentos importantes no processo de afirmação do capitalismo e da sociedade burguesa.

Comentário – Cada novo contato Urano-Plutão tem um forte efeito acelerador de mudanças econômicas, normalmente trazendo mais concentração de riquezas. A atividade econômica se expande e traz consigo desequilíbrios que resultam em conflitos sociais. 7 – Se consideramos as conjunções Urano-Plutão ao longo do período 1090-1850, observaremos um fenômeno curioso: calculando o ponto médio de cada par de conjunções, ou seja, o ponto intermediário entre os graus em que caiu uma determinada conjunção e a conjunção imediatamente posterior, veremos que este ponto médio cai invariavelmente no signo de Gêmeos, formando um eixo com o ponto oposto, em Sagitário. Todas as opções a seguir relacionam, nos dois ciclos já analisados (aqueles iniciados em 1090 e 1201), processos e acontecimentos nitidamente identificados com Gêmeos-Sagitário, com exceção de uma. Aponte-a:

a) Choque de culturas (cristãos e muçulmanos) e a guerra motivada por questões religiosas. b) Renascimento comercial e urbano. c) Advento da Carta Magna na Inglaterra, antecipando os futuros regimes constitucionais. d) Fortalecimento do poder monárquico. (X)

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Comentário – Efetivamente, desde o início do século XI há algumas tentativas de fortalecimento do poder monárquico na Europa, especialmente na França e na Inglaterra. Contudo, tal tendência não guarda relação com o eixo Gêmeos-Sagitário, mas sim com o princípio da centralização de poder consubstanciado em Leão. Já as cruzadas têm um sentido tipicamente sagitariano (guerra religiosa e confronto de culturas), o mesmo acontecendo com a Carta Magna, já que Sagitário rege leis e constituições, de maneira geral. Comércio e vida urbana são assuntos claramente geminianos. 8 – Tanto a tomada de Jerusalém quanto o próprio início das cruzadas aconteceram no âmbito de dois diferentes ciclos: o de Urano-Plutão em Áries (conjunção de 1090) e o de Saturno-Plutão em Peixes (conjunção em 1083, por volta de 25º de Peixes). Ocorre que o ciclo Saturno-Plutão é bem mais curto. Este de 1083, por exemplo, durou exatos 32 anos, até a ocorrência de nova conjunção, desta vez em Áries, em 1115. Coincidentemente, as cruzadas com maior poder de mobilização popular foram as primeiras, acontecidas ainda na vigência do ciclo Plutão-Saturno em Peixes. Das alternativas abaixo, aponte aquela que identifica elementos piscianos na ideologia das Cruzadas:

a) O componente místico e sacrificial do comportamento de muitos cruzados e o caráter internacional do movimento, que reuniu cristãos de toda parte, independentemente de fronteiras. (X)

b) O fato de terem sido as Cruzadas iniciadas a partir de uma convocação do Papa, chefe máximo da Cristandade.

c) A mobilização de grandes massas humanas e a natureza militar e aventureira do movimento.

d) A rejeição mútua entre cristãos e muçulmanos, que não lograram um modelo de convivência que permitisse o surgimento de uma civilização híbrida, com elementos das duas culturas e das duas religiões.

Comentário – O misticismo e a religiosidade popular, características piscianas, são traços de algumas das cruzadas, especialmente da primeira, organizada espontaneamente antes da cruzada “oficial”. A Igreja organizada é assunto de Sagitário, enquanto o caráter guerreiro do movimento expressa um toque Áries/Marte. A ausência de uma síntese entre as civilizações cristã e islâmica não remete a Peixes, mas sim a Virgem, seu signo oposto, que rege os processos de discriminação.

Exercícios de Aplicação da Lição 1

1 – É difícil, além de um tanto artificial, separar, numa configuração astrológica complexa, fatores que sejam significadores específicos deste ou daquele aspecto da realidade. Mesmo assim, e apenas para efeito didático, tente identificar, nas frases abaixo, todas pinçadas dos textos, o que corresponde a cada um dos fatores envolvidos na conjunção Urano-Plutão em Áries. CITAÇÃO DO TEXTO Urano Plutão Áries “O espetáculo de corpos sem cabeça e extremidades mutiladas jogadas em todas as direções que inspirava terror a todos que olhavam.”

X

“Os vitoriosos banhados de sangue do pé à cabeça.” X “Nenhum deles ficou vivo: nenhuma mulher ou criança foi perdoado.”

X

“Os aríetes, com seu contínuo golpear, abriram uma brecha numa parte da muralha.”

X

“Um grupo de defensores não se contém e faz uma saída em pleno dia para enfrentar o inimigo cara-a-cara.”

X

“No entanto, os que eles fizeram para sua proteção se converteu, X

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graças á Divina Providência, na causa de sua própria destruição.” Comentários: Mutilação e genocídio são dois conceitos que podem ser associados a Plutão, mais do que a Urano ou Áries. Já as imagens arianas são muito claras: o sangue (regido por Marte), o aríete (um recurso de ataque cujo nome vem exatamente de áries, ou seja, o carneiro – a forma de utilizar o aríete lembrava um carneiro a golpear com os chifres) e o enfrentamento em campo aberto. A expressão cara-a-cara lembra, aliás, Áries, que rege a face. Quanto ao último trecho, a conotação uraniana é bem clara. Estruturas e proteções (como muralhas) são regidas por Saturno. Urano é o princípio da desestabilização das estruturas. Quanto mais se tenta evitar a mudança, com mais violência ela se dará. Uma imagem bem apropriada para este conflito essencial entre os princípios saturnino e uraniano é a da lâmina 16 do tarô, a Torre, que mostra dois homens desabando de uma torre que é fulminada por um raio. 2 – Em 15 de julho de 1099, quando Jerusalém foi tomada aos muçulmanos pelos cruzados francos (franceses), Urano e Plutão já não estavam em conjunção. Urano estava em 11º de Touro, em semi-sextil com Plutão em 11º de Áries. Plutão está em oposição a Saturno em Libra e em quadratura com Marte em Câncer. Abaixo, seguem-se algumas afirmativas. Ao lado de cada uma, assinale certo ou errado: AFIRMATIVAS Certo Errado Os episódios descritos no texto já não podem ser associados ao ciclo Urano-Plutão, pois, no momento em que ocorrem, os dois planetas já não se encontravam mais em órbita de conjunção. Não se encontravam sequer no mesmo signo.

[ ] [ X ]

Comentário: O alcance de uma conjunção de planetas exteriores não se esgota quando os planetas envolvidos se afastam. A conjunção inaugura um ciclo que durará até a ocorrência de outra conjunção entre os mesmos planetas. Se bem que as ocorrências mais drásticas tendam a concentrar-se no período de duração da conjunção em si, podemos reconhecer desdobramentos que se estendem por um longo período. No caso do ciclo Urano-Plutão, por mais de um século. O aspecto de oposição Plutão-Saturno, do dia da tomada de Jerusalém, é o mesmo, por exemplo, do mapa da destruição do World Trade Center por um ataque terrorista, em 2001, e do subseqüente ataque americano ao Afeganistão. Confrontos violentos são uma das possibilidades deste contato planetário, especialmente envolvendo forças atacantes extremamente agressivas (Plutão) que rompem ou destroem defesas adversárias (Saturno).

[ X ] [ ]

Comentário: Certo. Tente lembrar, por exemplo, o que acontecia no mundo por volta de 1982, quando esses dois planetas fizeram sua última conjunção, em Libra. Entre outros fatos, foi o ano da Guerra das Malvinas, que opôs Argentina e Inglaterra. O episódio da tomada de Jerusalém pelos cristãos pode ser analisado astrologicamente como um evento isolado. Neste caso, o aspecto mais importante a considerar é a quadratura T entre Plutão, Saturno e Marte, e não o ciclo Urano-Plutão.

[ X ] [ ]

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Astroletiva – Nível Especialização – Eras e Ciclos Planetários 2 – Lição 2 – 13

Comentário: Certo. Qualquer mapa de evento histórico pode ser abordado por si só, como um evento isolado, e em confronto com os grandes ciclos que lhe servem de pano de fundo, o que permite sua contextualização em análises mais amplas. Considerado numa abordagem micro, o mapa da Tomada de Jerusalém exprime um evento em que um grupo de guerreiros e a população civil de uma cidade fortificada enfrentam, após um esforço de resistência, a invasão de um poderoso exército atacante. Basta observar o mapa para perceber que a quadratura T é a configuração mais intensa e em analogia mais direta com a natureza daquele acontecimento. Se analisarmos o mapa da tomada de Jerusalém como um evento isolado, teremos nesta carta informações valiosas que permitirão contextualizar todo o processo histórico das cruzadas. Tal resultado será obtido mesmo que não comparemos a carta do evento com nenhuma outra carta, nem consideremos os ciclos astrológicos correntes.

[ ] [ X ]

Comentário: Errado. Cada técnica tem seu próprio espaço, sua própria metodologia e seu próprio alcance. Eventualmente, o mapa de um evento poderá dar subsídios para que possamos inferir a natureza de processos mais amplos. Mas, de maneira geral, não é o melhor caminho para se chegar a um bom resultado. Exemplificando: se tomarmos o mapa da Independência do Brasil (o Grito do Ipiranga) e o analisarmos descontextualizadamente, poderemos ter uma boa idéia do potencial do Brasil como nação independente, de seus recursos, de seus conflitos básicos etc. Mas não iremos ver, no mapa de nossa independência, os desdobramentos da história portuguesa ou as fases da revolução industrial inglesa. Tal observação parece desnecessária, mas é extremamente comum o estudante de Astrologia Mundial que tenta extrair de um mapa mais do que ele pode dar. Se quisermos situar a independência do Brasil em seu contexto histórico, teremos de trabalhar com os grandes ciclos de planetas exteriores (que permitem uma percepção panorâmica de períodos extensos) ou comparar a carta brasileira com a de outras nações ou de eventos marcantes, como a Revolução Francesa. A carta de um evento isolado, como a da tomada de Jerusalém, tende a apresentar um efeito de ressonância com outras cartas de processos históricos ao qual o evento histórico está conectado. Os processos micro guardam analogia com os processos macro.

[ X ] [ ]

Comentário: Correto. Várias cartas de eventos historicamente encadeados costumam apresentar reiterações de aspectos, de configurações etc. Raramente um fato de importância capital é significado por um único indicador astrológico. Mapas complementares: constant.gif – Queda de Constantinopla, início do ataque dos turcos – 29.5.1453, “final da madrugada” – Constantinopla (atual Istambul, Turquia) – 41n01, 28e58. Adotamos, para a construção desta carta especulativa, o horário das 4h30, pouco antes do nascer do sol.

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Manda Chuva
Note
Queda de Constantinopla, início do ataque dos turcos – 29.5.1453, “final da madrugada” – Constantinopla (atual Istambul, Turquia) – 41n01, 28e58. Adotamos, para a construção desta carta especulativa, o horário das 4h30, pouco antes do nascer do sol.
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CURSO DE FORMAÇÃO EM ASTROLOGIA

ASTROLETIVA – Terra do Juremá Comunicação Ltda.

Nível: Especialização – Curso: Astrologia Mundial – Eras e Ciclos Planetários 2 – Lição: 3 Texto: Fernando Fernandes

A conjunção de 1455 A conjunção Urano-Plutão de 1455 é a primeira a ocorrer em Leão na era de Peixes. O aspecto torna-se exato em setembro de 1455, mas seus efeitos já se faziam sentir em 1453 e ainda estavam operantes em 1458, quando Urano, mais rápido, começa a afastar-se. Leão é o sexto signo a partir de Peixes, o que dá a essa conjunção, e também à de 1710, uma certa conotação de casa 6. Tal sentido é visível nas grandes transformações que se processam na esfera da produção, que avança agora para novo estágio. Já na órbita de abrangência desta conjunção, ocorrem acontecimentos marcantes, que definirão a transição final da Idade Média para a Modernidade: a definitiva queda de Constantinopla dá-se em 1453, levando com ela um Império – o Bizantino – que sobrevivera por um inteiro milênio à derrocada de Roma. Urano ainda estava no fim de Câncer, a nove graus de Plutão, quando os turcos conquistam Constantinopla, em 29 de maio de 1453, encerrando um ciclo de mil anos de história bizantina e fechando as rotas comerciais que ligavam o Mediterrâneo à Ásia. A queda de Constantinopla, aliás, é marcada nos céus por uma quadratura exata entre os dois maléficos da Astrologia Clássica, Marte e Saturno. No mesmo ano, termina a longa Guerra dos Cem Anos entre França e Inglaterra, deixando um saldo que muito contribuirá para a formação dos Estados Nacionais modernos. A França, por exemplo, já conta agora com uma monarquia razoavelmente centralizada, com o embrião de um exército nacional e com a formação de uma consciência inexistente nos séculos anteriores: a consciência de ser francês. Os dois acontecimentos são marcos do fim da Idade Média e da transferência do pólo comercial da Europa do mar Mediterrâneo para o Atlântico. A partir daí, os países oceânicos, como Portugal, terão cada vez maior importância como precursores de um novo ciclo da civilização européia. Mas os dois eventos que, isoladamente, melhor exprimem o sentido da conjunção são o aperfeiçoamento da imprensa, com a introdução dos tipos móveis, e a bula Romanus Pontifex, em que a Igreja legitima o trabalho escravo.

A questão negra Um conseqüência imediata do deslocamento do eixo comercial para o Atlântico foi o impulso na exploração da costa africana pelos portugueses, que já se iniciara desde 1415. Das viagens em caravelas, que chegavam cada vez mais ao sul, surge o contato com os povos negros do Golfo da Guiné e a descoberta do apresamento e tráfico de escravos como um novo filão lucrativo. A escravidão parecia banida da Europa cristã desde a decadência do Império Romano, substituída pelo modelo de servidão característica do feudalismo. Contudo, a expansão marítima portuguesa consumia grande quantidade de homens válidos e tornava necessária a importação de novos braços para os trabalhos domésticos e da lavoura.

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Astroletiva – Nível Especialização – Eras e Ciclos Planetários 2 – Lição 3 – 2

O pioneirismo da Igreja no ressurgimento da escravidão fica por conta do Papa Nicolau V, que em 1454 (8 de janeiro de 1454) assinou a bula Romanus Pontifex, dando exclusividade aos portugueses nos negócios da África, inclusive para apresar negros e mandá-los para o reino. Na justificativa, os seguidores do Papa Nicolau V afirmavam que, em todo caso, os negros seriam batizados e a sua captura e escravidão serviriam portanto para ‘salvar-lhes as almas’. E estimulava Portugal a continuar o tráfico, a fim de trazer todos aqueles negros à fé cristã. (CHIAVENATO, Júlio. O Negro no Brasil.)

É um engano pensar que a utilização de escravos negros limitou-se às colônias. Em pouco tempo, o elemento africano já respondia por mais de 10% da força de trabalho em Portugal. Na Espanha acontece processo semelhante, assim como em outros países do continente, em menor escala. É significativo que a institucionalização do modelo escravista na Europa tenha ocorrido exatamente no início de um ciclo Urano-Plutão, marcado pela conjunção dos dois planetas em Leão. Mais adiante, como veremos, uma nova conjunção dará o sinal para a extinção do trabalho cativo. Quanto ao desenvolvimento da imprensa por Gutenberg, as conseqüências são de largo alcance. O livro, até então um objeto artesanal de altíssimo custo e acessível apenas à nobreza e às abadias, em pouco tempo estará nas mãos da classe média, constituindo um instrumento vital para a difusão de idéias e de tecnologias. A impressão de cartas marítimas permite prover os navios de elementos mais precisos para a elaboração de roteiros de viagem; a publicação dos relatos dos descobrimentos ibéricos difunde por toda a Europa a consciência da ampliação de horizontes e suas vastas possibilidades; e a Bíblia de Gutenberg permite, pela primeira vez, que grandes contingentes de leitores tenham acesso aos textos sagrados e possam interpretá-los sem a interferência direta dos padres. A crescente ampliação de uma classe média culta e letrada é, talvez, o mais importante traço distintivo do período que vai do século XV aos nossos dias, quando comparado com todos os séculos anteriores. Astrologicamente, é uma diferenciação que corresponde à mudança de signo da conjunção Netuno-Plutão, em Touro durante dois milênios e em Gêmeos a partir de 1398. Mas o fator tecnológico – os novos recursos de impressão e reprodução em massa – corresponde precisamente ao ciclo Urano-Plutão iniciado em 1455.

