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1. INTRODUÇÃO A ergonomia é a adaptação do trabalho ao homem e, para isso, aplica teorias, princípios, dados e métodos a projetos que visam melhorar o bem-estar humano e a performance global dos sistemas. A ferramenta da ergonomia é a Análise Ergonômica do Trabalho que acontece para solucionar exigências de melhorais nas condições de trabalho (saúde e segurança) e melhorias na eficácia econômica do sistema produtivo (produtividade). A gestão de segurança do trabalho aplica metodologia e técnicas apropriadas às possíveis causas de acidentes de trabalho, objetivando a prevenção de suas ocorrências. A ergonomia pode ser definida de forma simplifica como a adaptação do trabalho ao homem. O trabalho, nesta definição, tem uma acepção bastante ampla. Segundo Iida (2002), abrange não só máquinas e equipamentos utilizados, mas também toda a situação em que ocorre o relacionamento entre o homem e o seu trabalho. O objetivo da ergonomia é a situação de trabalho. Ela está focada na atividade de trabalho das pessoas. A ergonomia faz uma análise das situações reais de trabalho, constatando um discrepância nunca anulada entre o previsto ( a norma, o regulamento e a prescrição) e o real ( efetivamente realizado). A atividade , o real do trabalho, permite revelar, de um lado, as disfunções constantes, as panes, os erros de previsão, de projeto e, de outro lado, o esforço dos trabalhadores para gerir essa variabilidade, no mais das vezes, empreendida num quadro temporal e espacial rígido. A finalidade da ergonomia, segundo Petzhold e Vidal (2003), são “a transformação para melhorar o contexto onde a execução desta atividade ocorre e, finalmente, a própria atividade.” Petzhold e Vidal (2003) afirmam que a ergonomia (ou Fatores Humanos) trata da compreensão das interações entre os seres humanos e outros elementos de um sistema. É a profissão que aplica teorias, princípios, dados e métodos, a projetos que visam otimizar o bem- estar humano e a performance global dos sistemas. A ferramenta principal da Ergonomia é a Análise Ergonômica do Trabalho (AET).O ponto inicial de uma AET é a demanda que reflete um problema. O ergonomista que busca esclarecer esta demanda para propor medidas de intervenção, a fim de que o problema seja resolvido ou, pelo menos, minimizado. A intervenção ergonômica, na concepção dos sistemas de produção, conforme Santos et. Al (1997) , em geral, acontece para solucionar duas exigências : “ a melhoria das condições de trabalho (critério de saúde) e a melhoria da eficácia econômica do sistema produtivo (critério de produtividade)”. Para Montmollin (1990), essas duas exigências estão interligadas e melhorar as condições de trabalho poderá significar, igualmente, uma melhoria na produção. 4

ERGONOMIA

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tudo sobre ergonomia na seguranca do trabalho.. nr-17

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  • 1. INTRODUO

    A ergonomia a adaptao do trabalho ao homem e, para isso, aplica teorias, princpios, dados e mtodos a projetos que visam melhorar o bem-estar humano e a performance global dos sistemas.

    A ferramenta da ergonomia a Anlise Ergonmica do Trabalho que acontece para solucionar exigncias de melhorais nas condies de trabalho (sade e segurana) e melhorias na eficcia econmica do sistema produtivo (produtividade).

    A gesto de segurana do trabalho aplica metodologia e tcnicas apropriadas s possveis causas de acidentes de trabalho, objetivando a preveno de suas ocorrncias.

    A ergonomia pode ser definida de forma simplifica como a adaptao do trabalho ao homem. O trabalho, nesta definio, tem uma acepo bastante ampla. Segundo Iida (2002), abrange no s mquinas e equipamentos utilizados, mas tambm toda a situao em que ocorre o relacionamento entre o homem e o seu trabalho.

    O objetivo da ergonomia a situao de trabalho. Ela est focada na atividade de trabalho das pessoas. A ergonomia faz uma anlise das situaes reais de trabalho, constatando um discrepncia nunca anulada entre o previsto ( a norma, o regulamento e a prescrio) e o real ( efetivamente realizado). A atividade , o real do trabalho, permite revelar, de um lado, as disfunes constantes, as panes, os erros de previso, de projeto e, de outro lado, o esforo dos trabalhadores para gerir essa variabilidade, no mais das vezes, empreendida num quadro temporal e espacial rgido.

    A finalidade da ergonomia, segundo Petzhold e Vidal (2003), so a transformao para melhorar o contexto onde a execuo desta atividade ocorre e, finalmente, a prpria atividade.

    Petzhold e Vidal (2003) afirmam que a ergonomia (ou Fatores Humanos) trata da compreenso das interaes entre os seres humanos e outros elementos de um sistema. a profisso que aplica teorias, princpios, dados e mtodos, a projetos que visam otimizar o bem- estar humano e a performance global dos sistemas.

    A ferramenta principal da Ergonomia a Anlise Ergonmica do Trabalho (AET).O ponto inicial de uma AET a demanda que reflete um problema. O ergonomista que busca esclarecer esta demanda para propor medidas de interveno, a fim de que o problema seja resolvido ou, pelo menos, minimizado. A interveno ergonmica, na concepo dos sistemas de produo, conforme Santos et. Al (1997) , em geral, acontece para solucionar duas exigncias : a melhoria das condies de trabalho (critrio de sade) e a melhoria da eficcia econmica do sistema produtivo (critrio de produtividade). Para Montmollin (1990), essas duas exigncias esto interligadas e melhorar as condies de trabalho poder significar, igualmente, uma melhoria na produo.

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  • Formulada a demanda, o ergonomista deve conhecer as possibilidades e limites de sua interveno (FIALHO e SANTOS, 1997). Para isso, deve, na seqncia, estudar os aspectos tcnicos, econmicos, sociais e organizacionais da empresa. necessrio levar em conta a idade, o tempo de servio na profisso, o grau de escolaridade dos envolvidos, Deve-se conhecer a tecnologia que os trabalhadores operam e considerar os fatores econmicos que demilitaro, em partes, as solues que sero propostas.

    Na verdade, numa situao ideal, segundo Iida (2002), a ergonomia devia ser aplicada desde as etapas iniciais do projeto de instalaes de um ambiente do trabalho. Deveriam ser levados em conta o ser humano e seus componentes. As suas caractersticas e restries, bem como das mquinas, deveriam se ajustar mutuamente uns aos outros. Para Kroemer e Grandjean (2005), o trabalho deveria, ainda, considerar o potencial, as inclinaes da pessoa, e oferecer treinamento, pois assim, elas apresentariam melhor desempenho. Esta interveno desde o comeo chamada de ergonomia de projeto, a outra, que visa resolver problemas e, como o mundo do trabalho est muito longe do ideal, chama-se ergonomia corretiva e a mais aplicada.

    A gesto de segurana do trabalho, para Santos et al (1997), quando acontece um incidente grave, freqente atribui ao ser humano o erro ocorrido, na medida em que algum deveria fazer diferente algo que foi feito. Porm, esta situao condicional no permite avanar na anlise do incidente. Se erros foram cometidos, afirma os autos, eles foram devidos concepo dos dispositivos tcnicos e organizao do trabalho e preciso prevenir a ocorrncia de novos incidentes.

    O erro humano, segundo Decker (2003), um julgamento feito depois que o fato acontece para achar culpados pelo acidente. O erro humano, todovia, pode tambm ser visto como um efeito ao invs de uma causa de problemas graves dentro de sistemas.

    Segundo Montmollim (1990), a apresentao to simples de erro humano, j no aceita, hoje em dia, em ergonomia, a anlise do trabalho e, em particular a dos acidentes, leva a isolar o erro do seu contexto especifico e da sua historia. Ainda, segundo Decker (2003), a perspectiva mais recente chamada de nova viso ergonomia, atualmente. O apoio para a nova viso extrado de pesquisas recentes sobre acidentes como fenmenos emergentes sem causas claras, onde desvios se tornam um padro de operaes normais geralmente aceitos.

    Almeida e Baumecker (2004) mostram claramente a defasagem entre a velha e a nova viso, apresentando as idias do Professor Sidney Decker no livro The Field Guide to humam error investigations, onde o autor afirma que possvel fazer uma anlise retrospectiva de uma situao de acidents.

    Alm disso, as organizaes revelam desordens em seus interiores no importando se elas esto predispostas a um acidente ou no. Quando se fala em erros humanos, geralmente isto se refere a uma desateno ou negligncia do trabalhador. Para que essa desateno ou negligncia resulte em acidente, houve uma srie de decises que criaram as condies para que isto

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  • acontecesse. Se essas decises tivessem sido diferentes, essa mesma desateno ou negligncia poderia no ter resultado em acidente. A abordagem do erro humano tem sofrido mudanas na medida em que se compreende melhor o comportamento do desempenho. Atualmente, existem dados que permitem analis-lo melhor, para se prever o desempenho futuro de sistemas onde haja a participao humana. O erro humano na viso da ergonomia, est relacionado s anormalidades ergonmicas no ambiente de trabalho. Essas anormalidades que levam ocorrncia do que conhecemos por erros humanos. (ALMEIDA e BAUMECKER, 2004).

    2. NR 17 ERGONOMIA

    17.1 Esta Norma Regulamentadora visa a estabelecer parmetros que permitam a adaptao das condies de trabalho s caractersticas psicofisiolgicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um mximo de conforto, segurana e desempenho eficiente. 17.1.1 As condies de trabalho incluem aspectos relacionados ao levantamento, transporte e descarga de materiais, ao mobilirio, aos equipamentos e s condies ambientais do posto de trabalho, e prpria organizao do trabalho. 17.1.2 Para avaliar a adaptao das condies de trabalho s caractersticas psicofisiolgicas dos trabalhadores, cabe ao empregador realizar a anlise ergonmica do trabalho, devendo a mesma abordar, no mnimo, as condies de trabalho, conforme estabelecido nesta Norma Regulamentadora. 17.2 Levantamento, transporte e descarga individual de materiais. 17.2.1 Para efeito desta Norma Regulamentadora: 17.2.1.1 Transporte manual de cargas designa todo transporte no qual o peso da carga suportado inteiramente por um s trabalhador, compreendendo o levantamento e a deposio da carga. 17.2.1.2 Transporte manual regular de cargas designa toda atividade realizada de maneira contnua ou que inclua, mesmo de forma descontnua, o transporte manual de cargas. 17.2.1.3. Trabalhador jovem designa todo trabalhador com idade inferior a 18 (dezoito) anos e maior de 14 (quatorze) anos. 17.2.2. No dever ser exigido nem admitido o transporte manual de cargas, por um trabalhador cujo peso seja suscetvel de comprometer sua sade ou sua segurana. (117.001-5 / I1) 17.2.3. Todo trabalhador designado para o transporte manual regular de cargas, que no as leves, deve receber treinamento ou instrues satisfatrias quanto aos mtodos de trabalho que dever utilizar, com vistas a salvaguardar sua sade e prevenir acidentes. (117.002-3 / I2) 17.2.4 Com vistas a limitar ou facilitar o transporte manual de cargas, devero ser usados meios tcnicos apropriados. 17.2.5 Quando mulheres e trabalhadores jovens forem designados para o transporte manual de cargas, o peso mximo destas cargas dever ser nitidamente inferior quele admitido para os homens, para no comprometer a sua sade ou a sua segurana. (117.003-1 / I1) 17.2.6 O transporte e a descarga de materiais feitos por impulso ou trao de vagonetes sobre trilhos, carros de mo ou qualquer outro aparelho mecnico devero ser executados de forma que o

