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Ergonomia

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Trabalho para Ergonomia e Engenharia Humana

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Ergonomia e Engenharia Humana

Lesões Músculo-Esqueléticas provocadas pelo Trabalho 1

1. Introdução

A Ergonomia (do grego: ergo - trabalho e nomos - leis) é a ciência que tem como

objectivo a compreensão das interacções entre o Homem e os outros elementos de um

sistema de trabalho. A profissão de ergonomista aplica teorias, princípios, dados e

métodos para a concepção de produtos e sistemas de trabalho, visando de forma

integrada a saúde, a segurança e o bem estar do indivíduo, bem como a eficácia dos

sistemas.

1.2. O que é a Ergonomia

Em termos gerais, pode-se dizer que a Ergonomia visa a adaptação das tarefas ao

homem. Quer se trate de um produto para consumo público ou de um posto de trabalho,

a Ergonomia oferece vantagens económicas através da melhoria do bem-estar, da

redução de custos e da melhoria da qualidade e produtividade. Assim, a concepção de

qualquer produto ou sistema deve integrar critérios ergonómicos desde a fase de

projecto, de forma a assegurar a sua eficiência.

A Ergonomia é, assim, definida por numerosos autores, como uma ciência aplicada, na

medida em que o seu objectivo - a actividade humana, quer seja profissional ou utilitária

- nunca está desligado do contexto em que se insere nem dos objectivos em vista. Estes,

prendem-se geralmente com a eficácia das acções, não perdem de vista a segurança e o

conforto dos actores, podendo afirmar-se que este triângulo formaliza os objectivos da

acção ergonómica, ou seja, a optimização das interacções homem - sistema. Para

alcançar este objectivo geral, a Ergonomia preconiza dois tipos de abordagem: 1. Uma

acção sobre os sistemas, processos ou produtos, no sentido de os tornar adequados às

características do homem e ao seu modo de funcionamento, eliminando todos os

factores de constrangimento, risco ou nocividade; 2. Uma acção sobre o homem através

da formação, no sentido de o tornar apto para a realização das tarefas que lhe são

atribuídas, e de o preparar para as transformações do trabalho decorrentes da evolução

tecnológica.

Ergonomia tem sido recentemente considerada como a solução para os problemas

relativos à saúde e segurança no trabalho. Ao mesmo tempo, a publicidade de produtos

"ergonomicamente correctos" tem invadido o mercado. Assim, impõe-se saber

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distinguir o trigo do joio e, sobretudo, quando e onde é necessária uma acção

ergonómica e quem a pode levar a efeito. Há, pois, que desmistificar a Ergonomia e dá-

la a conhecer, sobretudo àqueles que são responsáveis pela concepção de sistemas (de

trabalho ou utilitários) ou pela organização do trabalho.

1.3 . Campos de Intervenção

• A Ergonomia do Produto, situa o ergonomista na área de estudos e pesquisas,

colaborando com o sector comercial nos estudos de mercado, com o sector de

produção na avaliação dos custos da produção e na definição da sua finalidade, e

com outros sectores da concepção do produto, desde o design ao controlo da

qualidade;

• A Ergonomia da Produção, está voltada para a procura das condições de

trabalho adequadas, em termos organizacionais e de posto e ambiente de

trabalho, em função das características e capacidades dos trabalhadores

2. Problemas

À medida que os postos de trabalho industriais se tornam, de uma maneira geral, mais

seguros e os acidentes diminuem, mais atenção é dada às lesões que se desenvolvem

lentamente.

Os problemas músculo-esqueléticos, como são conhecidos, emergiram como a maior

causa de lesão industrial. Os problemas músculo-esqueléticos não só causam dor e

incapacidade ao indivíduo, como também, custam à indústria, quantidades crescentes de

dinheiro em produção perdida, doenças, seguros e multas legais.

2.1. Doença da Sociedade Moderna

Movimentos repetitivos e prolongados, principalmente no trabalho são a principal causa

do desenvolvimento do DORT e LER.

LER significa Lesão por Esforços repetitivos. Essa doença é conhecida também como

DORT, ou Distúrbio Osteomuscular Relacionado ao Trabalho. A LER ou DORT é uma

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perturbação neurológica que tem sua origem nas ocupações que desempenham

movimentos repetitivos.

A postura correcta, mesa e cadeira apropriadas e uso de apoios de qualidade para os

punhos e as mãos são fundamentais. Digitadores, caixa de banco, escriturário,

ultrasonografistas e outras profissões que exigem movimentos repetitivos dos dedos são

os mais propensos a contrair lesões como a tenossinovite (inflamação que acaba por

comprometer a articulação dos punhos).

