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www.tiberiogeo.com.br - A Geografia Levada a Sério 1 Escola E.E.F.M. Félix Araújo Disciplina: Geografia Professor: Tibério Mendonça Série: 3º Turma: ______ Turno: ___________ Aluno(a):_______________________________________________ Nº ______ A QUESTÃO AMBIENTAL O meio natural representa um dos grandes bens da humanidade, pois sobre ele o homem desencadeia suas ações e se apropria de acordo com suas concepções sociais, econômicas e culturais, existindo uma inter-relação entre o meio natural e a forma de utilização desse meio. No ambiente geográfico de nosso planeta, em algumas regiões, podemos notar uma diferença do ser humano para os outros animais: o homem, uma vez adaptado ao ambiente, consegue agir sobre ele; enquanto os animais precisam ajustar-se à geografia local. Isso não significa que o homem tenha poder sobre a natureza. Ele não pode evitar, por exemplo, que fenômenos naturais ocorram, embora possa prevenir-se de alguma forma. Podemos observar que esses fatores naturais, de uma forma ou de outra, estão ligados à vida humana em sociedade, uma vez que, como consequência do que a natureza lhe ofereceu e graças a sua capacidade de adaptação, o homem pode evoluir através dos tempos. Daí a ligação entre meio ambiente e sociedade. O atual modelo social surgiu a partir do desenvolvimento das atividades econômicas decorrentes do comércio. Este, por sua vez, propiciou o surgimento de uma nova estrutura geográfica das sociedades, que passaram a ser caracterizadas pelo binômio Centro/ Periferia. A contradição nas relações Homem-Natureza consiste principalmente nos problemas dos processos industriais criados pelo Homem. Esse processo é visto como gerador de desenvolvimento, empregos, conhecimento e maior expectativa de vida. Porém, o homem se afastou do mundo natural, como se não fizesse parte dele. Com todo esse processo industrial e com a era tecnológica, a humanidade conseguiu contaminar o próprio ar que respira, a água que bebe, o solo que provém os alimentos, os rios, destruir florestas e os habitat dos animais. Todas essas destruições colocam em risco a sobrevivência da Terra e dos próprios seres humanos. O elevado índice de consumo e a consequente industrialização esgotam ao longo do tempo os recursos da Terra, que levaram milhões de anos para se compor. Mesmo que o homem tenha hoje uma maior consciência sobre sua intervenção no mundo natural, o que podemos até considerar um avanço, mediante as grandes degradações que já ocorreram até agora, ainda não há coerência suficiente. Ou seja, muitas ações deveriam ser colocadas em prática para a preservação do meio ambiente como um todo. O que vemos atualmente é que os índices de degradação aumentaram, enquanto de um lado existem muitos lutando por um mundo melhor para todos, de outro lado, a grande maioria busca seu próprio crescimento econômico, com o objetivo de consumir cada vez mais, e como consequência, consumir mais recursos naturais, ocasionando a degradação, sem se preocupar e muitas vezes sem saber, que esses recursos muitos não são renováveis e, portanto, finitos. Crescimento populacional e as ações sobre o meio ambiente O crescimento populacional é a principal razão da degradação ambiental uma vez que, à medida que a população aumenta, cresce a demanda por recursos naturais e a ocupação humana da superfície terrestre. O aumento da população encontra-se associado aos problemas ambientais uma vez que significa maior ocupação da superfície da Terra, maior poluição das águas, maior produção de resíduos e maior exposição a riscos geológicos. A longo prazo, não haverá como suportar o crescimento populacional já que os recursos da Terra são limitados.

Escola E.E.F.M. Félix Araújo Disciplina: Geografia ... · O que vemos atualmente é que os índices de degradação aumentaram, enquanto de um lado existem muitos lutando por um

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Escola E.E.F.M. Félix Araújo Disciplina: Geografia Professor: Tibério Mendonça Série: 3º Turma: ______ Turno: ___________ Aluno(a):_______________________________________________ Nº ______

A QUESTÃO AMBIENTAL

O meio natural representa um dos grandes bens da humanidade, pois sobre ele o homem desencadeia suas ações e se apropria de acordo com suas concepções sociais, econômicas e culturais, existindo uma inter-relação entre o meio natural e a forma de utilização desse meio.

