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JORNAL CASSI ESPORTES AQUÁTICOS NADANDO A FAVOR DA SAÚDE FORMAÇÃO MÉDICA EM QUESTÃO AUTOMEDICAÇÃO: UMA MANIA PERIGOSA VENCENDO O PRECONCEITO E O CÂNCER DE PRÓSTATA GORDURA TRANS: VILÃ NA ALIMENTAÇÃO

ESPORTES AQUÁTICOS - cassi.com.br · esquecer dos alongamentos antes e depois dos exercícios”. Antes da ati-vidade física, o alongamento prepara e aquece o corpo para os exercícios,

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jornal cassi

ESPORTESAQUÁTICOSnaDanDo a FaVor Da saÚDE

ForMaÇÃo MÉDica EM QUEsTÃo

aUToMEDicaÇÃo: UMa Mania PEriGosa

VENCENDO O PRECONCEITO E O CÂNCER DE PRÓSTATA

GORDURA TRANS: VILÃ NA ALIMENTAÇÃO

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jornal cassi2EDiTorial EXPEDiEnTE

a saÚDE Ganha ForÇa na áGUa

PÁg. 11aUToMEDicaÇÃo: UMa Mania PEriGosa

VEncEnDo o PrEconcEiTo E o câncEr

PÁg. 12 PÁg. 15GorDUra Trans: Vilà na aliMEnTaÇÃo

PÁg. 16TiranDo asDÚViDas

ANS - nº 34665-9

o conhEciMEnTo EM saÚDE

os preocupantes resultados das avaliações de conhecimento dos formandos de medicina, do número cada vez mais reduzido de clíni-cos gerais e do expressiva quantidade de solicitações de procedimentos para diagnósticos revelam imperfeições na formação atual do médico. Profissionais da área de saúde mostram dados e emitem opinião e in-quietação sobre o conhecimento médico nos dias atuais em mais uma matéria que tem como foco o mercado de saúde. Leia mais a partir da página 6.

Colaborando com o conhecimento em saúde e estimulando a práti-ca de exercícios físicos, apresentamos neste número os esportes aquáti-cos que estarão em competição no Pan do Brasil. Abordamos algumas orientações aos praticantes da natação, como alimentação e os benefí-cios que fazem com que ela seja chamada de “esporte completo”.

Você sabia que 30 em cada 100 pessoas tomam remédio sem pres-crição médica? Veja mais detalhes sobre os perigos da automedicação na página 11 e saiba por que os idosos são as maiores vítimas dessa prática, embora todos que tomam remédios sem orientação de um profissional de saúde possam sofrer sérias conseqüências à saúde.

Veja ainda, na página 16, a nova seção de cartas dos leitores. Co-labore com o nosso conhecimento em saúde. Participe você também enviando sua sugestão, crítica, dúvida ou algum comentário sobre nos-sos serviços.

Boa leitura.

A Diretoria

conselho DeliberativoMaria das Graças C. Machado Costa (presidente)Denise Lopes Vianna (vice-presidente)Carlos Eduardo Leal Neri (efetivo)Roosevelt Rui dos Santos (efetivo)Solon Coutinho de Lucena Filho (efetivo)Carlos Frederico Tadeu Gomes (suplente)Cláudio Alberto Barbirato Tavares (suplente)Geraldo Pedroso Magnanelli (suplente)Marcelo Gonçalves Farinha (suplente)Maria do Carmo Trivizan (suplente) conselho FiscalAna Lúcia Landin (presidente)Íris Carvalho Silva (titular)Urbano de Moraes Brunoro (titular)Décio Bottechia Júnior (suplente)Francisco Alves e Silva (suplente)Maria do Céu Brito de Medeiros (suplente)

Diretoria ExecutivaSérgio Dutra Vianna de Oliveira(diretor superintendente)

Roberto Francisco Casagrande Herdeiro(diretor administrativo-financeiro)

José Antônio Diniz de Oliveira(diretor de planos de saúde e relacionamento com clientes)

Douglas José Scortegagna(diretor de saúde)

redação, edição, revisão, diagramação e edição de arte: Divisão de Marketing e ComunicaçãoJornalista Responsável: Robinson Sasaki - MTb 11.948Impressão: Gráfica Esdeva Tiragem: 334 mil exemplares Periodicidade: bimestralmarço/abril 2007

Endereço: SBS - Qd.2 - Bl.N - lote 23 - 3° andar Brasília/DF - CEP 70073-900 Tel: (61) 3212-5035 / Fax: (61) 3310-6959Central CASSI: 0800 729 0080 / www.cassi.com.br

Publicação da cassi (caixa de assistência dos Funcionários do Banco do Brasil) “É permitida a reprodução dos textos, desde que citada a fonte”.

CAPA PÁg. 6a ForMaÇÃo MÉDicaEM QUEsTÃo

PÁg. 3

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jornal cassi 3 saÚDE

O homem incluiu a natação na vida há mais de 2 mil anos. No Egito, a prá-tica surgiu em 2.500 a.C., na educação pública. Na Antigüidade, saber nadar valia como parte do treinamento militar de soldados gregos e romanos, além de ser considerado um sinal de prestígio social. Mas foi o Japão, em 38 a.C., o primeiro país a adotar a natação como esporte. Este ano, em julho, nos Jogos Pan-Americanos que serão disputados no Brasil, atletas dos países americanos irão disputar medalhas em cinco moda-lidades aquáticas: natação, nado sincro-nizado, pólo aquático, saltos ornamen-tais e maratonas aquáticas.

Mesmo para quem não esteja em busca de medalhas ou de subir ao pó-dio, dois destes esportes, natação e hidroginástica, são recomendados por médicos, fisioterapeutas e professores de educação física para indivíduos de todas as faixas etárias.

Entre os benefícios da natação, vale destacar que favorece o desenvol-vimento físico e mental – tornando-a um dos esportes mais completos -,

A SAúdE GANhA fORÇA NA áGUA

melhora o condicionamento por meio

da estimulação dos sistemas cardio-

vascular e respiratório, ajuda na ma-

nutenção do peso ideal – até mesmo

no emagrecimento – e ainda contribui

para a qualidade de vida, diminuindo

o estresse e as tensões do dia-a-dia.

