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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS CAMPUS JATAÍ – UNIDADE JATOBÁ TCCG- GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA EROSÃO DO TALÃO EM BOVINOS LEITEIROS Raquel Ferreira Gomes Orientadora: Ana Luísa Aguiar de Castro Jataí 2007

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS CAMPUS JATAÍ – UNIDADE JATOBÁ

TCCG- GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA

EROSÃO DO TALÃO EM BOVINOS LEITEIROS Raquel Ferreira Gomes Orientadora: Ana Luísa Aguiar de Castro

Jataí 2007

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RAQUEL FERREIRA GOMES

EROSÃO DO TALÃO EM BOVINOS LEITEIROS

Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação em Medicina Veterinária para obtenção do Título de Médica Veterinária junto à Universidade Federal de Goiás, Campus Jataí.

Orientadora: Prof. MSc. Ana Luisa Aguiar de Castro

Supervisor: Edinaldo Dourando Rocha Nogueira

Jataí 2007

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Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP) (GPT/BSCAJ/UFG)

Gomes, Raquel Ferreira. G633e Erosão do talão em bovinos leiteiros / Raquel Ferreira Gomes.

– Jataí : [S.n], 2007. 42 f. : ilust : tabs.

Orientador: Prof. MSc. Ana Luisa Aguiar de Castro

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Universidade Federal de Goiás, Campus Jataí, 2007.

1. Doenças em bovinos. 2. Epideomologia animal. 3. Podologia bovina. 4. Erosão do talão. 5. Cliníca Cirurgica. I. Castro, Ana Luisa Aguiar de. II. Universidade Federal de Goiás, Campus Jataí. III. Título.

CDU : 619:636.225

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RAQUEL FERREIRA GOMES

Trabalho de conclusão de curso de graduação em Medicina Veterinária defendido e aprovado em 18 de dezembro de 2007, pela seguinte Banca Examinadora:

Prof. MSc Ana Luisa Aguiar de Castro Universidade Federal de Goiás

Presidente da Banca

Prof. Dra. Cecília Nunes Moreira Sandrini Universidade Federal de Goiás

Membro da Banca

Leuton Scharles Bonfim Médico Veterinário Membro da Banca

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Dedico,

À todos que acreditaram em minha capacidade de

vencer, especialmente aos meus pais Mauro e Irene,

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irmãos Renata e Rodrigo, e ao meu namorado Gener;

pessoas que eu tanto amo.

AGRADECIMENTOS

À Deus, que sempre esteve ao meu lado nos momentos mais difíceis, e

tenho certeza que me carregou nos momentos insuportáveis.

Aos meus pais, que com muito esforço, carinho e compreensão muitas

vezes deixaram de lado seus sonhos para que o meu pudesse ser realizado.

Aos meus irmãos que me apoiaram durante todos esses anos.

Ao meu namorado pela paciência incomparável e força dada em momentos

difíceis em que eu pensava desistir e por tudo a perder.

À minha orientadora professora MSc. Ana Luísa Aguiar de Castro, pela

paciência, dedicação em me orientar e confiança em mim depositada, acreditando

que seria executado um bom trabalho.

Aos mestres, mais que educadores, verdadeiros amigos, que nem tão

poucas vezes faziam das dificuldades encontradas um elo de aprendizado,

fortalecendo nosso ego para enfrentarmos os obstáculos propostos pela vida.

Aos colegas, irmãos de caminhada, companheiros de momentos de

alegrias e tristezas, que de alguma forma auxiliaram-me a atingir o almejado.

À todos os funcionários da instituição que com o tempo permitiram que

fizéssemos parte de uma grande família.

À Cooperativa, que me recebeu de braços abertos para que pudesse ser

concluída mais uma fase do tão sonhado curso que hoje se torna realidade,

especialmente na pessoa do Supervisor Edinaldo Dourando Rocha Nogueira, que

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esbanjou competência, companheirismo, inigualável paciência e dedicação na

minha complementação profissional.

Enfim, a todos que participaram dessa conquista, não podendo deixar de

lembrar dos animais, o objetivo maior do nosso estudo.

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“ Se vi mais longe, foi por estar de pé sobre ombros de gigantes”.

Isaac Newton

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“ Uma pessoa que tem maturidade intelectual e emocional não deve abrir mão do

que pensa, mas deve dar aos outros o direito de pensarem contrariamente às

suas idéias “ .

Augusto Cury

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.....................................................................................................1

2. DESCRIÇÃO DO ESTÁGIO................................................................................2

3. DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS..........................................4

4. EROSÃO DOS TALÕES....................................................................................10

4.1 Revisão de Literatura............................................................................10

4.2 Descrição do caso e procedimentos adotados.....................................28

4.3 Pós-operatório.......................................................................................31

4.4 Evolução................................................................................................31

4.5 Discussão e conclusão..........................................................................31

5. CONCLUSÃO...............................................................................................37

6. REFERÊNCIAS............................................................................................38

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Perdas advindas das afecções de casco bovino............................................. 11

Figura 2 Anatomia do casco bovino .............................................................................. 12

Figura 3 Anatomia e histologia da casco bovino ........................................................... 13

Figura 4 Distribuição dos problemas de casco dos bovino............................................ 24

Figura 5 Distribuição das lesões de casco no membro posterior dos bovinos.............. 25

Figura 6 Anestesia interdigital do membro pélvico de bovino ....................................... 30

Figura 7 Anestesia de Bier na veia dorso plantar do membro pélvico bovino .............. 33

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Atendimentos na área de Clínica Médica por espécie animal e

suspeita clínica realizados durante o estágio curricular

obrigatório na COMIGO, Rio Verde – GO, no período de 3 de

setembro a 9 de novembro de

2007..............................................................................................

4

Tabela 2 - Procedimentos realizados na área de Medicina Veterinária

Preventiva por espécie animal e suspeita clínica durante o

estágio curricular obrigatório na COMIGO, Rio Verde – GO, no

período de 3 de setembro a 9 de novembro de 2007

......................................................................................................

5

Tabela 3 - Atendimentos na área de Clínica cirúrgica por espécie animal e

suspeita clínica realizados durante o estágio curricular

obrigatório na COMIGO, Rio Verde – GO, no período de 3 de

setembro a 9 de novembro de 2007

...................................................................................................... 5

Tabela 4 - Atendimentos na área de Reprodução Animal e Obstetrícia por

espécie animal e suspeita clínica realizados durante o estágio

curricular obrigatório na COMIGO, Rio Verde – GO, no período

de 3 de setembro a 9 de novembro de 2007

...................................................................................................... 6

Tabela 5 - Observações realizadas por suspeita clínica e espécie animal

durante o estágio curricular obrigatório, na COMIGO, Rio Verde

– GO, no período de 3 de setembro a 9 de novembro, porém 7

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sem nenhuma intervenção

......................................................................................................

