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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO A VEZ DO MESTRE Esquema Corporal e Educação Física: a descoberta do corpo através do movimento Autor: Cláudio Aroldo da Paixão Medeiros Orientador: Prof. Marco Antonio Chaves Rio de Janeiro, fevereiro/2002

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

PROJETO A VEZ DO MESTRE

Esquema Corporal e Educação Física:

a descoberta do corpo através do movimento

Autor: Cláudio Aroldo da Paixão Medeiros

Orientador: Prof. Marco Antonio Chaves

Rio de Janeiro, fevereiro/2002

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

PROJETO A VEZ DO MESTRE

Esquema Corporal e Educação Física:

a descoberta do corpo através do movimento

Autor: Cláudio Aroldo da Paixão Medeiros

Trabalho monográfico apresentado como

requisito parcial para obtenção do grau de

Especialista em Psicomotricidade.

Rio de Janeiro, fevereiro/2002

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Agradeço aos amigos Emeirie, Jorge e

Mara, pela colaboração direta na realização

deste trabalho.

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Dedico este trabalho à minha esposa,

Flávia, pela paciência e incentivo ao meu

desenvolvimento profissional.

Aos meus pais pela preocupação que

sempre tiveram com minha educação.

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“É preciso educar a dor da falta cognitiva

e afetiva para a construção do prazer, pois

é da falta que nasce o desejo. Desejo de

aprender, de crescer, de ser.”

Madalena Freire

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RESUMO

A Psicomotricidade consiste no estudo dos indivíduos e suas relações

com seu corpo. Esta é uma área de conhecimento na qual se entrelaçam

vários pontos de vista e que se utiliza da orientação de diversas ciências,

entre elas a Educação Física.

A Educação Psicomotora dispõe-se em desenvolver no ser humano

um total conhecimento das potencialidades de seu corpo. Implica numa

concepção nova do corpo, manifestada através da “linguagem corporal”. A

Psicomotricidade se empenha em mostrar que o homem é seu corpo, sendo

assim, fala pelo seu corpo e o corpo fala por ele.

O esquema corporal é a base deste trabalho e a consciência correta da

potencialidade do seu corpo leva o ser humano a ter uma melhor adaptação

coordenativa e desenvolver novas qualidades cognitivas. O conhecimento

teórico do esquema corporal é indispensável a todos que trabalham com

crianças.

Não pretendemos com este trabalho esgotar a abordagem do tema

sugerido, no entanto, objetivamos, ainda que minimamente, colaborar com

os estudiosos deste assunto e incentivar os profissionais da área a investiga-

lo e utilizar sua dinamicidade em sua atuação profissional.

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SUMÁRIO

RESUMO

INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

CAPÍTULO I

OS FUNDAMENTOS DA PSICOMOTRICIDADE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

CAPÍTULO II

DESENVOLVIMENTO MOTOR DA CRIANÇA DE 0 A 9 ANOS . . . . . . . . . . . . . .13

CAPÍTULO III

O ESQUEMA CORPORAL, SUA IMPORTÂNCIA NO DESENVOLVIMENTO

DA CRIANÇA E SEU SURGIMENTO EM CRIANÇA DE 0 A 9 ANOS . . . . . . . . . . 19

CAPÍTULO IV

O PAPEL DA EDUCAÇÃO FÍSICA NESSE PROCESSO DE CONHECIMENTO

DO ESQUEMA CORPORAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

CONCLUSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

BIBLIOGRAFIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

ANEXO

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INTRODUÇÃO

O esquema corporal é um elemento básico indispensável para a

formação da personalidade da criança. Comenta-se que crianças são

descoordenadas e desajeitadas devido a não execução de alguns

movimentos solicitados, isso pode ser ocasionado por uma má

representação global e diferenciada que a criança tem de seu corpo.

A própria criança percebe-se e percebe as pessoas e as coisas que a

cercam em função de sua pessoa. O seu desenvolvimento psicomotor é

regular e contínuo e envolve todas as áreas do organismo e da

personalidade, onde o esquema corporal é um elemento básico

indispensável para sua formação.

Os movimentos têm certas características, algumas desaparecem

outras evoluem até a adolescência, onde apartir dos seis anos ocorrem

transformações e uma melhor aquisição de movimentos precisos.

O presente trabalho tem como objetivo mostrar que através das aulas

de Educação Física, pode-se estimular a criança a manusear diferentes

materiais tais como, bolas, bamboles, cordas e bancos, usar atividades

lúdicas e jogos tendo-se a possibilidade de minimizar a descoordenação de

movimentos e fazer com que cada criança perceba como seu corpo é

vivido, situando seus membros uns em relação aos outros procurando

orientar e organizar os seus movimentos.