No ambiente geográfico de nosso planeta, em algumas regiões, podemos notar uma diferença do ser humano para os outros animais: o homem, uma vez adaptado ao ambiente, consegue agir sobre ele; enquanto os animais precisam ajustar-se à geografia local. Isso não significa que o homem tenha poder sobre a natureza. Ele não pode evitar, por exemplo, que fenômenos naturais ocorram, embora possa prevenir-se de alguma forma.

Podemos observar que esses fatores naturais, de uma forma ou de outra, estão ligados à vida humana em sociedade, uma vez que, como consequência do que a natureza lhe ofereceu e graças a sua capacidade de adaptação, o homem pode evoluir através dos tempos. Daí a ligação entre meio ambiente e sociedade.

O atual modelo social surgiu a partir do desenvolvimento das atividades econômicas decorrentes do comércio. Este, por sua vez, propiciou o surgimento de uma nova estrutura geográfica das sociedades, que passaram a ser caracterizadas pelo binômio Centro/ Periferia.

A contradição nas relações Homem-Natureza consiste principalmente nos problemas dos processos industriais criados pelo Homem. Esse processo é visto como gerador de desenvolvimento, empregos, conhecimento e maior expectativa de vida. Porém, o homem se afastou do mundo natural, como se não fizesse parte dele. Com todo esse processo industrial e com a era tecnológica, a humanidade conseguiu contaminar o próprio ar que respira, a água que bebe, o solo que provém os alimentos, os rios, destruir florestas e os habitat dos animais. Todas essas destruições colocam em risco a sobrevivência da Terra e dos próprios seres humanos. O elevado índice de consumo e a consequente industrialização esgotam ao longo do tempo os recursos da Terra, que levaram milhões de anos para se compor.

Mesmo que o homem tenha hoje uma maior consciência sobre sua intervenção no mundo natural, o que podemos até considerar um avanço, mediante as grandes degradações que já ocorreram até agora, ainda não há coerência suficiente. Ou seja, muitas ações deveriam ser colocadas em prática para a preservação do meio ambiente como um todo. O que vemos atualmente é que os índices de degradação aumentaram, enquanto de um lado existem muitos lutando por um mundo melhor para todos, de outro lado, a grande maioria busca seu próprio crescimento econômico, com o objetivo de consumir cada vez mais, e como consequência, consumir mais recursos naturais, ocasionando a degradação, sem se preocupar e muitas vezes sem saber, que esses recursos muitos não são renováveis e, portanto, finitos. Crescimento populacional e as ações sobre o meio ambiente

O crescimento populacional é a principal razão da degradação ambiental uma vez que, à medida que a população aumenta, cresce a demanda por recursos naturais e a ocupação humana da superfície terrestre.

O aumento da população encontra-se associado aos problemas ambientais uma vez que significa maior ocupação da superfície da Terra, maior poluição das águas, maior produção de resíduos e maior exposição a riscos geológicos. A longo prazo, não haverá como suportar o crescimento populacional já que os recursos da Terra são limitados.

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Como se observa, o crescimento populacional ao longo dos anos se deu em um ritmo diferente. Antes da Revolução Industrial tínhamos um crescimento relativamente lento, ao passo que o pós-Revolução Industrial, esse crescimento se intensificou provocando um impacto nas relações do homem com o meio ambiente. Esse impacto pode ser entendido como esgotamento de recursos.

A contribuição relativa dos diferentes países para os diversos problemas ambientais apresenta-se

de forma diferenciada. Atualmente, pode-se concluir que os países de industrialização mais avançada possuem a maior parcela de responsabilidade, provocando a maioria dos problemas ambientais mais sérios, como o efeito estufa, a diminuição da camada de ozônio e o acúmulo de lixo tóxico. Portanto, não se pode atribuir o atual grau de degradação ambiental global apenas ao crescimento da população, mas principalmente aos padrões de produção e consumo que vêm caracterizando a industrialização e o consumo.

