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1 EXAME DE ORDEM 2011.3 ESPELHO DO 1º SIMULADO PEÇA PROFISSIONAL Manoel foi contratado pela empresa Barcelona Ltda., em 15/07/2009, para exercer a função de supervisor de suporte, laborando, inicialmente, em São Paulo, onde alugou um apartamento. Um ano depois, em face do fechamento da filial paulista, foi transferido para o Rio de Janeiro, rescindindo, com isso, o contrato de locação, pagando ao proprietário multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais). Já no Rio de Janeiro, Manoel detectou o desaparecimento de uma impressora, comunicando o fato ao diretor responsável, o qual, dois meses depois, determinou o rateio do prejuízo entre os empregados do setor, descontando, do salário de Manoel, o valor de R$ 800,00 (oitocentos reais). No mês de agosto de 2011, Manoel apresentou ao seu chefe um software por ele criado, sendo certo que o desenvolvimento do produto se deu durante o trabalho, mediante a utilização de recursos e materiais da empresa, apesar de o empregado não ter sido contratado como “inventor”, criando o produto apenas para suprir necessidades diárias do serviço. O software, de imediato aproveitado pela empresa, foi por ela vendido, dois meses depois, a uma empresa americana, por R$ 3.000.000,00 (três milhões de reais). Manoel, ao saber da venda, escreveu uma carta ao diretor responsável, questionando se teria alguma participação nos lucros, visto que tinha contribuído pessoalmente para o desenvolvimento do software. O diretor, durante reunião com todos os empregados do setor, demonstrou a sua indignação com a atitude de Manoel, chamando-o de mercenário, aproveitador e imbecil, ordenando, em seguida, a sua retirada da sala. Indignado com a situação, o obreiro procurou um advogado. Na qualidade de advogado contratado por Manoel, elabore a peça processual cabível. (5,0) EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DO TRABALHO DA... VARA DO TRABALHO DO RIO DE JANEIRO/RJ Manoel, nacionalidade..., estado civil..., supervisor de suporte, Id..., CPF..., CTPS..., endereço..., vem, mui respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, por seu advogado ao final firmado, com procuração anexa, propor a presente RECLAMAÇÃO TRABALHISTA em desfavor de Barcelona Ltda., CNPJ..., endereço..., com fundamento nos artigos 839 e segs. da CLT, pelas razões de fato e de direito que passa a expor: Da Causa de Pedir O reclamante foi contratado pela reclamada em 15/07/2009, para exercer a função de supervisor de suporte, laborando, inicialmente, em São Paulo, onde alugou um apartamento. Um ano depois, em face do fechamento da filial paulista, foi transferido para o Rio de Janeiro, rescindindo, com isso, o contrato de locação, pagando ao proprietário multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais). A multa, douto julgador, é de inteira responsabilidade da reclamada, pois resultou da transferência de localidade. À luz do art. 470 da CLT, todas as despesas resultantes da transferência devem ser pagas pelo empregador. Destarte, o reclamante faz jus ao ressarcimento da multa. O reclamante, em determinado momento, detectou o desaparecimento de uma impressora, comunicando o fato ao diretor responsável, o qual, dois meses depois, determinou o rateio do prejuízo entre os empregados do setor, descontando, do salário do reclamante, o valor de R$ 800,00 (oitocentos reais). Ora, Excelência, o desconto não poderia ter sido realizado, pois o dano não foi provocado pelo reclamante. Descontos desse tipo só se justificam se ficar comprovada a conduta dolosa ou culposa do empregado, exigindo-se, neste último caso, ajuste anterior. É o que prevê o art. 462, § 1º, CLT. In casu, o reclamante não contribuiu culposa ou dolosamente para a ocorrência do prejuízo, fato que marca de total ilegalidade a atitude patronal. Deste modo, requer a devolução do valor descontado. No mês de agosto de 2011, o reclamante apresentou ao seu chefe um software por ele criado, sendo certo que o desenvolvimento do produto se deu durante o trabalho, mediante a utilização de recursos e materiais da empresa. O reclamante não foi contratado como “inventor”, criando o produto apenas para suprir necessidades diárias do serviço. O software, de imediato aproveitado pela reclamada, foi por ela vendido, dois meses depois, a uma empresa americana, por R$ 3.000.000,00 (três milhões de reais). O reclamante, ao saber da venda, escreveu uma carta ao diretor responsável, questionando se teria alguma participação nos lucros, visto que tinha contribuído pessoalmente para o desenvolvimento do software. O diretor, durante reunião com todos os empregados do setor, em atitude arbitrária, chamou o reclamante de mercenário, aproveitador e imbecil, ordenando, em seguida, a sua retirada da sala. A reclamada, douto magistrado, inexplicavelmente, afrontou a honra do reclamante, quando este apenas buscava o que lhe era devido. O software foi fruto do talento e da dedicação do reclamante, o qual, usando recursos da empresa, criou um produto para suprir necessidades do serviço. O artigo 91, caput, da Lei 9.279/96 consagra que a propriedade de invenção será comum, em partes iguais, quando resultar da contribuição pessoal do empregado e de recursos do empregador. O referido artigo, em seu § 2º, dispõe que o empregado, nesse tipo de situação, tem direito a justa remuneração. Diante do exposto, o reclamante requer uma indenização por dano material, em valor não inferior a R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais). A agressão sofrida pelo reclamante, na presença de colegas de trabalho, tornou insuportável a continuidade da relação empregatícia, pelo que requer a declaração da indireta rescisão do seu contrato de trabalho, nos termos do artigo 483, e, da CLT. Reconhecida a rescisão indireta, decorrerá, naturalmente, a condenação da reclamada no pagamento das pertinentes verbas rescisórias, incluindo o aviso prévio indenizado inteligência do artigo 487, § 4º, da CLT. O reclamante faz jus, ainda, a uma indenização por dano moral, em face das ofensas proferidas pelo diretor, porquanto a proteção à honra consiste no direito de não ser ofendido ou lesado na sua dignidade ou consideração social. Caso ocorra a lesão, surge o direito à indenização pelo dano moral