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A pesquisa terá como foco as aulas de Educação Física ministradas

em um período de 6 meses a turmas de 1ª a 3ª série da escola Adventista do

bairro de Inhaúma, Rio de Janeiro – crianças de 6 a 9 anos.

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CAPÍTULO I

OS FUNDAMENTOS DA PSICOMOTRICIDADE

O estudo da Psicomotricidade relaciona-se diretamente a atos

conhecidos como voluntários, onde estes são estimulados pelos músculos

estriados esqueléticos. Procura-se fazer uma relação do nosso cotidiano

com os movimentos que acontecem graças às contrações ocasionadas pelos

músculos citados anteriormente. Esse conhecimento faz entender os

movimentos das pessoas como um meio para alcançar os seus abjetivos e

não como fim, considerando sempre os aspectos afetivos, cognitivos,

psicomotores e sociais.

No início, a psicomotricidade percebia as pessoas no que diz respeito

ao seu aspecto corporal em três âmbitos que são: Neurofisiológicos,

Anatômicos e Locomotores sempre se preocupando em correlaciona-los e

sincroniza-los para o desenvolvimento de um bom trabalho motor. Na

atualidade ela vê o homem como um ser único, onde o objeto de estudo é a

ação, se relacionando com o meio para que o homem tenha uma tomada de

consciência dele como um todo introduzido dentro de uma sociedade

diversificada.

Muitos autores citam que a psicomotricidade é uma ciência que faz

uma integração da energia do indivíduo utilizando o movimento.

Movimento esse que deve trabalhar o corpo, procurando que o indivíduo

tire um significado, e esse corpo seja significante para ele.

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Para Sdirley de Jesus ( 2000, p22 ). A psicomotricidade é uma área

de conhecimento que pega subsídios de outras áreas, tais como

Neurologia, Educação Física, Pedagogia, Psicanálise e Lingüística com

a finalidade de educar e reeducar um indivíduo de uma forma total para

uma melhor convivência deste na sociedade.

A psicomotricidade pode ser dividida em três áreas distintas que são:

Educação Psicomotora, Reeducação Psicomotora e terapia

Psicomotora. Este trabalho tratará apenas de uma dessas áreas que é a

Educação Psicomotora.

O que seria essa Educação Psicomotora? Pode-se dizer que são

atividades que visam ativar processos de vivências através de estímulos

sensoriais. Também vivenciar o corpo como um todo, sendo esse o nosso

primeiro referencial para que as pessoas descubram o seu verdadeiro

potencial, relacionando tudo isso com a sua noção espaço temporal,

adquirindo assim uma melhor imagem corporal e um melhor desempenho

nos seus afazeres diários.

Para que esses processos tenham o sucesso desejado, não se pode

separar o desenvolvimento afetivo do desenvolvimento motor, deve-se

procurar relacionar os dois lados durante o trabalho, principalmente em

crianças na primeira infância (0 a 3 anos). Lembre-se, o ser humano é um

ser indissociável.

Por ser o movimento uma forma de conduta global do ser humano, a

psicomotricidade dispõe de elementos básicos para que o indivíduo tenha

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consciência das possibilidades de movimentos que o seu corpo lhe

possibilita.

I – Esquema corporal:

É indispensável para a formação da personalidade da criança. É a

representação relativamente global e diferenciada que a criança tem de seu

próprio corpo.

II – Lateralidade:

É a definição da dominância lateral da criança, onde ela será mais

forte, mais ágil do lado direito ou esquerdo dependendo do seu lado

dominante. Afirma-se que a lateralidade corresponde a dados neurológicos,

mas também pode ser influenciada por certos hábitos sociais, onde em

muitos casos pais e professores procuram direcionar o lado em que a

criança deva ter predominância.

Não se deve confundir a lateralidade que é a dominância de um lado

em relação ao outro com o nível de força e precisão e o conhecimento que a

criança tem de “Direito- Esquerdo” – domínio dos termos “esquerdo” e

“direito”.

Esse conhecimento será mais fácil de ser apreendido pela criança

quanto mais acentuada e homogênea for sua lateralidade . Em crianças de

lateralidade cruzada a aprendizagem de “Direito/Esquerdo” será dificultada

por ora ser mais forte do lado esquerdo com membro superior, ora mais

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forte do lado esquerdo com membro superior, onde o conhecimento

“Direito/Esquerdo” necessita de uma boa estruturação espacial por parte da

criança.

