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BÍBLIC A (Escola da Fé) Evangelho segundo Mateus

ESCOLA BÍBLICA (Escola da Fé) Evangelho segundo Mateus

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  • ESCOLA BBLICA (Escola da F) Evangelho segundo Mateus
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  • 1 Viso geral do Evangelho O que so os evangelhos? NO so a histria da vida de Jesus; NO esto preocupados em contar fatos da vida humana de Jesus de Nazar: no dizem qual o seu aspecto fsico, como se vestia, o que comia, como foi educado... Os evangelhos tm somente uma inteno: mostrar que Ele o Cristo de Deus, o Messias de Israel que por ns morreu e ressuscitou, de modo que aquele que crer no seu nome, receber o Batismo por parte da Igreja e, fazendo parte da
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  • 1 Viso geral do Evangelho Comunidade de Jesus (que a Igreja), alimentar-se da Eucaristia, tem a vida eterna em nome de Jesus. Assim, os evangelhos no so a narrao neutra, imparcial como um documento histrico, mas so relatos escritos por cristos e para cristos que acreditavam em Jesus e queriam que as pessoas, lendo esses relatos, tivessem f no Senhor. Isto aparece muito claro no final do Evangelho de Joo:
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  • 1 Viso geral do Evangelho Jesus fez, diante de seus discpulos, muitos outros sinais ainda, que no se acham escritos neste livro. Esses, porm, foram escritos para crerdes que Jesus o Cristo (= o Messias), o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais a vida em seu nome (Jo 20,30-31). Portanto bobagem fazer algumas perguntas como: o que Jesus fez entre os doze e os trinta anos? Como era a sua vida de famlia? Qual era o seu aspecto fsico? Como foi que Maria conheceu e casou com Jos?
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  • 1 Viso geral do Evangelho Os evangelhos nem de longe se preocupam com isso: eles somente esto interessados em nos fazer compreender uma coisa: Cristo morto e ressuscitado o Senhor e nele ns temos a salvao se nele acreditarmos!
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  • 1 Viso geral do Evangelho b) Como surgiram os evangelhos? Hoje temos quatro evangelhos bem arrumadinhos na nossa Bblia. Mas o seu nascimento no foi simples nem fcil. Jesus morreu e ressuscitou no ano 30(33) da nossa era; pois bem, ele no mandou escrever nada: Ide por todo o mundo e proclamai o Evangelho a toda a criatura. Aquele que crer e for batizado ser salvo (Mc 16,15-16).
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  • 1 Viso geral do Evangelho Ento, a Igreja nascente proclamou o Evangelho, batizou, celebrou a Eucaristia (chamada no Novo Testamento de frao do po)... e tudo isso sem existir ainda o Novo Testamento. A Igreja de Cristo, a Igreja catlica, vem antes da Bblia: os apstolos no andavam com a Bblia debaixo do brao... ainda no havia Novo Testamento.... e j havia Igreja catlica!
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  • 1 Viso geral do Evangelho Palavra CATLICO, significado: Vem do grego "katholikos", que quer dizer, para todos ou universal. a Igreja Catlica, a Boa Nova pregada por Jesus Cristo, o prprio nascer do Cristianismo, que levou a libertao, no s para o povo escolhido inicialmente por DEUS, os Judeus, como tambm, para toda a humanidade. O Prprio Senhor Jesus, pediu a Pedro que apascentasse seu rebanho. No caso, seus seguidores.
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  • 1 Viso geral do Evangelho Se no havia os quatro evangelhos, que Evangelho os Apstolos pregavam? O Evangelho (= Boa Notcia) um s: Cristo morreu e ressuscitou para nos salvar! O Pai ressuscitou Jesus e derramou sobre ele o Santo Esprito e quem crer no nome de Jesus recebe este Esprito para a remisso dos pecados e tem a vida eterna!
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  • 1 Viso geral do Evangelho Um bom resumo desse Evangelho est em 1Cor 15,1-8. O Evangelho no um livro escrito, mas uma boa notcia, uma novidade alegre de salvao, que Cristo entregou sua Igreja, chefiada por Pedro e os Doze! Contudo, medida que os Apstolos iam pregando, as vrias comunidades crists (no Novo Testamento tais comunidades so chamadas de igrejas) iam colocando por
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  • 1 Viso geral do Evangelho escrito alguma coisa sobre Jesus, de modo que foram aparecendo pequenas apostilas... umas com alguns milagres de Jesus, outras com algumas curas, outras com seus discursos ou pequenas frases soltas... Pois bem, o primeiro que reuniu uma parte deste material e arrumou tudo num evangelho escrito foi So Marcos, l pelo ano 63 portanto, 33 anos aps a morte e ressurreio de Jesus! Depois surgiram os
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  • 1 Viso geral do Evangelho outros evangelhos. Estes evangelhos nem sempre foram escritos por um apstolo. Quando trazem o nome do apstolo porque foram escritos com base na sua pregao, na pregao apostlica. Um exemplo disso est no final do evangelho de Joo: Este o discpulo que d testemunho dessas coisas e foi quem as escreveu; e sabemos que seu testemunho verdadeiro (Jo 21,24).