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  • esforo fsico realizado pelo trabalhador seja compatvel com sua capacidade de fora e no comprometa a sua sade ou a sua segurana. (117.004-0 / 11) 17.2.7 O trabalho de levantamento de material feito com equipamento mecnico de ao manual dever ser executado de forma que o esforo fsico realizado pelo trabalhador seja compatvel com sua capacidade de fora e no comprometa a sua sade ou a sua segurana. (117.005-8 / 11) 17.3 Mobilirio dos postos de trabalho. 17.3.1 Sempre que o trabalho puder ser executado na posio sentada, o posto de trabalho deve ser planejado ou adaptado para esta posio. (117.006-6 / I1) 17.3.2 Para trabalho manual sentado ou que tenha de ser feito em p, as bancadas, mesas, escrivaninhas e os painis devem proporcionar ao trabalhador condies de boa postura, visualizao e operao e devem atender aos seguintes requisitos mnimos:

    a) ter altura e caractersticas da superfcie de trabalho compatveis com o tipo de atividade, com a distncia requerida dos olhos ao campo de trabalho e com a altura

    do assento; (117.007-4 / I2) b) ter rea de trabalho de fcil alcance e visualizao pelo trabalhador; (117.008-2 / I2) c) ter caractersticas dimensionais que possibilitem posicionamento e movimentao

    adequados dos segmentos corporais. (117.009-0 / I2) 17.3.2.1 Para trabalho que necessite tambm da utilizao dos ps, alm dos requisitos estabelecidos no subitem 17.3.2, os pedais e demais comandos para acionamento pelos ps devem ter posicionamento e dimenses que possibilitem fcil alcance, bem como ngulos adequados entre as diversas partes do corpo do trabalhador, em funo das caractersticas e peculiaridades do trabalho a ser executado. (117.010-4 / I2) 17.3.3 Os assentos utilizados nos postos de trabalho devem atender aos seguintes requisitos mnimos de conforto:

    a) altura ajustvel estatura do trabalhador e natureza da funo exercida; (117.011-2 / I1)

    b) caractersticas de pouca ou nenhuma conformao na base do assento; (117.012-0 / I1)

    c) borda frontal arredondada; (117.013-9 / I1) d) encosto com forma levemente adaptada ao corpo para proteo da regio lombar.

    (117.014-7 / Il) 17.3.4 Para as atividades em que os trabalhos devam ser realizados sentados, a partir da anlise ergonmica do trabalho, poder ser exigido suporte para os ps, que se adapte ao comprimento da perna do trabalhador. (117.015-5 / I1) 17.3.5 Para as atividades em que os trabalhos devam ser realizados de p, devem ser colocados assentos para descanso em locais em que possam ser utilizados por todos os trabalhadores durante as pausas. (117.016-3 / I2)

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  • 17.4 Equipamentos dos postos de trabalho. 17.4.1 Todos os equipamentos que compem um posto de trabalho devem estar adequados s caractersticas psicofisiolgicas dos trabalhadores e natureza do trabalho a ser executado. 17.4.2 Nas atividades que envolvam leitura de documentos para digitao, datilografia ou mecanografia deve:

    a) ser fornecido suporte adequado para documentos que possa ser ajustado proporcionando boa postura, visualizao e operao, evitando movimentao

    freqente do pescoo e fadiga visual; (117.017-1 / I1) b) ser utilizado documento de fcil legibilidade sempre que possvel, sendo vedada a

    utilizao do papel brilhante, ou de qualquer outro tipo que provoque ofuscamento.

    (117.018-0 / I1) 17.4.3 Os equipamentos utilizados no processamento eletrnico de dados com terminais de vdeo devem observar o seguinte:

    a) condies de mobilidade suficientes para permitir o ajuste da tela do equipamento iluminao do ambiente, protegendo-a contra reflexos, e proporcionar corretos

    ngulos de visibilidade ao trabalhador; (117.019-8 / I2) b) o teclado deve ser independente e ter mobilidade, permitindo ao trabalhador ajust-

    lo de acordo com as tarefas a serem executadas; (117.020-1 / I2) c) a tela, o teclado e o suporte para documentos devem ser colocados de maneira que

    as distncias olho-tela, olho teclado e olho-documento sejam aproximadamente iguais; (117.021-0 / I2)

    d) serem posicionados em superfcies de trabalho com altura ajustvel. (117.022-8 / I2) 17.4.3.1 Quando os equipamentos de processamento eletrnico de dados com terminais de vdeo forem utilizados eventualmente podero ser dispensadas as exigncias previstas no subitem 17.4.3, observada a natureza das tarefas executadas e levando-se em conta a anlise ergonmica do trabalho. 17.5 Condies ambientais de trabalho. 17.5.1 As condies ambientais de trabalho devem estar adequadas s caractersticas psicofisiolgicas dos trabalhadores e natureza do trabalho a ser executado. 17.5.2 Nos locais de trabalho onde so executadas atividades que exijam solicitao intelectual e ateno constante, tais como: salas de controle, laboratrios, escritrios, salas de desenvolvimento ou anlise de projetos, dentre outros, so recomendadas as seguintes condies de conforto:

    a) nveis de rudo de acordo com o estabelecido na NBR 10152, norma brasileira registrada no INMETRO; (117.023-6 / I2)

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  • b) ndice de temperatura efetiva entre 20oC (vinte) e 23oC (vinte e trs graus centgrados); (117.024-4 / I2)

    c) velocidade do ar no superior a 0,75m/s; (117.025-2 / I2) d) umidade relativa do ar no inferior a 40 (quarenta) por cento. (117.026-0 / I2)

    17.5.2.1 Para as atividades que possuam as caractersticas definidas no subitem 17.5.2, mas no apresentam equivalncia ou correlao com aquelas relacionadas na NBR 10152, o nvel de rudo aceitvel para efeito de conforto ser de at 65 dB (A) e a curva de avaliao de rudo (NC) de valor no superior a 60 dB. 17.5.2.2 Os parmetros previstos no subitem 17.5.2 devem ser medidos nos postos de trabalho, sendo os nveis de rudo determinados prximos zona auditiva e as demais variveis na altura do trax do trabalhador. 17.5.3 Em todos os locais de trabalho deve haver iluminao adequada, natural ou artificial, geral ou suplementar, apropriada natureza da atividade. 17.5.3.1 A iluminao geral deve ser uniformemente distribuda e difusa. 17.5.3.2 A iluminao geral ou suplementar deve ser projetada e instalada de forma a evitar ofuscamento, reflexos incmodos, sombras e contrastes excessivos. 17.5.3.3 Os nveis mnimos de iluminamento a serem observados nos locais de trabalho so os valores de iluminncias estabelecidos na NBR 5413, norma brasileira registrada no INMETRO. (117.027-9 / I2) 17.5.3.4 A medio dos nveis de iluminamento previstos no subitem 17.5.3.3 deve ser feita no campo de trabalho onde se realiza a tarefa visual, utilizando-se de luxmetro com fotoclula corrigida para a sensibilidade do olho humano e em funo do ngulo de incidncia. (117.028-7 / I2) .17.5.3.5 Quando no puder ser definido o campo de trabalho previsto no subitem 17.5.3.4, este ser um plano horizontal a 0,75m (setenta e cinco centmetros) do piso. 17.6 Organizao do trabalho. 17.6.1 A organizao do trabalho deve ser adequada s caractersticas psicofisiolgicas dos trabalhadores e natureza do trabalho a ser executado. 17.6.2 A organizao do trabalho, para efeito desta NR, deve levar em considerao, no mnimo:

    a) as normas de produo; b) o modo operatrio; c) a exigncia de tempo; d) a determinao do contedo de tempo;e) o ritmo de trabalho; f) o contedo das tarefas.

    17.6.3 Nas atividades que exijam sobrecarga muscular esttica ou dinmica do pescoo, ombros, dorso e membros superiores e inferiores, e a partir da anlise ergonmica do trabalho, deve ser observado o seguinte: para efeito de remunerao e vantagens de qualquer

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  • espcie deve levar em considerao as repercusses sobre a) sade dos trabalhadores; (117.029-5 / I3) b) devem ser includas pausas para descanso; (117.030-9 / I3) c) quando do retorno do trabalho, aps qualquer tipo de afastamento igual ou superior a 15

    (quinze) dias, a exigncia de produo dever permitir um retorno gradativo aos nveis de produo vigentes na poca anterior ao afastamento. (117.031-7 / I3)

    17.6.4 Nas atividades de processamento eletrnico de dados, deve-se, salvo o disposto em convenes e acordos coletivos de trabalho, observar o seguinte:

    a) o empregador no deve promover qualquer sistema de avaliao dos trabalhadores envolvidos nas atividades de digitao, baseado no nmero individual de toques

    sobre o teclado, inclusive o automatizado, para efeito de remunerao e vantagens

    de qualquer espcie; (117.032-5) b) o nmero mximo de toques reais exigidos pelo empregador no deve ser superior

    a 8 (oito) mil por hora trabalhada, sendo considerado toque real, para efeito desta NR, cada movimento de presso sobre o teclado; (117.033-3 / I3)

    c) o tempo efetivo de trabalho de entrada de dados no deve exceder o limite mximo de 5 (cinco) horas, sendo que, no perodo de tempo restante da jornada, o trabalhador poder exercer outras atividades, observado o disposto no art. 468 da

    Consolidao das Leis do Trabalho, desde que no exijam movimentos repetitivos, nem esforo visual; (117.034-1 / I3)

    d) nas atividades de entrada de dados deve haver, no mnimo, uma pausa de 10 (dez) minutos para cada 50 (cinqenta) minutos trabalhados, no deduzidos da jornada normal de trabalho; (117.035-0 / I3)

    e) quando do retorno ao trabalho, aps qualquer tipo de afastamento igual ou superior a 15 (quinze) dias, a exigncia de produo em relao ao nmero de toques dever ser iniciado em nveis inferiores do mximo estabelecido na alnea "b" e ser

    ampliada progressivamente. (117.036-8 / I3)

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  • 3. ORIGEM E EVOLUO DA ERGONOMIA

    Ao visitarmos um museu arqueolgico, podemos observar a preocupao da adaptao de pedras, toscos instrumentos e utenslios primitivos ao manuseio. Da mesma forma, na literatura cientifica dos sculos anteriores, so encontradas referncias especficas sobre o estudo do homem em situao de trabalho. Podemos citar, por exemplo, Leonardo da Vinci (1452-1519) que props determinados mdulos para as dimenses do corpo humano.

    O termo ergonomia foi utilizado pela primeira vez em 1857 pelo polons Woitej astembowsky que publicou um artigo intitulado Ensaios de ergonomia, ou a cincia do trabalho, baseada nas leis objetivas da cincia sobre a natureza,. Pouco tempo depois, nos Estados Unidos, em engenheiro obstinado, Frederick Winslow Taylor, de quem deveria a expresso taylorismo (ver o que taylorismo , coleo Primeiros Passos n 112), promoveu uma srie de modificaes na fbrica da Midvalle Stell Co., com o fito de obter ganhos de produtividade. Ele analisou cuidadosamente as tarefas executadas pelos trabalhadores e props modificaes significativas nas ferramentas e utenslios empregados, bem como na forma de manuse-las (mtodo de trabalho). Nesse sentido, Taylor foi tambm um ergonomista por intuio, embora isso no o exima das crticas que hoje se fazem da concepo que ele defendia sobre o trabalho e os trabalhadores.3.1 EVOLUO DURANTE AS DUAS GUERRAS MUNDIAIS

    Apesar dos precursores, havia ainda um grande hiato entre a cincia e a tcnica. Os conhecimentos disponveis nas reas de cincias humanas e biolgicas no eram empregados pelos engenheiros, cuja preocupao bsica se ligava ao aspecto tcnico. Resultavam da mquinas de bom desempenho terico, mas difceis de operar, com partes perigosas expostas. Estas mquinas produziam menos do que o esperado e causavam muitos acidentes. Naturalmente, a culpa era atribuda inpcia ou falta de ateno dos operrios. Houve mesmo quem dissesse que existiam indivduos com pr-disposio aos acidentes de trabalho, talvez por julgar que o cidado perdia um dedo ou a mo porque fosse dbil mental. Uma concepo absurda como esta, no entanto, correspondia ao pensamento da poca em que estourou a I Guerra Mundial.