Espelho Do 1 Simulado_OAB 2 Fase_20113

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EXAME DE ORDEM 2011.3

ESPELHO DO 1º SIMULADO

PEÇA PROFISSIONAL

Manoel foi contratado pela empresa Barcelona Ltda., em 15/07/2009, para exercer a função de supervisor de suporte, laborando, inicialmente, em

São Paulo, onde alugou um apartamento. Um ano depois, em face do fechamento da filial paulista, foi transferido para o Rio de Janeiro, rescindindo,

com isso, o contrato de locação, pagando ao proprietário multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais). Já no Rio de Janeiro, Manoel detectou o

desaparecimento de uma impressora, comunicando o fato ao diretor responsável, o qual, dois meses depois, determinou o rateio do prejuízo entre os

empregados do setor, descontando, do salário de Manoel, o valor de R$ 800,00 (oitocentos reais). No mês de agosto de 2011, Manoel apresentou ao

seu chefe um software por ele criado, sendo certo que o desenvolvimento do produto se deu durante o trabalho, mediante a utilização de recursos e

materiais da empresa, apesar de o empregado não ter sido contratado como “inventor”, criando o produto apenas para suprir necessidades diárias do

serviço. O software, de imediato aproveitado pela empresa, foi por ela vendido, dois meses depois, a uma empresa americana, por R$ 3.000.000,00

(três milhões de reais). Manoel, ao saber da venda, escreveu uma carta ao diretor responsável, questionando se teria alguma participação nos lucros,

visto que tinha contribuído pessoalmente para o desenvolvimento do software. O diretor, durante reunião com todos os empregados do setor,

demonstrou a sua indignação com a atitude de Manoel, chamando-o de mercenário, aproveitador e imbecil, ordenando, em seguida, a sua retirada da

sala. Indignado com a situação, o obreiro procurou um advogado. Na qualidade de advogado contratado por Manoel, elabore a peça processual

cabível. (5,0)

EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DO TRABALHO DA... VARA DO TRABALHO DO RIO DE JANEIRO/RJ

Manoel, nacionalidade..., estado civil..., supervisor de suporte, Id..., CPF..., CTPS..., endereço..., vem, mui respeitosamente, à presença de Vossa

Excelência, por seu advogado ao final firmado, com procuração anexa, propor a presente RECLAMAÇÃO TRABALHISTA em desfavor de

Barcelona Ltda., CNPJ..., endereço..., com fundamento nos artigos 839 e segs. da CLT, pelas razões de fato e de direito que passa a expor:

Da Causa de Pedir

O reclamante foi contratado pela reclamada em 15/07/2009, para exercer a função de supervisor de suporte, laborando, inicialmente, em São Paulo,

onde alugou um apartamento. Um ano depois, em face do fechamento da filial paulista, foi transferido para o Rio de Janeiro, rescindindo, com isso, o

contrato de locação, pagando ao proprietário multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais). A multa, douto julgador, é de inteira responsabilidade da

reclamada, pois resultou da transferência de localidade. À luz do art. 470 da CLT, todas as despesas resultantes da transferência devem ser pagas

pelo empregador. Destarte, o reclamante faz jus ao ressarcimento da multa.

