Espécies de Cyperaceae Do Centro de Pesquisa e Conservação Da Natureza Pró Mata Por Ferreira e Eggers

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RESUMO– (Espécies de Cyperaceae do Centro de Pesquisa e Conservação da Natureza Pró-Mata, município de São Francisco de Paula, RS, Brasil). Foi realizado o levantamento florístico das espécies de Cyperaceae do Centro de Pesquisa e Conservação da Natureza Pró-Mata (CPCN Pró-Mata), Rio Grande do Sul. O local de estudo está situado no município de São Francisco de Paula, na região fisiográfica dos Campos de Cima da Serra. Foram efetuadas cinco expedições de coleta e encontradas 42 espécies, distribuídas em oito gêneros. São apresentadas a lista das espécies, chaves de identificação nos níveis genérico e específico e fotomicrografias em Microscopia Eletrônica de Varredura dos aquênios de cada espécie.

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  • Acta bot. bras. 22(1): 173-185. 2008

    Espcies de Cyperaceae do Centro de Pesquisa e Conservao da

    Natureza Pr-Mata, municpio de So Francisco de Paula, RS, Brasil

    Pedro Maria de Abreu Ferreira1 e Lilian Eggers2,3

    Recebido em 29/05/2006. Aceito em 24/05/2007

    RESUMO (Espcies de Cyperaceae do Centro de Pesquisa e Conservao da Natureza Pr-Mata, municpio de So Francisco de Paula,RS, Brasil). Foi realizado o levantamento florstico das espcies de Cyperaceae do Centro de Pesquisa e Conservao da NaturezaPr-Mata (CPCN Pr-Mata), Rio Grande do Sul. O local de estudo est situado no municpio de So Francisco de Paula, na regiofisiogrfica dos Campos de Cima da Serra. Foram efetuadas cinco expedies de coleta e encontradas 42 espcies, distribudas em oitogneros. So apresentadas a lista das espcies, chaves de identificao nos nveis genrico e especfico e fotomicrografias em MicroscopiaEletrnica de Varredura dos aqunios de cada espcie.

    Palavras-chave: Cyperaceae, florstica, CPCN Pr-Mata, fotomicrografias em MEV, aqunio

    ABSTRACT (Cyperaceae species of the Centro de Proteo e Conservao da Natureza Pr-Mata, So Francisco de Paula municipality,Rio Grande do Sul State, Brazil). A floristic survey of Cyperaceae species at the Centro de Proteo e Conservao da Natureza Pr-Mata (CPCN Pr-Mata), Rio Grande do Sul was performed. The study area is located in So Francisco de Paula municipality, in thephysiographic region of the Campos de Cima da Serra. In five collecting expeditions, 42 species were found at the study site, distributedon eight genera. A list of the species, analytical keys for genera and species, as well as scanning photomicrographs of the achenes arepresented.

    Key words: Cyperaceae, flora, CPCN Pr-Mata, scanning photomicrographs, achene

    Introduo

    O Centro de Pesquisas e Conservao da NaturezaPr-Mata (CPCN Pr-Mata) est localizado nomunicpio de So Francisco de Paula, Rio Grande doSul. O local de estudo est inserido na regiofisiogrfica dos Campos de Cima da Serra, parteintegrante do Planalto Meridional. A regio delimitadaa leste pelas escarpas de at 900 metros de altura,embasadas pela plancie costeira, e a sul pelo taludeda Serra Geral. A fisionomia vegetal composta porum mosaico de zonas de campo e mata, sendo que,originalmente, os campos predominavam em regiesde maior altitude e as matas em baixadas ou ao longodo curso de rios (Rambo 1942). Nos ltimos anos, tantoas reas de campo quanto as de mata vm sendo alvode elevada presso antrpica, com a remoo davegetao original para a implantao de culturas

    agrcolas e silviculturais (Boldrini 1997). Essas aesesto acarretando a progressiva descaracterizaofisionmica e florstica da regio.

    O CPCN Pr-Mata totaliza uma rea de 4.894,41ha e abrange trs regies fitoecolgicas: Campos,Floresta Ombrfila Mista e Floresta Ombrfila Densa.A rea apresenta vegetao florestal primria comFloresta Ombrfila Densa em 1.355,64 ha (27,72% darea total) e Floresta Ombrfila Mista em 1.777,81 ha(36,36%). Vegetao florestal secundria ocorre em972,45 ha (19,89%), capoeira em 138,03 ha (2,82%) ecampos em 147,38 ha (3,02%). O restante da rea ocupado por reas midas, corpos dgua, construes,etc. (Baaske & Tzschupke 2002). Os camposexistentes no local so reas no pastejadas,apresentando estrato herbceo denso e alto, deaproximadamente 60 cm. A formao campestre doCPCN Pr-Mata tem sido objeto de estudo quanto a

    1 Pontifcia Universidade Catlica do Rio Grande do Sul, Avenida Ipiranga 6681, 90619-900 Porto Alegre, RS, Brasil2 Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Instituto de Biocincias, Departamento de Botnica, Av. Bento Gonalves 9500, Prdio 43433,

    91501-970 Porto Alegre, RS, Brasil3 Autor para correspondncia: [email protected]

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    sua caracterizao florstica e fitossociolgica. Olevantamento da flora de Poaceae indicou a ocorrnciade 68 espcies, destacando-se o nmero de hibernais(17 espcies) (Caporal & Eggers 2005). Alm deste,foi realizado levantamento fitossociolgico do estratoherbceo na mesma fisionomia campestre, o qualcontabilizou 106 espcies, distribudas em 22 famlias(Eggers et al., dados no publicados). A famliaCyperaceae foi representada nesta amostragem pornove espcies. Trabalhos clssicos e mais abrangentes,como o de Rambo (1949), apontaram a ocorrncia de42 espcies da famlia para a regio de Cambar,municpio relativamente prximo ao local de estudo epertencente mesma regio fisiogrfica.