1 INTRODUÇÃO

O estágio curricular é atividade integrante do Curso de Medicina

Veterinária, desenvolvido em colaboração com empresas, instituições de

pesquisa e desenvolvimento tecnológico, cooperativas e profissionais liberais,

com orientação de um docente e supervisão de um profissional conveniado com a

Universidade Federal de Goiás – Campus Jataí sem caráter de especialização ou

vínculo empregatício. De caráter obrigatório, com, no mínimo, 360 horas de carga

horária em qualquer área da Medicina Veterinária, visa a complementação do

processo ensino-aprendizagem e a integração Escola/Empresa ou Escola/Escola,

sob forma de treinamento prático, aperfeiçoamento técnico-científico, cultural e de

relacionamento humano.

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2 DESCRIÇÃO DO ESTÁGIO

O estágio foi realizado na Cooperativa Agroindustrial dos Produtores

Rurais do Sudoeste Goiano (COMIGO), Rio Verde – GO, no período de 3 de

setembro a 9 de novembro, perfazendo um total de 465 horas de atividades.

A COMIGO é uma empresa de beneficiamento, industrialização e

comercialização de produtos agropecuários, fundada em 6 de julho de 1975, no

município de Rio Verde – GO, com finalidade de gerar desenvolvimento sócio-

econômico através da atividade agropecuária sustentável nas regiões onde atua.

Em Rio Verde encontra-se a Sede Administrativa, o Complexo Industrial

(fábrica de ração com capacidade de 50 t/h, fábrica de sabão, misturador de

fertilizantes, moageira de soja, refinaria de óleo de soja, unidade de

beneficiamento de sementes, unidade de descaroçamento de algodão, unidade

de processamento de leite com produção de 120.000 L/dia e unidade de sal

mineralizado), o Centro Tecnológico (CTC) de transferência de tecnologias

agropecuárias com área de 169 hectares, lojas agropecuárias, fazendas florestais

e armazéns. A empresa conta também com a Estação Veterinária, localizada no

pólo agroindustrial COMIGO, onde são desenvolvidas pesquisas para testar os

produtos que irão entrar na lista de comercialização da cooperativa, além de

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testes e desenvolvimento de tecnologias, venda de tourinhos puro de origem da

raça holandesa.

A COMIGO possui lojas agropecuárias e armazéns nos municípios de

Jataí, Serranópolis, Acreúna, Jandaia, Indiara, Montividiu, Santa Helena de Goiás

e Paraúna, em breve em Caiapônia, Iporá e Montes Claros, 3.804 cooperados e

1.297 funcionários, atua no campo de produção de alimentos (especialmente

processamento de soja), combinada com a defesa do meio ambiente. Pela

segunda vez, recebeu o prêmio de Gestão Ambiental do Governo do Estado,

além de dar o devido tratamento aos seus efluentes e por seu trabalho de

reflorestamento, entre outros importantes projetos ambientais. A cooperativa

presta assistência técnica a seus cooperados na área veterinária e agronômica,

sob supervisão dos médicos veterinários Edinaldo Dourando Rocha Nogueira;

Vantuil Moreira de Freitas; José Durvalino Rezende Oliveira; Ubirajara Oliveira

Bilego, José Vanderlei Burim Galdeano, do engenheiro agrônomo Eduardo Hara e

da analista de laboratório Nilva Darcy.

A assistência técnica (veterinária e agronômica) aos produtores, na

medida do possível, é agendada e, diariamente nas lojas, os técnicos são

questionados pelos produtores que, informalmente, prestam assistência às

propriedades.

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3 DESCRIÇÕES DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

No período de Estágio Curricular Obrigatório, foram desenvolvidas e

acompanhadas várias atividades em diferentes áreas, da Medicina Veterinária,

como Clínica Médica Veterinária (Tabela 1), Medicina Veterinária Preventiva

(Tabela 2), Clínica Cirúrgica (Tabela 3), Reprodução Animal e Obstetrícia (Tabela

4).

TABELA 1 - Atendimentos na área de Clínica Médica por espécie animal e

suspeita clínica realizados durante o estágio curricular obrigatório

na COMIGO, Rio Verde – GO, no período de 3 de setembro a 9 de

novembro de 2007.

Atividade Espécie Quantidade %

Laminite Eqüina 1 5,26

Intoxicação com silagem Bovina 6 31,57

Abscesso prepucial Bovina 1 5,26

Otite Bovina 1 5,26

Tristeza Parasitária Bovina Bovina 2 10,52

Pneumonia Bovina 2 10,52

Timpanismo Bovina 1 5,26

Botulismo Bovina 5 26,31

Total - 19 100

Fonte: COMIGO, Rio Verde – GO, 2007.

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TABELA 2 – Atendimentos na área de Medicina Veterinária Preventiva por

espécie animal e suspeita clínica durante o estágio curricular

obrigatório na COMIGO, Rio Verde – GO, no período de 3 de

setembro a 9 de novembro de 2007.

Atividade Espécie Quantidade %

Coleta de material para exame de brucelose Bovina 967 55,41

Realização de exame de brucelose Bovina 375 21,48

Aplicação de tuberculina Bovina 150 8,60

Leitura da aplicação de tuberculina Bovina 56 3,20

Realização de exame de A.I.E (Anemia

Infecciosa Eqüina) Eqüina 26 1,49

Everminação Bovina 40 2,30

Vacinação Bovina 117 6,70

Casqueamento preventivo Bovina 4 0,23

Necropsia Ovina 1 0,05

Exame coproparasitológico Ovina

Eqüina

5

4

0,28

0,23

Total _ 1745 100

Fonte: COMIGO, Rio Verde – GO, 2007.

TABELA 3 – Atendimentos na área de Clínica Cirúrgica por espécie animal e

suspeita clínica durante o estágio curricular obrigatório na

COMIGO, Rio Verde – GO, no período de 3 de setembro a 9 de

novembro de 2007.

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Atividade Espécie Quantidade %

Cesariana Bovina 1 5,55

Amputação de falange distal Bovina 1 5,55

Casqueamento curativo Bovina 15 83,33

Atresia anal Bovina 1 5,55

Total - 18 100

Fonte: COMIGO, Rio Verde – GO, 2007.

TABELA 4 – Atendimentos na área de Reprodução Animal e obstetrícia por

espécie animal e suspeita clínica durante o estágio curricular

obrigatório na COMIGO, Rio Verde – GO, no período de 3 de

setembro a 9 de novembro de 2007.