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  • 1 Viso geral do Evangelho Vejamos: quem o discpulo que d testemunho? Joo, o Discpulo Amado; e quem so as pessoas que sabem (sabemos, diz o texto!) que o testemunho de Joo verdadeiro? Sos os cristos das comunidades fundadas por Joo, que escreveram a sua pregao e a colocaram por escrito! So eles os autores do Quarto Evangelho!
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  • 1 Viso geral do Evangelho Mais uma coisa interessante: no foram escritos somente quatro evangelhos, mas muito mais de dez.... Por exemplo: o Proto- Evangelho de Tiago, o Evangelho de Pedro, o Evangelho dos Doze Apstolos, o Evangelho aos Hebreus.... e muitos outros! Diante desta confuso toda, como saber quais eram os escritos inspirados? Foi a Igreja a Igreja catlica! quem decidiu, com a assistncia do Santo Esprito (cf. Mt 28,20; Jo 14,25-26; At 15,28) quais daqueles livros e cartas eram inspirados!
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  • 1 Viso geral do Evangelho Foi assim que surgiram nossos quatro evangelhos atuais. Naquele tempo eles no eram chamados de evangelhos, mas sim de Memrias dos Apstolos, porque traziam por escrito no um relato jornalstico sobre a vida de Jesus, mas o miolo da pregao apostlica. So Justino, que viveu no sculo II, escreveu assim, l pelo ano 150, contando como se celebrava a Missa:
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  • 1 Viso geral do Evangelho No dia que se chama do sol (era o modo dos pagos chamarem o domingo) celebra-se a reunio dos que moram nas cidades ou nos campos e ali se lem, quanto o tempo permite, as Memrias dos apstolos ou os escritos dos profetas (quer dizer, o Antigo Testamento). Somente no final do sculo II e incio do sculo III, estes quatros escritos passaram a se chamar evangelhos (no plural). Ento, pregar o Evangelho muito mais do que ler e explicar os quatro evangelhos!
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  • c) O Evangelho de Mateus O Evangelho segundo Mateus no o mais antigo: enquanto Marcos foi escrito em 63, Mateus somente foi escrito l pelos anos 80 quase vinte anos depois de Marcos! No sabemos quem seu autor. A Tradio da Igreja o atribui a Mateus, significando que este evangelho um eco fiel da pregao apostlica. Sabemos com certeza que ele foi escrito para os cristos que se converteram do judasmo, cristos de raa israelita. 1 Viso geral do Evangelho
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  • Isto fcil de perceber pela quantidade de vezes que Mateus cita o Antigo Testamento. Muitas vezes ele vai dizer: Isto aconteceu para que se cumprisse a Escritura... Ora, somente os judeus conheciam a Escritura, quer dizer, o Antigo Testamento! Outra coisa: quando Mateus fala dos costumes dos judeus nunca precisa explic- los... por que? Porque estava escrevendo para judeus que conheciam muito bem tais costumes. 1 Viso geral do Evangelho
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  • Quando Mateus escreveu o seu evangelho, que imagem de Jesus ele quis mostrar? Para ele, Jesus : O NOVO MOISS. Uma tal ideia aparece at mesmo no modo como Mateus arruma seu evangelho: ele o divide em cinco partes para recordar os cinco livros da Lei de Moiss. Muitas vezes Jesus vai ser apresentado sobre o monte, como Moiss no Monte Sinai. A narrativa da infncia de Jesus, Mateus a escreve copiando muita 1 Viso geral do Evangelho
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  • coisa daquilo que os judeus contavam sobre a infncia de Moiss (coisas que no esto na Bblia!). ELE TAMBM O FILHO DE DEUS, nascido por obra do prprio Deus. Ele aquele que vem realizar as promessas a Abrao e a Israel. Por isso mesmo Mateus faz questo de afirmar que Jesus descende de Abrao: Livro da origem de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abrao (Mt 1,1). 1 Viso geral do Evangelho
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  • ELE O NOVO DAVI, o verdadeiro Davi prometido pelos profetas, o Messias (= o Ungido) verdadeiro, rei de Israel. Por isso mesmo Mateus faz questo de mostrar na sua genealogia (cf. Mt 1,1-17) que Jesus descende do rei Davi. Finalmente, para Mateus JESUS O DEUS MESMO CONOSCO. Ele no um simples profeta, no um simples mensageiro: ele Deus mesmo que vem visitar e habitar com o seu povo. Isso aparece no incio e no fim do evangelho (cf. Mt 1,23 e Mt 28,20). 1 Viso geral do Evangelho