    Cyperaceae uma famlia cosmopolita,encontrada principalmente associada s formaesvegetais mal drenadas, como brejos, pntanos, charcose margens de rios e corpos dgua. composta pormais de 5.000 espcies, distribudas em 104 gneros(Goetghebeur 1998). Floras e estudos taxonmicospublicados para a famlia ainda so escassos.Considerando-se os mais recentes, encontram-seBarros (1960), para o Estado de Santa Catarina;Luceo et al. (1997) para Paraba e Pernambuco eMartins et al. (1999) para o Parque Estadual PauloCsar Vinha, no Esprito Santo. Chave para os gnerosbrasileiros da famlia pode ser encontrada tambm emLuceo & Alves (1997).

    Em Cyperaceae, a morfologia do aqunio umcarter de extrema importncia na identificao deespcies. A forma, o tamanho, a cor e a ornamentaodo fruto so caractersticas relevantes efreqentemente presentes em chaves dicotmicas, nosnveis genrico e especfico. Oliveira (1980) analisoua morfologia do aqunio de 31 gneros de Cyperaceaecom o uso de estereomicroscpio, agrupando-os deacordo com a presena ou ausncia de estruturasassociadas, como estilopdios, cerdas e utrculos.

    Por outro lado, estudos utilizando MicroscopiaEletrnica de Varredura (MEV) permitem a observaode caractersticas gerais de forma e ornamentao dofruto, e tambm evidenciam aspectos micromorfo-lgicos como a forma e a orientao de clulasepidrmicas, a forma do lume celular, a presena decorpos silicosos, etc. Estudos com este enfoque tm oobjetivo de auxiliar na delimitao de espcies econtribuir para o entendimento da estrutura e funodos disporos (Lye 2000). Essa ferramenta tem sidoutilizada em estudos taxonmicos de gneros deCyperaceae (Arajo & Longhi-Wagner 1997;Guaglianone 1979), assim como em outras famlias,

    como, por exemplo, Poaceae (Zanin & Longhi-Wagner2001; Boechat & Longhi-Wagner 2003).

    O presente trabalho tem como objetivo olevantamento florstico das espcies de Cyperaceaeexistentes no CPCN Pr-Mata e a apresentao dechaves dicotmicas para sua determinao.Fotomicrografias em MEV dos aqunios soapresentadas, destacando diferenas na morfologiageral do fruto e a caracterizao de sua superfcie,facilitando a identificao das espcies.

    Material e mtodos

    O CPCN Pr-Mata est situado entre ascoordenadas 2927 - 2935S e 5008 - 5015W(Fig. 1), constituindo-se em uma rea de Conservaopertencente Pontifcia Universidade Catlica do RioGrande o Sul (PUCRS) desde 1993. O clima da regio do tipo Cfb mido a super-mido, na classificaode Kppen, com ndice pluviomtrico mdio anual de2.252 mm temperatura mdia anual de 14,5 C(Bertoletti & Teixeira 1995). O componente geolgico predominantemente basltico, como no restante daRegio Geomorfolgica do Planalto das Araucrias,sendo que o relevo pode se apresentar de ondulado aescarpado (nas altitudes entre 600 e 900 m, comlitossolos aflorantes) e de suave ondulado a ondulado(nas altitudes acima de 900 m, com cambissolos bruno-hmico-licos de elevado acmulo de matria orgnicano horizonte superficial) (Jngblut & Pinto 1997).

    As coletas foram realizadas em cinco expediesao local, abrangendo reas inalteradas de campos,bordas de mata e mata, alm de locais expostos aoantrpica, como estradas, trilhas e arredores dasedificaes da sede administrativa. A amostragem foirealizada em janeiro, maro e setembro/2004 efevereiro e abril/2005, procurando abranger as estaesde outono, primavera e vero, de acordo os perodospreferenciais de florescimento das espcies. O mtodode amostragem utilizado foi uma adaptao doCaminhamento, proposto por Filgueiras et al. (1994)para levantamentos florsticos qualitativos. Essaadaptao consistiu basicamente na diminuio daslinhas de caminhamento (pois o levantamento enfocouapenas uma famlia) e na no utilizao das etapas dedeterminao de fisionomias (devido distribuiopredominantemente campestre da famlia). A campo,foi observada a ocorrncia das espcies nas diferentesreas amostradas (topos de morro e encostas, porexemplo). A bibliografia bsica utilizada na

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    identificao das espcies foi Adams (1994), Arajo& Longhi-Wagner (1996), Barros (1960), Guaglianone(1979), Luceo et al. (1997) e Martins et al. (1999).As exsicatas foram incorporadas ao Herbrio doMuseu de Cincias e Tecnologia da PUCRS (MPUC).