    Nos perodos de guerra, a mobilizao de tropas exige um grande suprimento, o que se produz por uma intensificao fantstica dos diversos setores da economia . Na primeira Guerra Mundial (1914-1918) essa intensificao foi feita mediante uma jornada de trabalho de 13 a 14 horas, num ritmo acelerado. Nas fbricas de munio, a fadiga dos trabalhadores e os acidentes alcanaram limites extremos.

    Em face desse quadro, foi formado, em 1915, na Inglaterra, um comit destinado a estudar a sade dos trabalhadores empregados na indstria blica. Esse comit, formado por mdicos, fisiologistas, psiclogos e engenheiros, atacou, na poca, uma ampla variedade de questes de inadaptao entre trabalho e trabalhadores envolvidos na produo. Os resultado obtidos foram bastante razoveis, tanto que, cessadas as hostilidades, o comit foi transformado em um Instituto para Pesquisa da Fadiga Industrial.

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  • Essa falta de compatibilidade entre o projeto das mquinas e o operador humano voltou a ser ressentida quando da II Guerra Mundial (1939-1945).Com o aperfeioamento tecnolgico, foram registradas situaes terrveis, agora atingindo tropas e material blico em pleno uso. Os avies, por exemplo, passaram a voar mais alto e mais rpido do que no tempo do Baro Vermelho. Mas ocorreu tambm que os pilotos sofriam da falta de oxignio nas grades altitudes, perda de conscincia nas subidas rpidas exigidas pelas manobras areas, e erros no manuseio de acionadores. Assim, em apenas 22 meses, a confuso entre o controlador de vo (flape) e o controlador do trem de aterrissagem provocou cerca de 400 acidentes, nos avies da Fora Area Britnica (RAF).

    Para tratar desses problemas, foram formados, novamente, diversos gruposInterdisciplinares, tanto na Inglaterra como nos Estados unidos, como o objetivo de elevar a eficcia combativa, a segurana e o conforto dos soldados, marinheiros e aviadores. Os trabalhos desses grupos foram voltados para a adaptao de veculos militares, avies e demais armas s caractersticas psicofisiolgicas dos operadores, sobretudo em situaes de emergncia e de pnico.

    3.2 EVOLUO APS A II GUERRA MUNDIAL

    Aps a II Guerra Mundial esses grupos interdisciplinares foram desmobilizados. Mas ficou a certeza de que haviam produzido resultados impossveis de serem alcanados pelo trabalho isolado de cada especialista. Assim, em 1949, na Inglaterra, alguns desses especialistas voltaram a se reunir para fazer um balano e discutir os resultados que tinham alcanado durante a guerra. Concluram que a forma de trabalhar, desenvolvida na emergncia da guerra, poderia ter uma nobre misso em tempo de paz: melhorar as condies de trabalho produtivo em todas as indstrias, e no apenas aqueles para fins militares. Sabiam que estavam frente de um novo captulo da cincia e da pesquisa, cientifica e, assim fundaram a Ergonomia Research Society ERS, (Sociedade de Pesquisa em Ergonomia), que foi o pioneiro na rea.

    Os fundadores dessa Sociedade caracterizaram a Ergonomia como sendo um movimento cientifico que visava exprimir, em termos compreensivos aos engenheiros, arquitetos e demais projetistas,os conhecimentos sobres o homem, com vistas ao projeto de tarefas, equipamentos e ambientes de trabalho. A definio oficial adotada pelos fundadores da ERS foi a seguinte:

    Ergonomia o estudo do relacionamento entre o homem e seu trabalho, equipamento e ambiente, e particularmente a aplicao dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia na soluo dos problemas resultantes desse relacionamento.

    A partir da, esse movimento cientifico se expandiu consideravelmente nos EUA, onde o campo de estudos da ergonomia e denominado de Fatores Humanos, foi criada em 1957, a

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  • Sociedade de Fatores Humanos. Esse movimento se espalhou no resto do mundo. Hoje existem associaes de ergonomia em todos os pases industrializados. No Brasil, foi criada a Associao Brasileira de Ergonomia em 1983, que consta hoje com mais de 300 associados e realiza encontros e congressos regulares.

    3.3 QUADRO GERAL NO ENSINO E PESQUISA EM ERGONOMIA

    Hoje existem centenas de pesquisadores em Ergonomia em vrios pases do mundo atuando em universidades, centros de pesquisa e indstrias de vrios ramos. Em vrias universidades estrangeiras possvel obter diplomas de ps-graduao em ergonomia e, em alguns pases como a Inglaterra e a Frana, existem cursos de graduao universitria em ergonomia.

    No Brasil, a ergonomia j ensinada em alguns cursos de engenharia, arquitetura, psicologia e desenho industrial.

    3.4 CAMPOS DE APLICAO

    A ergonomia , hoje vem sendo aplicada a praticamente todas as atividades humanas. A partir de sua origem na rea militar passou para a industria e posteriormente para aplicaes no setor de servios, como em centro de processamento de dados, ensino e servios hospitalares.

    Os estudos e aplicaes ergonmicas podem ser classificados em duas grandes categorias : a ergonomia do produto e a ergonomia da produo.

    A ergonomia do produto estuda as condies nas quais a atividade humana realizada. Assim, se observam posturas, esforos fsicos e mentais, efeitos dos horrios e turnos de trabalho sobre o organismo humano, a organizao do trabalho e os aspectos ambientais.

    A ergonomia do produto estuda o projeto dos objetos com que os seres humanos realizam as atividades, abrangendo as mquinas, os equipamentos, os locais de trabalho, numa acepo restrita, Numa concepo mais ampla podemos incluir os objetos e utenslios domsticos, os equipamentos urbanos e aqueles destinados ao lazer.

    Em ambos os casos, a orientao a mesma: tornar os componentes da atividade (mquinas, instrumentos, condies ambientais, organizao do trabalho) compatvel com as capacidades e limitaes do ser humano, sempre que possvel, respeitando as diferentes de sexo, idade, compleio fsica, treinamento e outros.

    O ser humano, num dado momento de sua vida, tem dimenses corporais definidas: so altos ou baixos, tm as pernas curtas ou compridas, os dedos pequenos ou longos. Isso importante para a ergonomia, pois os objetos, utenslios , instrumentos e ferramentas devem ter dimenses compatveis com a parte do corpo que entra em contato com eles.

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  • As diversas partes do corpo esto interligadas entre si e funcionam conjuntamente. Os braos se unem ao tronco pelos ombros. As coxas se unem s pernas pelos joelhos e assim por diante.

    Aqui, a ergonomia recomenda que os espaos utilizados pelas pessoas sejam projetados de acordo com os limites definidos pelas articulaes do corpo humano. Em outras palavras, deve-se considerar que as diferentes partes do corpo humano no funcionam independentemente, mas, dentro de uma certa harmonia.

    4. ANTROPOMETRIA

    As medidas de alcances, foras, ngulos e outras caractersticas fsicas mensurveis do corpo humano so feitas por uma disciplina chamada antropometria.

    A antropometria divide-se em esttica e dinmica.

    A antropometria esttica realiza medidas do corpo humano parado ou com pequenos movimentos, como o caso do peso, estatura, comprimento dos braos, dimetro do trax, forma e tamanho dos ps e outras semelhantes. J a antropometria dinmica mede os movimentos e os alcances do corpo humano realizados no apenas por partes do corpo, mas tambm considerando as interaes entre esses diversos movimentos. Por exemplo, a distncia mxima que uma pessoa sentada numa cadeira pode alcanar, depende no apenas do comprimento do brao, mas tambm do movimento do tronco e dos membros.

    4.1 A VARIEDADE DAS DIMENSES DO SER HUMANO

    H uma grande variedade de dimenses dos diferentes indivduos e das formas de articulao, representando os diversos bitipos da raa humana.

    Essas diferenas so devidas a vrios fatores como a origem tnica, o sexo, a idade, a origem geogrfica e a prpria histria daquele povo. Assim, hoje, sabe-se que existem diferenas significativas entre a estatura dos povos do norte da Europa (suecos, finlandeses) e os povos mediterrneos (portugueses, italianos, argelinos, egpcios).

    Observamos que os homens apresentam estatura superior das mulheres da idade adulta e uma curva de crescimento bastante diferente (as mulheres comeam e terminam o perodo de crescimento mais cedo que os homens). E anotamos tambm que estatura de um grupo tnico ou nacional vem se modificando com o tempo. A humanidade vem aumentando sua estatura mdia. Na Europa observou-se um crescimento mdio de cerca de 10 cm em um sculo, de 1860 a 1960.

    Esse crescimento mais acentuado em certos povos, como os japoneses que, hoje, apresentam uma estatura mdia superior em 12 cm aquela registrada no nicio da dcada de 70.

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  • 4.2 REPERCUSSES SOBRE O TRABALHO.

    As repercusses dessas diferenas sobre o trabalho das pessoas so notveis. Um equipamento facilmente manipulvel por um sueco seria de difcil operao para um brasileiro do nordeste. Isso acaba se traduzindo por improvisaes tais como estrados de madeira colocados junto s mquinas ou as difceis contores que os trabalhadores so obrigados a fazer em diversas circunstncias.

    Existem tambm repercusses sobre as polticas dos produtos industriais. Os japoneses fabricam motocicletas de dois tamanhos, conforme elas se destinem ao mercado europeu e americano ou ao mercado do sudeste asitico. O mesmo ocorre com as roupas confeccionadas em Taiwan e assim por diante.

    Isso at demonstra uma inteligente adaptao s diferenas exigncias do mercado externo, j que os produtos so manufaturados adaptando-os s populaes desses pases. Porm podem surgir alguns efeitos desagradveis. Assim, foi verificado que os ps dos brasileiros so mais curtos e volumosos, comparado com os padres europeus ou norte-americanos. Como esses padres externos so adotados pela indstria caladista brasileira, os sapatos fabricados para o mercado interno produzem um grande desconforto, podendo gerar calos e joanetes ou at algo mais grave, como amputaes do quinto dedo dos ps, fato este mais presente na populao de diabticos.

    4.3 USO DE DADOS ANTROPOMTRICO.

    Existem tabelas de medidas antropomtricas baseadas em populaes de diversos pases do mundo. Aqui no Brasil, os trabalhos ainda esto pouco desenvolvidos mas j possvel conseguir alguns resultados. Caso estes no sejam disponveis, podem ser adotadas as medidas dos povos mediterrneos, que assemelham as nossas, inclusive devido a forte predominncia das correntes migratrias desses povos para o Brasil.

    A utilizao dos dados antropomtricos, estticos e dinmicos, deve obedecer a alguns critrios estabelecidos de acordo com a natureza da situao de trabalho ou do objeto que se projeta. Em uma boa parte dos casos, pode-se utilizar uma dimenso mdia como alcance mdio, a altura mdia e assim por diante. Por exemplo, um banco de jardim pode ser dimensionado com mdia das medidas da populao dos futuros usurios. Nessas circunstncias, a maior parte da populao ficar mais bem acomodada do que se o tal banco for projetado para um gigante ou um ano.