III- Estruturação espacial:

É a orientação, a estruturação de mundo exterior referindo-se

primeiro ao EU, e depois a outros objetos ou pessoas estando estas estáticas

ou em movimentos.

Uma pessoa com uma estruturação espacial já definida consegue

situar o seu próprio corpo com tudo que a cerca, relacionando as pessoas

com os objetos, e os objetos consigo. Portanto a estruturação espacial é

parte integrante de nossa vida diária.

IV- Orientação temporal

È a capacidade que o indivíduo têm de situar-se em função dos

acontecimentos ocorridos: antes, após e durante.

As noções temporais em muitos casos são abstratas, tornando-se

difícil de serem compreendidas pelas crianças. Esse aspecto também é um

fator primordial em nosso cotidiano, pois quando se adquire uma melhor

orientação espacial, temos mais facilidade em nos organizar no que diz

respeito a horários.

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CAPÍTULO II

DESENVOLVIMENTO MOTOR DA CRIANÇA DE 0 A 9 ANOS

Sabe-se que o ser humano nasce pouco desenvolvido no que

concerne ao aspecto motor tornando-se um ser totalmente frágil no

convívio com o seu meio ambiente, isso fica bem claro quando se observa

um recém-nascido que não move nem a cabeça sendo apenas capaz de virar

-se um pouco de lado necessitando assim de um cuidado todo especial e de

proteção por parte de seus pais para sobreviver em seu meio ambiente.

Nascemos com alguns movimentos ditos inatos tais como: O

CHORO, O SUGAR, E O ENGOLIR. Esses movimentos são chamados de

reflexos inatos dos quais necessitamos para mantermos a vida.

À medida que vamos crescendo, vamos descobrindo o nosso corpo;

O recém-nascido é um ser em constante crescimento e por esse motivo

executa movimentos desestruturados. São movimentos agitados e

basicamente desordenados, utilizando basicamente as grandes articulações

do corpo humano (articulação de ombro,quadril e joelho). Como todo o

corpo esta participando, esses movimentos são conhecidos como

“movimento de massa”.

Juntamente com os “movimentos de massa” observam – se outros

tipos de movimento conhecidos como “movimentos Ateotóticos” são

movimentos mais lentos e executados com menos força pelo recém –

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nascido exemplos: esfregar o braço na frente do rosto, flexão e abdução

dos dedos, etc. O bebê realiza um desenvolvimento motor rápido e

evidente, formando os primeiros movimentos objetivos que caracterizam

uma ação humana.

O período que envolve do quarto ao décimo mês de vida e

caracterizado como a “fase de apropriação dos primeiros movimentos

coordenados”. É o desenvolvimento motor mais importante na vida do

bebê, onde ele vivência, a apropriação da posição ereta, executando com

isso os primeiros movimentos autônomos de progressão.

Com a descoberta da posição ereta e a possibilidade de andar sozinho

– que geralmente acontece no primeiro ano de vida da criança –, os pais

devem redobrar sua atenção pois a criança não esta mais restrita ao seu

cercado ou berço, ela começa a explorar uma área maior se colocando

sempre frente a novas tarefas ampliando assim suas descobertas motoras.

Do primeiro ao terceiro ano de vida a criança adquire e aprimora

formas de movimentos importantes para o seu desenvolvimento motor, tais

como: andar, subir, equilibrar, pular, correr, saltitar, saltar e etc. Deve

-se deixar bem claro que esses movimentos nessa faixa etária ainda são

executados de forma lenta, desajeitada e fracos no que diz respeito a

potencia. Quando a criança completa 3 anos de idade ocorrem certos

aumentos no decurso da força, velocidade e proporção.

A fase que abrange do quarto ao sétimo ano de vida é conhecida

como “fase do aperfeiçoamento de múltiplas formas de movimentos e da

aquisição das primeiras combinações de movimentos”. Para Kurt Meinel,

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(1994,p.300) esses aperfeiçoamentos ocorrem na criança porque há uma

melhora qualitativa dos decursos de movimentos e aumento quantitativo de

rendimento.

Pode-se verificar em crianças nesta faixa etária de idade um

progresso maior nos movimentos de andar/trepar, subir/correr, pular/lançar

e pegar. Nota-se com isso, as primeiras combinações de movimentos, onde

a criança descobre que existe a possibilidade de executar movimentos

seqüenciados, onde um necessita da execução correta do outro.