Atividade Espécie Quantidade %

Diagnóstico de gestação Bovina 222 37,63

Exame de andrológico

Concentração espermática

Patologia espermática

Bovina

307

35

18

52,03

5,93

3,05

Parto distócico Bovina 2 0,33

Parto distócico com episiotomia Bovina 2 0,33

Sincronização de estro Bovina 2 0,33

Parto gemelar Bovina 1 0,17

Total - 590 100

Fonte: COMIGO, Rio Verde – GO, 2007.

Também, durante o estágio Curricular Supervisionado foram

observadas nas propriedades assistidas pelos veterinários da COMIGO, algumas

suspeitas clínicas, porém não foi realizada nenhuma intervenção (Tabela 5), ora

pelo não consentimento do proprietário na solução do problema, ora pela falta de

conhecimento da gravidade de determinadas doenças, o que deveria ser evitado

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por meio de esclarecimentos pelos Médicos Veterinários aos produtores e

colaboradores.

TABELA 5 – Observações realizadas por suspeita clínica e espécie animal

durante o estágio curricular obrigatório, na COMIGO, Rio Verde –

GO, no período de 3 de setembro a 9 de novembro, porém sem

nenhuma intervenção.

Atividade Espécie Quantidade %

Dermatofilose Bovina 3 12

Papilomatose Bovina 6 24

Abscesso de subcutâneo Bovina 2 8

Abscesso prepucial Bovina 1 4

Comprometimento vascular do casco por

compressão Bovina 1 4

Frênulo peniano Bovina 1 4

Protusão de terceira pálpebra Bovina 1 4

Lesões podais Bovina 10 40

Total - 25 100

Fonte: COMIGO, Rio Verde – GO, 2007.

Durante as visitas às propriedades, ou mesmo no atendimento informal

na loja, os veterinários da COMIGO realizam um questionário para identificar os

possíveis e principais problemas da propriedade visitada.

Os itens verificados são:

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Higienização das instalações;

Limpeza dos bebedouros; utensílios e cochos;

Fornecimento de água aos animais (qualidade e quantidade);

Sombreamento, natural ou artificial;

Realização diária do teste do caneco;

Limpeza das teteiras;

Observação do nível de vácuo da ordenhadeira;

Cura do umbigo dos bezerros;

Altura da forrageira na entrada e saída dos animais das pastagens;

Fornecimento de ração aos animais;

Fornecimento de sal mineralizado;

Controle de endo e ectoparasitos.

Após feito o 1º diagnóstico, são sugeridas modificações de manejo e

nutrição, acompanhadas por meio de visitas periódicas à propriedade.

Através do número de atendimentos realizados no período de 3 de

setembro a 9 de novembro de 2007, no Município de Rio Verde – GO, tem-se

uma amostragem das principais dificuldades encontradas na região. Observa-se o

número de ocorrências na reprodução (25,37%), no diagnóstico de zoonoses

(64,3%), prevenção (7,18%) e saúde dos cascos (0,85%).

O número elevado de ocorrências na área de reprodução animal se

deve principalmente, à quantidade de exames de andrológico realizados, durante

o estágio, por coincidir com o período preparatório para se iniciar a estação de

monta; já o diagnóstico de zoonoses, Brucelose e Tuberculose, apresentou tal

resultado devido maior conscientização dos produtores em relação as zoonoses a

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nível perdas econômicas e saúde pública, além de maior intensificação da

fiscalização pelo Ministério da Agricultura no controle e erradicação dessas

enfermidades. A prevenção do rebanho obteve destaque por coincidir com o

período de vacinação do mesmo contra Febre Aftosa, onde grande parte dos

produtores aproveitam para fazer a everminação dos animais e aplicação de

outras vacinas necessárias àquele rebanho. Já a saúde dos cascos, ocupou o

quarto lugar nas ocorrências das principais enfermidades encontradas na região,

devido aos vários fatores que podem estar envolvidos na etiologia destas

doenças, que afetam a saúde dos cascos dos bovinos.

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4. EROSÃO DO TALÃO

4.1 Revisão de Literatura

A abertura da economia brasileira para o mercado internacional,

aumentou a concorrência e passou a exigir maior produtividade com melhor

qualidade nos diferentes segmentos produtivos. Na bovinocultura leiteira, os

criadores, com o propósito de alcançar tais avanços, vêm implementando

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métodos de criação modernos, mas muitas vezes, de forma inadequada,

influenciando diretamente nas condições epidemiológicas favoráveis à ocorrência

de várias enfermidades podais, resultando em grandes prejuízos para a pecuária,

SILVA et al. (2001). As claudicações representam uma das principais causas de

dor e desconforto para os bovinos, além de serem responsáveis por perdas

econômicas que podem atingir cifras expressivas, especialmente na pecuária

leiteira (NICOLETTI, 2004).

Segundo o mesmo autor, as lesões podais são responsáveis por 90%

das claudicações em bovinos leiteiros e os prejuízos econômicos se traduzem por

queda na produção; custo de tratamento (mão-de-obra e medicamentos); leite

descartado por resíduos de antibióticos; perda de escore corporal; redução da

capacidade reprodutiva pela ausência de cios; longos intervalos entre partos e

conseqüente queda na taxa de concepção; diminuição na qualidade do sêmen;

descarte precoce do animal com perda total ou parcial da carcaça; menor preço

ao abate; custo de reposição; maior suscetibilidade a outras doenças, (Figura 1).

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FIGURA 1 – Perdas advindas das afecções de casco bovino Fonte: www.nucleovet.com.br

SILVA (1998) afirma que problemas podais em bovinos causam

grandes perdas econômicas, muitas vezes imperceptíveis, visto que ocorrem de

forma crônica e podem comprometer até 20% da produção leiteira e 25% da

produção de carne.

Os pés dos bovinos, segundo FERREIRA et al. (2005), correspondem

às extremidades dos membros, estendendo-se do carpo ou tarso até as falanges

distais dos dedos III e IV que são separados em dígitos mediais e laterais

respectivamente. Nos posteriores os dígitos laterais são maiores por suportarem

mais peso e nos anteriores ocorre o inverso. Os cascos dos bovinos são divididos

em: parte distal da falange média, articulação interfalangeana distal, sesamóide

distal, falange distal, bolsa podotroclear, inserções dos ligamentos dos tendões

Perdas advindas das Afecções de Casco

5%

2% 22%

25%

7%

39%

MortesDescartesPerda na produção Atraso na concepçãoTratamento veterinário e medicamentos Mão de obra

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extensores e flexores profundos, cório, coxim coronariano e digital, e ligamentos.

A área de união entre a pele e o casco é denominada períoplo, seguida da banda

coronária e da muralha do casco. Esta é subdividida em dorsal (face cranial), axial

(face medial) e abaxial (face lateral). A parte inferior de apoio é denominada sola

e é separada da muralha pela linha branca e, a parte mais caudal constitui-se no

talão que corresponde ao calcanhar (Figura 2 e 3).

