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Erê Odara Boletim Informativo Especial da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República para a VII Conferência Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente. “Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais (ECA, art 5º)” . O Brasil é o país da diversidade racial Nossa história é cheia de homens e mulheres que queriam um futuro melhor não somente para si ou suas famílias, mas para todos os brasileiros. Essa visão de coletividade fez toda a diferença para que hoje vivamos em liberdade, mas muito precisa ser feito. E todos nós podemos ajudar! O primeiro passo é estudar e compreender as várias culturas existentes no Brasil. Dessa maneira, ficamos mais abertos e com vontade de entender o modo de vida do outro seja ele mulher, negro, quilombola, indígena, cigano, judeu ou palestino. Conhecer e compreender o outro é um dever e direito civilizatório de todos os seres humanos. Preconceito, discriminação e intolerâncias correlatas são atitudes, comportamentos e ações que prejudicam a convivência e harmonia entre os povos e fragilizam as instituições democráticas das nações. E é por isso que convidamos você e a sua comunidade para descobrir pessoas, histórias e culturas que tornam o nosso país rico em diversidade. Venha nessa com a gente! Índios Em 1500, quando os portugueses chegaram ao Brasil, existiam mais de 5 milhões de índios. O processo de colonização foi marcado pela violência. Os povos indígenas queriam continuar com o mesmo modo de vida, mas os conflitos com os portugueses geraram lutas e guerras. Com diferentes formas de defesa, os índios foram sendo dizimados e hoje somam cerca de 700 mil pessoas e mais de 200 etnias. Negros Trazidos na condição de escravos, mais de 6 milhões de africanos chegaram ao Brasil nas primeiras décadas após o descobrimento oficial do país. Em quase quatro séculos de trabalho forçado, homens e mulheres africanos não deixaram de lutar pela sua liberdade e manter seus hábitos e práticas culturais, cuja influência a gente percebe no nosso dia a dia. Algumas formas de resistência conhecidas são os quilombos, a capoeira e as religiões de matriz africana. Hoje, os negros são 49,5% da população brasileira e – assim como os indígenas e os ciganos – querem igualdade de oportunidades, respeito e valorização do seu modo de viver. Uma ação importante está acontecendo na educação e você faz parte dela! Desde 2003, quando foi criada a lei 10.639/03, o ensino da história e cultura africana e afro-brasileira é obrigatório no ensino fundamental e médio. O Dia Nacional da Consciência Negra, em homenagem a Zumbi dos Palmares, também passou a fazer parte do calendário escolar. Ciganos Os primeiros ciganos chegaram ao Brasil por volta de 1574. A maioria deles encontrou em nosso país um lugar para viver livremente, assim do jeitinho que eles gostam: fixos nas cidades ou em acampamentos, viajando pelo país e pelo mundo afora. Existem cerca de 600 mil ciganos roms e kalons no Brasil. Desde 2006, comemoramos o Dia Nacional do Cigano em 24 de Maio. Agora você tem a oportunidade de saber mais sobre a história dos ciganos e contar para um monte de gente! Foto: Dirce Carrion

Erê Odara - seppir.gov.br · Erê Odara Boletim Informativo Especial da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República para a VII

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Erê OdaraBoletim Informativo Especial da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República para a VII Conferência Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente.

“Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer

atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais (ECA, art 5º)”.

O Brasil é o país da diversidade racialNossa história é cheia de homens e mulheres que queriam um futuro melhor não somente para si ou suas famílias, mas para todos os brasileiros. Essa visão de coletividade fez toda a diferença para que hoje vivamos em liberdade, mas muito precisa ser feito. E todos nós podemos ajudar!

O primeiro passo é estudar e compreender as várias culturas existentes no Brasil. Dessa maneira, ficamos mais abertos e com vontade de entender o modo de vida do outro seja ele mulher, negro, quilombola, indígena, cigano, judeu ou palestino.

Conhecer e compreender o outro é um dever e direito civilizatório de todos os seres humanos. Preconceito, discriminação e intolerâncias correlatas são atitudes, comportamentos e ações que prejudicam a convivência e harmonia entre os povos e fragilizam as instituições democráticas das nações.