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  • Outra coisa importante: para Mateus, o tema central da pregao e misso de Jesus o anncio e instaurao do Reino dos Cus. Em outras palavras: Jesus aquele que anuncia e torna presente o Reino dos Cus, o Reino de Deus que o Antigo Testamento tanto tinha prometido! 1 Viso geral do Evangelho
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  • d) O esquema do Evangelho de Mateus 1 Evangelho da Infncia (Mt 1 2) - A 2 A promulgao do Reino dos Cus (Parte I) ( Mt 3 7) - A B 3 A pregao do Reino dos Cus (Parte II) (Mt 8 10) - B C 4 O mistrio do Reino dos Cus (Parte III) (Mt 11 13,52) - C B1 5 A Igreja, primcias do Reino dos Cus (Parte IV) (Mt 13,53 18) B1 A1 6 O advento prximo do Reino dos Cus (Parte V) (Mt 19 25) A1 7 A paixo e a ressurreio (Mt 26 28)
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  • Algumas observaes sobre o esquema: Se olharmos com ateno o evangelho foi esquematizado em cinco partes, comparando com os cinco livros de Moiss. A parte mais importante das cinco a do meio: assim: A, B, C, B1, A1. Cada uma das cinco partes composta de um bloco de narrativas e de um discurso. Assim, em Mateus, Jesus, novo Moiss, faz cinco discursos: o Discurso da Montanha, o Discurso da Misso, o Discurso das Parbolas, o Discurso sobre a Igreja e o Discurso Escatolgico. 1 Viso geral do Evangelho
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  • Alm das cinco partes, Mateus coloca uma introduo (as narrativas da infncia de Jesus) e uma concluso (a Pscoa do Senhor), que , sem dvida, o ponto alto do evangelho. Em todos os quatro evangelhos tudo que se escreve preparao para mostrar que o Senhor morto e ressuscitado o nosso Salvador. 1 Viso geral do Evangelho
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  • O Evangelho da infncia segundo Mateus (Mt 1 2) Trata-se de um midraxe (um modo de contar uma histria prprio dos judeus) no qual Jesus apresentado como o novo Moiss. Para isso Mateus usa as histrias que os rabinos contavam sobre o pequeno Moiss: fara soube que nasceria um menino judeu que iria libertar o povo e manda matar todas as crianas judias; os pais de Moiss eram santos e piedosos e um anjo anunciou-lhes que seu filho iria libertar Israel, etc. 1 Viso geral do Evangelho
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  • Mateus deseja mostrar tambm que Jesus que aquele que refaz o caminho de Israel, chamado do Egito (Mt 1 2). Ele o fruto maduro e santo de Israel, que vai passar a limpo a histria do seu povo. Portanto, a inteno do Evangelista apresentar Jesus como aquele prometido pelas Escrituras de Israel, o Profeta, prometido desde os tempos de Moiss. 1 Viso geral do Evangelho
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  • Mas ele mais que Moiss: o Filho de Deus, o Emanuel, Filho de Davi! Por isso Mateus narra a origem humana de Jesus: se por um lado ele vem de Abrao e de Davi, por outro, ele vem diretamente de Deus (da Mateus contar a concepo virginal). Ele o Emanuel, o prprio Deus no meio do seu povo! 1 Viso geral do Evangelho
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  • O mistrio do Reino dos Cus (Mt 11 13,51) a) A parte narrativa (11,1 12,50) Este o tema central do Evangelho de Mateus: o Reino do cus que Jesus veio trazer. Mateus comea narrando vrias cenas e palavras de Jesus: Jesus partiu para pregar e ensinar nas cidades deles (11,1): 1 Viso geral do Evangelho
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  • Ele manda dizer ao Batista que o Messias que traz o Reino (11,1-15). Diante dele preciso decidir-se e isto vai ser decisivo para o destino eterno de cada um (11,16-24). Somente quem for simples pode acolher o Reino que ele traz e aceit-lo como Messias (11,25-30). Como Messias, ele o Senhor do sbado (Mt 12,1-14). Mas vai implantar o Reino como o Servo sofredor predito por Isaas (12,15-21). Trazendo o Reino dos Cus, ele expulsa o reino de Satans ((12,22-37). 1 Viso geral do Evangelho
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  • Por tudo isso no se pode ficar indiferente diante de Jesus: preciso fazer parte da nova famlia que ele vem fundar (a Igreja) (12,43- 50). O sinal definitivo da presena do Reino ser a Ressurreio (12,38-42). b) O Discurso das Parbolas (13,152) Mas sobretudo no Discurso das Parbolas que Jesus apresenta o mistrio do Reino dos Cus. Mateus rene sete parbolas (sete o nmero da perfeio, da plenitude): 1 Viso geral do Evangelho
