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QUARTA-FEIRA - 17 de maio de 2006 [email protected] Especial 148 Anos de Santa Maria Aniversário de Alemães, portugueses, italianos, africanos, espanhóis, libaneses, japoneses... Santa Maria é uma cidade que se desenvolveu na medida em que as famílias formadas pelos imigrantes e seus empreendimentos se desenvolveram também. O crescimento de nosso município se deve, em grande parte, ao trabalho de homens e mulheres que chegaram ao sul do Brasil carregando esperanças e vontade de vencer e de ter uma vida melhor. Eis a cara de Santa Maria Eis a cara de Santa Maria Arte sobre foto: Eduardo Barreto/A Razão C M YK

Especial 148 Santa Maria - UFSMjararaca.ufsm.br/websites/culturajapao/download/jornais/razao7.pdf · fortuna ou de uma vida ... ta Maria e está sempre em contato ... Os estrangeiros

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QUARTA-FEIRA - 17 de maio de [email protected]*

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148Anos de

Santa MariaAniversário de

Alemães, portugueses, italianos, africanos,espanhóis, libaneses, japoneses...

Santa Maria é uma cidade que se desenvolveu namedida em que as famílias formadas pelos

imigrantes e seus empreendimentos sedesenvolveram também. O crescimento de nossomunicípio se deve, em grande parte, ao trabalhode homens e mulheres que chegaram ao sul do

Brasil carregando esperanças e vontade de vencer ede ter uma vida melhor.

Eis a carade Santa Maria

Eis a carade Santa Maria

Arte sobre foto: Eduardo Barreto/A Razão

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Especial aniversário de 148 anos de Santa Maria 02QUARTA-FEIRA - 17 de maio de 2006

Desde o início da forma-ção do povoado queoriginou Santa Maria, a

presença de colonizadores euro-

As várias etnias de Santa Mariapeus é registrada. Segundo João Be-lém, em seu livro História de SantaMaria, no final do século XVIII, dataem que se estabeleceu, onde hoje é aRua do Acampamento, a expediçãoda Comissão Demarcadora, já exis-tiam açorianos vivendo no centrodo Estado.

Os negros africanos começaram achegar em maior número com o de-senvolvimento das charqueadas echegaram a representar metade dapopulação rio-grandense em 1822.Eram em sua maioria originários deAngola. Grande parte dessa popula-

Vindos de diversospaíses, em busca defortuna ou de uma vidasem perseguições, osimigrantes fizeram ahistória do município

ção foi dizimada na Guerra do Para-guai e na Guerra dos Farrapos, che-gando a cair para 25% do total dapopulação da província em 1858.

Preocupado com a escassez dehabitantes e a cobiça dos países vi-zinhos sobre o Sul do Brasil, o Im-perador Dom Pedro I resolveu atrairimigrantes para a região, optandopor alemães, conhecidos por seremtrabalhadores e guerreiros. A popu-lação do interior do Estado era en-tão formada, em sua maioria, porestancieiros e seus escravos. Maisde 30 mil alemães chegaram ao sul

do Brasil, sendo responsáveis pelainstalação as primeiras indústrias noRio Grande do Sul.

Imigrantes italianos também se es-tabeleceram no centro do Estado. Suasatividades eram basicamente agrári-as, em pequenas propriedades, e arte-sanais. Aos poucos pequenos empre-endimentos familiares começam afomentar o crescimento da indústria,principalmente nos setores de alimen-tos, tecidos, móveis e calçados. Nofinal do século XIX e início do sécu-lo XX, começam a chegar ao Brasilimigrantes vindos da região da Síria

(onde atualmente é o Líbano),motivados pela perseguição reli-giosa. Em Santa Maria, os pri-meiros libaneses concentravamsuas atividades produtivas no co-mércio, mantendo armazéns paravenda de produtos industrializa-dos, como tecidos, aviamentos,louças, e atuando como masca-tes, levando produtos para as pro-priedades rurais da região. SantaMaria também recebeu imigran-tes do extremo oriente. No séculoXX, japoneses se estabeleceramno município.

A população de Santa Maria hoje é de 266.044 habitantes, quevivem em uma área de 1.780 km2. Só para comparação, a cidadede São Paulo, a maior do país, tem uma populção 41 vezes maiorque a de nossa cidade. O interessente é que os 10.927.985habitantes da capital paulista acomodam-se em uma área menorque a de Santa Maria (1.523km2).Em outra comparação com São Paulo, percebe-se que SantaMaria, proporcionalmente, possui menos alunos matriculdadosno Ensino Fundamental e Médio do que a metrópole. Aqui, em2003, 18,71% da população cursavam o antigo primeiro ousegundo grau, enquanto em São Paulo eram 19,54%.