O reclamante, em determinado momento, detectou o desaparecimento de uma impressora, comunicando o fato ao diretor responsável, o qual, dois

meses depois, determinou o rateio do prejuízo entre os empregados do setor, descontando, do salário do reclamante, o valor de R$ 800,00 (oitocentos

reais). Ora, Excelência, o desconto não poderia ter sido realizado, pois o dano não foi provocado pelo reclamante. Descontos desse tipo só se

justificam se ficar comprovada a conduta dolosa ou culposa do empregado, exigindo-se, neste último caso, ajuste anterior. É o que prevê o art. 462, §

1º, CLT. In casu, o reclamante não contribuiu culposa ou dolosamente para a ocorrência do prejuízo, fato que marca de total ilegalidade a atitude

patronal. Deste modo, requer a devolução do valor descontado.

No mês de agosto de 2011, o reclamante apresentou ao seu chefe um software por ele criado, sendo certo que o desenvolvimento do produto se deu

durante o trabalho, mediante a utilização de recursos e materiais da empresa. O reclamante não foi contratado como “inventor”, criando o produto

apenas para suprir necessidades diárias do serviço. O software, de imediato aproveitado pela reclamada, foi por ela vendido, dois meses depois, a

uma empresa americana, por R$ 3.000.000,00 (três milhões de reais). O reclamante, ao saber da venda, escreveu uma carta ao diretor responsável,

questionando se teria alguma participação nos lucros, visto que tinha contribuído pessoalmente para o desenvolvimento do software. O diretor,

durante reunião com todos os empregados do setor, em atitude arbitrária, chamou o reclamante de mercenário, aproveitador e imbecil, ordenando, em

seguida, a sua retirada da sala. A reclamada, douto magistrado, inexplicavelmente, afrontou a honra do reclamante, quando este apenas buscava o

que lhe era devido.

O software foi fruto do talento e da dedicação do reclamante, o qual, usando recursos da empresa, criou um produto para suprir necessidades do

serviço. O artigo 91, caput, da Lei 9.279/96 consagra que a propriedade de invenção será comum, em partes iguais, quando resultar da contribuição

pessoal do empregado e de recursos do empregador. O referido artigo, em seu § 2º, dispõe que o empregado, nesse tipo de situação, tem direito a

justa remuneração.

Diante do exposto, o reclamante requer uma indenização por dano material, em valor não inferior a R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil

reais).

A agressão sofrida pelo reclamante, na presença de colegas de trabalho, tornou insuportável a continuidade da relação empregatícia, pelo que requer

a declaração da indireta rescisão do seu contrato de trabalho, nos termos do artigo 483, “e”, da CLT.

Reconhecida a rescisão indireta, decorrerá, naturalmente, a condenação da reclamada no pagamento das pertinentes verbas rescisórias, incluindo o

aviso prévio indenizado – inteligência do artigo 487, § 4º, da CLT.

O reclamante faz jus, ainda, a uma indenização por dano moral, em face das ofensas proferidas pelo diretor, porquanto a proteção à honra consiste no

direito de não ser ofendido ou lesado na sua dignidade ou consideração social. Caso ocorra a lesão, surge o direito à indenização pelo dano moral

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decorrente de sua violação, à luz dos artigos 186 e 927 do Código Civil. A Constituição Federal, ilustre magistrado, consagra o direito à reparação –

art. 5º, X, cuja pretensão é de competência da Justiça do Trabalho, como preceitua o artigo 114, VI da Lei Maior e a Súmula 392 do TST.

Do Pedido

Pelo exposto, vem requerer a declaração da rescisão indireta do contrato de trabalho, por falta grave cometida pelo empregador, com a condenação

da reclamada nas verbas abaixo discriminadas, acrescidas de juros e correção monetária:

a) Aviso prévio indenizado;

b) Saldo de salário;

c) Férias + 1/3;

d) 13º salário;

e) Liberação do FGTS + 40% ou indenização;

f) Liberação das guias do seguro-desemprego ou indenização – Súmula 389 do TST;

g) Multa do artigo 467 da CLT;

h) Indenização pelo dano moral, em valor a ser arbitrado por Vossa Excelência, não inferior a R$ 300.000,00;

i) Indenização pelo dano material, em valor não inferior a R$ 1.500.000,00;

j) Devolução do desconto indevido;

l) Ressarcimento da multa pela rescisão do contrato de locação;

i) Honorários advocatícios à razão de 20%.