E é por isso que convidamos você e a sua comunidade para descobrir pessoas, histórias e culturas que tornam o nosso país rico em diversidade. Venha nessa com a gente!

ÍndiosEm 1500, quando os portugueses chegaram ao Brasil, existiam mais de 5 milhões de índios. O processo de colonização foi marcado pela violência. Os povos indígenas queriam continuar com o mesmo modo de vida, mas os conflitos com os portugueses geraram lutas e guerras. Com diferentes formas de defesa, os índios foram sendo dizimados e hoje somam cerca de 700 mil pessoas e mais de 200 etnias.

Negros Trazidos na condição de escravos, mais de 6 milhões de africanos chegaram ao Brasil nas primeiras décadas após o descobrimento oficial do país. Em quase quatro séculos de trabalho forçado, homens e mulheres africanos não deixaram de lutar pela sua liberdade e manter seus hábitos e práticas culturais, cuja influência a gente percebe no nosso dia a dia.

Algumas formas de resistência conhecidas são os quilombos, a capoeira e as religiões de matriz africana. Hoje, os negros são 49,5% da população brasileira e – assim como os indígenas e os ciganos – querem igualdade de oportunidades, respeito e valorização do seu modo de viver.

Uma ação importante está acontecendo na educação e você faz parte dela! Desde 2003, quando foi criada a lei 10.639/03, o ensino da história e cultura

africana e afro-brasileira é obrigatório no ensino fundamental e médio. O Dia Nacional da Consciência Negra, em homenagem a Zumbi dos Palmares, também passou a fazer parte do calendário escolar.

Ciganos Os primeiros ciganos chegaram ao Brasil por volta de 1574. A maioria deles encontrou em nosso país um lugar para viver livremente, assim do jeitinho que eles gostam: fixos nas cidades ou em acampamentos, viajando pelo país e pelo mundo afora. Existem cerca de 600 mil ciganos roms e kalons no Brasil.

Desde 2006, comemoramos o Dia Nacional do Cigano em 24 de Maio. Agora você tem a oportunidade de saber mais sobre a história dos ciganos e contar para um monte de gente!

A Seppir (Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial) é um órgão do governo federal, ligado à Presidência da República, que trabalha para que negros, indígenas, ciganos, judeus e palestinos tenham garantidos os seus direitos de cidadania e inclusão social.

O trabalho da Seppir é fazer com que todos os brasileiros sejam tratados de forma igual e sem preconceito através de políticas e ações que valorizem a diversidade étnico-racial.

Igualdade racial é uma forma de combater o racismo, a discriminação e o preconceito pela cor da pele ou traços físicos de uma pessoa, ou a forma de viver (cultura, religião, vestimentas) de determinado grupo étnico-racial.

Quando promovemos a igualdade racial, estamos tornando o Brasil mais justo e nossa sociedade mais evoluída, porque todos os cidadãos passam a ser tratados de forma igual independente das suas diferenças.

Liberdade, respeito e dignidade são direitos de todos os brasileiros!

Saiba mais sobre o trabalho da Seppir

Direção da Seppir:Ministra Matilde Ribeiro - Secretário-adjunto: Martvs das Chagas – Chefe de Gabinete: Sandra Teixeira – Subsecretário de Políticas de Ações Afirmativas: Alexandro Reis – Subsecretária de Políticas para Comunidades Tradicionais: Givânia Silva – Subsecretário de Planejamento e Formulação de Políticas: Carlos Eduardo Trindade Santos.Conselheiras da Seppir no Conanda: Cristina Guimarães (titular) e Denise Pacheco (suplente).

Expediente:O boletim informativo Êre Odara é uma publicação da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República para a VII Conferência Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente.

Êre Odara é uma expressão em iorubá e significa criança bonita.

Jornalista responsável: Isabel Clavelin (DRT/RS 11.512)Projeto Gráfico: ProjectsTiragem: 5 mil exemplares

Novembro de 2007.

Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade RacialEsplanada dos Ministérios, bloco A, 9º andar – CEP 70054-900 – Brasília – DFAssessoria de Comunicação SocialTelefone: (61) 3411.4977E-mail: [email protected] www.presidencia.gov.br/seppir

“Eu tenho um sonho que minhas quatro pequenas crianças viverão um dia em uma nação onde não serão julgadas

pela cor da pele, mas pelo conteúdo de seu caráter.Eu tenho um sonho hoje!”

Martin Luther King Jr

Foto: Dirce Carrion

Seppir aporta R$ 2,9 milhões em programa social para crianças e adolescentes

Focado na redução da violência contra crianças e adolescentes, o Programa Direitos de Cidadania – Crianças e Adolescentes foi anunciado, em 11 de outubro passado, pelo presidente Lula. A iniciativa, coordenada pela SEDH (Secretaria Especial de Direitos Humanos), tem orçamento total de R$ 2,9 bilhões. A eqüidade é uma das diretrizes do programa ao priorizar o atendimento às diversidades regionais, étnico-racial e de gênero, assim como a territorialidade, gestão integrada, valorização do protagonismo dos adolescentes e capilaridade dos programas federais.

Atuante no Conanda (Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente) e comprometida com a integração da temática promoção da igualdade racial em diferentes órgãos federais, a Seppir alocou R$ 2,9 milhões no Programa Direitos de Cidadania – Crianças e Adolescentes, considerando o período de 2007-2010.

Para o projeto “Quem ama, protege”, a Seppir, juntamente com a SPM (Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres) e ministérios da Saúde e de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, pretende induzir o fortalecimento e a ampliação dos programas federais de atendimento na área da saúde e assistência social em 45 municípios de grave vulnerabilidade à

violência contra crianças, adolescentes e suas famílias, destacados no Pronasci (Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania). Neste projeto, a Seppir vai aportar R$ 1,5 milhão, recursos que beneficiarão famílias quilombolas.

No projeto “Pró-Sinase”, que visa a implementação do Sinase (Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo), a Seppir destinou R$ 1,4 milhão para apoio a projetos com recorte de gênero e étnico-racial, ação a ser desenvolvida em parceria com a SPM. Esta iniciativa visa o fomento no atendimento em saúde, educação, profissionalização, cultura e esporte nas unidades de internação, as quais contam com mais de 60% de adolescentes negros.

Violência De acordo com pesquisa recente da SEDH, 60 mil adolescentes cumprem medidas socioeducativas, destes 15 mil estão em regime de internação e 45 mil em semi-liberdade. Cerca de 80% dos internos têm renda familiar inferior a dois salários mínimos, 51% não frequentam escola e 49% dos

pesquisados não trabalham.

A expressiva maioria é masculina, sendo 10% meninas adolescentes. Somente na última década 1996-2006, houve crescimento de 363% no ingresso de adolescentes em regime de internação.

A Seppir tem assento no Conanda (Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente) desde junho de 2004. Essa representação garante a inserção da Política Nacional de Promoção da Igualdade Racial no debate para definição de estratégias para crianças e adolescentes negras e quilombolas que vivem em desvantagem social e econômica e/ou com seus direitos violados.

Muitos resultados estão transformando a vida de crianças e adolescentes para melhor. Confira mais alguns deles:• Inserção da questão racial no Sinase (Sistema de Atendimenot das Medidas Socioeducativas) contribuindo no

fornecimento de dados e propostas para implementação desse sistema;

• Definição de eixo temático sobre promoção da igualdade racial e valorização da diversidade de gênero, raça, etnia, portador de deficiência, orientação sexual na etapa regional da VI Conferência Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente;

• Inclusão do recorte étnico-racial no Plano Nacional de Convivência Familiar e Comunitária;

• Formação a distância de conselheiros tutelares e dos Direitos da Criança e do Adolescente, destacando conteúdos étnico-racial, de gênero, entre outros.

RACISMO – ideologia que estabelece a hierarquização dos grupos humanos com base na etnicidade, difundida através de idéias e valores. O combate ao racismo deve reconhecer a pluralidade étnica que marca a sociedade brasileira e valorizar a comunidade afro-brasileira, destacando tanto seu papel histórico como sua contribuição contemporânea à construção nacional. Seu propósito é atingir não somente a população racialmente discriminada, mas toda a população, permitindo-lhe a identificação com a diversidade étnica e cultural.