Em crianças de 6 a 7 anos de idade nota-se uma melhor habilidade de

equilibro e flexibilidade, alcançando níveis favoráveis para o seu

desenvolvimento. Tendo início ao sétimo ano de vida e prolongando-se até

o décimo ano, a criança já aprendeu a dominar os seus movimentos mais

simples. Nesta faixa etária já se encontra capacitada a se concentrar numa

determinada atividade facilitando, assim a sua capacidade de aprendizagem

não só cognitiva, mas também as suas habilidades motoras.

Aos 9 anos de idade essas aprendizagens motoras são evidenciadas,

pois nesta idade ocorre um crescente e acelerado progresso no aspecto

físico e psíquico, facilitando o trabalho de condicionamento e coordenação

motora, percebendo na criança uma melhor capacidade de aprender e

compreender a sua capacidade de rendimento.

O processo do desenvolvimento motor revela-se basicamente por

alterações ocorridas no comportamento motor; Bebês, Crianças,

Adolescentes e Adultos vivem em um constante processo de aprendizagem

no ato de mover-se com controle e competência tudo influenciado pelos

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desafios que enfrentamos diariamente numa sociedade em constante

mutação. Com isso pode-se afirma que as diferenças no processo do

desenvolvimento motor são provocadas por fatores do próprio indivíduo,

do ambiente e da tarefa em si.

Nota-se com isso que tanto a hereditariedade quanto o ambiente

influenciam no processo do desenvolvimento da criança, não cabe a nós

discutirmos a importância de cada um nesse processo porque um acaba

convergindo do outro e o que importa, é que o produto final dessa união

seja um desenvolvimento motor satisfatório para a vida da criança.

GALLAHUE (1996) representou essa influência através de um

modelo que ele intitulou de “modelo de desenvolvimento motor durante o

ciclo da vida”, onde ele representou esse modelo através de uma ampulheta

onde ele diz que:

...Dentro da ampulheta, precisamos colocar o recheio da vida: "AREIA”. A areia que entra na ampulheta vem de dois recipientes diferentes. Um é o recipiente hereditário e o outro, o ambiental. (pág. 573)

Para termos uma melhor compreensão dessa teoria, observe a figura

representativa da teoria de Gallahue.

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Fonte: Gallahue, 2001:110

Gallahue e Ozmun (2001:100) desenvolveram também outra

ampulheta, descrevendo as fases do desenvolvimento motor, mostrando o

ciclo de vida da criança dos 4 meses de idade até a idade adulta. Observe a

figura abaixo:

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As alterações no comportamento motor da criança, no seu ciclo da

vida, nos dá subsídios para observarmos o seu desenvolvimento motor,

abrindo assim uma “janela” para os processos motores subjacentes. Nós

como educadores devemos aproveitar essa “janela” aberta e ajudar essa

criança em um contínuo processo de desenvolvimento motor, levando-a a

conhecer melhor a sua potencialidade, seus limites e quanto o seu corpo é

diferente a cada ano que passa.

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CAPÍTULO III

O ESQUEMA CORPORAL, SUA IMPORTÂNCIA NO

DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA EO SEU SURGIMENTO EM

CRIANÇAS DE 0 A 9 ANOS

O termo esquema corporal também é citado como “percepção

corporal” ou “imagem corporal” (Barreto,2000). Porém todos procuram

enfatizar a mesma coisa no que se refere ao desenvolvimento da criança de

discriminar com exatidão suas partes corporais.

Essa habilidade que a criança desenvolve de reconhecer as partes do

corpo, pode ser dividida basicamente em três áreas, a primeira é a

capacidade de localizar as partes do corpo em si, e em outras pessoas, a

segunda refere-se ao que essas partes do corpo são capazes de fazer,

quando a criança descobre a possibilidade que as partes do seu corpo têm

de executar um ato específico dependendo da sua vontade, a terceira fase

envolve a descoberta de como essas partes do corpo, podem se movimentar

eficientemente – é a reorganização do seu corpo como um todo para

executar um ato ou uma tarefa motora.

Quando a criança adquire um bom desenvolvimento do seu esquema

corporal, ela obtém uma melhor imagem interna do seu corpo lhe

possibilitando uma boa compreensão da realidade. Essa compreensão é de

fundamental importância para a criança pois em muitos casos ela está

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diretamente proporcional à maneira de como a criança se compara a outras

pessoas.

Pode-se afirmar que esse melhor conhecimento e desenvolvimento

do seu esquema corporal se identificam como um melhor domínio do seu

corpo e sentimentos, pois gradativamente a criança irá conduzir-se com

mais segurança em seu meio ambiente, facilitando o processo educativo.