    As fotomicrografias dos aqunios foram obtidasno Centro de Microscopia e Micro-Anlises (CEMM)da PUCRS, com Microscpio Eletrnico de VarreduraPhilips modelo XL30. Aqunios em bom estado deconservao de cada espcie foram selecionados apartir do material-testemunho e fixados com fita adesivadupla-face nos suportes especficos para a microscopiaeletrnica (stubs). A preparao das amostras consistiuem desidratao em cmara com slica e posteriormetalizao com carbono em cmara de disperso avcuo. Os aqunios no sofreram nenhuma espciede pr-tratamento envolvendo agentes qumicos. Emtodas as fotomicrografias, os aqunios foramposicionados com o eixo vertical em ngulo reto coma normal e com a base voltada para baixo. Nasfotomicrografias dos detalhes, a superfcie selecionadafoi a mais representativa e a mais livre de impurezas.

    No so apresentadas as fotomicrografias dos aquniosde Scleria filiculmis Boeck. e de S. panicoidesKunth, devido m condio de apresentao,decorrente de danos na paredo dos aqunios.

    Resultados e discusso

    Foram encontradas 42 espcies de Cyperaceaeno CPCN Pr-Mata (Tab. 1), distribudas em oitogneros: Bulbostylis Kunth, Carex L., Cyperus L.,Eleocharis R. Br., Fimbristylis Vahl, Kyllinga Rottb.,Rhynchospora Vahl e Scleria P.J. Bergius.Rhynchospora foi o gnero mais representativo (12espcies), seguido por Cyperus (oito espcies) eEleocharis (seis espcies).

    Rhynchospora pode ser considerado o gneromais importante, no somente pelo nmero de espcies(12 spp.), mas tambm pela abundncia de indivduosvisualizados a campo e sua ocorrncia em diferentesambientes. Nas formaes campestres, R. polyantha a espcie mais freqentemente encontrada, comocorrncia em reas alagadas e encostas. As reas

    Figura 1. Localizao do Centro de Pesquisa e Conservao da Natureza (CPCN) Pr-Mata, RS, Brasil. Modificado de Bertoletti &Teixeira, 1995.

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    Tabela 1. Lista de espcies e respectivo material-testemunho dascolees obtidas no CPCN Pr-Mata, RS, Brasil.

    Espcie Mat. testemunho

    Bulbostylis capillaris (L.) C.B. Clarke Ferreira, P.M.A. 45B. distans (Schrad. ex Schult.) Nees ex Ferreira, P.M.A. 89

    Urb.B. juncoides (Vahl) Kk. ex Osten. Ferreira, P.M.A. 41B. sphaerocephala (Boeck.) C.B. Clarke Ferreira, P.M.A. 43Carex albolutescens Schwein. Ferreira, P.M.A. 11C. brasiliensis A. St.-Hil. Caporal, F.J.M. s.n.C. sororia Kunth Baaske s.n.Cyperus aggregatus (Willd.) Endl. Baaske s.n.C. consanguineus Kunth Ferreira, P.M.A. 85C. haspan L. Ferreira, P.M.A. 95C. luzulae var. entrerianus (Boeck.) Ferreira, P.M.A. 55

    BarrosC. meyenianus Kunth Ferreira, P.M.A. s.n.C. pohlii (Nees) Steud. Ferreira, P.M.A. 84C. reflexus Vahl Ferreira, P.M.A. 80C. reflexus var. fraternus (Kunth) Kk. Ferreira, P.M.A. 77Eleocharis loefgreniana Boeck. Ferreira, P.M.A. s.n.E. maculosa (Vahl) Roem & Schult. Ferreira, P.M.A. 48E. minima var. minima Kunth Ferreira, P.M.A. 71E. squamigera Svenson Caporal, F.J.M. s.n.E. subarticulata (Nees) Boeck. Ferreira, P.M.A. 49E. viridans Kk. ex Oken Ferreira, P.M.A. 88Fimbristylis autumnalis (L.) Roem. & Ferreira, P.M.A. 98

    Schult.Kyllinga brevifolia Rottb. Ferreira, P.M.A. 99K. odorata Vahl Ferreira, P.M.A. 18K. vaginata Lam. Baaske s.n.Rhynchospora barrosiana Guagl. Ferreira, P.M.A. 93R. brasiliensis Boeck. Ferreira, P.M.A. 90R. flexuosa C.B. Clarke Ferreira, P.M.A. 53R. floribunda Boeck. Ferreira, P.M.A. 96R. globosa (Kunth) Roem & Schult. Ferreira, P.M.A. 30R. marisculus Steud. Ferreira, P.M.A. 94R. megapotamica (Spreng.) H. Pfeiff. Caporal, F.J.M. s.n.R. polyantha Steud. Ferreira, P.M.A. 23R. rugosa (Vahl) Gale Ferreira, P.M.A. 39R. setigera Griseb. Caporal, F.J.M. s.n.R. tenuis Link Baaske s.n.R. velutina (Kunth) Boeck. Ferreira, P.M.A. 74Scleria ciliata Michx. Baaske s.n.S. distans Poir. Ferreira, P.M.A. 75S. filiculmis Boeck. Ferreira, P.M.A. 01S. panicoides Kunth Betz, H. s.n.S. sellowiana Kunth Baaske s.n.