FIGURA 2 – Anatomia do casco bovino. Fonte: Escola de Veterinária, UFMG, 2005

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FIGURA 3 – Anatomia e histologia do casco bovino. Fonte: Escola de Veterinária, UFMG, 2005

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Vários fatores podem estar envolvidos na etiologia das doenças dos

cascos em bovinos, como: predisposição genética, meio ambiente (estado dos

pisos dos currais, da sala de ordenha e pastagens), manejo (grande concentração

de animais e exercícios excessivos), estação do ano, clima e nutrição (SILVA et

al.,2001).

Dentre esses fatores, a seleção genética para aumentar a produção de

leite, não tem acompanhado a seleção para a qualidade dos cascos e membros

(NICOLETTI, 2004), a fim de os animais suportarem maior peso corporal e as

condições desfavoráveis do ambiente. FERREIRA (2006), cita que a unha em

forma de “saca rolha” (lesão transmitida pela herança genética) predispõe à

rachadura, lesão de difícil recuperação. Em meio aos fatores genéticos, há a

característica estrutural que estabelece a qualidade e conformação dos dígitos,

sendo desejável que os animais tenham o espaço interdigital, ou seja, abertura

entre as unhas, suficiente para evitar que matéria orgânica se acumule entre os

dígitos, podendo ser considerado normal o espaço entre os dígitos que permita a

inserção do dedo indicador (NICOLETTI, 2004).

NICOLETTI (2004), afirma que a pigmentação do casco é também uma

característica racial e, que os cascos claros ou não pigmentados têm menor

resistência que os cascos escuros ou pigmentados, e seriam, portanto, mais

suscetíveis a lesões.

Com relação à conformação dos membros, uma condição hereditária

caracterizada por jarrete muito reto, predispõe os animais a artrites tanto no tarso

e joelho quanto na articulação coxofemural, embora animais que apresentam

ângulo do casco abaixo de 45 º (achinelado) e jarretes fechados são predispostos

a desenvolverem problemas locomotores (NICOLETTI, 2004).

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FERREIRA (2006), afirma que a nutrição é um dos principais fatores

envolvidos com as afecções podais. Com o objetivo de aumentar a produção

leiteira, tem-se buscado elevar o consumo de alimentos pelos animais. Assim

sendo, rações para bovinos, em geral, são formuladas com altos teores

energéticos e muitas vezes com baixa quantidade ou qualidade de fibras, haja

visto que estas são extremamente importantes para estimular a ruminação, maior

produção de saliva com sua ação tamponante no rúmen, auxiliando no controle

da acidose. Além disso, o tamanho das partículas dos alimentos induz a maior ou

menor ruminação, dessa forma NICOLETTI (2004), recomenda que pelo menos

25% da silagem de milho, alimento “básico” da vaca leiteira, tenha fibras maiores

que 5 cm. Dependendo do grau de acidose ruminal, o animal pode desenvolver

quadro de laminite, anorexia, parada da ruminação, deslocamento do abomaso,

acidemia e até mesmo óbito.

As forragens devem corresponder a pelo menos 40% da matéria seca

das rações para vacas em lactação e o nível de concentrado não deve exceder

60%, embora, na rotina de campo seja fornecida quantidade bem superior à

recomendada, podendo ultrapassar 85% (NICOLETTI, 2004), levando a graves

problemas como os citados acima. Para evitar tais conseqüências pode ser

utilizados aditivos na dieta, como os ionóforos e os tamponantes.

PRICE (1985), relata que o uso de ionóforos como a monensina sódica

ou a lasalocida, diminue a incidência de acidose, impedindo a ação o

Srteptococcus bovis, principal bactéria responsável pela produção de ácido lático,

e inibe a presença de bactérias produtoras de metano. RUSSELL (1996), ressalta

o papel da monensina como controladora da elevação do pH ruminal, sobretudo

em dietas com alta porcentagem de grãos.

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Vários produtos tamponantes são disponíveis incluindo bicarbonato de

sódio, carbonato de cálcio, bentonita, e óxido de magnésio (STOCK & MADER,

1998). O uso de tampões pode ser benéfico em rações contendo alto teor de

grãos, na adaptação de bovinos a novas dietas, no uso de silagem de milho, de

grãos com alta umidade ou dietas à base de trigo (SEWELL, 1998). O nível

recomendado de bicarbonato de sódio é de 0,75-1,5% na matéria seca da ração,

cerca de 1% de carbonato de cálcio na matéria seca da ração, e 0,5-0,75% óxido

de magnésio na matéria seca da ração (STOCK & MADER, 1998).

Segundo EROMAN et al. (1982), os ruminantes possuem três meios

básicos de tamponamento do pH ruminal: pela ingestão ou produção de ácidos

pelos microorganismos do rúmen, pelo tampão natural da saliva e por adição de

tampão na dieta.

A capacidade de tamponamento de uma substância é função da

relação entre o número de equivalentes de ácido ou base adicionados e a

variação ocorrida nos valores de pH do meio, sendo mais alta quando o pH do

meio for igual ao seu pKa. Normalmente, os agentes tamponantes oferecem

resistência às mudanças de pH dentro de uma faixa de uma unidade de seu pKa

(ARMENTANO & SOLORZANO, 1988).

Em relação aos microelementos minerais, destaca-se o cobre e o zinco,

que além de componentes essenciais de vários sistemas enzimáticos, são

fundamentais na síntese de queratina para a produção e manutenção da

integridade dos cascos (NICOLETTI, 2004, SMART & CILMBALUK, 1997).

O estresse e as infecções podais reduzem a quantidade de zinco nos

tecidos, como acontece com o cobre. O zinco favorece a integridade dos cascos,

por acelerar a cicatrização das feridas, aumentar a velocidade de reparação do

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tecido epitelial e manter a integridade celular. Em geral, os cascos afetados dos

bovinos contêm maior quantidade de água e menor quantidade de minerais,

particularmente do zinco (KASARI, 1991, HIDIROUGLOU e WILLIANS, 1986). O

cobre, além de estar presente no processo de queratinização e pigmentação dos

tecidos, participa da proteção destes contra infecções e intemperies do meio

ambiente para o sistema imune, onde dietas com níveis baixos de cobre

diminuem a quantidade de granulócitos, leucócitos e neutrófilos reduzindo a

capacidade do organismo bovino em combater infecções (HARMON, 1998).

A exposição excessiva e prolongada à umidade dos currais juntamente

com agentes químicos (urina e fezes) e físicos (abrasividade do piso), mantém a

sola e a parede dos cascos amolecidas, permitindo que pequenos objetos

pontiagudos, como pedregulhos e cascalhos tanto de corredores de passagem

dos animais quanto da própria deterioração do piso de concreto, penetrem com

facilidade nas estruturas profundas dos dígitos, predispondo a infecções

secundárias (NICOLETTI, 2004).