Como explica o professor de educa-ção física da Associação Atlética Banco do Brasil (AABB) de Brasília, Alex Fidelis, a natação é muito recomendada para pessoas com sobrepeso, na recupera-ção de lesões nos membros inferiores e superiores e também para melhorar a postura. “Em relação ao sobrepeso, a natação é indicada porque o esporte não tem impacto na água. Isso evita e previne possíveis lesões. Para quem sofre com problemas na coluna, a ati-vidade ajuda muito”, afirma. Fidelis ressalta, no entanto, que “não se pode esquecer dos alongamentos antes e depois dos exercícios”. Antes da ati-vidade física, o alongamento prepara e aquece o corpo para os exercícios, diminuindo os riscos de lesões. Após, ajuda a relaxar o físico.

O aposentado Carlos Alberto, de Brasília, pratica o esporte há cinco meses, de duas a três vezes por se-mana. Além de gostar da natação, a atividade contribui para melhorar sua qualidade de vida. “Eu nado porque é uma atividade agradável e também me ajudou a superar uma dor que sentia na região lombar”, revela.

Como uma forma de incentivar Bru-na Pilati, 7 anos, a praticar exercícios, seu pai, Alexandre Pilati, aluno de Fidelis, a leva duas vezes por semana para nadar. “Há dois anos a gente vem junto para fazer natação. Ela faz na turma infantil e eu na de adulto”, afirmou Alexandre que foi logo interrompido pela filha: “Eu adoro nadar, não quero parar”.

Quanto à hidroginástica, é indicada para quem quer perder calorias – uma média de 400 a cada hora de atividade -, melhora a resistência cardiorespira-tória, a força muscular e ainda a ca-pacidade aeróbica. O professor Fidelis afirma que, apesar da hidroginástica ser recomendada a todas as idades, a atividade atrai mais pessoas da tercei-

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ra idade. “No geral, quem procura a hidroginástica são mulheres mais ido-sas, pois é um exercício mais leve, não exige tanto esforço quanto à natação, por exemplo”. Diferentemente da na-tação, a hidroginástica é praticada na posição vertical e realiza um trabalho mais localizado. Tanto uma atividade quanto outra não tem, em geral, con-tra-indicação.

EsTilos DE naTaÇÃo

Crawl, costas, peito e borboleta são os estilos de natação praticados hoje em dia. Se o objetivo é perder peso, o nado borboleta é o que promove um gasto maior, 770 kcal/h. Os outros es-tilos ficam entre 560 a 630 kcal por hora de prática.

Entretanto, o professor Alex Fidelis alerta: o nado borboleta não é indica-do para pessoas que têm problemas na coluna, porque força em dema-siado essa parte do corpo. O mesmo vale para o nado peito. Para quem sofre com esses problemas, o ideal é o nado crawl, que previne e ajuda a corrigir problemas posturais, sendo coadjuvante nos tratamentos de lom-balgia (dor na região lombar); seguido pelo estilo costas. A supervisão de um professor de educação física na prática do esporte é fundamental.

De forma geral, o nado “crawl” tra-balha a musculatura das costas, om-bros e braços. O nado “costas” atua sobre os músculos do peito, pernas e costas. O estilo “peito” tem efeito nos glúteos, pernas e tórax e o nado “borboleta” tem influência positiva em toda a musculatura corporal.

o EsPorTE no BalanÇoDas áGUas Do Pan

Além da natação, nado sincroniza-do, pólo aquático, saltos ornamentais

e maratona aquática também fazem parte dos Jogos Pan-Americanos. A natação está presente nas Olimpíadas modernas desde a primeira edição em Atenas, em 1896, quando os nada-dores enfrentaram uma temperatura média de 13 graus. Apenas em 1908 foi construída a primeira piscina para as competições.

O nado sincronizado teve origem a partir dos shows aquáticos com acrobacias apresentados nos EUA no início do século XX, ganhando noto-riedade nos musicais dos anos 40 e 50. É um dos poucos esportes restri-tos apenas a mulheres que competem em solos, duetos ou times de oito.

Já os saltos ornamentais surgiram

no século XVII, quando os ginastas

suecos e alemães decidiram treinar

acrobacias na água para diminuir os

danos físicos em caso de queda. Nos

saltos ornamentais os atletas fazem

acrobacias no ar, saltando de platafor-

mas de 10 m ou trampolins de 3 m.

A maratona aquática estréia neste

ano no Pan na praia de Copacabana.

Como explica o Comitê Olímpico Brasi-

leiro (COB), “as provas são divididas en-

tre as de distância inferior e superior a

10km. Nos campeonatos mundiais, são

realizadas três provas da modalidade,

nas distâncias de 5km, 10km e 25km,

sempre para mulheres e homens.”

O pólo aquático foi criado no sécu-

lo XIX e é semelhante ao futebol. São

dois times com sete jogadores cada

– incluindo o goleiro – disputando

uma partida na piscina durante quatro

quartos de sete minutos. Ganha quem

marcar mais gol sem tocar os pés no

chão nem a mão na borda da piscina.

“o nado borboleta não é indicado para

pessoas que têm problemas na coluna,

porque força em demasiado essa parte

do corpo”

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o QUE coMEr E BEBEr anTEs E DEPois DE cair na áGUa

Alguns procedimentos nutricionais são comuns para todas as atividades físicas. Como explica a nutricionista da CASSI Paraná, Maíra Botelho Perotto, até quatro horas antes dos exercícios é indicado fazer refeições ricas em carboidratos e pobres em gordura. Entre as sugestões estão barras de cereais, sanduíche de peru, cenouras cruas e salada ou ainda frango gre-lhado, arroz e frutas. “Nunca pratique exercícios físicos em jejum, logo após comer ou em intervalo maior do que quatro horas após a última refeição. Mesmo que esta refeição seja um lan-che leve como suco e três bolachas de água e sal”, diz.

A nutricionista complementa que, após os treinos, o ideal é incluir ali-mentos à base de carboidratos para repor a glicose e o oxigênio dos mús-culos, como pães, massas, arroz ou batatas dentro de 30 minutos e no-vamente após duas horas. “É impor-tante ainda avaliar a perda de peso. Quando rápida, pode ser às custas de desidratação e, conseqüente-mente, perda de massa muscular.” Especificamente quanto aos esportes aquáticos, a nutricionista Maíra diz ser fundamental ao praticante estar

bem hidratado antes, durante e de-pois do treino. Para isso, ela sugere:

• Beber pelo menos 1,5 litros de água por dia.