    mais secas, como os topos de morro, so visualmentecaracterizadas pela presena de R. globosa eR. setigera. Em reas de transio entre campo e mata tpica a ocorrncia de R. floribunda. Espcies deRhynchospora, como R. brasiliensis, R. marisculus,R. rugosa e R. tenuis apresentam ampla distribuio,sendo comuns em todo o pas, enquanto R. barrosianae R. polyantha so tpicas do sul do Brasil (Barros

    1960; Guaglianone 1979). Rhynchospora setigeratem ampla distribuio no continente americano,especialmente em ambientes de savana, cerrado ecampo rupestre, restringindo sua ocorrncia no CPCNPr-Mata a locais de solos rasos, mais secos.

    Embora Cyperus seja o segundo gnero emriqueza no local de estudo, suas espcies so menosabundantes, o que reflete o carter megatrmico dognero, visto que o CPCN Pr-Mata situa-se em regiode altitude. Este ambiente caracterstico para aocorrncia de C. reflexus. Cyperus consanguineus,por outro lado, apresenta coletas somente para o oestedo Brasil meridional e pode ser considerada umaespcie rara nesta e outras localidades. Cyperusaggregatus, C. luzulae var. entrerianus eC. meyenianus so tipicamente espcies ruderais,assim como Fimbristylis autumnalis e as espcies deKyllinga.

    Espcies de Eleocharis so dominantes embaixadas alagadas e margens de aqferos, sendo asmais comuns E. viridans e E. minima var. minima.Eleocharis maculosa e E. minima var. minimaapresentam ampla distribuio em brejos e camposmidos de todo o pas, enquanto E. viridans umaespcie comum somente em reas midas do sul doBrasil (Trevisan, comunicao pessoal). O espcimecoletado de E. loefgreniana foi referido como novacitao para a flora do Rio Grande do Sul (Trevisan &Boldrini 2008). No Brasil, a espcie estava citadaanteriormente somente para Minas Gerais e So Paulo,representando esta coleta o limite meridional deocorrncia. Embora tenha sido mencionada para aArgentina (Svenson 1939) no h confirmao recenteda presena desta espcie neste pas (Barros 1947;Guaglianone 1996).

    Scleria tambm ocorre tipicamente em reasmidas, com exceo de S. panicoides, caractersticade vegetao florestal e comum na Mata Atlntida(Muniz & Shepherd 1987). Para a localidade de estudo,esta espcie tem sua ocorrncia vinculada penetraoda Floresta Ombrfila Densa na regio. Scleriafiliculmis citada para a Amrica do Norte e Centralem condies de solos arenoso-argilosos em savanase em bosques abertos de Pinus (Adams 1994). NoBrasil, por outro lado, foi referida somente para umarea mida bem preservada em Santa Catarina (Barros1960), em condies de conservao semelhantes sda rea aqui estudada. Assim sendo, pode serconsiderada uma espcie rara. Scleria sellowianatambm ocorre em banhados, no entanto, tem citaorestrita ao Brasil meridional, Uruguai e Argentina

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    (Barros 1960). Scleria distans destaca-se pela suafreqncia nas formaes campestres mais midas.

    Bulbostylis apresenta espcies que so maisfreqentemente encontradas em afloramentos rochosos(B. hirtella, B. capillaris e B. sphaerocephala) ebaixadas midas (B. juncoides), enquanto o gneroCarex, tipicamente microtrmico, tambm se destacanas baixadas midas, em particular pela elevadafreqncia de Carex albolutescens.

    No existem estudos especficos da flora deCyperaceae para a regio do Planalto das Araucrias.Rambo (1949) citou a ocorrncia de 42 espcies deCyperaceae para o municpio de Cambar, contudono apresentou a lista completa de espcies. Destacou,somente para os banhados da regio, a presena deEleocharis nodulosa (Rottb.) Schult. (= E. montana(Kunth) Roem. & Schult., Platylepis brasiliensis(Kunth) CBCL. (= Ascolepis brasiliensis (Kunth)Benth. ex C.B. Clarke), Lipocarpha sellowiana Kunth(= Lipocarpha humboldtiana Nees), Cyperushaspan L., Rhynchospora globosa R. et Schult.,Fuirena incompleta Nees e F. bahiensis L. et N.(= F. robusta Kunth). No CPCN Pr-Mata, ostrabalhos realizados anteriormente tiveram comoenfoque o mapeamento de vegetao e o levantamentofitossociolgico de uma das formaes campestresexistentes no local (Baaske & Tzschupke 2002; Eggerset al., dados no publicados), resultando em um nmerode espcies amostradas sensivelmente menor, tendoem vista a metodologia empregada para atender aestes objetivos.

    Fotografias obtidas em Microscpio Eletrnico deVarredura de 37 aqunios e trs utrculos soapresentados nas Fig. 2, 3 e 4. Embora seja de interessepara todos os gneros neste estudo, a anlise dasfotomicrografias dos aqunios de Bulbostylis,Eleocharis e Rhynchospora evidenciou caracters-ticas particularmente relevantes para a distino deespcies prximas. Para as espcies dos demaisgneros, as imagens permitiram uma visualizao maisclara da forma e ornamentao do aqunio.