A conjunção de 1597 Em 1597, Urano e Plutão voltam a encontrar-se em Áries, desta vez por volta do vigésimo-primeiro grau do signo. Se a conjunção de 1090, na fase libriana da era de Peixes, esteve ligada às Cruzadas e a de 1343, na fase Escorpião, à Peste Negra, esta nova conjunção antecipa em poucos anos o início da fase Capricórnio, em que o conceito de Estado Nacional atinge sua forma mais acabada. Sendo Áries o segundo signo a partir de Peixes, esta conjunção tem também um sentido de casa 2, indicando movimentos importantes de mudança do mapa da distribuição da riqueza entre as grandes potências européias. As potências em ascensão são Holanda, Inglaterra e França; aquelas em decadência, Espanha e Portugal. Apenas nove anos antes, a Inglaterra de Elisabeth I batera a Invencível Armada espanhola de Felipe II, primeiro sinal explícito do declínio do país ibérico. Em breve, a Inglaterra estaria disputando territórios e mercados com a Holanda. É também o momento do apogeu da literatura inglesa com Shakespeare, um tipo uraniano, que exatamente neste momento estava em plena atividade, produzindo alguns de seus melhores dramas. Mas é na França que vamos encontrar um exemplo do pragmatismo dos novos tempos, quando as guerras de religião entre católicos e huguenotes haviam exaurido o país e levado ao fim da velha dinastia de Valois.

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França: das guerras de religião ao absolutismo

Uma nova dinastia (ligada à anterior por laços familiares, aliás) sobe ao poder. Sob ela, a França atingirá seu apogeu na Idade Moderna e tornar-se-á uma potência ultramarina e mercantilista. São os Bourbon, cujo primeiro representante no trono é Henrique de Navarra, que governará como Henrique IV. Este rei com Sol, Mercúrio e Marte em Capricórnio e Lua em Áries, sintetiza bem o espírito do momento, pois, em vez da guerra pela fé, prefere adotar a atitude pragmática de abjurar o protestantismo e converter-se à majoritária religião católica (atribui-se-lhe a famosa frase “Paris vale bem uma missa!”). Henrique IV, sendo protestante, não poderia ser sagrado oficialmente como rei da França. Mesmo que o fizesse, a maioria da população continuaria hostil à idéia de aceitar um monarca huguenote. Sendo assim, Henrique converte-se ao catolicismo e assume os títulos reais. Os huguenotes, contudo, não foram traídos ou esquecidos pelo seu chefe: em 1598, o rei promulga o Edito de Nantes, garantindo a liberdade de consciência e de direitos políticos a todos os protestantes. As guerras de religião terminam temporariamente e o reino pode entrar em uma fase progressista e pacífica. O Mercantilismo é posto em prática através da obra administrativa dos ministros Sully e Laffemas, mas ainda neste governo a França não alcançaria o mesmo desenvolvimento de Espanha, Inglaterra ou Holanda. As guerras prolongadas, a regulamentação real sobre as corporações e os pesados impostos não permitiram uma ampla acumulação de capital e atrasaram o crescimento de uma burguesia forte e bem organizada. Contudo, estava lançada a semente. A partir de Henrique IV, os tempos são outros. É a hora dos grandes administradores, dos burocratas brilhantes e dos primeiros cientistas. Capricórnio começava a impor o seu perfil. Luis XIII sucedeu ao pai, Henrique IV,que fora assassinado em 1610 por um fanático louco. Tendo apenas nove anos de idade, o novo monarca ficará sob tutela de sua mãe, a regente Maria de Mé-dicis. Se bem que, num primeiro momento, a corte se tornasse um covil de amigos italianos da rainha-mãe, aos poucos o Cardeal Richelieu conseguiu tomar as rédeas do poder até transformar-se no primeiro-ministro de Luís XIII. Terminado o período regencial com a maioridade do rei, Richelieu realiza um verdadeiro expurgo na corte, afastando nobres que pudessem-se transformar em perigo para a estabilidade do trono. O italiano Concino Concini é assassinado e o “partido da rainha” perde todo o seu poder. No período de governo pessoal de Luís XIII (pessoal em oposição a regencial, apenas. Um governo pessoal de fato, Luís XIII nunca exerceu.), o primeiro acontecimento político de vulto é a con-firmação do Edito de Nantes através do Edito de Montpellier, em 1622, para atender a pressões de grupos huguenotes. A partir daí, Richelieu não mais fará concessões e estará empenhado em consolidar o absolutismo e transformar a França em uma grande potência respeitada internacionalmente. A consolidação do poder monárquico fez-se através do combate ao poderio dos huguenotes que haviam-se constítuido num verdadeiro Estado. Em 1629, o Edito de Paz da Graça ou de Alais retirou dos huguenotes todas as vantagens políticas e militares que estes vinham mantendo desde o Edito de Nantes. Travam-se sérios combates nas proximidades de La Rochelle, quartel-general dos protestantes, vencidos pelas tropas reais. Na administração limita-se o número de funcionários ligados à burocracia real ao mínimo exigido pela monarquia e estabelece-se um controle mais rígido sobre todos os governos provinciais. Na economia, há um desenvolvimento mais amplo das idéias mercantilistas.

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Mas o pragmatismo da época revela-se com mais clareza no contraste entre a posição adotada frente aos protestantes na política interna e externa. Se bem que na frente interna Richelieu combatesse os protestantes, externamente alinha-se lado a lado com luteranos, calvinistas e outros grupos minoritários no combate ao império católico dos Habsburgos durante a chamada Guerra dos Trinta Anos (1618-1648). Como já dissemos anteriormente, existia um conflito secular opondo a casa real francesa à Casa d’Áustria, ou seja, a dinastia dos Habsburgos que governavam o Sacro Império Romano Germânico1 e a Espanha. Na primeira etapa, a guerra foi um conflito particularizado entre a nobreza da Boêmia (atual República Tcheca) e os Habsburgos. Os tchecos não aceitavam as tentativas de imposição de um governo centralizado no Sacro Império e, procurando afastar a influência germânica e adquirir a independência nacional, iniciam uma guerra aberta. O conflito complicou-se com a entrada da nobreza alemã protestante ao lado da nobreza tcheca contra o imperador católico. Apesar da aparente motivação religiosa, a causa real deste envolvimento deve ser buscada na velha oposição entre o desejo imperial de estabelecer um império absolutista e as prerrogativas de autonomia dos quase 350 Estados que compunham o Sacro Império. Este, desde sua fundação, jamais fora realmente um império unificado, e sim uma federação de pequenos Estados heterogêneos, com grande diversidade de formação histórica, linguística e econômica. Abrangia territórios da atual Alemanha, da Áustria, de Flandres, trechos do norte da Itália, da República Tcheca... enfim, uma colcha de retalhos. A internacionalização das hostilidades veio com a entrada dos reinos protestantes da Escandinávia em apoio da nobreza alemã. Dinamarca e Suécia, tentadas pela possibilidade de expansão através do Mar Báltico, beneficiavam-se com uma possível derrota imperial. A França, apesar de ser um reino católico governado por um primeiro-ministro que também era cardeal, une-se a todos os protestantes, formando uma frente única. O fato demonstra a impropriedade que há em atribuir à Guerra dos Trinta Anos um caráter eminentemente religioso. Com a vitória da França e de seus aliados, as conseqüências são múltiplas: o imperador é obrigado a concordar com as cláusulas do Tratado de Paz de Westfália (1648) que assegurou à França o controle da Alsácia, garantiu a independência de Holanda e Suíça e manteve os privilégios da nobreza alemã, impedindo desta maneira que o Império se fortalecesse. O tratado marca o início da hegemonia francesa na Europa e reequilibra a política continental, pois fortalece países pequenos inimigos da casa dos Habsburgos.

O advento da ciência moderna Enquanto a luta por causas supostamente religiosas (ainda ligadas a Sagitário, da fase anterior da era de Peixes) tenta, na verdade, impor um novo paradigma de autoridade e ordem (Capricórnio), intelectuais começam a por toda parte a também impor um novo paradigma de conhecimento, baseado no materialismo, no racionalismo e no cientificismo. Um caso exemplar é o de Johannes Kepler, matemático, astrólogo e fundador da moderna astronomia, como informa Raul V. Martinez:

O fundador da astronomia moderna divulgou suas duas primeiras leis em 1609, no livro Nova Astronomia. A primeira delas afirma que os planetas descrevem elipses em torno do Sol, que é um de seus focos. A outra diz que a velocidade de um planeta varia de tal forma que uma linha imaginária, ligando esse astro ao Sol, varrerá superfícies de mesma área em tempos iguais. Mais adiante descobriu sua

1 O Sacro Império Romano Germânico é a origem da Alemanha atual. Envolvia territórios que hoje fazem parte da Alemanha, Áustria, República Tcheca, Hungria e norte da Itália. Durante alguns séculos, os imperadores da dinastia Habsburgo também governaram a Espanha e Flandres (atual Bélgica). Houve momentos, portanto, em que a França esteve cercada de territórios do império dos Habsburgo por todos os lados. O grande objetivo dos reis franceses desde o final da Idade Média até a época de Napoleão sempre foi o de romper o cerco dos Habsburgos e equilibrar a disputa pelo controle territorial do continente.

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terceira lei: os quadrados dos tempos das revoluções são proporcionais aos cubos dos eixos maiores das órbitas elípticas. Com isso abriu o caminho para Newton – que também praticava astrologia – estabelecer os princípios da gravitação universal.

Assim, Kepler, ao aperfeiçoar a teoria de Copérnico, estava contribuindo para o lançamento das bases de uma nova abordagem do conhecimento baseada na concepção de um universo ordenado, regido por leis matemáticas constantes e previsíveis, além de passíveis de verificação pela observação direta e pelo uso rigoroso da razão. Apenas um ano depois da enunciação das duas primeiras leis de Kepler, Galileu Galilei anunciava suas primeiras descobertas astronômicas. Foi Galileu (1564-1642) quem aperfeiçoou o telescópio e, através de seu uso, descobriu os satélites de Júpiter, os anéis de Saturno e comprovou a veracidade da teoria heliocêntrica. Suas descobertas científicas conduzem-no ao Tribunal da Santa Inquisição, onde é acusado de crime de heresia e obrigado a retratar-se de suas teorias. O século XVII seria ainda o de John Locke, de Isaac Newton, de Pascal, de Thomas Hobbes, de Leibniz e de Descartes. A obra de cada um deles em particular poderia servir como exemplo da mudança geral de paradigma que então se verificava, com os atributos capricornianos tomando de assalto os círculos acadêmicos e ocupando pouco a pouco o lugar das concepções teológicas dos séculos anteriores. Mas lancemos um olhar mais atento sobre Francis Bacon, filósofo inglês de talentos tão variados que, durante algum tempo, chegou-se a pensar que teria sido ele o verdadeiro autor das obras de Shakespeare. Bacon, um pensador inventivo e metódico, lança um dos pilares mais sólidos da filosofia moderna ao glorificar o método indutivo e transformá-lo no ponto de partida para uma nova epistemologia. Nascido em Londres em 22 de janeiro de 1561, tinha o Sol em conjunção com Mercúrio em Aquário em trígono com Saturno em Gêmeos e em quadratura com a Lua em Touro (ver o mapa fbacon.gif). Outro aspecto marcante de sua carta é a conjunção provavelmente exata entre Vênus e Plutão em Peixes. Para Bacon, o conhecimento não parte das grandes categorias gerais para o fato específico (método dedutivo, como em Aristóteles), e sim da experiência concreta para o conceito abstrato (método indutivo). Em concordância com o espírito da época, valoriza a experiência direta, sensorial, e suas possibilidades como matéria-prima para o conhecimento. Nele exemplica-se o sentido de Aquário na 9 do ciclo Netuno-Plutão em Gêmeos, como no experimento que uma vez realizou com uma galinha, congelando-a com neve para verificar até que ponto sua carne podia conservar-se. A manipulação do gelo custou-lhe, aliás, um resfriado que acabou evoluindo para uma bronquite que acabou por tirar-lhe a vida. O Novum Organum de Francis Bacon foi escrito em 1620. No Livro Primeiro, o filósofo postula que a observação e a experiência são as bases do conhecimento humano. Utilizando uma sugestiva comparação, considera que

a formiga experimenta simplesmente coletando materiais e utilizando-os. Este método simboliza a tendência humana para utilizar dados sem uma clara compreensão de sua natureza. A aranha, por outro lado, produz a teia a partir de sua própria substância, simbolizando a tendência para formular idéias e dados apenas a partir do pensamento. O método de abordagem que Bacon sustenta ser o mais eficaz é simbolizado pela abelha, que coleta o pólen das flores, transforma-o a partir do próprio esforço e então o utiliza. De acordo com Bacon, devemos observar e colecionar experiências, analisar exatamente o que temos em mãos e depois agir de acordo com os dados mais confiáveis.2

2 Britannica Online (tradução livre e condensada).

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Este procedimento é típico do elemento Ar, especialmente do curioso Gêmeos, sempre disposto a interagir com o ambiente, e do científico Aquário, para quem a natureza é a matéria-prima do trabalho intelectual, estimulando o processo de conceituação. A ênfase em colecionar experiências, observar e analisar dados concretos, submetendo-os depois ao rigor do crivo lógico, é um traço de Saturno, regente da fase Capricórnio da era de Peixes e planeta com particular destaque na carta de Bacon, por sua recepção mútua com Mercúrio em Aquário (Saturno é o regente clássico deste signo). Seria uma generalização simplista atribuir todo o florescimento científico do século XVII ao ciclo iniciado com a conjunção Urano-Plutão de 1597. Outros ciclos concomitantes, como os iniciados pelas duas conjunções Urano-Netuno em Sagitário, e o vasto ciclo de mudanças culturais cujo ponto de partida é a conjunção Netuno-Plutão de 1398, também ajudam a compreender as várias etapas da transição progressiva da mentalidade medieval para a moderna. Mas Urano e Plutão, quando se encontram, expressam sempre alguma forma de rompimento brusco que contribui para um posterior avanço das forças produtivas. É o ciclo burguês por excelência, aquele que demarcará todas as etapas seqüenciais da passagem do Feudalismo para o capitalismo industrial. E a série de encontros destes dois planetas em Áries e Leão, por ocorrerem no segundo e no sexto signo a partir de Peixes, signo-raiz da era atual, trazem à tona questões relacionadas ao universo das casas de Terra, exatamente aquelas da riqueza, da produção e do poder. O duplo efeito desestabilizador do vendaval uraniano e da erupção plutoniana abala as estruturas da velha ordem e abre caminho para novas experimentações na organização econômica, ao mesmo tempo em que limpa o terreno para a introdução de tecnologias cada vez mais eficientes. Os agentes deste processo não têm, é claro, consciência das vastas implicações futuras daquilo que desencadeiam. Ao convocar as cruzadas, o Papa Urbano II jamais imaginaria estar aplicando um profundo golpe da ordem feudal. Da mesma forma, os capitães dos navios que trouxeram os ratos da peste negra também não tinham consciência de serem agentes de uma varredura de tudo que havia de mais retrógrado na sociedade medieval. Esta consciência parece estar surgindo pela primeira vez no ciclo iniciado em 1597. Cientistas como Galileu e Kepler e governantes como Elisabeth I, Henrique IV e Richelieu sabiam contra o que lutavam e percebiam parcialmente os desdobramentos de suas propostas. Os primeiros introduziam novos critérios de valor (assunto de casa 2) na esfera do conhecimento, enquanto os últimos implantavam o paradigma da administração centralizada, racional e burocrática que caracterizaria o apogeu do absolutismo. Da revolução no pensamento surgem as bases da ciência moderna e de suas aplicações na esfera da produção; da centralização monárquica surgem as condições para a grande acumulação de capital que impulsionará a revolução industrial. A conjunção seguinte, em Leão, iria trazer novas rupturas e um espetacular avanço tecnológico.