Posteriormente a pessoa tem grande probabilidade de adquirir uma inflamação na

articulação do ombro, a famosa bursite, além da cevicalgia (lesão da coluna cervical que

prejudica o movimento lateral do pescoço).

Alguns dos principais factores causais:

o Força - na execução dos movimentos

o Posturas inadequadas - na execução das rotinas, como trabalhar com os abraços

elevados sem apoio

o Repetividade - velocidade e repetição na execução dos movimentos

o Compressão - por materiais ou equipamentos inadequados que causam a

compressão de estruturas orgânicas como músculos, nervos reduzindo o fluxo

sanguíneo nas áreas afectadas.

o Vibração ou trepidação - instrumentos ou rotinas que afectem áreas de contrato

com vibração ou trepidação

o Temperatura - o frio causa a vasoconstrição na irrigação sanguínea reduzindo o

volume nas áreas afectadas e sendo um dos principais agravante na evolução das

doenças bem como temperaturas elevadas também são prejudiciais.

o Sexo - existe uma certa pré disposição para as mulheres por causa de

apresentarem estruturas mais frágeis como menor massa muscular , outro factor

que contribui são as alterações hormonais, relacionados ao ciclo menstrual, ou

uso de anticoncepcionais e por fim a dupla ou tripla jornada da mulher como

mãe, dona de casa e mais sua rotina profissional.

o Traumatismos anteriores ou traumas cumulativos - o comprometimento das

estruturas orgânicas com traumas anteriores ou com a seguida repetitividade das

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crises são factores importantes no surgimento e evolução das doenças

profissionais.

o Stress - físico, emocional ou psíquico

o Perfil psicológico - pessoas pessimistas tende a ter maiores possibilidades do

surgimento dessas enfermidades.

2.1.2. Tendinite

Os médicos podem classificar a doença como tenossinovite e tendinite, que são

processos inflamatórios agudos ou crónicos do tendão e da membrana que o envolve.

As doenças ocupacionais afectam a vida de muitos profissionais de todas as classes

sociais. Não são raras as vezes que a pessoa acaba prejudicada fisicamente, a ponto de

ser até afastada do emprego. Vale lembrar que o INSS nem sempre reconhece a LER

como doença, baseado apenas em diagnósticos médicos e queixas dos pacientes.

Trata-se de uma doença que não apresenta sintomas aparentes, como febre, manchas,

etc. No entanto o inchaço ocorre, mas é preciso descartar a possibilidade de o problema

não ser artrite reumatóide, que pode apresentar sintomas parecidos com a LER.

Segundo Ortopedistas a grande incidência de pacientes que chegam apresentando

sintomas da LER causados por excepção de digitação.

Outro mal apontado é o fato de a pessoa prolongar o trabalho extra escritório. Além de

dedicar de seis a oito horas em frente ao computador, a pessoa ainda leva trabalho para

casa.

A doença pode se tornar crónica. Se dentro de 15 a 20 dias a pessoa não melhorar com

medicamentos e fisioterapia, o afastamento do trabalho é indicado.

Funcionários que apresentam problemas de dores causados pelo trabalho geralmente

não reclamam com medo de perder o emprego. Isso causa danos ainda piores.

Pessoas ligadas à área de informática são vítimas da má postura. Em geral, tem por

hábito sentar longe do encosto da cadeira curvado sem se importar com a coluna. O

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resultado vem depois de algum tempo dores nas costas, coluna, ombros e pescoço

também são reclamações comuns.

2.1.3. Bursite

Bursite é a inflamação da bursa, pequena bolsa contendo líquido que envolve as

articulações e funciona como amortecedor entre ossos, tendões e tecidos musculares. A

bursite ocorre principalmente nos ombros, cotovelos e joelhos. As nossas articulações

possuem bursas para diminuir o atrito causado pelo movimento, porém, se usarmos

inadequadamente, ou muito constantemente, poderá ocorrer um processo inflamatório

das mesmas. A mais comum é a inflamação do ombro: A Bursite do ombro poderá

tornar-se mais dolorosa, conforme o problema se vai agravando. A dor é sentida sempre

no mesmo lugar, todas as vezes que a bolsa é contraída numa posição que a irrite.

O tratamento deve ser feito sob orientação médica e inclui o uso de anti inflamatórios,

relaxantes musculares, aplicações de gelo e redução dos movimentos na área afectada.

Exercícios fisioterapeutas podem ajudar, desde que orientados por profissionais

especializados. Casos mais graves podem exigir intervenção cirúrgica.

2.1.4. Cervicalgia

Define-se como cervicalgia uma síndrome de causas diversas que se manifesta por dor e

rigidez transitória na região da coluna cervical, na maioria das vezes auto limitada.