De acordo com Wallom (1968):

“O esquema corporal é um elemento básico indispensável para a formação da personalidade da criança. É a representação relativamente global, científica e diferenciada que a criança tem de seu próprio corpo.”

O esquema corporal não é simplesmente o conhecimento que

acriança tem de seu corpo, e sim a consciência desse corpo, de suas partes e

de seus movimentos. Todo o estímulo físico exercido na criança tem que

fazer com que ela perceba e construa mentalmente uma forma diferente do

que se vê literalmente, fazendo uma integração do seu exterior com a noção

de espaço, tempo, e a conexão com outras pessoas, com o contato corporal,

gestos e linguagem.

Outro aspecto do processo de desenvolvimento da criança que está

intimamente relacionado ao esquema corporal é o aspecto afetivo onde se

exprime através da postura, das atitudes e dos comportamentos. A

integração da criança ao meio em que ela se relaciona opera de uma forma

direta na formação de um esquema corporal adequado, pois essa aceitação

integral, faz com que a criança tenha uma maior possibilidade de ser bem

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sucedida na sua aprendizagem escolar, social e na afetividade com as

outras pessoas.

Até agora estudamos como o esquema corporal influencia a vida da

criança no que diz respeito ao convívio com tudo que a cerca e com as

pessoas intimamente relacionadas a ela. Mas como esse esquema corporal

surge em uma criança? Tentaremos de uma forma sucinta e clara abordar a

evolução do esquema corporal no desenvolvimento da criança.

De acordo com os capítulos anteriores, percebe-se que as primeiras

informações recebidas pelas crianças são difusas, vagas e muito

desorganizadas sendo basicamente Visceroceptivas. O próximo passo do

processo de desenvolvimento é o contato consigo mesma e o meio que a

cerca, onde as informações são provenientes do seu sistema neuromuscular

e articular, denominado de percepção Proprioceptiva ou Cinestésica.

Com isso aprende-se que o corpo experimenta e vivencia os

movimentos através das informações provenientes das células sensoriais

dos músculos, tendões e cápsulas articulares. Quando ocorre na criança um

distúrbio no sentido cinestésico o professor terá sérios problemas para

alcançar um bom desenvolvimento do esquema corporal dentro dos seus

objetivos traçados.

Para que a criança em seu processo evolutivo tenha uma conexão

consigo mesma e o meio ambiente, ocorre em seu corpo uma interligação

entre três sistemas fundamentais que são: Estereoceptivo, proprioceptivo

e visceroceptivo. Quando esses três sistemas agem de uma forma direta

sobre o sistema neurológico auxiliando-o no seu desenvolvimento e

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aperfeiçoamento. Desta forma ocasiona-se uma melhor ordenação dos

movimentos complexos, não os movimentos gesticulares ou reflexos.

Apartir dos dois primeiros anos de vida da criança percebe-se o

início da evolução do esquema corporal, onde a criança estabelece uma

limitação entre o seu corpo e o mundo dos objetos. Do segundo para o

terceiro ano de vida ocorre o desenvolvimento e o conseqüente controle dos

órgãos de eliminação anal e vesical.

A característica do terceiro para o quarto ano de vida, é a descoberta

pela criança da diferenciação entre os sexos no que diz respeito à

comparação dos elementos corporais.

Dos 5 aos 9 anos de vida ocorre uma progressiva integração do

corpo, é apartir desse momento que a criança começa a fazer a

transferência do “EU” para com os demais membros ou componentes do

seu grupo social. Sendo até capaz de desempenha ou assumir papéis de

elementos pertencentes ao grupo.

Partindo da análise, de tudo que foi dito até o momento, pode-se

dizer que o conhecimento adquirido pela criança do seu esquema corporal,

é importante para a organização dos seus atos motores e de suas ações em

geral, pois a tomada de consciência das diferentes partes do corpo pela

criança é essencial para que ela perceba seu corpo de uma forma

globalizada permitindo assim a independência dos movimentos de uma

forma geral.

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CAPÍTULO IV

O PAPEL DA EDUCAÇÃO FÍSICA NESSE PROCESSO DE

CONHECIMENTO DO ESQUEMA CORPORAL.

Sabe-se que o corpo é o objeto de trabalho da Educação Física, e o

movimento é a sua área de atuação, porém para BRACHT (1989), “não é

todo e qualquer movimento, ou movimento humano, que se reconhece

como objeto de trabalho de Educação Física.”

