33
Romantismo Antigüidade Idade Média Idade Moderna Idade Contemporânea

Est. Época Romantismo & Iracema

  • Upload
    fabio

  • View
    2.293

  • Download
    22

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Apresentação sobre o Romantismo Brasileiro e breve comentário sobre Iracema. Criado por FÁBIO ELIONAR.

Citation preview

Page 1: Est. Época Romantismo & Iracema

Romantismo

Antigüidade Idade Média Idade Moderna Idade Contemporânea

Page 2: Est. Época Romantismo & Iracema

O estado de alma romântico

X

O Romantismo: estilo de época

• Revolução Francesa

• Revolução Industrial

as massas urbanas

o gosto burguês

O nacionalismo

Page 3: Est. Época Romantismo & Iracema

RomantismoDados marcantes para o Romantismo na

Europa

• 1774: Goethe publica “Os sofrimentos do jovem Werther”.

• 1789: Revolução Francesa.

• 1804: Schiller publica “Guilherme Tell” (lendário herói nacional que lutou pela libertação da Suíça – então dominada pela Áustria).

Page 4: Est. Época Romantismo & Iracema

RomantismoDados marcantes para o Romantismo no Brasil:

• 1808: chegada da Família Real Portuguesa; incrementação da vida mundana: imprensa, teatro, saraus, acontecimentos públicos etc.

• 1822: Independência do Brasil (Monarquia de Pedro I).• Desenvolvimento da burguesia no país, embora: Brasil =

aristocracia / escravo; Europa = burguesia / proletariado.• 1831 – 1888: Reinado de Pedro II.• 1836: publicação em Paris de “Suspiros Poéticos e

Saudades”, de Gonçalves de Magalhães.• 1881: Publicação de “Memórias Póstumas de Brás Cubas”,

de Machado de Assis, marco do Realismo.• 1888: Abolição da escravatura.• 1889: Proclamação da República.

Page 5: Est. Época Romantismo & Iracema

CARACTERÍSTICAS:

• Cosmovisão marcada pelo choque com o cotidiano: as classes...

• Evasão; escapismo; sonho...

• Culto da natureza: estado de espírito e/ou nativismo

• Retorno ao passado

• Gosto do pitoresco

• Liberdade criadora

• Subjetivismo: o gênio criador

• Sentimentalismo (sobre a razão)

• Gosto pelas ruínas e pelo noturno...

• Idealização da mulher

• Mistura de gêneros

• Variação no romance

• Renovação no teatro...

Page 6: Est. Época Romantismo & Iracema

1ª) Geração Nacionalista ou Indianista

2ª) Geração do Mal-do-século

ou Ultra-romântica ou Byronista

3ª) Geração Condoreira

AS TRÊS GERAÇÕES ROMÂNTICAS

Page 7: Est. Época Romantismo & Iracema

1ª) Geração Nacionalista ou Indianista

Minha terra tem palmeiras,Onde canta o sabiá;As aves, que aqui gorjeiam,Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,Nossas várzeas têm mais flores,Nossos bosques têm mais vida,Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,Mais prazer encontro eu lá;Minha terra tem palmeiras,Onde canta o sabiá.

Minha terra tem primores,Que tais não encontro eu cá;Em cismar - sozinho, à noite -Mais prazer encontro eu lá;

Minha terra tem palmeiras,Onde canta o Sabiá. Não permita Deus que eu morra,Sem que eu volte para lá;

Sem que desfrute os primoresQue não encontro por cá;Sem qu'inda aviste as palmeiras,Onde canta o Sabiá.

(Coimbra - Julho 1843)

Canção do Exílio

Page 8: Est. Época Romantismo & Iracema

A TempestadeQuem porfiar contigo... ousara / Da glória o poderio; / Tu que fazes gemer pendido o cedro, / Turbar-se o claro rio? (A. HERCULANO )

Um raio Fulgura No espaço Esparso, De luz; E trêmulo E puro Se aviva, S’esquiva Rutila, Seduz!

Vem a aurora Pressurosa, Cor de rosa, Que se cora De carmim; A seus raios As estrelas, Que eram belas, Têm desmaios, Já por fim.

O sol desponta Lá no horizonte, Doirando a fonte, E o prado e o monte E o céu e o mar; E um manto belo De vivas cores Adorna as flores, Que entre verdores Se vê brilhar.