Esses problemas são agravados quando as vacas, por erros de

manejo, permanecem a maior parte do tempo de pé devido a falta de local e/ou

espaço confortável para os animais deitarem (3,5 a 4 m2/vaca). Entende-se por

condição confortável quando 50 a 60% das vacas estão deitadas e ruminando

entre 2 e 4 horas após a alimentação, não devendo permanecer mais de 12

horas/dia de pé, NICOLETTI (2004).

ROMANI et al. (2004), em estudo realizado em 49 propriedades, no

Estado de Goiás, inspecionando 6.930 fêmeas, pôde observar que a lotação é

fator de aspecto relevante na determinação da prevalência de doenças podais, e

fêmeas provenientes de propriedades com mais de dois bovinos por hectare

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revelaram probabilidade 14,12 vezes maior de apresentar enfermidades, quando

comparadas às de propriedades de concentração inferior de animais, verificando

também, que fazendas que recorriam às medidas empíricas para o tratamento de

enfermidades podais, apresentaram 7,15 vezes mais probabilidade desenvolver

pododermatite infecciosa, do que aquelas em propriedades que se recorriam a

serviços veterinários.

FERREIRA (2006), recomenda adoção de medidas de controle das

afecções podais em uma propriedade baseada nos resultados dos fatores

predisponentes diferentes observados na propriedade. Este levantamento deve

ser feito a partir do histórico, do exame clínico completo e detalhado do sistema

locomotor de uma amostra representativa do rebanho, 10 a 20%, possibilitando

diagnóstico das patologias presentes. É necessário conhecer minuciosamente as

condições ambientais incluindo a higiene, os tipos e as condições de pisos, a

temperatura, a área de descanso, os aspectos nutricionais e o manejo alimentar.

Em função do diagnóstico da situação, definem-se as medidas a serem aplicadas:

utilização de pedilúvio, casqueamento de rotina, reforma das instalações,

tratamento de animais doentes, descarte de animais com lesões de prognóstico

desfavorável, correção da nutrição e do manejo alimentar.

a) Pedilúvio – o uso do pedilúvio é um procedimento de rotina no controle

das afecções podais dos bovinos. Não existe um padrão estabelecido quanto à

forma de utilização dos pedilúvios no que se refere à produto químico, tipo de

construção e localização, pois essas informações variam bastante de uma

propriedade para outra, dependendo da gravidade do problema, da época do ano

e mesmo das preferências individuais (NICOLETTI, 2004).

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Os pedilúvios devem ser localizados após a saída da sala de ordenha

em lugar aberto e num corredor alternativo, de forma que se tenha a opção de ser

utilizado ou não (FERREIRA, 2006). Devem ter aproximadamente 80 cm de

largura, 3 metros de comprimento e 20 cm de profundidade com uma lâmina de

solução de 10 cm (FERREIRA, 2006; NICOLETTI, 2004)

Em termos gerais, o pedilúvio tem uso preventivo, quando os animais

simplesmente transitam na solução medicamentosa 2 ou 3 vezes por semana,

embora, a passagem pode ser diária em função da concentração do produto

utilizado. No uso curativo do pedilúvio, os animais ficam com os cascos sub

imersos na solução 2 vezes por dia, durante aproximadamente 15 minutos, por 5

ou 7 dias consecutivos. Os produtos mais indicados, segundo NICOLETTI (2004),

em pedilúvio são: formalina de 3 a 5%, sulfato de cobre 5%, sulfato de zinco a

10% ou as tetraciclinas a 0,1%. A formalina tem a vantagem do menor custo e de

agir por mais tempo em relação aos outros produtos, possui excelente efeito

bactericida e causa endurecimento do casco, atuando como um poderoso

desinfetante mesmo em banhos poluídos com urina e fezes. O produto é cáustico,

irritante, extremamente tóxico ao homem e animais se ingerido ou inalado (não

tem antídoto) seu uso não é recomendado em lesões abertas. NICOLETTI (2004);

recomenda a troca da solução com formalina após a passagem de 100 animais e

da solução com sulfato de cobre e sulfato de zinco após passagem de 50 animais,

entretanto, FERREIRA (2006) sugere a troca da solução com formalina após a

passagem de 500 animais, e após a passagem de 300 a 400 animais, em solução

de sulfato de cobre ou sulfato de zinco.

Partindo do ponto de vista, onde NICOLETTI (2004) afirma que, a

formalina, atua como poderoso desinfetante mesmo em banhos poluídos com

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urina e fezes, e que a solução a base de sulfato de cobre e/ou zinco é

rapidamente inativada quando contaminada com matéria orgânica como barro,

urina e fezes, recomendaria a passagem de pelo menos 300 e 150 animais na

solução a base de formalina e sulfato de cobre e/ou zinco, respectivamente.

O sulfato de cobre e sulfato de zinco, são adstringentes, ou seja,

precipitam proteínas e quando aplicados na área lesada, formam uma camada

protetora, NICOLETTI, 2004. Geralmente são utilizados para endurecer a pele e

os cascos, diminuir secreções exsudativas e inibir pequenas hemorragias, além

de ser levemente anti-séptico, FERREIRA, 2006. Essa solução é rapidamente

inativada quando contaminada com matéria orgânica como barro, urina e fezes,

(NICOLETTI, 2004).

NICOLETTI (2004), sugere a utilização das tetraciclinas sob a forma de

pedilúvio, embora o uso de antibióticos em pedilúvio tenha custo elevado; existe

possibilidade de deixar resíduo no leite e de selecionar cepas bacterianas

resistentes a diferentes princípios ativos.

O manejo inadequado do pedilúvio pode transformá-lo num foco de

contaminação e, consequentemente, de transmissão de doenças podais

(NICOLETTI,2004).

b) Casqueamento de rotina – Seu objetivo é restaurar a conformação

do casco, proporcionando distribuição adequada do peso nas duas unhas e a

estabilidade do animal. Além disso, possibilita descobrir e corrigir lesões em fases

precoces, evitando o desenvolvimento de casos severos. O procedimento deve

ser realizado após limpeza geral do casco com água, sabão e rinetas (facas de

casco), procurando remover todos os resíduos de material orgânico ou tecido

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córneo em excesso e explorar qualquer área da destruição da queratina da

parede axial, sola, talão e linha branca, NICOLETTI (2004).