O crescimento da população, aliado a um consumo excessivo e a uma economia globalizada, tem trazido grandes preocupações por parte de ambientalistas, sociólogos, ecologistas, dentre outros setores. O planeta está no seu limite de suporte e seu capital natural/humano acaba sofrendo profunda alteração, cujos impactos socioambientais vão desde fome, miséria, desigualdade, violência e desemprego a reações adversas da natureza que por sua vez vêm castigando várias regiões em nível global.

O que temos é uma sociedade que continua querendo dominar a natureza, ao invés de interagir com ela, apresentando uma ação predatória e potencialmente ameaçadora da vida na Terra. Tem-se, ainda, a falta de projetos que questione as desigualdades sociais e os princípios de uma justiça ambiental que são temas importantes da busca pela sustentabilidade.

Pegada Ecológica

A Pegada Ecológica é uma metodologia de contabilidade ambiental que avalia a pressão do consumo das populações humanas sobre os recursos naturais, ou seja, ela mede à quantidade de recursos naturais necessários para manter os hábitos diários de uma determinada pessoa, empresa, cidade ou país. Expressada em hectares globais (gha), permite comparar diferentes padrões de consumo e verificar se estão dentro da capacidade ecológica do planeta.

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Um hectare global significa um hectare de produtividade média mundial para terras e águas produtivas em um ano. A adoção dessa métrica, não significa que este parâmetro busca uma medida exata, mas sim uma estimativa do impacto que o nosso estilo de vida tem sobre o Planeta, permitindo avaliar até que ponto a nossa forma de viver está de acordo com a capacidade de disponibilizar e renovar os recursos naturais, assim como absorver os resíduos e os poluentes que geramos ao longo dos anos.

Um dos objetivos deste conceito é "provocar" a reflexão das pessoas, quanto ao impacto das suas opções de consumo no dia a dia e a respectiva geração de resíduos.

O termo foi primeiramente usado em 1992 por William Rees, um ecologista e professor canadiano da Universidade de Colúmbia Britânica.

Ele leva em conta, como a quantidade de terra necessária para produzir alimentos e roupas, bem como no mar para pegar peixes, florestas são derrubadas para a produção de papel e de madeira, a área de casas ocupadas, edifícios, estradas, áreas usadas para armazenamento de resíduos, etc.

De acordo com cálculos realizados pela Global Footprint Network a pegada ecológica da

humanidade atingiu a marca de 2,7 hectares por pessoa (o ideal seria no máximo 1,8), considerando uma população mundial de 7,2 bilhões de habitantes. Hoje em dia, uma pessoa costuma utilizar 4,8 hectares na Alemanha, por exemplo. Um americano chega a utilizar 7 hectares por ano. Países desenvolvidos são os que mais gastam.

A pegada ecológica da humanidade ultrapassa a capacidade ecológica da Terra de repor seus recursos renováveis e de absorver em cerca de 50%. Se as estimativas estiverem corretas, estamos usando os recursos renováveis 50% mais rápido do que a Terra leva para renová-los. Em outras palavras, seriam necessários os recursos de 1,5 planetas Terra para sustentar indefinidamente nossa produção e consumo atuais de recursos renováveis.

O Brasil está entre os países credores, ou seja, que consomem menos do que repõem. Com ele estão ainda Canadá, Indonésia, Madagascar, Suécia e Austrália. O restante consumiu e ainda passou dos limites.

Entre os fatores que contribuem para que o Brasil fique entre os países que exploram menos a natureza estão a grande área florestal brasileira, concentrada especialmente na Amazônia, e a densidade demográfica do país, que é uma das menores do mundo.

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A matriz energética do Brasil, comparada com outros países, é bem maior, o que protege o planeta de uma certa forma. Uma sociedade do consumo

A industrialização atual resulta de um processo evolutivo iniciado com a Revolução Industrial

ocorrida na Europa e particularmente na Inglaterra a partir do século XVIII. Esse período industrial significou a passagem de uma sociedade rural e artesanal para uma sociedade urbana e industrial. Dessa forma, podemos dizer que como a produção, o consumo é um fator fundamental para a produção do modelo de acumulação capitalista.