Um ponto aparece, Que o dia entristece, O céu, onde cresce, De negro a tingir; Oh! vede a procela Infrene, mas bela, No ar s’encapela Já pronta a rugir! Não solta a voz canora No bosque o vate alado, Que um canto d’inspirado Tem sempre a cada aurora;

Page 9: Est. Época Romantismo & Iracema

É mudo quanto habita Da terra n’amplidão. A coma então luzente Se agita do arvoredo, E o vate um canto a medo Desfere lentamente, Sentindo opresso o peito De tanta inspiração.

Fogem do vento que ruge As nuvens aurinevadas, Como ovelhas assustadas Dum fero lobo cerval; Estilham-se como as velas Que no alto mar apanha, Ardendo na usada sanha, Subitâneo vendaval.

Bem como serpentes que o frio Em nós emaranha, — salgadas As ondas s’estanham, pesadas Batendo no frouxo areal. Disseras que viras vagando Nas furnas do céu entreabertas Que mudas fuzilam, — incertas Fantasmas do gênio do mal!

E no túrgido ocaso se avista Entre a cinza que o céu apolvilha, Um clarão momentâneo que brilha, Sem das nuvens o seio rasgar; Logo um raio cintila e mais outro, Ainda outro veloz, fascinante, Qual centelha que em rápido instante Se converte d’incêndios em mar.

Page 10: Est. Época Romantismo & Iracema

Um som longínquo cavernoso e ouco Rouqueja, e n’amplidão do espaço morre; Eis outro inda mais perto, inda mais rouco, Que alpestres cimos mais veloz percorre, Troveja, estoura, atroa; e dentro em pouco Do Norte ao Sul, — dum ponto a outro corre: Devorador incêndio alastra os ares, Enquanto a noite pesa sobre os mares.

Nos últimos cimos dos montes erguidos Já silva, já ruge do vento o pegão; Estorcem-se os leques dos verdes palmares, Volteiam, rebramam, doudejam nos ares, Até que lascados baqueiam no chão.

Remexe-se a copa dos troncos altivos, Transtorna-se, tolda, baqueia também; E o vento, que as rochas abala no cerro, Os troncos enlaça nas asas de ferro, E atira-os raivoso dos montes além.

Da nuvem densa, que no espaço ondeia, Rasga-se o negro bojo carregado, E enquanto a luz do raio o sol roxeia, Onde parece à terra estar colado, Da chuva, que os sentidos nos enleia, O forte peso em turbilhão mudado, Das ruínas completa o grande estrago, Parecendo mudar a terra em lago.

Page 11: Est. Época Romantismo & Iracema

Inda ronca o trovão retumbante, Inda o raio fuzila no espaço, E o corisco num rápido instante Brilha, fulge, rutila, e fugiu. Mas se à terra desceu, mirra o tronco, Cega o triste que iroso ameaça, E o penedo, que as nuvens devassa, Como tronco sem viço partiu.

Deixando a palhoça singela, Humilde labor da pobreza, Da nossa vaidosa grandeza, Nivela os fastígios sem dó; E os templos e as grimpas soberbas, Palácio ou mesquita preclara, Que a foice do tempo poupara, Em breves momentos é pó.

Cresce a chuva, os rios crescem, Pobres regatos s’empolam, E nas turvas ondas rolam Grossos troncos a boiar! O córrego, qu’inda há pouco No torrado leito ardia, É já torrente bravia, Que da praia arreda o mar.

Mas ai do desditoso, Que viu crescer a enchente E desce descuidoso Ao vale, quando sente Crescer dum lado e d’outro O mar da aluvião! Os troncos arrancados Sem rumo vão boiantes; E os tetos arrasados, Inteiros, flutuantes, Dão antes crua morte, Que asilo e proteção!

Page 12: Est. Época Romantismo & Iracema

Porém no ocidente S’ergue de repente O arco luzente, De Deus o farol; Sucedem-se as cores, Qu’imitam as flores Que sembram primores Dum novo arrebol.

Nas águas pousa; E a base viva De luz esquiva, E a curva altiva Sublima ao céu; Inda outro arqueia, Mais desbotado, Quase apagado, Como embotado De tênue véu.

Tal a chuva Transparece, Quando desce E ainda vê-se O sol luzir; Como a virgem, Que numa hora Ri-se e cora, Depois chora E torna a rir.

A folha Luzente Do orvalho Nitente A gota Retrai: Vacila, Palpita; Mais grossa Hesita, E treme E cai.