• Beber 500 ml de água duas horas antes de começar a treinar e 125-250 ml imediatamente antes do treino.

• Beber 125-250 ml de água (ou be-bida isotônica para treinos de mais de uma hora de duração) a cada 15 minutos durante o treino. A inges-tão mínima para uma hora de treino intenso deve ser de 500 ml. A perda hídrica ocorrida pelo suor durante uma hora de natação é equivalente a 500 ml a 1,5 litro.

• Beber pelo menos 1 litro de água ou bebida isotônica após uma hora de treino.

Quanto às necessidades de energia para os praticantes de atividades aquá-ticas, a nutricionista Maíra explica que os carboidratos são o combustível para os músculos sustentarem atividades de alta intensidade, como a natação. “Os carboidratos ingeridos são estocados nos músculos como glicose e oxigênio. Portanto, é muito importante começar o treino com um alto nível desses ele-mentos nos músculos.”

Entre os alimentos com alto teor

de carboidratos estão o arroz, ma-

carrão, batata, cereais matinais, pão,

frutas, milho, doces (exceto chocolate

e outros ricos em gordura). A nutri-

cionista recomenda fazer uma refei-

ção rica em carboidratos entre três

a quatro horas antes do treino (san-

duíche com queijo branco e doce de

frutas, por exemplo).

“É importante evitar nadar com

estômago cheio. De duas a quatro

horas há tempo suficiente para o

corpo fazer a digestão do alimento

ingerido. O tempo de esvaziamento

gástrico é maior para refeições ricas

em gordura como pastel, pizza, bata-

ta frita e churrasco”, finaliza Maíra.

A recomendação de não nadar

com a “barriga cheia” tem uma ló-

gica. De acordo com explicações mé-

dicas, após as refeições uma maior

quantidade de sangue é desviada

para o estômago, com o objetivo

de agilizar a digestão. Por isso, é im-

portante evitar atividades que exijam

uma grande quantidade de sangue,

tanto nos músculos ou em outra par-

te do corpo, como a natação, por

exemplo, o que poderá comprometer

o processo digestivo.

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A fORmAçãO médICAEM qUESTÃO

até mesmo os profissionais de saú-de estão preocupados com a escassez de médicos clínicos, o excessivo núme-ro de pedidos de exames para diag-nóstico e a qualidade do exame clíni-co. Os maus resultados em avaliações sobre os conhecimentos dos novos médicos também colocam em xeque a formação médica atual. Felizmente, as constatações não são generalizadas, mas vale a pena uma reflexão sobre o assunto, que é tema desta edição do Jornal CASSI, a última da série sobre a crise no sistema de saúde do Brasil.

“O exame clínico deve começar pelas coisas mais importantes e mais facilmente reconhecíveis. Verificar as semelhanças e as diferenças com o estado de saúde. Observar tudo que

se pode ver, ouvir, tocar, sentir, tudo que se pode reconhecer pelos nossos meios de conhecimento.” Hipócrates de Cós (Cós, 460 a.C. - Tessália, 377 a.C.) médico da Antiga Grécia, conside-rado o Pai da Medicina.

O diagnóstico médico, até o século IXX, era feito apenas pelo exame clíni-co do paciente, que contemplava, além de uma avaliação física, a investigação detalhadas dos sinais e sintomas do pa-ciente. Entre os poucos aparelhos que o profissional de saúde usava estavam os recém-criados estetoscópio e termôme-tro, o rudimentar medidor da pressão arterial, além do microscópio. A des-coberta do raio-X pelo físico Roentgen, em 1895, foi um grande avanço para a medicina do século seguinte.

Foi no século XX que a tecnologia em medicina se desenvolveu espeta-cularmente, com o sofisticado diag-nóstico por imagens, a endoscopia, os eletrocardiogramas, os exames labora-toriais, a genética e a robótica. Todo esse aparato tecnológico trouxe mais segurança para a detecção de doenças e mais precisão no tratamento de cada uma delas. Um avanço inegável para o bem-estar da humanidade. Em contra-partida, a confiança nos diagnósticos clínicos foi diminuindo à medida que alguns exames de alta complexidade se popularizaram.

nEGliGência oU sEGUranÇa?

Segundo Jofre Rezende, professor da Faculdade de Medicina da Universi-dade Federal de Goiás, “a negligência

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jornal cassi

“ Um médico, com boa prática, atende firmado na relação médico/paciente e consegue fazer um bom exame físico.”

7 MErcaDo DE saÚDE

com o exame clínico decorre de dois fatores: a pressa com que o paciente é atendido no modelo atual de assis-tência médica e a crença de que os re-cursos da tecnologia médica suprirão essa negligência”. Em um encontro de medicina realizado em Goiânia, o pro-fessor foi mais enfático ao dizer que “o médico, de modo geral, passou a se preocupar mais com imagens e cons-tituintes biológicos do que com o pa-ciente como ser humano; passou a dar menor atenção às queixas do paciente e examiná-lo mais apressadamente”.

Para Reinaldo Ayer de Oliveira, um dos coordenadores do exame de qua-lificação feito pelo Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) com formandos de medicina, “é a in-segurança e a crítica com relação ao diagnóstico que fazem com que se recorra, com cada vez mais freqüên-cia, a exames complementares exa-gerados. Mas nem sempre o exame de laboratório ou por imagem dá se-gurança ao diagnóstico. Um médico, com boa prática, atende firmado na relação médico/paciente e consegue fazer um bom exame físico”. Ele dá um exemplo: “Se você tem um pa-ciente com febre, o gráfico de tempe-ratura revela muitas vezes mais coisas do que o exame por imagem”.

O médico de família da CASSI Cam-pinas, no interior de São Paulo, Airton Mello, com seus quase 30 anos de experiência na área de saúde, diz que o exame por imagem “é um procedi-mento complementar e, como tal, de-veria ser realizado para confirmar um diagnóstico clínico em caso de dúvida, de qualquer natureza; seja a extensão da doença, a própria doença ou seu prognóstico ou conseqüências”. Em sua opinião, é uma atitude que pou-cos adotam atualmente por falta de

tempo, insegurança no diagnóstico ou mesmo insistência do paciente, que acredita mais na imagem, que pode ver, do que na palavra do médico após o exame clínico. E conclui: “o médico, nesses casos, é compelido a solicitar exames, pressionado pelas crenças do paciente e posto em xeque pela pro-paganda e pela mídia”.

