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Retrato da experiência de vida de Nivaldino Domingos e sua esposa Heliete Maria de Almeida, em Érico Cardoso - Bahia
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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Ano • nº15928
Seu Nivaldino Domingos Onório e Dona Heliete Maria de Almeida Onório são moradores
da região de Picadas, município de Érico Cardoso, há quase 30 anos.
Ao pé da chapada da Pedra Quebrada, em meados
dos anos 80, se casaram e começaram a construir a vida
juntos. Em seu terreno de aproximadamente quatro
hectares eles ergueram a casinha que em breve veria seus
filhos crescerem.
Apesar de ter frequentado a escola durante a
infância, Din, como Nivaldino é conhecido, nunca se
aplicou muito às atividades desenvolvidas na escola e
acabou largando os estudos ainda jovem. O interesse e
foco de Din sempre estiveram muito mais ligados à terra
e à vida no campo do que na sala de aula, e foi isso que norteou seu caminho.
Ainda nos anos 80, com a casinha já construída, o casal passou a cultivar de tudo em seu
terreno com a finalidade de fornecer uma boa alimentação e também uma fonte de renda para
a família. Além do plantio, a família tinha criação de gado que se fartava com o capim
disponível na propriedade. Naqueles tempos, Din explica, as chuvas eram abundantes na região
e tornava fácil a vida dos que dependiam da terra para o sustento.
Com o passar dos anos a frequência e intensidade das chuvas começaram a diminuir e
foi aí que os conhecimentos do pai da família foram
colocados à prova. Fez-se cada vez mais necessário o
conhecimento dos ciclos da terra e das águas para
que as hortas seguissem produzindo.
Para aproveitar ao máximo as águas da chuva,
Din passou a plantar sempre alguns dias antes ou no
dia logo após a chuva, favorecendo a germinação das
plantas, passou também a fazer uso de cobertura
morta e de adubo orgânico feito com esterco animal,
pó de ossos e outros elementos e a respeitar as fases
da Lua:
Escola da vida, faculdade do campo
Érico Cardoso
Agosto/201 4
Vista da Chapada da Pedra Quebrada
Din e Heliete em seu quintal verde
Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Articulação Semiárido Brasileiro – Bahia
“Meu tio e eu tínhamos as mesmas sementes e a
mesma terra, eu plantava sempre no quarto dia após a Lua
Nova e ele plantava ao 'Deus dará'...um tempo depois ele
vinha me perguntar porque as frutas dele estavam tão
diferentes das minhas, é Lua, eu respondia”.
Outro fator que veio em ajuda da família ocorreu em
2005, quando Din e Heliete foram contemplados com uma
cisterna de água para consumo do P1MC (Programa Um
Milhão de Cisternas). Com isso passou a sobrar mais água
para cuidar de seus canteiros, mesmo assim Din só aguava as plantas ao cair da noite para que
a água fosse melhor aproveitada pela terra, hábito que ele
mantém até hoje.
Os filhos cresceram e deixaram a casa da família, a
filha foi para São Paulo estudar pedagogia e o filho foi
trabalhar em Paramirim, mas sempre que podem voltam à
Pedra Quebrada para passar um tempo com os pais.
Seu Nivaldo já leva muitos anos de experiência
vivendo com o que a terra e seu suor lhe oferecem, em seu
terreno ele produz de tudo um pouco: milho, beterraba, cenoura, alface, abóbora, mamão,
couve, quiabo, feijão, batata, guandú, limão, laranja, café, amendoim, cebola, alho, tangerina,
abacate, boldo, babosa, maracujá nativo, palma, abacaxi,
jaca, nim, goiaba e até guaraná, além disso faz também
o plantio de cana de açúcar para a confecção de cachaça
artesanal e rapadura. “Se eu tivesse dinheiro produziria
mais coisa ainda” exclama com um sorriso no rosto.
Hoje com 49 anos, caminhando por seu quintal,
Din mostra suas colmeias de abelhas Jataí, suas galinhas
e também um pequeno tanque que foi escavado para
receber a recente criação de tilápias, além da plantação
de mamonas para a extração do óleo.
O excedente desta produção é vendido semanalmente na feira local e garante os meios
de subsistência desta família trabalhadora do semiárido baiano.
Realização Apoio
As bananeiras e os pés de abóbora
Abelhas Jataí criadas dentro de cabaças
Din ao lado do tanque escavado para criação de tilápiasA casa se perde em meio ao quintal cheio de plantas
Cachaça Artesanal de ótima qualidade
ASAMILAssociação do Semi-Árido da Microrregião de Livramento