A fim de que esse movimento corporal tenha um respaldo para se

trabalhar, há uma necessidade de que seja reconhecido como sendo algo

significativo e inserido em um contexto histórico cultural. A partir desse

momento torna-se essencial o surgimento da Educação física, enquanto

disciplina regular, procurando mostrar, que os movimentos por mais

simples que sejam, têm um significado importante dentro do

desenvolvimento social e psicomotor.

Cada criança expressa através de sua movimentação própria, a sua

forma de ser, sentir, pensar e agir. Seu corpo tem a capacidade de interagir

com outros corpos, inclusive com pessoas de diferentes sociedades e

culturas. Cabe assim ao profissional de Educação Física desenvolver nessas

crianças – que na maioria das vezes estão em fase de desenvolvimento –

um questionamento sobre quem mora nesse corpo que um dia será adulto

em uma sociedade completamente diferente da que vivemos hoje.

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Os profissionais de Educação Física preocupados em trabalhar o

“esquema corporal” nas crianças das séries iniciais do ensino fundamental

– objeto de estudo desta pesquisa –, procuram mostrar às crianças que o seu

corpo não está isolado no seu universo, que na maioria das vezes é o

universo do faz de conta. Não estamos aqui querendo dizer que devemos

desprezar esse momento. Enquanto professor de Educação Física, deve,

sim, usá-lo como meio para mostrar à criança que seu corpo, se expressa e

se comunica de acordo com o espaço, o tempo e a cultura que produz ou de

que é parte.

E que corpo e esse que mora em cada criança? Corpos enrijecidos,

moles ou flexíveis, uns mais ágeis que outros, coordenados ou

descoordenados, corpos que indicam formas diferentes de se comunicar

consigo, com o outro e com o mundo. Corpos que precisam se tocar para

serem moradas hospitaleiras de crianças que brincam e são capazes de

acreditarem em si próprias, para desenvolverem qualquer movimento

solicitado não só pelo professor, mas sim por qualquer pessoa do seu

convívio social.

Sabe-se que somos pessoas diferentes umas das outras, e que nem

todo mundo desenvolveu o mesmo nível de consciência de si, de seu corpo,

e das suas possibilidades e limitações. No caso das crianças muitas delas

não são capazes de identificar que seu corpo fala somente com um olhar,

gesto ou mesmo estando em silêncio.

Para que a criança consiga perceber que é dona de um corpo vivo e

em constante transformação, ela precisa fazer uma ligação entre o querer

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corpóreo com tudo que tem vida, pois obedece a um princípio básico,

transformar-se constantemente.

O jogo é o meio utilizado pelos professores de Educação Física para

atingir o seu objetivo. É algo valioso para o desenvolvimento do educando,

pois remete a aspectos lúdicos, quebra a mesmice do cotidiano, exige em

muitos casos um melhor desempenho do aspecto cognitivo, exercita a

socialização, a discussão e principalmente contribui para a exploração

máxima de movimentos, apropriação de espaço e tempo variados.

Percebe-se em muitas aulas de Educação Física, uma aula

tecnicamente correta, (aquecimento, atividade principal, volta à calma).

Porém nesse caso os alunos acabam trabalhando mecanicamente com o

corpo, desarticulando de sua alma, seus desejos, medos e sua própria

historia de vida. Será que essa é a melhor maneira de trabalharmos o

esquema corporal de nosso aluno?

A criança se movimenta do amanhecer ao entardecer, e quando ela se

movimenta sozinha podemos dizer que ela está brincando, porém quando

outra criança se movimenta com ela, aí sim se inicia um jogo. Junta-se

neste caso duas necessidades básicas da criança: a de brincar, e a de jogar.

O profissional de Educação Física surge como um facilitador, coordenando

estas atividades quando as mesmas ocorrem em uma escola, mostrando

para o aluno que no ato do jogo há uma necessidade de uma outra pessoa, e

uma coordenação mais apurada dos seus movimentos corporais,

desenvolvendo uma intuição global do seu próprio corpo, ou seja, na

estruturação do seu esquema-imagem corporal.

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Este estudo limita-se a crianças de 6 a 9 anos, pode-se afirmar que é

uma faixa etária onde a criança possui muita energia. Nós professores de

Educação Física devemos orientá-la para um aproveitamento correto dessa

energia, procurando levá-la a um desenvolvimento integral e harmônico,

proporcionando atividades de seu interesse.