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  • Jesus se senta num barco ( a posio prpria do mestre, de quem est na cadeira de Moiss) e a apresenta o Reino: como o semeador que lana a semente (13,1-23) como um campo de trigo no qual cresce o joio (13,24-30) como um gro de mostarda (13,31-32) como o fermento que leveda a massa (13,33) 1 Viso geral do Evangelho
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  • como um tesouro de grande valor (13,44) como uma prola preciosa (13,45-46) como uma rede jogada no mar (13,47-50) A promulgao do Reino dos Cus (Mt 3 7) Nesta primeira parte (A) do corpo do evangelho de Mateus, o evangelista que apresentar a promulgao, quer dizer, o decreto do Reino do Cus: quais so suas leis, seus valores, suas caractersticas. 1 Viso geral do Evangelho
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  • a) A parte narrativa (3,1 4,25) O Batista prepara a chegada do Messias que vai trazer o Reino (3,1-12) Jesus aparece e batizado e ungido com o Esprito como Messias-Servo sofredor (3,13- 17) O Esprito leva Jesus para ser provado no deserto (4,1-11) Jesus volta para sua terra e comea a anunciar o Reino, convidando converso (4,12-17) 1 Viso geral do Evangelho
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  • Em vista do Reino e da Igreja, ele comea a escolher seus discpulos (4,18-22) Jesus ensina e cura, como sinal da chegada do Reino que destri o reino de Satans (4,23- 25) b) O Discurso da Montanha (5,1 7,29) Jesus senta-se (como Moiss na sua ctedra) no Monte (como Moiss no Sinai); a ele vai promulgar a Lei do Reino dos Cus: uma lei toda interior, feita de bondade, 1 Viso geral do Evangelho
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  • sinceridade, misericrdia, confiana em Deus e total abandono nas suas mos. Quem aceitar o Reino que Jesus trouxe, constri a casa de sua vida sobre a rocha. Neste discurso, que comea com as bem- aventuranas, Jesus quer ensinar: O esprito que deve animar os filhos do Reino (5,3-48) = a benignidade O esprito com o qual eles devem cumprir as leis religiosas (6,1-18) = a sinceridade interior 1 Viso geral do Evangelho
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  • O desprendimento das riquezas (6,19-34) As relaes com o prximo (7,1-12) = a bondade A necessidade de entrar no Reino por uma deciso que transforme a vida (7,13-27) = a radicalidade sincera 1 Viso geral do Evangelho
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  • O advento prximo do Reino dos Cus (Mt 19 - 25) Esta parte (A1) est ligada parte I (A): o Reino dos Cus que Jesus promulgou no incio de sua pregao, ele agora vai realiz-lo efetivamente: com ele o Reino vir em plenitude! 1 Viso geral do Evangelho
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  • a) Parte narrativa (19,1 23,39) No primeiro bloco desta parte Mateus procura apresentar palavras e gestos de Jesus que mostram o quanto o Reino exigente: a questo do divrcio (19,1-9), o celibato (19,10-12), a necessidade de ser como as crianas (19,13-15), a necessidade de deixar tudo pelo Reino (19,16-30), a necessidade de fazer tudo isso por amor de Deus e no por interesse mesquinho (20,1-16), a necessidade de estar com Jesus na sua provao, 1 Viso geral do Evangelho
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  • seguindo-o sempre (20,17-34). Outro tema importante a polmica de Jesus com Israel que, recusando Jesus recusa o Reino e se tornar estril (21 22). Finalmente, Jesus censura os escribas e fariseus que se sentaram na ctedra de Moiss (23,2), ctedra que de Jesus! A Jesus lana-lhes oito ais, em contraposio s oito bem- aventuranas: a mensagem clara: diante do Reino, necessrio escolher entre a bno e a maldio. Jesus faz o que Moiss fez com Israel (cf. Dt 28,1-46; 11,29; Js 8,32-35). 1 Viso geral do Evangelho
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  • b) O Discurso Escatolgico (24,1 25,46) Neste belssimo Discurso Mateus usa o estilo apocalptico, isto , fala do apario final do Reino usando imagens fortes como num quadro pintado com tintas bem berrantes, para chamar ateno! S entende bem este discurso quem entender sua linguagem simblica, cheia de imagens muito usadas na poca de Jesus. importante observar que aqui Mateus mistura dois tipos 1 Viso geral do Evangelho