Santa Maria X São Paulo

Especial aniversário de 148 anos de Santa Maria 03QUARTA-FEIRA - 17 de maio de 2006

Carolina Carvalho

Oano era 1884 e o cená-rio era de guerra na Re-gião de Vêneto, norte da

Itália. O país sofria com incontá-veis invasões bárbaras que casti-gavam a população. Nessa épo-ca, o italiano Michelângelo Pasintinha seus trinta e poucos anos,era soldado militar, casado e ti-nha dois filhos. A situação nãoera nada boa para ele, para suafamília e nem para a pátria.

“Os confrontos acabaram comtudo. Não tinha trabalho, não ti-nha comida. O pão era reservadosomente para pessoas muito do-entes. Os demais comiam polen-ta, sopa”, conta o bisneto de Mi-chelângelo, Neuton AntônioPasin, 64 anos.

O frio intenso dos Alpes tam-bém dificultava a sobrevivênciana região. “Não tinha lenha, eramuito frio. Tanto que quando ositalianos chegaram aqui ficaramimpressionados com a quanti-dade de árvores que tínhamos ediziam ‘Quanta lenha!’. Para seaquecer, as famílias costumavamdormir com as vacas”, acrescen-ta ele.

Enquanto isso, a América eraum lugar desconhecido, despo-voado e promissor. Foi quandoMichelângelo e muitos de seuscompatriotas decidiram abando-nar o país e tentar uma vida novapor aqui. Com a mulher e os doisfilhos, ele embarcou na Itália, paranunca mais voltar. Meses depois,

Santa Maria também tem sangue italiano

chegou à Garibaldi. “Ele era colono.Derrubava árvore para fazer roça. Masas terras mais planas já estavam comos alemães que chegaram 50 anosantes. Para os italianos sobrou a mon-tanha”, relata Pasin.

De Garibaldi a família foi paraEncantado, onde Pasin nasceu. Aos24 anos ele veio para cá estudar Odon-tologia na Universidade Federal deSanta Maria (UFSM). Hoje ele é pre-sidente da Associação Italiana de San-ta Maria e está sempre em contatocom a cultura de seus antepassados.E em 1993, Pasin foi o primeiro dafamília a visitar a Itália desde queMichelângelo veio para cá.

“Meu bisnôno nunca voltou paraa Itália. Naquela época era impossí-vel voltar. Eles eram muitos pobres equem pagava a passagem era o go-verno brasileiro. Muitos tinham amarca de “sem retorno” no passapor-te. Quando fui, fiquei um mês por lá.A Itália é um museu a céu aberto”,conta ele. Pasin, que encontrou mui-tos parentes por lá, procurou as ori-gens da família em cartórios e Igrejasitalianos e garante que não teve mui-to trabalho. “Não é difícil achar suaorigem em pesquisa genealógica noRio Grande do Sul”, assegura ele.Dos costumes italianos, pouco so-brou com o passar das gerações. “Nósainda mantemos a gastronomia, comalgumas adaptações, alguns cantos.Mas muita coisa se perdeu”, acres-

Os imigrantesitalianos chegaramao Rio Grande do Sulno século XIX efizeram famílias,cidades e história

centa Pasin.Agora o filho dele, Marcelo Pasin,

39 anos, está estudando e morandona Itália. Mas pretende retornar embreve. Não faz parte dos planos dafamília voltar ao local de origem emorar na Itália. “O melhor lugar de semorar no mundo é aqui, onde nósestamos morando. Apesar dos nossospolíticos, aqui ainda é o melhor lu-gar”, garante Pasin.

A origem da Miss - A famíliada santa-mariense Rafaela Zanella,Miss Brasil 2006, também é italia-na. Os antepassados dela vieram daregião de Friulli, também ao Norteda Itália. Sofrendo da mesma formacom a guerra, a fome e o frio, MarcoLuca Zanella chegou ao Brasil porvolta de 1886, muito jovem ainda.Deixou um irmão na Itália e for-mou família aqui, em Ivorá, ondehoje está enterrado.

“Meu bisavô morou a vida todaem Ivorá. Depois meu avô foi para aregião de Erechim, em um municípiochamado Severiano de Almeida. Meupai foi para Frederico Westphalen eeu vim para Santa Maria”, conta opresidente do do Circolo Friulano epai de Rafaela, José Zanella. Os Za-nella daqui já estiveram na Itália eencontraram os parentes por lá. Os delá também vieram para cá e se encan-taram. “Eles ficaram admirados coma nossa maneira aberta e sociável deser”, acrescenta ele.

Eduardo Barreto/A Razão

O Vêneto fica ao norte daItália. É uma região diversa, ca-racterizada por planícies e umapaisagem que inclui lagos e umaparte dos Alpes. É uma terra deum povo de origem e culturafortes. De lá vieram inúmerosimigrantes para o Brasil. Gran-

de parte deles se instalou aqui noRio Grande do Sul. Resquícios des-sa imigração permitem encontrar,aqui no Sul, brasileiros descenden-tes de italianos das mais diferentesidades, que ainda falam fluentemen-te o dialeto Vêneto.