Para KRECH e CRUTCHFIELD (1973) se a criança não for

estimulada a desenvolver-se no período em que estiver predisposta,

ocorrerá uma perda considerável no seu desenvolvimento motor. Segundo

os princípios da psicomotricidade no que se refere a “coordenação

psicomotora”, só há um desenvolvimento do potencial de análise, síntese,

abstração e simbolização apartir do momento em que a criança tenha

controle de suas potencialidades corporais.

“A prática leva á perfeição” esse ditado popular é muito usado na

Educação Física, e podemos usá-lo neste momento para afirmar, que

somente por meio da prática constante é que as potencialidades

coordenativas solicitadas serão desenvolvidas e novas qualidades

cognitivas serão aprendidas.

Porém esse processo não ocorre de uma forma tão simples. Para que

a criança complete um movimento correto é preciso antes de tudo que ela

tenha consciência do próprio corpo, através de um processo progressivo,

adicionando esquemas corporais e espaciais do corpo cada vez mais

diferenciados, seja em repouso ou durante a ação em aulas de Educação

Física, procurando associar o conhecimento da imagem e memória do

corpo.

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Vimos até agora que a Educação Física tem um papel importante em

todo esse processo de descoberta da criança. O professor deve procurar

despertar nela o interesse pelos exercícios ou atividades educativas de

esquema corporal, explorando suas tendências segundo sua faixa etária.

Porém deve-se ter uma flexibilidade por parte do educador, não se

estabelecendo padrões rígidos de comportamentos, pois estaria assim,

sujeito ao desinteresse por parte das crianças.

Assim sendo, o professor de Educação Física, cuja visão esteja

voltada para o desenvolvimento completo do seu aluno, deverá incentivar e

dirigir a criança no sentido de que ela possa – principalmente na faixa

etária de 6 a 9 anos – exercitar-se constantemente, e de forma tal que todos

os fatores que implicam nesse desenvolvimento sejam devidamente

respeitados.

Neste momento descreveremos algumas atividades ministradas em

um período de 6 meses a turmas de 1ª a 3ª série da escola Adventista do

bairro de Inhaúma Rio de Janeiro – crianças de 6 a 9 anos. As referidas

atividades são voltadas para o desenvolvimento do “esquema corporal”.

Deixamos bem claro que não se trata de um livro de receitas onde se deve

seguir corretamente o que está escrito, mas cabe ao professor usar sua

criatividade, transformando as atividades propostas conforme a realidade

de seus alunos.

Decalque do Corpo

Objetivos: Conhecimento do esquema corporal, exploração de

noções de espaços, domínio psicomotor.

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Material: giz, folhas de jornal (que ultrapasse o tamanho da criança),

giz de cera, tesoura,

Atividade: As crianças formam pares, um integrante de cada par

deita sobre o jornal, com os braços e pernas afastadas. A outra criança, faz

o contorno do corpo da primeira. Uma vez terminada esta tarefa, a criança

que foi “decalcada” acrescenta detalhes como traço facial e vestimentas,

com a ajuda de seu companheiro.

A Fotografia

Objetivos: Iniciação ao realismo visual, representação do esquema

corporal, desenvolvimento de noções de espaço, desenvolvimento da

capacidade de observação.

Material: Folhas de papel branco, lápis preto, lápis de cor ou giz de

cera.

Atividade: Convida-se as crianças a brincarem de fotógrafos e

modelos. As crianças se dividem, escolhendo um desses papéis. As que

fazem o papel de fotógrafos observam atentamente as que posam como

modelos, reproduzindo graficamente a posição que o seu colega está. A

seguir, o modelo dá sua opinião sobre seu retrato, dizendo se está faltando

algo importante.

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Um aberto, outro fechado

Objetivo: Coordenação psicomotora, esquema corporal, imitação de

gestos e movimentos dissociados.

Atividades: As crianças formam um semicírculo. O professor coloca-

se numa posição em que todos o vejam. Dá a ordem

verbalmente,executando ao mesmo tempo os gestos que indicou e

estabelecendo dissociações de movimentos: abre a boca e fecha os olhos,

abre uma das mãos e fecha a outra etc.

A roda dos bonequinhos

Objetivos: Controle psicomotor, esquema corporal.

Materiais: Tiras largas de papel, lápis de cor, tesouras

Atividades: Convida-se as crianças a dobrarem suas tiras de papel,

começando por dobrá-las ao meio e repetindo esse procedimento várias

vezes. O professor desenha então em cada tira, o contorno de uma figura

humana, tendo o cuidado de assinalar os braços até à borda da dobra.

