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Eras da Qualidade
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UNIVERSIDADE TECNOLGICA FEDERAL DO PARANPR
UNIVERSIDADE TECNOLGICA FEDERAL DO PARAN
CAMPUS PONTA GROSSA DEPARTAMENTO DE PS-GRADUAO
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA DE PRODUO PPGEP
ADRIANA QUEIROZ SILVA
IDENTIFICAO DO ESTGIO DA GESTO DA QUALIDADE NO SETOR MADEIREIRO
PONTA GROSSA NOVEMBRO - 2007
PPGEP Gesto Industrial (2007)
2
ADRIANA QUEIROZ SILVA
IDENTIFICAO DO ESTGIO DA GESTO DA QUALIDADE NO SETOR MADEIREIRO
Dissertao apresentada como requisito parcial
obteno do ttulo de Mestre em Engenharia
de Produo, do Programa de Ps-Graduao
em Engenharia de Produo, rea de
Concentrao: Gesto da produo e
Manuteno, do Departamento de Pesquisa e
Ps-Graduao, do Campus Ponta Grossa, da
UTFPR.
Orientadora: Prof Magda Lauri Gomes Leite, Doutora
PONTA GROSSA NOVEMBRO 2007
PPGEP Gesto Industrial (2007)
3
S586 Silva, Adriana Queiroz
Identificao do estgio da gesto da qualidade no setor madeireiro. Adriana Queiroz Silva. -- Ponta Grossa : UTFPR, Campus Ponta Grossa, 2007.
105 f ; 30 cm.
Orientadora: Profa. Dra. Magda Lauri Gomes Leite
Dissertao (Mestrado em Engenharia da Produo) - Universidade Tecnolgica Federal do Paran, Campus Ponta Grossa. Curso de Ps-Graduao em Engenharia de Produo. Ponta Grossa, 2007.
1. Qualidade - Gesto. 2. Indstrias madeireiras. I. Leite, Magda Lauri Gomes. II.
Universidade Tecnolgica Federal do Paran, Campus Ponta Grossa. III.Ttulo. CDD 338.1749751
PPGEP Gesto Industrial (2007)
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Universidade Tecnolgica Federal do Paran Campus de Ponta Grossa
Gerncia de Pesquisa e Ps-Graduao PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM
ENGENHARIA DE PRODUO
TERMO DE APROVAO
Ttulo de Dissertao N 60
IDENTIFICAO DO ESTGIO DA GESTO DA QUALIDADE NO SETOR MADEIREIRO
por
Adriana Queiroz Silva
Esta dissertao foi apresentada s 10 horas da manh do dia 12 de dezembro de
2007 como requisito parcial para a obteno do ttulo de MESTRE EM
ENGENHARIA DE PRODUO, com rea de concentrao em Gesto Industrial,
linha de pesquisa em Gesto da Produo e Manuteno, Programa de Ps-
Graduao em Engenharia de Produo. O candidato foi argido pela Banca
Examinadora composta pelos professores abaixo assinados. Aps deliberao, a
Banca Examinadora considerou o trabalho aprovado.
Prof. Dr. Edson Pacheco Paladini (UFSC) Prof. Dr. Luis Mauricio Martins de Resende (UTFPR) Prof. Dra. Isaura Alberton de Lima (UTFPR) Prof. Dra. Magda Lauri Gomes Leite (UTFPR) Orientador Prof. Dr. Kazuo Hatakeyama (UTFPR) Coordenador do PPGEP
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DEDICATRIA
Dedico este trabalho, em especial, aos meus
queridos marido e filho, pela fora, incentivo,
participao e principalmente pacincia em
mais um ciclo da minha vida. E aos meus pais
que sempre me apoiaram nesta jornada.
PPGEP Gesto Industrial (2007)
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AGRADECIMENTOS
A Deus, por me dar foras e me guiar nos momentos de dvidas e angstias no
processo de desenvolvimento desta Pesquisa de Mestrado.
minha orientadora, Professora Magda Lauri Gomes Leite, pelo auxlio e
credibilidade a mim conferido.
Aos meus colegas Elaine e Maico, companheiros de viagem e desta jornada de
crescimento pessoal e profissional que nos proporcionou o Programa de Mestrado.
UNICAMPO pela confiana e auxlio.
A todos os Professores do Programa de Ps Graduao em Engenharia de
Produo, pelo incentivo a busca do aprender.
Universidade Tecnolgica Federal do Paran (UTFPR), Campus Ponta Grossa,
pela oportunidade.
s empresas participantes da pesquisa.
E a todas as demais pessoas que direta ou indiretamente contriburam para o
resultado deste trabalho.
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EPGRAFE
Um sonho apenas um sonho. Um sonho com
plano e prazo determinados uma meta.
(Harvey Mackay)
PPGEP Gesto Industrial (2007)
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RESUMO
A cadeia produtiva da madeira ocupa uma posio de destaque no Brasil, sendo um setor de relevncia tanto em aspectos econmicos ou sociais, tais como a representatividade na balana comercial, o crescimento do PIB, a gerao de emprego e renda. Desta maneira, para a permanncia nesta posio de destaque num mercado de competio acirrada necessrio que o setor sofra transformaes na forma de pensar e agir no processo produtivo e na empresa como um todo. O que envolve o aperfeioamento de vrias prticas, dentro os quais pode-se citar a gesto da qualidade. Dentro desse contexto, este trabalho buscou identificar o estgio da gesto da qualidade que se encontram indstrias, do ramo madeireiro, localizadas no estado do Paran. A pesquisa pode ser considerada descritiva, tipo levantamento. Como procedimentos para a coleta de dados utilizou-se a tcnica de interrogao modo questionrio. Por meio da anlise dos resultados constatou-se que no setor existem empresas nos mais diversos nveis da Gesto da Qualidade, desde as que dependem predominantemente do controle estatstico do processo, outras que se encontram em um nvel intermedirio, que envolve o controle do processo e a garantia da qualidade no produto e as empresas em um nvel mais evoludo que do enfoque a qualidade incorporada ao processo, diminuindo, desta forma, a necessidade de esforos de inspeo ou de controle.
Palavras-chave: Gesto da Qualidade; Estgio; Garvin; Madeireiro.
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ABSTRACT
The productive chain of wood takes an outstanding position in Brazil, being one sector of relevance even in economic and social aspects, such as the representative in the balance of trade, the development of PIB, the generation of job and income. At this way, to continuous in this outstanding position in the market of tough competition is necessary to the sector to suffer transformations in the way of thinking and acting in the productive process and in the company as a whole. What involves the improvement of many practices, inside which could be say the management of quality. In this context, this study tried to identify the management phase of quality present in the companies, from wood industry, located in the state of Parana. The research could be considered as descriptive, setting up kind. As a procedure of data collection, it was used the interrogation technique, like questionnaires. By analyses from results it was notice that in this sector there are companies in many levels of Quality Management, just like those that depend, specially of statistic control of process, others that are find in an intermediate level, which involves the control of process and the guarantee of the product quality and companies in a more evoluted level that give focus of quality incorporated in the process, decreasing, of this way, the necessity of efforts in inspection or in control. Keywords: Quality Management; Phase; Garvin; Wood Industry.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Modelo de Excelncia do PNQ................................................................ 44
Figura 2 - Forma Final da Primeira Coluna da Matriz Mudge .................................. 67
Figura 3 - Matriz Mudge Completa............................................................................ 67
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LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Estgios do Movimento da Qualidade................................................... 34
Quadro 2 - Caractersticas das Eras da Qualidade ................................................ 35
Quadro 3 - Principais Caractersticas das Eras da Qualidade ................................ 36
Quadro 4 - Benefcios da Certificao FSC ............................................................ 50
Quadro 5 - Relao entre as questes do questionrio e respectivas eras ............ 60
Quadro 6 - Ordem de Importncia e Valor Relativo das Questes ......................... 68
Quadro 7 - Porte da Indstria .................................................................................. 74
Quadro 8 - Denominao dos setores responsveis pela qualidade ...................... 76
Quadro 9 - Estgios da Gesto da Qualidade das Empresas Pesquisadas ........... 80
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Porte das empresas pesquisadas........................................................... 74
Tabela 2 - Tempo de atuao das empresas .......................................................... 75
Tabela 3 - Quesito Mensurao da qualidade ......................................................... 83
Tabela 4 - Prticas relativas ao consumidor ........................................................... 84
Tabela 5 - Prticas relativas ao fornecedor ............................................................. 85
Tabela 6 - Prticas relativas aos funcionrios ......................................................... 86
Tabela 7 - Prticas relativas a concorrncia ........................................................... 87
Tabela 8 - Prticas relativas a Alta Administrao .................................................. 88
Tabela 9 - Utilizao das ferramentas/metodologias da qualidade ......................... 88
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABIMCI Associao Brasileira da Indstria da Madeira Processada
Mecanicamente
CEP Controle Estatstico do Processo
FSC Conselho de Manejo Florestal
TQM Gesto da Qualidade Total
PNQ Prmio Nacional da Qualidade
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SUMRIO
1 INTRODUO .......................................................................................................16 1.1 Objetivos ...........................................................................................................17
1.1.1 Objetivo Geral ..............................................................................................17 1.1.2 Objetivos especficos ...................................................................................17
1.2 Justificativa........................................................................................................18
1.3 Estrutura do trabalho........................................................................................20
2. REVISO DE LITERATURA .................................................................................22
2.1 Conceituao de qualidade...............................................................................22 2.2 Eras da Qualidade.............................................................................................25 2.3 Gesto de Qualidade Total (TQM) ....................................................................38 2.4 Modelo de Excelncia .......................................................................................40
2.5 Principais tipos de produtos de madeira processados mecanicamente ............45
2.5.1 Compensado................................................................................................45 2.5.2 Madeira serrada ...........................................................................................46 2.5.3 Remanufatura de madeira (produtos de maior valor agregado)...................46
2.6 Certificao florestal FSC..................................................................................47
2.6.1 Histrico do Conselho de Manejo Florestal (FSC - Forest Stewardship Council) ........................................................................................................48
2.6.2 Tipos de certificao ....................................................................................49 2.6.3 Princpios e Critrios do Conselho de Manejo Florestal (FSC) ....................50 2.6.4 Padres FSC................................................................................................52 2.6.5 O processo de certificao...........................................................................53