Também localizada ao Norte da

Itália, na fronteira com a Iugosláviae Áustria, a região Friulli VeneziaGiulia sofreu ainda mais com asinvasões bárbaras. Conseqüênciadas incontáveis guerras foi a de-bandada em massa dos Friulanospara o Brasil, em especial para oRio Grande do Sul.

Vêneto e Friulli: berços da imigração

História O bisavô de Pasin chegou em 1884 e não voltou mais para a Itália

Colonizaram o Brasilos que sobreviveram à viagemOs italianos do

norte, durante oséculo XIX, sofri-am as conseqüên-cias das revolu-ções e guerras. Ocenário era degrande pobreza, eo povo era vítimados resquícios deuma sociedadefeudal, em que oscamponeses nãotinham dinheiropara pagar impostos e dívidas. Além disso, a taxa sobre a farinha eraalta, mais de 70.000 propriedades rurais foram confiscadas, a misériaera cada vez maior, as condições da saúde eram precárias e a mortali-dade infantil era muito alta. Em vista disso, os italianos foram atraídospela oportunidade de emigrarem para a América, esperançosos deconstruírem a uma nova vida.

Já por aqui, a densidade demográfica era muito pequena. O gover-no imperial brasileiro, preocupado com o desenvolvimento do país,criou um programa de imigração e formação de colônias. Para isso,passou a contratar empresários que trouxessem pessoas (100.000 aprincípio) de alguns países da Europa, entre as quais estavam oscamponeses do norte da Itália. Cada empresário recebia uma quantiaem dinheiro que variava de acordo com o número e a idade dosimigrantes. Os estrangeiros tinham que ter mais de dois anos e menosde 45. O recrutamento era feito em diversas cidadelas italianas. Elesembarcavam nos portos de Le Havre - na França e, de Gênova eNápoles – na Itália.

As primeiras expedições de imigrantes, no ano de 1874, desem-barcaram no Estado do Espírito Santo, formando várias colôniasnaquela região. Foram desembarcando também no Rio de Janeiro,São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. As primeiras embarca-ções eram barcos à vela, substituídos pelos “vapores”, poucos anosdepois. A viagem durava de um a dois meses e os navios vinhamabarrotados de gente. Muitos imigrantes morriam na viagem e eramlançados ao mar. A comida era escassa e as condições de higiene erampéssimas. As pessoas vinham em meio à carga, o mau-cheiro era fortee todos estavam sujeitos às epidemias, principalmente à varíola e àfebre amarela.

Os imigrantes chegaram trazendo roupas, utensílios de cozinha,fotografias e seus documentos. As mulheres usavam vestidos e, oshomens, calça, camisa, chapéu e, muitas vezes, uma argola de ouro(brinco) na orelha, demonstrando que eram imigrantes vindos daEuropa. Todos falavam seus dialetos.

Colonos Italianos que sobreviveram àviagem, formaram famílias aqui

Arquivo/A Razão

Especial aniversário de 148 anos de Santa Maria 04QUARTA-FEIRA - 17 de maio de 2006

Ranice Pedrazzi

Os imigrantes alemãesque chegaram ao Bra-sil no século XIX dei-

xaram sua terra natal com a pro-messa de receberem terras eapoio necessário pelo governopara prosperarem. O que acon-teceu foi o abandono de umgrupo de imigrantes, em áreascobertas por mata nativa, semreceberam os insumos neces-sários para começar a produzir.

Nos primeiros 50 anos decolonização, mais de 30 milalemães chegaram ao Rio Gran-de do Sul. Eles se agruparamem diversas colônias rurais, re-criando em terras brasileiras oambiente que deixaram na Ale-manha, mantendo as tradiçõesgermânicas. Foram os alemãesque deram os primeiros passosda indústria brasileira.

No século XX, principal-mente após a Primeira GuerraMundial, uma nova leva deeuropeus busca no continentesul-americano, uma chance derecomeçar. A família Lippold,uma das mais tradicionais deSanta Maria, é um exemplo.Segundo Horst Oscar Lippold,seu pai, Fritz Lippold, tinha 18anos quando decidiu deixar suaterra natal, Weissendorf, naAlemanha.

Fritz partiu de Hamburgo eaportou em Paranaguá, no Pa-raná. A viagem para o sul do

A luta dos alemães que vieram para o Brasil

continente foi a cavalo. Como eramarceneiro, Fritz Lippold trabalha-va durante algum tempo nas cida-des onde passava até juntar dinhei-ro suficiente para trocar de cavaloe seguir viagem. Em um dado mo-mento, conheceu outro imigrante,também natural da Alemanha, quetencionava ir para a Argentina. Semuma profissão, Paulo Fleig não ti-nha meios de prover o próprio sus-tento e passa, então, a acompanharLippold.