Resumindo Na esteira da conjunção Urano-Plutão de 1597, aceleram-se três processos na Europa: no nível político, é o fortalecimento das monarquias nacionais, de que a França dos reis Bourbon é um exemplo típico; no nível econômico, a concentração da riqueza continua, com aumento progressivo do poder da burguesia e ampliação de sua capacidade de investimento. Cada vez mais, os melhores resultados serão alcançados pelas nações que desenvolvem mecanismos de gestão mais modernos e eficazes. Agora já não se trata apenas de chegar primeiro às fontes de matéria-prima ou de controlar grandes porções territoriais, mas de administrar corretamente os recursos disponíveis. Esta ênfase na administração cada vez mais técnica e especializada, que também exemplificamos com o caso da França, é um produto tanto do impacto modernizador do ciclo Urano-Plutão quanto da natureza específica da fase capricorniana da era de Peixes. Finalmente, no âmbito ideológico e cultural, o materialismo da fase Capricórnio potencializa o impulso tecnológico sempre trazido pelas conjunções Urano-Plutão em Fogo, produzindo um significativo avanço no conhecimento, que

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ganha uma fundamentação cada vez mais racionalista e materialista. As conseqüências são um salto qualitativo nas ciências – teóricas e aplicadas – e a progressiva perda de importância das concepções religiosas. As guerras de religião do período usam as questões teológicas mais como pretexto do que como motivo real.

A conjunção de 1710 1710 é o ano da conjunção Urano-Plutão em 28° de Leão, a última neste signo. É também o momento do apogeu e do início da decadência do modelo da monarquia centralizada, legitimada pelo direito divino e concentrando poderes absolutos. A figura central do início deste ciclo, que simboliza todas as suas transformações, é a de Luís XIV, o rei-sol (le roi-soleil), epíteto de inequívoca inspiração leonina. Mas é também o momento em que se lançam as bases da revolução industrial, que colocará a burguesia definitivamente na linha de frente da trajetória histórica da civilização ocidental.

Conflitos no Brasil, máquinas na Inglaterra A última conjunção de Urano e Plutão em Leão tem uma importância especial para o Brasil, pois concide com um turbulento período da história colonial. O sentimento nativista começa a aflorar em várias regiões, opondo os lusos ligados aos interesses do reino e os luso-brasileiros – os chamados mazombos – e mamelucos cujos projetos econômicos já os encaminham para a resistência às imposições da metrópole. Em Pernambuco estoura a chamada Guerra dos Mascates, levando ao conflito os comerciantes de Recife e os senhores de engenho de Olinda; em Minas Gerais, quase simultaneamente, os mamelucos paulistas, que no decorrer de suas bandeiras haviam descoberto os grandes veios de ouro poucos anos antes, enfrentam os forasteiros chegados de toda parte – os chamados emboabas que com eles disputam o controle das áreas de extração. A Guerra dos Emboabas, em especial, é um conflito sangrento, que atiça os ânimos para novos atos insurrecionais e dá aos bandeirantes paulistas a certeza de que os interesses dos nativos e dos reinóis serão, daí para diante, cada vez mais inconciliáveis. Contudo, o mais radical de todos os acontecimentos relacionados a esta conjunção passaria despercebido da maioria dos contemporâneos. Em 1709, um obscuro inventor inglês chamado Thomas Newcomen faria o registro de uma estranha máquina cujo primeiro exemplar realmente funcional foi construído em 1712. Na engenhoca de Newcomen, o vapor gerado pelo aquecimento da água numa caldeira passa por uma válvula e penetra num cilindro. O resultado é uma alteração da pressão atmosférica que provoca o movimento de um pistom, o qual, por sua vez, transmite-o a uma engrenagem à qual está conectado. O próprio movimento da engrenagem provoca o fechamento da válvula e a criação de um vácuo, que será preenchido por um novo jato de vapor, permitindo o recomeço de todo o processo. Esta criada a máquina a vapor. O mecanismo foi utilizado inicialmente no bombeamento de água das minas. Novas aplicações só começarão a tornar-se viáveis quando outro inventor, James Watt, introduz alguns aperfeiçoamentos que permitirão melhor aproveitamento da energia. Daí em diante, os usos são cada vez mais amplos: a locomotiva, o navio a vapor, as máquinas das indústrias têxteis... enfim, a máquina de Newcomen é o primeiro passo da revolução industrial, a mais espetacular transformação dos meios de produção da história da humanidade. É interessante observar que a máquina a vapor incorpora diversos elementos associáveis ao simbolismo de Urano e Plutão. O mais evidente é o fato de que o movimento dentro do cilindro

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depende de diferenças de pressão atmosférica provocadas pela entrada do jato de ar quente na parte de baixo (o pistom sobe) ou na formação de vácuo, que obriga o pistom a descer. Este é o mesmo mecanismo dos ventos, que sempre sopram de zonas de alta pressão atmosférica para zonas de baixa pressão. Não é preciso lembrar que ventos são regidos por Urano. Por outro lado, tubos em geral – e câmaras de vácuo em particular – podem ser atribuídos a Plutão. Máquinas a vapor, como um todo, são domínio de Marte (energia, força-motriz) e novamente de Urano, planeta que também rege os pistons. A primeira aplicação encontrada para a máquina foi o bombeamento de água nas minas, sendo que Urano e Marte regem bombas d’água e Plutão, ao lado de Saturno, é significador de subterrâneos. O simbolismo é, portanto, evidente. O primeiro passo da revolução industrial – que tecnologicamente se define pela introdução de equipamentos que substituem e amplificam o trabalho humano – é totalmente concordante com o ciclo que então se iniciava. Na base de tudo está o aproveitamento racional de um processo de combustão, que pode ser associado aos signos de Fogo – e lembremos que a conjunção deu-se em Leão.

Teste de Verificação 1 – As afirmativas abaixo são corretas, exceto uma. Aponte-a:

a) A conjunção Netuno-Plutão em Gêmeos de 1398 corresponde à valorização do conhecimento como pré-requisito para a geração da riqueza. A partir daí, será cada vez mais importante não apenas controlar terras e matérias-primas, mas principalmente dominar a tecnologia de seu aproveitamento. Já a conjunção Urano-Plutão em Leão de 1455 está conectada ao desenvolvimento da tecnologia para a reprodução de livros em larga escala, o que dá os meios para a difusão do conhecimento e o surgimento de uma classe média letrada.

b) As conjunções Urano-Netuno são, via de regra, as que iniciam ciclos de maior radicalização política, maior violência social e maior polarização de posições antagônicas. São também as que guardam maior analogia com as transformações tecnológicas, como a introdução da máquina a vapor como ponto de partida para a revolução industrial.

c) Se considerarmos o mapa simbólico da era de Peixes, com Peixes na casa 1, os signos de Fogo estarão ocupando as três casas de Terra. Este fato ajuda a entender por que as conjunções Urano-Plutão em signos de Fogo (Áries e Leão) tiveram tanto impacto nas transformações econômicas que fizeram a transição do feudalismo para o capitalismo industrial.

d) As conjunções Urano-Plutão colocam em evidência mas também em cheque os valores dos signos em que ocorrem. Assim, a conjunção de 1710, em Leão, coincide com o auge do regime absolutista em diversos países da Europa, mas também inicia um ciclo em que este mesmo absolutismo sofrerá sérios abalos, como na Revolução Francesa.

2 – Palavras-chave para definir a tônica geral da fase Capricórnio da era de Peixes, iniciada por volta de 1606, conjugada ao ciclo Urano-Plutão em Áries de 1597:

a) Absolutismo e fortalecimento da burguesia mercantil. b) Democracia, descentralização e liberdades constitucionais. c) Descentralização política e exacerbação religiosa. d) Absolutismo e capitalismo industrial.

3 – A conjunção Urano-Plutão de 1455 corresponde a uma fase de grandes avanços náuticos, seja na técnica de construção de embarcações, seja no conhecimento geográfico e cartográfico. Contudo, as viagens mais espetaculares só aconteceriam a partir de 1488, quando Bartolomeu Dias

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dobra o Cabo da Boa Esperança. A partir daí, começa a fase mais importante dos grandes descobrimentos espanhóis e portugueses. Os ciclos que estão relacionados mais de perto com a fase áurea das grandes navegações são:

a) O ciclo Netuno-Plutão em Gêmeos e a fase Sagitário da era de Peixes. b) O ciclo Netuno-Plutão em Gêmeos e o ciclo Urano-Netuno em Escorpião. c) O ciclo Urano-Plutão em Leão e o ciclo Urano-Netuno em Escorpião. d) O ciclo Urano-Netuno em Escorpião e a fase Sagitário da era de Peixes.

4 – Como decorrência da peste negra, há um fato que se ajusta claramente ao simbolismo específico do ciclo Urano-Plutão em Áries. Aponte-o:

a) A peste negra produzia em suas vítimas processos violentos de expurgo (purulência, suor fétido etc.) que provocavam forte repugnância.

b) Os judeus, até então relativamente tolerados na Europa Ocidental, passam a ser discriminados e perseguidos sob a acusação de terem “envenenado as águas”.

c) Se não as fossem as Cruzadas e a conseqüente reabertura de rotas comerciais para o Oriente, provavelmente a peste negra não teria chegado à Europa.

d) O ciclo de evolução da peste era extremamente rápido, quase fulminante. 5 – As alternativas abaixo refletem conseqüências da Guerra dos Cem Anos que podem ser explicadas pelo início do conflito nas proximidades de um novo ciclo Urano-Plutão. Aponte a única alternativa incorreta:

a) Num primeiro momento, a Guerra dos Cem Anos deixa a França arrasada e com sua economia desorganizada.

b) A Guerra dos Cem Anos, que começa como um conflito feudal e dinástico enfre França e Inglaterra, escapa ao objetivo inicial e contribui para acelerar a decadência do feudalismo nos dois países.

c) Joana d’Arc foi uma guerreira visionária e mística, capaz de acender a esperança em suas tropas mesmo nos momentos mais difíceis.

d) Durante a Guerra dos Cem Anos, acontece um enorme avanço das técnicas de combate. As primeiras batalhas da guerra são tipicamente feudais, com uso de lanças, espadas e flechas. No fim da guerra, os dois exércitos já tinham introduzido, pela primeira vez na Europa, o uso de canhões e a prática do bombardeio de posições inimigas.

6 – O descobrimento do Brasil deu-se no âmbito de uma série de ciclos então correntes, que tiveram início com as seguintes conjunções.

• Conjunção Netuno-Plutão de 1398 – 3º52’ de Gêmeos • Conjunção Urano-Plutão de 1455 – 13º34’ de Leão • Conjunção Urano-Netuno de 1478 – 29º40’ de Escorpião

Projetando a posição dessas conjunções no mapa do Descobrimento do Brasil (descobrimento.gif), observa-se que:

a) A conjunção Netuno-Plutão de 1398 ocupa a casa 6 do mapa do Descobrimento. b) A conjunção Urano-Plutão de 1455 ativa a casa 10, enquanto a conjunção Urano-Netuno

de 1478 ocupa o Fundo do Céu. c) A conjunção Urano-Netuno de 1478 encontra-se no final da casa 1 do mapa do

Descobrimento, já ativando a casa 2.

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d) A conjunção Netuno-Plutão de 1398 ocupa a casa 8 enquanto a conjunção Urano-Plutão de 1455 faz conjunção com o Ascendente.

7 – Qual o planeta do mapa do Descobrimento mais forte e diretamente aspectado por pelo menos uma das conjunções referidas na questão anterior?

a) Sol b) Vênus c) Saturno d) Netuno

8 – Materialismo, mecanicismo, racionalismo, progressiva autonomia da filosofia em relação à religião, desenvolvimento tecnológico, tudo isso contribui para a definição das bases da ciência moderna, fortemente vinculada ao sentido da fase ___________ da Era de Peixes e ao sentido de ruptura do ciclo ____________. Assinale a opção que melhor preenche as lacunas:

a) Sagitário – Urano-Plutão b) Capricórnio – Urano-Plutão c) Capricórnio – Netuno-Plutão d) Aquário – Netuno-Plutão

Exercícios de Aplicação

Esta é uma proposta de exercício bem mais complexa. As questões a seguir relacionam o Brasil da época colonial, cujo mapa-matriz é o do Descobrimento (descobrimento.gif), com os ciclos de planetas geracionais então correntes. 1 – Você pode estabelecer, de alguma forma, relações de causa e conseqüência entre os eventos ocorridos nas proximidades de cada conjunção abaixo e a história do Brasil no período colonial, especialmente no século XVI? Conjunção Netuno-Plutão de 1398 – 3º52’ de Gêmeos

• Dinastia de Avis no poder em Portugal (1383-85) • Hordas de Tamerlão invadem a Índia (1398) • Tamerlão derrota os turcos na Ásia Menor (1402) • Conquista de Ceuta pelos portugueses (1415)

Conjunção Urano-Plutão de 1455 – 13º34’ de Leão

• Imprensa de Gutenberg (1450) • Fim da Guerra dos Cem Anos (1453) • Tomada de Constantinopla pelos turcos (1453) • Bula do Papa Nicolau V sobre o domínio dos mares (1455)

Conjunção Urano-Netuno de 1478 – 29º40’ de Escorpião

• Primeiro auto de fé da Inquisição espanhola (1481) • Guerra das Duas Rosas na Inglaterra (1485) • Unificação espanhola e expulsão de mouros e judeus (1492) • Descobrimento da América (1492)

2 – A viagem do Descobrimento, realizada pela esquadra sob o comando de Pedro Álvares Cabral, não tinha por objetivo final a exploração de novas terras na América, mas sim o estabelecimento de feitorias portuguesas nas Índias. Durante quase 50 anos, o Brasil não recebeu grandes

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investimentos de Portugal, mais interessado na exploração econômica do Oriente. Há algo no mapa do Brasil em conexão com os ciclos referidos na questão anterior que seja análogo a este fato?

Exercícios de Fixação da Lição 2

RESPOSTAS 1 – Com base na periodização em fases da era de Peixes, a fase Libra/casa 7, que se estende aproximadamente de 1069 a 1248, engloba duas conjunções Urano-Plutão: a de 1090, em Áries, e a de 1201, em Câncer. A fase Escorpião/casa 8 (aproximadamente 1248/1427) engloba a conjunção Urano-Plutão de 1343, em Áries; e a fase Sagitário/casa 9 da era de Peixes (a partir de 1427, aproximadamente) vê acontecer em 1455 a primeira conjunção Urano-Plutão em Leão. Considerando a síntese destes fatores, associe as duas colunas: a) Conjunção Urano-Plutão em Áries/fase Libra da era de Peixes

( B ) Processos de mudança que se voltam contra tradições seculares ou comunidades fechadas. Polarização entre o velho e o novo, assim como entre o poder e as massas populares.

b) Conjunção Urano-Plutão em Câncer/fase Libra da era de Peixes

( D ) Fase de grande expansão cultural, econômica e tecnológica, em que velhos paradigmas são deixados rapidamente para trás. Mudanças radicais relacionadas ao controle do poder e à forma como o poder é exercido. Mudanças radicais também no âmbito religioso.

c) Conjunção Urano-Plutão em Áries/fase Escorpião da era de Peixes

( C ) Rápida mudança de condições. Renovação ou renascimento econômico, tecnológico e cultural em função da ruptura violenta do quadro anterior. Processos históricos com força inicial muito destrutiva.

d) Conjunção Urano-Plutão em Leão/fase Sagitário da era de Peixes

( A ) Ponto de partida de grandes mudanças em função do choque de civilizações e do contato com a alteridade. Iniciativas bélicas.