3. METODOLOGIA....................................................................................................55
3.1 Seleo das empresas......................................................................................55 3.2 Instrumento de coleta de dados ........................................................................57 3.3 Tratamento de dados ........................................................................................65
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4. APRESENTAO DOS DADOS E ANLISE DOS RESULTADOS .....................72
4.1 Caracterizao do perfil das empresas .............................................................74 4.1.1 Porte das empresas e estrutura societria...................................................74 4.1.2 Tempo de atuao .......................................................................................75 4.1.3 Atuao no mercado externo .......................................................................75
4.2 Setor responsvel pela gesto da qualidade ....................................................75 4.3 Certificao em Sistemas de Qualidade ...........................................................76 4.4 Solicitao dos clientes quanto Certificao Florestal FSC ...........................77 4.5 Aglomerado Produtivo de Telmaco Borba.......................................................77 4.6 Identificao dos Estgios da Gesto da Qualidade das Empresas Pesquisadas
..................................................................................................................................78 4.6.1 Era da Inspeo ...........................................................................................81 4.6.2 Era do Controle Estatstico da Qualidade ....................................................81 4.6.3 Era da Garantia da Qualidade......................................................................81 4.6.4 Era da Gesto Estratgica da Qualidade.....................................................82
4.7 Prticas do Gerenciamento da Qualidade.........................................................82
4.7.1 Mensurao da Qualidade ...........................................................................82 4.7.2 Consumidor..................................................................................................83 4.7.3 Fornecedor...................................................................................................84 4.7.4 Funcionrios.................................................................................................85 4.7.6 Concorrncia................................................................................................87 4.7.7 Alta Administrao .......................................................................................87 4.7.8 Metodologias e Ferramentas da Qualidade .................................................88
5 CONCLUSES ......................................................................................................90
5.1 Relao entre objetivos e resultados obtidos....................................................92 5.2 Recomendaes de melhorias para as pesquisadas ........................................93
5.2.1 Empresas na era do Controle Estatstico .....................................................93 5.2.2 Empresas na era da Garantia da Qualidade................................................94 5.2.3 Empresas na era da Gesto Estratgica da Qualidade ...............................94
5.3 Sugestes para trabalhos futuros......................................................................95
REFERNCIAS.........................................................................................................96
PPGEP Gesto Industrial (2007)
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INTRODUO
O processo de globalizao, a abertura de mercados e a conseqente
concorrncia entre as organizaes, tem colocado o gerenciamento da qualidade em
destaque, em funo de sua importncia na busca pela competitividade. Segundo
Slack (1999), existe uma evoluo na conscientizao de que bens e servios de
alta qualidade podem trazer organizao uma considervel vantagem competitiva,
uma vez que boa qualidade reduz custos de retrabalho, refugo e devolues e, mais
importante, gera consumidores satisfeitos.
Drummond (1998, p. 87) afirma que a globalizao econmica impe a
necessidade de normas e padres de qualidade em produtos e servios claramente
definidos. A expanso dos mercados globais um forte aliado deste movimento,
especialmente por foras de acordos entre pases ou pela necessidade crescente
das empresas de ampliarem suas reas de atuaes, com freqncia, em direo
ao mercado de exportaes.
As empresas que lideram a competio no mercado mundial esto
redefinindo suas estratgias de qualidade e tem implementado programas
corporativos para planejamento, monitoramento e melhoria da qualidade. Neste
quadro atual, o gerenciamento da qualidade tem se transformado em prioridade
estratgica para a maioria das empresas, provendo caminhos para obteno e
manuteno da vantagem competitiva (BORTOLOZZO JNIOR, 2003). Fato este
que tambm pode ser evidenciado por Oliveira (1994, p. 140-141), que considera
que o principal motivo que leva empresas a desenvolverem um programa de qualidade ou equivalente a expectativa do advento de uma concorrncia acirrada
principalmente internacional.
Com relao ao segmento de madeira beneficiada, objeto da presente
pesquisa, observa-se que o Brasil ocupa uma posio de destaque no cenrio
internacional, como responsvel por significativa parcela de madeira beneficiada
para o abastecimento do mercado externo, tendo condies de competir neste
mercado, mas para tal, necessita de modernizao dos sistemas administrativo e
operacional para obteno de resultados. E, conforme atesta Bortolozzo Jnior
(2003), a sobrevivncia e permanncia neste segmento, exige mudanas positivas e
transformaes na forma de pensar e agir no processo produtivo e na empresa
PPGEP Gesto Industrial (2007)
17
como um todo. Desta maneira, envolve-se a importncia de trabalhar o contnuo
aperfeioamento das prticas que influenciam a gesto da qualidade.
Diante do quadro acima exposto, e tomando-se como base do estudo a
evoluo da qualidade descrita por David Garvin (1992), em seu livro Gerenciando a
Qualidade: a viso estratgica e competitiva, esta pesquisa visa identificar o estgio
da gesto da qualidade em que se encontram indstrias de beneficiamento de
madeira, localizadas no estado do Paran e certificadas com selo FSC.
1.1 Objetivos
1.1.1 Objetivo Geral Investigar o estgio da gesto da qualidade que se encontram empresas
do setor madeireiro.
1.1.2 Objetivos especficos
Levantar as empresas do ramo madeireiro, localizadas no Paran, que
tenham a certificao FSC;
Descrever os estgios da gesto da qualidade e suas respectivas
prticas, segundo David Garvin;
Detalhar as prticas da gesto da qualidade utilizadas pelas empresas
pesquisadas;
Identificar o perfil das organizaes investigadas.
PPGEP Gesto Industrial (2007)
18
1.2 Justificativa Sobre a relevncia da indstria de processamento de madeira no Pas, a
Associao Brasileira da Indstria da Madeira Processada Mecanicamente (2004)
destaca que:
A indstria da madeira processada mecanicamente e suas mltiplas concepes exerce uma forte influncia na economia brasileira, seja por meio da gerao de rendas, impostos e divisas como tambm postos de trabalho. Poucas so as indstrias de transformao que possuem um efeito multiplicador to acentuado como apresenta a indstria da madeira processada mecanicamente. (...) o setor de base florestal tem programado at 2014, investimentos para a indstria da madeira em torno de aproximadamente 6 bilhes de dlares. E a concentrao destes investimentos se encontram nos estados do Paran, Santa Catarina e Par.
Nos ltimos anos, o Brasil vem ganhando espao no mercado internacional
de produtos florestais. No incio da dcada de 90, a participao do pas nas
exportaes mundiais de produtos florestais no ultrapassava 1,7%. De acordo com
informaes da ABIMCI (2004), o Brasil contribuiu com quase 4% das exportaes
mundiais de produtos florestais. Recentemente, os produtos de madeira slida
passaram a ocupar posio de destaque na pauta de exportaes brasileiras. At o
final da dcada de 90 o que predominava eram as exportaes de celulose e papel
frente aos produtos de madeira slida.
O setor da indstria madeireira brasileira mostra-se bastante otimista com
relao ao mercado externo, principalmente Europa e Estados Unidos, no que diz
respeito aos produtos de madeira beneficiadas. Portanto, considera que o
momento de mostrar uma excelente qualidade e preos competitivos, buscando
dessa forma atender e conquistar a demanda internacional crescente dos seus
produtos.
A utilizao de mtodos e ferramentas da qualidade, e a conseqente
implantao da cultura da qualidade, tm o propsito de gerar vantagens
econmicas para o setor mediante o desenvolvimento de prticas de melhoria
contnua e, principalmente, de garantir a competitividade junto ao mercado
internacional, uma vez que este extremamente atrativo, vindo a enfrentar fortes
concorrentes internacionais, tais como Chile e Nova Zelndia e mais recentemente
frica do Sul e Argentina.
PPGEP Gesto Industrial (2007)
19
Atualmente, pases importadores de produtos provenientes da madeira
exigem documentos de comprovao de origem da madeira, principalmente por
meio da certificao FSC, o selo verde, e para perseguir o aumento da
competitividade importante ao setor certificar a origem destes produtos e tambm
demonstrar que est preocupado com a qualidade ambiental, colaborando com a
preservao do meio ambiente, desvinculando, desta maneira, a imagem do Brasil
como participante na degradao da natureza.
Com relao ao Paran, de acordo com IPARDES (2004), os produtos da
cadeia madeireira, neste estado, reforam a significncia desta para o dinamismo da
economia, pois em 2004 as 5.314 empresas industriais do setor madeireiro no
Paran responderam por 17,3% do total do Valor Adicionado Fiscal da indstria do
Estado, empregando 100 mil trabalhadores, 20,9% do total da mo-de-obra
industrial do Estado.
Aps a comprovao da importncia do segmento industrial madeireiro para
o desenvolvimento do pas e para o estado do Paran, a presente pesquisa que tem
como objetivo identificar o estgio da gesto da qualidade que se encontram
indstrias de beneficiamento madeira, localizadas no estado do Paran e
certificadas com o selo verde, possibilita as seguintes situaes:
formar uma base de informaes iniciais para as empresas
do setor que necessitam encontrar conhecimento cientfico para atualizar
sua gesto, com exemplos e situaes ocorridas dentro de seu prprio
ramo de atividade;
a produo de conhecimento como estmulo s empresas do
setor madeireiro para adoo de prticas que melhorem seu
desempenho, colocando-as em condies de enfrentar concorrentes
provenientes de outros pases e a solidificao de negcios com pases
importadores de seus produtos;
a empresa avaliar o atual estgio em que se encontra e
compar-lo com o que almeja, possibilitando melhorias, para que se
torne mais competitivo;
PPGEP Gesto Industrial (2007)
20
no Brasil, as indstrias do setor madeireiro possuem algumas
vantagens como custo de mo-de-obra e matria-prima, necessrio o
desenvolvimento de novas vantagens competitivas, dentre as quais a
qualidade;
formar uma base de informaes iniciais para rgos,
entidades, sindicatos e federaes para que estas possam dar subsdios
s empresas do setor com relao a melhorias em sua gesto.