Horst não sabe precisar quantotempo durou a travessia, mas esti-ma que alguns meses se passaramaté que os dois amigos chegassema Santa Maria. Ambos conhece-ram duas moças, filhas de imigran-tes alemães, e acabaram se estabe-lecendo na cidade.

Fritz Lippold fabricava brin-quedos de madeira, no local ondefunciona hoje uma filial das LojasColombo, no calçadão da Rua Dr.

Mesmo abandonadospelo governobrasileiro, imigrantesgermânicosprosperaram no suldo país

Bozzano. Elza Grau Lippold cui-dava dos quatro filhos do casal,Ronaldo, Ruth, Horst e Walter.

Em 1938 Lippold decide voltarpara a Alemanha, à passeio, levan-do a esposa e filhos para visitarfamiliares que haviam ficado novelho continente. Ao chegarem lá,tem início a 2ª Grande Guerra, oque impossibilitou o retorno para o

Brasil. “A viagem de passeio duroudez anos”, afirma Horst. “Nesse pe-ríodo, moramos em uma cidade dointerior da Alemanha e com os per-calços de toda guerra, ficamos sempoder sair da cidade”, conta.

Em 1947, a família Lippold con-seguiu fugir da área ocupada pelaRússia para Berlim. “Saímos decasa com 25 graus abaixo de zero,

Paulo Pires/A Razão

cada um somente com um co-bertor e alguns pertences. Nãoera permitido sair da área rus-sa”, diz Horst.

Os filhos de Fritz Lippold vãoentão para um centro de refugia-dos estrangeiros, em Berlim,onde a permanência de Lippoldnão é permitida por ser naturalda Alemanha. Horst relata quesua mãe também não ficou nocentro, mesmo sendo brasileirade nascimento. Como os pais nãotinham alimentação, nem meiospara se sustentar na Alemanhapós-guerra, os filhos, principal-mente o mais velho, guardavamparte dos alimentos que recebi-am para os pais.

Horst contava então com 14anos e foi, juntamente com seusirmãos, separado de seus pais.Sem falar português, ele e osirmãos saíram de Berlim paraHamburgo, onde pegaram onavio Santarém com destino aRecife. Ao chegarem em Reci-fe, foram recebidos por um ir-mão de sua mãe, que moravana cidade de Natal, no RioGrande do Norte. O tio de Horst(pai do atual Ministro do Tri-bunal Superior Eros RobertoGrau), hospedou os sobrinhospor vários meses. “Estávamospraticamente só com a roupado corpo. A família Grau nosdeu todo o apoio”, lembra.

Um ano mais tarde, Frtiz eElza retornam ao Brasil. Seusfilhos já estavam em SantaMaria, na casa de parentes háalgum tempo. Ao chegarem emSanta Maria, fundaram a Fábri-ca de Móveis Fritz Lippold eFilhos Ltda, uma marcenariaconhecida pela boa qualidadedos móveis que fabricava. “Atéhoje as pessoas têm móveis fei-tos na nossa fábrica”, comentaHorst Lippold.

HorstFilho de Fritz

Lippold conta atrajetória do pai,

natural deWeissendorf,

que veio paraSanta Maria

após a 1ª GG

Família Lippold Foto tirada em 1941, durante o tempo em que estiveram na Alemanha

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Arquivo pessoal/A Razão

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Especial aniversário de 148 anos de Santa MariaQUARTA-FEIRA - 17 de maio de 2006

José Cabaleiro Pena partiuda cidade de Negreiros, naregião espanhola da Galí-

cia, em 1956. O navio, que par-tiu do Porto de Vigo, tinhacomo destino o Porto de San-tos. Após um mês de viagem,ele chegava ao Brasil, terraonde esperava viver dias me-lhores do que os que passaraem seus 27 anos de vida naEspanha. Lá, havia servido aoExército e trabalhado em umacarvoaria, além de ajudar a fa-mília na lavoura.

De Santos, José foi para Cu-ritiba. Ele conhecia a cidadeatravés de cartas escritas porespanhóis da Galícia que jáhaviam vindo para o Brasil ten-tar a vida. Chegando ao Para-ná, começou a trabalhar emuma fábrica de calçados. Emseguida, iniciou em um novoemprego como confeiteiro. Naconfeitaria, conheceu sua fu-tura esposa. “Eu era balconistae ele confeiteiro. Mas funcio-nários não podiam namorar, porisso a gente namorava escon-dido”, conta Nádia Pena, viú-va de José.

Mas, ao contrário do quehavia planejado, após 10 anosvivendo no Brasil, o espanholnão havia conseguido juntardinheiro. Por isso, José resol-veu partir em uma nova aven-tura. Em 1967, foi para o Cana-dá. Sem saber falar inglêsdireito, o galego se virou como

Um galego tentando a sorte no Brasil

pôde na cidade de Montreal. Oobjetivo era o mesmo que no Bra-sil: melhorar de vida.