Comentários:

a) Conjunção Urano-Plutão em Áries/fase Libra – É a típica conjunção “ponto de partida”, por ocorrer em Áries. A tônica do choque de civilizações (as Cruzadas, por exemplo) deve-se a Libra. Tanto Áries quanto Libra são signos cardinais (de ação).

b) Conjunção Urano-Plutão em Câncer/fase Libra – Câncer é o signo das raízes e da

família, o que pode ser transposto para a noção de pertencimento a uma etnia, uma categoria social ou a um império de longa tradição. Nada ilustra melhor esta conjunção do que o choque de culturas (Libra) entre cristãos do Ocidente e o Império Bizantino, que é invadido e tem sua elite desalojada.

c) Conjunção Urano-Plutão em Áries/fase Escorpião – A dupla conotação Marte

(regente clássico de Marte e de Escorpião) dá a tônica. É o caso, por exemplo, da peste negra, que desestrutura e destrói uma sociedade, abrindo espaço para sua reconstrução em bases mais modernas. O próprio Renascimento cultural e artístico também começou nesta fase.

d) Conjunção Urano-Plutão em Leão/fase Sagitário – Sagitário coloca em evidência a

expansão (de mercados, de territórios, de conhecimento, de tudo, enfim), enquanto Leão traz para primeiro plano a questão da centralização do poder. É nesta fase, por

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exemplo, que Maquiavel escreve O Príncipe e que a Inglaterra, a Espanha e a França dão passos decididos para o fortalecimento de monarquias absolutistas.

As descrições seguintes referem-se à peste negra, que grassou na Europa no século XIV. Leia-as com atenção e responda às questões 2 e 3.

A doença era aterrorizante. Os bubões purgavam pus e sangue, e eram acompanhados por manchas escuras, resultantes de hemorragias internas. Os doentes sentiam dores muito fortes e geralmente morriam em até cinco dias após a manifestação dos primeiros sintomas. No caso da forma pneumônica, o doente tinha febre alta e constante, tosse forte, suores abundantes e escarro sangrento, e morria em três dias ou menos. Em ambos os casos, tudo que saía do corpo – hálito, suor, sangue dos bubões e pulmões, urina sanguinolenta e excrementos enegrecidos pelo sangue – cheirava extremamente mal. A depressão e o desespero acompanhavam os sintomas físicos, o que levou alguns cronistas da época a dizer que "a morte se estampava no rosto dos condenados".3

Afirmo, portanto, que tínhamos atingido já o ano bem farto da Encarnação do Filho de Deus de 1348, quando, na mui excelsa cidade de Florença, cuja beleza supera a de qualquer outra da Itália, sobreveio a mortífera pestilência. Por iniciativa dos corpos superiores ou em razão de nossas iniqüidades, a peste atirada sobre os homens por justa cólera divina e para nossa exemplificação, tivera início nas regiões orientais, há alguns anos. Tal praga ceifara, naquelas plagas, uma enorme quantidade de pessoas vivas. Incansável, fora de um lugar para outro; e estendera-se, de forma miserável, para o Ocidente.4

2 – A peste negra começa na Europa pouco depois da conjunção de Urano e Plutão em Áries, em 1343. Você poderia destacar dos textos pelo menos dois trechos que remetam, especificamente, ao simbolismo de Urano, Plutão e Áries? Urano:

Os doentes (...) morriam em até cinco dias após a manifestação dos primeiros sintomas. Incansável, [a peste] fora de um lugar para outro; e estendera-se, de forma miserável, para o Ocidente.

Comentário: O primeiro trecho dá conta do caráter rápido, súbito de Urano; o segundo lembra outra característica do planeta, que é a disseminação, ou a irradiação. Processos de natureza uraniana não se limitam a uma pequena área, mas tendem a espalhar-se – e rápido! Plutão:

Os bubões purgavam pus e sangue. Tudo que saía do corpo – hálito, suor, sangue dos bubões e pulmões, urina sanguinolenta e excrementos enegrecidos pelo sangue – cheirava extremamente mal.

Comentário: Plutão é um significador essencial de processos de purgação, de eliminação mediante movimentos centrífugos (de dentro para fora). A manifestação patológica da peste bubônica não poderia ser mais plutoniana. Como este planeta rege o submundo, a ele podem ser associados

3 GUSMÃO Jr., Amiraldo M. A experiência do Apocalipse. 4 Giovanni Boccaccio, século XIV, escritor italiano do século XIV, autor do Decamerão e contemporâneo da peste negra.

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também os seres de natureza ou aspecto infernal, repugnante ou aterrorizante – como as pobres vítimas da peste (neste caso, há que pensar também em Saturno). Áries:

O doente tinha febre alta e constante. Os bubões (...) resultantes de hemorragias internas. A morte se estampava no rosto dos condenados

Comentário: Áries e seu regente Marte regem febre, sangue (hemorragias) e inflamações. O último trecho – “A morte se estampava no rosto dos condenados” – é dos cronistas da época e não poderia ser mais precisa: é Plutão (morte) em Áries (rosto). 3 – Por curiosidade, há um trecho nestes textos que parece sugerir que a peste negra tinha uma causa astrológica. Você pode identificá-lo? Eis o trecho:

Por iniciativa dos corpos superiores ou em razão de nossas iniqüidades, a peste atirada sobre os homens por justa cólera divina e para nossa exemplificação, tivera início nas regiões orientais, há alguns anos.

Comentário: Esta referência aos corpos superiores é, nitidamente, uma alusão à influência (como se dizia então) dos astros. Por toda a Europa, aliás, governantes aterrorizados consultaram seus astrólogos para identificar a origem da peste. Mapas complementares: fbacon.gif – Francis Bacon – carta solar, sem indicação de casas – 22.1.1561, Londres, Inglaterra. 51n30, 0w10. descobrimento.gif – Descobrimento do Brasil – 22.04.1500, 16h53 LMT – Ao largo do Monte Pascoal – 16s41, 39w00.

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Manda Chuva
Note
Descobrimento do Brasil – 22.04.1500, 16h53 LMT – Ao largo do Monte Pascoal – 16s41, 39w00.
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CURSO DE FORMAÇÃO EM ASTROLOGIA

ASTROLETIVA – Terra do Juremá Comunicação Ltda.

Nível: Especialização – Curso: Astrologia Mundial – Eras e Ciclos Planetários 2 – Lição: 4 Texto: Fernando Fernandes

A conjunção de 1850 e o neocolonialismo Haveria ainda uma última conjunção Urano-Plutão em Áries, em 1850. É o período da selvagem expansão das potências européias pela África e Ásia, já em plena fase de conquista de novos mercados para a produção industrial. Esta segunda forma de colonialismo, diversa da que acompanhou as práticas mercantilistas dos séculos XVI e XVII, pressupunha não apenas o controle físico de territórios ultramarinos, mas também uma profunda intervenção na cultura de seus habitantes. A lógica da produção industrial exigia que as populações das áreas periféricas fossem atraídas para uma economia de mercado, transformando-se em consumidoras de bens importados. Isso implicava, por outro lado, estimular uma economia de base monetária, em moldes europeus, assim como a adoção de uma legislação e de um sistema de governo adaptados às necessidades do colonizador. A viabilização de tal projeto significou uma intervenção profunda na vida social e nos valores das comunidades atingidas, levando, muitas vezes, à sua desestruturação. Se bem que o processo tenha sido gradativo, é nas imediações desta conjunção de 1850 que haverá uma intensificação, incluindo diversos episódios sangrentos. O caso mais evidente é o da China, país fechado ao Ocidente durante séculos e no qual a presença européia limitou-se durante algum tempo a pequenas feitorias litorâneas. Em 1840, estoura a Guerra do Ópio, cuja raiz é exatamente a resistência chinesa em admitir uma maior penetração do comércio ocidental no país. A resistência tem como resposta a intervenção armada de tropas européias, que, após alguns anos, conseguem obrigar a China a abrir diversas concessões. É a abertura definitiva do mercado chinês, que gera, por sua vez, um novo movimento de resistência, em bases ainda mais violentas. Será a vez da Rebelião Taiping, que se inicia exatamente em 1850, estendendo-se até 1864. Nesta conjunção de 1850, a presença européia desempenha por toda parte o papel de força desestabilizadora, varrendo (Urano) velhas estruturas de poder e rompendo o equilíbrio de civilizações centenárias. Em poucos anos, ocorre a Guerra da Criméia, que opõe o imperialismo inglês ao russo, e penetra-se mais profundamente no território africano, onde comunidades são arrancadas da vida tribal para o choque da civilização. São os anos também da aceleração da marcha para o Oeste, nos Estados Unidos, especialmente para os recém-conquistados territórios da Califórnia e do Texas.

A marcha para o Oeste Durante o período colonial, o Texas, a Califórnia e o restante do sudoeste americano era território espanhol, submetido ao vice-reino de Nova Espanha. Após a independência do México, em 1821, quinze anos de governo corrupto, especialmente o governo do general Antonio López de Santa Anna, a partir de 1833, fizeram com que as províncias do norte optassem pela separação. O Texas torna-se uma república autônoma em 1836, e passa dez anos lutando contra o governo mexicano para preservar sua independência até que, em 1845, decide tornar-se o 28° integrante dos Estados Unidos da América. Esta anexação provoca uma guerra entre os Estados Unidos e o México, que dura de 1846 a 1848. Os resultados para o México são terríveis, ocasionando a perda de 1,3 milhões de km2 para o vizinho do norte. É o momento da afirmação dos Estados Unidos como potência

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imperialista e do completamento da expansão para o Pacífico. A partir daí, os americanos passaram a controlar um imenso território contínuo, de costa a costa, que logo seria ocupado pelos criadores de gado e mineradores. A maior perda do México não foi sequer o Texas, mas a Califórnia. O governo do general Antonio López de Santa Anna havia dividido esta região entre seus apaniguados, que tomaram posse de vastas extensões de terra onde antes levantavam-se as missões religiosas franciscanas. Por volta de 1841, colonos americanos começaram a penetrar na região. Em 1846, já proclamavam a república independente da Califórnia – outro dos motivos da guerra entre os Estados Unidos e o México. Em 1848, logo após o fim da guerra, são descobertas grandes jazidas de ouro, o que provoca uma imediata corrida de aventureiros para o Oeste. A Califórnia, que despertara escassa atenção durante três séculos, vê sua população dobrar rapidamente. Em 1850, na exata conjunção Urano-Plutão, transforma-se no 31° estado norte-americano. A anexação do México e da Califórnia é um fenômeno tanto relacionado ao advento do novo ciclo Urano-Plutão em Áries quanto à descoberta de Netuno, em 1846 (o mesmo ocorrendo com a Guerra do Ópio na China, sendo todos os narcóticos regidos por Netuno). É fato conhecido que a descoberta de planetas até então invisíveis costuma estar em sincronia com processos históricos regidos por estes mesmos planetas. Fora assim com Urano, no século XVIII, marcando o impulso inicial da revolução industrial. Seria assim com Plutão, em 1930, em concordância com a ascensão do nazi-fascismo, com a crise da Bolsa de Nova Iorque e com a conquista da técnica da fissão nuclear. Já a descoberta de Netuno está sincronizada com a eclosão das idéias socialistas e dos grandes movimentos de massa na Europa e com a transferência da Califórnia e do Texas para o controle norte-americano. O toque netuniano é visível no papel que a Califórnia viria a desempenhar daí em diante. Num primeiro momento, é a terra prometida, que atrai milhares de miseráveis à cata do ouro recém-revelado nas Montanhas Rochosas. Mais adiante, será a sede das maiores indústrias cinematográficas, a “fábrica de ilusões” de Hollywood. Netunianamente, a Califórnia é o estado americano com maior grau de mistura racial, reunindo, além da maioria anglo-saxônica, expressivas comunidades hispânicas, chinesas, vietnamitas, filipinas, negras e de descendentes das antigas comunidades nativas dos pele-vermelha. É também o que conta com o maior contingente de veículos motorizados do mundo (Urano-Plutão em Áries) e o trânsito mais caótico, responsável por altíssimos índices de poluição atmosférica (Netuno). A transformação da Califórnia em estado americano tem uma carta bastante reveladora: o ato foi assinado por volta de 9h41 da manhã de 9 de setembro de 1850, em San José1. O Ascendente é Escorpião, em estreita conjunção com a Lua no mesmo signo e em oposição a Urano-Plutão no último grau de Áries. Netuno em Peixes está na cúspide da 5 – casa das artes e dos espetáculos – em trígono com o Ascendente.

Trens e manifestos O grande instrumento de penetração econômica em toda parte é o trem, cuja chegada sempre transforma a paisagem econômica (a resistência dos índios pele-vermelha americanos ao trem não era por acaso: eles percebiam claramente o que viria no rastro das locomotivas...). Mesmo no Brasil, a conjunção também fará sentir seus efeitos na economia, com a introdução das primeiras linhas ferroviárias que permitirão a interiorização das fazendas de café. A figura empreendedora do Barão de Mauá, com sua disposição para transformar o país numa potência industrial, corporifica claramente o espírito da época. Ainda no Brasil, é o momento em que o modelo escravista sofre seu

1 PENFIELD, Marc Heeren. Horoscopes of the Western Hemisphere. San Diego, ACS Publications, 1984. Carta retificada por Marc Penfield.

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primeiro grande abalo com a proibição do tráfico negreiro, em 1850. Daí em diante, a abolição seria apenas uma questão de tempo e oportunidade. O mesmo acontece nos Estados Unidos, onde a Guerra de Secessão entre o norte industrializado e o sul agrário e escravocrata tipifica o conflito entre os interesses econômicos já sintonizadas com o novo ciclo e aqueles que ainda lhe ofereciam resistência. Outro fenômeno que podemos associar à conjunção é a eclosão das ideologias socialistas na Europa, especialmente com o Manifesto Comunista de 1848. Temos aí também uma simbologia claramente netuniana, planeta que fora descoberto apenas dois anos antes. Netuno rege o socialismo e todas as utopias, de uma forma geral. Mas o fator de turbulência e de convulsão social é dado por Urano-Plutão, a conjunção eternamente desestabilizadora.

A conjunção de 1965: o sonho acabou? Sobre a conjunção de 1965 já falamos no início. A acrescentar, temos o fato de que, por ter ocorrido já no signo de Virgem, sua conotação, no contexto da era de Peixes, já não é mais de casa 2 ou 6, como as anteriores, mas sim de casa 7, por oposição a Peixes na casa 1 do mapa simbólico da era atual. Tendo a sétima casa um sentido de confronto aberto e consciente entre princípios diferentes, e tendo uma associação natural com Libra, signo de Ar (apesar de a conjunção ter ocorrido em Virgem), a dinâmica do ciclo desloca-se da esfera da produção para o das relações sociais delas decorrentes. Duas expressões que definem com precisão o sentido do novo ciclo são cultura alternativa e contracultura, que entram em moda exatamente neste período. Tanto o alternativo (aquilo que remete ao outro, à alteridade) quanto o contra são conceitos de casa 7, e a agitação de estudantes e de minorias raciais que tomou conta das ruas neste período encontra ressonância no vigor dos processos desencadeados pelo encontro de Urano com Plutão. Do ponto de vista cultural, é a década da contestação aberta dos valores burgueses, exatamente os valores que a mesma conjunção Urano-Plutão contribuíra para afirmar, nos ciclos anteriores. Os exemplos são todos próximos e bem conhecidos: a música de protesto de Bob Dylan e Joan Baez, a marcha sobre Washington pelos direitos civis conduzida pelo reverendo Martin Luther King, os jovens americanos rasgando suas certidões do alistamento militar, a revolta dos estudantes na Sorbonne, a Passeata dos Cem Mil no Rio de Janeiro, o musical Hair... Neste, aliás, um verso anunciava: “When the Moon is in the seventh house...” (“Quando a Lua está na sétima casa...”). O sentido é exatamente este, de sétima casa, de confronto, de busca de uma saída que não esteja no batido repertório da sociedade de consumo. Para muitos, a saída estaria no Oriente, na retomada de valores culturais da era pré-industrial, num sintomático processo de revisão do que se construiu ao longo de todo um milênio. Quase ao mesmo tempo, a era de Peixes entrou também em sua última fase – a fase Peixes ou de casa 12. A quase simultaneidade dos dois ciclos destaca um momento de risco para a civilização ocidental. De um lado, são os inimigos abertos – Urano-Plutão na casa 7 da era – e, de outro, os fatores ocultos de corrosão, os inimigos ocultos da casa 12. O mundo industrial começa a descobrir os efeitos nefastos de seu modelo de exploração dos recursos do planeta. É a crise dos recursos naturais que mostra sua face nos anos sessenta. Nos anos subseqüentes, os tradicionais adversários da civilização cristã renovam sua força, caracterizando uma era de recrudescimento de confrontos do Ocidente com o mundo muçulmano. A guerra árabe-israelense de 1967 (Guerra dos Seis Dias) foi um sinal. Bastariam poucos anos para que a primeira crise do petróleo e o fundamentalismo islâmico mostrassem que o Ocidente era um gigante com os pés de barro. Mesmo que não se saiba exatamente o que virá, sabe-se com certeza que nada será como antes...