    A superfcie do fruto, o tipo de inflorescncia e ograu de pilosidade da planta constituem os melhorescaracteres diagnsticos para Bulbostylis. Nas espciescom inflorescncia antelide, o aqunio levementetuberculado, com proeminncias agudas de Bulbostyliscapillaris, difere do aqunio de B. hirtella, o qual fortemente tuberculado, com proeminnciasarredondadas (Fig. 2A-D). Em plantas com inflores-cncia monocfala, as espcies so mais facilmentedistintas, tanto por caractersticas vegetativas e da

    inflorescncia, quanto pelo aqunio, que transversal-mente rugoso em B. juncoides e liso a levementereticulado em B. sphaerocephala (Fig. 2E-F).

    Em Carex, o tipo de inflorescncia til nadistino entre as espcies. Carex sororia apresentaespiga terminal nica, enquanto C. albolutescens eC. brasiliensis apresentam um maior nmero deespigas terminais, distinguindo-se pelo tamanho dasmesmas, que so menores na primeira espcie. Osaqunios das trs espcies so muito semelhantes,motivo pelo qual optou-se pela confeco dafotomicrografia do utrculo, o qual apresenta colo aladoem C. albolutescens (Fig. 2O).

    Assim como para as espcies de Carex, emCyperus, a morfologia e ornamentao dos aquniosno so bons caracteres de diferenciao entreespcies, conforme ressaltado por Lye (2000). ParaCyperus, somente o aqunio de C. haspan pode serconsiderado uma exceo, por apresentar-secaracteristicamente obovide e reticulado (Fig. 3I).Assim sendo, foram utilizadas caractersticas dainflorescncia (contrada ou com raios evidentes,simples ou composta, tamanho relativo dos raios, etc.),alm de caracteres vegetativos para a elaborao dachave dicotmica.

    Em Eleocharis, devido reduo das estruturasda inflorescncia e das partes vegetativas, a morfologiados aqunios tem grande importncia para aidentificao das espcies (Menapace 1990). interessante destacar o aqunio de E. viridans, nicodentre as espcies ocorrentes no CPCN Pr-Mata queno apresenta cerdas hipginas (Fig. 3G). O padroda superfcie do aqunio de grande valia nadiferenciao entre E. squamigera (Fig. 3E) eE. subarticulata (Fig. 3F), sendo fortemente reticuladoe com cristas longitudinais evidentes na primeira efracamente reticulado e sem estas cristas na segunda.Todavia, outros caracteres como o pice das glumas eas bainhas foliares so tambm relevantes noreconhecimento das espcies, tendo em vista queespcimes sem frutos ou com frutos imaturos sofreqentemente coletados.

    Caractersticas dos aqunios so praticamenteirrelevantes na distino entre as espcies de Kyllinga(Fig. 3I-K). A carena das glumas (espinulosa emK. brevifolia e lisa em K.odorata e K. vaginata) eos rizomas (ausentes em K. odorata e presentes emK. vaginata) so os caracteres mais evidentes econstantes para diferenciar estas espcies.

    Para Rhynchospora, caractersticas do aqunioso a base da chave de identificao apresentada

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    Figura 2. Aqunios (A-N) e utrculos (O-P) das espcies de Cyperaceae no CPCN Pr-Mata, RS, Brasil. A-B. Bulbostylis capillaris (L.)C.B. Clarke. C-D. Bulbostylis distans (Schrad. ex Schult.) Nees ex Urb. E. Bulbostylis juncoides (Vahl) Kk. ex Osten. F. Bulbostylissphaerocephala (Boeck.) C.B. Clarke. G. Cyperus aggregatus (Willd.) Endl. H. Cyperus consanguineus Kunth. I. Cyperus haspan L.J. Cyperus luzulae var. entrerianus (Boeck.) Barros. K. Cyperus meyenianus Kunth. L. Cyperus pohlii (Nees) Steud. M. Cyperus reflexusVahl. N. Cyperus reflexus var. fraternus (Kunth) Kk. O. Carex albolutescens Schwein. P. Carex brasiliensis A. St.-Hil.

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    Figura 3. Utrculo (A) e aqunios (B-P) das espcies de Cyperaceae no CPCN Pr-Mata, RS, Brasil. A. Carex sororia Kunth.B. Eleocharis loefgreniana Boeck. C. Eleocharis maculosa (Vahl) Roem. & Schult. D. Eleocharis minima var. minima Kunth. E. Eleocharissquamigera Svenson. F. Eleocharis subarticulata (Nees) Boeck. G. Eleocharis viridans Kk. ex Oken. H. Fimbristylis autumnalis (L.)Roem. & Schult. I. Kyllinga brevifolia Rottb. J. Kyllinga odorata Vahl. K. Kyllinga vaginata Lam. L-M. Rhynchospora barrosianaGuagl. N. Rhynchospora brasiliensis Boeck. O. Rhynchospora flexuosa C.B. Clarke. P. Rhynchospora floribunda Boeck.