PRECONCEITO RACIAL – modo de ver certas pessoas ou grupos raciais. Predisposição em relação a um indivíduo, grupo ou instituição baseada em generalizações negativas sobre a raça com a qual o indivíduo, o grupo ou a instituição é identificada.

DISCRIMINAÇÃO RACIAL – comportamento ou ação que prejudica explicitamente certa pessoa ou grupo de pessoas em decorrência de sua raça/cor.

AÇÕES AFIRMATIVAS – são um conjunto de medidas temporárias promovidas pelo Estado e pela sociedade, com caráter compulsório,

facultativo ou voluntário, cujo objetivo fundamental é enfrentar e reverter as desigualdades históricas vividas por determinados grupos sociais (minoritários ou majoritários), que não tiveram as mesmas oportunidades de acesso aos bens públicos que os grupos dominantes. Têm o objetivo de preparar, estimular e promover a ampliação da participação de grupos discriminados nos mais variados setores da vida social, especialmente em áreas de educação, trabalho (acesso ao emprego, formação e qualificação profissional, promoção, etc) e comunicação.

QUILOMBOS – correspondem às chamadas terras de preto ou comunidades negras rurais que se originaram de fazendas falidas, das doações de terras para ex-escravos, das compras de terras pelos escravos alforriados, da prestação de serviços de escravos em guerras e das terras de ordem religiosas deixadas a ex-escravos na segunda metade do século XVIII. Atualmente, são identificadas 3.524 comunidades quilombolas em todo o Brasil.

O que é, o que é1?

Seppir e Conanda: uma história que dá certo

1 Desigualdades raciais no Brasil: um balanço da intervenção governamental, de Luciana Jaccoud e Nathalie Beghin, 2002.

Erradicação do Trabalho Infantil

A Seppir contribui com a execução do Plano Nacional de Erradicação do Trabalho Infantil e Proteção ao Trabalhador Adolescente, coordenado pelo Ministério do

Trabalho e Emprego.

I QuilombinhoCerca de 100 crianças e adolescentes participaram, nos dias 2 e 3 de julho de 2007, em Brasília, do I Quilombinho

- Encontro Nacional de Crianças e Adolescentes Quilombolas, parte integrante do projeto Zanauandê. Atividades como

oficinas de políticas públicas, educação e cultura, música, dança e brincadeiras estimularam o fortalecimento identitário e a reflexão da

realidade dos quilombos. Ao final do encontro, o grupo produziu uma carta com recomendações aos governantes e parlamentares.

Segundo estimativas, o Brasil tem mais de 900 mil crianças e adolescentes quilombolas. Boa parte é invisível às políticas públicas. Dados revelam, por exemplo, que crianças quilombolas com menos de 1 ano morrem sem

antes mesmo de obter sua certidão de nascimento. Buscando mudar este quadro, o Governo Federal, Unicef e Conaq (Coordenação Nacional

das Comunidades Negras Rurais Quilombolas) vêm desenvolvendo, desde 2003, estratégias de mobilização para dar visibilidade e

transformar essa realidade.

Caruru de Vunji em Santiago de

Iguape (BA), outubro 2004

Foto: Kléber Araújo

Orquestra de Violinos do Centro Cultural Cartola

no Palácio do Planalto, novembro 2007

Meninas quilombolas de Frechal (MA)Foto: Dirce Carrion

Boletim Informativo Especial da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República para a VII Conferência Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente.

Estudante do ensino médio no ciclo de palestras”Igualdade Racial é assunto de sala

de aula” promovido pela Seppir em Brasília,

setembro 2007

Seppir aporta R$ 2,9 milhões em programa social para crianças e adolescentes

Focado na redução da violência contra crianças e adolescentes, o Programa Direitos de Cidadania – Crianças e Adolescentes foi anunciado, em 11 de outubro passado, pelo presidente Lula. A iniciativa, coordenada pela SEDH (Secretaria Especial de Direitos Humanos), tem orçamento total de R$ 2,9 bilhões. A eqüidade é uma das diretrizes do programa ao priorizar o atendimento às diversidades regionais, étnico-racial e de gênero, assim como a territorialidade, gestão integrada, valorização do protagonismo dos adolescentes e capilaridade dos programas federais.

