Estado e a Industrialização em Portugal (leitura diagonal)

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    PedroLains* Anl i se Social , vol. xxix (128), 1994 (4.), 923-958

    O Estado e a industrializao em Portugal,1 9 4 5 - 1 9 9 0

    I . INTRODUOO objectivo deste artigo o de apresentar alguns elementos descritivos queajudem a interpretao da evoluo da economia portuguesa no perodo que seestende do fim da Segunda Guerra Mundial actualidade. A maior parte dainformao aqui apresentada bem co nhecida. Falta, contudo , fazer um trabalhode ligao entre alguns aspectos importantes da evoluo da poltica e da eco-nomia em Portugal ao longo do perodo em causa. para isso que esta snteseprocura contribuir.Entre as ligaes a fazer conta-se o estudo da relao entre as medidas de

    poltica econmica levadas a cabo pelo Estado ao longo dos ltimos cinquentaanos e a evoluo da economia portuguesa. Sabe-se muito sobre as opes depoltica econmica, pautada por marcos importantes, como o I Plano de Fomen-to (1953-1956), a adeso EFTA, em 1959, as nacionalizaes, em 1975, e aadeso CEE, em 1986. Mas sabe-se menos sobre os efeitos dessas medidas naeconomia. Em alguns casos a evoluo da economia portuguesa tem sido ana-lisada, no pela leitura dos indicadores econmicos relevantes, mas sim a partirdas opes de poltica econmica, dando como assente que essas medidas alcan-aram os objectivos anunciados nos prembulos das leis que delas resultaram.A avaliao do impacto das polticas econmicas no ser tratada de modoexplcito no presente artigo, dada a complexidade desse exerccio. Aqui apenasse apresentar em paralelo a descrio dos principais marcos da poltica econ-mica e do crescimento econmico.A outra ligao que se aborda neste artigo consiste em considerar a evoluoda poltica econmica e da industrializao em Portugal, tomando todo o perodoentre 1945 e 1990, de modo a inserir no contexto prprio alguns acontecimentosde ordem poltica mais importantes. Assim se poder mostrar, por exemplo, quepor trs da mudana de regime e do turbilho revolucionrio dos anos de 1974e 1975 se mantiveram algumas caractersticas no s da estrutura da economiaportuguesa, como seria inevitvel, mas tambm do seu funcionamento, nomeada-

    Instituto de Cincias Sociais da Universidade de Lisboa. 923

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    P edro Lainsmente no que diz respeito intensidade de interveno do Estado na economia.Ser tambm de particular importncia a referncia aos antecedentes da polticaeconmica e da industrializao do perodo anterior Segunda Guerra Mundial,uma vez que nesse perodo se lanaram algumas bases do papel assumido peloEstado na industrializao em Portugal depois do fim da Segunda Guerra Mun-dial.II . O ESTADO

    No ano de 1945, quando a memria do fim da guerra estava ainda fresca,havia em Portugal um certo optimismo sobre as perspectivas de recuperao daeconomia e o papel que o Estado poderia desempenhar para alcanar uma maiorprosperidade do pas. Tal optimismo era uma reminiscncia daquele existenteno perodo entre as duas guerras mundiais, altura em que se manifestara umsentimento generalizado de que a economia portuguesa havia avanado algunspassos na direco das economias mais desenvolvidas do Norte da Europa. Nasdcadas de 20 e 30 vivera-se em quase todo o mundo um perodo de autarciaeconmica resultante das polticas levadas a cabo para resolver os desequi-lbrios financeiros internos e internacionais provocados pela Primeira GuerraMundial. Consequentemente, alguns sectores da indstria e da agricultura por-tuguesa, ligados sobretudo substituio de importaes, conheceram um certoimpulso pelo facto de terem sido cortados do comrcio internacional, impulsoque prolongou o do crescimento econmico verificado alguns anos antes daguerra 1 .De entre os sectores que mais beneficiaram do fecho das fronteiras, seguindoaquilo que sobre o perodo tem sido escrito, encontram-se os da produo decereais e farinha, algumas indstrias de base, de substituio de importaes,como a dos adubos qumicos e a indstria qumica. Algumas indstrias ligadas exportao, nomeadamente resinas, cortias e conservas alimentares tambmsofreram um crescimento. Dado o peso do investimento acumulado naquelessectores, e dada a presumvel relao entre os mesmos e a estrutura de vantagenscomparativas do Pas ou da procura interna, o crescimento industrial do perodoque se seguiu ao fim da segunda guerra, de que trataremos aqui, esteve inevita-velmente relacionado com estes primeiros passos da nova indstria portuguesa 2 .Ao mesmo tempo que se fechavam as fronteiras ao comrcio de importao,e apesar dos problemas associados de reduo das remessas de emigrantes e,eventualmente, de importao de capitais, a situao da balana de pagamentos