O consumo hoje vem tornando-se um dos grandes problemas causadores da destruição do meio ambiente. Por quê? Simplesmente porque todo o material necessário para a fabricação de celulares, computadores, roupas, carros, asfalto, casas etc., vêm da natureza; e como, a cada dia que passa, o mundo tem mais gente, a necessidade das indústrias de retirarem matérias-primas do meio ambiente torna-se mais agressiva. E para onde vai todo o material que descartamos? Para os bueiros, rios, para o ar que respiramos.

Temos o costume de comprar coisa sem necessitarmos, sem verificarmos de onde veio aquele produto, e isso, ajuda bastante para a degradação de nossos recursos naturais. Não bastando este problema, o consumismo realizado da maneira que vem sendo feito, tem influência negativa na pobreza, aumentando as desigualdades sociais, danificando o meio ambiente e as condições de vida de pessoas mais pobres. Para termos uma ideia, nosso planeta possui mais de 7 bilhões de pessoas, onde 1/3 tem acesso ao consumo. Se esta forma predatória de consumir fosse igual para todos os mais de 7 bilhões de pessoas do nosso planeta, iríamos precisar de 4 planetas Terra para satisfazer nossas necessidades.

Então, o que queremos dizer é: o consumo precisa ser consciente. Precisamos ter a ideia de que não é simplesmente porque temos dinheiro que podemos comprar tudo o que vemos pela frente e ninguém estará saindo em desvantagem. É claro que nos sentimos bem quando compramos algo novo, mas o planeta Terra não está suportando mais a exploração do ser humano de seus recursos naturais.

Hoje podemos perceber que existe no mundo todo, uma grande preocupação com a defesa do meio ambiente, pois se destruirmos os recursos que são indispensáveis à sobrevivência das espécies, estaremos colocando em risco o futuro de toda a humanidade. Os impactos ambientais produzidos pela sociedade

Em comparação com as áreas rurais, as cidades são as grandes vilãs do agravamento do efeito estufa. Para piorar o quadro, as cidades industrializadas, que se transformam em metrópoles e megalópoles, constroem áreas geradoras de mais aquecimento global do que ocorria antes. Nas grandes cidades, o consumo de energia cresce em larga escala, pela substituição de casas térreas por prédios de apartamentos, de pequenas lojas por shopping centers e torres comerciais, de ruas por pistas expressas para milhares de carros.

Hoje, 54% da população mundial vive em áreas urbanas, uma proporção que deve chegar a 66% em 2050, anunciou no último dia 10 de julho de 2014 a Organização das Nações Unidas (ONU). As projeções mostram que a urbanização, combinada com o crescimento populacional, pode acrescentar 2,5 bilhões de pessoas às populações urbanas até a metade do século, com quase 90% desse aumento concentrado na Ásia e na África e esse acréscimo populacional nas cidades provocará um maior impacto ambiental.

A população urbana mundial cresceu rapidamente de 746 milhões em 1950 para 3,9 bilhões em 2014. A Ásia, sozinha, hospeda 53% desse quinhão, seguida pela Europa (14%) e pela América Latina (13%). As cidades do planeta deverão somar 6 bilhões de habitantes em 2045, o que apresentará a países em desenvolvimento "diversos desafios para saciar as necessidades" como "habitação, infraestrutura, transporte, energia e emprego, bem como serviços básicos como educação e saúde", apontou a ONU.

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O crescimento da população aumenta o consumo de bens e produtos, acarretando, assim, o aumento e acúmulo de resíduos. A transformação desses resíduos, na maioria das vezes, é muito lenta, principalmente se observarmos o tempo que materiais não biodegradáveis, como plástico, levam pra se decompor.