    Em outros casos deve-se projetar levando-se em conta os casos extremos. Por exemplo, se fossemos determinar a altura para colocar o boto para chamar o elevador em um prdio residencial, deveramos pensar no menor usurio possvel, incluindo as crianas a partir de uma certa idade. Inversamente mximas. Se adotssemos a mdia, simplesmente a metade da populao no passaria por essa porta.

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  • No entanto, existem situaes em que objetos de uso pessoal ou mquinas a serem utilizadas por pessoas muito diferentes exigem uma adaptao individual. Em tais condies, o recurso usual o estabelecimento de faixas de tamanhos nos objetos de uso pessoal. Camisa nmero 2, sapato 39, terno manga longa, so alguns exemplos ligados ao vesturio. A ergonomia, nesse campo, poder, como no caso dos calados, verificar a validade dos padres atualmente adotados.

    Outra situao freqentemente a de permitir regulagens. Os carros permitem fazer o ajuste do assento e da inclinao do encosto e, naqueles mais modernos, pode-se at regular a inclinao do volante.

    Apesar destes progressos, muitos objetos, equipamentos e mquinas poderiam ainda ser mais bem adaptados s dimenses antropomtricas dos usurios. Por exemplo, a carteira escolar com ajustes de altura poderia evitar uma futura m formao da coluna dos estudantes. As crianas de mesma faixa etria podem apresentar diferenas antropomtricas considerveis, devido as diferentes velocidades de crescimento.

    A aplicao de dados da antropometria dinmica no deve ser esquecida, j que o corpo nunca fica totalmente parado. E o tipo de movimento executado pelo corpo nas diversas situaes do trabalho e da vida pode exigir produtos de caracterstica diferentes. Uma tima cadeira para uma pessoa em repouso pode ser pssima para execuo de certas tarefas, como a datilografia ou a inspeo de peas, na indstria.

    Na antropometria dinmica possvel estabelecer lugares geomtricos, bem como descries de trajetrias das partes do corpo. Mais recentemente, com o desenvolvimento da informtica, esses movimentos passaram a ser estudado com auxlio de computadores (chamado Computer Aided Design ou simplesmente CAD).

    O uso desses dados permite, por exemplo, analisar um posto de trabalho fazendo trs perguntas-chave:

    1) Os controles da mquina esto dentro do espao que a pessoa pode alcanar, considerando suas limitaes antropomtricas?

    2) Dispositivos de informao e o trabalho em execuo permitem um acompanhamento visual, sem exigir posturas foradas?

    3) Na movimentao para realizar suas atividades existem obstculos nas trajetrias das partes do seu corpo?

    Essas questes so aparentemente bvias, mas, na prtica, so muito freqentes situaes onde se pode constatar, sem muito esforo, que tais princpios no forma levados em conta.

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  • Mquinas onde o material trabalhado s pode ser visto com inclinao do dorso para frente, controle instalados nas laterais ou at mesmo na parte posterior ou inferior do equipamento so de um manejo difcil e desconfortvel.

    Quando incorporamos os parmetros de fora, velocidade e preciso aos movimentos, surgem novas questes. Sabemos que a forma de se segurar uma chave-de-fenda vai influir no efeito obtido: se a girarmos com a ponta dos dedos obtm-se maior velocidade e preciso, mas a fora transmitida menor; se, ao invs disso, segurarmos firmemente esta ferramenta, com a palma da mo, perderemos os dois primeiros efeitos para ganharmos na fora. Assim, em funo da tarefa em questo, podemos recomendar dois tipos diferentes de chave-de-fenda: ela dever ter um cabo fino e liso para movimentos rpidos e precisos e cabo grosso e spero para as operaes onde uma maior potncia seja exigida.

    Estes dados puramente biomecnicas vo se combinar com as consideraes da antropometria esttica e dos elementos de alcance e de trajetrias. As foras disponveis bem como os demais efeitos do manuseio variam de acordo com o posicionamento do instrumento a ser acionado. Nos controles ou comandos manuais existem diferenas importantes entre os diversos pontos situados no interior da zona de alcance (espao onde se situamos pontos que a pessoa alcana normalmente, sem forar corpo).

    Discar um telefone bem defronte pessoa bem simples do que apanhar um aparelho telefnico na mesa do vizinho. Portanto, o projetista, na medida do possvel, deve colocar todos os instrumentos no espao normal de trabalho do operador.

    5. FISIOLOGIA DO TRABALHO

    A fisiologia do trabalho estuda o funcionamento da Mquina Humana, tanto do ponto de vista energtico, como dos movimentos musculares, posturas do corpo, e adaptao do organismo ao longo da jornada de trabalho.

    5.1 ENERGIA HUMANA E ALIMENTAO

    O corpo humano, do ponto de vista energtico, pode ser considerado como uma mquina trmica constantemente ligada. Esta mquina produz energia vital para executar todas a s atividades.

    A energia do corpo humano produzida por um processo complexo, chamado metabolismo. Neste processo, os alimentos ingeridos reagem com o oxignio inspirado, gerando energia (sob a forma de calor), gua (sob a forma de suor urina) e dixido de carbono (que um dos principais componentes do ar expirado). O organismo no a aproveita integralmente e eliminam as sobras pelas vias respiratrias (o ar expelido quente), o suor, a urina e as fezes.

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  • Como a mquina humana est sempre ligada, mesmo em repouso, o corpo consome energia. Chama-se metabolismo basal quantidade de energia consumida pelo ser humano em estado de completo repouso (sono tranqilo, por exemplo). O organismo gasta entre 1600 e 1800 kcal (um kcal quilocaloria a quantidade de energia necessria para elevar a temperatura de um litro dgua em 1 graus centgrado) por dia, apenas com o metabolismo basal. Como as pessoas, mesmo em repouso, realizam pequenos movimentos, que tambm consomem energia, pode-se concluir que uma pessoa cuja alimentao no lhe fornea pelo menos o equivalente a 2000 kcal por dia, no dispe de energia suficiente para qualquer tipo de trabalho.

    E quanto se gasta de energia para trabalhar? A resposta a essa pergunta vai depender de vrios fatores, tais como a prpria estrutura fsica de cada um, postura do corpo, clima, horrios, enfim, de tudo aquilo que influi diretamente na atividade. Mas, em linhas bastante gerais, possvel dar alguns valores.

    Para a maior parte dos trabalhos encontrados em ambientes domsticos, escritrios e situaes parecidas, o gasto energtico se situa entre 2500 a 3000 kcal/dia. Nos trabalhos industriais convencionais (oficina mecnica, construo) o consumo fica entre 2800 a 4000 kcal/dia. Em casos extremos, como um atleta numa competio, pode vir a consumir o equivalente a 6000 kcal/dia, mais ou menos o gasto energtico de um cortador de cana no pique da safra.

    A energia gasta resposta pela alimentao diria, desde que esta no ultrapassa cerca de 4000 kcal por dia. Acima desse limite, o organismo no consegue repor na mesma velocidade dos gastos, e ocorre perda de peso. O organismo, ao se ver em prejuzo, vai queimar suas reservas, tal como um carro que queima leo. Esses casos, aps alguns dias de trabalho, dever haver um perodo de repouso, combinado com uma alimentao adequada, para repor estas perdas. Do contrrio, o organismo ficar debilitado.

    Em circunstncias normais, cada trabalhador deve alimentar-se de acordo com o gasto energtico exigido por sua atividade. Qualquer tipo de subalimentao extremamente prejudicial principalmente se persistir por um longo perodo. Prestem ateno: uma reduo de apenas 10% na quantidade de energia contida na alimentao provoca uma reduo da ordem de 40% na capacidade para o trabalho. Inversamente, a melhoria do padro alimentar leva a uma melhoria desta capacidade em prazo bastante curto. Experincias realizadas com bias-frias, baseadas numa combinao entre o balanceamento da comida e tratamento bsico de sade propiciaram um crescimento de capacidade fsica da ordem de 70% em duas semanas.

    A dieta alimentar adequada ao trabalho se constitui num verdadeiro problema de ordem econmica e cultural. Costuma-se identificar os povos e as etnias tambm pelo que comem e que bebem. A ttulo ilustrativo podemos propor padres alimentares baseados em cinco refeies dirias (ver quadro I); destinadas a propiciar as quantidades de energia necessrias. Esse quadro resulta de uma experincia feita numa fbrica de calados, onde a passagem do sistema de alimentao tradicional desbalanceado (cafezinho matinal, almoo pesado e lanche noturno) as cinco refeies balanceadas proporcionou um ganho real de produtividade superior a 10%.

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  • REFEIO TIPO DE TRABALHO

    SEDENTRIO PESADOCaf da - manh 300/400 600/700Lanche matinal (10h) 25/50 150/250Almoo 800/900 900/1000Lanche da tarde (16h) 25/50 150/250Jantar 1250/1400 1400/1600TOTAIS 2400/2800 3200/3800

    Quadro acima Exemplo de padres alimentares balanceados, de acordo com as necessidades de gastos energticos do trabalho.

    5.2 TRABALHOS ESTTICO E DINMICO

    O trabalho muscular pode ser classificado em esttico e dinmico conforme o tipo de solicitao feita musculatura no decorrer da atividade.

    O Trabalho Esttico corresponde quelas situaes onde exigida uma sustentao de uma posio sem movimentos, enquanto o Trabalho Dinmico se caracteriza pela movimentao do corpo. Por exemplo, quando se serra um pedao de madeira de uma das mos e se segura a ponta da madeira com a outra, a musculatura da primeira executa um trabalho dinmico (movimento do serrote) enquanto que a da segunda executa um trabalho esttico.

    No trabalho muscular dinmico h alternncia entre contraes e relaxamento da musculatura, e isso favorece a circulao sangnea no interior do msculo, atravs de vasos sangneos finssimos chamados de capilares. Esta circulao importante por dois motivos: primeiramente porque o sangue abastece o msculo com oxignio, oriundo da respirao; e em segundo lugar, porque ela lava o msculo removendo os resduos da atividade muscular (que so chamados de toxinas).

    Quando ocorre uma contrao esttica, os vasos capilares ficam estrangulados e a circulao do sangue no ocorre. O msculo fica asfixiado, as toxinas se acumulam e uma rpida fadiga se faz sentir. Isso pode ser verificado atravs de uma experincia muito simples que consiste em sustentar um peso com o brao esticado at sentir uma dor muscular, que deve ocorrer em pouco tempo. Porm se, ao invs de manter o brao parado, forem feitas pequenas oscilaes para cima e para baixo, o tempo de sustentao sem dor ser consideravelmente aumentado.Experimente.

    Pode-se dizer que no estado de repouso, h um equilbrio entre a demanda e a necessidade de sangue nos msculos. No trabalho esttico, a demanda supera a necessidade, provocando um

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  • debito e no trabalho dinmico, esse equilbrio se restabelece, embora em nveis superiores ao do repouso.

    A aplicao ergonmica destes conhecimentos da fisiologia imensa. Na vida profissional, todas as ocupaes que exigem esforos estticos, como sentinelas ou porteiros de hotel, podem ser classificados como muito fatigantes. Como regra geral, vale dizer que esses esforos estticos devem ser eliminados. Mesmo para uma pessoa sentada, devem ser permitidas pequenas alteraes de postura, providenciando-se apoios para os ps em trs alturas diferentes. Assim se alivia a presso esttica sobre as pernas e as ndegas.

    5.3 POSTURAS DE TRABALHO

    A postura a organizao relativa das diversas partes do corpo no espao. Uma postura desequilibrada, confusa ou retorcida sempre indica a existncia de problemas de inadaptao ao trabalho.