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Exercício de Aplicação Agora vamos trabalhar duro, desenvolvendo um exercício de maior complexidade. Ao fazê-lo, você estará treinando uma competência que é fundamental em Astrologia Mundial: a de pesquisar analogias entre fenômenos históricos e astrológicos em busca de um padrão de repetição. Na medida em que descobrimos um padrão – um traço comum, uma tendência que, na essência, sempre se repete, se bem que com roupagem diferente e sob contextos também diferentes – podemos projetar este padrão no futuro e utilizá-lo para previsões mais seguras. Para que você possa entender melhor o espírito do exercício, comecemos com um exemplo bem simples e caricato. Vamos descobrir se há alguma correlação entre o comportamento de Bin Laden, o cão pitbull de Belarmino Anabólico, e as variações climáticas da cidade onde ele vive. Acompanhe o seguinte relato, tirado do diário de Belarmino Anabólico:

1º de agosto – Hoje choveu pra burro. Mesmo assim fui correr na praia com o Bin Laden. O problema é que logo hoje ele resolveu morder uma turista alemã que tomava água de coco num daqueles quiosques do Calçadão. Deu a maior encrenca. Fomos parar na delegacia, mas como o delegado malha na mesma academia que eu, ficou tudo em família e fomos liberados numa boa. 2 de agosto – Aproveitei o sol e fui escalar o paredão do morro da Urca. Deixei o Bin Laden amarrado lá em baixo, num poste da entrada da Praia Vermelha. Ele ficou numa nice. Quando voltei, encontrei os soldados que fazem a guarda da Escola Superior de Guerra, ali do lado da praia, fazendo festinha no focinho do Bin Laden. Parece que ele gostou. 3 de agosto – Hoje fez um friozinho gostoso e não choveu. Como faltou luz na academia, não fui malhar. Preferi dar uma volta do shopping pra azarar umas gatas. Não queriam deixar o Bin Laden entrar, mas mostrei pro segurança minha carteirinha da Polícia Federal e ele deixou rolar. Acho que nem sacou que a carteira era falsa. Bin Laden se comportou muito bem. Todo mundo apavorado, dizendo “olha lá o pitbull”, e ele nem aí. Quando parei na praça da alimentação pra tomar meu açaí, ele se enroscou no pé da mesa e chegou a dormir. 4 de agosto – Não sei o que deu no Bin Laden hoje. Mal a gente saiu de casa, ele avançou em cima de uns garotos que jogavam bola e estraçalhou um deles. Devorou dois dedos e uma orelha do guri e só não comeu o resto porque apareceu um guarda e começou a atirar. O garoto foi pro hospital e eu, pra variar, fui parar na delegacia. Só não fiquei detido porque o delegado que é meu chapa conseguiu chegar a tempo, mesmo com o temporal que inundou o bairro inteiro.

Precisa mais? Qualquer pessoa de bom senso já começaria a desconfiar de alguma relação entre a violência de Bin Laden, o pitbull de Belarmino, e o mau tempo. Algo do tipo “choveu, mordeu”. Mas como quatro dias são muito pouco tempo para tirarmos uma conclusão definitiva, seria preciso observar Bin Laden por um longo período até confirmar a hipótese sem qualquer sombra de dúvida. Seria preciso observar, por exemplo, se sempre que chove Bin Laden se torna agressivo, ou se os acessos de agressividade também podem ocorrer em dias de sol. E depois que identificarmos um padrão, podemos utilizá-lo para prevenir futuras ocorrências. Seguem abaixo textos extraídos de diversas fontes. Exceto quanto à introdução do texto sobre os bandeirantes, que é nosso, todos os demais são de autores não-astrólogos, o que implica dizer que nenhum deles estava contaminado com um pré-julgamento astrológico sobre o significado de determinados acontecimentos. Todos se relacionam com a História do Brasil (inclusive o de 1455) e todos se referem a acontecimentos que tiveram lugar sob conjunções Urano-Plutão. Eis o que você deve fazer:

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1 – Identificar o que há de comum em todos os fatos e processos históricos relatados. O que sempre parece acontecer sob estas conjunções? O que está em jogo? Quem sai ganhando? 2 – Projetar todas as conjunções Plutão-Urano sobre o mapa do Descobrimento do Brasil (Descobrimento.gif), considerando os graus já informados na Lição 1, e verificar: a) Que casas são ativadas? b) Que planetas do Descobrimento são aspectados? 3 – Considerando a posição por signo e casa e regências, que significado você atribuiria a Plutão e Urano no mapa do Descobrimento? Este significado se confirma nos fatos ocorridos sob cada conjunção? Agora, vamos aos textos:

1455 – Bula sobre o domínio dos mares A frase “Em Nome de Deus e do Lucro”, atribuída a um mercador medieval serviria para definir as bases da expansão marítima portuguesa, apesar de terem havido motivações estratégicas e políticas. (...) O Papado neste momento estava empenhado em difundir seus conceitos de expansão da Fé Cristã combatendo os inimigos da Fé. (...) Com relação a Portugal, segue uma linha expansionista e comercial pretendendo satisfazer interesses reais e burgueses. A união destas duas forças pode ser claramente detectada no estudo do conteúdo das três bulas2 papais promulgadas no século XV, que atendem a pedidos preliminares feitos pela Coroa portuguesa. A primeira bula, DUM DIVERSAS, datada de 1452, autorizava o rei a “... atacar, conquistar e submeter sarracenos, pagãos e outros descrentes e inimigos de Cristo; capturar seus bens e territórios, reduzi-los a escravatura perpétua e transferir suas terras para o Rei de Portugal...” A segunda bula, ROMANUS PONTIFEX, datada de 1455, além de exaltar a figura do Infante D. Henrique definindo-o como “Soldado de Cristo e Defensor da Fé”, cria o monopólio português nas regiões conquistadas, proibindo outras nações de interferir no mesmo.

"[...] Pela presente carta damos, concedemos e atribuímos, em propriedade perpétua ao dito Rei D. Afonso, aos seus sucessores que viverem no dito reino e ao Infante, as províncias, ilhas, portos, lugares e mares já adquiridos ou que de futuro eles vierem a adquirir [...] desde o Cabo Bojador e o Cabo Não [...] Dispomos, além disso, que sem especial licença do mesmo rei D. Afonso, dos seus sucessores ou Infante, não possam naqueles mares navegar, transportar mercadorias, ou mandar navegar ou neles pescar [...]." Bula do Papa Nicolau V (adaptação)

E finalmente a terceira bula, INTER CAETERA, de 1456, não só ratifica a anterior como delega poderes a Ordem de Cristo (...). as bulas não visavam apenas o Marrocos sarraceno mas a uma expansão bem mais ampla, como o domínio da Costa Africana, após a passagem do Bojador e a ocupação das Ilhas Oceânicas. Texto de Arildo Benacchi Bittencourt, bacharel em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)3.

2 Uma bula é um decreto do Papa, com valor de lei para a comunidade católica. 3 O texto completo está em http://www.geocities.com/Athens/Column/6138/emnomededeus.html.

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1597 – Franceses expulsos de Natal A história de Natal iniciou-se em 1535, quando uma armada portuguesa partiu de Recife rumo a região do Natal de hoje, para expulsar os invasores franceses que ali se apossaram de terras. Somente na noite de natal de 1597, com a chegada de reforços provenientes da Paraíba e Pernambuco, os portugueses iniciaram a expulsão dos franceses, originando o nome da cidade, Natal. Por volta de 1597 – O movimento bandeirante deixa de ser defensivo e torna-se atacante Sendo uma capitania pobre, onde faltavam recursos para a aquisição de escravos, São Vicente (onde está hoje a cidade São Paulo) não tem outra opção senão apresar os índios e utilizá-los como mão de obra servil. Nos primeiros tempos, apresavam-se apenas índios de tribos próximas, e as expedições tinham um caráter particularmente defensivo, já que as tribos atacadas eram aquelas que ameaçavam diretamente a segurança da população da vila de São Paulo de Piratininga. Sobre isso, diz Sérgio Buarque de Hollanda: “Bandeirismo de ofensiva foi o do século XVII, inaugurado após os empreendimentos do Capitão-mor João Pereira de Sousa em 1596, os quais estabeleceram definitivamente a posse da terra. Derrotados, internaram-se os índios pelo sertão adentro, ou aceitaram o cativeiro. Possuir escravos índios constituía índice de abastança e de poder que seriam proporcionais ao número das “peças” possuídas. (...) De nada valiam as ordens promulgadas pela Coroa, garantindo a liberdade dos nativos (...), a lei de 11 de novembro de 1595, proibindo a escravização do gentio4 do Brasil e o alvará de 26 de julho de 1596, sobre o mesmo assunto. Seria permitida pelo rei a “guerra justa” tornando-se legal somente a escravização do gentio que assaltasse portugueses e índios pacificados. A guerra justa, seria fácil provocá-la! Simples pretexto que se tornou letra morta entre os sertanistas de São Paulo.” 5 1709 – Guerra dos Emboabas – Minas Gerais A descoberta das “minas” provoca imediatamente um extraordinário fluxo migratório, interno e externo, para as “Gerais”. Não tardam os conflitos entre os paulistas, os primeiros descobridores e povoadores, e os forasteiros recém-chegados, os emboabas, portugueses na maioria, ao lado de pernambucanos, baianos e outros. Disputa-se o direito de exploração das terras, defendido pelos paulistas como primeiros ocupantes, e pelos portugueses, como cidadãos do Reino (reinóis). Entre 1707 e 1709, ocorrem lutas violentas entre os dois grupos. (...) Os paulistas sofrem sérias derrotas, como a do Capão da Traição. Em 1709, (...) o novo governador promove a pacificação geral, sendo então criada a Capitania de São Paulo e Minas do Ouro, pertencente à Coroa. Em conseqüência dos conflitos, muitos paulistas, organizados em novas “bandeiras”, abandonam as Gerais, dirigindo-se para o Oeste, vindo a descobrir novas minas em Goiás e Mato Grosso.6 1710 – A Guerra dos Mascates - Pernambuco

4 Gentio – O índio, especialmente o ainda não convertido ao Cristianismo. 5 HOLLANDA, Sérgio Buarque de. História Geral da Civilização Brasileira. O Período Colonial, volume I. SP, Difel, 1960. 6 TEIXEIRA, Francisco M. P. & DANTAS, José. Estudos de História do Brasil – Volume I: Colônia. SP, Ed. Moderna, 1971.

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Astroletiva – Nível Especialização – Eras e Ciclos Planetários 2 – Lição 4 – 7

Esta luta entre os proprietários rurais de Olinda e os comerciantes – mascates – portugueses de Recife, tem origem na expulsão dos holandeses. Se a perda do mercado mundial foi trágica para os produtores pernambucanos, não o foi tanto assim para a burguesia lusitana de Recife, que passa agora a financiar a produção olindense, com taxas elevadas e muitas hipotecas executadas. (...) Em 1710, os comerciantes lusitanos obtêm da Coroa a Carta Régia de emancipação político-administrativa de Recife, construindo, então, o o Conselho e o Pelourinho. A oposição dos olindenses não se faz esperar. (...) Invadem Recife e destroem o pelourinho, provocando a imediata reação dos mascates. A Coroa intervém (1711), nomeia (...) novo governador que põe fim aos conflitos e confirma a autonomia de Recife. Mais uma vez, se evidencia a reação nativista colonial frente à dominação metropolitana, representada aqui pela própria burguesia portuguesa.7 1850 – Lei de Terras A Lei de Terras, promulgada em 18 de setembro de 1850, foi essencial para a manutenção do poder pelos fazendeiros escravistas, pois tinha como objetivo impedir o acesso à terra de todos os que não faziam parte da elite. Para tanto, abolia a posse como meio para o reconhecimento da propriedade. Quando a nova lei entrasse em vigor, os únicos donos legítimos seriam os que tivessem um documento de posse assinado por um juiz, não quem ocupasse a terra. Este sistema, de grande violência, contrariava toda a tradição colonial. Nem mesmo os índios – cidadãos livres desde a independência – tinham direito às terras que ocupavam havia milênios, a não ser que fizessem uma petição a um juiz. Com a nova lei, melhorou bastante a situação dos grandes fazendeiros, que em geral tinham poder suficiente para nomear o magistrado local. Obtendo deste juiz um documento de posse, eles garantiam a propriedade de milhares de alqueires já ocupados por posseiros ou indígenas. Esta possibilidade deu origem a um expediente: uma pessoa com influência junto a um juiz incentivava a ocupação de terras por posseiros. Estes derrubavam a mata e começavam a plantar roças. Quando as terras estavam abertas – o desmatamento era a fase mais trabalhosa para a obtenção de solo cultivável –, o interessado obtinha um registro de proprietário com o juiz. Em seguida, empregava tropas ou jagunços para expulsar os ocupantes de “suas” terras. A nova lei também tinha a finalidade de impedir que os colonos europeus se tornassem pequenos proprietários. Além de proibir que se facilitasse a compra pelos mais pobres (havia agora um lote mínimo, e as vendas de glebas a prazo foram vetadas), a lei previa que os imigrantes só podiam adquirir terras três anos após terem desembarcado em solo brasileiro. O resultado foi um clima de espoliação permanente nas zonas de expansão agrícola e um grande atraso no projeto de trazer imigrantes, tudo em benefício dos grandes proprietários rurais.8 1850 – Ingleses atacam o Brasil Em fevereiro de 1850, a marinha britânica atacou vários portos brasileiros. Os ataques foram motivados pela imposição inglesa sobre o fim do tráfico de escravos, que os brasileiros sempre burlavam. Quando as ameaças aumentaram em seriedade, o governo brasileiro finalmente extinguiu o tráfico. A medida seria

7 Idem. 8 CALDEIRA, Jorge et alii. Viagem pela História do Brasil. Companhia das Letras.

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apresentada ao embaixador inglês no Rio de Janeiro, Hudson, para que fossem evitados os ataques. Hudson, por sua vez, não deu ouvidos ao diplomata brasileiro, Paulino Soares de Souza, que trouxera a confirmação do fim do tráfico e não comunicou às autoridades inglesas. Ele acreditava firmemente que uma atitude repressiva e violenta era necessária para “disciplinar aqueles primitivos”. O resultado: canhões sobre Cabo Frio e Paranaguá e a apreensão de um barco em Macaé.9 1964 – O Estatuto da Terra Logo após assumir o poder, os militares incluíram a reforma agrária entre suas prioridades. Um grupo de trabalho foi imediatamente designado (...) para a elaboração de um projeto-de-lei de reforma agrária. O grupo trabalhou rápido e, no dia 30 de novembro de 1964, o Presidente da República, após aprovação pelo Congresso Nacional, sancionou a Lei nº 4.504, que tratava do Estatuto da Terra. O texto - longo, detalhista, abrangente e bem-elaborado - constituiu-se na primeira proposta articulada de reforma agrária, feita por um governo, na história do Brasil. Em vez de dividir a propriedade, porém, o capitalismo impulsionado pelo regime militar brasileiro (1964-1984) promoveu a modernização do latifúndio, por meio do crédito rural fortemente subsidiado e abundante. O dinheiro farto e barato, aliado ao estímulo à cultura da soja - para gerar grandes excedentes exportáveis - propiciou a incorporação das pequenas propriedades rurais pelas médias e grandes: a soja exigia maiores propriedades e o crédito facilitava a aquisição de terra. Assim, quanto mais terra tivesse o proprietário, mais crédito recebia e mais terra podia comprar.10

Teste de Verificação

1 – As afirmativas abaixo são corretas, exceto uma. Aponte-a:

a) A conjunção Netuno-Plutão em Gêmeos de 1398 corresponde à valorização do conhecimento como pré-requisito para a geração da riqueza. A partir daí, será cada vez mais importante não apenas controlar terras e matérias-primas, mas principalmente dominar a tecnologia de seu aproveitamento. Já a conjunção Urano-Plutão em Leão de 1455 está conectada ao desenvolvimento da tecnologia para a reprodução de livros em larga escala, o que dá os meios para a difusão do conhecimento e o surgimento de uma classe média letrada.

b) As conjunções Urano-Netuno são, via de regra, as que iniciam ciclos de maior radicalização política, maior violência social e maior polarização de posições antagônicas. São também as que guardam maior analogia com as transformações tecnológicas, como a introdução da máquina a vapor como ponto de partida para a revolução industrial. (X)

c) Se considerarmos o mapa simbólico da era de Peixes, com Peixes na casa 1, os signos de Fogo estarão ocupando as três casas de Terra. Este fato ajuda a entender por que as conjunções Urano-Plutão em signos de Fogo (Áries e Leão) tiveram tanto impacto nas transformações econômicas que fizeram a transição do feudalismo para o capitalismo industrial.

d) As conjunções Urano-Plutão colocam em evidência mas também em cheque os valores dos signos em que ocorrem. Assim, a conjunção de 1710, em Leão, coincide com o auge do

9 Citado por Carlos Hollanda no material didático do curso Progressões Secundárias e Arcos Solares 2, de Astroletiva. 10 Extraído do site www.geocities.com/reformagraria/estatter.htm.