Diante do exagerado crescimento do acúmulo de resíduos, o homem se vê na necessidade de encontrar um destino para estes resíduos. Um deles, bastante utilizado, é a queima de resíduos, técnica que acarreta a liberação de uma grande quantidade de gases tóxicos e resíduos contaminantes do solo.

Já no caso dos resíduos sólidos, o caso é mais grave ainda. Estima-se que, no mundo, entre o lixo domiciliar e comercial são produzidos 3,5 milhões de toneladas/dia. Imagine o que significa esse volume de lixo. Já parou para pensar? Isso equivale a 583 gramas por habitante, isso equivale a 15 toneladas por pessoa ao longo de uma vida de 70 anos. Um cidadão dos EUA, devido ao alto poder aquisitivo e tendo acesso a este consumismo desenfreado, tem uma média bem superior a essa, cerca de 3,2 kg de lixo/dia. Geramos cerca de 1,4 kg/dia. O Brasil concentra 3% da população mundial e é responsável por 6,5% da produção de lixo no mundo. Aliás, países pobres e ricos têm estimativas diferentes para a quantidade de lixo. Os habitantes dos países pobres produzem de 100 a 220 kg de lixo a cada ano ou de 0,27 kg a 0,6 kg por dia. E os dos países ricos produzem de 300 mil a 1 tonelada por ano ou de 0,82 kg a 3,2 por dia.

Não dá para eliminar o lixo, mas podemos diminuir sua produção, reduzindo o consumo e

reutilizando sempre que possível. Outra ação importante é separar o lixo úmido ou de fácil decomposição como os restos alimentares (quase 60%), do lixo seco que demora mais tempo para decompor e ocupa muita área. O lixo é caro, mas se for tratado de maneira adequada, pode ser muito rentável, evitando ou minimizando a poluição dos solos e águas. De onde vem o lixo que produzimos

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O então presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a Lei 12 305, no final de 2010, a Política

Nacional dos Resíduos Sólidos, que tem o objetivo de incentivar a reciclagem de lixo e o correto manejo de produtos usados com alto potencial de contaminação.

Antes da sanção da lei, o único responsável pelos resíduos era o município. Agora, não só a Prefeitura como também empresas e cidadãos comuns têm como dever cívico cuidar do seu lixo.

As Prefeituras deveriam construir aterros sanitários ambientalmente sustentáveis, onde só poderão ser depositados resíduos sem possibilidade de reaproveitamento.

A destinação final dos resíduos sólidos constitui outro sério problema no Brasil. Estima-se que 59% dos municípios brasileiros ainda dispõem seus resíduos de forma ambientalmente inadequada em lixões ou aterros controlados (lixões com cobertura precária). Para piorar a situação, nem todo o lixo é coletado e levado para os aterros. Uma boa parte fica depositado as margens de rios e córregos. De acordo com as informações levantadas em 2014 pelo MMA junto às Unidades da Federação, 2,2 mil municípios dispõem seus resíduos sólidos urbanos coletados em aterros sanitários, individuais ou compartilhados por mais de um município.

O desafio agora é pôr em prática a lei. Hoje no país, as pessoas já desenvolvem a coleta seletiva nas casas, indústrias e empresas. O único problema é que esse processo de separação acaba se misturando quando o caminhão passa para recolher.

A Política Nacional de Resíduos Sólidos tem um conjunto de instrumentos que a distingue como política pública. Com a sanção da lei, que distingue resíduo de rejeito, o Brasil passou a ter um marco regulatório nesta área. Resíduo é o lixo que pode ser reaproveitado ou reciclado e rejeito é o que não é passível de aproveitamento. A lei trata de todo tipo de resíduo: doméstico, industrial, construção civil, eletroeletrônico, da área de saúde etc.

Diferença entre lixão, aterro controlado e aterro sanitário?

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Um lixão é uma área de disposição final de resíduos sólidos sem nenhuma preparação anterior do solo. Não tem nenhum sistema de tratamento de efluentes líquidos - o chorume (líquido preto que escorre do lixo). Este penetra pela terra levando substâncias contaminantes para o solo e para o lençol freático. Moscas, pássaros e ratos convivem com o lixo livremente no lixão a céu aberto, e pior ainda, crianças, adolescentes e adultos catam comida e materiais recicláveis para vender. No lixão o lixo fica exposto sem nenhum procedimento que evite as consequências ambientais e sociais negativas.