De acordo com FERREIRA (2006), as opiniões são muito divergentes

quanto ao melhor momento de aparo dos cascos, sendo que alguns autores

sugerem o momento da secagem das vacas leiteiras como o melhor. Entretanto,

como muitas vezes os animais estabulados se encontram com os cascos

desgastados pelos pisos abrasivos dos estábulos, sugere-se que se realizem as

correções logo após a parição, ao se iniciar a lactação. Os aparos devem ser

realizados uma a duas vezes ao ano dependendo das condições dos cascos dos

animais.

c) Ambiente – deve-se eliminar áreas úmidas no ambiente. É

necessário drenar e concertar pisos, retirar a matéria orgânica em excesso e

desinfetar constantemente, com cal e/ou formol a 4% as instalações. Deve-se

evitar o trânsito dos animais em estradas pedregosas ou de pisos irregulares,

oferecer conforto nas áreas de descanso, ou espera da ordenha através de piso

menos abrasivo possível, disponibilidade de água limpa e adequado

sombreamento (FERREIRA et al., 2005).

d) Balanço nutricional – animais de várias categorias, por exemplo,

vacas leiteiras e/ou animais de engorda em confinamento, devem receber

alimentação balanceada, com mistura homogênea, fibras (mínimo 40-45%), FDN

(30%), tamanho da fibra (5 cm ±), FERREIRA et al. (2005).

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e) Descarte de animais – o descarte é recomendado para animais com

prognóstico desfavorável, FERREIRA (2006) e animais que apresentam

problemas de casco hereditário.

f) Isolamento dos animais – o isolamento de animais muito lesionados

pode ser necessário para evitar contaminação do ambiente com a constante

excreção de secreções contaminadas, FERREIRA (2006).

Agentes bacterianos, como o Fusobacterium necrophorum,

Dichelobacter nodosus e espiroquetas, têm sido relacionados como agentes

etiológicos das enfermidades podais (GREENOUGH, 1986; CORBELLINI, 1994;

MORAES 2000). SILVA (1998) elucida que a aquisição de animais sem a

realização de exames específicos do casco e adoção de medidas de

biosseguridade, como a quarentena, constituem fatores importantes para não

permitirem a introdução de animais doentes no rebanho. BERGSTEN (1997)

acrescentou que o gado pode ser acometido por doenças infecciosas do casco

quando introduz-se no criatório animais provenientes de rebanhos contaminados

ou através da introdução de esterco contaminado de locais com animais

infectados. RUTTER (1994) afirmou que é importante interpretar tais fatores, a fim

de corrigí-los e, assim, reduzir a incidência de problemas de casco no rebanho

Além dos vários fatores relacionados a etiologia, já citados, o padrão de

distribuição do peso nas diferentes unhas também é importante nas alterações

que levam à claudicação. Segundo TOUSSAINT-RAVEN (1985), 60% do peso

corporal da vaca se encontra nos membros anteriores, no entanto a maior

incidência de problemas ocorrem nos membros posteriores, mais precisamente

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nas unhas laterais e isso ocorre devido os membros anteriores se inserirem ao

corpo, através de músculos, ligamentos e tendões. Estas estruturas amortecem o

impacto do peso sobre as unhas dos membros anteriores, mais especificamente

sobre o cório. Por outro lado, os membros posteriores se inserem ao corpo

através da articulação coxo-femural de forma mais rígida, não proporcionando o

amortecimento necessário para proteger as unhas, principalmente as laterais

(Figura 4 e 5). Esta má distribuição de peso pode ser a principal razão para o

maior crescimento de tecido córneo e alta incidência de lesões nas unhas

posteriores.

BORGES (1998), afirmou que o maior acometimento dos membros

pélvicos deve-se ao maior contato com fezes e urina e ao excesso de umidade,

principalmente durante a ordenha, além disso, o lado direito pode ser

desfavorecido pela diminuição da circulação neste membro, uma vez que os

bovinos em repouso esternal comumente exercem maior pressão sobre o mesmo.

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Distribuição dos problemas de casco

8%

92%

Cascos dos membros posteriores Cascos dos membros anteriores

FIGURA 4 – Distribuição dos problemas de casco dos bovinos Fonte: www.nucleovet.com.br

Casco do Membro Posterior

68% 12%

20%

Unha Lateral Unha medial Espaço interdigital e região periférica ao casco

FIGURA 5 - Distribuição das lesões de casco no membro posterior dos bovinos Fonte: www.nucleovet.com.br

Em determinadas regiões do país avalia-se que as doenças podais

atinjam números significativos. BORGES et al. (1992) observaram índices de até

14,17% de patologias podais em bovinos leiteiros submetidos a diferentes

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sistemas de manejo. MOLINA et al. (1999), avaliando 469 vacas em lactação,

encontraram uma prevalência de 30,28% de problemas podais na bacia leiteira de

Belo Horizonte. Em Goiás acredita-se que haja propriedades com índices de 0,3%

a 20% de animais claudicantes, tanto em gado de aptidão leiteira quanto em gado

de corte, sendo que, aproximadamente, 10% podem ser decorrentes das

afecções das extremidades distais dos membros locomotores (SILVA, 1997).

A prevalência das enfermidades podais nos rebanhos leiteiros da

Região Centro-Sul do Estado de Goiás, determinada por ROMANI et al.(2004), foi

de 4,5% do total de 6.930 fêmeas bovinas leiteiras avaliadas, com 9,2% das

fêmeas apresentando laminite e 4,4% erosão do talão.

NICOLETTI (2004), afirma que a laminite é responsável por 60 a 70%

dos problemas dos cascos das vacas leiteiras em confinamento, e as duas

principais causas são: animais pesados permanecendo muito tempo em pé, no

piso de concreto e acidose ruminal provocada por fatores diretamente

relacionados à nutrição.

FERREIRA et al. (2005) define laminite como uma inflamação asséptica

das lâminas do cório, causada por um distúrbio da microcirculação e degeneração

na junção derme e epiderme, o mesmo autor cita que a nutrição tem sido o

principal fator na ocorrência da laminite. O excesso de carboidratos facilmente

fermentáveis utilizados com o objetivo de atender às necessidades energéticas de

animais de elevada produção, freqüentemente causa queda acentuada do pH

ruminal (abaixo de 5,5), proliferação acentuada da flora de Streptococcus bovis e

Lactobacillus baixando mais o pH, levando à morte de bactérias gram negativas,

liberação de grandes concentrações de endotoxinas resultando em ruminite com

liberação de mediadores inflamatórios. Sugerindo ainda, que altos níveis de

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carboidratos podem provocar modificações na estrutura dos cascos por liberação

de substâncias vaso-ativas, afetando a circulação do cório através de vaso-

dilatações, congestões, tromboses, isquemias, edemas e hemorragias causando

hipóxia e necrose de tecidos. NICOLETTI (2004) afirma que essas alterações

afetam os mecanismos compensadores de pressão no interior dos cascos como

as junções artério-venosas (“shunt”), leva a isquemia e hipóxia nas células

queratogênicas, inibindo a síntese normal do casco, levando a consequente

degeneração laminar.