Atuante no Conanda (Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente) e comprometida com a integração da temática promoção da igualdade racial em diferentes órgãos federais, a Seppir alocou R$ 2,9 milhões no Programa Direitos de Cidadania – Crianças e Adolescentes, considerando o período de 2007-2010.

Para o projeto “Quem ama, protege”, a Seppir, juntamente com a SPM (Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres) e ministérios da Saúde e de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, pretende induzir o fortalecimento e a ampliação dos programas federais de atendimento na área da saúde e assistência social em 45 municípios de grave vulnerabilidade à

violência contra crianças, adolescentes e suas famílias, destacados no Pronasci (Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania). Neste projeto, a Seppir vai aportar R$ 1,5 milhão, recursos que beneficiarão famílias quilombolas.

No projeto “Pró-Sinase”, que visa a implementação do Sinase (Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo), a Seppir destinou R$ 1,4 milhão para apoio a projetos com recorte de gênero e étnico-racial, ação a ser desenvolvida em parceria com a SPM. Esta iniciativa visa o fomento no atendimento em saúde, educação, profissionalização, cultura e esporte nas unidades de internação, as quais contam com mais de 60% de adolescentes negros.

Violência De acordo com pesquisa recente da SEDH, 60 mil adolescentes cumprem medidas socioeducativas, destes 15 mil estão em regime de internação e 45 mil em semi-liberdade. Cerca de 80% dos internos têm renda familiar inferior a dois salários mínimos, 51% não frequentam escola e 49% dos

pesquisados não trabalham.

A expressiva maioria é masculina, sendo 10% meninas adolescentes. Somente na última década 1996-2006, houve crescimento de 363% no ingresso de adolescentes em regime de internação.

A Seppir tem assento no Conanda (Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente) desde junho de 2004. Essa representação garante a inserção da Política Nacional de Promoção da Igualdade Racial no debate para definição de estratégias para crianças e adolescentes negras e quilombolas que vivem em desvantagem social e econômica e/ou com seus direitos violados.

Muitos resultados estão transformando a vida de crianças e adolescentes para melhor. Confira mais alguns deles:• Inserção da questão racial no Sinase (Sistema de Atendimenot das Medidas Socioeducativas) contribuindo no

fornecimento de dados e propostas para implementação desse sistema;

• Definição de eixo temático sobre promoção da igualdade racial e valorização da diversidade de gênero, raça, etnia, portador de deficiência, orientação sexual na etapa regional da VI Conferência Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente;

• Inclusão do recorte étnico-racial no Plano Nacional de Convivência Familiar e Comunitária;

• Formação a distância de conselheiros tutelares e dos Direitos da Criança e do Adolescente, destacando conteúdos étnico-racial, de gênero, entre outros.

RACISMO – ideologia que estabelece a hierarquização dos grupos humanos com base na etnicidade, difundida através de idéias e valores. O combate ao racismo deve reconhecer a pluralidade étnica que marca a sociedade brasileira e valorizar a comunidade afro-brasileira, destacando tanto seu papel histórico como sua contribuição contemporânea à construção nacional. Seu propósito é atingir não somente a população racialmente discriminada, mas toda a população, permitindo-lhe a identificação com a diversidade étnica e cultural.

PRECONCEITO RACIAL – modo de ver certas pessoas ou grupos raciais. Predisposição em relação a um indivíduo, grupo ou instituição baseada em generalizações negativas sobre a raça com a qual o indivíduo, o grupo ou a instituição é identificada.

DISCRIMINAÇÃO RACIAL – comportamento ou ação que prejudica explicitamente certa pessoa ou grupo de pessoas em decorrência de sua raça/cor.