Requer, por fim, a citação do reclamado, para que este venha, sob as penas da lei, responder a presente reclamação trabalhista, e, ao final, sejam

julgados procedentes os pedidos, protestando provar o alegado por todos os meios em direito admitidos.

Dá-se à causa o valor de R$ 1.900.000,00.

Pede deferimento.

Rio de Janeiro, data...

Advogado..., OAB...

QUESTÕES

QUESTÃO 01

Leonel propôs reclamação trabalhista em face de seu ex-empregador, pleiteando horas extras e reflexos. Em sua contestação, o reclamado alegou a

inexistência, ao longo do pacto, de labor extraordinário, acostando as fichas funcionais dos quatro empregados que trabalhavam à época, incluindo a

do reclamante. O reclamado não juntou cartões de ponto. Na audiência de instrução, quando o juiz do trabalho convocou a primeira testemunha

convidada pelo reclamante, o seu advogado exibiu um gravador, informando ao magistrado que iria gravar o depoimento. O advogado do reclamado

protestou, asseverando que o procedimento era inconstitucional, por ferir o direito de personalidade das testemunhas. Considerando a situação

hipotética, responda, de forma fundamentada:

a) O juiz do trabalho deve permitir a gravação? (0,75)

b) A quem cabe o ônus da prova quanto ao pedido de horas extras? (0,5)

Resposta

a) O juiz do trabalho deve permitir a gravação do depoimento, pelo fato de o procedimento representar uma faculdade das partes. O art. 417 do CPC,

de aplicação subsidiária ao processo do trabalho, nos termos do art. 769 da CLT, faculta às partes a gravação do depoimento das testemunhas, não

podendo o magistrado impedir o ato, sob pena de violar os princípios da ampla defesa e do devido processo legal.

b) O ônus da prova, quanto ao pedido de horas extras, cabe ao reclamante, nos termos do art. 818 da CLT e do art. 333, I, do CPC. O reclamado, no

caso, não se encontra atingido pelo ônus de registrar a jornada de trabalho dos seus empregados, já que o estabelecimento patronal não possui mais

de dez obreiros – inteligência do art. 74, § 2º, da CLT. Sendo assim, inaplicável se torna a previsão contida na Súmula 338, I, TST, não havendo que

se falar em inversão do ônus da prova, tampouco em presunção de veracidade favorável ao reclamante, permanecendo, com este, o fardo probante.

QUESTÃO 02 Amélia, nascida em 13/10/1992, trabalhou, sem registro em carteira, como empregada doméstica, no período de 03/06/2007 a 12/10/2009. Propôs,

em janeiro de 2012, reclamação trabalhista em face do seu antigo patrão, pleiteando o registro em CTPS e o recolhimento do FGTS. O reclamado,

em contestação oral, arguiu, inicialmente, a inépcia da petição inicial, por flagrante impossibilidade jurídica do pedido de FGTS, suscitando, a seguir,

a prescrição bienal, encerrando, com esses dois pontos, a sua defesa. As partes não convidaram testemunhas, razão pela qual a instrução foi

encerrada sem a produção de prova oral. Considerando a situação hipotética, responda, de forma fundamentada:

a) A prescrição bienal deve ser aplicada? (0,75)

b) O pedido de FGTS é juridicamente impossível? (0,25)

c) Se a inépcia e a prescrição forem rejeitadas, qual será o resultado da ação? (0,25)

Resposta

a) A prescrição bienal não deve ser aplicada, pois a reclamante, à época da rescisão contratual, ainda não tinha completado 18 anos. O art. 440 da

CLT é claro ao dispor que contra menor de 18 anos não corre qualquer prescrição. Sendo assim, a contagem da prescrição bienal iniciou-se apenas

quando a reclamante completou 18 anos de idade, ou seja, no mês de outubro de 2010. Como a ação foi proposta em janeiro de 2012, o biênio

imprescrito foi respeitado.

b) O pedido de FGTS não é juridicamente impossível, pois, na qualidade de empregada doméstica, a reclamante poderia ter sido incluída do regime