1.3 Estrutura do trabalho
Visando cumprir os objetivos propostos, a dissertao est estruturada em
cinco captulos.
Neste captulo so considerados os aspectos introdutrios referentes
pesquisa, tais como: apresentao do tema, o problema de pesquisa, as
justificativas, objetivos e estrutura da dissertao.
No segundo captulo apresenta-se a reviso de literatura relacionada a esta
pesquisa, sendo apresentados de forma seqencial os assuntos: Qualidade, Eras
da qualidade, Gesto da Qualidade Total, Prmio Nacional da Qualidade, Linha de
produtos provenientes do beneficiamento da madeira e a Certificao Florestal FSC.
No terceiro captulo discorre-se sobre a metodologia utilizada no estudo.
Sendo definidas, desta maneira: a classificao da pesquisa, as empresas
selecionadas, o instrumento de coleta de dados, a forma como os dados foram
coletados e o tratamento dos mesmos.
No quarto captulo so apresentados e analisados os dados coletados
baseados no referencial terico utilizado no estudo. Analisou-se, inicialmente, o perfil
das empresas pesquisadas sob os pontos de vista: societrio, tempo de atuao,
viso exportadora e certificao em sistemas de qualidade, para, posteriormente
analisar as questes referentes ao objetivo principal da pesquisa, identificando-se o
estgio da gesto da qualidade em empresas do setor madeireiro e as prticas
pertinentes a qualidade utilizadas pelas mesmas.
No quinto captulo so apresentadas as concluses deste estudo com base
nos resultados alcanados na pesquisa, bem como sugestes de melhorias para as
PPGEP Gesto Industrial (2007)
21
empresas pesquisadas e recomendaes para trabalhos e pesquisas futuras. Sendo
a dissertao finalizada pelas referncias utilizadas para a elaborao do referencial
terico e anexos.
PPGEP Gesto Industrial (2007)
22
2. REVISO DE LITERATURA
Para alcanar os objetivos relativos a esta pesquisa, h a necessidade
da exposio de diversos assuntos, tais como qualidade, eras da qualidade, gesto
da qualidade total, Prmio Nacional da Qualidade, setor madeireiro e certificao
FSC e fazer uma co-relao entre os conceitos adotados nesta reviso e os dados
obtidos no levantamento da pesquisa para a obteno dos resultados.
2.1 Conceituao de qualidade
Para Moura (1999, p. 2) poucos conceitos ou filosofias gerenciais modernas tiveram a capacidade de revolucionar a forma de gerir e administrar as empresas
como aqueles ligados qualidade. Mas, afinal, o que qualidade? Para Malik
(1992, p. 33):
Qualidade palavra de domnio pblico, trabalhada dentro de amplos limites daquilo que se considera senso comum. Afinal, mesmo se poucos sabem o que o termo significa, todo mundo sabe reconhec-la quando se est diante dela ou todo mundo sabe quando ela est ausente de determinado produto ou servio.
J Brandolese (1994, p. 330) a define da seguinte maneira:
A palavra qualidade virtualmente inclui tudo: competitividade, tempo de entrega, custos, excelncia, poltica corporativa, produtividade, lucros, qualidade do produto, volumes, resultados, servios, segurana, conscientizao ambiental, focalizao nos acionistas.
Como se pode perceber existe uma grande dificuldade em definir, de maneira
consensual qualidade. Slack (1999) cita David Garvin que categorizou muitas das
vrias definies de qualidade, em cinco abordagens, abaixo relatadas:
Abordagem transcendental: que significa o melhor possvel, em termos da especificao do produto ao servio;
Abordagem baseada em manufatura: significa em fazer produtos ou proporcionar servios que esto livres de erros que correspondam
precisamente a suas especificaes de projeto;
PPGEP Gesto Industrial (2007)
23
Abordagem baseada no usurio: significa adequao das especificaes ao consumidor;
Abordagem baseada em produto: significa a qualidade como um conjunto mensurvel e preciso de caractersticas, que so requeridas
para satisfazer ao consumidor;
Abordagem baseada em valor: esta abordagem defende que a qualidade seja percebida em relao ao preo.
Baseado nestas cinco abordagens Slack (1999, p. 414) definiu qualidade
como a consistente conformidade com as expectativas dos consumidores. Similar
a esta definio, pode-se citar Campos (1992), que conceitua qualidade como
aquela que atende perfeitamente, de forma confivel, de forma acessvel, de forma
segura e no tempo certo s necessidades do cliente, sendo que o citado autor
tambm coloca esta definio em termos mais claros, como:
Que atende perfeitamente = projeto perfeito
De forma confivel = sem defeitos
De forma acessvel = baixo custo
De forma segura = segurana do cliente
No tempo certo = entrega no prazo certo, no local certo e na quantidade
certa
Slack (1999) tambm destaca Taguchi, considerado um dos gurus da
qualidade, cuja importante contribuio foi a de criar a dimenso social da qualidade,
definindo a mesma em funo das perdas geradas pelo produto ou servio
sociedade, desde o momento em que ele criado. A perda da qualidade, segundo
Taguchi, inclui fatores como custos de garantia, reclamaes do consumidor e perda
da boa vontade do consumidor.
Com todas estas definies, pode-se dizer que a qualidade a satisfao do
cliente com o produto ou servio adquirido. Entretanto, dependendo de cada cliente
esta satisfao pode ter conotao diferente. De acordo com Barbosa (2004) esta
satisfao para um cliente pode ser percebida no momento da aquisio do produto
ou servio, quando notificada da existncia de toda uma assistncia tcnica ps-
PPGEP Gesto Industrial (2007)
24
venda. Para outro pode estar relacionado com o preo e em outros casos, o preo
no relevante, mas sim atender e at superar as expectativas do que o produto
pode oferecer quando adquirido. Desta maneira, necessrio reconhecer quais so
os requisitos que devero ser atendidos para satisfao do cliente.
Fonseca, Loureno e Allen (1997, p.90), definem gesto da qualidade como
sendo o conjunto de todas as atividades da funo de gesto ou gerenciamento
global que determinam a poltica, os objetivos e as responsabilidades referentes
qualidade, implementando-os atravs de meios como planejamento, controle,
garantia e melhoria da qualidade.
O fornecimento de produtos e servios de qualidade influenciam de maneira
direta a competitividade e a lucratividade das organizaes. Mas, a gesto da
qualidade no se refere a aes com resultados imediatos. Trata-se exatamente de
um conjunto de estratgias e planos de ao que visam acompanhar o
desenvolvimento da organizao (Paladini, 2002), envolvendo todos na empresa no
decorrer do tempo, contnua e progressivamente (PALADINI, 2000). Ainda, levando-
se em conta este mesmo autor, a qualidade pode ser considerada como um
conjunto de atributos ou elementos presentes em um produto ou servio e, por isso,
direciona-se gesto da qualidade para a criao de uma cultura da qualidade,
sendo esta um conjunto de valores da sociedade, atribudos a determinados
elementos, crenas, idias e outros. A cultura da qualidade a transformao da
qualidade em valor, com envolvimento de todos os recursos e de todas as pessoas,
constituindo-se em um fator estratgico para a sobrevivncia das organizaes.
Para Paladini (2000:186), a gesto da qualidade no processo industrial (ou de
servios e mtodos, apenas mudando a estratgia), guia-se por alguns princpios
que envolvem indicadores, como os seguintes:
aumento da satisfao do cliente;
menor probabilidade de gerao de defeitos;
melhoria constante nos mtodos de trabalho;
atividades desenvolvidas sem a gerao de desperdcios;
atividades geradas de forma que agregam valor ao processo ou ao
produto;
ateno ao maior nmero possvel de elementos do processo produtivo.
PPGEP Gesto Industrial (2007)
25
2.2 Eras da Qualidade
David Garvin (1992), em seu livro Gerenciando a Qualidade: a viso
estratgica e competitiva, estabeleceu uma linha evolutiva de abordagem da
qualidade, a qual passa do enfoque de controle dentro de sua viso mais tradicional,
para um enfoque de gesto dentro da viso atual. Tal evoluo do conceito da
qualidade descrita pelo autor pelo que chama de Eras da Qualidade, definidas
como: Era da Inspeo, Era do Controle Estatstico da Qualidade, Era da Garantia
da Qualidade e Era da Gesto Estratgica da Qualidade. Embora o autor tenha
como base a indstria norte-americana, os conceitos podem ser transportados para
outros pases, desconsiderando as datas propostas pelo autor, pois, apesar do
assunto qualidade ser muito discutido, existem organizaes menos progressistas,
sendo o tema qualidade, ainda, incipiente e outras que se encontram em um nvel
intermedirio, envolvendo um certo grau de inspeo, de controle do processo e de
garantia da qualidade do produto e as empresas em um nvel mais evoludo do
enfoque a qualidade incorporada ao processo, diminuindo, desta forma, a
necessidade de esforos de inspeo ou de controle. Pois conforme atesta Oliveira
(2006, p. 03):
Pode-se perceber que foi percorrido um longo caminho para que as teorias e prticas da gesto da qualidade chegassem at o estgio em que se encontram. Porm, ainda h um longo caminho a ser percorrido, principalmente em pases menos desenvolvidos entre os quais podemos incluir o Brasil em virtude do atraso no acesso e implantao desses conceitos, que se justifica por razes histricas e econmicas.