José permanceu um ano e oitomeses em Montreal, onde traba-lhou em uma fábrica de parafusose em uma exposição. “Como ga-nhava em dólar, conseguiu guar-dar um pouco de dinheiro paravoltar”, diz Nádia. E foi isso queele fez.

A decisão de voltar para o Brasilveio depois de receber a carta deum amigo espanhol. O também ga-lego Jesus José Maria Ocampo Ote-ro já morava em Santa Maria, ondeabriu as lojas Paraíso Infantil. Nacarta, ele contava a José de umaconfeitaria à venda na cidade.

Retorno planejado, José escreveupara a namorada contando seus no-vos planos e avisando que estavavoltando para o Brasil. Ele chegouem Curitiba em 31 de julho de 1968e casou-se com Nádia 20 dias de-pois, em 21 de agosto. No dia se-

José Pena chegouao Brasil em 1956.O primeiro destinofoi Curitiba. Em1968, o destino foiSanta Maria

guinte, já estavam em Santa Maria.Os planos começavam a ser con-

cretizados. A Confeitaria Copaca-bana foi inaugurada dias depois.Durante os próximos 21 anos elaseria a principal ocupação do ca-sal. “No início eu tinha vontadede chorar. Não conhecíamos nin-guém aqui. Só não era pior porquenão tínhamos tempo para pensarnisso”, recorda. A filha, AlisonPena, viria em 1971.

Em 1984, José retornou para aEspanha pela primeira vez. No anoseguinte, pai, mãe e filha foramjuntos para a terra de origem dopatriarca. Em 1989, o casal se apo-sentou e vendou a Confeitaria, queainda existe no Calçadão.

Em 1999, José Cabaleiro Penafaleceu. “Até hoje eu não sei deonde ele tirou coragem para fazertudo o que fez. Mas a gente nãopergunta na hora certa e depoisnão adianta. Eu me pergunto issoaté hoje”, fala Nádia.

Arquivo pessoal/A Razão

Copacabana A confeitaria foi aberta em 1968 por José (segundo àdireita) e Nádia

Galícia José viveu na Espanha até os 27 anos

Imigração espanholaA presença espanhola em terras brasileiras acontece desde o

início da colonização do Brasil. Porém só se pode falar de uma efetivaimigração de espanhóis para o Brasil a partir do final do século XIX.

A imigração espanhola está inserida nas grandes imigraçõesde europeus para o Brasil. Os destinos preferidos dos espanhóiseram a Argentina, Uruguai e Cuba. Embora não tenha sido umacolônia espanhola e não manter laços culturais com a Espanha, oBrasil acabou por se tornar um dos maiores receptores de imi-grantes espanhóis.

A falta de mão-de-obra que se instalou no Brasil com o processoda abolição da escravatura e a superpopulação e a fome que assola-ram a Espanha no final do século XIX foram responsáveis pelo inícioda vinda de milhares de espanhóis para o Brasil.

A imigração espanhola no Brasil concentrou-se sobretudo noestado de São Paulo, que atraiu cerca de 70% dos imigrantes hispâ-nicos e ficou marcada principalmente pela divisão dos espanhóis: osgalegos se fixaram nas cidades, enquanto os andaluzes se dedicaramà colheita de café em São Paulo.

A vinda de espanhóis foi grande até a década de 1930. Estima-seque até então tenham entrado no Brasil mais de 700 mil espanhóis,ficando atrás apenas dos italianos e portugueses.

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Especial aniversário de 148 anos de Santa Maria 06QUARTA-FEIRA - 17 de maio de 2006

Elisete Tonetto

Os motivos são muitos. Anecessidade de melho-res condições de vida e

sucesso, pelo mito da fortuna eda propriedade. Para JoaquimPereira Lito, 60 anos, a escolhapelo Brasil, há 45 anos, ficoupor conta do coração. “Tinhacolônias portuguesas na Áfri-ca, Moçambique e Angola. Aminha escolha foi pelo Brasil”,explicou. Português da regiãode Aveiro, a poucos quilôme-tros de Coimbra, Joaquim vi-via na localidade de Águida,com seus pais, conhecidos pro-dutores de vinho e azeite.

Ele conta que deixou suaterra natal para fixar-se na ci-

Uma escolha do coração

dade de Santa Maria, quando ain-da tinha 17 anos de idade. O pri-meiro trabalho foi no restaurantede um amigo, onde funcionava aprimeira Estação Rodoviária deSanta Maria, na Avenida Rio Bran-co. Após alguns anos como gar-çom, Joaquim, adquiriu seu pró-prio estabelecimento, o tradicionalrestaurante Vera Cruz, localizadona Floriano Peixoto. Aqui consti-tuiu família e amizades sólidas eformou seus dois filhos, Marco An-tonio, hoje com 32, e Márcia, 25,em Odontologia.