Publicado no livro Últimos cantos (1851).

Page 13: Est. Época Romantismo & Iracema

2ª) Geração do Mal-do-século ou Ultra-romântica ou Byronista

SONETO

Pálida, à luz da lâmpada sombria,Sobre o leito de flores reclinada,Como a lua por noite embalsamada,Entre as nuvens do amor ela dormia!

Era a virgem do mar! na escuma friaPela maré das água embalada...— Era um anjo entre nuvens d’alvoradaQue em sonhos se banhava e se esquecia!

Era mais bela! o seio palpitando... Negros olhos as pálpebras abrindo... Formas nuas no leito resvalando...

Não te rias de mim, meu anjo lindo!Por ti — as noites eu velei chorandoPor ti — nos sonhos morrerei sorrindo!

(Álvares de Azevedo)

Page 14: Est. Época Romantismo & Iracema

 SONHANDOÁlvares de Azevedo

Na praia deserta que a lua branqueia,Que mimo! que rosa! que filha de Deus!Tão pálida... ao vê-la meu ser devaneia,Sufoco nos lábios os hálitos meus!Não corras na areia,Não corras assim!Donzela, onde vais?Tem pena de mim!

A praia é tão longa! e a onda braviaAs roupas de gaza te molha de escuma...De noite, aos serenos, a areia é tão fria...Tão úmido o vento que os ares perfuma!És tão doentia...Não corras assim...Donzela, onde vais?Tem pena de mim!

Page 15: Est. Época Romantismo & Iracema

A brisa teus negros cabelos soltou,O orvalho da face te esfria o suor,Teus seios palpitam — a brisa os roçou,Beijou-os, suspira, desmaia de amor!Teu pé tropeçou...Não corras assim...Donzela, onde vais?Tem pena de mim!

E o pálido mimo da minha paixãoNum longo soluço tremeu e parou,Sentou-se na praia, sozinha no chão,A mão regelada no colo pousou!Que tens, coraçãoQue tremes assim?Cansaste, donzela?Tem pena de mim!

Page 16: Est. Época Romantismo & Iracema

Deitou-se na areia que a vaga molhou.Imóvel e branca na praia dormia;Mas nem os seus olhos o sono fechouE nem o seu colo de neve tremia...O seio gelou?...Não durmas assim!O pálida fria,Tem pena de mim!

Dormia: — na fronte que níveo suar...Que mão regelada no lânguido peito...Não era mais alvo seu leito do mar,Não era mais frio seu gélido leito!Nem um ressonar...Não durmas assim...O pálida fria,Tem pena de mim!

Aqui no meu peito vem antes sonharNos longos suspiros do meu coração:Eu quero em meus lábios teu seio aquentar,Teu colo, essas faces, e a gélida mão...Não durmas no mar!Não durmas assim.Estátua sem vida,Tem pena de mim!

Page 17: Est. Época Romantismo & Iracema

E a vaga crescia seu corpo banhando,As cândidas formas movendo de leve!E eu vi-a suave nas águas boiandoCom soltos cabelos nas roupas de neve!Nas vagas sonhandoNão durmas assim...Donzela, onde vais?Tem pena de mim!

E a imagem da virgem nas águas do marBrilhava tão branca no límpido véu...Nem mais transparente luzia o luarNo ambiente sem nuvens da noite do céu!Nas águas do marNão durmas assim...Não morras, donzela,Espera por mim!

Page 18: Est. Época Romantismo & Iracema

3ª) Geração Condoreira

Filhos do sec'lo das luzes!Filhos da Grande nação!Quando ante Deus vos mostrardes,Tereis um livro na mão:O livro — esse audaz guerreiroQue conquista o mundo inteiroSem nunca ter Waterloo...Eólo de pensamentos,Que abrira a gruta dos ventosDonde a Igualdade voou!...

Por uma fatalidadeDessas que descem de além,O sec'lo, que viu Colombo,Viu Guttenberg também.Quando no tosco estaleiroDa Alemanha o velho obreiroA ave da imprensa gerou...O Genovês salta os mares...Busca um ninho entre os palmaresE a pátria da imprensa achou...

O Livro e a América

Page 19: Est. Época Romantismo & Iracema

Por isso na impaciência Desta sede de saber, Como as aves do deserto — As almas buscam beber... Oh! Bendito o que semeia Livros... livros à mão cheia... E manda o povo pensar! O livro caindo n'alma É germe—que faz a palma, É chuva—que faz o mar.