Um profissional de uma geração mais nova, Massimo Colombini, 30 anos, que também é médico de famí-lia da CASSI na cidade de São Paulo, acredita que “os exames complemen-tares servem para auxiliar no processo de investigação diagnóstica, porém os recursos tecnológicos disponíveis apenas são aplicáveis em sua plenitu-de quando partem de uma avaliação

clínica bem feita”.

EsPEcialisTa X clínico GEral

Há uma discussão no sistema de

saúde sobre a proliferação das especia-

lidades médicas em contrapartida ao

pequeno número de clínicos gerais dis-

poníveis. Prova disso foi a recente sele-

ção feita pela Secretaria de Saúde de

São Paulo, que não conseguiu encon-

trar candidatos para os 350 postos de

clínicos gerais nos bairros da capital.

Para Massimo Colombini, existe

um extraordinário volume de informa-

ções científicas e conceitos fundamen-

tais que se modificam rapidamente.

“Apenas o Medline (principal banco de

dados para pesquisas científicas) adi-

ciona mensalmente 40 mil artigos das

diversas especialidades. Essa realidade

torna necessária constante atualização

dos médicos e a adoção de estratégias

que permitam uma educação contí-

nua e eficiente”, observa.

Airton Mello diz que a clínica geral

é pouco exercida pelos médicos por-

que a população tende a depositar

mais confiança e a procu-

rar diretamente

os espe-

cialistas. “Por outro lado, os médicos, exercendo uma especialidade ou subespe-cialidade, podem aprofundar seus estudos, entender e solucionar com mais segurança os males de seus pa-cientes. Por isso os especialistas são mais procurados. Assim, forma-se um círculo vicioso incentivado por melho-res remunerações, além de maior visi-bilidade e fama”, avalia ele.

O professor Jofre Rezende, da Universidade de Goiás, aponta que “a especialização precoce, sem aqui-sição de uma base mais ampla de cultura médica, por sua vez, passou a produzir um tipo de médico que se comporta no exercício da profissão como verdadeiro técnico confinado em seu campo de trabalho, sem a capacidade de integração dos conhe-cimentos e de percepção do quadro clínico do paciente em sua totalidade e abrangência”.

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jornal cassi8MErcaDo DE saÚDE

Já Reinaldo Ayer, do Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp), acredita que o fenômeno de especialidades foi muito maior no passado do que agora. “Nos últimos dez anos, tem sido crescente o nú-mero de candidatos interessados em uma formação clínica ou em cirurgia geral”, comenta o também médico.

aValiaÇÃo Dos noVos MÉDicos

O Cremesp realiza desde 2005 uma avaliação dos estudantes do sex-to ano e recém-formados em medici-na no Estado. “O exame mobilizou a sociedade e indicou que deve ser am-pliada a discussão sobre a qualidade do ensino”, avalia Isac Jorge Filho, presidente do Conselho.

O coordenador da avaliação, Rei-naldo Ayer, conta que o exame foi criado devido ao aumento do número de denúncias naquele Conselho contra médicos recém-formados e pela proli-feração de escolas médicas com sus-peitas de não estarem preparadas para promover a formação tecnicamente adequada. Segundo ele, o exame é optativo, com aplicação em caráter ex-perimental e não punitivo, sendo reali-zado em duas etapas, com uma prova escrita e um exame prático.

“Consideramos a média dos resul-tados satisfatória. A dificuldade maior foi verificada na área de saúde públi-ca e na avaliação relacionada à emer-gência. O exame também identificou que as escolas mais tradicionais têm desempenho melhor do que as esco-las mais novas”, avaliou Reinaldo. O coordenador lembra ainda que o ob-jetivo do exame é estimular as escolas a investir na qualidade do ensino, na-quilo que é importante para a entida-de, para os alunos e para a sociedade.

Houve o caso de uma escola que não tinha laboratório, professores qualifi-cados, hospital-escola nem pesquisa. Lógico que o resultado do exame foi insatisfatório. Isso mostra que a estru-tura de apoio tem grande influência na formação do médico.

Enquanto a avaliação do Conselho de Medicina de São Paulo serve apenas como alerta para as faculdades, o exa-me feito pelo Ministério da Educação pune as instituições que não obtêm resultado esperado, conforme relata Amir Limana, coordenador geral do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade). “Se os resultados do desempenho dos estudantes, dos relatórios das avaliações de cursos de graduação e da avaliação institucional não forem satisfatórios, a instituição deverá assinar um termo de compro-misso junto ao MEC, onde se compro-mete a corrigir as dimensões frágeis. Se, no tempo definido em comum acordo, a instituição não resolver os problemas verificados, o Ministério pode fechar o curso ou até descreden-ciar a instituição”, adverte.

No caso do Enade, os resultados são desanimadores. Amir Limana in-formou que, para todas as áreas, in-clusive Medicina, “medianamente, verifica-se que os estudantes, ao final do curso, têm um desempenho médio que não atinge a 6 em uma escala de 0 a 10 no desempenho dos conteúdos definidos pelos especialistas. Conteú-dos que são considerados necessários para o bom desempenho profissional quando egresso da universidade”.

A gerente de Saúde da CASSI, Ma-ria Helena Abonizio Guerreiro, acredi-ta que não somente os médicos, mas todos os profissionais de saúde deve-riam estar inseridos, desde sua saída

“Se os resultados do desempenho dos estudantes, dos relatórios das avaliações de cursos de graduação e da avaliação institucional não forem satisfatórios, a instituição deverá assinar um termo de compromisso junto ao MEC, onde se compromete a corrigir as dimensões frágeis.”

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da universidade, em um processo de educação permanente para atuali-zação dos conhecimentos, voltando sua atenção para as pessoas e não somente para as doenças. “Existem estudos recomendados com base em evidências científicas que transcen-dem as doenças físicas e mentais e buscam as implicações do ambiente físico e social na qualidade de vida do ser humano”.