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do Fundo de Garantia. Com efeito, o art. 3º-A da Lei 5.859/72 faculta ao empregador doméstico a inclusão do obreiro no FGTS, tornando, portanto,

juridicamente possível a pretensão.

c) Em caso de rejeição da inépcia e da prescrição, o pedido de registro em CTPS deverá alcançar procedência, ante a revelia e confissão ficta. Com

efeito, cabe ao réu manifestar-se precisamente sobre os fatos narrados na petição inicial, presumindo-se verdadeiros os fatos não impugnados, nos

termos do art. 302 do CPC e do art. 844 da CLT. A existência de relação empregatícia foi um fato não contestado pelo reclamado, presumindo-se,

assim, a sua veracidade, impondo, nos termos do art. 39, § 2º, da CLT, o registro em CTPS. No que concerne ao FGTS, o pedido deve ser julgado

improcedente, pois, diante da clandestinidade do vínculo, resta claro que o empregador jamais efetuou recolhimento fundiário.

QUESTÃO 03 Maria foi contratada no ano de 2005, para exercer a função de Secretária, recebendo salário de R$ 800,00 e ticket alimentação no valor de R$

200,00, sendo certo que o ticket estava previsto no regulamento interno da empresa. O empregador, no ano de 2009, editou um novo regulamento,

revogando, com isso, o antigo. Maria, observando que o novo regulamento trazia diversas vantagens, aderiu expressamente a ele. O novo

regulamento, apesar de tentador, revogou a concessão do ticket alimentação. No início do ano de 2012, Maria, aprovada em concurso público, pediu

demissão, mesmo estando com cinco meses de gravidez. O diretor da empresa WYZ, onde Maria trabalha, está relutante em aceitar o pedido.

Considerando a situação hipotética, responda, de forma fundamentada:

a) O empregador pode aceitar o pedido de demissão de Maria? (0,75)

b) Caso Maria proponha reclamação trabalhista, pleiteando a percepção retroativa do ticket alimentação, fundamentando a sua pretensão no princípio

da condição mais benéfica, qual deve ser a tese do reclamado em sua defesa? (0,5)

Resposta

a) O empregador pode aceitar o pedido de demissão, desde que realizado com a assistência do respectivo sindicato, ou, caso não exista sindicato, do

Ministério do Trabalho, pois a validade do pedido está condicionada à referida assistência, nos termos do art. 500 da CLT.

b) O reclamado deve indicar que a reclamante renunciou ao regulamento que previa o ticket alimentação, pois, diante da coexistência de dois

regulamentos, a opção por um deles tem efeito jurídico de renúncia às regras do outro, como prevê a Súmula 51, II, TST. Sendo assim, a reclamante,

ao aderir expressamente ao novo regulamento, renunciou ao antigo, ou seja, abriu mão do ticket alimentação.

QUESTÃO 04 Nelson trabalha para a empresa GYZ desde o ano de 1980, tendo completado, no mês de janeiro de 2012, 70 anos de idade, razão pela qual o

empregador requereu a sua aposentadoria compulsória, a qual foi decretada pelo INSS, em fevereiro de 2012. Fátima, por sua vez, trabalha na

mesma empresa desde o ano de 1990, tendo requerido a sua aposentadoria espontânea em janeiro de 2011, a qual foi deferida pelo INSS, em

fevereiro de 2012. Tomando por base os fatos descritos, responda, de forma fundamentada:

a) A empresa GYZ tem que depositar a multa de 40% na conta vinculada do FGTS de Nelson? (0,65)

b) A aposentadoria de Fátima afeta a continuidade da relação de emprego? (0,35)

c) Fátima tem direito a sacar o FGTS? (0,25)

Resposta

a) A empresa GYZ terá que depositar a multa de 40% sobre o FGTS de Nelson, visto que a aposentadoria compulsória foi por ela requerida. Neste

sentido o art. 55 da Lei 8.213/91, que faculta o requerimento da aposentadoria por idade pelo empregador, fato que, entretanto, assegura ao

empregado a indenização prevista na legislação trabalhista, sendo considerada como data de rescisão a imediatamente anterior à do início da

aposentadoria.

b) A aposentadoria de Fátima não afeta a continuidade da relação empregatícia, pois a aposentadoria espontânea (voluntária) não é causa de extinção

do contrato de trabalho, com bem definiu o STF, o qual, julgando ADI, decretou a inconstitucionalidade do § 2º do art. 453 da CLT. A OJ 361 da

SDI-1 ratifica o entendimento.

c) Fátima tem direito a sacar o FGTS, nos termos do art. 20, III, da Lei 8.036/90, ante o deferimento de sua aposentadoria.