Segundo FERREIRA et al. (2005), a ocorrência de erosão do talão é

associada à baixa qualidade dos tecidos córneos secundária à laminite,

confirmado por FERREIRA et al. (2004), em experimento de levantamento de

custo e resultados do tratamento de seqüelas de laminite bovina em vacas em

lactação em sistema free-stall, onde foi detectado 13,4% das ocorrências de

erosão do talão secundária a laminite, obtendo custo com o procedimento

terapêutico de US$23,40 (US$0,78 custo unitário com procedimento cirúrgico e

US$22,62 com procedimento curativo unitário) por animal afetado com a

enfermidade, tendo como número médio de 0,56 procedimentos cirúrgicos e 1,84

curativo, acompanhado de 16,8 (número médio) dias de tratamento, dos 15 casos

de seqüelas (erosão do talão) da laminite de 112 casos relatados.

O custo total do tratamento dos 112 casos de lesões podais, obtido por

FERREIRA et al. (2004) foi de US$5,005.23, representando um custo unitário de

US$44,68. HARRIS et al. (1988) verificaram custos semelhantes na Austrália,

mas, RAMOS (1999) observou um valor um pouco superior no Estado de Goiás,

ou seja, R$133,29, o equivalente a US$51.50.

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As principais enfermidades podais que acometem bovinos são: a

dermatite interdigital, a pododermatite necrosante, o flegmão interdigital, a

pododermatite interdigital, a dermatite digital, a pododermatite asséptica difusa ou

laminite, a pododermatite circunscrita ou úlcera de sola, as erosões, as fissuras,

as deformações (GREENOUGH et al., 1983; SILVA, 1997; RAMOS, 1999).

Um outro fator que tem sido discutido entre os pesquisadores é a

ausência de padronização quanto à nomenclatura das lesões podais. Essa

carência de informações dificulta a adoção de medidas efetivas de controle e

tratamento, concordando com NICOLETTI (2004), o qual afirma que a falta de

padronização na terminologia que caracteriza as diferentes doenças podais, pode

causar divergência e muitas vezes dificultar a comunicação entre os profissionais,

ou seja, lesões semelhantes são descritas empregando-se nomenclaturas

diferentes, muitas das quais consagradas regionalmente.

4.2 Descrição do caso e procedimentos adotados

Aos dias vinte e nove de outubro do ano de 2007, uma fêmea bovina de

produção leiteira da raça holandesa com aproximadamente, 500 kg de peso vivo,

foi atendida por apresentar claudicação intensa nos dois membros pélvicos. A

fêmea, já com alterações locomotoras, havia sido adquirida de outra propriedade,

assim como outras três fêmeas que também apresentavam alterações

locomotoras, sem a adoção de quarentena e assistência técnica.

Na ocasião do atendimento estava confinada em curral (apresentando

matéria orgânica excessiva) com piso de bloquete do tipo paralelepípedo,

juntamente com outros animais, onde ficava no intervalo das ordenhas (2 vezes

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diárias), no período da seca, tendo como fonte de sombreamento, telas de

proteção do tipo sombrite, a propriedade possuía pedilúvio, embora não estava

sendo utilizado. Como a solicitação da presença do médico veterinário havia sido

agendada, o mesmo havia recomendado que no dia do procedimento a fêmea

estivesse em jejum hídrico e alimentar há, pelo menos, 12 horas.

A fêmea foi conduzida ao tronco de contenção, em seguida submetida

ao diagnóstico de gestação, pois, o miorelaxante a ser utilizado pode levar a

aborto no terço final da gestação, não havendo avaliação dos parâmetros

fisiológicos. Ainda no tronco de contenção foi aplicado, via intramuscular 0,05

mg/kg de peso vivo, de Cloridrato de Xilazina (Rompum ® - Bayer S/A – São

Paulo), relaxante muscular (miorelaxante) de ação central. Em seguida o animal

foi retirado do tronco e através de cordas teve seus 4 membros contidos, ficando

o animal em decúbito dorsal. Após criteriosa limpeza com água e sabão e retirada

da matéria orgânica dos pés, considerou-se o tipo de lesão presente,

classificando-a conforme o critério de BERGSTEN (1997) e GREENOUGH,

(2000) para a erosão de talão que seria a perda de substância córnea nos talões.

Na seqüência, foi realizado bloqueio anestésico nos espaços interdigital

craniodorsal e caudoventral (Figura 6) dos cascos afetados com 10 ml de

Cloridrato de Lidocaína 2% (Anestésico “L” Pearson Saúde Animal Ltda. RJ).

Dando continuidade o trabalho foi iniciado pelos cascos saudáveis,

evitando maiores contaminações dos instrumentos e dos cascos, além de não

dificultar a visualização do campo operatório em caso de hemorragia, foi realizado

houve o casqueamento funcional (preventivo), restabelecendo a forma e

proporções normais dos dígitos, restaurando a posição dos membros e

favorecendo distribuição equilibrada do peso do animal. Em seguida, houve

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remoção dos tecidos córneos comprometidos do talão por meio de curetagem,

com rinetas e torquês para dar suporte a retirada do tecido necrótico.

Seguido da curetagem foi realizado tratamento tópico com monometilol

dimetil hidantoína (Formoped® - Laboratórios Pfizer Ltda.), bactericida e anti-

séptico, que não se altera na presença de matéria orgânica, juntamente com

sulfadiazina prata, dicloro divinil pirrolidona e alumínio associada com

cipermetrina (Bactrovet Prata AM - König do Brasil Ltda.- SP), como auxiliar na

cicatrização e repelente; protegeu-se as lesões com bandagens nos dígitos e

espaço interdigital. A bandagem foi protegida por um produto impermeabilizante a

FIGURA 6 – Anestesia interdigital do membro pélvico de bovino Fonte: www.anka.com

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base de dicloro divinil pirrolidona, orto-orto-dimetil-para-nitrofenil-fosforotioato,

alcatrão vegetal esterilizado (Miosthal Pharmalogic Indústria e Comércio Ltda -

Divisão Minerthal Saúde Animal – SP) e aplicação de 1,0 mg/kg, via

intramuscular, de ceftiofur sódico (Minoxel - LAPISA, S.A. de C.V. - México).

4.3 Pós-operatório

Para o pós-operatório foi recomendado a retirada da bandagem dois

dias após o procedimento cirúrgico, tratamento local com Formoped e Bactrovet,

diariamente até completa cicatrização; aplicação de 1,0 mg/kg de Ceftiofur sódico

durante 2 dias consecutivos e, em caso de processo inflamatório (edema), utilizar

acetato de dexametazona (Dexametasona - Labovet Produtos Veterinários Ltda)

na dosagem de 10 mg/animal durante 3 dias, via intramuscular.