Acomete 10 a 18% de uma população adulta em alguma fase da vida, tendo maior

incidência no sexo feminino. Esta síndrome é relacionada a certas profissões (serviços

manuais e pesados) e ao grau de escolaridade, apresentando pouco absentismo no

trabalho.

Os sintomas geralmente são causados por um espasmo muscular e/ou tracção de suas

raízes nervosas sendo que deficit neurológico é constatado em menos de 1% dos casos.

A presença de dor cervical crónica pode ocorrer após uma lesão do "chicote" ou quando

associada a manifestações psicossomáticas (depressão), A dor atribuída aos problemas

de origem postural é discutível e somente reconhecida quando o individuo submete o

pescoço a flexão extrema e prolongada.

A coluna vertebral como um todo está estruturada e unida de tal modo que só pode

romper-se pelos choques violentos. Pode suportar um peso muito maior do que o do

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corpo de que faz parte e mover esse corpo praticamente em qualquer direcção.

Pode realizar que é capaz de realizar uma gama de movimentos que compreende desde a

carga de fardos, até contorções do acrobata, tudo isto devido aos discos intervertebrais.

Com o passar do tempo, após a maturação do organismo, o disco intervertebral perde o

seu poder de hidrófilia tornando-se menos hidratado e assim, fica vulnerável à ruptura

do seu anel fibroso. Pode causar compressão das raízes nervosas no canal vertebral ou

gerar processos inflamatórios. Estas lesões, conforme a localização em que se

estabelecem, são responsáveis por sintomas e sinais gerados, como exemplo: a hérnia de

disco lombar, gera dor lombar e irradiada para os membros inferiores. É importante

esclarecer que uma vez rompido, o disco intervertebral não tem regeneração. Portanto,

cada ruptura compromete de forma crescente a estabilidade vertebral, agravando de

forma progressiva as dores e incapacidades causadas pela doença.

Lombalgias, escolioses e cifoses podem ocorrer devido à inúmeras posturas incorrectas

utilizadas durante a execução das tarefas.

3. Conclusão

Ergonomia é um conjunto que procura adaptar as condições de trabalho às

características do ser - humano. Ela é relativamente recente no mercado de trabalho,

iniciando-se à partir dos anos 50, com o projecto do cápsula espacial norte-americana.

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Em Ergonomia, o binómio conforto - produtividade, anda junto, não sendo possível

pensar-se em conforto, sem produtividade e nem tão pouco em produtividade, sem

conforto!

A Ergonomia é essencialmente para ser praticada por uma equipe multi-profissional,

porque não existe uma categoria capaz de oferecer uma solução ergonómica completa,

devendo ser praticada pela medicina e segurança do trabalho, engenharia industrial,

engenharia de manutenção, engenharia de tempos e métodos, fisioterapia, psicologia,

engenharia de projectos, a engenharia de produção, enfim, por todos, de modo

integrado.

Empresas modernas recorrem a Ergonomia, basicamente porque não há como ser contra

uma medida que possa resultar em aumento de conforto, diminuição de lesões e

manutenção ou aumento da produtividade.

Uma das técnicas usadas com sucesso para a introdução da Ergonomia na Empresa é a

criação de uma comissão de ergonomia, composta por um grupo técnico-operacional da

própria Empresa, que é treinado, assessorado e acompanhado por especialistas, para

fazer um mapeamento ergonómico da fábrica, iniciando por postos críticos, deduzindo

as medidas necessárias para as melhorias e soluções ergonómicas que devem ser

implantadas, com apoio da Gerência/Directoria.

As práticas e modos correctos para executar uma tarefa, devem ser escritas na forma de

"procedimento padrão", para o treino e conhecimento dos envolvidos.

Mas, um alerta: os encarregados e chefias não devem ser permissivos quanto às práticas,

deixando que o trabalhador faça a tarefa da forma que quiser, não observando práticas

correctas na execução dos trabalhos, quando existem condições adequadas para se

trabalhar correctamente.

Finalizando podemos concluir que a Ergonomia deveria estar presente em todas as áreas

da actuação humana, como na nossa casa, no nosso lazer, no nosso automóvel, no nosso

autocarro, enfim, onde existirem pessoas, deveria haver uma base de Ergonomia.

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4. Referências Bibliográficas

Grandjean, Etienne (1998) Manual de Ergonomia - Adaptando o Trabalho ao Homem.

Porto Alegre: Artes Médicas

Pheasant, S. (1991) Ergonomics, work and health. Macmillan Press, Scientific and

Medical: London.

Rebelo, Francisco (2004). Ergonomia no dia-a-dia. Lisboa. Edições: Sílabo