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regime absolutista em diversos países da Europa, mas também inicia um ciclo em que este mesmo absolutismo sofrerá sérios abalos, como na Revolução Francesa.

Comentário – A opção B estaria correta se substituíssemos Urano-Netuno por Urano-Plutão. Todas as conjunções de planetas exteriores (assim como as posteriores quadraturas e oposições) correspondem a momentos de maior aceleração de mudanças históricas, mas nada se compara ao efeito de “varredura” das conjunções Urano-Plutão (basta reler os capítulos sobre as Cruzadas, a peste negra e a revolução industrial). As demais alternativas são verdadeiras, cabendo acrescentar um comentário ao texto da opção D: a ocorrência de uma conjunção de planetas exteriores não enfatiza apenas o signo em que se dá, mas também o signo oposto. Plutão, em especial, parece ser o planeta com maior capacidade de “detonar” valores e atributos dos signos pelos quais transita e trazer à tona características negativas do eixo como um todo (do signo ocupado e de seu oposto). Assim, por exemplo, o trânsito de Plutão pelo contido signo de Virgem, nos anos 60, detonou a chamada “revolução sexual”. Com a liberalização dos costumes e o advento da pílula anticoncepcional, tornou-se possível para a mulher um comportamento sexual mais promíscuo (Peixes) impensável nas décadas anteriores. Da mesma forma, o recrudescimento do terrorismo praticado por grupos religiosos, com o atual trânsito de Plutão em Sagitário, trouxe conseqüências como uma queda geral nas atividades relacionadas ao turismo de longa distância – uma atividade tipicamente sagitariana. Basta pensar no cancelamento maciço de pacotes turísticos para Nova Iorque ocorrido após a destruição do World Trade Center e nas crescentes dificuldades econômicas de muitas companhias aéreas. 2 – Palavras-chave para definir a tônica geral da fase Capricórnio da era de Peixes, iniciada por volta de 1606, conjugada ao ciclo Urano-Plutão em Áries de 1597:

a) Absolutismo e fortalecimento da burguesia mercantil. (X) b) Democracia, descentralização e liberdades constitucionais. c) Descentralização política e exacerbação religiosa. d) Absolutismo e capitalismo industrial.

Comentário – A fase capricorniana da era de Peixes é exatamente aquela em que se afirmam os valores mais pragmáticos na política, na administração pública e na cultura. A política se afasta progressivamente da religião e encontra um novo fundamento; a administração pública torna-se cada vez mais racional, com crescente preocupação com eficiência e economicidade; na ciência, afirmam-se valores materialistas e racionalistas. Na economia, é a época do apogeu do conjunto de práticas conhecido como mercantilismo, onde a base da riqueza é o comércio (especialmente o comércio exportador) favorecido por monopólios reais. Figuras típicas desta época, e que bem expressam seu espírito, são o Cardeal Richelieu, ministro de Luís XIII, e Colbert, o ministro de Luís XIV. O interesse do Estado se afirma sobre todos os outros interesses. Richelieu, por exemplo, apesar de ser uma autoridade da Igreja Católica, não trepidou em aliar-se a reinos protestantes, como a Suécia, para combater os imperadores Habsburgo católicos durante a Guerra dos Trinta Anos. 3 – A conjunção Urano-Plutão de 1455 corresponde a uma fase de grandes avanços náuticos, seja na técnica de construção de embarcações, seja no conhecimento geográfico e cartográfico. Contudo, as viagens mais espetaculares só aconteceriam a partir de 1488, quando Bartolomeu Dias dobra o Cabo da Boa Esperança. A partir daí, começa a fase mais importante dos grandes descobrimentos espanhóis e portugueses. Os ciclos que estão relacionados mais de perto com a fase áurea das grandes navegações são:

a) O ciclo Netuno-Plutão em Gêmeos e a fase Sagitário da era de Peixes. b) O ciclo Netuno-Plutão em Gêmeos e o ciclo Urano-Netuno em Escorpião. c) O ciclo Urano-Plutão em Leão e o ciclo Urano-Netuno em Escorpião.

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d) O ciclo Urano-Netuno em Escorpião e a fase Sagitário da era de Peixes. (X) Comentário – O sentido expansionista da fase Sagitário da era de Peixes é mais do que evidente: nesta fase, os horizontes culturais e econômicos da Europa passam, pela primeira vez na História, a abranger o mundo inteiro. A conjunção Urano-Netuno em Escorpião de 1478 ocorreu nos últimos minutos do signo, funcionando, na prática, como uma conjunção de conotação Escorpião-Sagitário. 4 – Como decorrência da peste negra, há um fato que se ajusta claramente ao simbolismo específico do ciclo Urano-Plutão em Áries. Aponte-o:

a) A peste negra produzia em suas vítimas processos violentos de expurgo (purulência, suor fétido etc.) que provocavam forte repugnância.

b) Os judeus, até então relativamente tolerados na Europa Ocidental, passam a ser discriminados e perseguidos sob a acusação de terem “envenenado as águas”.

c) Se não as fossem as Cruzadas e a conseqüente reabertura de rotas comerciais para o Oriente, provavelmente a peste negra não teria chegado à Europa.

d) O ciclo de evolução da peste era extremamente rápido, quase fulminante. (X) Comentário – A rapidez se deve à conjugação do componente uraniano (instantâneo, imprevisível, fulminante como um raio, normalmente antecipando ou precipitando acontecimentos) ao fator Áries (um signo igualmente rápido, relacionado à ação e a inícios). Plutão agrega ao conjunto profundidade e potência. A peste negra espalhou-se de maneira fulminante e letal, ceifando centenas de milhares de vidas em poucas semanas. Já a alternativa A refere-se a uma característica plutoniana (processos de expurgo), e não especificamente ariana. A intolerância, de uma forma geral, e a radicalização de posições enquadra-se como um traço de qualquer contato Urano-Plutão, não importando o signo. Quanto a importância da reabertura das rotas comerciais como fator de difusão da peste, é um dado real, mas que pode ser compreendido por outros indicadores astrológicos mais específicos. A difusão por grandes distâncias relaciona-se principalmente ao eixo Gêmeos-Sagitário. 5 – As alternativas abaixo refletem conseqüências da Guerra dos Cem Anos que podem ser explicadas pelo início do conflito nas proximidades de um novo ciclo Urano-Plutão. Aponte a única alternativa incorreta:

a) Num primeiro momento, a Guerra dos Cem Anos deixa a França arrasada e com sua economia desorganizada.

b) A Guerra dos Cem Anos, que começa como um conflito feudal e dinástico enfre França e Inglaterra, escapa ao objetivo inicial e contribui para acelerar a decadência do feudalismo nos dois países.

c) Joana d’Arc foi uma guerreira visionária e mística, capaz de acender a esperança em suas tropas mesmo nos momentos mais difíceis. (X)

d) Durante a Guerra dos Cem Anos, acontece um enorme avanço das técnicas de combate. As primeiras batalhas da guerra são tipicamente feudais, com uso de lanças, espadas e flechas. No fim da guerra, os dois exércitos já tinham introduzido, pela primeira vez na Europa, o uso de canhões e a prática do bombardeio de posições inimigas.

Comentário – O contexto em que Joana d’Arc atuou, de uma França destruída e convulsionada, pode ser relacionado ao ciclo Urano-Plutão sob o qual a Guerra dos Cem Anos teve início. Mas a própria figura de Joana d’Arc e sua trajetória de vida remetem muito mais ao simbolismo de Sagitário, Júpiter-Netuno etc. Tratava-se de uma mística, movida por intensa fé, que luta por um ideal até então abstrato (a unidade nacional do reino da França) e entra em conflito com as instituições religiosas. Joana d’Arc imortalizou-se pelo seu comportamento durante um julgamento eclesiástico (Sagitário) injusto e “de cartas marcadas”.

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As demais alternativas falam de características da conjunção Urano-Plutão: o efeito inicial de desestabilização, o avanço tecnológico (no caso, com a introdução do uso regular das armas de fogo na Europa) e o caráter impessoal das forças desatadas pelo ciclo. Quanto a este último tópico, basta considerar que a guerra começa como um conflito feudal entre as dinastias dos Capetos e dos Plantagenetas, mas termina com um significado muito mais amplo – o de marco terminal da Idade Média, em 1453. 6 – O descobrimento do Brasil deu-se no âmbito de uma série de ciclos então correntes, que tiveram início com as seguintes conjunções.

• Conjunção Netuno-Plutão de 1398 – 3º52’ de Gêmeos • Conjunção Urano-Plutão de 1455 – 13º34’ de Leão • Conjunção Urano-Netuno de 1478 – 29º40’ de Escorpião

Projetando a posição dessas conjunções no mapa do Descobrimento do Brasil (descobrimento.gif), observa-se que:

a) A conjunção Netuno-Plutão de 1398 ocupa a casa 6 do mapa do Descobrimento. b) A conjunção Urano-Plutão de 1455 ativa a casa 10, enquanto a conjunção Urano-Netuno

de 1478 ocupa o Fundo do Céu. c) A conjunção Urano-Netuno de 1478 encontra-se no final da casa 1 do mapa do

Descobrimento, já ativando a casa 2. (X) d) A conjunção Netuno-Plutão de 1398 ocupa a casa 8 enquanto a conjunção Urano-Plutão de

1455 faz conjunção com o Ascendente. Comentário – Esta é uma questão que exige simplesmente observação. Quanto ao que estes posicionamentos significam, veja a questão 1 dos Exercícios de Aplicação. 7 – Qual o planeta do mapa do Descobrimento mais forte e diretamente aspectado por pelo menos uma das conjunções referidas na questão anterior?

a) Sol b) Vênus (X) c) Saturno d) Netuno

Comentário: A conjunção Netuno-Plutão em Gêmeos de 1398 está em conjunção com Vênus do mapa do Descobrimento, a 7º55 de Gêmeos, e em quadratura com Lua no início de Peixes e Urano no final de Aquário. Vênus rege o Ascendente do Brasil Colonial (segundo nossas retificações) e a Lua rege o Meio-Céu. Portanto, podemos encontrar no Descobrimento do Brasil ressonâncias ou efeitos de processos iniciados nas proximidades dessa conjunção Netuno-Plutão de 1398. Um exemplo: o novo ciclo Netuno-Plutão em Gêmeos coloca em evidência o conhecimento – aquilo que chamaríamos hoje de know-how – como motor da civilização, em vez do controle puro e simples de territórios e matérias-primas. Como Portugal, país de território e população relativamente reduzidos, se comparados com o de outros países da Europa, conseguiu lançar-se na dianteira da expansão marítima e estabelecer rotas para locais tão distantes quanto o Brasil e as Índias? Houve, é claro, o fator político-administrativo: a dinastia de Avis, que subiu ao trono pouco antes da conjunção Netuno-Plutão, foi uma das primeiras na Europa a governar um Estado Nacional, ou seja, um país unificado, de administração

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razoavelmente centralizada e capaz de concentrar recursos econômicos em projetos específicos. Mas nenhuma criança da escola elementar, ao aprender sobre o Descobrimento do Brasil, deixa de ouvir falar na lendária Escola de Sagres do Infante D. Henrique. A Escola de Sagres não era exatamente uma escola nem ficava exatamente em Sagres, mas foi um centro de troca de experiências náuticas e um laboratório de projetos onde as funções geminianas estiveram em primeiro lugar: estudo, intercâmbio, planejamento, formulação e solução de problemas relacionados à navegação, registro de experiências etc. Portugal saiu na frente por deter o conhecimento necessário para tanto. O saber como fazer assumiu uma importância estratégica. Nas últimas décadas do século XV, quando a Espanha também começa a acumular seus segredos náuticos, acontece entre Espanha e Portugal uma das primeiras guerras pela cooptação de talentos de que se tem notícia. Pilotos experientes oferecem seus serviços a um e outro país a peso de ouro, enquanto os dois reinos espionam-se mutuamente atrás de informações sobre rotas, terras recém-descobertas e cartas marítimas atualizadas. Nas explorações além-mar, a presença de intérpretes capazes de compreender a língua dos nativos ganha enorme relevância. Toda esta ênfase na informação remete ao simbolismo de Gêmeos. O fato de o planeta regente do mapa do Descobrimento estar em conjunção com o ponto de partida do ciclo Netuno-Plutão em Gêmeos é muito significativo, pois situa o achamento das terras brasileiras como etapa do longo processo de afirmação do conhecimento lógico e estruturado como fator capital para a vitória na competição econômica. 8 – Materialismo, mecanicismo, racionalismo, progressiva autonomia da filosofia em relação à religião, desenvolvimento tecnológico, tudo isso contribui para a definição das bases da ciência moderna, fortemente vinculada ao sentido da fase ___________ da Era de Peixes e ao sentido de ruptura do ciclo ____________. Assinale a opção que melhor preenche as lacunas:

a) Sagitário – Urano-Plutão b) Capricórnio – Urano-Plutão (X) c) Capricórnio – Netuno-Plutão d) Aquário – Netuno-Plutão

Comentário – À primeira vista, pareceria lógico atribuir o enunciado à fase Aquário da Era de Peixes, na medida em que racionalismo, tecnologia e ciência moderna sugerem características aquarianas. Contudo, o que realmente corresponde à fase aquariana é a Revolução Industrial e o rápido desenvolvimento científico e tecnológico tornado possível nos séculos XIX e XX, após o advento da máquina a vapor e de uma atmosfera de real liberdade de pensamento. A fase Capricórnio é aquela em que se reúnem as condições materiais, políticas e filosóficas para o salto científico e tecnológico da fase seguinte. Assim, na fase Capricórnio a visão mecanicista e materialista do universo (atributos de Saturno) supera a visão religiosa da fase anterior (Sagitário) e lança as bases da ciência moderna. Na tabela de periodização da Era de Peixes apresentada na lição 2 do curso Astrologia Mundial – Eras e Ciclos Planetários 1 consta o ano de 1606 como sendo o do início aproximado da fase Capricórnio, assim como o de 1785 como o do início aproximado da fase Aquário. Observa-se que a formulação das teorias de Newton, pai da Física moderna, e de Kepler, sobre a mecânica celeste, são dessa época, assim como o início da Revolução Industrial. Além do mais, os primórdios da moderna ciência e tecnologia implicaram uma forte ruptura com o status quo da fase anterior, sendo que esta ruptura faz parte dos desdobramentos da conjunção Urano-Plutão de 1597, como já estudamos na lição 3.