Douglas Scortegagna, diretor de Saúde da CASSI, por sua vez, consi-dera que para reconhecimento da ex-celência do médico, é preciso aliar as vantagens da tecnologia à aplicação das práticas recomendadas ao exame clínico. “Um bom médico não necessa-riamente é aquele que apenas solicita uma bateria de exames para definir o diagnóstico. O vínculo médico-pacien-te, por exemplo, pode ser um grande diferencial para a melhor percepção dos problemas de saúde, cabendo aos exames laboratoriais e por imagem o papel de agregar novas informações se necessárias à melhoria do plano te-rapêutico do paciente”, afirma.

MÉDicos GEnEralisTas oU DE FaMília

A CASSI, com a adoção da Estra-tégia Saúde da Família (ESF) em seus Serviços Próprios, tem procurado investir no modelo assistencial que prioriza o atendimento humaniza-do, valoriza o histórico do paciente e enfatiza as ações de promoção da saúde. Nos Módulos de Atenção Inte-gral à Saúde espalhados pelo País, os profissionais das equipes de saúde in-vestem tempo para conhecer melhor os aspectos que envolvem a saúde do paciente, como a alimentação, am-bientes em que está inserido e as ati-vidades praticadas, além da qualidade das relações inter-pessoais e os níveis

de estresse a que está exposto. Isso para formulação de um diagnóstico clínico mais preciso e qualificado.

Em nenhum momento os profis-sionais da ESF desestimulam a pro-cura por especialistas ou o uso de exames. Eles apenas orientam sobre o que realmente pode ser eficaz no diagnóstico e no tratamento, basean-do-se no histórico de vida e na obser-vação clínica do paciente.

Massimo Colombini explica que a Estratégia Saúde da Família implica administrar um conhecimento maior do indivíduo e de sua família. “A ESF desenvolve práticas de promoção, proteção e recuperação da saúde, realiza atendimentos individuais e fa-miliares, evita internações desneces-sárias e melhora a qualidade de vida da população.”

Da mesma opinião, Airton Mello acrescenta que a promoção da saú-de e a prevenção de doenças pressu-põem educação constante da popula-ção. “Informação em saúde e adoção

de hábitos saudáveis são fundamen-tais, mais do que consultas, exames e internações que encarecem e sobre-carregam os sistemas de saúde”. Para ele, a promoção da saúde e do bem-estar “depende de conhecimento de hábitos, crenças e condições de vida da mesma população”.

Douglas Scortegagna considera imprescindível que o médico de famí-lia conheça o histórico dos participan-tes cadastrados na ESF. Segundo ele, “é preciso um estudo continuado dos diversos tipos de relações que acon-tecem no núcleo familiar, desenvol-vido não somente pelo médico, mas por todos os profissionais que com-põem as equipes multidisciplinares, a exemplo do nutricionista, enfermeiro, auxiliar de enfermagem, psicólogo e assistente social”. O diretor de saúde da CASSI ressalta ainda que “o conhe-cimento da pessoa e a vigilância de seus riscos de saúde resultam maior confiança ao participante e melhora significativamente o processo de con-trole das doenças para o restabeleci-mento da saúde”.

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jornal cassi10saÚDE

OS PERIgOS DA AUTOMEDICAÇÃO

Trinta em cada cem pessoas con-

somem remédio sem prescrição médi-

ca. Esta constatação feita por pesqui-

sa da Universidade Estadual do Rio de

Janeiro (UERJ) revela a quantidade de

pessoas, especialmente as idosas, que

estão submetidas a graves riscos de

saúde pela automedicação. A utiliza-

ção de laxantes, antiácidos, vitaminas

e antigripais pode levar a conseqüên-

cias indesejáveis quando associados a

outros medicamentos sem o conheci-

mento do médico.

Para a médica Márcia Morgado,

da CASSI Rio de Janeiro, os idosos

sofrem mais com a automedicação

porque, em sua maioria, têm a saú-

de debilitada e necessitam de mais

remédios. “No País, 70% dos idosos

possuem pelo menos uma patologia

crônica e necessitam do uso regular

de medicamento”, informa.

A automedicação nunca é indica-

da e o idoso, com suas particularida-

des, corre mais perigo ao tomar remé-

dios por conta própria. O idoso muda

muito a sua composição corpórea. Há

diminuição da massa muscular e au-

mento do depósito de gordura. “Essa

mudança no corpo tem grande influ-

ência na absorção e na eliminação

dos remédios”, explica a geriatra.

cUiDaDo conTra a

inToXicaÇÃo Por

MEDicaMEnTo

De acordo com a Organização

Mundial de Saúde (OMS), em 2025 o

Brasil será o sexto país do mundo em

número de idosos, contando com 32

milhões de pessoas nessa faixa etária.

É uma população que exige cuidados,

pois quando não recebem o auxílio

necessário, muitos caem no perigo da

automedicação.

“A utilização de muitos antiiflama-

tórios pode provocar hemorragia diges-

tiva; o anticoagulante oral não pode ser

misturado com nenhum remédio sem

comunicação ao médico e o uso exces-

sivo de vitaminas A, D, E e K podem

causar intoxicação por vitamina”, alerta

a médica da CASSI. O consumo rotinei-

ro do álcool também leva a conflitos

com os medicamentos prescritos.

Estudos da Fundação Oswaldo

Cruz (Fiocruz) revelam que os medica-

mentos respondem por 27% das into-

xicações no Brasil e que 16% dos casos

de morte por intoxicação são causadas

PESSOAS IDOSAS SOfREM E CORREM RISCOS MAIS SéRIOS COM OS REMéDIOS INDICADOS POR AMIGOS, PELA TV E ATé POR bALCONISTAS DE fARMáCIAS

por medicamentos. Para Márcia Mor-

gado, é importante o paciente, prin-

cipalmente o idoso que consulta vá-

rios especialistas, comunicar que está

tomando outros remédios a todos os

médicos. A médica lembra que usar

menos do que o recomendável pelo

médico também é automedicação.

Mesmo ciente de todos esses ris-

cos, a aposentada do Rio de Janei-

ro Maria Catarina Alves Ferreira, 74

anos, admite que toma remédios por

conta própria. “É só começar a sentir

alguma dorzinha que já procuro al-

gum remédio”. Ela nunca chegou a

sofrer intoxicação, mas diz que toma

remédio controlado e mistura com

vários outros. “Aprendi com meu ex-

companheiro”, confessa.