O aterro controlado é uma fase intermediária entre o lixão e o aterro sanitário. Normalmente é uma célula adjacente ao lixão que foi remediado, ou seja, que recebeu cobertura de argila, e grama (idealmente selado com manta impermeável para proteger a pilha da água de chuva) e captação de chorume e gás. Esta célula adjacente é preparada para receber resíduos com uma impermeabilização com manta e tem uma operação que procura dar conta dos impactos negativos tais como a cobertura diária da pilha de lixo com terra ou outro material disponível como forração ou saibro. Tem também recirculação do chorume que é coletado e levado para cima da pilha de lixo, diminuindo a sua absorção pela terra.

Mas a disposição adequada dos resíduos sólidos urbanos é o aterro sanitário que antes de iniciar a disposição do lixo teve o terreno preparado previamente com o nivelamento de terra e com o selamento da base com argila e mantas de PVC, esta extremamente resistente. Desta forma, com essa impermeabilização do solo, o lençol freático não será contaminado pelo chorume. Este é coletado através de drenos de PEAD (polietileno de alta densidade), encaminhados para o poço de acumulação de onde o chorume acumulado será encaminhado para a estação de tratamento de efluentes. A operação do aterro sanitário, assim como a do aterro controlado prevê a cobertura diária do lixo, não ocorrendo à proliferação de vetores, mau cheiro e poluição visual.

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Além de produzirem gases que agravam o efeito estufa, as cidades aumentam a produção de calor formando o que os cientistas chamam de ilhas de calor. Quanto mais adensada, cimentada, concretada e asfaltada é uma área da cidade, mais quente ela é, pois esses materiais armazenam calor e o devolvem para o ar na forma de radiação térmica. Em áreas nas quais há solo expostos, plantas e árvores, esses absorvem calor sem praticamente refleti-lo de volta para a atmosfera. Além disso, ainda resfriam o ambiente devolvendo água da chuva pela evaporação, pois uma das propriedades físicas da água é ser sempre mais fria que o ar.

Em áreas urbanas de ilhas de calor, cresce o consumo de energia com a necessidade maior de refrigeração. A diferença de temperatura entre uma área verde com solo exposto e uma típica área de centro de uma cidade, com solo impermeabilizado, pode ser de 5°C ou mais.

O ozônio na estratosfera impede que 95% da radiação UV nociva a superfície da Terra, permitindo a nossa existência e a de outras formas de vida; além disso, ajuda a nos proteger contra queimaduras do Sol, câncer de pele e de olhos, catarata e danos ao sistema imunológico. Algumas atividades humanas estão diminuindo a quantidade de ozônio.

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Localização da camada de ozônio

Há evidências científicas de que substâncias fabricadas pelo homem estão destruindo a camada de

ozônio. Em 1977, cientistas britânicos detectaram pela primeira vez a existência de um buraco na camada de ozônio sobre a Antártida. Desde então, têm se acumulado registros de que a camada está se tornando mais fina em várias partes do mundo, especialmente nas regiões próximas do Polo Sul e, recentemente, do Polo Norte.

Diversas substâncias químicas acabam destruindo o ozônio quando reagem com ele. Tais substâncias contribuem também para o aquecimento do planeta, conhecido como efeito estufa. A lista negra dos produtos danosos à camada de ozônio inclui os óxidos nítricos e nitrosos expelidos pelos exaustores dos veículos e o CO2 produzido pela queima de combustíveis fósseis, como o carvão e o petróleo. Mas, em termos de efeitos destrutivos sobre a camada de ozônio, nada se compara ao grupo de gases chamado clorofluorcarbonos, os CFCs.