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  • de palavras de Jesus: um sobre a destruio de Jerusalm e outro sobre o fim dos tempos: a destruio de Jerusalm, que acontecer logo [esta gerao no passar sem que tudo isso acontea (24,34)] um sinal, um prenncio do final dos tempos, que acontecer numa hora em que no pensais (24,44), pois daquele Dia e da Hora, ningum sabe, nem os anjos dos cus, nem o Filho, mas s o Pai (24,36). Para compreender este discurso, eis algumas observaes importantes: 1 Viso geral do Evangelho
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  • Quando Jesus fala em revolues, dores (= fenmenos histricos) e sinais na natureza (fenmenos csmicos) para dizer que o Reino vai transformar e purificar a histria humana e toda a criao: nada deixar de ser confrontado com o Reino dos Cus! O que realmente interessa a Jesus o apelo vigilncia: contra os falsos profetas e falsos messias (24,4-5), contra a apostasia e o esfriamento da f (24,9-14.37-44). Jesus previne que o caminho no fcil, mas quem 1 Viso geral do Evangelho
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  • perseverar ser salvo (24,13)! As quatro parbolas que Mateus coloca neste Discurso mostram bem isto: A parbola da figueira (24,32-36): necessidade de estar atentos aos sinais do Reino A parbola do mordomo (24,45-51): necessidade da fidelidade esperanosa A parbola das virgens (25,1-12): necessidade de vigiar 1 Viso geral do Evangelho
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  • A parbola dos talentos (25,14-30): necessidade de trabalhar pelo Reino Tudo isto se completa no quadro impressionante do ltimo julgamento: nossa atitude diante de Jesus e de seu Reino decidiro nossa sorte eterna. Mas nossa atitude diante de Jesus passa por nosso comportamento em relao aos irmos (25,31-46), 1 Viso geral do Evangelho
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  • A pregao do Reino dos cus (Mt 8 10) Nesta parte Mateus rene muito de quanto Jesus fez e disse sobre a misso de anunciar o Reino. a) Parte narrativa (8,1 9,38) Aqui Mateus deseja mostrar o que deve fazer e como deve agir e sentir aquele que ministro do Reino. O modelo de pregao o prprio Jesus: ele compassivo com o 1 Viso geral do Evangelho
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  • leproso e a hemorrossa, aberto a todos, como foi ao centurio e ao pecador Mateus, ele tem pena de todos: no frio, legalista, indiferente e distante! O evangelista apresenta uma srie de dez milagres, apresentando-os, portanto, como sinais que acompanharo a pregao do Reino este o sentido dos milagres nos evangelhos: so sinais! 1 Viso geral do Evangelho
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  • b) O Discurso sobe a Misso (10,1-42) Jesus chama os Doze e os envia: deles nascer a Igreja! O que Jesus diz aos Apstolos vale para os seus sucessores em todos os tempos; vale at mesmo para cada cristo, discpulo de Jesus: eles devem pregar a todos e a todos levar a paz do Reino (aqui Jesus manda pregar somente a Israel (10,5-7); depois da ressurreio mandar a todo o mundo (28,19-20). Todos sero julgados pela atitude diante dos enviados de Jesus (10,5-16) 1 Viso geral do Evangelho
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  • os missionrios sero sinal de contradio, como Jesus (10,17-25) no devem ser covardes nem medrosos (10,26-33) se Jesus sinal de contradio, os discpulos tambm o sero e devero segui-lo nisso (10,34-39) onde estiver um anunciador do Reino, a estar o prprio Jesus (10,40-42) 1 Viso geral do Evangelho
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  • A Igreja, primcias dos Reino dos cus (Mt 13,53 18) Mateus liga esta parte IV (B1) parte II (B). A pregao dos Apstolos d origem Igreja, incio do Reino dos Cus: na Igreja o Reino j se faz presente como uma semente que um dia dar fruto! 1 Viso geral do Evangelho
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  • a) Parte narrativa Aqui Mateus rene um material muito diverso, mas sempre em relao com a Igreja: Jesus rejeitado em Nazar: ele formar uma nova Ptria, um novo Povo, a Igreja (13,53-58) destino de Joo Batista j indica qual ser o destino que o antigo Povo dar a Jesus (14,1- 12) 1 Viso geral do Evangelho