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jornal cassi 11 saÚDE

Infelizmente, até pouco tempo

atrás, era possível encontrar medi-

camentos até em supermercados,

bares ou armazéns, locais onde

eventualmente comprimidos seram

usados como troco. Esse tipo de

comércio, a publicidade em rádio

e televisão sobre medicamentos e a

venda deles sem receita médica em

farmácias demonstram a falta de

preocupação com a automedicação.

“É importante fugir das consultas

nos balcões de farmácias”, alerta a

geriatra da CASSI.

o QUE inForMar E PErGUnTar

ao MÉDico

O paciente deve informar ao

médico todos os remédios que está

usando e qual a dose; qualquer pro-

blema que já tenha tido com medica-

mentos; se tem alergias; se consome

bebidas alcoólicas, drogas ou fuma.

É importante também ele saber como

vai usar o medicamento e por quan-

to tempo; se deve evitar algum tipo

de comida, bebida alcoólica, outros

medicamentos, alguma atividade e

exercícios físicos enquanto estiver

usando o remédio; se o medicamen-

to pode afetar o sono, o estado de

alerta e capacidade de dirigir veícu-

los; o que fazer se esquecer de tomar

alguma dose; sobre efeitos adversos

e o que fazer nessa situação.

coMo ProcEDEr na coMPra

DE MEDicaMEnTos

Na hora de comprar os remédios,

verifique se a farmácia tem farma-

cêutico responsável; confira o me-

dicamento que foi entregue com o

nome escrito na receita; não aceite

sugestão do vendedor para trocar o

medicamento por um que ele garante

ser igual, quando o receitado não for

encontrado ou for mais caro, exceto

no caso de genérico, que tem mes-

mo princípio ativo e ainda o benefício

do preço; não compre medicamentos

que já foram abertos ou cujas emba-

lagens aparentem ser muito velhas e

confira a data de validade.

coMo EMBalar E GUarDar

MEDicaMEnTos

Os remédios devem ser guarda-

dos longe do alcance das crianças

em suas embalagens originais e bem

fechadas. Os medicamentos vencidos

devem ser jogados fora. Os remédios

“Como a legislação brasileira permite comprar remédio sem receita médica, é importante fugir das consultas nos balcões de farmácias...”

não devem ser guardados em banhei-

ro ou junto com venenos ou outras

substâncias perigosas.

PrEcaUÇõEs ao ToMar

os rEMÉDios

Confira a dose antes de adminis-trar e tomá-la, de preferência, em locais bem iluminados. Nunca reutili-ze os conta-gotas em novos medica-mentos. Outro cuidado importante é não misturar remédios líquidos com sucos, chás, leite ou outras bebidas, a não ser que o paciente tenha sido au-

torizado a fazê-lo pelo seu médico.

fonte: Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia

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jornal cassi

VEnCEndO O PRECOnCEITO E O CânCEREXAMES PREVENTIVOS E DIAGNóSTICO PRECOCE AJUDAMA DIMINUIR O NúMERO DE MORTES ENTRE OS HOMENS

apesar dos médicos afirmarem que os homens estão menos resistentes ao exame de toque retal, o sexo masculino ainda não venceu o preconceito e adia a consulta o quanto pode. Enquanto o pre-conceito persiste, o câncer de próstata continua sendo a segunda causa de óbitos por câncer em homens. Cresceu 96,95% entre 1979 e 2004, su-perado apenas pelo de pulmão.

As estimativas do Instituto Nacional do Cân-cer (Inca) indicam que, em 2006, o Brasil teve mais de 47 mil novos casos de câncer de prós-tata. Isso significa que 51 a cada 100 mil ho-mens desenvolveram a doença. Estudos desse Instituto apontam ainda que, no Brasil, a região Sul é o local com a maior incidência de cân-cer de próstata e a região Norte com a menor: 68/100.000 e 22/100.000, respectivamente. Nas outras regiões do País, as proporções são as seguintes: 63/100.000 no Sudeste, 46/100.000 no Centro-Oeste e 34/100.000 no Nordeste.

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jornal cassi

Segundo o Inca, o Sul e o Sudeste aparecem em primeiro lugar porque, além de terem uma população do sexo masculino maior, nessas regiões há mais procura pelo serviço médico e, conseqüentemente, um aumento nas notificações da doença. Além disso, são regiões com uma taxa de envelhe-cimento maior do que nas outras.

No mundo, o câncer de próstata representa, entre todos os tipos de câncer, 15,3% dos casos nos países desenvolvidos e 4,3% naqueles em desenvolvimento. A mortalidade desse tipo de patologia também sofre varia-ções, de acordo com o país. Nos de-senvolvidos, de acordo com dados do Inca, “a sobrevida média estimada em cinco anos é de 64%; enquanto nos países em desenvolvimento a sobrevi-da média é de 41%. A média mundial é de 58%”.

Para a médica da CASSI-RN, Ana Carolina Medeiros de Assis, “os hábi-tos de vida saudáveis, com dieta rica em licopeno (encontrado no tomate, por exemplo), b-caroteno, vitamina E e com baixo teor em gordura animal reduzem o risco de câncer de prósta-ta”. Quanto à herança genética, a mé-dica afirma que “os riscos aumentam 2,2 vezes quando um parente em pri-meiro grau é acometido pelo câncer. Nesses casos, a doença se manifesta mais precocemente, até mesmo antes dos 40 anos”.

os EXaMEs QUE DEVEM sEr FEiTos

Ana Carolina explica que os exa-mes utilizados para diagnosticar o câncer de próstata são a dosagem do antígeno prostático específico (PSA), o toque retal e a ultrassonografia da próstata. “A ultrassonografia falha em 60 a 70% dos casos e, portanto, a me-

lhor forma de diagnóstico é a combi-nação do PSA e o toque digital, que o homem deve fazer a partir dos 40 anos”, afirma. A médica da CASSI-RN complementa afirmando que, “fe-lizmente, segundo um dos grandes estudos realizados pela Universidade de Harvard (EUA), houve redução da resistência em realizar os exames por parte dos pacientes”.

O urologista Raphael Coelho, que atende na rede credenciada da CASSI, em Brasília, explica que é fundamental a realização, uma vez por ano, do PSA juntamente com o toque retal, feito no próprio consultório. Isso porque em alguns casos a dosagem do PSA pode ser normal e o toque indicar al-terações na próstata.