Conforme citado anteriormente, a base do estudo considerada para o
alcance do objetivo da presente pesquisa foi a evoluo da qualidade descrita por
David Garvin (1992), em seu livro Gerenciando a Qualidade: a viso estratgica e
competitiva, que ser descrita, a seguir, de forma detalhada:
- A Era da Inspeo: preza as tcnicas de inspeo da qualidade interna e controle rigorosos da anlise da qualidade do produto.
Nos sculos XVIII e XIX no existia o controle da qualidade como este
conhecido atualmente, uma vez que quase tudo era produzido de maneira artesanal.
Eram fabricadas pequenas quantidades de cada produto, cujos componentes eram
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ajustados manualmente por meio de uma inspeo informal que assegurava a
qualidade.
A formalizao da inspeo fez-se necessria com o aparecimento da
produo em massa e da necessidade de peas que servissem a vrios conjuntos
(peas intercambiveis), em decorrncia da automatizao do processo de produo e com o aumento dos volumes de produo, as peas no podiam mais ser
encaixadas umas nas outras manualmente.
Houve, ento, a criao de um sistema racional de medidas, gabaritos e
acessrios no incio do sculo XIX. Em 1819, havia um sistema de medidas
sofisticado no Springfield Armory que conferiu uma nova respeitabilidade inspeo,
pois atividades antes executadas a olho n foram substitudas por um processo mais
objetivo, verificvel. Dois inspetores usando um instrumento de medio tinham
maior probabilidade de chegar ao mesmo resultado que dois outros que
dependessem apenas de sua avaliao pessoal.
Com o desenvolvimento do sistema de produo, as medies tornaram-se
mais refinadas e a inspeo passou a ser mais importante ainda. Frederic Taylor,
considerado o pai da administrao cientfica, legitimou a atividade, separando-a
como tarefa a ser atribuda a um dos oito chefes funcionais (encarregados)
necessrios para o bom funcionamento da fbrica.
As atividades de inspeo foram relacionadas de maneira formal com a
qualidade, a partir da publicao do livro The Control of Quality in Manufacturing, de
G. S. Radford, em 1922. A obra tem como foco principal a inspeo, sendo esta
definida como exercitar o dever de verificar de perto e criticamente o trabalho, de
modo a assegurar a qualidade, descobrir os erros e traz-los ateno das pessoas
competentes, de forma a fazer com que o trabalho volte ao padro.
Como se pode perceber, o controle da qualidade limitava-se inspeo e a
atividades restritas, tais como, a contagem, a classificao pela qualidade e os
reparos. A soluo de problemas era vista como fora do campo de ao do
departamento de inspeo mdio.
- A Era do Controle Estatstico da Qualidade: tem como principal caracterstica o incio da utilizao de conceitos estatsticos, incluindo prticas de
deteco de falhas e anlise dos fatores da qualidade.
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O ano de 1931 significou um marco no movimento da qualidade, em
decorrncia da obra Economic Control of Quality of Manufactured Product, de W. A.
Shewhart, que conferiu um carter cientfico disciplina. Nesta publicao, o autor
d uma definio precisa e mensurvel de controle de fabricao, criando tcnicas
de acompanhamento e avaliao da produo diria e propondo diversas maneiras
de se melhorar a qualidade.
No decorrer do tempo, o aumento das quantidades e da complexidade dos
produtos fabricados aumentava os custos para obteno de nveis razoveis de
qualidade. Na dcada de 1930, as empresas Bell Telephone e Western Eletric
criaram um grupo de trabalho, dentre o qual Shewhart fazia parte, com o objetivo de
desenvolver e adaptar ferramentas estatsticas para uso no controle da qualidade,
para uma maior padronizao e uniformidade na rede nacional de telefonia. Nesta
poca, seriam estabelecidos os fundamentos da era do controle estatstico da
qualidade, com grande contribuio de Shewhart. O reconhecimento da variabilidade
como um atributo normal dos processos produtivos pode ser considerada a principal
inovao. A questo agora no era mais a existncia de variao, uma vez que esta
permaneceria existindo, at certo ponto, mas como diferenciar as variaes
aceitveis das flutuaes que indicassem problemas (GARVIN, 1992). Para suprir
essa necessidade, Shewhart a partir do seu conhecimento de tcnicas estatsticas,
definiu limites superiores e inferiores de controle, alm de mtodos grficos de
representao de valores de produo (grfico de controle) para avaliar se estes
ficavam dentro da faixa aceitvel. Sempre que os resultados das medidas
estivessem fora dos limites de controle, seria o indcio de que algo de anormal
estaria ocorrendo, justificando a interrupo do processo produtivo e a inspeo de
todas as peas fabricadas.
A inspeo de 100% dos produtos uma maneira ineficiente de separar os
bons dos maus produtos, para tal so utilizadas as tcnicas de amostragem que a
verificao, de um nmero limitado de produtos de um lote de produo e, aps,
decidir, baseado nesta verificao, se o lote inteiro aceitvel. S que este tipo de
processo envolve riscos. E para lidar com estes riscos Dodge e Romig criaram
planos de amostragem para assegurar que, para um determinado nvel de defeitos,
a probabilidade de se aceitar, sem saber, um lote insatisfatrio ficaria limitada a um
certo percentual. Mas este mtodo tinha suas limitaes, sendo elaborado o nvel
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mdio da qualidade produzida (AOQL), para superao desta deficincia. Este novo
mtodo indicava o percentual mximo de produtos com defeito que um processo
produziria em duas condies: inspeo por amostragem por lotes e a separao
individual dos produtos bons dos defeituosos, em todos os lotes que j tivessem sido
rejeitados com base na amostragem.
Com essas inovaes, foi possvel obter nveis de qualidade bastante
elevados dos equipamentos e servios telefnicos, os custos de inspeo baixaram,
e, com menos defeitos a serem corrigidos, os funcionrios tornaram-se mais
produtivos. Mas as tcnicas de amostragem e os grficos de controle s passaram a
ser largamente utilizados com o advento da Segunda Guerra Mundial devido
necessidade de se produzir armas em grande escala a nveis de qualidade
aceitveis.
- A Era da Garantia da Qualidade: possui conceitos especficos de preveno dos problemas da qualidade, com a expanso dos instrumentos muito
alm da estatstica; levando em considerao quatro elementos distintos: a
quantificao dos custos da qualidade, o controle total da qualidade, a engenharia
da confiabilidade e o zero defeito. Abaixo, segue, de maneira detalhada, estes
quatro elementos:
a) Quantificao dos custos da qualidade: em 1951, Juran editou o livro Quality Control Handbook que abordava que os custos podiam ser divididos em
evitveis e inevitveis. Os inevitveis eram associados preveno inspeo,
amostragem, classificao e outras providncias para o alcance da qualidade. Os
evitveis eram os dos defeitos e das falhas dos produtos material refugado, horas
de refeitura e retrabalho e reparo, reclamaes e os prejuzos decorrentes.
Juran afirmava que os custos de falhas poderiam ser drasticamente
reduzidos pelo investimento na melhoria da qualidade: mais despesas com
preveno caso os custos de falhas continuassem altos, compensadas pela
eliminao dos custos de retrabalho, de reinspeo, de reteste e de refugo. O
conceito de custos de qualidade caracteriza um princpio relevante: que as decises
tomadas no incio da cadeia de produo, tinham implicaes para o nvel de custos
da qualidade em que se incorria mais adiante, tanto na fbrica quanto no campo.
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b) Controle Total da Qualidade: Armand Feigenbaum props o controle total da qualidade, argumentando que produtos de alta qualidade no teriam
probabilidade de serem produzidos se o departamento de fabricao fosse obrigado
a trabalhar isoladamente. Portanto equipes interfuncionais tornavam-se essenciais,
assegurando a representao de pontos de vista variados e que departamentos at
ento autnomos, trabalhassem juntos. A alta gerncia era a responsvel final pela
eficcia do sistema; era importante uma minuciosa mensurao e elaborao de
relatrios dos custos da qualidade.
Neste perodo, tanto Juran quanto Feigenbaum perceberam a necessidade
de um novo tipo de profissional da rea da qualidade, tendo em vista que o sistema
da qualidade passa a incluir o desenvolvimento de novos produtos, a seleo de
fornecedores e o atendimento ao cliente, alm do controle de fabricao. Mas em
nenhum momento, estes deixam de destacar que os mtodos estatsticos, as
tcnicas de medio e inspeo eram importantes. S que tendo em vista estas
novas mudanas, preciso uma nova funo: a da engenharia do controle da
qualidade, que envolveria o planejamento da qualidade em alto nvel, a coordenao
de atividades de outros departamentos, o estabelecimento de padres da qualidade
e a determinao de medidas de qualidade, tarefas estas que exigiam habilidades
gerenciais.
c) Engenharia da confiabilidade: surgiu, principalmente, em decorrncia da queda da confiabilidade dos componentes e sistemas militares, que em boa parte
no estavam funcionando adequadamente. A engenharia da confiabilidade tinha o
objetivo de garantir um desempenho aceitvel do produto ao longo do tempo. E para
atingir este objetivo foram utilizados recursos da teoria da probabilidade, que
ocasionou mtodos formais de previso de desempenho ao longo do tempo e
tambm a tcnicas de reduo dos ndices de falha no estgio de projeto dos
produtos. Exigindo tambm que houvesse um acompanhamento intenso das falhas
em campo, que so informaes essenciais para o planejamento de novos projetos.
