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SALVADOR SEGUNDA-FEIRA 9/5/2011 6 2 No documentário Rio Sonata, a dignidade da canção brasileira na voz de Nana Caymmi Marcos Dias [email protected] “Gente, eu me adoro cantan- do!”, diz Nana Caymmi, 70, no tributo que o diretor franco-suí- co Georges Gachot lhe presta no documentário Rio Sonata. Nas imagens de suas apresentações ao vivo, a expressão facial das pessoas ao ouvi-la, numa pro- dução que durou seis anos, dão a medida exata do seu canto arrebatador. A sinceridade inegociável das suas performances — ao longo de mais de quatro décadas — e a absoluta coerência na condu- ção da sua carreira, faz de Nana um colosso na música popular brasileira. O segredo? “Nunca me deixei rotular, canto tudo o que eu gostar”. Para quem cantou a primeira vez aos dois anos, começou a estudar música aos quatro e a cantar profissionalmente aos 25, depois de ser mãe de três filhos, a música era o destino. Como foi destino ser filha de Dorival e Stella e ter nascido no Rio, cujas imagens concorrem em beleza e poesia com as mú- sicas que canta, na edição de- licada de Ruth Schaläpfer. Numa cena filmada num car- ro em movimento, Nana comen- ta que o cineasta só pode ser louco, porque as imagens sairão tremidas devido aos buracos da cidade. “Sou carioca, posso falar mal è vontade. Sou do Grajaú, zona de risco, Faixa de Gaza”, diz ela, com humor típico. Verdade cruel No documentário, estrelas de primeira grandeza como Milton Nascimento, Gilberto Gil, Tom Jobim e João Donato, declaram seu respeito ao talento de Nana. Mas sem devassar a intimidade da cantora, Erasmo Carlos é, tal- vez, quem dá a melhor chave para conhecê-la. Diz vê-la como uma “verdade cruel”. “É uma coisa de Dolores Duran, de Billie Holiday, que mistura o amor com a arte, não sabe dividir”. Tanto que ao cantar Saudade de Amar, de Paulo César Pinhei- ro e do irmão Dori (que ela cha- ma Dorivalzinho), após excla- mar um dos seus palavrões pre- feridos, Nana reconhece: “Essa letra quer dizer tudo. A gente precisa do sentimento, não do companheiro”. Por ela, sempre encerraria seus shows com essa música, mas suspeita: ”Se eu cantar sempre vou ser apedre- jada como uma Madalena”. Nos 84 minutos do documen- tário, estão os clássicos de sua carreira, interpretados no estú- dio ou no palco (como um his- tórico encontro com Tom Jobim, cantando Sem Você e Só Louco), que acabam traduzindo vários tons da saudade. Saudade de uma música feita para se eter- nizar, de artistas com dignidade, de tanta verdade, enfim. Em Copacabana, Nana declara seu amor à música e ao Rio de Janeiro, no filme de Georges Gachot Divulgação TEATRO Espetáculo de sombras O Pássaro do Sol volta a cartaz na Sala do Coro do TCA VERENA PARANHOS Toda beleza do espetáculo O Pássaro do Sol voltou a cartaz sábado, na Sala do Coro do TCA, desta vez trazendo na bagagem o peso de melhor espetáculo infantojuvenil no Prêmio Bras- kem de Teatro 2010. O teatro de sombras anima- das da companhia A Roda, di- rigido por Olga Gómez, encanta por trazer personagens recorta- dos em couro que ganham vida e tamanhos variados atrás de uma tela, a qual se transforma no cenário mágico pedido pela lenda indígena do guerreiro que se transforma em pássaro para buscar chamas de fogo no sol. Movimentos delicados Os quatro atores-animadores do espetáculo, Fábio Pinheiro, Maíra Valente, Isabela Trigo e Rafael Rolin, interagem com os bonecos por meio de movimen- tos delicados e precisos, fazendo com que os personagens cres- çam e assumam o protagonis- mo da poesia. Figuras do imaginário indíge- na e animais da floresta surgem das sombras e têm ambientação perfeita na trilha sonora de Ui- bitu Smetak com violino, flauta doce e chocalhos indígenas. O espetáculo é indicado para crianças maiores de cinco anos, mas cai muito bem para ado- lescentes e adultos que certa- mente serão seduzidos pela poesia da montagem. O PÁSSARO DO SOL / SÁBADO E DOMINGO, ÀS 16 HORAS / SALA DO CORO DO TEATRO CASTRO ALVES (TCA) / R$ 10 E R$ 5 / ATÉ O DIA 19 DE JUNHO Marcio Lima /Divulgação O premiado espetáculo é produzido pela companhia A Roda O conto que dá nome ao espetáculo é uma versão da lenda indígena da descoberta do fogo A trilha é especialmente composta para a montagem pelo compositor Uibitu Smetak

Espetáculo de sombras, O Pássaro do Sol, volta a cartaz na Sala do Coro do TCA

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Cobertura da reestreia do espetáculoJornal A Tarde, 9 de maio de 2011

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Page 1: Espetáculo de sombras, O Pássaro do Sol, volta a cartaz na Sala do Coro do TCA

SALVADOR SEGUNDA-FEIRA 9/5/20116 2No documentário Rio Sonata, a dignidade da canção brasileira na voz de Nana Caymmi

Marcos Dias

[email protected]

“Gente, eu me adoro cantan-do!”, diz Nana Caymmi, 70, notributo que o diretor franco-suí-co Georges Gachot lhe presta nodocumentário Rio Sonata. Nasimagens de suas apresentaçõesao vivo, a expressão facial daspessoas ao ouvi-la, numa pro-dução que durou seis anos, dãoa medida exata do seu cantoarrebatador.