    1 Para uma anlise do perodo anterior a 1914 conforme com a do presente artigo, v. Lains (noprelo).2 No existe ainda uma boa sntese sobre a evoluo da indstria portuguesa antes da SegundaGuerra Mundial. V., contudo, Fernando Rosas (1994, pp. 63-84), cuja leitura no dispensa a con-sulta de Ferreira Dias (1946, caps. 2 e 3), Ferreira do Amaral (1947) e Arajo Correia (1950), entre92 4 outros.

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    O Estado e a industrial izao em Portugalportuguesa tendeu a melhorar, o que se traduziu numa maior estabilidade mone-tria e cambial, que teve repercusses imediatas na situao financeira do Estado.O governo pde passar a conter as suas despesas, que haviam disparado com aguerra de 1914-1918, e recuperar as suas receitas, que tinham atingido, graas inflao, nveis muito baixos. Simultaneamente, a partir de 1924, diminuiu odfice das contas pblicas, recuperando-se o equilbrio financeiro do Estado em1 9 2 8 . O reequil brio d as contas do Estado , que tem sido frequentemente confun-dido com a entrada de Salazar no Ministrio das Finanas, abriu maiores pers-pectivas poltica econmica3 . em tal contexto que deve ser entendida a Lei de Reconstituio Econmicade 1935, a qual, se bem que apresentasse algumas caractersticas incipientes deplanificao, era essencialmente um instrumento com que se procurava dar algu-ma projeco de mdio prazo aplicao dos saldos positivos previstos noOramento do Estado. Cerca de metade dos fundos oramentados eram, contudo,destinados defesa4 . J antes da Segunda Guerra Mundial estavam asseguradasduas condies para uma maior interveno do Estado portugus na economia:o regime de autarcia, que protegia o mercado interno, e a existncia de fontes definanciamento pblico.No rescaldo da Segunda Guerra Mundial, s condies favorveis para ainterveno do Estado referidas anteriormente juntava-se uma acumulao excep-cional de ouro e divisas no Banco de Portugal e de saldos financeiros no sistemabancrio nacional, resultante dos saldos da balana de pagamentos conseguidosantes e durante a guerra de 1939-1945 e do fraco nvel de investimento interno 5 .Esta circunstncia era particularmente favorvel porque a industrializao dopas requeria importaes de matrias-primas e de equipamentos do estrangeiro,que nem sempre podiam ser pagas pelas exportaes ou por outras fontes demeios de pagamento sobre o exterior, como as remessas de emigrantes. Estavamreunidas em Portugal, em 1945, as condies para a defesa de uma maior inter-veno do Estado na economia, isto na promoo do desenvolvimento. Estamesma tendncia de maior protagonismo do Estado verificava-se tambm noresto da Europa vizinha de Portugal, onde o planeamento econmico, que naEuropa ocidental no se identificava com quaisquer posies ideolgicas dos