Calcule a sua nota!

PEÇA PROFISSIONAL

- Endereçamento ao Juiz do Trabalho = 0,2

- Nome da peça – Reclamação Trabalhista = 0,3

- As despesas resultantes da transferência devem ser arcadas pelo empregador = 0,3

- Citação do art. 470 da CLT = 0,2

- O desaparecimento da impressora (ou o dano) ocorreu sem a participação culposa ou dolosa do reclamante = 0,3

- Citação do art. 462, § 1º, CLT = 0,2

- A propriedade (ou o lucro) da invenção será comum às partes = 0,4

- O reclamante não foi contratado como “inventor” = 0,2

- Citação do art. 91, caput (ou só do art. 91), da Lei 9.279/96 = 0,3

- Citação do art. 91, § 2º, da Lei 9.279/96 = 0,2

- Fundamentação do dano moral, citando o art. 5º, X, CF e/ou art. 186 do CC e/ou art. 927 CC = 0,3

- Fundamentação da rescisão indireta, citando o art. 483, “e”, da CLT = 0,3

- Pedido de verbas rescisórias (aviso prévio, saldo de salário, 13º, férias e FGTS + 40%) = 0,3

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- Pedido de indenização por dano moral = 0,2

- Pedido de indenização por dano material (ou pagamento da invenção) = 0,3

- Pedido de devolução o pagamento do desconto indevido = 0,2

- Pedido de ressarcimento ou indenização da multa contratual = 0,2

- Pedido de liberação do seguro-desemprego ou indenização da Súmula 389 TST = 0,2

- Requerimento de citação do reclamado = 0,1

- Requerimento de produção de provas = 0,2

- Valor da causa (arbitrado ou não) = 0,1

QUESTÃO 01

- “Dizer que o juiz deve permitir a gravação do depoimento, por ser uma faculdade das partes = 0,5

- Citar o art. 417 do CPC = 0,25

- Demonstrar que o ônus da prova cabe ao reclamante, por ser desnecessária a juntada de cartões de ponto (ou pelo fato de a empresa não estar

obrigada a possuir cartões de ponto), considerando a inexistência de mais de 10 empregados no estabelecimento = 0,3

- Citar o art. 818 da CLT ou o art. 333, I, do CPC = 0,1

- Citar o artigo 74, § 2º, CLT ou a Súmula 338, I, TST = 0,1

QUESTÃO 02

- Dizer que a prescrição bienal não deve ser aplicada, pois a reclamante, à época da rescisão contratual, ainda não tinha completado 18 anos (ou era

menor de 18 anos) = 0,5

- Citar o art. 440 da CLT = 0,25

- Dizer que o pedido de FGTS não é juridicamente impossível (ou é juridicamente possível), ante a possibilidade de inclusão da obreira no regime

fundiário = 0,15

- Citar o art. 3º-A da Lei 5.859/72 = 0,1

- Dizer que, em caso de rejeição da inépcia e da prescrição, o pedido de registro em CTPS deve alcançar procedência, ante a revelia e confissão ficta

= 0,15

- Citar o art. 302 do CPC ou o art. 844 da CLT = 0,1

QUESTÃO 03

- Dizer que o empregador pode aceitar o pedido de demissão, desde que realizado com a assistência do respectivo sindicato = 0,5

- Citar o art. 500 da CLT = 0,25

- Dizer que o reclamado deve indicar que a reclamante renunciou ao regulamento que previa o ticket alimentação (ou que, diante da coexistência de

dois regulamentos, a opção por um deles tem efeito jurídico de renúncia às regras do outro) = 0,35

- Citar a Súmula 51, II, TST = 0,15

QUESTÃO 04

- Dizer que a empresa terá que depositar a multa de 40%, visto que a aposentadoria compulsória foi por ela requerida = 0,4

- Citar o art. 55 da Lei 8.213/91 = 0,25

- Dizer que a aposentadoria espontânea (ou voluntária) não é causa de extinção do contrato de trabalho = 0,2

- Citar a “inconstitucionalidade do § 2º do art. 453 da CLT” ou citar a OJ 361 da SDI-1 = 0,15

- Dizer que Fátima tem direito a sacar o FGTS = 0,15

- Citar o art. 20, III, da Lei 8.036/90 ou o art. 35, III, do Decreto 99.684/90 = 0,1