Exercícios de Aplicação Esta é uma proposta de exercício bem mais complexa. As questões a seguir relacionam o Brasil da época colonial, cujo mapa-matriz é o do Descobrimento (descobrimento.gif), com os ciclos de planetas geracionais então correntes.

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1 – Você pode estabelecer, de alguma forma, relações de causa e conseqüência entre os eventos ocorridos nas proximidades de cada conjunção abaixo e a história do Brasil no período colonial, especialmente no século XVI? Conjunção Netuno-Plutão de 1398 – 3º52’ de Gêmeos

a) Dinastia de Avis no poder em Portugal (1383-85) b) Hordas de Tamerlão invadem a Índia (1398) c) Tamerlão derrota os turcos na Ásia Menor (1402) d) Conquista de Ceuta pelos portugueses (1415)

Resposta – Esta conjunção ocupa a casa 8, das taxas, tributos e reciclagens, e ativa a quadratura Vênus-Lua do mapa do Descobrimento. Destaca o papel do Brasil no período colonial como fornecedor de riquezas para a metrópole, conforme será vista com mais detalhes na questão 2, e conecta o regente do mapa do Descobrimento (Vênus) aos fatos históricos relacionados ao progressivo fechamento das rotas comerciais pelo Mediterrâneo e à conseqüente transformação de Portugal num país com vantagens estratégicas na busca de uma nova rota marítima para o oriente. Tamerlão foi um chefe tártaro-mongol cujas hordas desestabilizaram toda a vida política e econômica da Ásia. Ao invadirem o norte da Índia e, posteriormente, devastarem Bagdá e regiões da Ásia Menor, contribuíram para desorganizar e encarecer o comércio internacional pelas rotas que cortavam o Mediterrâneo e seguiam por terra a partir de Constantinopla. Assim, criaram condições para que se buscasse uma rota alternativa, o que levará Portugal a iniciar a exploração e conquista do litoral africano. Conjunção Urano-Plutão de 1455 – 13º34’ de Leão

a) Imprensa de Gutenberg (1450) b) Fim da Guerra dos Cem Anos (1453) c) Tomada de Constantinopla pelos turcos (1453) d) Bula do Papa Nicolau V sobre o domínio dos mares (1455)

Resposta – Esta conjunção ocupa a casa 10 do mapa do Descobrimento e ativa por quadratura o Sol do Descobrimento, na casa 7. A casa 10 é a do governante, da autoridade, sendo que, no caso, trata-se da autoridade colonial da administração portuguesa. A conjunção Urano-Plutão de 1455 tem, como vimos, forte correlação com os avanços tecnológicos (imprensa, armamentos, artes náuticas) que permitiram a expansão oceânica de Portugal. Da mesma forma, é o aspecto astrológico que testemunha o encarecimento do comércio pelo Mediterrâneo, dada a queda de Constantinopla, e o surgimento de uma França e de uma Inglaterra unidas em torno de monarquias nacionais mais fortes. É, finalmente, a época em que a Igreja justifica ideologicamente o retorno da escravidão, estimulando o apresamento de negros africanos por Portugal. Todos esses elementos estarão presentes na vida colonial: a relativa desimportância do Brasil em face das rotas oceânicas para a Índia, nas primeiras décadas do século XVI, a sociedade escravocrata, a constante interferência de franceses e mais tarde ingleses na vida colonial e a condição de dependência que impedia que o Brasil se beneficiasse com as novas tecnologias, do que resultou, por exemplo, a relativa ausência de uma imprensa local. Conjunção Urano-Netuno de 1478 – 29º40’ de Escorpião

a) Primeiro auto de fé da Inquisição espanhola (1481) b) Guerra das Duas Rosas na Inglaterra (1485) c) Unificação espanhola e expulsão de mouros e judeus (1492) d) Descobrimento da América (1492)

Resposta – Esta conjunção ocorre na casa 1 do mapa do Descobrimento, já em conjunção com a cúspide da casa 2 e em quadratura praticamente exata com Urano na casa 5. Sob esta conjunção

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definem-se as condições políticas e ideológicas que vigoravam na época do Descobrimento: o fortalecimento da hegemonia católica (as conquistas espanhola e portuguesa fazem-se em nome do Cristianismo) e a circunstancial liderança espanhola na corrida marítima. Esta conjunção é muito mais “espanhola” que “portuguesa”, no sentido de que o próprio reino espanhol, resultante da união de Aragão e Castela, nasce no período, sob a marca deste ciclo. Urano, na casa 5 do mapa do Brasil, faz quadratura a esta conjunção, indicando que haveria, mais tarde, uma contestação uraniana na colônia às condições impostas pelo ciclo. Um dos processos mais uranianos que tivemos na vida colonial foi, exatamente, a expansão bandeirante a partir do século XVII. Desrespeitando fronteiras estabelecidas e entrando em confronto direto com autoridades civis e eclesiásticas, aventureiros paulistas expandiram à força o território brasileiro, anexando vastas porções que, por direito, pertenceriam à Espanha. Os bandeirantes também inauguraram um padrão de relações sociais novas, típicos de uma sociedade mestiça e em formação. Observe-se que Urano regendo e ocupando a casa 5 é significador dos “filhos” da terra, das novas gerações de mestiços rebeldes que um constituiriam um país independente de Portugal. 2 – A viagem do Descobrimento, realizada pela esquadra sob o comando de Pedro Álvares Cabral, não tinha por objetivo final a exploração de novas terras na América, mas sim o estabelecimento de feitorias portuguesas nas Índias. Durante quase 50 anos, o Brasil não recebeu grandes investimentos de Portugal, mais interessado na exploração econômica do Oriente. Há algo no mapa do Brasil em conexão com os ciclos referidos na questão anterior que seja análogo a este fato? Resposta: Sim. Trata-se do mesmo interaspecto já abordado na questão anterior, qual seja, Vênus do Descobrimento em conjunção com Netuno-Plutão de 1398. Comentário: No mapa do Descobrimento, Vênus rege a casa 1 – a natureza básica, o modo de ser do Brasil durante o período colonial. Está em Gêmeos, signo de comércio e de trocas em geral (inclusive as intelectuais) e na casa 8, dos recursos compartilhados e dos tributos. A casa 8 tem uma conexão natural com Escorpião, signo que se encontra interceptado na casa 1, o que faz de Marte e Plutão, seus regentes, também co-regentes do Brasil colonial. Vênus está em quadratura com a Lua em Peixes, regente do Meio-Céu. Esta Lua, no mapa do Descobrimento, simboliza as autoridades portugueses, os governadores gerais e, mais tarde, os vice-reis que chegavam da metrópole. Toda a configuração fala do papel reservado ao Brasil: pagar tributos à metrópole, produzir riquezas para o colonizador europeu. Fala também da tensão permanente que se estabelecerá entre os interesses dos reinóis e dos nascidos na terra, o que irá gerar, mais tarde, os movimentos nativistas. Urano, em conjunção com a Lua, mostra a administração portuguesa como um tanto errática, com diversas mudanças de estilo ao longo dos 322 anos de dominação, alternando momentos de endurecimento do controle sobre a terra com outros em que, pela absoluta falta de recursos, os portugueses deixavam a vida na colônia “correr mais frouxa”. Outro sentido da conjugação de Vênus na casa 8 e de Plutão em Escorpião na casa 1 é o do Brasil colonial como um laboratório de reciclagem, já que casa 8 e Escorpião carregam a idéia da transmutação. Como Plutão está oposto a Saturno na 7 e Vênus forma quadratura com a Lua, e como tanto Saturno quanto a Lua expressam valores de tradição e continuidade, a reciclagem brasileira se dá em relação ao patrimônio étnico, cultural e institucional herdado dos colonizadores portugueses. A conjunção Netuno-Plutão de 1398, além de enfatizar conteúdos de conhecimento, também põe em evidência processos de adaptação, mobilidade social e duplicidade (ou multiplicidade) étnica e cultural. A tradução mais rasteira de um ciclo Netuno-Plutão em Gêmeos é algo como: “a partir de agora, o mundo não é dos mais forte, e sim do mais esperto”. Por esperto entenda-se:

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- o que consegue adaptar-se mais rapidamente a condições ambientais em constante mutação; - o que consegue encontrar mais rapidamente novas respostas para novos problemas; - o que tem um repertório mais amplo de saídas para situações críticas; - o que consegue conciliar visões de mundo e culturas díspares.

Ou seja: o novo mundo inaugurado pelo ciclo Netuno-Plutão em Gêmeos é o mundo moderno, distante da imutabilidade feudal e da rígida estratificação social e econômica do apogeu da Idade Média. Na medida em que a conjunção de 1398 ativa os regentes do Ascendente e do Meio-Céu do mapa do Descobrimento, que ocupam, por sua vez, as casas 8 e 5 deste mesmo mapa, o que temos é o retrato da sintonia da colônia com uma vocação de adaptabilidade e de reciclagem cultural capaz de transformar o Brasil num grande caldeirão onde se gesta uma civilização com características inéditas. O papel histórico do país, desde o período colonial, foi servir de palco de experiências de confronto e de adaptação mútua de grupos humanos os mais diversificados. Este toque geminiano sempre foi vital no processo de mestiçagem cultural ainda em andamento, e que só seria possível no âmbito dos signos mutáveis. Trata-se de uma idéia que aqui é apenas esboçada, e que merecerá tratamento mais aprofundado em futuras investigações.

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Manda Chuva
Note
Descobrimento do Brasil – 22.04.1500, 16h53 LMT – Ao largo do Monte Pascoal – 16s41, 39w00.
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CURSO DE FORMAÇÃO EM ASTROLOGIA

ASTROLETIVA – Terra do Juremá Comunicação Ltda.

Nível: Especialização – Curso: Astrologia Mundial – Eras e Ciclos Planetários 2 – Lição: 5 Texto: Fernando Fernandes

Exercício de Aplicação da Lição 4

RESPOSTAS Seguem abaixo textos extraídos de diversas fontes. Exceto quanto à introdução do texto sobre os bandeirantes, que é nosso, todos os demais são de autores não-astrólogos, o que implica dizer que nenhum deles estava contaminado com um pré-julgamento astrológico sobre o significado de determinados acontecimentos. Todos se relacionam com a História do Brasil (inclusive o de 1455) e todos se referem a acontecimentos que tiveram lugar sob conjunções Urano-Plutão. Eis o que você deve fazer: 1 – Identificar o que há de comum em todos os fatos e processos históricos relatados. O que sempre parece acontecer sob estas conjunções? O que está em jogo? Quem sai ganhando? Resposta – As grandes características dos períodos em que ocorrem estes encontros planetários são a radicalização político-ideológica e a concentração de renda, gerando o capital necessário para grandes empreendimentos econômicos nos anos ou décadas subseqüentes. A análise desta questão é tão longa que resolvemos detalhá-las num capítulo inteiro, a seguir.

As conjunções Urano-Plutão no mapa do Brasil

Conjunção de 1455 Em primeiro lugar, todos os textos falam de terra (ou de controle dos mares, o que dá mais ou menos no mesmo). Em essência, a idéia central é uma disputa pelo controle dos meios de produção que sempre se resolve em favor do mais forte. Vejamos os fatos que aconteceram sob a conjunção Urano-Plutão de 1455:

O Papado (...), com relação a Portugal, segue uma linha expansionista e comercial pretendendo satisfazer interesses reais e burgueses. (...) A primeira bula, DUM DIVERSAS, datada de 1452, autorizava o rei a “... atacar, conquistar e submeter sarracenos, pagãos e outros descrentes e inimigos de Cristo; capturar seus bens e territórios, reduzi-los a escravatura perpétua e transferir suas terras para o Rei de Portugal...”

Em outras palavras: é a Igreja, que, naquela época, detinha ainda o legítimo poder de legislar sobre assuntos mundanos, beneficiando mediante uma bula (um decreto papal) os interesses expansionistas do rei e da burguesia, ou seja, a classe social que concentrava os recursos de investimento capazes de transformar o controle dos meios de produção em lucro. A referência a “pagãos, descrentes e inimigos de Cristo” é mero pretexto. Sob a capa de uma cruzada tardia contra os infiéis, o que se garante para Portugal é o direito de pilhar e concentrar riquezas. Já a bula Romanus Pontifex simplesmente “cria o monopólio português nas regiões conquistadas, proibindo outras nações de interferir no mesmo. E segue concedendo a Portugal “as províncias, ilhas, portos,

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lugares e mares já adquiridos ou que de futuro eles vierem a adquirir”. A bula Inter Coetera só confirma estas prerrogativas. Naturalmente, garantir o monopólio da exploração dos mares à nação que, naquele momento, encontrava-se mais apta para tirar proveito da aventura oceânica significava a união de uma força política (a Igreja) com uma força econômica (a burguesia portuguesa) para, juntos, tornarem-se ainda mais fortes e concentrarem mais riqueza. O Brasil é “descoberto” exatamente como fruto desta política portuguesa de monopolizar o Atlântico, que já vinha de muito antes do Tratado de Tordesilhas. Quando Cabral aporta por aqui, os portugueses estavam apenas conhecendo de perto uma terra que, por direito, já lhes pertencia.

Conjunção de 1597 Os fatos relacionados à conjunção seguinte têm sentido semelhante. Citamos um trecho sobre a expulsão dos franceses do Rio Grande do Norte. O esforço já vinha de longe, mas os portugueses só começam a obter sucesso quando da conjunção Urano-Plutão de 1597. É um enfrentamento militar pelo controle do território e em nome do monopólio que Portugal tinha legalmente garantido sobre estas terras (e que a França contestava). Mais importante, contudo, é a virada no comportamento dos paulistas de São Vicente, até então acostumados a fazer expedições (“bandeiras”) defensivas contra os índios, e que a partir de 1596 (já na órbita da conjunção) passam a adotar uma postura agressiva de bandeiras que buscam territórios cada vez mais distante para neles ocupar a terra, explorá-la e escravizar os índios. Novamente, como no caso das bulas de 1455, vemos a lei se colocar a favor do grupo militarmente mais forte, mais agressivo e mais empreendedor. Em tese, a lei proíbe a escravização, mas abre uma brecha para a chamada “guerra justa”. Tudo o que os paulistas tinham de fazer era alegar que estavam agindo em legítima defesa contra determinada tribo. Quem haveria para negá-lo? Na prática, enquanto durou a dominação espanhola no Brasil (União Ibérica, de 1580 a 1640), os bandeirantes tiveram bastante liberdade para expandir seu raio de ação. Os únicos que tentavam coibir a escravização dos índios eram os jesuítas, que acabaram expulsos de São Paulo e Santos em 1640, sob uma chuva de paus e pedras. O resultado foi o que todos aprenderam na escola: uma ampliação significativa do território brasileiro (às custas de muita violência e muito sangue derramado) e a posterior descoberta das jazidas de ouro e diamante de Minas e do Centro-Oeste.

Conjunção de 1710 A conjunção Urano-Plutão seguinte, a de 1710, coincidou com fatos ainda mais dramáticos. Os paulistas haviam descoberto o ouro e sentiam-se no direito de garantir sua exploração. Mas era muito mais interessante para a Coroa entregar os veios a grupos com maior capacidade de investimento e, conseqüentemente, em condições de gerar lucros mais rápidos. Assim, após a chamada Guerra dos Emboabas, a Coroa coloca-se a favor dos forasteiros (os emboabas), obrigando os paulistas a buscar novas riquezas mais para o interior. A criação da Capitania de São Paulo e das Minas do Ouro é apenas um recurso para aumentar o controle sobre a mineração. É uma forma de a administração portuguesa fazer-se mais presente. O mesmo processo ocorre na Guerra dos Mascates, entre Recife e Olinda: A lei ficará ao lado dos comerciantes de Recife, e não dos fazendeiros endividados.