    3 Segundo Marques Guedes (s. d., pp. 207-209), as receitas do Estado no conseguiram acom-panhar a inflao, uma vez que a cobrana de impostos era autorizada no incio de cada anofinanceiro, no sendo depois alterada. O mesmo autor faz notar que a estabilizao cambial sedeveu em grande parte ao acordo celebrado em 1922 entre o governo e o Banco de Portugal, quelevou criao de uma conta corrente especial em cambiais obtidas pela cobrana dos direitos deimportao em ouro e pelo depsito obrigatrio de metade das receitas em divisas dos exportadores.V. Correia (1938 ), Valrio (1984 , pp. 93-94) e Nunes e Brito (1992, pp. 308-311 ).4 Para a anlise desta lei, v. Nunes e Valrio (1983), Rosas (1986, pp. 197-205) e Brito (1989,pp. 157-160). Segundo Marcello Caetano (1959), o primeiro verdadeiro plano em Portugal foi oII Plano de Fomento para 1959-1964. V., quanto a isto, Villaverde Cabral (1974, pp. 96-105) eLuciano Amaral (1992).

    5 V. Correia (1950, pp. 11-16) e Wallich (1951). 92 5

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    P edro Lainsgovernos do ps-guerra, se estava a tornar uma forma de resolver os problemasdeixados pela Segunda Guerra Mundial, evitando os desequilbrios verificados aseguir primeira guerra, inventariando deficincias, para inclusivamente aplicaros fundos em dlares transferidos dos Estados Unidos sob os auspcios do PlanoMarshall

    6.A realizao de planos econmicos foi tambm uma obrigao para os pasesrecebedores do auxlio americano e esteve na base das negociaes levadas acabo pela primeira organizao com projeco na rea da coordenao econmi-ca internacional, a Organizao Europeia para a Cooperao Econmica (OECE)e a Unio Europeia de Pagamentos, organismos a que Portugal aderiu quasedesde o incio 7. O primeiro plano portugus depois da guerra apareceu nestecontexto com o cunho de Arajo Correia, tendo depois evoludo para planos cadavez mais detalhados, designados por planos de fomento econmico 8 .O montante dos fundos enviados pelos Estados Unidos para Portugal era,evidentemente, diminuto quando comparado com o nvel total de investimentonacional, sendo cerca de dois teros desse auxlio destinado aquisio aosEstados Unidos de bens de consumo, em particular de trigo. Deve frisar-se que, semelhana do que acontecia no resto dos pases da Europa que acabaram porreceber esse auxlio, eles destinavam-se sobretudo a cobrir dificuldades no pa-gamento dos saldos das contas internacionais dentro da Europa industrializada eentre esta e os Estados Unidos. Essa, alis, foi a principal razo da aceitao porparte de Portugal do auxlio americano, em 1948, quando a situao da balanade pagamentos se tinha deteriorado significativamente, assim como do abandono

    do programa em 1951 , quando a balana de pagamentos estava de novoreequilibrada9 .Apesar da sua pequena dimenso, o facto que as decises tomadas emtorno da forma como esses fundos deveriam ser aplicados se associaram adecises sobre as formas de aplicao dos saldos do prprio Oramento doEstado. Estavam, assim, lanados com uma nova intensidade os dados parauma discusso sobre o modelo de desenvolvimento da economia portuguesa.Com essa discusso nasceu, ou renasceu, uma das grandes confuses das in-terpretaes historiogrficas da evoluo da economia portuguesa ao longo dostempos.A discusso em torno do destino a dar aos dinheiros de uma forma ou de o utracontrolados pelo governo sempre foi uma discusso essencialmente de carcterpoltico e no tanto de carcter econmico. Por essa razo, a associao imediataentre o tipo de decises tomadas e o tipo de desenvolvimento da economia

    6 Sobre as questes de economia europeia discutidas neste artigo, v. sobretudo Boltho (ed.)(1991).7 V. Milward (1992b) e Fernanda Rollo (1994, especialmente pp. 149-165).8 O plano foi publicado por Arajo Correia (1950). V. Rollo (1994, pp. 265-268).9 Para o estudo das negociaes em torno do Plano Marshall do governo portugus, v. Rollo92 6 (1994) e artigo neste nmero.