As crianças recortam o contorno, mantendo o papel dobrado. Abrem

o recorte e têm a roda de bonequinhos, os quais poderão ser coloridos, caso

desejarem, desenhando e que falta nos bonecos.

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Escultores

Objetivos: Esquema corporal, simbolização, coordenação

psicomotora, iniciação ao realismo visual.

Material: Massa, pasta de modelar ou papel machê, em quantidade

suficiente para cada criança. È conveniente que haja um espelho grande,

para que se possam ver de corpo inteiro. O material deve ter consistência

suficiente para manter a forma em posição ereta.

Atividade: Propõe-se às crianças que explorem e reconheçam seu

corpo e os de seus companheiros, através do tato, da vista e do movimento,

incluindo a observação através do espelho e a imitação de movimentos.

Cada criança modela, depois, seu próprio corpo ou de algum dos seus

colegas, à escolha, Explicam seu trabalho às outras crianças.Por ùltimo,

cada criança escolhe um colega e alternadamente um coloca o outro na

posição que desejar, para tentar reproduzi-lo no modelo.

Através dessas atividades, percebemos que algumas crianças

responderam positivamente, no que concerne ao desenvolvimento do

esquema corporal, enquanto outras permaneceram estáveis. Verificamos

que esta última situação era ocasionada por uma privação de atividades em

sua vida social familiar. Mostra-se com isso a importância do envolvimento

dos pais nas atividades lúdicas das crianças.

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CONCLUSÃO

O ser humano não pode ser dividido em partes separadas. Somos um

todo e esse todo trabalha em conjunto para formar o que conhecemos como

ação. É através dessa ação e com movimentos articulados que professores

e/ou educadores de uma forma geral devem se basear para conhecer os

aspectos afetivos, cognitivos, psicomotores e sociais das crianças,

procurando ajudar aquelas que demonstram dificuldades no aprendizado.

Baseado no estudo feito nota-se que não é isso que acontece na

maioria das vezes, pois os professores não conseguem trabalhar esse tipo

de problema e acabam encaminhando o aluno para psicólogos ou terapeutas

ocupacionais, desarticulando completamente o problema do seu aluno com

a sua vida escolar.

Nosso estudo demonstra claramente que um psicomotricista deve

estudar o ser humano desde o seu nascimento até a idade adulta,

correlacionando tanto os seus afazeres diários (escola/casa), com os

movimentos ditos mais simples (brincar, comer etc.). Porém esses

movimentos considerados simples são mais complicados para crianças que

não detém o conhecimento do seu corpo como um todo. Através de uma

educação psicomotora podemos fazer com que as crianças descubram seu

corpo, e para isso deve-se usar os elementos básicos da psicomotricidade

ou seja: o esquema corporal (objeto de estudo dessa pesquisa), a

lateralidade, a estruturação espacial e a orientação espacial.

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A necessidade da descoberta desse corpo é ocasionada porque o ser

humano nasce pouco desenvolvido, totalmente dependente de seus pais.

Quando ainda criança, os movimentos são lentos e desarticulados, por isso

há a necessidade constante do apoio de todos que fazem parte de seu meio

social na colaboração para um melhor desenvolvimento afetivo, social e

cognitivo.

Apartir do momento em que a criança convive bem em seu meio

social, ela terá uma maior facilidade na sua percepção corporal e com isso

um conhecimento global do seu corpo, permitindo assim a independência

dos movimentos de uma forma geral.

Quando observamos o processo de desenvolvimento motor,

precisamos, primeiramente, da perspectiva teórica, utilizando-a como base

para as nossas ações. O modelo da ampulheta apresentado neste estudo é

simplesmente uma das formas de considerarmos o processo de

desenvolvimento motor e suas implicações para a vida das crianças.

O estudo mostra claramente a necessidade que profissionais de

Educação Física têm de conhecer o seu real objeto de trabalho – neste caso,

o corpo – e fazer uma correta relação movimento/corpo para um melhor

desempenho do seu trabalho, despertando nas crianças questionamentos,

curiosidades e interesses sobre o seu corpo.

Os profissionais de Educação Física, pais e outras pessoas que façam

parte do meio social da criança, participam na estimulação contínua desse

processo de desenvolvimento, porém devem ter consciência que esse

processo não ocorre de uma forma simples.

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Assim sendo, professores de Educação Física, Psicomotricistas,

Educadores e pais cuja visão esteja voltada para o desenvolvimento

completo da criança, devem incentivar e dirigir a mesma no sentido de que

possa exercita-se constantemente, de forma tal que todos os fatores que

implicam nesse desenvolvimento sejam devidamente respeitados.

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