Há 45 anos, JoaquimLito deixou Portugalpara viver em SantaMaria, onde seestabeleceu econstituiu família

A esposa de Joaquim, Maria Ali-ce Farias Pereira, hoje com 52 anos,tinha pouco mais de oito meses deidade, quando desembarcou noBrasil com sua família, se estabe-lecendo na cidade do Rio de Ja-neiro. Eles se conheceram duranteuma visita que ambos fizeram aparentes, em Águida, onde a mãede Joaquim, Cidália, 85 anos, viveaté hoje.

“É claro que senti saudades dafamília. Mas a adaptação foi rápi-da. Santa Maria é uma cidade queacolhe a todos e que cresceu emtamanho e amizades”, comenta.Para ele, o restaurante é um localdemocrático onde todas as classesse encontram, onde é possível sa-borear um ótimo filé, os famososbolinhos de bacalhau, sem esque-cer é claro, dos vinhos. “Uma casaportuguesa, com bacalhau, pão evinho sobre a mesa”, referindo-se auma canção portuguesa que apren-deu quando ainda adolescente.

De jeito alegre, divertido, “po-pular”, como ele mesmo se consi-dera, Joaquim, disse que fosse pre-ciso, não pensaria duas vezes emrepetir a escolha feita há mais dequatro décadas.

Paulo Pires /A Razão

Joaquim “Não pensaria duasvezes se tivesse que repetir aescolha feita há quarenta anos”

A ânsia de fazer fortuna arrastou homens civilizados para os cam-pos do Rio Grande do Sul. Mas o solo cobiçado pertencia, de fato, agrandes tribos de índios cavaleiros, entre as quais predominavam ados Minuanos, a dos Charruas e a dos Tapes. Enquanto os Guaranisficaram mais submetidos à catequese jesuítica nas Missões, os Minu-anos, Charruas e Tapes, preferiram as campinas do sul, fugindo dosbens intencionados missionários que pretendiam fazê-los diferentesdo que eram.

A origem de Santa Maria passa por duas tribos indígenas, a dosMinuanos e a dos Tapes que habitavam a região. De 1801 a 1803recebeu Santa Maria um contigente de Índios. Cerca de cinqüentafamílias de Guaranis, descendo das Missões orientais, vieram alilevantar seus ranchos em um descampado que é hoje avenida Presi-dente Vargas (também já chamado Rua Ipiranga). Na época, o lugarque ocupavam era chamado de Aldeia.

Os Minuanos habitavam parte do território relativo à zona decampanha, mais precisamente na Coxilha de Pau Fincado. A maiorparte dos habitantes, entretanto, era representada pelos Tapes queviviam na mataria da Serra.

Índios: os primeiros habitantes

Especial aniversário de 148 anos de Santa MariaQUARTA-FEIRA - 17 de maio de 2006

Entre os anos de 1841 e 1864a região da Síria (não exis-tia ainda a divisão entre

Síria e Líbano) estava sob o do-mínio Turco Otomano. O perío-do era marcado por conflitos deordem religiosa entre os cris-tãos maronitas e os drusos e cul-minou com um grande massa-cre dos cristãos, em 1860. Deacordo com Neida Morales, pro-fessora da Universidade Fede-ral de Santa Maria, o serviçomilitar obrigatório muito lon-go para os cristãos, motivava asaída de jovens da Síria.

A vinda para o Brasil, que atu-almente é o país com o maiorcontingente de descendentes delibaneses do mundo (cerca de 7milhões), atendeu a um convitefeito pelo imperador D. Pedro II.Admirador da cultura árabe, D.Pedro visitou a região da Síria,

Libaneses vêm para SMpor motivos religiosos

fazendo uma espécie de propagandasobre o Brasil.

A imigração dos libaneses não foisubsidiada e aconteceu de maneiraencadeada. Segundo Neida, um mem-bro de cada família vinha para a Amé-rica, se estabelecia e depois de algumtempo buscava os familiares.

Santa Maria foi escolhida pelasfamílias Abelin e Ceccin, que vie-ram para o Brasil no final do séculoXIX e início do século XX, respec-tivamente, por ser um pólo comer-cial, estimulado pela viação férrea.“Era atrativo porque eles não eramimigrantes rurais. Eram do comér-cio”, salienta a professora.

Imigração não foisubsidiada eaconteceu de formaencadeada. Asfamílias não vinhamjuntas para o Brasil

João Antonio Abelin, montou umarmazém onde hoje é a sede do bis-pado. Outros libaneses trabalhavamcomo mascates, levando produtosindustrializados, tais como tecidos,aviamentos e louças para proprieda-des rurais. “Nessa época começou avenda a prazo. Os produtos eram dei-xados nas fazendas e cobrados napróxima visita do mascate”, explica.