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    O Estado e a industrial izao em Portugalenganosa, so bretudo se no se tiver em conta a verdadeira extenso dos efeitos dapoltica econmica na evoluo da economia1 0. Esses efeitos so muitas vezesmenos importantes do que deixado ver pela srie de interpretaes de quedispomos sobre estes problemas. Se pensarmos no caso de Portugal entre 1950 e1973, podemos deduzir que os efeitos da poltica oramental, chamemos-lhesassim, no devem ser exagerados. Como se pode ver no quadro n. 1, os oramen-tos dos planos de fomento previam aplicaes que foram subindo paulatinamenteat cerca de 4 0% do v alor da formao bruta de capital fixo do perodo correspon-dente, valor que , a todos os ttulos, elevado. No entanto, se atendermos formade financiamento tambm prevista, v erificamos que a partir do I Plano de Fom entoela era, acima de tudo, privada. O Estado s financiava cerca de um tero dasdespesas de inv estimento dos plano s, o que acabava po r se traduzir numa parte doinvestimento total do pas, no mximo, de 15%. Mais importantes, como sempre,do que a poltica oramental implcita nestes projectos de planificao, eram aspolticas mo netria, cambial e fiscal, as quais, contudo, no tm merecido a devidaateno e caem fora do tema deste artigo 1 1 . A importncia dos investimentospblicos previstos s se torna significativa com o II Plano de Fomento, quando osector pblico alcanaria 54,5% do total dos investimentos previstos, o que repre-sentaria cerca de 1 1 % do total da formao bruta de capital fixo do p erodocorrespondente (1959-1964) 1 2 . Relativamente ao III Plano de Fomento (1968-- 1 9 7 3 ) , elaborado em plena guerra colo nial, verifica-se que a tendncia anterior semanteve, o que levou Pereira de Moura (1973) a critic-lo, porque, nas suaspalavras, o sector pblico tem reduzido os seus ritmos crescentes de realizaoprecisamente quando a economia metropolitana [isto , portuguesa] exercia umesforo decisivo para um dia poder alinhar com o Ocidente europeu 1 3 .

    Considerando o seu carcter essencialmente poltico, a leitura do debate emtorno das aplicaes dos fundos controlados directamente pelo Estado traz algu-mas lies importantes. Notamos em primeiro lugar, como j foi salientado poroutros autores, o crescente interesse na industrializao do pas, qual nopoderia deixar de estar associada a contraco do papel da agricultura no cres-cimento econmico nacional. Este interesse pela industrializao radicava nanecessidade de tornar o pas menos dependente de algumas importaes. Nestembito de preocupaes se compreende a deciso de investir fundos pblicos emindstrias base, dos adubos qumicos, do ferro, do cimento e de equipamentosindustriais, e na produo de energia. Em 1945 ainda no se sabia que o pas

    10 Um exemplo de demasiada ateno dada a questes polticas na anlise econmica o livrode Alfredo Marques (1988).11 Relativamente aos efeitos da poltica cambial no perodo entre 1960 e 1974, pode consultar--se Edgar Rocha (1981), onde se defende que a taxa de cmbio do escudo se encontravasobreavaliada, condicionando o crescimento econmico no mesmo perodo.12 V. Marques (1988, quadro n. 34).13 Moura (1973, p. 193). 927

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    P edro Lainspassaria a ter nas dcadas seguintes uma situao cambial cada vez mais desafo-gada, em virtude de muitos factores, em que pontificaram o sucesso de algumasexportaes, as remessas de emigrantes e, mais tarde, a entrada de investimentoestrangeiro 1 4 .