A sinceridade inegociável dassuas performances — ao longode mais de quatro décadas — ea absoluta coerência na condu-ção da sua carreira, faz de Nanaum colosso na música popularbrasileira. O segredo? “Nuncame deixei rotular, canto tudo oque eu gostar”.

Para quem cantou a primeiravez aos dois anos, começou a

estudar música aos quatro e acantar profissionalmente aos25, depois de ser mãe de trêsfilhos, a música era o destino.Como foi destino ser filha deDorival e Stella e ter nascido noRio, cujas imagens concorremem beleza e poesia com as mú-sicas que canta, na edição de-licada de Ruth Schaläpfer.

Numa cena filmada num car-roemmovimento,Nanacomen-ta que o cineasta só pode serlouco, porque as imagens sairãotremidas devido aos buracos dacidade.“Soucarioca,possofalarmal è vontade. Sou do Grajaú,zona de risco, Faixa de Gaza”, dizela, com humor típico.

Verdade cruelNo documentário, estrelas deprimeira grandeza como MiltonNascimento, Gilberto Gil, TomJobim e João Donato, declaramseu respeito ao talento de Nana.Mas sem devassar a intimidadeda cantora, Erasmo Carlos é, tal-vez, quem dá a melhor chave

para conhecê-la. Diz vê-la comouma “verdade cruel”. “É umacoisa de Dolores Duran, de BillieHoliday, que mistura o amorcom a arte, não sabe dividir”.

Tanto que ao cantar Saudadede Amar, de Paulo César Pinhei-ro e do irmão Dori (que ela cha-ma Dorivalzinho), após excla-mar um dos seus palavrões pre-feridos, Nana reconhece: “Essaletra quer dizer tudo. A genteprecisa do sentimento, não docompanheiro”. Por ela, sempreencerraria seus shows com essamúsica, mas suspeita: ”Se eucantar sempre vou ser apedre-jada como uma Madalena”.

Nos 84 minutos do documen-tário, estão os clássicos de suacarreira, interpretados no estú-dio ou no palco (como um his-tórico encontro com Tom Jobim,cantando Sem Você e Só Louco),que acabam traduzindo váriostons da saudade. Saudade deuma música feita para se eter-nizar,deartistascomdignidade,de tanta verdade, enfim.Em Copacabana, Nana declara seu amor à música e ao Rio de Janeiro, no filme de Georges Gachot

Divulgação

TEATRO

Espetáculo de sombras O Pássaro do Solvolta a cartaz na Sala do Coro do TCAVERENA PARANHOS

Toda beleza do espetáculo OPássaro do Sol voltou a cartazsábado, na Sala do Coro do TCA,desta vez trazendo na bagagemo peso de melhor espetáculoinfantojuvenil no Prêmio Bras-kem de Teatro 2010.

O teatro de sombras anima-das da companhia A Roda, di-rigido por Olga Gómez, encantapor trazer personagens recorta-dos em couro que ganham vidae tamanhos variados atrás deuma tela, a qual se transforma

no cenário mágico pedido pelalenda indígena do guerreiro quese transforma em pássaro parabuscar chamas de fogo no sol.

Movimentos delicadosOs quatro atores-animadoresdo espetáculo, Fábio Pinheiro,Maíra Valente, Isabela Trigo eRafael Rolin, interagem com osbonecos por meio de movimen-tosdelicadoseprecisos, fazendocom que os personagens cres-çam e assumam o protagonis-mo da poesia.

Figuras do imaginário indíge-

na e animais da floresta surgemdassombrasetêmambientaçãoperfeita na trilha sonora de Ui-bitu Smetak com violino, flautadoce e chocalhos indígenas.

O espetáculo é indicado paracrianças maiores de cinco anos,mas cai muito bem para ado-lescentes e adultos que certa-mente serão seduzidos pelapoesia da montagem.

O PÁSSARO DO SOL / SÁBADO E DOMINGO,

ÀS 16 HORAS / SALA DO CORO DO TEATRO

CASTRO ALVES (TCA) / R$ 10 E R$ 5 / ATÉ O

DIA 19 DE JUNHO

Marcio Lima /Divulgação

O premiado espetáculo é produzido pela companhia A Roda

O conto que dánome aoespetáculo é umaversão da lendaindígena dadescoberta do fogo

A trilha éespecialmentecomposta paraa montagem pelocompositorUibitu Smetak

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