    As posturas mais comuns so a posio horizontal, a posio sentada e a posio de p. Destas, a posio horizontal a mais indicada para o repouso, por ser a que menos consome energia. A posio sentada j exige uma atividade muscular de sustentao dos msculos dorsais e abdominais, consumindo 10% a mais de energia, em relao a posio horizontal. De p, a fadiga aparece mais rapidamente, sobretudo se houver pouca movimentao, exigindo um trabalho esttico dos msculos de sustentao.

    Numa comparao superficial, pode-se dizer que a posio sentada a mais indicada para a maioria dos trabalhos. Mais existe os preconceitos e as atitudes conservadoras. Em muitos casos onde se poderia trabalhar sentado, a pessoa obrigada a ficar em p. Muitas mquinas e bancadas so projetadas para o trabalho em p, sem nenhuma razo real. Da mesma forma, no se conhecem pias onde se lava loua sentado.

    Mesmo nos casos onde os prprios trabalhadores improvisam bancadas e assentos, tais iniciativas so malvistas pelos gerentes e supervisores. O mais correto, do ponto de vista ergonmico, que a prpria administrao da fbrica providencie estudos para adaptar os postos de trabalho de forma que se possa trabalhar sentado.

    Felizmente, descobriu-se que a posio em p no to difundida assim. Em um estudo feito na Europa constatou-se que as pessoas passam muito mais tempo nas posies sentadas e horizontal (incluindo-se a o sono) do que se imagina. Foi verificado que os empregados de escritrio passam 21 a 22 horas por dia entre essas duas posies, o que poderia levar a pensar que o homem no mais um animal ereto, mas um animal sentado. Hoje, j existe uma tendncia clara de se projetar o posto de trabalho para a posio sentada. Por exemplo, nos antigos bondes, o motorneiro trabalhava em p, e nos trens e metrs modernos os postos de pilotagem j usam a posio sentada.

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  • Isto no significa que a posio sentada elimine todos os problemas. Nos escritrios onde se predomina o trabalho sentado, ainda existem reclamaes de dores musculares e evidncias de patologias lombares devidas e inadequao dos assentos.

    Naturalmente, essas duas posturas bsicas, sentadas e de p, admitem muitas variaes, como as diversas posturas no trabalho agrcola ou na construo civil. Algumas posturas, principalmente aquelas em que a cabea no fica na posio vertical em relao com coluna so muito fatigantes. Nessa posio, a cabea que pesa 4 a 5 quilos exige muito esforo dos msculos de pescoo e dos ombros para se sustentar, provocando dores nessas regies.

    Alem disso, outros elementos vo interferir nas posturas de uma dada atividade profissional. A exigncia de posturas foradas pode, por exemplo, estar ligada a necessidade de alcanar uma pea ou ferramenta mal posicionada, ou por razes at mais complexas: os operadores de microcomputadores variam sua postura de acordo com a dificuldade de compreender a informao na tela do monitor. Assim, quanto mais difcil se torna a interpretao, a pessoa aproximava a cabea da tela e sua postura se tornava rgida, quase esttica.

    5.4 MANUSEIO DE CARGAS

    Existe um tipo de atividade que deve ser examinada com ateno: o manuseio de cargas. Transportar peso no lombo humano uma atividade to antiga quanto a humanidade. Apesar de todo o processo tcnico, ainda largamente difundida, sobretudo em situaes economicamente desfavorveis, como nas pequenas empresas e no meio rural.

    Nesses casos, certos cuidados podem ser tomados no sentido de proteger a coluna de uma solicitao superior sua resistncia. A recomendao mais usual a de evitar o uso da musculatura dorsal no levantamento de cargas. Assim, deve-se usar os msculos da perna, mantendo a coluna reta, numa posio parecida com a dos halterofilistas. E uma recomendao produtiva, j que uma pessoa capaz de levantar 100 kg com os msculos da perna, mas somente 20 quilos se o dorso estiver com uma curvatura ente 60 e 90 graus.

    Se a carga j foi erguida, resta saber a melhor maneira de deslocar-se com ela. O objetivo evitar esforos suplementares para manter-se equilibrado. Deve-se manter a carga no eixo vertical que passa pelo centro da gravidade do corpo, localizado prximo ao umbigo.

    Caso seja necessrio repartir as cargas, para usar os dois braos, estas devero ser to equilibradas quanto possveis, em relao coluna. Por exemplo, numa experincia feita com colegiais, no carregamento da maleta num dos braos, o dispndio energtico e 80% a 140% superior ao esforo que se faz quando a mesma carregada nas costas.

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  • No caso das caras de manuseio mais difcil, pode-se facilitar a tarefa com dispositivos de auxilio. Assim, uma grande chapa pode ser manipulada com a ajuda de um gancho onde a pega possa ser feita com firmeza. Da mesma forma, carregar pacotes segurando apenas nos barbantes causa fadiga rapidamente, que pode ser superada com a colocao de alas.

    5.5 FADIGA

    At aqui falamos bastante em fadiga sem definirmos corretamente esta importante noo para a ergonomia.

    Do ponto de vista fisiolgico, a execuo continuada de uma atividade ocasiona uma perda de capacidade funcional reversvel, que chamada de fadiga. A fadiga se constitui em um problema distinto daquela reduo da capacidade de trabalho provocado pela alimentao insuficiente.

    A fadiga pode provocar redues da capacidade fsica e mental;

    A fadiga fsica pode apresenta efeitos facilmente observveis, como o cansao, irritabilidade, desateno, reaes lentas e difceis. Em casos extremos pode provocar enrijecimento muscular, como em corredores de maratona. Na fadiga mental possvel observar bloqueios, perda de qualidade e maior freqncia de erros.

    A fadiga pode ser comparada a um caldeiro se sopa onde se colocam todos os fatores adversos do trabalho. Carga de trabalho excessiva, monotonia (uma atividade pode ser intensa, mas tambm montona: pense numa pessoa empilhando caixa o dia inteiro), estado de sade (doena, deficincia alimentar, indisposio fsica e mental), condies desfavorveis (calor, barulho, iluminao fraca). Quando a sopa chega ao ponto, o indivduo est fatigado.

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  • O organismo pode se recuperar da fadiga com uma boa distribuio de pausas durante a jornada de trabalho e mais o repouso dirio. Nos casos mais agudos, essa recuperao pode ser insuficiente e haver uma acumulao da fadiga, tornando-se crnica. Nesse caso, a fadiga assume um carter patolgico (doena) e deve ser acompanhada por um tratamento mdico.

    A fadiga pode ser influenciada por fatores psquicos e comprovado que trabalhadores motivados aparentam sinais de fadiga menos intenso. Por outro lado, ausncia de estmulo e motivao pode agravar os sintomas de fadiga: ao final de uma partida de futebol, o time perdedor pode sentir uma fadiga superior ao do time vencedor, embora ambos tenham feito esforos semelhantes durante o jogo.

    A fadiga pode ser aliviada com a organizao do tempo de trabalho. Uma atividade diria de oito horas, provocando uma fadiga moderada, quando estendida a nove horas, implicar em problemas para o trabalhador e sua integridade fsica. Existem estudos mostrando a correlao direta entre o incremento de horas extras e resultados decrescentes da produo. Num deles demonstrando que o total de afastamentos por doenas, num dado perodo, diretamente proporcional ao total de horas suplementares de trabalho.

    5.6 PAUSAS DURANTE A JORNADA DE TRABALHO

    As pausas so aquelas pequenas interrupes que ocorrem com certa freqncia durante a jornada de trabalho. Elas so diretamente proporcionais ao esforo fsico e as condies climticas desfavorveis, como o calor ou rudo excessivos. No se confundem, portanto, com as interrupes normais para almoo e lanches.

    As pausas permitem equilibrar o desgaste com a recuperao do organismo, durante a atividade. Com esse equilbrio essencial para o organismo humano, atividade deve ser organizado de forma a que as pausas sejam possveis e at estimuladas. As pausas sero dissimuladas no meio da atividade ou por qualquer outro estratagema, se elas no forem normalmente previstas na atividade.

    Nas atividades consideradas menos penosas, as pausas devero representar uma porcentagem entre 15% a 30% da jornada de trabalho, portanto entra 72 min e 144 min para uma jornada de oito horas. Esse total devera distribuir-se ao longo da jornada. Para tarefas mais penosas a necessidade de pausas pode chegar a 100%, ou seja, para cada hora de atividade, deveria haver, obrigatoriamente uma hora de pausa.

    5.7 RITMO CIRCADIANO

    O corpo humano tem um relgio interno que regula as suas diversas funes. Assim, costuma-se sentir fome em determinadas horas e sono em outras. Essa programao diria das

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  • atividades fisiolgicas do homem chamada de ritmo circadiano (do latim circa dies que significa cerca de um dia). Segundo esse ritmo, diversas funes orgnicas sofrem alteraes cclicas com perodo de 24 horas. Assim, por exemplo, a temperatura, corporal sofre variaes de 1,1 a 1,2*c, oscilando entre 36,1 a 37,2*C

    A temperatura corporal mnima ocorre entre 3 a 4 horas da madrugada. Esse o pior horrio para qualquer tipo de atividade. o que provoca o maior ndice de acidentes. A temperatura comea a subir de manh, mas a velocidades diferentes para casa pessoa.

    As pessoas que se aquecem rapidamente so chamadas de matutinas. O seu corpo atinge a temperatura mxima por volta das 12 horas. Elas acordam bem dispostas, mas tambm costumas dormir mais cedo.

    As pessoas que demoram mais para aquecer-se so chamadas de vespertinas e s atingem a temperatura mxima por volta das 18 horas. Essas pessoas em geral no gostam de acordar cedo, no apresentam bom rendimento nas primeiras horas do dia, mas suportam melhor o trabalho noturno, e se adaptam mais facilmente ao trabalho no turno da noite.

    O conhecimento do ritmo circadiano importante porque o organismo humano apresenta diferentes rendimentos, conforme a hora do dia e cada pessoa tem um ritmo prprio, sendo mais apto ao trabalho em diferentes horrios. Portanto, da se conclui que a uma velocidade constante, durante todo o dia, regulado por um ritmo mecnico, como no caso linhas de produo, pode ser inconvenientes, porque o organismo humano no tem essa constncia. Seria melhor fazer o ritmo regulvel durante a jornada de trabalho, por exemplo, comeando com uma velocidade menor, e ir aumentando gradativamente, durante cerca de duas horas e depois voltar a reduzi-lo, devido fadiga que vai se acumulando

    5.8 ROTAES DE CARGOS

    Modernas organizaes promovem rotaes de trabalhadores entre as diversas posies, dentro de um grupo chamado clula de produo. Cada clula, em geral, responsvel pela produo de um certo tipo de pea, e todos os trabalhadores sabem, pelo menos teoricamente, operar todas as mquinas da sua clula. As rotaes podem ser dirias, a cada 4 horas ou a cada duas horas de trabalho.

    Embora esse sistema exija maior qualificao do pessoal e, portanto, maior treinamento, as empresas que o adotam vm vantagem na maior flexibilidade de produo, menos monotonia e fadiga e maior cooperao entre os membros da equipe.

    6. BIOMECNICA

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  • Podemos dizer que biomecnica o estudo dos efeitos provocados pelos alcances e pela aplicao de foras. portanto, o estudo interativo do homem com seu trabalho, sob o ponto de vista do comportamento msculo-esqueltico, que analisa o comportamento mecnico e biolgico do corpo humano.

    do complemento terico-prtico da antropometria esttica e dinmica aos estudos do homem em atividade, com enfoque principal na anlise das posturas corporais e na aplicao de foras, conferindo maior acuracidade aos estudos ergonmicos de melhoria das condies de trabalho.

    Assim, como a antropometria, dividi-se em dois grupos de estudos: a biomecnica esttica e dinmica, ocupando-se em dois grupos relativos ao trabalho esttico e dinmico respectivamente.