    Planeamento em Portugal: aplicaes e financiamentos[QUADRO N. 1]

    Aplicaes (em percentagem)Sector produtivo

    AgriculturaIndstriaTurismo e servios

    Infra-estruturasEnergiaTransportes e comunicaes .Habitao e urbanismoEducao e sade

    Total (milhes de contos a preoscorrentes)Em percentagem da FBCF . . . .Em percentagem do PIBFinanciamentos (em percentagem)Sector pblico administrativo . .Capital estrangeiroEmpresas pblicas e privadas . .

    Planos de fomentoLR E

    1935-1950

    3 2 , 030,7

    () 1,368,0

    1,536,430,1

    4 ,4< 2 %

    100,0

    i1953-1958

    2 9 , 317,411,9

    70,33 5 , 33 2 , 8

    2 ,28

    1 4 , 2 %2 , 4 %

    51,010,03 9 , 0

    II1959-1964

    4 4 , 817,327,555 ,22 1 , 430,8

    3 ,02 1

    2 0 , 4 %4 , 3 %

    2 3 , 02 3 , 054 ,0

    Intercalar1965-1967

    55 ,58 ,2

    4 3 , 14 ,24 3 , 917,018,05 ,43 ,53 5

    4 2 , 9 %9,6%

    30,0n . d .n . d .

    m1968-1973

    4 8 , 4(*) 13,5

    2 5 , 29 ,751 ,514,6(c)23,86,66,5122

    3 9 , 1 %1 0 , 1 %

    2 9 , 713,157,1

    PDR(

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    O Estado e a industrial izao em PortugalO optimismo do imediato ps-guerra esmoreceu logo em 1947 face s difi-culdades na balana de pagamentos, resultantes do fraco comportamento dasexportaes e da necessidade de utilizar as reservas cambiais acumuladas durantea guerra para regularizar o abastecimento de produtos alimentares no pas, po ndo

    fim ao sistema de racionamento e ao mercado negro 1 5 .As dificuldades sentidas em 1948 refrearam os mpetos mais intervencio-nistas e os planos mais ou menos grandiosos de sonhadores como Ferreira Dias.A resoluo do problema dos pagamentos internacionais do pas, como em outrasalturas da histria, passou a dom inar as preocupaes do gov erno. Era necessrioprosseguir com a conteno de importaes, semelhana do que se fizera como trigo desde finais do sculo xix e, desde os anos 20, com as importaes dematrias-primas de base, de adubos e de energia. Tendo como referncia oprimeiro ps-guerra e a depresso internacional de 1929-1932, poucos se atre-viam a sonhar, dentro e fora de Portugal, que se avizinhavam anos de crescenteprosperidade. Tambm ningum podia imaginar que, mais uma vez sob o impul-so da recuperao econmica da Europa depois de 1950, que absorveu muitostrabalhadores emigrantes portugueses, no se viriam a registar problemas impor-tantes nos nveis de emprego em Portugal. As causas da rpida recuperao daseconomias industrializadas a partir daqueles anos no so fceis de identificar,dada a quantidade de factores em jogo. possvel, contudo, estabelecer algumasassociaes histricas.A guerra da Coreia, que estalou em 1950, levou derradeira separao entreo campo ocidental e oriental dos aliados vencedores de Hitler. Dois anos depois,e em consequncia da mesma guerra, terminou a ajuda americana Europa soba gide do Plano Marshall. Tornava-se ento prioritrio o rearmamento da Ale-manha Ocidental que constitua, afinal, a fronteira com os pases sob controlemilitar da Unio Sovitica , tanto mais que os problemas de balana de paga-mentos entre os pases europeus e entre estes e os Estados Unidos j no eramto graves como em 1945. Contemporaneamente ao primeiros passos da guerrafria, tomavam lugar entre alguns pases da Europa ocidental negociaes comvista coordenao de polticas econmicas que visavam restabelecer os equi-lbrios nos mercados de alguns produtos essenciais para a recuperao da produ-o industrial, nomeadamente o carvo e o ao. Destas negociaes surgiu apr imeira inst i tuio europeia de coordenao econmica, a ComunidadeEuropeia do Carvo e do Ao (CECA), que viria a dar origem ComunidadeEconmica Europeia (CEE), criada em 1956, em Roma, entre a Frana, a Ale-manha, a Itlia e o Benelux.A Gr-Bretanha, que tinha ficado deliberadamente de fora da CECA e daCEE, o que se justifica por vrias razes, entre as quais o facto de aquele pasnunca ter participado to intensamente no comrcio de carvo e ao com ospases que fundaram as mencionadas instituies internacionais, formava em