Conjunção de 1850 Na conjunção de 1850, o texto é claro a ponto de não deixar dúvidas:

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A Lei de Terras, promulgada em 18 de setembro de 1850, foi essencial para a manutenção do poder pelos fazendeiros escravistas, pois tinha como objetivo impedir o acesso à terra de todos os que não faziam parte da elite.

Em 1850, quando começa a década de apogeu do Segundo Reinado, o café já é a principal riqueza de exportação do país. Com a Lei de Terras, o governo garantia que as terras produtivas não seriam divididas entre pequenos proprietários com poucos recursos, mas sim fortemente concentradas nas mãos de uma elite que tinha capacidade de investimento para fazê-las produzir no limite de sua capacidade. O texto deixa patente que esta lei teve efeitos perversos, dando aos latifundiários instrumentos para expulsar posseiros e ampliar ainda mais suas propriedades. As vítimas são os índios (mais uma vez), os colonos europeus com poucos recursos e os pequenos proprietários ou posseiros que não tinham como obter o respaldo dos magistrados locais. Já quanto aos bombardeios ingleses a portos brasileiros, o sentido é mais ou menos o mesmo, se bem que invertidos os papéis: os ingleses, que já não utilizavam trabalho escravo em suas colônias, querem obrigar o Brasil a extinguir o tráfico negreiro, que fornecia mão-de-obra barata. Assim, os produtos brasileiros não poderiam competir com os ingleses com a vantagem dos baixos preços. Os ingleses estabelecem a lei (proibindo o tráfico), impõem à força tal legislação e usam canhões para intimidar os recalcitrantes. Os grandes fazendeiros, que no caso da Lei de Terras são a parte mais forte, em relação aos ingleses não têm força para impor seus pontos de vista, e acabam sendo obrigados a abrir mão do suprimento barato de escravos proveniente do tráfico.

Conjunção de 1964 Em 1964, finalmente, às vésperas da última conjunção Urano-Plutão, mais uma vez os legisladores favorecem a classe social com maior capacidade de investimento. O Estatuto da Terra, se bem que visasse à Reforma Agrária, acaba beneficiando na prática o latifúndio produtivo, com vistas ao aumento das exportações de soja. É um governo forte (o dos militares) favorecendo os proprietários rurais mais afinados com a economia capitalista.

O que ocorre em todas as conjunções Os traços que resultam comuns em todas estas ocorrências são: - o favorecimento, mediante instrumentos legais, dos grupos econômicos mais preparados para

gerar riquezas rapidamente; - a formação ou a consolidação de monopólios ou, no mínimo, de condições econômicas

privilegiadas; - a concentração dos meios de produção nas mãos da elite econômica – no caso dos bandeirantes

paulistas do século XVI, não temos exatamente uma elite, mas um grupo organizado militarmente e com enorme disposição empreendedora, e que acabará gerando uma nova elite alguns séculos depois;

- a associação entre a lei e a força: quem é forte cria as leis que o interessam, e quem tem o poder de fazer as leis, fá-lo em benefício da elite;

- em todas as ocasiões referidas, a imposição da vontade do grupo dominante foi feita mediante o uso da força. Os navegadores de 1455, os bandeirantes de 1597, os portugueses que expulsam os franceses do Rio Grande do Norte, os emboabas e os mascates de 1710, os fazendeiros paulistas de 1850 e o governo de Castello Branco de 1964 – todos, absolutamente todos ou se organizam militarmente ou dispõem de forças militares a serviço de seus interesses.

Outro traço muito importante é que todos esses movimentos geram como conseqüência ciclos de progresso econômico muito benéficos para o capital comercial e financeiro.

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Temos aí, portanto, um quadro bastante coerente de ocorrências que se estendem por mais de quatrocentos anos, sempre sob conjunções Urano-Plutão e sempre com o mesmo significado geral: a enorme concentração de capital, o empreendedorismo aliado à organização militar, a expansão de mercados, o conflito aberto com os oponentes, as práticas monopolistas, o aumento do fosso que separa ricos e pobres. É uma conjunção “preto no branco”: os fortes ficam mais fortes e as vítimas tornam-se ainda mais excluídas e marginalizadas. Nenhum outro ciclo apresenta um quadro de conflitos sociais tão nítido e tão insistentemente repetido. 2 – Projetar todas as conjunções Plutão-Urano sobre o mapa do Descobrimento do Brasil (Descobrimento.gif), considerando os graus já informados na Lição 1, e verificar: a) Que casas são ativadas? b) Que planetas do Descobrimento são aspectados? Em primeiro lugar, verifiquemos que casas são ativadas:

Conjunção Signo e Grau Casa ativada no mapa do Descobrimento:

1455 13° de Leão 10 (a 5 graus da 11) 1597 20° de Áries 6 1710 28° de Leão 11 1850 29° de Áries 7 1965 15° de Virgem 11 (a seis graus da 12)

Agora, vejamos os aspectos com planetas do mapa do Descobrimento:

Conjunção Urano-Plutão em

Signo e Grau Formando no mapa do Descobrimento aspecto

com: 1455 13° de Leão Quadratura com o Sol na 7 1597 20° de Áries Quadratura com Netuno no

Fundo do Céu 1710 28° de Leão Oposição a Urano 1850 29° de Áries Oposição ao

Ascendente/Sextil com Marte

1965 15° de Virgem Trígono com o Sol e com Netuno / Oposição a

Júpiter Vemos que as duas primeiras conjunções (1455 e 1517) impactam casas de Terra no mapa do Brasil, diretamente relacionadas à Administração Colonial (casa 10) e à produção de bens (casa 6). A conjunção de 1455 está relacionada ao fortalecimento econômico de Portugal e à criação das pré-condições que permitiram, mais tarde, o Descobrimento do Brasil. A futura Colônia nasceria com o Sol em quadratura com esta conjunção, o que já traduz uma ligação visceral e tensa entre o Brasil e o projeto expansionista português. Já a conjunção de 1597 fala de uma comunidade pobre e que ainda ocupa na Colônia um papel subalterno (os paulistas), mas que inicia aí o impulso que a levará a desenvolver um modelo de sustentação econômica viável. Esta conjunção forma quadratura com Netuno do Descobrimento. Netuno está na casa 3, conjunto ao Fundo do Cëu, e rege a 6, dos trabalhadores e da rotina produtiva. Esta conjunção iniciará um ciclo de interiorização e de abertura de frentes de trabalho, o que reúne o sentido das casas 3

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(caminhos, vias de acesso – e, sendo Netuno, podemos pensar em vias fluviais, as preferidas pelos bandeirantes, que desciam o curso dos rios), casa 4 (o interior, a parte mais “escondida” de um país) e casa 6 (esforço produtivo). As conjunções seguintes ativam casas de Ar, colocando em evidência aspirações sociais (1710 – casa 11) e a opção entre o acordo ou o conflito aberto (1850 – casa 7). Em 1710 temos a eclosão de guerras que já demonstram, de forma ainda incipiente, a forte insatisfação de grupos locais contra a metrópole portuguesa. Não são ainda movimentos independentistas, mas são, certamente, movimentos nativistas e rebeldes. Tanto em Minas quanto em Pernambuco, brasileiros e portugueses entram em conflito armado, sendo que, em Minas, o enfrentamento assume a dimensão de uma verdadeira guerra com centena de mortos. Em ambos os casos, ocorre a frustração dos projetos nativistas. Cabe lembrar que a casa 11, dos projetos e esperanças, é também a casa da insatisfação com o status quo e das associações de grupos em torno de ideais comuns. Tudo isso é reforçado pela oposição ao Urano do Descobrimento na 5. Os acontecimentos de 1710 são um primeiro grito de liberdade em terras brasileiras. A semente lançada em Minas e Pernambuco abrirá o caminho para novas iniciativas nativistas, como a Revolta de Felipe dos Santos, a Inconfidência Mineira e a Confederação do Equador, no Nordeste. A conjunção de 1850 coloca em evidência a casa 7, dos inimigos abertos, bem de acordo com o fato de que, exatamente naquele ano, portos brasileiros são bombardeados por uma potência estrangeira. Neste período, o Brasil está envolvido também com os conflitos no Prata, e interferindo diretamente nos assuntos internos da Argentina. Mais deslocamentos de tropas e mais conflitos, portanto. A presença da conjunção Urano-Plutão bem no Descendente do Descobrimento enfatiza o impacto deste ciclo. A angularidade sempre é um fator de objetivação (o que passa pelos ângulos de uma carta sempre tende a manifestar-se, a tornar-se visível). No caso, entre outras manifestações, tivemos canhoneiras inglesas tornando-se bem visíveis no litoral brasileiro... O sextil com Marte em Câncer na casa 9 do Descobrimento fala do envolvimento da Marinha nos acontecimentos da época, tanto nas costas brasileiras quanto na Argentina. Fala também do envolvimento com potências estrangeiras (Marte na 9 regendo a 7) e num impulso ao crescimento do país (Marte é co-regente do Ascendente, já que rege, junto com Plutão, Escorpião interceptado na casa 1). A conjunção de 1964 volta a evidenciar a casa 11, mas desta vez no âmbito de um Grande Trígono que Urano-Plutão formam com planetas da carta natal brasileira. Por um lado, vive-se todo o clima de restrição à liberdade do início do regime militar. É uma época de prisões, cassações e censura, mas é também a do lançamento das bases do chamado Milagre Econômico que, mediante uma enorme concentração de renda (típica deste ciclo), leva o Brasil a alguns anos de forte crescimento industrial e do mercado financeiro, com expansão do emprego e estabilidade da moeda. O conceito verbalizado pelo então ministro Delfim Neto, pouco tempo depois, de que “primeiro era preciso esperar o bolo crescer para depois dividi-lo” é típico dos efeitos econômicos de qualquer conjunção Urano-Plutão. 3 – Considerando a posição por signo e casa e regências, que significado você atribuiria a Plutão e Urano no mapa do Descobrimento? Este significado se confirma nos fatos ocorridos sob cada conjunção? Plutão está na casa 1 do mapa do Descobrimento e é co-regente desta mesma 1, já que Escorpião está interceptado. Por ser o único planeta nesta casa, é o principal significador do modo de ser do Brasil Colônia e da imagem que o país projetava na Europa: um lugar selvagem, luxuriante,

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perigoso, capaz de exercer uma atração poderosa sobre a imaginação mas ao mesmo tempo parecer assustador em função de seus múltiplos perigos. É um país de canibais, degredados, marginais de todo tipo, aventureiros, e Plutão expressa bem a intensidade das experiências que se podiam viver por aqui. Sendo também Plutão em Escorpião uma combinação que expressa valores de reciclagem, temos aí um dos fatores que fizeram do Brasil um espaço físico e cultural que insidiosamente transformava o modo de ser dos europeus que aqui vinham habitar, inserindo-os numa cultura mestiça e com características inéditas. Plutão forma dois aspectos maiores: um trígono com Júpiter domiciliado em Peixes na cúspide da casa 6, aspecto que fala de riqueza e da possibilidade de obtê-la e acumulá-la através do trabalho e do correto direcionamento dos recursos. Por outro lado, Plutão também forma uma oposição a Saturno na 7, um Saturno que rege a casa 4, que simboliza a terra e as atividades dela dependentes (agropecuária e mineração) assim como as origens ancestrais do povo brasileiro. É um aspecto tenso e agressivo, traduzindo a relação predatória que se estabeleceu muitas vezes entre o colonizador e a terra colonizada. Fala também esta oposição do eterno conflito fundiário que sempre caracterizou o Brasil: Plutão, o plutocrata, em confronto com Saturno, a base e a estrutura. Este aspecto tem tantos significados que seria impossível esgotá-los em poucos parágrafos, mas tanto diz respeito à mineração, atividade que levou a colônia a seus momentos de maior interesse interesse para Portugal, quanto à formação de uma aristocracia escravocrata que defendeu seus interesses com mãos de ferro. Trata-se ainda de um aspecto fortemente explosivo na medida em que Plutão é um fator de estraçalhamento e fragmentação dos alicerces administrativos e das estruturas de poder que Saturna representa. Podemos supor, em vista do aspecto, que suas ativações por trânsitos e direções devam estar diretamente ligadas aos momentos em que o Brasil, como unidade político-administrativa, correu o risco de fragmentar-se em pequenos territórios descentralizados. Quanto a Urano, ocupa no mapa do Descobrimento a casa 5, em conjunção com a Lua e trígono com Marte. O contato Urano-Lua exprime uma disposição libertária nos filhos da terra (casa 5), assim como, contraditoriamente, a criatividade tanto dos administradores portugueses (a Lua rege a 10, das autoridades), quanto da gente comum (significado essencial da Lua). É como se o mapa dissesse: para que as iniciativas (Marte) prosperem no Brasil, há que conduzi-las de forma original. Para um novo país, novas soluções. Urano e Marte, tomados em conjunto, parecem ter muita relação com a expansão bandeirante e com a rebeldia de comportamento das gentes da capitania de São Vicente (depois São Paulo). A Independência será proclamada, mais tarde, exatamente em São Paulo, e com o Ascendente em Aquário, bem próximo da posição ocupada por Urano no Descobrimento. E a cidade de São Paulo, destinada a ser a maior do país, tem Sol e Marte em Aquário, destacando outra vez o fator uraniano. As conjunções Urano-Plutão confirmam o significado que atribuímos a estes dois planetas na carta da Colônia? Em grande parte, sim. As questões ligadas à terra e à concentração da riqueza sempre estiveram em evidência, como já verificamos. E o confronto entre os interesses nativistas e portugueses manifestaram-se com bastante força principalmente na conjunção de 1710, que se dá em oposição a Urano radical.

Conclusão O objetivo deste exercício foi mostrar que o estudo dos ciclos dos planetas exteriores é um recurso eficaz para focalizar rapidamente alguns temas que a simples análise do mapa de cada evento, ou exclusivamente do mapa nacional do país, poderia não revelar de imediato. Basta dizer que o estudo que apresentamos do ciclo Urano-Plutão sobre o mapa do Descobrimento apresentou resultados que surpreenderam até o autor deste curso. Anos de pesquisas com mapas isolados não haviam revelado um padrão repetitivo tão consistente quanto o que surgiu da abordagem seqüencial de todas as conjunções ao longo de cinco séculos. A questão da concentração de renda e do latifúndio está

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presente na História do Brasil desde os primeiros passos da ocupação portuguesa. Mas a chave para compreendê-la estava, para usar a expressão popular, bem debaixo de nosso nariz sem que pudéssemos percebê-la. A grande vantagem de trabalhar com ciclos é que eles nos permitem abarcar grandes porções de tempo num único relance, o que facilita a apreensão do encadeamento de processos históricos de longo curso. O objetivo do astrólogo é, em última análise, ser capaz de produzir prognósticos corretos sobre o futuro, o que só é possível se temos uma percepção igualmente correta sobre o passado. Outro ponto que merece comentário é por que utilizamos o mapa do Descobrimento, e não o da Independência, para verificarmos as ativações produzidas pelos trânsitos de Urano-Plutão de 1850 e 1964. É claro que a comparação com a carta da Independência permitirá a abordagem de outros aspectos da questão, fornecendo resultados complementares. Mas teriam as questões da terra e da distribuição de renda surgido apenas após a Independência? Não se desenham as mesmas desde o tempo das capitanias hereditárias? Ora, se as questões persistem, se são essencialmente as mesmas, é lógico que rastreemos sua origem no mapa do Descobrimento, que se mostra ainda eficaz para descrevê-las até os dias de hoje. As evidências com o Estatuto da Terra e a Lei de Terras de 1850 falam por si.