    A cincia mdica nos mostra que, quando um msculo contrado aumenta sua presso interna, o causa estrangulamento dos capilares, devido a sua fragilidade, diminuindo, consideravelmente a circulao sangunea. Se a contrao muscular for de at 20% da capacidade de fora muscular, a circulao continuar normal. Se, no entanto, chegar a 60% da contrao mxima, a circulao e interrompida.

    Outro dado importante o de que a presso sangunea diminui medida que se distncia do corao, sendo maior na parte inferior do corpo do que na superior. Este fato facilmente observado quando trocamos uma lmpada com os braos estendidos para cima e sentimos um formigamento depois de certo tempo que aquela postura mantida.

    7. O HOMEM E SEU AMBIENTE DE TRABALHO

    O ambiente de trabalho significa para o ser humano uma questo de vida, j que cada trabalhador ali passa grande parte do seu tempo. Assim sendo, um ambiente inadequado , sem qualquer dvida, um dos mais graves problemas ergonmicos. Analisaremos essa questo em dois aspectos interligados, a saber, as caractersticas fsicas dos ambientes (analisando o conforto do ponto de vista da temperatura, do rudo e da iluminao) e as caractersticas psicolgicas.

    7.1 CALOR

    O homem tem mecanismos fisiolgicos, chamados de homeotrmicos, que mantm a temperatura interna do corpo constante, em torno de 37 graus.

    A relao entre o ser humano e o ambiente trmico ( assim que se denomina, tecnicamente, a temperatura dos locais de trabalho) interessa ergonomia por uma razo muito simples: como corpo gera calor pelo metabolismo, e a quantidade de calor produzida aumenta com

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  • intensificao da atividade. Ao cabo de um certo tempo de trabalho, o corpo teria acumulado calor em demasia.

    Isso pode at causar a morte atravs de um choque trmico fatal (denominao mdica).

    O organismo tem meio natural de defesa contra as temperaturas muito altas ou muito baixas, mas esse mecanismo s funciona dentro de certos limites chamados de faixa de conforto trmico.

    H tambm certas condies que podem favorecer ou prejudicar a atuao desses mecanismos de regulao trmica.

    Examinemos, em primeiro lugar, esses mecanismos naturais. Existem basicamente, quatro processos que permitem a eliminao de calor pelo corpo humano, que so: a evaporao, a conveco, a radiao e a conduo.

    O processo mais importante o da evaporao, que compreende a produo de suor e a sua evaporao para o ambiente. O que faz eliminar o calor no o fato da pessoa suar, mas a energia gasta para fazer com que o suor se evapore. devido a esse fenmeno fsico que esse processo eficiente para o organismo, mesmo em temperatura externas elevadas, na faixa do 35 a 40 graus.

    A perda de calor por conveco ocorre pela remoo do ar quente junto superfcie corporal, provocado por movimentos relativos do corpo e o ambiente. Naturalmente, para que essa perda ocorra, o ar ambiente deve estar mais frio que o corpo.

    Os mecanismos de perda de calor por radiao e por conduo so relativamente insignificantes em climas quentes. No entanto, em climas frios, esses mecanismos so responsveis por uma srie de fatores de desconforto trmico. A conduo significa a perda de calor por contato direto. Assim o banco de pedra e o piso de cermica agradveis no vero transformam-se em desagradveis elementos no inverno. Da mesma forma se passa com as perdas por radiao. Estas so ocasionadas pela presena de um outro corpo possuindo temperatura diferente, fazendo com que o corpo mais quente transmita calor para aquele mais frio, mesmo sem haver contato direto entre ambos. Esse mecanismo tem pouco significado para perda do calor corporal, mas pode ter uma importncia maior no sentido inverso, ou seja, quando se trabalha em ambientes muito quentes, como na boca de um forno, quando o organismo recebe uma razovel carga trmica do ambiente pelo mecanismo da radiao.

    A sensao de conforto trmico pode ser modificada pela ao conjugada dos seguintes fatores: a temperatura do ar ambiente; a temperatura das superfcies adjacentes; o grau de umidade relativa do ar; e a velocidade do ar.

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  • Cada um deles vai alterar as condies e evaporao (quanto maior a umidade do ar, menos evaporao ser possvel) de conveco, de radiao e de conduo envolvendo um ou mais fatores. Isto levou criao de uma unidade fsica que englobasse todos esses aspectos. Essa grandeza chama-se temperatura efetiva, que determinada a partir de uma avaliao subjetiva desses fatores para um dado ambiente.

    Isso significa que dois ambientes podem diferir entre si quanto temperatura do ar, umidade e velocidade do ar, mas podem ter a mesma temperatura efetiva, desde que provoquem a mesma sensao trmica.

    As recomendaes gerais para se produzir ambientes trmicos agradveis, com temperaturas efetivas de 22 a 23 c so:

    Manter a temperatura do ar entre 20 e 24 graus; Evitar, no mesmo ambiente, diferenas de temperatura superiores a 4 graus; Manter a umidade relativa entre 40 e 60% Manter a velocidade do ar em torno de 0,2 m/s

    Quando se trata de trabalho sob condies extremadas de calor, bastante comuns no nosso Pas, o quadro de conforto trmico se modifica de forma considervel. Nessas condies surgem problemas especficos de trs ordens: psquicos, psicofisiolgicas e fisiolgicos.

    Os problemas psquicos mais comuns variam entre o incmodo, em pequenos graus, irritabilidade em grau elevado, de acordo com o nvel de desconforto trmico. Do ponto de vista da produtividade, isso se manifesta pelas dificuldades de concentrao e perda da eficincia na execuo de tarefas que exijam uma atividade mental importante. o caso de quem trabalha com microcomputadores, mas tambm de operadores de mquinas de controle numricos, de controle de destilarias de lcool, de mecnicos de automveis e muito outros.

    Os problemas de natureza psicofisiolgica esto relacionados com a perda da capacidade de percepo em locais muito quentes. Passam a ser freqentes os erros de leitura de instrumentos. H uma degradao na preciso de movimentos na compreenso de mensagens verbais.

    As conseqncias fisiolgicas do calor se traduzem na reduo da capacidade fsica e no aumento da fadiga. O organismo sofre tambm alteraes no equilbrio das quantidades de guas e sal, assim como pode ser constatado um aumento na atividade cardaca e circulatria, sobretudo na circulao do sangue prximo pele (circulao epidrmica).

    O calor, sendo uma forma de agresso ao organismo, provoca uma reao de defesa, que chamada de aclimatao. Esta defesa varia de pessoa para pessoa: alguns levaro alguns

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  • minutos e outros chegam a semanas para se habituarem a um ambiente quente. Quando o sujeito se aclimata, ocorre o aumento da produo de suor, perda de peso e acelerao cardaca.

    So recomendadas as seguintes medidas para facilitar a aclimatao:

    Iniciar um procedimento de aclimatao comeando com a metade do tempo de exposio prevista e ir aumentando 10% por dia; este procedimento particularmente importante aps a pausa semanal e as frias;

    O nmero e a durao das pausas deve ser aumentado de acordo com o aumento da temperatura;

    Deve ser servida gua em pequenas quantidades (um copo a cada vez), porm de forma freqente , a cada 10 ou 15 mm;

    A ingesto de bebidas quentes como caf ou ch, paradoxalmente, so recomendadas desde que intercaladas com a gua;

    Deve-se evitar as bebidas estupidamente geladas (risco de choque trmico) assim como o leite e sucos de difcil digesto (como o melo);

    O acesso aos bebedouros deve ser facilitadas j que impossvel definir o momento de recuperar a gua perdida pelo suor, que uma necessidade fisiolgicas que varia pessoa para pessoa;

    Em casos de perda muito grande de suor, fornecer plulas de sal, para recompor o teor salino do sangue e tecidos do corpo.

    Resta ainda dizer todas essas recomendaes so apenas medidas paliativas. A soluo definitiva a melhoria das condies de ventilao natural ou artificial, de sistemas de retificao da umidade do ar e da proteo s radiaes de calor, que so problemas tcnicos para os quais a engenharia e a arquitetura esto, hoje, em perfeitas condies de resolver.

    7.2 RUDOS

    O rudo, infelizmente, tem sido o companheiro inseparvel do progresso tcnico. Nos casos menos graves provoca irritaes, desconforto, alm de uma srie de efeitos colaterais menos conhecidos: Taquicardia, nuseas, desconforto visual, dentre outros. Em casos extremos, provoca surdez irreversvel.

    Os rudos se medem em decibis (dB), que uma relao entre a energia sonora em questo e a energia mnima perceptvel ao sistema auditivo. Essa grandeza d margens a erros de interpretao porque ao contrrio das unidades mais comuns (metro, segundo, quilograma) que so lineares, o decbel uma relao logartima. Com isso, um aumento de 3 dB corresponde, na realidade, duplicao da intensidade sonora. Isso ocorre devido abrangncia do fenmeno acstico e da estrutura do ouvido, que percebe desde sussurros at barulhos de grande intensidade.

    Para termos uma idia mais precisa, vejamos o que acontece com algumas situaes comuns. Numa conversa normal entre 2 pessoas, o nvel de rudo se situa em torno de 55 dB. Numa

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  • rua congestionada, o rudo se aproxima de 80 dB. Ao lado da turbina do avio, quando se prepara para a decolagem, o barulho chega a 135 dB. J um metalrgico numa rea de estamparia ou um tecelo defronte ao tear est exposto a um barulho de 100 a 105 dB, bastante pior do que um linotipista ou um cervejeiro (90 a 95dB). Um tiro de fuzil chega a igualar a turbina do avio.

    Os valores mximos de rudos que podem ser suportados em ambientes de trabalho durante longo tempo, sem efeitos prejudiciais, variam entre 60 dB para escritrios e 70 dB para grandes espaos. Mas, infelizmente, ainda so comuns os rudos acima dos 90dB, o que equivale a um trfego congestionados no meio de um tnel.

    H duas causas de surdez provocada pelos rudos. Uma a exposio a um rudo muito elevado (140dB). O tmpano no agenta a presso e se rompe, num mecanismo similar s leses sofridas por mergulhadores. Na outra, h perda auditiva pela exposio prolongada a um rudo contnuo, mesmo de intensidade mais baixa. Ocorre um dano no sistema de transmisso ao crebro cujo sintoma mais evidente a perda de sensibilidade e tons agudos (em torno de 4000 ciclos por segundo).

    Os rudos tambm contribuem para maus resultados em termos de produtividade e de segurana do trabalho. Num ambiente ruidoso, a comunicao verbal se torna difcil, criando srios embaraos para atividades de carter coletivo. Nas atividades com exigncias de concentrao (trabalhos mentalmente complexos, atividade de preciso, interpretao de informaes), um rudo ambiental elevado decididamente prejudicial. O rudo tambm dificulta o aprendizado, sobretudo se a tarefa exigir um nvel mediano de habilidade psicomotora.

    Pesquisas feitas na indstria atestam tais afirmaes. Uma reduo de 25dB numa oficina de usinagem mecnica foi acompanhada de uma reduo de 50% na quantidade de refugos; numa linha de montagem, uma reduo de 20dB correspondeu a um ganho de produtividade da ordem de 30%; num escritrios de datilografia, a reduo de 85 para 70dB se traduziu por um diminuio de erros da ordem de 30%.

    As recomendaes ergonmicas para a questo do rudo voltam-se para a correo do problema na fonte. Sempre que possvel, o rudos devem ser combatidos na sua prpria origem. Ou seja, projetando mquinas e ambientes que no gerem rudos, ou instalando-as sobre sapatas absorventes de rudos e vibraes. A manuteno adequada das mquinas, mantendo-a lubrificada e evitando-se peas soltas tambm contribui na reduo dos rudos.