    15 Esse pessimismo ou preocupao est patente em guedo de Oliveira (1947) e ArajoCorreia (1950). 929

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    P edro Lains1 9 5 9 , juntamente com os pases escandinavos seus vizinhos e outros pasesdeserdados da CEE, a EFT. Essa associao v isava essencialmente a reduode barreiras alfandegrias entre os seus membros, no pretendendo estabelecermecanismos de co ordenao econmica entre os diferentes gov ernos, ao contrriodo que se pretendia fazer com a Comunidade Econmica Europeia 1 6.Relativamente aos primeiros passos ensaiados em 1947 sob a gide do PlanoMarshall americano, e que deram origem Organizao Europeia para a Coo-perao Econmica (OECE), a que o governo portugus acabou por aderir, nopor convico poltica, mas pela necessidade de saldar as contas externas dopas, muito tinha mudado. Com a criao da CEE e da EFTA passou-se de umamera administrao das balanas de pagamentos escala internacional para aformao de associaes de comrcio cujo objectivo era a coordenao econ-mica, no caso da CEE, e, coisa nova desde 1914, para o restabelecimento docomrcio l ivre.

    Esta novidade no podia deixar de assustar os governantes, os industriais eos agricultores portugueses. Portugal era um pas cuja economia, de uma formaou de outra, tinha vivido protegido do exterior. Se durante o sculo xix essaproteco fora meramente aduaneira, o seu mbito foi alargado intervenodirecta do Estado em determinados investimentos, sobretudo de carcter indus-trial. O trabalho e o investimento aplicados sob proteco tinham atingido umatal importncia no pas que ningum se podia sentir tranquilo com as novidadesdo comrcio livre emanadas pelas novas organizaes internacionais europeias.As indstrias que emergiram em Portugal nas dcadas de 20 a 40 dos adubos,da qumica e do petrleo e dos cimentos simplesmente no eram competitivasa nvel internacional e, consequentemente, no podiam ser deixadas ao abando-no , s livres foras do mercado internacional.Os acordos comerciais que deram origem s instituies comunitrias naEuropa foram celebrados por forma no s a estabelecer laos comerciais maisestveis e reduzir barreiras alfandegrias, mas tambm para garantir a prosse-cuo das polticas internas de estmulo produo levadas a cabo a seguir Segunda Guerra Mundial. preciso ter em considerao a intensidade das re-laes comerciais que Portugal tinha na Europa, nomeadamente no que dizrespeito aos produtos que estiveram na base das negociaes da CECA e daCEE, para perceber at que ponto o pas estava longe de poder poder participarnesses acordos1 7.Depois do curto optimismo resultante da situao desafogada na balana depagamentos dos anos entre 1945 e 1947, o pessimismo reflectido na literaturasobre a economia portuguesa em finais da dcada de 40 aumentou com aspreocupaes relativamente ao comrcio livre na Europa. Em matria de polticaeconmica parecia haver um estreito espao de manobra e, em consequncia,