A comunidade libanesa prospe-rou muito em Santa Maria, manten-do intensa atividade social, até a dé-cada de 60, com o ClubeSírio-Libanês. A entidade mudou deperfil em 1963,quando passa a serSociedade Cultural.

Social Clube Sírio-Libanês foi uma entidade extremamente ativaaté 1960

Galícia José viveu naEspanha até os 27 anos

Presença negra em SMEstima-se que cerca de 15% da população de Santa Maria seja

afro-descendente, ou seja, formada por negros e pardos. Esse percen-tual corresponderia a aproximadamente 50 mil pessoas.

Conforme informações da Coordenadoria de Políticas Públicaspara Comunidade Negra, órgão vinculado à Secretaria Municipalde Assistência Social, os negros vieram para o município comoescravos por volta de 1835 trazidos pelos portugueses para trabalharna agricultura e pecuária. “A partir da chegada dos imigrantes emSanta Maria, por volta de 1850, os negros foram excluídos do proces-so de acesso à terra. Só em 1940 eles ganharam acesso formal aescola”, comenta Dilmar Lopes, coordenador de Políticas para Co-munidade Negra.

Segundo ele, os negros sempre contribuíram para o desenvolvi-mento da cidade através da sua força de trabalho, inicialmente nomeio rural e depois na área militar e no setor ferroviário. O Quilombode Palma, localidade situada no interior do município, e o bairro doRosário, são identificados como pontos de Santa Maria com raízes eforte presença da comunidade negra.

A vinculação do bairro com essa parcela da população santa-mariense é confirmada por relatos. “Minha mãe frequentou a Igrejado Rosário e contava que no início ela era frequentada só pelacomunidade negra”, informa a professora aposentada Nelly Silva,79 anos, que reside na Rua Visconde de Pelotas.

Muitas famílias negras moraram onde hoje é o bairro do Rosárioe no qual foi construído, e até hoje está sediado, o Clube 13 de Maioque se tornou uma referência da comunidade negra e ferroviária dacidade. Atualmente transformado em museu, o 13 de Maio foi funda-do por negros que trabalhavam na Rede Ferroviária Federal e era umclube fechado para brancos. “Os negros da ferrovia eram mais dobairro Rosário”, destaca dona Nelly.Outro clube local vinculadocom a raça foi o União Familiar, localizado na Barão do Triunfo. “OUnião Familiar era mais aberto, o 13 de Maio era fechado à comuni-dade negra, principalmente a ferroviária. Já o União era para todosos negros que quisessem ser sócios. O 13 era fechado ao ferroviário,era mais do chamado “negro fino” de Santa Maria, tinha que ir lámuito bem vestido”, lembra Nelly Silva.

A atividade carnavalesca dos dois clubes era famosa e até motivode rivalidade entre ambos e, posteriormente, originou o surgimentodas escolas de samba de Santa Maria, como a Vila Brasil.

O servidor público Vanderlei da Costa Bonacho, 55 anos, é umtípico santa-mariense afro-descendente. Morador do bairro Itara-ré, ele é originário de uma família cujo pai foi ferroviário e queresidiu por muitos anos no bairro do Rosário. “Tive uma avó que foiescrava e morreu com 105 anos, ela trabalhou como como cozinhei-ra de fazenda”, conta. Funcionário da Câmara de Vereadores há29 anos, Bonacho é ligado a Vila Brasil foi jogador do Riogranden-se quando tinha aos 22 anos. Pai de dois filhos e casado há 30 anoscom Gilda Maciel Bonacho,ele salienta que nunca teve queenfrentar problemas causadospelo racismo. Já sua mulheracredita que em Santa Maria,como em qualquer outro lugar,os negros continuam sendo pre-teridos em algumas ocasiões.“O branco tem mais chances,principalmente em relação aoportunidades de trabalho elestêm a preferência. A questão doemprego é mais difícil para onegro, que mesmo tendo a mes-ma qualificação muitas vezes épreterido por brancos”, ressal-ta Gilda Bonacho.

(Elisa Pereira)

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Eduardo Barreto/A Razão

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Bonacho “Tive uma avó que foiescrava. Ela trabalhou como co-zinheira de fazenda”

Suiços e franceses vieram para o sulEm 1875, 34 famílias deixaram a região de

Valoais, na Suiça, quase fronteira com a Fran-ça, mais especificamente dos municípios deSion e Charrat. Se radicaram em Montenegro,onde hoje é a Linha 4 do município de SantaClara, onde é preservado um museu da imigra-ção suíço-francesa.