    Quando essas medidas forem ineficazes, a mquina barulhenta poder ser Isolda dentro de cabines revestidas de material acstico. Se esse isolamento no for possvel, toda a rea afetada pelo rudo pode receber revestimentos acsticos em paredes, tetos e pisos, ou pode-se colocar barreiras que dificultem a propagao do rudo.

    Como ltimo recurso, restam os equipamentos de proteo individual,como os auriculares, que so recomendados s em casos extremos por serem desconfortveis e prejudicarem a

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  • comunicao entre pessoas. No caso, por exemplo, de controladores de avies, em pistas de aeroportos, no h outra soluo, pois no se pode reduzir os rudos das turbinas e nem mant-las isoladas.

    7.3 ILUMINAO

    Do ponto de vista ergonmico, uma boa iluminao no apenas uma questo de intensidade luminosa. Significa tambm evitar ofuscamentos, poder distinguir cores, assim como poder graduar a iluminao de acordo com as necessidades de cada tarefa.

    A quantidade de luz necessria ao trabalho depende das tarefas visuais envolvidas e do estado da viso da pessoa. Nesse sentido, uma pessoa com mais de 40 anos necessita do dobro do iluminamento que bastaria a um jovem adolescente sem problemas oculares.

    Porm, os problemas de iluminao podem ser de outra natureza. Ao olhar a paisagem formada pelo seu posto de trabalho a viso percorre objetos com diferentes gruas de luminosidade: fontes primrias (lmpadas, monitores) e fontes secundrias (recebem e refletem luz de acordo com suas caractersticas). Se a diferena entre essas partes for grande, as fontes primrias ofuscam a viso e aumentam a dificuldade de distinguir detalhes nas regies mais escuras. Isso leva a uma sensao de excesso de luz, quando, na verdade, uma questo de distribuio da luz por toda a rea visual de trabalho.

    As recomendaes so relativamente simples nesse caso. Em primeiro lugar, como regra geral na ergonomia, deve-se analisar a atividade para conhecer as suas exigncias reais. Em segundo lugar, deve-se evitar, os contrastes acentuados: no campo visual principal o mximo admissvel de 3 para 1 em relao ao fundo. Em terceiro lugar, cada trabalhador deve poder ajustar o nvel e o direcionamento luminoso de acordo com suas necessidades. Deve-se evitar a incidncia de luz direta no campo visual, atingindo os olhos do trabalhador, e evitar luzes que provoquem confuso de cores (usar luz branca).

    Finalmente, uma palavra sobe a iluminao natural, sempre que possvel, o ambiente de trabalho deve ter janelas ou aberturas que facilitem a entrada de luz solar. Essas aberturas tm uma outra funo importante. As pessoas em geral no gostam de se sentir presas ou enclausuradas e a proximidade da janela produz uma sensao de liberdade e de segurana nessas pessoas.

    8. SISTEMA HOMEM-MQUINA

    Segundo Aurlio Buarque de Holanda, sistema um conjunto de elementos, materiais ou ideais, entre os quais se possa encontrar ou definir alguma relao.

    Se adotarmos linguagem de informtica descrita por Larousse (1975), um sistema um conjunto que gera todas as transferncias de informao, estabelece comunicaes com o exterior

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  • etc. O programa se comunica com o sistema atravs de uma linguagem de controle e de comando...

    Na linguagem mais geral da engenharia, o sistema o conjunto das unidades que compem um tipo determinado de material e de mtodos de tratamento associados.

    J na linguagem da botnica, um sistema natural um sistema de classificao no qual os caracteres empregados levam em conta as afinidades naturais das plantas.

    Para os estudos ergonmicos nenhuma destas linguagens completa o suficiente para permitir uma apropriao que na implique no risco de negligenciar o que a essncia do prprio homem.

    Qual a relao entre o homem e a mquina capaz de definir um sistema homem-mquina?

    Na linguagem da ergonomia, sistema homem-mquina o conjunto representado pelo binmio homem e mquina no desempenho de atividades interativas em um determinado meio ambiente,onde so respeitadas as afinidades naturais de cada um dos elementos do sistema. A aplicao ideal da ergonomia considera o homem como parte integrante de um sistema... Isto quer dizer que o homem melhor para determinados fins tais como a tomada de decises, e a mquina para outros, como por exemplos, a aplicao de fora.

    8.1 A DIFCIL DECISO ENTRE HOMEM E MQUINA?

    A questo principal sobre a qual deveremos centrar o enfoque de nossas preocupaes sempre ser a de escolher entre, o homem e a mquina, qual dos dois melhor desempenhar uma

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  • determinada funo, garantindo o ponto de vista do bem-estar e segurana do homem e o bom funcionamento do sistema.

    Desde que surgiram, as mquinas esto gradativamente substituindo o homem em diversas tarefas. Com o crescente e continuo progresso tecnolgico, as mquinas esto cada vez mais fortes, rpidas, precisam confiveis e inteligentes

    Na diviso de funes entre o homem e a mquina, hoje, j existem muitos casos em que as mquinas ficam, literalmente , com 100% e o homem com 0% ou prximo disso. O homem, muitas vezes, relegado a um papel de vigia da mquina, para caso de alguma emergncia ou para substitu-la em suas eventuais falhas.

    Se essa tendncia parece ser inexorvel nos pases mais avanados, deve ser considerada cuidadosamente em pases como o Brasil, onde a mo-de-obra ainda abundante. Por outro lado, investimento em mquinas relativamente elevado e provoca dependncia tecnolgica do Pas, pois ainda no dominamos todo o ciclo de produo e manuteno dessas mquinas mais modernas. Portanto, os parmetros que levam a decidir entre a escolha do homem ou da mquina, no Brasil, certamente sero diferentes, em relao aos pases mais desenvolvidos.

    Nos ltimos cinco anos o panorama tecnolgico nacional sofreu fortes mudanas. A abertura do mercado interno para produtos importados aumentou a concorrncia e tornou o consumidor brasileiro mais exigente. A indstria nacional foi forada a assumir uma rela revoluo tecnolgica.

    O aumento na utilizao de sistemas automatizados vem se dando de forma significativa.

    Pintar geladeiras, montar bicicletas e carregar delicadas cinescpios de monitores de vdeo so algumas das novas atribuies de robs no Brasil, onde at bem pouco tempo eram quase exclusivos das industriais automobilsticas.

    Nas montadoras, os braos articulados, que podem ter na ponta uma ferramenta ou uma garra, esto dedicados a tarefas em ambientes hostis ou trabalhos insalubres, como solda e pintura. Comandados por computador, ou robs garantem uma preciso e uma repetitibilidade que o homem no atinge.

    ... A queda de preos e as exigncias de produtividade para enfrentar a concorrncia impulsionam a expanso do uso de sistema.

    A segurana do trabalhador, aliada reduo dos custos de produo, tem sido dos itens de peso na deciso quanto adoo de sistemas automatizados.

    A Incepa, fabricante de louas sanitrias, est instalando um brao articulado programvel em sua linha de esmaltao sistema de d cor e o aspecto vitrificado da loua. um trabalho

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  • insalubre, em que os operadores, mesmo usando mscara, correm o risco de contrair uma doena pulmonar irreversvel, a silicose.

    Segundo Palmer (1976), na tomada de deciso de a quem caber cada tarefa em um sistema produtivo, o ergonomista, ou administrador, dever fazer:

    Estudar a ocupao, a fim de determinar o que o operador ter que fazer.Considerar em primeiro lugar aquilo que o operador tem que ver e ouvir para se informar das

    condies da mquina e do material (o que se chama mostrador); em segundo lugar, os controles, isto , todas as partes sobre as quais o operador exerce fora muscular, afim de modificar o estado da mquina; e, finalmente, em terceiro lugar, o ambiente de trabalho, isto , as condies de temperatura, de luz, nvel de rudo etc., sob as quais o servio ter que ser executado.Especificar os requisitos indispensveis ao projetar um sistema de mostradores e controles. s

    vezes isto pode ser feito usando-se apenas a teoria; outras vezes pode necessitar de experincias de laboratrio.Verificar a validade do novo sistema. Freqentemente isto implica experimentos de laboratrio,

    onde se pode controlar a varivel em estudo; nesse caso, no est includa a necessidade de verificaes na situao real, normalmente no setor de produo.Prever os resultados provveis de qualquer in ovao que seja recomendada. Os melhoramentos

    feitos nas dimenses de uma cadeira, na altura e no desenho de um banco, na posio dos controles, no esquema do painel e dos mostradores, na iluminao e na reduo do nvel de rudo freqentemente tornam o trabalho mais fcil e mais preciso. Quando a seqncia de operaes projetada de modo lgico, e quando fora e a direo dos movimentos de controles segue um padro natural, h uma reduo considervel no tempo de treinamento dos operadores.

    Aps estas observaes, deve-se considerar, ainda, que ambos os elementos do sistema podem atuar, tanto como processadores de dados, quanto como controladores do processo. Em ambos os casos, um ser superior ao outro de acordo com situaes especficas como mostra, de maneira resumida,no quadro abaixo:

    33

  • Apesar da aparente objetividade dos critrios bsicos de escolha mostrados na figura abaixo:

    34

  • , existem situaes em que a escolha entre o homem e a mquina no evidente. Nestes casos devemos atentar, ainda, para as vantagens comparativas de ao entre o homem e a mquina, decorrentes destes critrios bsicos, visando a definio de funes e considerando as entradas, sadas, processamento e custos do sistema.

    8.2 FATORES DE INFLUNCIA NA DECISO

    35

  • Para tanto, devem-se considerar como fatores bsicos de apoio deciso: a sensibilidade, a capacidade de desenvolvimento de atividades complexas, a velocidade de resposta, a versatilidade, a consistncia, a energia, a memria, a inteligncia, o raciocnio, a computao de dados, a capacidade de atuar em sobrecarga, a influncia dos fatores ambientais, o custo inicial, o custo operacional e a regularidade de custo.

    Estes fatores so apenas exemplos. Para cada situao particular devero ser estudados fatores especficos, capazes de atender quela situao.

    Todos esses fatores podem ser resumidos da seguinte forma: O homem tem a caracterstica da flexibilidade, mas no se pode esperar dele um desempenho de forma consistente (constante, uniforme) enquanto a mquina tem caracterstica da consistncia, contudo sem flexibilidade.

    Todos sabem que o processo de tomada de deciso no deve ser nem isolada, nem aleatrio.

    Alm dos critrios e fatores j mencionados existem aqueles que permitem a insero da situao-problema no meio ambiente no qual ser desenvolvida a atividade.

    Dentre eles podemos citar questes de otimizao, de economia de escala, de estado da arte da tecnologia a ser empregada, do comportamento humano, da disponibilidade, da confiabilidade, da facilidade de reposio de partes e peas, da cultura da empresa e da cultura tecnolgica.

    No que concerne otimizao e ao estado da arte da tecnologia a ser empregada, deve-se considerar a influncia da opo no contexto maior da empresa, bem como a capacidade de acompanhamento dos avanos tecnolgicos a partir da mesma.

    9. ONDE PODEMOS APLICAR UM ESTUDO ERGONMICO

    No larNo lar No transporteNo transporte No lazerNo lazer Na escolaNa escola Principalmente, no trabalhoPrincipalmente, no trabalho

    36

    Menos esforo fsico e mental

  • Ergonomia Ergonomia

    9.1 TIPOS DE ERGONOMIA

    De correo.De correo.

    Atua de maneira restrita modificando os elementos parciais do posto de trabalho, como: Atua de maneira restrita modificando os elementos parciais do posto de trabalho, como:

    DimensesDimenses IluminaoIluminao RudoRudo Temperatura, etc...Temperatura, etc...