AÇÕES AFIRMATIVAS – são um conjunto de medidas temporárias promovidas pelo Estado e pela sociedade, com caráter compulsório,

facultativo ou voluntário, cujo objetivo fundamental é enfrentar e reverter as desigualdades históricas vividas por determinados grupos sociais (minoritários ou majoritários), que não tiveram as mesmas oportunidades de acesso aos bens públicos que os grupos dominantes. Têm o objetivo de preparar, estimular e promover a ampliação da participação de grupos discriminados nos mais variados setores da vida social, especialmente em áreas de educação, trabalho (acesso ao emprego, formação e qualificação profissional, promoção, etc) e comunicação.

QUILOMBOS – correspondem às chamadas terras de preto ou comunidades negras rurais que se originaram de fazendas falidas, das doações de terras para ex-escravos, das compras de terras pelos escravos alforriados, da prestação de serviços de escravos em guerras e das terras de ordem religiosas deixadas a ex-escravos na segunda metade do século XVIII. Atualmente, são identificadas 3.524 comunidades quilombolas em todo o Brasil.

O que é, o que é1?

Seppir e Conanda: uma história que dá certo

1 Desigualdades raciais no Brasil: um balanço da intervenção governamental, de Luciana Jaccoud e Nathalie Beghin, 2002.

Erradicação do Trabalho Infantil

A Seppir contribui com a execução do Plano Nacional de Erradicação do Trabalho Infantil e Proteção ao Trabalhador Adolescente, coordenado pelo Ministério do

Trabalho e Emprego.

I QuilombinhoCerca de 100 crianças e adolescentes participaram, nos dias 2 e 3 de julho de 2007, em Brasília, do I Quilombinho

- Encontro Nacional de Crianças e Adolescentes Quilombolas, parte integrante do projeto Zanauandê. Atividades como

oficinas de políticas públicas, educação e cultura, música, dança e brincadeiras estimularam o fortalecimento identitário e a reflexão da

realidade dos quilombos. Ao final do encontro, o grupo produziu uma carta com recomendações aos governantes e parlamentares.

Segundo estimativas, o Brasil tem mais de 900 mil crianças e adolescentes quilombolas. Boa parte é invisível às políticas públicas. Dados revelam, por exemplo, que crianças quilombolas com menos de 1 ano morrem sem

antes mesmo de obter sua certidão de nascimento. Buscando mudar este quadro, o Governo Federal, Unicef e Conaq (Coordenação Nacional

das Comunidades Negras Rurais Quilombolas) vêm desenvolvendo, desde 2003, estratégias de mobilização para dar visibilidade e

transformar essa realidade.

Caruru de Vunji em Santiago de

Iguape (BA), outubro 2004

Foto: Kléber Araújo

Orquestra de Violinos do Centro Cultural Cartola

no Palácio do Planalto, novembro 2007

Meninas quilombolas de Frechal (MA)Foto: Dirce Carrion

Boletim Informativo Especial da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República para a VII Conferência Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente.

Estudante do ensino médio no ciclo de palestras”Igualdade Racial é assunto de sala

de aula” promovido pela Seppir em Brasília,

setembro 2007

Erê OdaraBoletim Informativo Especial da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República para a VII Conferência Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente.

“Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer

atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais (ECA, art 5º)”.

O Brasil é o país da diversidade racialNossa história é cheia de homens e mulheres que queriam um futuro melhor não somente para si ou suas famílias, mas para todos os brasileiros. Essa visão de coletividade fez toda a diferença para que hoje vivamos em liberdade, mas muito precisa ser feito. E todos nós podemos ajudar!

O primeiro passo é estudar e compreender as várias culturas existentes no Brasil. Dessa maneira, ficamos mais abertos e com vontade de entender o modo de vida do outro seja ele mulher, negro, quilombola, indígena, cigano, judeu ou palestino.

Conhecer e compreender o outro é um dever e direito civilizatório de todos os seres humanos. Preconceito, discriminação e intolerâncias correlatas são atitudes, comportamentos e ações que prejudicam a convivência e harmonia entre os povos e fragilizam as instituições democráticas das nações.

E é por isso que convidamos você e a sua comunidade para descobrir pessoas, histórias e culturas que tornam o nosso país rico em diversidade. Venha nessa com a gente!