    16 Para o estudo da formao das instituies comunitrias, v. Milward (1992a).930 17 V. Milward (1992a).

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    O Estado e a industrial izao em Portugalpouco mais se fez ou se diz ter feito do que continuar num vago caminhoda proteco estatal indstria, que se havia iniciado antes da guerra1 8 .A partir de finais da dcada de 50 a atitude do governo face aos problemasda economia portuguesa sofreu importantes alteraes. Aparentemente, no exis-tem sinais de factores exgenos, de ordem poltica interna ou internacional, quetenham provocado o incio da mudana de rumo, de que o primeiro passo foiseguramente a adeso EFTA, em Janeiro de 1960, e que levaria a uma gradualabertura concorrncia internacional, tanto no que diz respeito s trocas comer-ciais como ao movimento de capitais e emigrao para a Europa ocidental eAmrica do Norte. Curiosamente, com o susto pregado a Salazar pelo sucesso docandidato da oposio s eleies presidenciais de 1958, Humberto Delgado, ecom o incio da guerra colonial, em 1961, o sistema poltico teria iniciado umperodo de menor abertura e menor dilogo 1 9 .A deciso de adeso EFTA esteve ligada avaliao positiva dos ganhosque a associao poderia trazer para a economia portuguesa, os quais teriamnecessariamente de estar associados ao aumento das exportaes. Isto maisplausvel se se tiver em considerao que, independentemente das orientaes depoltica econmica ou de interveno directa do Estado no sector industrial,assistiu-se em Portugal durante a dcada de 50 ao desenvolvimento de algunssectores industriais com capacidade de exportao para a Europa. Esses sectoresno poderiam deixar de ser aqueles em que Portugal detinha algumas vantagenscomparativas, nomeadamente os mais intensivos na utilizao de mo-de-obra,a qual era cara na Europa industrial relativamente a Portugal. De entre os sec-tores que estavam preparados para a exportao encontram-se alguns em quePortugal j tinha alguma experincia nos mercados internacionais, como as cor-tias, os vinhos, as conservas, e outros em que a experincia era apenas com osmercados coloniais, como o sector do vesturio, o grande sucesso do pas nosmercados da EFTA.Ao mesmo tempo que se assistia a alguns sinais positivos do lado das expor-taes, nos sectores industriais com que o Estado portugus se preocupava mais,isto , os sectores ligados s indstrias bsicas, incluindo a produo de energia,registaram-se tambm resultados animadores, no tanto, provavelmente, quandose considera a produtividade do capital neles investido cujo custo de oportu-nidade poderia ser grande , mas sim quando se consideram os notveis aumen-tos de produo. Claro est que praticamente toda a produo destas indstriasbsicas era vendida sobretudo no mercado interno, o qual, naqueles anos, aindadava alguma margem para expanso.Com incio ainda na dcada de 50, mas acentuando-se com a viragem para adcada de 60, a economia portuguesa registou um crescimento superior mdiado crescimento das economias dos pases industrializados da Europa. Em 1963,ano em que pela primeira vez o valor da produo industrial superou o da

    18 V. Brito (1989, pp. 160-181).19 Quanto ao enquadramento poltico, v., entre outros, Csar de Oliveira (1992) e Rosas (1992). 931