“Há algum tempo veio até meu consultório um paciente com cerca de 50 anos, sem nenhum sintoma, apenas para uma consulta de rotina. O exame de dosagem do PSA não in-dicou nenhuma anormalidade. Porém, feito o toque retal foi constatada que a próstata estava bem alterada. Ele tinha um tipo de tumor que aparece em apenas 5% dos casos de câncer de próstata e que não eleva a taxa de PSA.

13 saÚDE

“os hábitos de vida saudáveis, com dieta rica em licopeno (encontrado no tomate, por exemplo), b-caroteno, vitamina E e com baixo teor em gordura animal reduzem o risco de câncer de próstata”

Felizmente ele fez os exames precoce-mente, foi operado e hoje está curado do câncer”, relata Coelho.

EXaME PErióDico DE saÚDE

Ana Carolina explica que a CASSI, por meio de convênio com o Banco do Brasil, realiza todos os anos o Exame Periódico de Saúde (EPS), que faz parte do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO). Criado para identificar precocemente doen-ças nos funcionários que estejam ou não associadas ao trabalho, o exame é feito em duas etapas – exame médico e, para algumas faixas-etárias, exames complementares. O EPS permite que as áreas de gestão em saúde do BB e da CASSI adotem medidas de prevenção, a partir dos problemas domésticos.

Em 2005, 7.626 funcionários do BB fizeram o exame de dosagem do PSA e 7.035 de avaliação urológica. O índice de resultados alterados foi de 2,61% e 3,67%, respectivamente. Essa alteração não significa um diag-nóstico de câncer, mas que o pro-blema deve ser investigado, com in-dicação da biópsia de próstata, para melhor definição do diagnóstico.

TraTaMEnTo

“Cerca de 13% dos casos de cân-cer de próstata são indolentes, não se manifestam clinicamente e os pacien-tes morrem por outro motivo”, afirma Ana Carolina. Quanto ao tratamento, a médica geriatra explica que é de-terminado pela extensão da doença. “Os tumores localizados inteiramente dentro da glândula têm melhor prog-nóstico e tratamento, podendo não ser necessária a prostatectomia radical (retirada total da próstata). De uma forma geral, é indicada cirurgia, radio-terapia e hormonioterapia.”

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jornal cassi

nesta nova seção, apresen-

tamos o caso do aposentado do Banco do

Brasil, Carlos Marly de Oliveira Abreu, 73 anos, residente em Belo Horizonte (MG), que ficou livre de uma cirurgia após o diagnóstico de um nódulo na próstata.

“Desde 2003, observei que os intervalos de micção foram ficando cada vez menores. Com o passar do tempo, tinha sempre a necessidade de usar banheiros públicos ou de es-tabelecimentos comerciais, pois para onde ia não conseguia conter a von-tade de urinar. Ao viajar, as paradas na estrada eram constantes. Perce-bendo que o problema se agravava, resolvi ir ao urologista que pediu um exame específico.

Para minha surpresa, o diagnós-tico revelou que havia um nódulo benigno na próstata, o que dificul-tava o processo da micção. O urolo-gista foi radical e disse que tinha que

fazer uma intervenção cirúrgica para a retirada do órgão. Meio perplexo, segui as orientações do pré-operatório e pro-videnciei os exames necessários de risco cirúrgico, já que fazia controle da taxa de colesterol. Meus filhos apavorados in-centivaram a cirurgia, pois consideravam que o problema era grave.

Decidi, então, consultar uma médica de família da CASSI para ouvir uma opi-nião a mais. A médica, que me atendeu no Módulo de Atenção à Saúde de Belo Horizonte, achou que a recomendação do urologista foi muito rigorosa e me orientou a procurar um novo especialis-ta. Com uma fagulha de esperança, fui a outro urologista que, após ver todo o meu histórico e me examinar clinica-mente, diagnosticou que o problema talvez não estivesse no nódulo, que po-deria até existir, mas sim no músculo que é usado para expelir a urina.

Assim, orientou-me a fazer um estu-do minucioso para tirar suas dúvidas. O resultado foi o esperado: o músculo es-tava com dificuldades de funcionar direi-

to. A primeira providência foi can-celar a operação, para alívio de toda a família. Após o uso dos medica-mentos indicados para o problema, agora posso controlar o processo urinário e curtir a vida sem mais esse incômodo. Após a aposentadoria, montei uma papelaria que o filho cuida, faço exercícios regularmente e viajo com a família sem precisar parar a toda hora na estrada.

Graças à médica da CASSI que me orientou, eu resolvi o meu pro-blema. Agora, todos os exames que faço levo para ela analisar e indicar o caminho que devo seguir. Ela tem todos os meus dados no computa-dor e continuamente faz o controle da minha saúde.”

Caso você tenha um relato posi-tivo sobre o atendimento realizado nos Serviços Próprios da CASSI, en-vie para nós no endereço eletrônico [email protected], com o assunto Relato de participantes. Os casos mais interessantes serão publicados nesta seção.

14saÚDE

O qUE é PRóSTATA

A próstata é uma glândula presente apenas no organismo masculino – do tamanho e for-mato de uma noz, embaixo do colo da bexiga, circundando a uretra (por onde sai a urina). A função dessa glândula é produzir o líquido eli-minado durante a relação sexual, juntamente com os espermatozóides.

Apenas exames clínicos e laboratoriais po-dem detectar a presença de tumores na prósta-ta, em seu estado inicial. Quando o câncer passa a ser sintomático, o homem pode sentir principalmente dificuldade de urinar, diminuição da quantidade de urina, sangramento na urina (em alguns casos), anemia, perda de peso, ínguas no pescoço e, quando há metástases (o câncer se alastra para outras partes do corpo), dores ósseas.

RELATO DO PARTICIPANTE

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nos dias atuais, a preocupação com a boa forma e com o funcionamento do coração é

uma constante. Por isso, nada melhor do que conhecer os riscos que essa gordura provoca à

saúde e saber como substituí-la.

A gordura trans é um produto criado pela indústria alimentícia, por meio do processo de hidrogenação - modificação da estrutu-ra dos ácidos graxos, que são os compo-nentes das gorduras.

Com base nesse processo, o óleo vegetal se transforma em gordura sóli-da, como é o caso das margarinas. Tem como objetivo ser uma alternativa à gordura saturada, como a do bacon, lingüiça, picanha, tornando os ali-

mentos crocantes, como as batatas fri-tas industrializadas, e aumentar a vida útil de alguns produtos.