Juntamente com estas 34 famílias, vierampara o Estado os bisavôs do técnico agrícolada Secretaria de Desenvolvimento Rural, Fer-nando França Southier, 52 anos. É ele quemconta as histórias da imigração suiço-france-sa em Santa Maria. “Aqui, quase não se en-contram suiço-franceses”, revela. “Nossos an-tepassados não deixaram grandes marcas, masinfluenciaram um pouco na gastronomia, vi-nhos e pela cultura de trabalho”, argumenta.A maioria das histórias que conhece, o técnicoagrícola escutou de seu pai, Theophilo Sou-thier (na foto sentado à esquerda). “Ele veiopara Santa Maria com 26 anos para traba-lhar como ferroviário”, lembra. Casado com a

uruguaia Alta de Lima França, que conheceu quandotrabalhava na edificação da ponte sobre o Rio Ibira-puitã, em Alegrete, foi transferido para o municípioem 1938, onde teve quatro filhos: Justo Erasto eFernando, em seu primeiro casamento, e Maria Alicee Lisiane, numa posterior união matrimonial.

Paulo Pires/A Razão

Arquivo Pessoal/A Razão

Especial aniversário de 148 anos de Santa Maria 08QUARTA-FEIRA - 17 de maio de 2006

Marcos Jorge

Em abril de 1957 chega-va ao Rio Grande doSul, mais especificamen-

te na Fazenda São Pedro, nacidade de Uruguaiana, cercade 32 famílias de origem ja-ponesa, vindas da cidade deKumamoto. Dentre os imi-grantes estava a família Mu-rakami, que 10 meses depoisviria para a cidade de SantaMaria, acompanhada de apro-ximadamente 17 famílias demesma origem. O cenário da-quela época era de festa, jáque a cidade comemorava oseu centenário naquele ano.

Tadayoshi e Tomeko Mu-rakami decidiram abandonaro Japão devido a devastaçãodo país após a Segunda Gran-de Guerra Mundial e apro-veitar a boa oferta do Brasilpara atrair imigrantes. Eleschegaram a Santa Maria comtrês filhos, Toyoko, Shoichie Reiko Murakami. Para seestabelecer na cidade cente-nária, os Murakami tiveramo apoio do comerciante lo-cal, Augusto Martins, donode restaurantes e que cedeu afamília emprego na lavouraplantando frutas, verduras elegumes. Para eles havia ape-

Santa Maria deolhos puxados

nas uma pequena barrei-ra, aprender a língua e seadaptar aos costumesbrasileiros, muito distan-tes da cultura japonesa.

Quem conta a históriados Murakami é Toyoko,uma apaixonada por San-ta Maria. “Tínhamos quetrabalhar muito para er-guer as nossas casas. Ini-cialmente íamos às feiraslivres vender o que colhí-amos e ainda preparáva-mos parte da colheita parao restaurante do Augusto.Gosto tanto de Santa Ma-ria que quando vou a Ja-pão e fico duas semanas jáme dá vontade de retornarpara cá”, se orgulha.

De acordo comToyoko as famílias nipô-nicas seguiam dois cami-nhos. Alguns preferiam lidar nalavoura e outros acompanhar ocrescimento do comércio. Nocaso dos Murakami, houve a as-sociação das duas coisas. Em1960, a família montou umabanca de verduras e legumes noantigo Mercado Itaimbé, e for-neciam os hortifrutis para osquartéis, hospitais e alguns res-taurantes da cidade.

O negócio prosperou durantemuitos anos até o surgimento dosprimeiros supermercados, que setornaram vilões para os Muraka-mi. Em 1970, eles se viram obri-gados, devido a concorrênciadesses estabelecimentos, a mu-dar de negócio e criaram a atualFloricultura Yamamoto. “No iní-cio foi difícil, mas acabei meacostumando com o povo, e hojeacho que já sou bem brasileira”,comenta Toyoko que assumiu o

Famílias deorigem japonesa,da cidadede Kumamoto,chegaram ao suldo Brasil em 1957

sobrenome Yamamoto, ao se ca-sar com Shigeki.

Hoje Toyoko mora no bairroNossa Senhora de Lourdes, masquando chegou ainda não ha-via muitas casas. “Fomos a quin-ta família a povoar o bairro”,conta. Desde que chegaram aSanta Maria os japoneses se re-únem anualmente, na primeiraquinzena de janeiro, na casa doatual presidente da Colônia Ja-ponesa em Santa Maria, paradebater assuntos relacionadosaos costumes nipônicos.

De acordo com o presidenteda Colônia Japonesa em SantaMaria, Holonobu Suwa, as ou-tras 15 famílias japonesas quedesembarcaram em Uruguaianaem 1957, também partiram paraoutras cidades como Cruz Alta,Dom Pedrito, Rio Pardo, alémde Porto Alegre e São Paulo.

Osvaldo Melo/A Razão

Japoneses no Rio Grande do SulQuando chegaram ao Brasil: abril de 1957

Quando chegaram a Santa Maria: fevereiro de 1958

Quantas famílias vieram: 32, sendo que 17 delas se estabeleceram em Santa Maria. As demais forampara Cruz Alta, Dom Pedrito, Rio Pardo, além de Porto Alegre e São Paulo.

Murakami Famílias japonesas chegaramao Brasil em abril de 1957

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