Da mesma maneira que o controle total da qualidade, a engenharia da confiabilidade
visava a preveno da ocorrncia de defeitos, enfatizava as habilidades de
engenharia e ateno para qualidade durante todo o processo de projeto.
d) Zero defeito: se originou em 1961-1962 na Martin Company, fabricante de msseis para o exrcito dos Estados Unidos. Todos os esforos e testes levaram
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entrega de um mssil, sem nenhuma discrepncia. Aps este ocorrido, outro mssil
foi entregue antes do prazo, em perfeito estado e em condies de operao e para
tal feito foi solicitada a contribuio de todos os funcionrios para que construssem
o mssil exatamente correto da primeira vez. Esta experincia serviu para perceber
que a partir do momento que se espera a perfeio e a gerncia passa a exigi-la, se
consegue atingi-la. Desta maneira, props-se desenvolver um programa, que
passou a ser denominado zero defeito, cujo objetivo fosse promover uma vontade
constante, de fazer o trabalho (qualquer trabalho) certo da primeira vez. E para
atingir a filosofia de que o nico padro da qualidade aceitvel era zero defeito,
ressaltava-se a conscientizao e motivao entre os funcionrios por meio de
treinamentos, eventos especiais, divulgao de resultados relacionados com a
qualidade, do estabelecimento de metas, do feedback pessoal, a identificao dos
problemas em sua origem e as tcnicas de soluo de problemas.
Teboul (1991) e Green (1995) comentam que apesar de vrios autores que
compem a era da garantia da qualidade serem norte-americanos e que suas aes
ocorressem nos Estados Unidos, o uso conjunto e efetivo de muitas ferramentas
propostas ocorreu inicialmente no Japo. E que, de uma maneira generalizada, no
fim da dcada de 1970 e nos primeiros cinco anos da dcada de 1980, os conceitos
da era da garantia da qualidade eram vistos apenas em algumas empresas de ponta
nos Estados Unidos, especialmente nas ligadas s indstrias aeroespacial e blica.
- A Era da Gesto Estratgica da Qualidade: h a conciliao de todos os
principais conceitos observados nas eras anteriores, buscando o desenvolvimento
de uma viso de mercado e sustentao do negcio.
As modificaes no ocorrem rapidamente e so reaes a estmulos
externos variados. Porm, alguns fatores como a perda de rentabilidade, de
participao de mercado relacionados com a m qualidade abriu os olhos dos
administradores para o potencial do fator qualidade como arma estratgica. Alm
destes determinantes, o cliente tambm tem papel decisivo, pois passou a ter uma
postura muito mais ativa no processo. Com elevado nvel de problemas de no-
conformidade, os custos subiram de maneira exorbitante. Com a reputao, a
participao de mercado e a rentabilidade de suas empresas em risco, o assunto
no podia mais ser deixado de lado, tampouco relegado aos nveis mais baixos da
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organizao, sob pena de no ser devidamente resolvido. O resultado dessa
situao a adoo de uma abordagem de qualidade influenciada pelas
preocupaes da alta direo.
Na gesto estratgica da qualidade, segundo Oliveira (2006), a postura da
alta direo tem de considerar que a qualidade um conceito abrangente, com
quatro pontos principais:
Os clientes ou quem os representa devem ter a ltima palavra sobre at
que ponto um produto atende s suas necessidades e satisfaz s suas
expectativas;
A satisfao relaciona-se com o que a concorrncia oferece;
A satisfao, relacionada com o que a concorrncia oferece,
conseguida durante a vida til do produto e no apenas na ocasio de
compra.
preciso um conjunto de atributos para proporcionar o mximo de
satisfao a quem o produto atende.
Para Garvin (1992), a qualidade, na gesto estratgica, definida em
relao aos concorrentes e no a padres fixos e internos. So os clientes e no os
departamentos internos que determinam se um produto aceitvel ou no. Assim,
a preocupao com as especificaes passou a ser secundria e s pode ser
tratada aps cuidadosa identificao das necessidades dos usurios. E se assim
no fosse, a excelncia do controle de processo teria pouca vantagem, pois ficaria
facilmente desviada do seu real foco: necessidades dos clientes.
Com essa nova viso, algumas exigncias passam a ser mais observadas.
A pesquisa de mercado para se avaliar a qualidade exigida pelo consumidor
incrementada. Algumas tcnicas incluem exames cuidadosos dos produtos dos
concorrentes, alm de levantamentos para se estabelecer exatamente o que os
clientes querem dizer quando afirmam que um produto de melhor qualidade que
o outro. A ateno se desvencilha dos preos iniciais, por ocasio da compra, para
os custos do ciclo de vida, que incluem gastos com atendimento e manuteno
durante o uso, refletindo nos custos totais junto aos usurios. As reclamaes dos
clientes passam a ter novo papel, sendo tratadas no como ms notcias
potencialmente prejudiciais e sim como fonte de informaes valiosas do mercado.
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Esse panorama levou concluso de que a qualidade uma arma
poderosa contra concorrncia, pois implantar seus nveis de excelncia exige
uma postura diferenciada em relao qualidade, para a qual a melhoria contnua
essencial. As metas de qualidade so alvos mveis em funo da modificao
das necessidades do consumidor e devem ser sempre reformulados em nveis
cada vez mais altos na organizao. A dedicao ao processo de melhoria deve
ser constante e partir de todos os elementos da empresa com particular apoio da
cpula, para garantir seriedade de propsito e dedicao de longo prazo. A
seqncia natural desse processo deve levar a uma mudana de atitude em todos
os nveis da empresa e, se no ocorrer, certamente os empregados e chefes
continuaro a ver a qualidade como uma funo isolada do departamento do
controle de qualidade. (OLIVEIRA, 2006)
A proposta de Garvin na Gesto Estratgica da Qualidade baseada no
reconhecimento de oito dimenses crticas, pois estas, alm de agregar valor ao
produto, impactam diretamente nos custos organizacionais. As oito dimenses da
qualidade, segundo o autor, so descritas a seguir:
1) Desempenho: refere-se s caractersticas operacionais bsicas de um
produto e combina elementos das abordagens com base no produto e no usurio,
pois ambas podem ser classificadas com base em ao menos uma dimenso de
desempenho;
2) Caractersticas Secundrias: so os adereos dos produtos, aquelas
caractersticas secundrias que suplantam o funcionamento bsico do produto
(p.62). Envolvem atributos objetivos e mensurveis; sua traduo em diferenas da
qualidade igualmente afetada por preferncias pessoais;
3) Confiabilidade: reflete a probabilidade de mau funcionamento de um
produto ou de ele falhar num determinado perodo, que pode ser medido pelo tempo
mdio para a primeira falha, o tempo mdio entre falhas e a taxa de falhas por
unidade de tempo;
4) Conformidade: grau em que o projeto e as caractersticas operacionais de
um produto esto de acordo com os padres estabelecidos;
5) Durabilidade: medida de vida til do produto que, tecnicamente, pode ser
definida pelo uso apropriado por um produto at ele se deteriorar fisicamente.
Segundo o autor, a durabilidade e a confiabilidade esto intimamente associadas,
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pois um produto que falha com freqncia provavelmente ser sucateado mais cedo
que outro, mais confivel; os custos de reparo sero mais altos e a compra de uma
marca concorrente ser mais aconselhvel;
6) Atendimento: esta dimenso remete rapidez, cortesia e facilidade de
reparo, j que o cliente no est apenas preocupado com a possibilidade da falha do
produto, mas tambm com o tempo que ser obrigado a esperar at que as
condies normais sejam restabelecidas;
7) Esttica: Est relacionada abordagem de qualidade baseada no usurio,
que direciona a julgamentos pessoais, pois passam por caractersticas como
aparncia, sabor e cheiro, que remetem aos gostos especficos de cada pessoa. De
acordo com o autor as marcas mais bem-sucedidas no estabelecimento de
posies fortes no mercado eram as mais claramente diferenciadas com base
nestas caractersticas (p.71);
8) Qualidade Percebida: atravs da percepo da qualidade, mas nem
sempre a prpria qualidade. Fatores como reputao (a fora histrica do produto) e
afiliao (qualidade sugerida pela marca) influenciam nesta dimenso que, por isso,
se apresenta mais subjetiva que as demais.
Desta maneira, a Gesto da Qualidade, de uma viso estratgica, iria alm
da vantagem do competidor com a excelncia funcional, configurando-se em um
sistema estratgico que deve envolver todos os nveis da organizao, pois todas as
funes esto inter-relacionadas (CALINGO, 1996). Para Garvin (1992) as
atividades de gerenciamento auxiliaram no surgimento de uma nova viso com
relao qualidade, associando-a estratgia e ao desempenho financeiro da
empresa, ampliando assim o envolvimento nos diferentes nveis hierrquicos.
De forma objetiva, no quadro 1, so descritas as eras da qualidade, de
acordo com seus focos primrios.
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Quadro 1 Estgios do movimento da qualidade
As eras da qualidade tambm so propostas por vrios outros autores,
dentre os quais pode-se citar Dooley (1998), Maylor (2000), Rommel, Kempis e
Kaas (1994) havendo uma certa semelhana, e algumas vezes uma complementariedade com relao ao modelo evolucionrio de Garvin, como o
caso dos autores Kaye e Dyason (1995), que acrescentam s eras descritas, uma
era denominada Alm da Gesto Estratgica da Qualidade.
Paes (2004) comenta que para todos os estgios, a maioria dos autores,
acima citados, tambm relacionam as principais caractersticas atravs de seis
dimenses: Liderana, Orientao Estratgica para Qualidade, Melhoria Contnua,
Resultados e Gerenciamento de Recursos Humanos.
Fonte: Gavin (1992)
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No quadro 2, lista-se a compilao efetuada por Paes (2004), em sua
dissertao, sobre as principais caractersticas das eras da qualidade, descritas por
vrios autores.
Quadro 2 - Caractersticas das eras da qualidade
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Fonte: compilao feita por Paes (2004), a partir de Kaye e Dyason (1995) e Garvin (1992)
Abaixo, no quadro 3, efetuou-se um resumo das principais caractersticas
que definem as eras da qualidade, descritas por Garvin.