Evolução do Buraco na camada de ozônio de 1979 até 2011

O Efeito estufa

Do total de raios solares que atingem o planeta, quase 50% ficam retidos na atmosfera; o restante, que

alcança a superfície terrestre, aquece e irradia calor. Esse processo é chamado de efeito estufa. Efeito Estufa é um mecanismo natural do planeta Terra para possibilitar a manutenção da temperatura numa média de 15ºC,

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ideal para o equilíbrio de grande parte das formas de vida em nosso planeta. Sem o efeito estufa natural, o planeta Terra poderia ficar muito frio, inviabilizando o desenvolvimento de grande parte das espécies animais e vegetais. Isso ocorreria, pois a radiação solar refletida pela Terra se perderia totalmente. A ação do homem e o aumento do efeito estufa artificial

O efeito estufa potencializado pela queima de combustíveis fósseis tem colaborado com o aumento da temperatura no globo terrestre nas últimas décadas. Pesquisas recentes indicaram que o século XX foi o mais quente dos últimos 500 anos. Pesquisadores do clima afirmam que, num futuro próximo, o aumento da temperatura provocado pelo efeito estufa poderá ocasionar o derretimento das calotas polares e o aumento do nível dos mares. Como consequência, muitas cidades litorâneas poderão desaparecer do mapa. Como é gerado

O aumento do efeito estufa é gerado pela derrubada de florestas e pela queimada das mesmas,

pois são elas que regulam a temperatura, os ventos e o nível de chuvas em diversas regiões. Como as florestas estão diminuindo no mundo, a temperatura terrestre tem aumentado na mesma proporção.

Um outro fator que está aumentando o efeito estufa é o lançamento de gases poluentes na atmosfera, principalmente os que resultam da queima de combustíveis fósseis. A queima do óleo diesel e da gasolina nos grandes centros urbanos tem colaborado para o efeito estufa. O dióxido de carbono (gás carbônico) e o monóxido de carbono ficam concentrados em determinadas regiões da atmosfera formando uma camada que bloqueia a dissipação do calor. Outros gases que contribuem para este processo são: gás metano, óxido nitroso e óxidos de nitrogênio. Esta camada de poluentes, tão visível nas grandes cidades, funciona como um isolante térmico do planeta Terra. O calor fica retido nas camadas mais baixas da atmosfera trazendo graves problemas ao planeta. O IPCC

Em 1988, os Estados Unidos e a Organização Mundial de Meteorologia estabeleceram o Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC, sigla do inglês) para documentar as mudanças climáticas do passado e fazer projeções de mudanças futuras. O IPCC é o órgão das Nações Unidas e reúne mais de 2 mil especialistas dedicados aos estudos sobre as mudanças climáticas. É um órgão composto por delegações de 130 governos para prover avaliações regulares sobre a mudança climática. Ao longo de 2007, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) se tornou uma das referências mais citadas nas discussões sobre mudança climática. O órgão da Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou quatro capítulos que, juntos, formam um relatório completo sobre o aquecimento global hoje.

O documento gerou tanta repercussão que, no fim do ano, o comitê de premiação do Nobel decidiu dedicar o honroso Prêmio Nobel da Paz ao IPCC - junto com o ex-vice-presidente americano Al Gore -, por seu trabalho de conscientização da comunidade e dos líderes internacionais para o problema e as consequências da mudança climática. O trabalho do IPCC é publicado em quatro etapas e é produzido por três grupos de trabalho.

O IPCC estima que até o fim deste século a temperatura da Terra deve subir entre 1,8°C e 4°C, o que aumentaria a intensidade de tufões e secas. Nesse cenário, um terço das espécies do planeta estaria ameaçada. Populações estariam mais vulneráveis a doenças e desnutrição.