Vós, que o templo das idéiasLargo — abris às multidões,P'ra o batismo luminosoDas grandes revoluções,Agora que o trem de ferroAcorda o tigre no cerroE espanta os caboclos nus,Fazei desse "rei dos ventos"—Ginete dos pensamentos,—Arauto da grande luz!...

(Castro Alves)

Page 20: Est. Época Romantismo & Iracema

Que belas as margens do rio possante,

Que ao largo espumante campeia sem par!...

Ali das bromélias nas flores doiradas

Há silfos e fadas, que fazem seu lar...

E, em lindos cardumes,Sutis vaga-lumes

Acendem os lumesP’ra o baile na flor.E então nas arcadasDas pét’las doiradasOs grilos em festa

Começam na orquestraFebris a tocar...

E as breves Falenas

Vão leves, Serenas,

Em bando Girando, Valsando, Voando No ar!...

O BAILEO BAILE NANA

FLORFLOR

(Castro(Castro Alves)Alves)

Page 21: Est. Época Romantismo & Iracema

Publicação em 1865.

Alegoria da Colonização. O Mito Fundacional

“Poema em Prosa”.

Page 22: Est. Época Romantismo & Iracema

Construída em 1965, foi erguida na praia do Mucuripe, na Avenida Beira-Mar, teve como escultor o pernambucano Corbiniano Lins.

Completando o monumento, sentado está seu esposo Martim, que segura aos braços o filho Moacir, não faltando o cão Japi.

Inaugurada em 2002 na praia de Formosa, é obra do escultor Descartes Gadelha, prima pela simplicidade e presença feminina da virgem índia.

Page 23: Est. Época Romantismo & Iracema

Obra de Zenon Barreto, feita de bronze, é conhecida como "Iracema Guardiã", inaugurada na Praia de Iracema em 1996. Nela o estilo arrojado retrata uma figura com a perna direita ajoelhada e a esquerda apoiando-a, cabisbaixa segura um arco dobrado em forma de meia lua.

Page 24: Est. Época Romantismo & Iracema
Page 25: Est. Época Romantismo & Iracema

PRÓLOGO: “Meu amigo / Este livro o vai naturalmente encontrar em seu pitoresco sítio (...)”.

O autor dirige-se a um leitor/público e prepara-o para o que está por vir: uma lenda cearense, para ser lida “na varanda da casa rústica ou na fresca sombra do pomar, ao doce embalo da rede (...)”.

“A beleza da prosa lírica reverbera aquém ou, em outro sentido, além da representação do dado empírico que a crônica realista busca espelhar. E o mito, que essa prosa entretece, se faz aquém, ou além, da cadeia narrativa verossímil.” (Bosi, 2003, p. 179)

“Poema em Prosa”.

Page 26: Est. Época Romantismo & Iracema

“Poema em Prosa”.

  Verdes mares bravios (6 sílabas)       de minha terra natal, (7)

      onde canta a jandaia(6)       nas frondes da carnaúba; (7)       Verdes mares que brilhais (7)       como líquida esmeralda

(7)       aos rios do sol nascente, (7)       perlongando as alvas

praias (7)       ensombradas de coqueiros; (7)       Serenai, verdes mares,

(6)       e alisai docemente (6)       a vaga impetuosa, (6)

      para que o barco aventureiro (8)       manso resvale à flor das águas.” (8)

Capítulo 1:

Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema.

Capítulo 2:

Page 27: Est. Época Romantismo & Iracema

ESTRUTURA

Prólogo / 33 capítulos / Notas do autor (vocabulário e explicações contextuais).

Capítulo I: Partida de Martim, levando Moacir e Japi.

Capítulo II a XXXII: Romance de Martim e Iracema.

Capítulo XXXIII: Volta de Martim ao Ceará.

Partida // Iracema – Martim / União / Separação // Retorno de Martim

Page 28: Est. Época Romantismo & Iracema

NARRAÇÃO: externo, onisciente, registro poético/mítico.

PERSONAGENS

 1) Iracema – anagrama de “América” (segundo Afrânio Peixoto). Ira (mel) e Tembe (lábios). 2) Martim - o seu nome na língua indígena significa "filho de guerreiro".

 3) Araquém - pai de Iracema, pajé da tribo tabajara. 4) Andira - irmão do pajé Araquém.  5) Caubi - irmão de Iracema.  6) Irapuã - chefe dos tabajaras,

 7) Poti – potiguara, aliado de Martim.  8) Jacaúna - chefe dos pitiguaras, 9) Jatobá - pai de Poti.