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  • As multiplicaes dos pes mostra Jesus, novo Moiss, que alimentar com o novo man (a Eucaristia) o novo Israel (14,13-21; 32-39): os dois milagres mostram que a Igreja reunir judeus e pagos Aparece tambm o papel de Pedro: caminha sobre as guas e feito pedra da Igreja (14,22-34;16,13-20; 17,24-27 Jesus realiza cura para os pagos prenunciando a misso da Igreja e a converso dos pagos, que sero o novo Israel (14,34-36; 15,21-28) 1 Viso geral do Evangelho
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  • Jesus reprova as tradies do antigo povo, incrdulo e cheio do velho fermento (15,1- 20; 16,1-13). Jesus anuncia sua paixo e convida a segui-lo: a Igreja dever sempre responder este convite (16,21-28; 17,22-23) Jesus convida seus discpulos viver na f (17,14-20) Jesus se transfigura: ele aquele de quem o Antigo Testamento (Moiss e Elias) tinha falado: a Igreja dever sempre ouvi-lo! Ele morrer, mas venceu! (17,1-8) 1 Viso geral do Evangelho
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  • b) O Discurso sobre a Igreja Aqui Mateus rene vrias palavras de Jesus sobre a vida da Comunidade: a Igreja deve ser como Jesus sonhou para ser sinal do Reino dos Cus! Na Igreja, maior quem serve mais (18,1-4) Deve-se evitar o escndalo, sobretudo por causa dos fracos na f, que podem se desgarrar; os pastores devem preocupar-se com estes (18,5-14) 1 Viso geral do Evangelho
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  • Na comunidade deve haver a correo fraterna (18,15-18) Deve-se rezar em comum e perdoar-se mutuamente (19-35) 1 Viso geral do Evangelho
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  • Concluso do Evangelho: A paixo e ressurreio do Senhor Cada evangelho tem seu ponto alto na Pscoa do Senhor. Por isso mesmo cada evangelista apresenta de modo orante e contemplativo aqueles acontecimentos que marcam a salvao que Deus nos deu por Jesus. Os evangelhos no narram um fato cru: eles interpretam, querem mostrar o que est por trs dos acontecimentos primeira vista absurdos e sem sentido! 1 Viso geral do Evangelho
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  • No seu relato da paixo, morte e ressurreio, Mateus deseja mostrar que as Escrituras judaicas so plenamente cumpridas e o Reino dos Cus instaurado (26,29)... tanto que os pecados so perdoados (26,28), a nova aliana selada (26,27-28) a morte vencida, os mortos saem dos tmulos e podem entrar com o Messias na Jerusalm Celeste (27,51-54). A Pscoa judaica vai ser cumprida na Pscoa de Jesus (26,1-2) e o templo de Jerusalm e o 1 Viso geral do Evangelho
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  • antigo culto da antiga aliana perde o seu sentido (27,51). Tudo culmina na Ressurreio, aps o Sbado, ao raiar do Primeiro Dia (28,1), dia novo do novo Reino; dia da alegria (28,9). Mas somente pode participar da alegria de ver o Ressuscitado quem estiver disposto a caminhar, a ir para a Galilia para comear a misso de anunciar o Reino (28,7). 1 Viso geral do Evangelho
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  • Mateus encerra o seu evangelho de modo estupendo: o Novo Moiss, sobre montanha, como no Monte Sinai, abenoa os seus e os envia definitivamente em misso... e promete: Eu estudarei convosco at a consumao dos sculos! (Mt 28,16-20). 1 Viso geral do Evangelho
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  • Para que foi escrito o Evangelho segundo Mateus? Mateus escreveu para a sua comunidade, ou as comunidades que viviam na sua regio. Contudo, quais eram essas comunidades, e em que situao se encontravam? Voltemos ao sculo I, pelos anos 70. Em 70 d.C. o imprio romano invadiu a Palestina, que j era sua colnia e lhe pagava tributos. Sufocou o movimento judaico revolucionrio, tomou Jerusalm e destruiu o templo. Os judeus tiveram que se dispersar e 1 Viso geral do Evangelho
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  • se reorganizar. As comunidades crists que a existiam saram antes. Algumas foram para Pela, no lado oriental do rio Jordo, outras se espalharam pela Sria e Fencia, e outras ainda se refugiaram junto comunidade de Antioquia na Sria. E foi provavelmente de Antioquia, pelo ano 80 d.C., que Mateus escreveu o seu evangelho para essas comunidades que tinham nascido na Palestina. Isso explica um pouco as preocupaes de Mateus. Ele um judeu convertido ao cristianismo e se dirige ao mesmo tipo de pessoas. 1 Viso geral do Evangelho