ÍndiosEm 1500, quando os portugueses chegaram ao Brasil, existiam mais de 5 milhões de índios. O processo de colonização foi marcado pela violência. Os povos indígenas queriam continuar com o mesmo modo de vida, mas os conflitos com os portugueses geraram lutas e guerras. Com diferentes formas de defesa, os índios foram sendo dizimados e hoje somam cerca de 700 mil pessoas e mais de 200 etnias.

Negros Trazidos na condição de escravos, mais de 6 milhões de africanos chegaram ao Brasil nas primeiras décadas após o descobrimento oficial do país. Em quase quatro séculos de trabalho forçado, homens e mulheres africanos não deixaram de lutar pela sua liberdade e manter seus hábitos e práticas culturais, cuja influência a gente percebe no nosso dia a dia.

Algumas formas de resistência conhecidas são os quilombos, a capoeira e as religiões de matriz africana. Hoje, os negros são 49,5% da população brasileira e – assim como os indígenas e os ciganos – querem igualdade de oportunidades, respeito e valorização do seu modo de viver.

Uma ação importante está acontecendo na educação e você faz parte dela! Desde 2003, quando foi criada a lei 10.639/03, o ensino da história e cultura

africana e afro-brasileira é obrigatório no ensino fundamental e médio. O Dia Nacional da Consciência Negra, em homenagem a Zumbi dos Palmares, também passou a fazer parte do calendário escolar.

Ciganos Os primeiros ciganos chegaram ao Brasil por volta de 1574. A maioria deles encontrou em nosso país um lugar para viver livremente, assim do jeitinho que eles gostam: fixos nas cidades ou em acampamentos, viajando pelo país e pelo mundo afora. Existem cerca de 600 mil ciganos roms e kalons no Brasil.

Desde 2006, comemoramos o Dia Nacional do Cigano em 24 de Maio. Agora você tem a oportunidade de saber mais sobre a história dos ciganos e contar para um monte de gente!

A Seppir (Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial) é um órgão do governo federal, ligado à Presidência da República, que trabalha para que negros, indígenas, ciganos, judeus e palestinos tenham garantidos os seus direitos de cidadania e inclusão social.

O trabalho da Seppir é fazer com que todos os brasileiros sejam tratados de forma igual e sem preconceito através de políticas e ações que valorizem a diversidade étnico-racial.

Igualdade racial é uma forma de combater o racismo, a discriminação e o preconceito pela cor da pele ou traços físicos de uma pessoa, ou a forma de viver (cultura, religião, vestimentas) de determinado grupo étnico-racial.

Quando promovemos a igualdade racial, estamos tornando o Brasil mais justo e nossa sociedade mais evoluída, porque todos os cidadãos passam a ser tratados de forma igual independente das suas diferenças.

Liberdade, respeito e dignidade são direitos de todos os brasileiros!

Saiba mais sobre o trabalho da Seppir

Direção da Seppir:Ministra Matilde Ribeiro - Secretário-adjunto: Martvs das Chagas – Chefe de Gabinete: Sandra Teixeira – Subsecretário de Políticas de Ações Afirmativas: Alexandro Reis – Subsecretária de Políticas para Comunidades Tradicionais: Givânia Silva – Subsecretário de Planejamento e Formulação de Políticas: Carlos Eduardo Trindade Santos.Conselheiras da Seppir no Conanda: Cristina Guimarães (titular) e Denise Pacheco (suplente).

Expediente:O boletim informativo Êre Odara é uma publicação da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República para a VII Conferência Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente.

Êre Odara é uma expressão em iorubá e significa criança bonita.

Jornalista responsável: Isabel Clavelin (DRT/RS 11.512)Projeto Gráfico: ProjectsTiragem: 5 mil exemplares

Novembro de 2007.

Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade RacialEsplanada dos Ministérios, bloco A, 9º andar – CEP 70054-900 – Brasília – DFAssessoria de Comunicação SocialTelefone: (61) 3411.4977E-mail: [email protected] www.presidencia.gov.br/seppir

“Eu tenho um sonho que minhas quatro pequenas crianças viverão um dia em uma nação onde não serão julgadas

pela cor da pele, mas pelo conteúdo de seu caráter.Eu tenho um sonho hoje!”

Martin Luther King Jr

Foto: Dirce Carrion