    Tem eficcia limitada.Tem eficcia limitada.

    De concepo.De concepo.

    Ao contrrio, interfere amplamente no projeto do posto de trabalho, do instrumento eAo contrrio, interfere amplamente no projeto do posto de trabalho, do instrumento e mquina do sistema de produo, organizao do trabalho e formao de pessoal.mquina do sistema de produo, organizao do trabalho e formao de pessoal.

    Boa posturaBoa postura Uso adequado de equipamentoUso adequado de equipamento ImplantaoImplantao

    De conscientizao:De conscientizao:

    Capacitao das Pessoas. Capacitao das Pessoas.

    37

  • 10. DESLOCAR, LEVANTAR E TRANSPORTAR CARGAS MANUAIS

    FORMA, PESO E VOLUME DAS CARGAS MANUAIS, DETERMINAM CUIDADOS DIFERENCIADOS

    10.1 - DEFINIODeslocar, levantar e transportar cargas, define-se como sendo os movimentos e esforos desprendidos por uma ou mais pessoas, objetivando movimentar cargas dos mais diversos tipos, formas ou tamanhos, pelo processo manual.

    38

  • 10.2 - OBJETIVOInformar procedimentos bsicos a serem seguidos quando no deslocamento, levantamento e transporte de cargas manuais, objetivando evitar acidentes e conseqentes leses.

    LEGISLAOPortaria 3.214 do Ministrio do TrabalhoNR-09 - Programa de Preveno de Riscos AmbientaisNR-11 - Transporte, movimentao, armazenagem e manuseio de materiaisNR-17 - Ergonomia

    10.3

    39

    1

    23

    FAIXA ETRIA HOMEM MULHERMenores de 16 anos PROIBIDO PROIBIDO16 a 18 anos 16 kg 8 kgAcima de 18 anos 40 kg 20 kg

  • CAPACIDADE INDIVIDUAL DE CARGA

    11. RISCOS CONTEMPLADOS

    Esforo fsico intenso;Levantamento e Transporte de peso; Postura Inadequada;Ritmos excessivos;Trabalhos em turnos e noturnos;Monotonia;Repetitividade;Jornada de Trabalho prolongada, etc.

    12. ANATOMIA HUMANA

    - CABEA- TRONCO-MEMBROS

    COLUNA VERTEBRALA nica estrutura ssea do tronco

    PROCEDIMENTOS BSICOS QUANDO LEVANTAR CAIXAS:

    40

  • Centralizar a carga...

    13. PROCEDIMENTOS BSICOS QUANDO LEVANTAR SACOS

    41

    Usar o esforo das pernas deixando-as com abertura adequada...

    Centralizar a carga...

    Estender os braos... Mant-la prxima ao corpo.

    1 3

    2 4

    Manter a cabea e costas em linha reta;

    Segurar o saco com a

    palma da mo;

    Apoiar o saco sobre o ombro, e;

    31

  • LESES Cortes/ Perfuraes;Dores lombares (lombalgias);Entorse;Distenses musculares;Hrnias, ETC.

    Exemplos:

    42

    Levantar com esforo das pernas, deixando-as com abertura adequada;

    2

    4Segurar com firmeza e iniciar o transporte com as costas reta.

    INCAPACIDADEParcialTotalTemporriaPermanente

  • 14. PROCEDIMENTOS BSICOS

    OBSERVAR:

    PesoFormaVolumeTipoCondies geraisTrajetos: Distncias, Adversidade, Portas, Escadas, Local da reposioPosicionar-se sempre prximo a carga;No torcer o corpo para pegar ou movimentar cargas;Usar sempre a musculatura das pernas;Aproximar bem a carga do corpo;Centralizar a carga em relao as pernas;

    15.LER / DORT

    O que LER/Dort?

    As LER/Dort (Leses por Esforos Repetitivos/Distrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho) englobam cerca de 30 doenas, das quais a tendinite, a tenossinovite e a bursite so as mais conhecidas. As LER/Dort so responsvel pela alterao das estruturas osteomusculares -

    tendes, articulaes, msculos e nervos.

    Como so causadas as LER/Dort?

    O problema provocado normalmente por atividades desenvolvidas no trabalho, pelo

    excesso de uso do sistema msculo-esqueltico.

    A repetio de atividades, a postura incorreta e o excesso de fora podem obstruir a

    circulao sangunea, impossibilitando a irrigao de estruturas importantes como as artrias e os

    43

  • nervos. Quando isso ocorre, h a fibrose que desencadeia processos inflamatrios nos msculos -

    bursite e tendinite.

    por isso que o ambiente de trabalho inadequado pode ser uma inesgotvel fonte de problemas. Falta de organizao, mobilirio no adaptado, repetio das atividades, m diviso das

    tarefas, cobrana por produtividade, presso no ambiente de trabalho e sobrecarga fsica so alguns

    dos fatores que levam o profissional a desenvolver alguma das doenas das LER/Dort.

    15.1 Quais so os sintomas das LER/Dort?

    O primeiro sinal a dor. Depois a pessoa comea a sentir formigamento e dormncia

    -espcie de insensibilidade ou fraqueza para segurar objetos. Nesse ponto, a inflamao pode comear a percorrer o corpo.

    15.2 Quais so as fases das LER/Dort?

    As LER/Dort tm quatro estgios:

    Primeira fase: A dor aparece durante os movimentos e difusa, ou seja, no possvel definir exatamente que parte do corpo est doendo.

    Segunda fase: nesse estgio a dor mais persistente, mas o quadro ainda leve. Se as condies

    de trabalho forem alteradas ainda possvel reverter o quadro.

    Terceira fase: a partir desse estgio a doena crnica, sendo, portanto, irreversvel. H

    perturbao durante o sono, em razo das dores, e as inflamaes se tornam um processo

    degenerativo, que pode afetar os nervos e os vasos sanguneos de maneira prejudicial. Nessa fase a dor sentida em pontos definidos e no cede mesmo durante perodos de relaxamento e repouso.

    A dor aparece sobre a forma de pontadas e choques.

    Quarta fase: entre o penltimo estgio e esse, os processos infecciosos podem causar deformidades, como cistos, inchaos e perda de potncia (fora). A dor pode se tornar insuportvel, e at atividades comuns da vida diria, como escovar dentes e cabelos, tornam-se impraticveis.

    44

  • Nessa ltima fase, muitos pacientes recebem injeo de morfina para aliviar a dor e alguns chegam at a passar por cirurgias.

    15.3 QUAIS SO OS TRATAMENTOS UTILIZADOS?O tratamento depende do estgio de evoluo da leso, mas independentemente da fase

    indispensvel o tratamento interdisciplinar - acompanhamento mdico, fisioteraputico, terapia

    ocupacional, acupuntura e psicolgico (nos casos onde h traos de depresso). Remdios antiinflamatrios tambm so prescritos durante o tratamento. Recursos

    alternativos como o Lian Gong - ginstica teraputica chinesa - a hidroterapia e o Do-in tambm so

    indicados.

    No terceiro estgio, em substituio fisioterapia deve-se optar pela hidroterapia,

    acompanhada do shiatsu. Isso ocorre porque a fisioterapia pode provocar dores no paciente.

    A caminhada outro timo recurso, j que ajuda a estimular a liberao de endorfina, responsvel pelo alvio da dor e pelo relaxamento do corpo.

    15.4 COMO PREVENIR AS LER/DORT?

    O melhor jeito de evitar as doenas das LER/Dort cuidar das questes da ergonomia, ou seja, organizar o trabalho em funo da relao entre o homem e a mquina, para que o profissional no force o corpo adotando uma postura errada.

    Ter mobilirio adequado outro ponto importante.

    A organizao e ritmo de trabalho tambm devem ser adequados para que o trabalhador

    no fique sobrecarregado. Deve-se evitar o excesso de carga horria, e quando isso ocorrer,

    procurar compensar o esforo de outras formas.

    15.5 QUAL A POSTURA CORRETA DIANTE DO COMPUTADOR?O monitor deve ficar na linha dos olhos e nunca mais baixo. Desta forma, a coluna no ficar

    curvada.

    O teclado deve ser posicionado de maneira que o brao forme com o antebrao um ngulo de 90.

    Hoje, h tambm teclados com um design mais moderno que tm disposio adequada das teclas para cada uma das mos.

    45

  • O uso de apoiadores de mo arredondados e macios, que so colocados entre o teclado e a

    borda da mesa, evita a obstruo da circulao sangunea. Um bom mouse tem a borda

    arredondada e macia.

    15.6 QUAL O JEITO CORRETO DE SENTAR-SE ENQUANTO TRABALHA?O bumbum no deve ficar na ponta da cadeira deixando as costas envergadas. A coluna

    precisa ficar ereta, mas no excessivamente tensa.

    Um apoio nos ps, espcie de mini degrau, ajuda a manter a postura, no deixando que haja presso na rea da coluna.

    Evite ficar com as pernas cruzadas ou sentar-se sobre elas. Essa prtica pode dificultar a

    circulao do sangue, causando formigamento e incmodo.

    15.7 QUE ACESSRIOS SO INDISPENSVEIS NO AMBIENTE DO TRABALHO?O monitor do computador deve ser reclinvel para que cada um o adapte da melhor

    maneira. Apoiadores para os punhos, placa arredondada macia para o teclado e mousepad com

    borda tornam a digitao um exerccio menos pesado.

    As cadeiras devem ter regulagem de altura para o encosto, o acento e os braos - que so

    indispensveis. O apoio para os ps tambm deve ser regulvel.

    Boa iluminao e ventilao no ambiente so desejveis. Mas o excesso de refrigerao (ar-condicionado muito forte) pode contribuir para a ocorrncia da LER, j que afeta a circulao.

    Logicamente, os acessrios mudam de acordo com a profisso e com o ambiente de

    trabalho. Por exemplo, para quem fala muito ao telefone e digita ao mesmo tempo o uso de fone de

    ouvido indispensvel.

    15.8 IMPORTANTE TER PAUSAS DURANTE O EXPEDIENTE?

    46

  • Sim, isso deve ocorrer em qualquer funo onde haja repetio de movimentos e tambm para pessoas que ficam muito tempo na mesma posio. A pausa deve ser de 10 minutos a cada 50

    trabalhados.

    Nesse tempo, o profissional precisa fazer exerccios de relaxamento, alto massagem, como

    o do-in, alongar os dedos das mos, ps, braos e movimentar o pescoo e as pernas. Esses

    movimentos exercitam o que ficou parado, irrigando os tecidos.

    Quem fica muito tempo de p deve, nesse tempo de descanso, sentar um pouco para

    descansar as pernas e os ps.

    Jamais tentar transportar quando a carga tiver peso, tamanho ou forma adversas;Lembre-se que outros colegas de trabalho, podero auxili-lo quando necessrio, e;Existem limites para o deslocamento, levantamento e transporte de CARGAS MANUAIS. Existem outros meios e mquinas disponibilizadas para o transporte de cargas.

    16.GINSTICA LABORAL

    uma forma breve de exerccio. Surgiu no ano de 1925 na Polnia, nos anos 60 foi consolidada legalmente.

    No Brasil o esforo pioneiro residiu numa proposta de exerccios baseados em anlises biomecnicos.

    A ginstica laboral programa para ser realizada no prprio posto de trabalho.

    Esta atividade executada de 2 (duas) a 5 (cinco) vezes por semana, uma vez ao dia, no horrio pr-estabelecido , manh, tarde ou noite. As sries so dirigidas pelos professores ou monitores no local de trabalho. A durao da aula varia entre 8 (oito) a 12 (doze) minutos. Os movimentos podero ser executados em p, sentado ou deitado, n