O grupo também calcula que o derretimento das camadas polares pode fazer com que os oceanos se elevem entre 18 cm e 58 cm até 2100, fazendo desaparecer pequenas ilhas e obrigando centenas de

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milhares de pessoas a engrossar o fluxo dos chamados "refugiados ambientais" - pessoas que são obrigadas a deixar o local onde vivem em consequência da piora do meio ambiente. O Protocolo de Kyoto

É um acordo ambiental fechado durante a 3ª Conferência das Partes da Convenção das Nações

Unidas sobre Mudanças Climáticas, realizada em Kyoto, Japão, em 1997. O objetivo é reduzir, entre 2008 e

2012, a emissão de poluentes em 5,2% em relação aos níveis de 1990. O principal alvo é o dióxido de carbono (CO2). Especialistas acreditam que a emissão desenfreada desse e de outros gases esteja ligada ao aquecimento global, fenômeno que pode ter efeitos catastróficos para a humanidade durante as próximas décadas. O Protocolo entrou em vigor em fevereiro de 2005 e previa que suas metas deveriam ser atingidas entre 2008 e 2012, quando se expiraria. A intensidade do corte nas emissões de gases poluentes varia de país para país, e só foram obrigadas a se enquadrar na regra as nações consideradas desenvolvidas. Em tempo: o Protocolo ganhou seu nome em homenagem à cidade japonesa de Kyoto, onde o acordo foi assinado.

As metas de redução de gases não são homogêneas a todos os países, colocando níveis diferenciados de redução para os 38 países que mais emitem gases, o protocolo prevê ainda a diminuição da emissão de gases dos países que compõe a União Europeia em 8%, já os Estados Unidos em 7% e Japão em 6%. Países em franco desenvolvimento como Brasil, México, Argentina, Índia e, principalmente, China, não receberam metas de redução, pelo menos momentaneamente.

Os EUA, o segundo país mais emissor de carbono do mundo, negou-se a ratificar o protocolo com a alegação de que aceitá-lo seria ruim para a economia americana. A falta de vontade dos países mais ricos e poluidores é um grande empecilho para que algo seja feito efetivamente contra o aquecimento global. Em 2012 o protocolo teve sua validade prorrogada até 2020 após a Conferência das Partes (COP18).

Como forma de resolver o impasse e manter a viabilidade do projeto, foram propostas várias medidas, as quais, em conjunto, formam o mercado de carbono. Essas medidas são responsáveis por amenizar o impacto econômico do protocolo na economia dos países Anexo 1 (país responsável pela emissão de 55% dos gases estufa, em 1990. Recebe esse nome porque está relacionado em um anexo do Protocolo de Kioto. País cujas emissões estão abaixo desse nível é denominado país não-Anexo 1). É o caso do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) e dos créditos de carbono. Este último se caracteriza como uma troca de "cotas de carbono" entre os países que precisam e os que não precisam reduzir suas emissões de carbono. Quanto ao MDL, faz parte de um processo pela busca de tecnologias não poluentes, as tecnologias limpas. A possibilidade de os países Anexo 1 patrocinarem projetos de redução de emissão de carbono em países não-Anexo 1 também é um exemplo de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo. Dessa forma, os que mais poluem poderiam aumentar suas emissões sem alterar a emissão global. Créditos de carbono

Créditos de carbono são certificados que autorizam o direito de poluir. O princípio é simples. As agências de proteção ambiental reguladoras emitem certificados autorizando a emissão de toneladas de dióxido de enxofre, monóxido de carbono e outros gases poluentes. Inicialmente, selecionam-se indústrias mais poluentes, e a partir daí são estabelecidas metas para a redução de suas emissões. As empresas recebem bônus negociáveis na proporção de suas responsabilidades. Cada bônus, cotado em dólares, equivale a uma tonelada de poluentes. Quem não cumpre as metas de redução progressiva tem que comprar certificados das empresas mais bem sucedidas. O sistema tem a vantagem de permitir que cada empresa tenha seu próprio ritmo de adequação às leis ambientais. Esses certificados podem ser comercializados nas Bolsas de Valores.

Há várias empresas especializadas no desenvolvimento de projetos que reduzam a emissão de gás carbônico na atmosfera e na negociação de certificados de emissão do gás preparando-se para vender

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cotas dos países subdesenvolvidos, que em geral emitem menos poluentes, para os que emitem mais. Enfim, preparam-se para negociar contratos de compra e venda de certificados que conferem aos países desenvolvidos o direito de poluir.

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