4.4 Evolução

Ao retornar a propriedade, 10 dias após a cirurgia, foi observado que a

fêmea bovina encontrava-se bem, não tendo apresentado no pós-operatório

quaisquer complicações.

4.5 Discussão e conclusão

A erosão dos talões é um problema bastante comum em vacas leiteiras

e consiste na destruição da epiderme bulbar ao nível dos talões, causando sulcos

ou fissuras verticais nessa região dos dígitos, quando as lesões tornam-se

extensas e profundas, a destruição dos talões leva a apoio defeituoso, causando

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claudicação (FERREIRA, 2006). A perda do tecido córneo dos talões altera o

equilíbrio natural do pé e remove uma parte essencial do mecanismo

anticoncussão do dígito (NICOLETTI, 2004).

Embora, o procedimento adotado pelo veterinário da cooperativa tenha

sido bem sucedido, na ocasião da anestesia local infiltrativa, poderia ter sido

utilizada a anestesia regional intravenosa ou técnica de Bier (Figura 7), onde o

anestésico é depositado no interior da veia digital dorsal palmar ou plantar, o

anestésico ultrapassa as paredes do vaso difundindo-se no espaço perivascular,

anestesiando as terminações nervosas circunvizinhas. É um método simples e

seguro para promover analgesia nos dígitos de ruminantes, indicada, ainda, para

debridar e suturar feridas de extremidades, remoção de neoplasias, tratamento

cirúrgico de pododermatite, amputação de terceira falange, tenotomias e

neurectomias (BITTENCOURT, 2005).

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A técnica consiste em conter o animal em decúbito lateral, fazer

torniquete na região metacarpiana o metatarsiana do membro, acima do local a

ser manipulado, e canular uma veia calibrosa (veia digital dorsal palmar ou

plantar) para retirar quantidade de sangue equivalente com a de anestésico a ser

depositado. O torniquete não deverá ser retirado precocemente, ou seja, nos

primeiros 15 a 20 minutos após injeção, para evitar intoxicação por anestésico

local. Outro cuidado a ser tomado diz respeito à permanência do torniquete que

não deve exceder a três horas, o que poderia predispor a necrose das estruturas

distais (BITTENCOURT, 2005).

FIGURA 7 – Anestesia de Bier na veia dorso plantar do membro pélvico bovino Fonte: www.novabethania.com

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Após a remoção dos tecidos necrosados, além dos tratamentos tópicos

utilizados, poderia ter feito uso de adstringente, como o sulfato de cobre, a fim de

endurecer a pele e os cascos, diminuindo secreções exsudativas e inibir

hemorragias, provenientes do processo de curetagem, haja visto que esse

procedimento é bastante cruento, seguindo recomendação de GREENOUGH e

WEAVER (1997); SAGÜÉS e MAZZUCCHELLI (1998), que preconizam, remoção

dos tecidos córneos necrosados, retirada das fissuras (se presentes), aplicação

de adstringentes ou antibióticos em spray e alojamento do animal em local limpo e

seco, embora após o procedimento cirúrgico realizado os animais voltaram ao

curral, onde passavam maior parte do tempo, juntamente com os outros animais,

que na ocasião estava cheio de matéria orgânica, o poderia retardar o processo

de cicatrização e até mesmo levar a complicações pós-operatórias devido a

contaminação da lesão.

BORGES & MARSICO FILHO (1995) e MOLINA et al. (1999)

ressaltaram que a higiene é considerada aspecto fundamental no manejo dos

animais e destacaram que altas prevalências de enfermidades digitais podem ser

decorrentes de contato com grande quantidade de matéria orgânica acumulada.

SILVA et al. (2001) acrescentaram como fatores predisponentes a introdução na

propriedade de animais adquiridos sem acompanhamento técnico e sem adoção

de quarentena. GREENOUGH (1997), em estudo revela que animais alocados em

propriedades em que a entrada de bovinos foi freqüente, apresentaram

probabilidade 8,5 vezes maior de ocorrer pododermatite infecciosa

comparativamente a propriedades nas quais, tal prática não era comum.

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Quanto as recomendações feitas no pós-operatório, trabalharia com

questões educativas e preventivas com os colaboradores da fazenda, a fim de

minimizar os problemas de cascos, assim como:

1) Dieta e o manejo alimentar adequados, evitando à ocorrência de

acidose ruminal, em conseqüência lesões podais;

2) Instalações que promovam conforto para o animal e estimulem o

período de descanso; sem excesso de esterco, de lama;

3) Evitar erros no esquema de casqueamento dos animais (falta ou

excesso), sempre que possível chamar pessoas capacitadas para tal atividade;

4) Evitar mão de obra agressiva no momento do deslocamento dos

animais, que possam predispor a injúrias do casco, além da aglomeração

excessiva de animais em um mesmo local;

5) Sempre que adquirir animais provenientes de outra propriedade,

fazer avaliação minuciosa dos pés desses animais e ainda o uso de quarentena;

6) Evitar vazamento de água onde os animais permanecem, ou

transitam frequentemente;

7) Fazer uso adequado de pedilúvio periodicamente.

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No transcorrer do Estágio Curricular foi possível observar alta incidência

de lesões podais que levavam os animais a claudicarem, as lesões apresentadas,

em sua grande maioria estavam presentes nos membros pélvicos de vacas em

lactação, conforme diversos autores como ROMANI et. al. (2004); BORGES

(1998) e FERREIRA (2003).

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5 CONCLUSÃO

Para a Universidade, o estágio permite a adequação das disciplinas

e a atualização das metodologias de ensino, além de avaliar o profissional em

formação. Para o aluno, oferece a possibilidade da visão prática do

funcionamento de uma empresa ou instituição de pesquisa e ao mesmo tempo

à familiarização com o ambiente de trabalho. Possibilita também o treinamento

pela aplicação, aprimoramento e complementação dos conhecimentos

adquiridos, indicando caminhos para a identificação de preferências para

campos de atividades profissionais. Para a Empresa ou Instituição, o estágio

reduz o período de adaptação do profissional ao seu quadro, facilita o

recrutamento de técnicos com perfil adequado aos seus interesses, e estimula

a cooperação com a universidade na solução de problemas práticos,

participando assim de maneira direta e eficaz na formação de profissionais de

nível superior, contribuindo para melhorar a adequação da teoria com a prática.

O Estágio Curricular Supervisionado foi um momento excepcional para

sedimentar o conhecimento adquirido durante a graduação, além de permitir

conhecer a realidade da atividade no campo.

A Cooperativa Agroindustrial do Sudoeste Goiano – COMIGO, forneceu

todo o apoio necessário, criando a possibilidade de acompanharmos os mais

diversos casos clínicos, ensinando-lhes mais do que técnicas e procedimentos

ligados a veterinária, ensinaram a ética e o profissionalismo, indispensáveis ao

exercício desta nobre profissão.

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