 10) Moacir - o nascido do sofrimento, o "filho da dor".

ESTRUTURA

Page 29: Est. Época Romantismo & Iracema

ESQUEMA ALEGÓRICO EM “IRACEMA”

A história de Iracema (tabajara), Martim (emboaba) e Poti (pitiguara) serve como alegoria para o processo de colonização do novo mundo pelos portugueses, simbolizando as alianças e conflitos entre estes elementos. Desse modo, temos:

POTI (PITIGUARAS)Representam a nação litorânea que será futuramente catequizada pelos

jesuítas portugueses, aliando-se a esses no processo de colonização da terra. Poti serve como exemplo do indígena dócil e fiel, que aceita passivamente a superioridade dos guerreiros brancos.

MARTIM (EMBOABAS)Martim e sua raça, chamados emboabas, representam o branco português

colonizador, astucioso e predestinado a cumprir a ousada tarefa de colonizar um mundo novo.

Page 30: Est. Época Romantismo & Iracema

IRACEMA É a natureza, a terra-mãe, que seduz o europeu por sua beleza selvagem

e o acolhe com vigor, entregando-se docemente a ele.

TABAJARASRepresenta a tribo que reage à invasão portuguesa, tornando-se inimigo

destes em várias batalhas.

IRAPUÃÉ o elemento guerreiro que responde pela defesa das tradições tabajaras,

que busca preservar os ritos e a cultura de seu povo, respondendo com ira à invasão dos portugueses. Ama a Iracema (a terra-mãe) e enfurece-se ao vê-la dominada pelo estrangeiro.

MOACIRO primeiro brasileiro (cearense), fruto da união entre portugueses e

nativos, é a alegoria do Brasil-nação. A etimologia de seu nome vem de “moacy” (dor) e “ira” (saído de), ou seja, “filho do sofrimento”, alusão às dificuldades registradas no processo de construção da nova nação. É necessário que a terra-mãe se sacrifique para permitir que uma nova raça aqui se instale.

Page 31: Est. Época Romantismo & Iracema

“Alencar foi o prosador que mais contribuiu para o enriquecimento do dicionário brasileiro da língua portuguesa.” (p. 13)

“Um grande personagem, como é o caso de Iracema, não vive só de certezas, sobrevive nas questões que conseguirá despertar nos leitores de hoje e amanhã.” (p. 17)

“Iracema é a sacerdotisa que descerra a cortina do passado para nos mostrar o modelo da fundação das futuras comunidades imaginárias do Novo Mundo. Pretende ser a pedra fundamental do edifício da brasilidade.” (p. 18)

“Corpo humano, corpo animal, corpo vegetal e corpo geográfico se confundem no universo panteísta de Alencar”. (p. 19)

“As sucessivas comparações servem também para idealizar a protagonista. Em todas elas Iracema é dada como superior ao ser comparada.” (p. 19)

SILVIANO SANTIAGO

SANTIAGO, Silviano. Iracema, o coração indômito de Pindorama. In: Personae. Mota & Abdala Jr. (org.). São Paulo: SENAC, 2001.

Page 32: Est. Época Romantismo & Iracema

SILVIANO SANTIAGO

“A lenda de Iracema – sua vida breve e sofrida, sua dedicação atormentada ao estrangeiro, sua morte prematura em virtude das seqüelas do parto – acaba por dramatizar alegoricamente o modo como foi implantada no Brasil a língua, a religião e os costumes europeus. Língua híbrida e religião sincrética espelham uma nação de mamelucos e mulatos.” (p. 33)

Page 33: Est. Época Romantismo & Iracema

REFERÊNCIAS

BOSI, Alfredo. História Concisa da Literatura Brasileira. São Paulo: Cultrix, 1997._____ . Dialética da Colonização. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.

PROENÇA FILHO, Domício. Estilos de Época na Literatura. São Paulo: Ática, 1995.

SANTIAGO, Silviano. Iracema, o coração indômito de Pindorama. In: Personae. Mota & Abdala Jr. (org.). São Paulo: SENAC, 2001.

BIBVIRT – Biblioteca Virtual do Estudante de Língua Portuguesa. Disponível em http://www.bibvirt.futuro.usp.br/index.php . Acesso em 16-02-2009.