A nutricionista da CASSI-CE, Jacqueline Jaguaribe Bezerra, explica que a gordura

trans é encontrada nas margarinas, gordu-ra para fritura (gordura hidrogenada), massas,

sorvetes, bolos, salgadinhos de pacote, biscoitos tipo amanteigados, chocolates, biscoitos recheados

ou waffles, batata-frita, macarrão instantâneo, sopas instantâneas, temperos prontos em tabletes ou em pós, entre outros alimentos industrializados. Essas gorduras também estão presentes, em pequena quantidade, em alimentos industrializados de origem animal, como carne e leite.

O alto consumo de produtos industrializa-dos que contêm gorduras trans está associado

com maior incidência de doenças cardíacas, por-que pode proporcionar:

aumento da concentração do colesterol ruim (Lipoproteína de baixa densidade - LDL) e de triglicérides.redução dos níveis de colesterol bom (Lipo-

proteína de alta densidade - HDL).aumento da circunferência abdominal.

hipertensão arterial.

••

diabetes tipo 2.

Quando portadora de dois ou mais destes fatores, a pessoa é possuidora de síndrome me-tabólica, tendo maiores riscos de desenvolver doenças cardiovasculares.

A gordura trans ainda é associada à esteato-se hepática (gordura no fígado) e alguns estudos apontam-na como cancerígena.

Segundo a nutricionista da CASSI, não existe uma recomendação de quantidade diária para a ingestão dessas gorduras. A orientação é de que seja consumido o mínimo possível. Ela chama a atenção para o fato de que, “de acordo com a Resolução RDC n.º 360, de 23 de dezembro de 2003, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), é obrigatória a exibição da quantidade de gorduras trans no rótulo de cada produto. Con-forme a norma, basta exibir o valor em gramas, não sendo necessário declarar “a porcentagem do valor diário de ingestão (%VD) de gorduras trans, por não haver esta recomendação”.

Apesar de já terem se passado três anos da publicação da norma, algumas empresas ainda não a cumprem. Segundo a Anvisa, de agosto a dezembro de 2006, as empresas fabricantes que não cumpriram o disposto na Resolução apenas foram notificadas por ofícios educativos, sem pe-nalidade de multa. Desde 1º de Janeiro de 2007, as faltas passaram a configurar infração sanitária e estão sujeitas às sanções de multa previstas na Lei Federal 6437, de 1977.

sUGEsTõEs rEFrEscanTEs E saUDáVEis

- Em vez de sorvete de massa, rico em gordura trans, o ideal é o picolé de frutas, que, além de pouco calórico, é refrescante. Uma dica é conge-lar suco de frutas nas forminhas de picolé. É práti-co, saudável e saboroso.

- Troque os salgadinhos industrializados que só engordam e aumentam o colesterol por simila-res feitos em casa.

gORdURA TRAnS:VILÃ NA ALIMENTAÇÃO

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jornal cassi16cassi EM Foco

alTEraÇõEs caDasTrais

como fazer a alteração de endereço dos beneficiários do Plano de associados e do cassi Família?

Os dados de endereço e telefone dos associados são atualizados pelo sistema “clientes” do Banco do Brasil e automaticamente repassados ao sis-tema da CASSI. Os associados podem realizar a atualização de endereço da seguinte forma:

• Na internet, no site www.bb.com.br, clicar nos seguintes itens: “Acesse sua Conta”, digite o número da conta, agência e senha de auto-atendimen-to; “Outras Opções”; “Atualize seu Cadastro”, digite a senha do cartão; “Endereço para correspondência”;

• Na agência Banco do Brasil de rela-cionamento;

• Na Central de Atendimento Banco do Brasil;

• No SISBB: Aplicativo “Pessoal”, opção 3 - Dados cadastrais, opção 1. Altera o endereço e confirma com “sim”.

Os participantes do CASSI Família podem realizar alterações por meio do site da CASSI (www.cassi.com.br), acessando o serviço “atualização cadastral”, onde deverá preencher formulário eletrônico ou pela Central CASSI 0800 729 0080.

DEPEnDEnTE coM 24 anos

ao completar 24 anos, o filho de associado que ainda estiver cur-

TiranDo as DÚViDas Do ParTiciPanTE

sando faculdade pode continuar como dependente no Plano de associados?

Não. Independentemente de estar em curso universitário, não há possi-bilidade de manutenção do filho (ado-tivo e enteado) maior de 24 anos de idade no Plano de Associados, con-forme estabelece o Estatuto da CASSI, em seu artigo 10º, e o Regulamento.

Ao completar 24 anos, o ex-depen-dente pode aderir ao plano CASSI Família em qualquer agência do Ban-co do Brasil ou Unidade CASSI. Se a adesão ocorrer em até 30 (trinta) dias a partir de sua exclusão como dependente, ele contará com cober-tura assistencial do CASSI Família sem necessidade de cumprimento de prazos de carência.

“Na qualidade de associada contribuinte desde 1974, desejo tornar público meu reconhecimento ao trabalho desenvolvido pelas Equipes de Saúde.

Importante observar a grandeza do projeto que está sendo desenvolvido, vi-sando ao ser como um todo e não apenas tratando as doenças existentes. Antes de minha participação na Unidade, costumava peregrinar por profissionais de vá-rias áreas, não raro repetindo exames caros e invasivos, na tentativa de encontrar a solução. Hoje, conto com uma equipe que orienta, previne e, quando necessário, encaminha corretamente para a solução dos problemas.”

Terezinha Arruda SteffenPorto Alegre (RS)

Neste mês, o Jornal CASSI estréia a seção Cartas de Leitores. Um espaço reservado para sua manifestação. Encaminhe seus comentários e elogios, críticas, sugestões e dúvidas. Participe!

correspondência

As cartas de leitores devem ser endereçadas à Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil, Jornal CASSI. Endereço: SBS Quadra 2, Bloco N, Edifício Sede II, 3º andar - CEP 70073-900, Brasília - DF E-mail: [email protected] Fone/fax: (61) 3212.5038

Os textos assinados são de responsabilidade dos autores e não expressam, necessariamente, a opinião do jornal. Devido a restrições de espaço, o Jornal CASSI reserva-se o direito de publicar uma seleção de cartas recebidas e de reproduzir seus trechos mais significativos.