Quadro 3 Principais caractersticas das eras da qualidade
ERA DA INSPEO ERA DO CONTROLE ESTATSTICO DA QUALIDADE
PRINCIPAIS CARACTERSTICAS PRINCIPAIS CARACTERSTICAS Utilizao de um sistema racional de medidas, Distino das variveis aceitveis das
gabaritos e acessrios flutuaes que indicassem problemas
A inspeo feita por um departamento Utilizao de tcnicas estatsticas (grfico independente da produo, e uma grande de controle e planos de amostragem)
autoridade lhe instituda Qualidade restrita produo fabril
A soluo de problemas vista como fora do campo de atuao do departamento de
inspeo
Utilizao de mtodos de amostragem, sem qualquer base estatstica
Inspeo com nfase somente na
conformidade do produto
O controle da qualidade se limita inspeo
e a atividades restritas como contagem, classificao pela qualidade e reparos
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ERA DA GARANTIA ERA DA GESTO ESTRATGICA DA QUALIDADE DA QUALIDADE
PRINCIPAIS CARACTERSTICAS PRINCIPAIS CARACTERSTICAS Quantificao dos custos da qualidade Insero da qualidade, de forma explcita,
evitveis e inevitveis no planejamento estratgico da empresa
Surgimento da viso de que produto de alta Alto envolvimento e comprometimento qualidade s pode ser produzido, desde que da alta administrao com relao
os setores trabalhem juntos, de forma qualidade inter-relacionada equipes interfuncionais Grande preocupao em desenvolver
produtos para o cliente de acordo com suas necessidades/ expectativas e desejos, utilizando a pesquisa de mercado para
atingimento deste objetivo. Alta gerncia responsvel pela eficcia
do sistema Avaliao/anlise dos concorrentes mais
fortes do mesmo setor de atuao, ou outros setores
A qualidade passa a incluir, tambm, o de atuao, com relao a produtos, servios desenvolvimento de novos produtos e prticas empresariais (benchmarking)
Preocupao com a seleo dos Reclamaes dos consumidores passam a ser
fornecedores vistas como valiosas fontes de informao
Inicia-se a preocupao da Qualidade de acordo com ponto de
Passam a ser consideradas de responsabilidade
vista do cliente - atendendo suas necessidades e expectativas dos profissionais da rea da qualidade:
a educao e treinamento de aspectos
relativos Conscientizao e motivao dos
funcionrios qualidade, avaliao de programas, quanto importncia da qualidade estabelecimento de objetivos e trabalho de
consulta a outros departamentos Divulgao aos funcionrios de resultados
relacionados com a qualidade
Estabelecimento de metas da qualidade
A Engenharia do Controle da Qualidade passa
a se envolver com o planejamento da qualidade
em alto nvel, coordenao das atividades de outros departamentos, estabelecimento de padres de qualidade e estabelecimento de
medidas da qualidade
Reconhecimento que o profissional da rea da
qualidade deve abranger conhecimentos estatsticos, tcnicos e gerenciais
Fonte: Autora
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No tpico 3.2, explicitado a utilidade dos quadros 2 e 3 no processo de
desenvolvimento dos quesitos do questionrio (instrumento de coleta de dados),
visando o objetivo da identificao das eras que se encontravam as empresas
pesquisadas.
O que se pode observar no estgio da Gesto Estratgica da Qualidade
que as caractersticas esto relacionadas com uma grande preocupao com as
necessidades, percepes, desejos e reclamaes do cliente; com o planejamento
estratgico da empresa, desde a insero da qualidade, explicitamente, neste
planejamento; bem como a identificao de seus pontos fortes, fracos, ameaas e
oportunidades e a anlise/avaliao e comparao da utilizao de prticas
gerenciais de empresas dentro ou fora de seu ramo de atuao, podendo vir a
praticar o benchmarking.
Fazendo um comparativo da era da Garantia da Qualidade e Gesto
Estratgica da Qualidade, nesta o envolvimento no se remete somente gerncia,
mas tambm alta administrao, que alm de participar do processo de gesto da
qualidade e efetuar uma avaliao peridica da mesma, prioriza recursos para que
aconteam as melhorias.
O que se identifica que a evoluo da qualidade veio em decorrncia de
mudanas ocorridas ao longo do tempo, que alteraram os direcionamentos pelo
controle para direcionamentos pela cultura, pautada em uma sociedade industrial
orientada pela comunicao e informao, construindo-se bases tcnicas e
econmicas para o estabelecimento de novos paradigmas.
importante ressaltar que os mtodos utilizados num perodo, em
determinadas situaes so excludentes para outras eras e em outros momentos
demonstra-se que a evoluo apresentada tem prticas complementares; com cada
era incorporando alguns elementos que a precederam.
2.3 Gesto de Qualidade Total (TQM)
Hassan et al. (2000) comentam que so encontradas vrias definies para
a Gesto da Qualidade Total, mas seus princpios bsicos so sempre a
participao de todos os envolvidos no processo, o foco no cliente, a conduo da
PPGEP Gesto Industrial (2007)
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cultura organizacional, foco estratgico, a preveno de defeitos e a melhoria
contnua. Gesto da Qualidade Total uma filosofia e no um programa.
O termo Gesto da Qualidade Total . sigla em ingls TQM (Total Quality
Management) refere-se a uma busca pela qualidade que envolve a todos numa
organizao, mas verifica-se que este tema tem instigado os meios de pesquisa nos
ltimos anos, fazendo com que ocorra a busca do que seria a estrutura mais
adequada de um modelo de TQM e quais seriam seus fatores mais crticos, mas de
maneira geral, o TQM envolve os seguintes procedimentos:
1) Identificar aquilo que os clientes querem;
2) Projetar um produto que atender aquilo que o consumidor quer;
3) Projetar um processo de produo que facilite a se fazer certo na
primeira vez;
4) Melhoria dos processos;
5) Empowerment do funcionrio, gerando uma forte motivao do
funcionrio;
6) Abordagem de equipes, havendo o envolvimento das pessoas e
promovendo o esprito de cooperao;
7) Decises baseadas em fatos;
8) Conhecimento de ferramentas da qualidade;
9) Qualidade do fornecedor.
Ograjensek & Thyregod, (2004), concluiram que os empresrios vem se
afastando em demasia da metodologia quantitativa, enfatizando apenas as relaes
humanas, conduo de reunies, entre outros, e no esto dando a devida nfase
parte quantitativa que mede e afeta a melhoria real. Deve-se perceber, que o
envolvimento da alta administrao, o conhecimento de aspectos tcnicos, a
importncia de desenvolvimento de lideranas e o envolvimento do trabalhador so
partes essenciais e complementares para o desenvolvimento da gesto da
qualidade total.
O motivo do assunto Gesto da Qualidade Total ser exposto no presente
trabalho, se remete ao fato de que ao se relacionar as principais caractersticas das
eras descritas por David Garvin com os procedimentos envolvidos no TQM, conclui-
se que o TQM pode ser considerado o estgio da Gesto Estratgica da Qualidade.
O que, tambm, confirmado por Calarge (2001) que ao citar as etapas evolutivas
PPGEP Gesto Industrial (2007)
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da qualidade e descrever suas caractersticas, denomina a quarta e ltima era como
Gesto da Qualidade Total.
2.4 Modelo de Excelncia Prmio Nacional da Qualidade (PNQ)
Quando se descreve o processo evolutivo da qualidade no se pode deixar de
comentar sobre o Prmio Nacional da Qualidade (PNQ), uma vez que este o maior
reconhecimento qualidade da gesto brasileira, que surgiu com a necessidade da
incorporao de diversos interesses dos stakeholders (partes interessadas) de uma
organizao na busca pela excelncia de desempenho. Conforme cita Carvalho (2005,
p. 96): Em um passado no muito distante, o acionista ou proprietrio da organizao era a maior parte interessada em seu desempenho, para o qual era dada a maior ateno e importncia. Isso no significa que, atualmente, ele no seja mais importante, uma vez que o equilbrio financeiro de uma organizao um fator que assegura a continuidade de sua existncia. A alterao nesse enfoque, ocorrida h alguns anos, considera hoje outros indivduos, grupos de indivduos, ou seja, agentes interessados no desempenho de uma organizao. Isso ocorreu pelo fato de no ser suficiente que uma organizao concentre seus esforos somente no desempenho financeiro. Na verdade, o enfoque atual deve considerar que uma organizao constituda, basicamente, por pessoas e processos e deve ser estruturada em funo das demandas e do atendimento das necessidades desses seus diversos agentes internos e externos. Esses agentes internos e externos so geralmente, representados pelos prprios acionistas ou proprietrios, citados anteriormente, pelos clientes da organizao, pela fora de trabalho, pelos fornecedores e pela comunidade e sociedade.
O primeiro prmio da qualidade foi o Prmio Deming estabelecido pelo
governo japons. Aps muitos anos, outros governos criaram prmios nacionais. No
final da dcada de oitenta e incio da dcada de noventa, foram criados o Prmio
Nacional da Qualidade Malcolm Baldrige, nos Estados Unidos, o Prmio Europeu da
Qualidade, na Europa Ocidental, e o Prmio Nacional da Qualidade, no Brasil. No
caso brasileiro, o PNQ administrado pela Fundao Nacional da Qualidade (FNQ),
uma entidade privada sem fins lucrativos criada em 1991.
De acordo com a FNQ (2007), o Modelo de Excelncia do PNQ
estabelecido a partir de 8 critrios e 24 itens, constituindo um modelo sistmico de
gesto adotado por inmeras organizaes de Classe Mundial. Os oito critrios de
excelncia do PNQ so:
PPGEP Gesto Industrial (2007)
41
1. Liderana: este critrio examina o sistema de liderana da organizao e o comprometimento pessoal dos membros da Direo no estabelecimento,
disseminao e atualizao de valores e princpios organizacionais que promovam a
cultura da excelncia, considerando as necessidades de todas as partes
interessadas. Tambm examina como implementada a governana, como
analisado o desempenho da organizao e como so implementadas as prticas
voltadas para assegurar a consolidao do aprendizado organizacional.