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    por Guaglianone (1979). Espcies prximas comoR. barrosiana, R. marisculus, R. polyantha eR. rugosa apresentam distino quanto forma doaqunio e proporo entre o aqunio e o estilopdio.No entanto, a superfcie do aqunio relevante, sendodeterminante na identificao de R. barrosiana, queapresenta a superfcie longitudinalmente estriada, comcristas e sulcos transversais abruptos (Fig. 3L-M),conforme destacado por Guaglianone (1979).Rhynchospora marisculus e R. polyantha diferemprincipalmente pelo aspecto da inflorescncia(copiosa e paucirramosa, respectivamente). Ainflorescncia de R. marisculus em campo bastantedistinta da ocorrente em R. polyantha.Rhynchospora marisculus apresenta grande nmerode ramos, os quais so concentrados e densos,especialmente no corimbo terminal. Rhynchosporapolyantha tem um menor nmero de ramos porcorimbo, o que fornece um aspecto laxo aos mesmos.Alm disto, as espcies apresentam diferenas naforma da base do estilopdio (semilunar emR. marisculus e ortogonal em R. polyantha) e naforma do aqunio (Fig. 4C-F), visto que a superfciedo aqunio similar, com rugosidade suave quandocomparada com R. barrosiana. Rhynchosporarugosa (Fig. 4G-H) apresenta superfcie do aquniolongitudinalmente estriada, com bandas transversais,de projeo intermediria ao encontrado emR. barrosiana e R. marisculus ou R. polyantha. Aprincipal diferena entre os aqunios de R. marisculusR. polyantha e R. rugosa reside no tamanho doestilopdio relativo ao aqunio, sendo este visivelmentemenor do que o aqunio em R. rugosa (Fig. 4H) eigual ou maior do que o aqunio em R. marisculus(Fig. 4C) e R. polyantha (Fig. 4E). O grupoRhynchospora rugosa apresenta problemas dediferenciao interespecfica que indicam anecessidade de uma reviso taxonmica com baseem grande nmero de material coletado em diversasregies, aspecto j salientado por Thomas (1994). Oestudo da variabilidade morfolgica e dadescontinuidade de caracteres torna-se essencial parao melhor entendimento da circunscrio das espcies.

    Ainda em Rhynchospora, a presena de cerdashipginas determinante na distino entre espcies.

    Estas esto ausentes em R. floribunda,R. megapotamica , R. setigera , R. tenuis eR. velutina e presentes em R. barrosiana ,R. brasiliensis , R. flexuosa , R. globosa,R. marisculus, R. polyantha e R. rugosa. Dentreas espcies amostradas, algumas apresentamcaractersticas peculiares, de fcil reconhecimento.Rhynchospora flexuosa destaca-se pela presenade cerdas curtas, de extenso menor que a metadedo corpo do aqunio (Fig. 3O); R. globosa apresentacerdas plumosas (Fig. 4A) e R. floribunda possuiestilopdio longo e estreito (Fig. 3P). Nas espciesde Rhynchospora encontradas no CPCN Pr-Mata,estas caractersticas s so observveis nas espciesapresentadas acima.

    As diferenas entre os aqunios de Scleria sobastante evidentes entre as espcies encontradas.Destaca-se a presena de hipognio formado portubrculos em S. ciliata e S. sellowiana (Fig. 4L, 4N),alm da pilosidade do aqunio que ocorre apenas emS. panicoides. Os padres de superfcie dos aquniosso tambm taxonomicamente relevantes no gnero.Ocorre superfcie fortemente reticulada em S. ciliata(Fig. 4L), fracamente reticulada em S. filiculmis eS. sellowiana (Fig. 4N) e lisa em S. distans (Fig. 4M).

    Considerando-se a extenso das reascampestres, evidencia-se uma riqueza considervel deespcies de Poaceae e Cyperaceae dos campos noCPCN Pr-Mata. Poaceae encontra-se representadapor 68 espcies, sendo 25% de carter hibernal(Caporal & Eggers 2005). As condies climticas deum ambiente mais frio, associada ausncia de pastejofavorecem o desenvolvimento destas plantas. Alm decontribuir para o conhecimento da flora local, a listagemdas 42 espcies de Cyperaceae destas formaescampestres permite constatar a presena de espciesde distribuio restrita ou rara como, por exemplo,Cyperus consanguineus, Eleocharis loefgrenianae Scleria filiculmis. Tais espcies indicam aimportncia da conservao desta unidade de pesquisa,assim como de estudos para o conhecimento dabiodiversidade local.

    A seguir so apresentadas chaves de identificaopara os gneros e espcies de ocorrncia confirmadano local.

  • Acta bot. bras. 22(1): 173-185. 2008. 181

    Figura 4. Aqunios das espcies de Cyperaceae no CPCN Pr-Mata, RS, Brasil. A. Rhynchospora globosa (Kunth) Roem. & Schult.B. Rhynchospora megapotamica (Spreng.) H. Pfeiff. C-D. Rhynchospora marisculus Steud. E-F. Rhynchospora polyantha Steud.G-H. Rhynchospora rugosa (Vahl) Gale. I. Rhynchospora setigera Griseb. J. Rhynchospora tenuis Link. K. Rhynchospora velutina(Kunth) Boeck. L. Scleria ciliata Michx. M. Scleria distans Poir. N. Scleria sellowiana Kunth.