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  • Primeiro quer mostrar que Jesus e sua ao realizam tudo o que o Antigo Testamento anunciava, pedia e prometia. Depois, que o cristianismo tambm ruptura com a religio judaica oficial, cristalizada em formas e vivncias que j estavam muito distantes do projeto de Deus revelado e realizado em Jesus. Finalmente, quer mostrar que as comunidades no devem ficar fechadas em Si mesmas, um olhando para o outro, mas se abrir para todos, levando a todos os tempos e lugares a palavra e a ao que libertam para a vida nova. Qual? o que veremos depois, e ento compreenderemos como a notcia do evangelho de Mateus realmente boa. 1 Viso geral do Evangelho
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  • EVANGELHO CATEQUESE s vezes pensamos que o evangelho biografia de Jesus. E no . Os evangelhos representam uma segunda etapa do anncio de Jesus e da sua misso, dos quais as comunidades so chamadas a participar. O primeiro anncio era muito simples e consistia em proclamar uma acusao de que a sociedade tinha assassinado um inocente que s queria a justia e a vida (Atos 2,23.32-36). Pegas de surpresa e arrependidas, as pessoas se convertiam a Jesus..Mas, e agora? Fazer o que? Vinha ento a segunda etapa: aprender que a vida de Jesus era um modelo inspirador para a busca da justia e da vida. 1 Viso geral do Evangelho
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  • De incio muito resumida, era feita a catequese, o ensino de quem tinha sido Jesus e de como ele tinha vivido. Lendo Atos 10,36-43 podemos ter uma ideia de como era essa primeira catequese. E, olhando bem, nela j aparece bem claro o esquema fundamental dos evangelhos. Os evangelhos so o desenvolvimento dessa catequese inicial. No foram escritos para dar informaes, mas para ajudar as comunidades a descobrir o sentido das palavras, aes e vida de Jesus, que revelam e concretizam o projeto de Deus para a vida da humanidade. Pela f a comunidade j se comprometeu com esse projeto. Agora preciso 1 Viso geral do Evangelho
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  • conhec-lo profundamente, para continu-lo na sua vida, palavra e ao. Entendamos bem. No se trata de imitar Jesus. O importante e perceber como ele compreendeu e realizou o projeto de Deus em seu tempo. A nos todos cabe a tarefa de, inspirados por ele, recriarmos em nosso tempo e lugar a palavra e a ao que concretizam o projeto de liberdade e vida que Deus quer para todos. O que tambm a nossa mais profunda aspirao. 1 Viso geral do Evangelho
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  • Para refletir em grupos 1. O que significa a palavra evangelho? 2. Por que o evangelho de Mateus uma boa notcia? 3. A situao das comunidades para as quais Mateus escreveu e semelhante situao de nossas comunidades? 4. Para que foram escritos os evangelhos? 1 Viso geral do Evangelho
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  • JESUS, MESTRE DE JUSTIA Ao ler cada um dos evangelhos, devemos prestar ateno a como o evangelista apresenta Jesus. Isso particularmente importante no evangelho de Mateus. Quem Jesus?
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  • Jesus o "Deus conosco Ao comentar o sentido do nascimento de Jesus, Mateus cita o texto do profeta Isaas (7,14): "Vejam: a virgem conceber, e dar a luz um filho. Ele ser chamado pelo nome de Emanuel, que quer dizer: Deus est conosco". Dessa forma, o evangelista aponta para todo o mistrio da pessoa de Jesus. Nele, o Deus que habitava na eternidade vai se tomar prximo de ns, morando em nosso meio, participando de nossa vida, nossas aspiraes, lutas e realizaes. E at quando ele vai ficar entre ns?
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  • E vai ficar conosco para sempre O fim do evangelho mostra Jesus entre os discpulos, isto , a comunidade crist. Depois de mandar que todos continuem a sua misso, batizando as pessoas e ensinando-as a observar tudo o que ele ensinou, Jesus faz a grande promessa: "Eis que eu estarei com vocs todos os dias, ate o fim do mundo" (Mt 28,20).