2. Estratgias e Planos: este critrio examina, em detalhe, o processo de formulao das estratgias, enfatizando a anlise do setor de atuao, do macro-
ambiente e do modelo de negcio da organizao. Tambm examina o processo de
implementao das estratgias, incluindo a definio de indicadores, o
desdobramento das metas e planos para todos os setores da organizao e o
acompanhamento dos ambientes internos e externos.
3. Clientes: examina-se como a organizao identifica, analisa e compreende as necessidades e expectativas dos clientes e dos mercados; divulga
seus produtos, marcas e aes de melhoria; e estreita seu relacionamento com os
clientes. Tambm examina como a organizao mede e intensifica a satisfao e a
fidelidade dos clientes em relao a seus produtos e marcas, bem como avalia a
insatisfao.
4. Sociedade: investiga como a organizao contribui para o desenvolvimento econmico, social e ambiental de forma sustentvel - por meio da
minimizao dos impactos negativos potenciais de seus produtos e operaes na
sociedade - e como interage com a sociedade de forma tica e transparente.
5. Informaes e Conhecimento: este critrio examina a gesto e a utilizao das informaes da organizao e de informaes comparativas
pertinentes, bem como a gesto de seus ativos intangveis.
6. Pessoas: este critrio examina como so proporcionadas as condies para o desenvolvimento e utilizao plena do potencial das pessoas que compem a
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fora de trabalho, em consonncia com as estratgias organizacionais. Tambm
examina os esforos para criar e manter um ambiente de trabalho e um clima
organizacional que conduzam excelncia do desempenho, plena participao e
ao crescimento das pessoas.
7. Processos: identifica como a organizao identifica os processos de agregao de valor; e identifica, gerencia, analisa e melhora os processos principais
do negcio e os processos de apoio. Tambm examina como a organizao
gerencia o relacionamento com os fornecedores e conduz a sua gesto financeira,
visando sustentabilidade econmica do negcio.
8. Resultados: o critrio examina os resultados da organizao, abrangendo os econmico-financeiros e os relativos aos clientes e mercados, sociedade,
pessoas, processos principais do negcio e de apoio, assim como os relativos ao
relacionamento com os fornecedores.
Estes oito Critrios de Excelncia se subdividem em 24 Itens, destes 18 so
itens de processos gerenciais e seis de resultados organizacionais.
Critrio 1 - Liderana 1.1 - Sistema de liderana 1.2 - Cultura da excelncia 1.3 - Anlise crtica do desempenho global
Critrio 2 - Estratgias e Planos 2.1 - Formulao das estratgias 2.2- Implementao das estratgias
Critrio 3 - Clientes 3.1 - Imagem e conhecimento de mercado 3.2 - Relacionamento com clientes
Critrio 4 - Sociedade 4.1 - Responsabilidade scio-ambiental 4.2 - tica e desenvolvimento social
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Critrio 5 - Informaes e Conhecimento 5.1 - Gesto das informaes da organizao 5.2 - Gesto das informaes comparativas 5.3 - Gesto dos ativos intangveis
Critrio 6 - Pessoas 6.1 - Sistemas de trabalho 6.2 - Capacitao e desenvolvimento 6.3 - Qualidade de vida
Critrio 7 - Processos 7.1 - Gesto dos processos principais do negcio e dos processos de apoio 7.2 - Gesto do relacionamento com os fornecedores 7.3 - Gesto econmico-financeira
Critrio 8 - Resultados da Organizao 8.1 - Resultados econmico-financeiros 8.2 - Resultados relativos aos clientes e ao mercado 8.3 - Resultados relativos sociedade 8.4 - Resultados relativos s pessoas 8.5 - Resultados dos processos principais do negcio e dos processos de apoio 8.6 - Resultados relativos aos fornecedores Segundo os Critrios de Excelncia do Prmio Nacional da Qualidade do
ano de 2007, a Figura 1 ilustra o Modelo de Excelncia de Gesto que simboliza a
organizao, considerada um sistema orgnico e adaptvel, que interage com o
ambiente externo. Sugerindo que os elementos do Modelo, imersos num ambiente
de Informaes e Conhecimento, relacionam-se de forma integrada e harmnica,
voltada para a gerao de resultados.
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Figura 1. Modelo de Excelncia do PNQ
Fonte: FNQ (2007)
Os critrios de excelncia do PNQ so fundamentados nos seguintes
princpios: pensamento sistmico, aprendizado organizacional, cultura de inovao,
liderana e constncia de propsitos, orientao por processos e informaes, viso
de futuro, gerao de valor, valorizao das pessoas, conhecimento sobre o cliente
e o mercado, desenvolvimento de parcerias e responsabilidade social.
Esta premiao um reconhecimento excelncia na gesto das
organizaes sediadas no Brasil, havendo como smbolo do reconhecimento o
recebimento de um trofu. Sendo que os principais objetivos do processo de
premiao do PNQ so:
a. Estimular o desenvolvimento cultural, poltico, cientfico, tecnolgico,
econmico e social do Brasil;
b. Fornecer para as organizaes, um referencial (modelo) para um
contnuo aperfeioamento;
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c. Conceder reconhecimento pblico e notrio excelncia da qualidade
da gesto para organizaes Classe Mundial;
d. Divulgar as prticas de gesto bem sucedidas, com vistas ao
benchmarking.
Finalmente, vale ressaltar que os prmios da qualidade, como o Prmio
Nacional da Qualidade, de maneira geral, tm conduzido as organizaes a uma
melhoria no desempenho de seus processos de gesto e conseqentemente de
seus resultados. 2.5 Principais tipos de produtos de madeira processados mecanicamente
Classificada como indstria de transformao, a indstria da madeira
processada mecanicamente, em suas mltiplas concepes, exerce uma forte
influncia na economia brasileira, seja por meio da gerao de renda e empregos,
pagamento de impostos ou gerao de divisas. A indstria de processamento
mecnico de madeira compreende serrarias, laminadoras, indstrias de
compensados, lminas decorativas alm de outras indstrias que produzem
produtos de maior valor agregado tais como: portas, janelas, molduras, blocks,
blanks, fences (cercas) e pisos. Tradicionalmente as exportaes de produtos
florestais esto orientadas basicamente para os EUA e a UE, particularmente
quando se tratam de produtos de madeira slida.
Abaixo so descritos os principais tipos de produtos de madeira processados
mecanicamente pelo Brasil, segundo informaes da ABIMCI (2004):
2.5.1 Compensado
O compensado obtido a partir da colagem de lminas de madeira
sobrepostas em nmero mpar de camadas formando um ngulo de 90 graus entre
as camadas. Existem, basicamente, dois tipos de compensado: multilaminado e
sarrafeado. O compensado multilaminado composto exclusivamente por lminas
de madeira, enquanto que o compensado sarrafeado formado por sarrafos (miolo)
e lminas coladas perpendicularmente aos sarrafos.
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O compensado pode ser utilizado em diversas aplicaes, no segmento de
embalagens, mveis, construo civil, etc., sendo uma modalidade de produto
predominantemente para exportao. Os principais pases atendidos por este
produto so, em ordem de importncia, os EUA, Reino Unido, Porto Rico, Blgica e
Alemanha.
No mercado domstico o consumo do compensado vem reduzindo em
decorrncia da competio com os painis reconstitudos, em particular o
aglomerado, o MDF e o OSB.
2.5.2 Madeira serrada
A madeira serrada obtida atravs do desdobro de toras em serras,
caracterizando a transformao primria da madeira e dependendo do seu formato e
dimenso apresenta diferentes denominaes, que so: vigas, tbuas, pranchas,
pontaletes, sarrafos, ripas e caibros. Este tipo de produto predomina em empresas
de pequeno porte. Pesquisas recentes revelam que a quantidade de empresas
envolvidas na produo de madeira serrada tm diminudo, ao passo que as
indstrias remanescentes tm ganho em escala e investido em modernizao. A
maior parte da produo de madeira serrada permanece no Brasil, porm uma fatia
significativa da produo de madeira serrada exportada por meio de
remanufaturas de madeira (produtos de maior valor agregado), relacionado a seguir.
Os principais pases atendidos por este produto so, em ordem de
importncia, a China, Estados Unidos e Unio Europia (Frana, Espanha, Holanda,
Reino Unido, etc).
2.5.3 Remanufatura de madeira (produtos de maior valor agregado)
A partir da dcada de 90 houve um direcionamento dos produtores de
madeira serrada e compensado para a agregao de valor na produo atravs de
remanufaturas de madeira, que so as molduras, o painel colado lateral (EGD),
portas e pisos.
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Molduras: so peas perfiladas empregadas em acabamentos exteriores e
interiores como decorao na construo civil. Este tipo de produo orientada
praticamente para a exportao, e a evoluo da produo nacional de pinus tipo
exportao tm aumentado rapidamente nos ltimos anos, tendo forte penetrao
nos Estados Unidos, mercado este que responde por 90% das exportaes.
EGP (painel colado lateral): o Brasil um dos mais importantes produtores
de EGP, sendo que a maior parte desta produo direcionada para a indstria
moveleira nacional. Desta maneira, o crescimento da produo brasileira de EGP se
deve pelo desempenho da indstria moveleira nacional no mercado internacional.
Portas: nestes ltimos anos, a indstria de portas de madeira sofreu um
imenso processo de modernizao, por meio da incorporao de novas tecnologias
e adoo de novas matrias-primas. Permitindo que este setor aumentasse sua
capacidade de produo, e sua competitividade internacional. O principal importador
das portas de madeira brasileiras so os Estados Unidos, mas volumes expressivos
tambm so exportados para o Reino Unido, Porto Rico e Canad.