  • Ferreira & Eggers: Espcies de Cyperaceae do Centro de Pesquisa e Conservao da Natureza Pr-Mata...182

    Chave de identificao para os gneros

    (Quando o gnero est representado somente por uma espcie, esta aparece diretamente na chave)

    1. Lminas foliares ausentes; inflorescncia reduzida a uma espigueta terminal, brcteas involucraisausentes ........................................................................................................................................... Eleocharis

    1. Lminas foliares presentes; inflorescncia com mais de uma espigueta, brcteas involucraispresentes2. Glumas dsticas

    3. Espiguetas 1-2-floras; estilete bfido; aqunios comprimidos lateralmente ...............................Kyllinga3. Espiguetas plurifloras; estilete trfido; aqunios trgonos ou comprimidos dorsiven-

    tralmente .................................................................................................................................... Cyperus2. Glumas espiraladas

    4. Aqunio encerrado em utrculo ..................................................................................................... Carex4. Aqunio livre, na axila da gluma

    5. Aqunio globoso, grisceo ou branco, endurecido; espiguetas bissexuadas, floresunissexuais, pistiladas na base da espigueta e estaminadas no pice da espiguera .............. Scleria

    5. Aqunio obovide ou oblongo, trgono ou biconvexo, estramneo, pardo ou castanho,nunca endurecido; flores predominantemente perfeitas6. Estilete fimbriado; estilopdio caduco (Fig. 3H) ................................... Fimbristylis autumnalis6. Estilete nunca fimbriado; estilopdio persistente

    7. pice da bainha foliar longamente ciliolado; glumas iguais ou subiguais; aquniotrgono; estilopdio globoso ................................................................................... Bulbostylis

    7. pice da bainha foliar glabro; glumas nitidamente desiguais; aqunio biconvexo;estilopdio piramidal ........................................................................................ Rhynchospora

    Chave de identificao para as espcies

    Bulbostylis Kunth

    1. Inflorescncia monocfala2. Lminas foliares eretas; inflorescncia 3-15 espiguetas; aqunio transversalmente rugoso

    (Fig. 2E) ................................................................................................................................... B. juncoides2. Lminas foliares enroladas; inflorescncia 20-50 espiguetas; aqunio liso a levemente reticulado

    (Fig. 2F) ........................................................................................................................ B. sphaerocephala1. Inflorescncia antelide

    3. Planta hspida; aqunio fortemente tuberculado (Fig. 2D) ........................................................... B. hirtella3. Planta escabrosa apenas nas laterais e nervuras das folhas, raras vezes no escapo; aqunio

    fracamente tuberculado (Fig. 2B) ........................................................................................... B. capillaris

    Carex L.

    1. Espiga terminal nica ........................................................................................................................ C. sororia1. Espigas terminais 3-7

    2. Espigas at 1,4 cm compr., todas ssseis; colo do utrculo alado (Fig. 2O) .....................C. albolutescens2. Espigas 2,5-9,5 cm compr., as basais pediceladas, apicais ssseis; colo do utrculo nunca alado

    (Fig. 2P) ............................................................................................................................... C. brasiliensis

    Cyperus L.

    1. Inflorescncia capituliforme2. Inflorescncia monocfala; espiguetas 6-12 mm comp.; aqunios 0,8-1,1 mm compr. ............. C. reflexus2. Inflorescncia composta por 4-8 espigas ssseis; espiguetas 4-5,5 mm compr.; aqunios

    1,5-1,9 mm compr. ................................................................................................................ C. aggregatus

  • Acta bot. bras. 22(1): 173-185. 2008. 183

    1. Inflorescncia antelide, com raios evidentes3. Antela simples

    4. Base do escapo claramente trgona; lmina foliar com septos nodosos; espigueta ovide,at 5,0 mm compr. .................................................................................................... C. consanguineus

    4. Base do escapo cilndrica ou trgona com vrtices pouco evidentes; lmina foliar semseptos nodosos; espigueta lanceolide, 5,0-15,0 mm compr. ........................ C. reflexus var. fraternus

    3. Antela composta5. Rquila articulada, caindo com o desprendimento de glumas e aqunios

    6. Inflorescncia com raios longos maiores que 10,0 cm compr. ........................................... C. pohlii6. Inflorescncia com todos os raios at 8,0 cm compr. ............................................... C. meyenianus

    5. Rquila no articulada, permanecendo aps a queda de glumas e aqunios7. Lmina foliar presente; aqunio castanho a negro, elptico, 1,0-1,2 mm compr., pice

    agudo ..................................................................................................... C. luzulae var. entrerianus7. Lmina foliar reduzida a um prolongamento da bainha; aqunio branco, obovide,

    0,6-0,7 mm compr., pice obtuso .......................................................................................C. haspan

    Eleocharis R. Br.