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  • Jesus jamais abandonar os discpulos, jamais deixar de estar presente na vida e na ao da comunidade crist. Sua presena est: sacramentalmente selada na Eucaristia, sua palavra continua falando atravs do Evangelho, e sua ao se prolonga atravs da ao da comunidade. Presena, palavra e ao, que continuam para sempre no meio daqueles que, pela f, se comprometeram com Jesus.
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  • Todavia, a ordem de Jesus que a comunidade faa com que todos os povos se tornem seus discpulos, ensinando-os a observar tudo o que ele ordenou a comunidade. Ensinar o que, precisamente? Precisamos verificar alguns textos desse evangelho. Para ensinar a justia Quando Jesus se apresenta para o batismo de Joo, ha um dilogo interessante, que apresenta o programa de todo o evangelho de Mateus. Joo resiste. Jesus responde a ele: "Devemos cumprir toda a justia" (Mt 3,15). Esse e um ponto muito
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  • importante, porque o batismo de Jesus marca a direo de toda a atividade que ele vai desenvolver. Notemos que o verbo est no plural: "devemos". Quem mais, alm de Jesus, deve cumprir toda a justia? No s Joo, mas todos os que seguem a Jesus, inclusive os cristos das comunidades de hoje, dois mil anos depois. O batismo de Jesus aponta a meta da sua vida: realizar a justia. Ns, tambm batizados em seu nome, temos a mesma meta. E a podemos nos perguntar: O que cumprir a justia? O que a justia a que Jesus se refere?
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  • Na Bblia, a justia a vontade de Deus, o seu projeto eterno. Somos justos e praticamos a justia quando deixamos que Deus realize a sua vontade sobre ns e, como atravs de Jesus, realize o seu projeto. Qual e o projeto de Deus? O Antigo Testamento apresenta os dois pontos fundamentais desse projeto. No livro do xodo podemos ver que Deus quer liberdade para todos, em primeiro lugar para os que no a tem, uma vez que foram roubados pelos que so dominados pela ganncia do poder. Por outro lado, o livro do
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  • Gnesis mostra que Deus criou tudo vivo, e endereou tudo para a vida. O projeto de Deus e, portanto, liberdade e vida. Estranho? No. Tambm ns, l no fundo de ns mesmos, desejamos ardentemente a mesma coisa. O nico problema entre Deus e ns que Deus quer isso para todos. E isso justia. Todos tem igualmente direito a liberdade e a vida. Liberdade para ser, para se descobrir como ser nico e participar dos rumos da sociedade e da histria. Vida a ser usufruda por todos, atravs da partilha dos bens que sustentam e promovem a vida humana. Ns, muitas vezes, s pensamos em nossa liberdade e em nossa vida individual. A est a diferena.
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  • Falando de justia, Jesus queria levar o projeto de Deus frente. Somos convidados a fazer o mesmo, junto com ele. Porque o Reino de Deus vem pela justia O propsito de Mateus fica mais claro em 6,25-34. Depois de falar sobre a preocupao continua que os pobres tem com a comida, a bebida e a roupa, coisas de primeira necessidade, ele acrescenta: "Em primeiro lugar, busquem o Reino de Deus e a sua justia, e Deus dar a vocs, em acrscimo, todas essas coisas" (Mt 6,33).
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  • A est. No adianta pensar em curar os sintomas. Precisa curar a sua causa. Se no se tem o que comer, beber e vestir (e casa, e escola, e assistncia mdica, e lazer, e descanso etc.), no adianta ficar preocupado afanosamente com isso. fazer buraco na gua. Quando o povo no tem liberdade e vida, para viver dignamente e participar na construo da sociedade e da histria, isso sinal de que est havendo injustia. No adianta remendar. A primeira luta para que haja justia. Ningum precisa de bondade (que, em geral, s serve para esconder a injustia). Todos precisam da justia de Deus, do seu Reino, onde todos podem igualmente
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  • ter acesso aos bens da liberdade e da vida. Quando h justia, todos podem viver dignamente, com todas as suas necessidades satisfeitas. O Jesus de Mateus , portanto, o Mestre da justia. Com sua presena, palavra e ao, ele vai ensinando a comunidade a lutar pela justia que liberta a todos para uma vida digna. E isso no deve ficar dentro da comunidade apenas. Deve ser ensinado a todos, para que todos aprendam de Jesus qual a justia que Deus quer.
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  • Para refletir em grupos 1. Por que Mateus chama Jesus de Emanuel? 2. Segundo Mateus, onde Jesus est hoje? 3. O que Jesus quer ensinar a comunidade? 4. Qual a diferena entre bondade e justia?