Pisos: tambm um setor que incorporou novas tecnologias, e fabricao de
novos produtos, aumentando sua competitividade internacional. Hoje, o Brasil se
posiciona como um dos principais exportadores mundiais de pisos de madeira.
2.6 Certificao florestal FSC
Para Calarge (2001), uma questo que obteve destaque na agenda
econmica da ltima dcada foi a discusso sobre aspectos e problemas ambientais
relativos principalmente gesto de recursos naturais, conservao energtica,
poluio atmosfrica, disposio de resduos slidos e tcnicas de reciclagem de
materiais. Evidenciando-se, nos dias atuais, em conseqncia destes aspectos, as
presses da sociedade civil, regulamentaes governamentais e o aumento de
normas e legislaes que restringem agresses ao meio ambiente. Sendo que esta
afirmao pode ser confirmada, no caso do setor madeireiro, uma vez que para
garantir que o suprimento de matria-prima das indstrias deste segmento
provenham de fontes de produo sustentveis, os pases importadores tm
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solicitado s empresas, principalmente, a Certificao Florestal FSC, por ser
reconhecida em nvel mundial.
A certificao FSC Forest Stewardship Council (Conselho de Manejo
Florestal), conhecido como selo verde, tem o objetivo de promover o manejo das
florestas do mundo de forma ambientalmente adequada, socialmente benfica e
economicamente vivel. Isso feito atravs do estabelecimento de um padro
mundial de Princpios de Manejo Florestal amplamente reconhecido e respeitado.
Com esta certificao o setor demonstra que est preocupado com a questo
ambiental, colaborando com a preservao do meio ambiente, desvinculando, desta
maneira, a imagem do Brasil como participante na degradao da natureza.
2.6.1 Histrico do Conselho de Manejo Florestal (FSC - Forest Stewardship
Council)
O Conselho de Manejo Florestal FSC uma organizao independente,
no-governamental e atualmente est sediada em Bonn, Alemanha. Foi criada em
1993, na cidade de Toronto, Canad e contou com a participao de 130
participantes de 26 pases. Desde a sua fundao, a misso do FSC a de
promover um manejo ambientalmente apropriado, socialmente benfico e
economicamente vivel de todas as florestas do mundo.
A organizao e o estabelecimento do Grupo de Trabalho FSC no Brasil
teve seu incio em 1997, e em setembro de 2001 foi criado o Conselho Brasileiro de
Manejo Florestal (CBMF), tambm denominado FSC Brasil, e reconhecido como
iniciativa nacional do FSC no Brasil.
As principais atividades do Conselho Brasileiro de Manejo Florestal so:
- Padres de certificao: coordenar o desenvolvimento de padres de certificao nacionais e regionais de manejo florestal;
- Consultas Pblicas: coordenar consultas junto s operaes florestais certificadas no Brasil e movimentos interessados na certificao sobre as
propostas de polticas do sistema FSC;
- Agente nominal da logomarca FSC: atuar como agente nominal da
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logomarca FSC, aprovando seu uso fora de produto e emitindo a licena
numerada que garante a autorizao para aplicao;
- Florestas e produtos certificados: ser um centro de informaes para o desenvolvimento de inteligncia de mercado sobre florestas e produtos com a
certificao FSC;
- Resoluo de Conflitos: atuar na resoluo de conflitos envolvendo partes interessadas no sistema de certificao FSC.
- Promoo da certificao: - Sensibilizar diversos atores da sociedade sobre o manejo florestal, a
certificao FSC e seus benefcios;
- Coordenar atividades e iniciativas que divulguem e promovam o manejo
florestal e a certificao FSC junto a produtores e consumidores
2.6.2 Tipos de certificao
A certificao florestal pelo sistema do FSC (conhecido como selo verde)
pode ser concedida em duas modalidades: Certificao do manejo florestal e
Certificao de cadeia de custdia.
1) Certificao do manejo florestal: nesse tipo de certificao so avaliadas
as unidades de manejo de florestas nativas ou de plantaes de rvores e
verificados os cumprimentos dos Princpios e Critrios do FSC. A avaliao feita
por uma equipe de auditores sob a superviso das certificadoras. A certificao do
manejo florestal tambm pode ser acessada por consultores e administradores que
manejam propriedades de outras pessoas (certificao de manejador de recursos),
grupos de produtores ou associaes comunitrias e proprietrios de reas florestais
nativas ou de plantaes de rvores.
2) Certificao de cadeia de custdia: a certificao de produtos
intermedirios ou finais que utilizam matria-prima florestal, e feita para garantir o
rastreamento da matria-prima da floresta at o consumidor final. A certificao de
cadeia de custdia pode ser acessada por fabricantes de mveis, pisos, portas,
guarnies, etc; indstria madeireira em geral e da construo civil; indstrias de
cosmticos e a rede varejista. Como por exemplo, se uma porta de madeira, possui
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o selo FSC, significa que a madeira ou o compensado, ou outra matria-prima de
origem florestal, utilizada na fabricao tambm deve possuir o selo. Os
fornecedores, nesta situao, passam a ser uma ligao essencial na cadeia,
porque de nada adianta o fabricante se interessar pela certificao e no encontrar
matria-prima certificada.
A certificao FSC de cadeia de custdia uma garantia da procedncia,
atestando que a madeira utilizada na fabricao do produto proveniente de uma
floresta manejada de forma adequada, dentro dos Princpios e Critrios do FSC,
havendo o compromisso da no-utilizao de madeira ilegal. Esta a certificao
selecionada na presente pesquisa, uma vez que o foco de estudo o setor
manufatureiro, de produtos beneficiados provenientes da madeira.
Um fator que Biazin (2002) considera importante com relao ao selo verde
a preocupao pelo atendimento dos trs pilares do desenvolvimento sustentvel,
sendo estes o econmico, o ambiental e o social. Os principais benefcios destes
pilares so demonstrados no quadro 4.
Quadro 4 - Benefcios da certificao FSC
Fonte: Biazin (2002)
2.6.3 Princpios e Critrios do Conselho de Manejo Florestal (FSC)
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As diretrizes de um bom manejo florestal, de acordo com o sistema do FSC,
so os seus 10 princpios e 56 critrios da certificao (P&C do FSC), aplicadas a
todos os tipos de florestas (tropicais, boreais e temperadas) e tipos de manejo
(nativas ou plantaes). Abaixo so descritos os Princpios da certificao FSC:
Princpio 1: Obedincia s Leis e aos Princpios do FSC O manejo florestal deve respeitar todas as leis aplicveis ao pas aonde
opera, os tratados internacionais e acordos assinados por este pas, e obedecer a
todos os Princpios e Critrios do FSC. Princpio 2: Responsabilidades e direitos de posse e uso da terra.
Os direitos de posse e uso de longo prazo relativos terra e aos recursos
florestais devem ser claramente definidos, documentados e legalmente
estabelecidos.
Princpio 3: Direitos dos Povos Indgenas Os direitos legais e costumrios dos povos indgenas de possuir, usar e
manejar suas terras, territrios e recursos devem ser reconhecidos e respeitados.
Princpio 4: Relaes Comunitrias e Direitos dos Trabalhadores. As atividades de manejo florestal devem manter ou ampliar o bem estar
econmico e social de longo prazo dos trabalhadores florestais e das comunidades
locais.
Princpio 5: Benefcios da Floresta As operaes de manejo florestal devem incentivar o uso eficiente dos
mltiplos produtos e servios da floresta para assegurar a viabilidade econmica e
uma grande gama de benefcios ambientais e sociais.
Princpio 6: Impacto Ambiental O manejo florestal deve conservar a diversidade ecolgica e seus valores
associados, os recursos hdricos, os solos, e os ecossistemas e paisagens frgeis e
singulares, e ao assim atuar, manter as funes ecolgicas e a integridade da
floresta. Princpio 7: Plano de Manejo Um plano de manejo - apropriado escala e intensidade das operaes
propostas - deve ser escrito, implementado e atualizado. Os objetivos de longo
prazo do manejo florestal e os meios para atingi-los devem ser claramente definidos.
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Princpio 8: Monitoramento e Avaliao O monitoramento deve ser conduzido - apropriado escala e intensidade
do manejo florestal - para que sejam avaliados a condio da floresta, o rendimento
dos produtos florestais, a cadeia de custdia, as atividades de manejo e seus
impactos ambientais e sociais.
Princpio 9: Manuteno de florestas de alto valor de conservao As atividades em manejo de florestas de alto valor de conservao devem
manter ou ampliar os atributos que definem estas florestas. Decises relacionadas
florestas de alto valor de conservao devem sempre ser consideradas no
contexto de uma abordagem precautria.
Princpio 10: Plantaes As plantaes devem ser planejadas e manejadas de acordo com os
Princpios e Critrios de 1 a 9 e o Princpio 10 e seus Critrios. Considerando que as
plantaes podem proporcionar um leque de benefcios sociais e econmicos, e
contribuir para satisfazer as necessidades globais por produtos florestais,
recomenda-se que elas complementem o manejo, reduzam as presses, e
promovam a restaurao e conservao das florestas naturais.
2.6.4 Padres FSC
O FSC apia o desenvolvimento de padres nacionais ou regionais de
manejo florestal, adaptados s realidades dos diferentes pases. Esse trabalho
realizado pelas Iniciativas Nacionais (IN's) e o resultado so os padres de
certificao, documentos que sero utilizados pelas certificadoras na avaliao das
operaes florestais.
O Conselho Brasileiro de Manejo Florestal (CBMF) desenvolve desde 1998
este trabalho de adaptao dos padres de certificao realidade nacional. Os
Padres de Certificao do FSC para o Manejo Florestal em Terra Firme na
Amaznia Brasileira e os Padres de Certificao do FSC para o Manejo de
Plantaes no Brasil foram os documentos iniciais desenvolvidos pelo Grupo de
Trabalho formado em 1997. Depois desses padres, comearam os trabalhos