    1. Bainha foliar com apndice hialino rugoso no pice; estilete bfido; aqunio biconvexo (Fig. 3C)...................................................................................................................................................... E. maculosa

    1. Bainha foliar sem apndice hialino rugoso no pice; estilete trfido; aqunio trgono2. Aqunios fortemente ou finamente reticulados

    3. Glumas superiores adpressas; espiguetas lanceolides; aqunios fracamente reticulados,sem cristas longitudinais evidentes (Fig. 3F) ............................................................... E. subarticulata

    3. Glumas superiores reflexas; espiguetas ovides a elipsides; aqunios fortemente reticulados,com cristas longitudinais evidentes (Fig. 3E) ................................................................. E. squamigera

    2. Aqunios lisos a levemente culiculados4. Colmos cilndricos; glumas superiores com pice emarginado .................................... E. loefgreniana4. Colmos quadrangulares; glumas superiores com pice obtuso ou agudo

    5. Plantas at 12,0 cm alt.; espiguetas 2,5-4,5 mm compr., 3-8 flores; glumas superioresdsticas ou subdsticas; colmos 0,1-0,2 mm larg.; cerdas hipginas presentes (Fig. 3D)....................................................................................................................... E. minima var. minima

    5. Plantas com mais de 15,0 cm alt.; espiguetas 6,0-13,0 mm compr., 30-60 flores; glumassuperiores espiraladas; colmos 0,3-0,7 mm larg.; cerdas hipginas ausentes (Fig. 3G)......................................................................................................................................... E. viridans

    Kyllinga Rottb.

    1. Gluma de carena espinulosa; inflorescncia monostquia, esverdeada; estame 1 ..................... K. brevifolia1. Gluma de carena lisa; inflorescncia mono a tristquia, esbranquiada; estames 2 ou 3

    2. Rizomas ausentes; estames 2; inflorescncia geralmente tristquia ........................................ K. odorata2. Rizomas presentes; estames 3; inflorescncia monostquia .................................................... K. vaginata

    Rhynchospora Vahl

    1. Inflorescncia monocfala2. Inflorescncia esbranquiada; glumas membranosas; cerdas hipginas ausentes (Fig. 4I) ...... R. setigera2. Inflorescncia parda; glumas endurecidas; cerdas hipginas presentes, plumosas (Fig. 4A)

    .................................................................................................................................................... R. globosa1. Inflorescncia corimbosa ou paniculada

    3. Cerdas hipginas ausentes4. Lminas foliares 10,0-12,0 mm larg.; aqunio com estilopdio no mnimo 5,0 mm compr.

  • Ferreira & Eggers: Espcies de Cyperaceae do Centro de Pesquisa e Conservao da Natureza Pr-Mata...184

    (Fig. 3-P); plantas escifilas, de borda de mata ............................................................... R. floribunda4. Lminas foliares 1,0-4,0 mm larg.; aqunio com estilopdio at 3,2 mm compr.; plantas

    helifilas5. Inflorescncia paniculada; aqunio com estilopdio 1,3-1,5 mm compr. ..............R. megapotamica5. Inflorescncia corimbosa

    6. Aqunio com estilopdio no mnimo 3,0 mm compr. (Fig. 4K) .................................. R. velutina6. Aqunio com estilopdio 1,3-1,7 mm compr. (Fig. 4J) ................................................... R. tenuis

    3. Cerdas hipginas presentes7. Folhas capilares; inflorescncia 1-2 corimbos, cerdas hipginas iguais ou menores que a

    metade do corpo do aqunio (Fig. 3O) ................................................................................ R. flexuosa7. Folhas planas, nunca capilares; inflorescncia multicorimbosa, cerdas hipginas

    evidentemente maiores que a metade do corpo do aqunio8. Aqunio linear-oblongo (Fig. 3N); aqunio com estilopdio 3,2 mm compr. ............. R. brasiliensis8. Aqunio obovide ou elptico, nunca linear; aqunio com estilopdio at 3,0 mm compr.

    9. Aqunio com sulcos transversais, com cristas abruptas bem definidas; estilopdiode at 1/3 de seu comprimento (Fig. 3L-M)......................................................... R. barrosiana

    9. Aqunio com sulcos transversais, sem cristas abruptas; com estilopdio pouco menorou maior que seu comprimento10. Base do estilopdio semilunar (Fig. 4C); inflorescncia copiosa, 5-7 corimbos

    laterais dispostos nos trs quartos finais do escapo ........................................ R. marisculus10. Base do estilopdio reta; inflorescncia paucirramosa, at 4 corimbos laterais

    dispostos apenas no quarto final do escapo11. Planta cespitosa; estilopdio 0,6-0,7 mm compr., aqunio de base mais estreita

    que o pice (Fig. 4H) ....................................................................................... R. rugosa11. Planta de rizomas curtos; estilopdio 1,1-1,4 mm compr., aqunio de base

    to larga quanto o pice (Fig. 4E) .............................................................. R. polyantha

    Scleria P.J. Bergius

    1. Inflorescncia paniculada; aqunio hspido nas salincias da ornamentao ............................. S. panicoides1. Inflorescncia fasciculada; aqunio glabro

    2. Espiguetas dispostas em fascculos ao longo do escapo floral ....................................................S. distans2. Espiguetas dispostas em fascculos terminais

    3. Glumas glabras; aqunio liso; hipognio ausente ................................................................. S. filiculmis3. Glumas ciliadas ao menos na carena; aqunio ornamentado; hipognio presente, composto

    por 3 pares de tubrculos4. Escapo pubescente; aqunio fracamente reticulado (Fig. 4N) ................................... S. sellowiana4. Escapo glabro; aqunio fortemente reticulado (Fig. 4L) .................................................... S. ciliata

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