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    P edro Lainsproduo agrcola, a Europa ocidental via nascer em Portugal a sua ltima naoindustrial.A industrializao da economia portuguesa teria inevitavelmente de acarretara diminuio da importncia da agricultura na produo nacional. Esta alteraoestrutural, inerente ao crescimento econmico dos tempos modernos, tem sidovista na literatura mais ou menos especializada sob diversas perspectivas. Umadelas, que dominou a preocupao de grande parte dos historiadores e de algunsautores coevos, a de que a agricultura portuguesa pagou uma factura demasiadoalta pela industrializao do pas e que isso aconteceu por via de uma deliberadaescolha de poltica econmica favorvel indstria. Como evidente, esta pers-pectiva s poder ser validada uma vez provada a hiptese, que lhe estsubjacente, de que a economia portuguesa poderia ter crescido tanto como cres-ceu ao longo de perto de duas dcadas se o Estado tivesse canalizado maisinvestimentos para o sector agrcola, desviando-os, inevitavelmente, do sectorindustrial: tal precisamente o que implicaria uma reforma agrria, dado queo reordenamento da terra no pode ser feito sem que nela se invista 2 0.Quando observada no conjunto dos principais pases europeus, e considerandoos indicadores apropriados, isto , a evoluo da produtividade do trabalho empre-gue no sector, e no a evoluo do produto total, o balano que se pode fazer daagricultura portuguesa substancialmente diferente21 . A referncia agriculturatorna-se necessria pela importncia que a anlise daquilo que se passava no sectorveio a ter nas crticas feitas actuao dos governos de Salazar no campo econ-mico. As crticas comearam a surgir de uma forma mais sistemtica e maisfundamentada precisamente na dcada de 60. Tinha-as havido anteriormente, maisque no fosse vindas de correntes diferentes de um regime que o seu chefe gostavade ver com o consensual nesta matria. Mas foi s naquela dcada que alguns autoresresolveram passar ao papel crticas elaboradas quilo que alguns deles chamavamde modelo de crescimento do governo portugus. Estava-se longe dos anos deacentuado pessimismo de finais dos anos 40 e comeos de 50, porque se tornaraevidente que a economia portuguesa estava em franco crescimento. Mas havia umpessimismo relativamente ao futuro da economia no seio de uma Europa e de ummundo cada vez mais concorrencial. Havia a preocupao de que o modeloseguido em Portugal pusesse em risco o futuro da economia do pas, uma vez queassentava na proteco de determinados sectores em detrimento de o utros, tornandoa econo mia dependente de co ndies conjunturais m uito especficas e que poderiamser alteradas de um momento para o outro.Em traos largos, o modelo que era criticado era o de uma industrializaobaseada em baixos salrios pagos na indstria, os quais eram tornados possveis

    2 0 Segundo Edgar Rocha (1979, pp. 853-854), o investimento realizado na agricultura entre1960 e 1973 foi suficiente apenas para substituir a sada de mo-de-obra para as cidades e oestrangeiro, explicando-se assim as razes do lento crescimento do produto agrcola. A reformaagrria como meio de estimular o crescimento retomada por Halpern Pereira (1979, pp. 31-45),Alfredo Marques (1988, pp. 139-143) e Fernando Rosas (1991 e 1994, pp. 61-62). V. a crtica ideia em Villaverde Cabral (1974, p. 108).93 2 2 I V., a este respeito, Villaverde Cabral (1974, p. 105).

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    P edro Lains-se que se reforaram tendncias manifestadas anteriormente. Esta continuidadede poltica no causa surpresa se se considerar o consenso existente durante aditadura a que acima fizemos referncia. De qualquer forma, dificilmente osgovernos sados do golpe de 25 de Abril de 1974 teriam podido deixar cairinvestimentos j realizados ou em fase de instalao ou mudar radicalmente apoltica industrial em curso. Se alguma coisa foi decidida em 1974 e 1975, foio reforo da interveno estatal na indstria e nos outros sectores da economia.Apesar da importncia de factores de ordem poltica, a verdade que a expli-cao cabal das nacionalizaes de uma grande parte das indstria bsicas emPortugal tambm no pode deixar de ter em considerao a situao que o pastinha herdado em 1974 2 5 .Entretanto, apesar da crise que j se fazia sentir por todo o mundo a partirde finais de 1973, os primeiros meses a seguir revoluo de Abril de 1974trouxeram uma nova onda de optimismo quanto ao futuro do pas, que noestar em esprito muito distante do optimismo sentido nos dois anos imediatosao fim da Segunda Guerra Mundial. Para alm do optimismo inerente s revo-lues, as quais fazem pensar que se pode emendar tudo aquilo que se consi-deravam erros do passado, o facto que em 1974 , tal com o em 19 45 , a situaodas reservas em divisas e em ouro nos cofres do Banco de Portugal era rela-tivamente desafogada. Contudo, esse optimismo foi tambm de breve durao,dado que o dfice comercial cresceu significativamente em relao ao perodoanterior a 1974, no sendo isso compensado nem por remessas de emigrantes,nem pela entrada de capitais estrangeiros, nem pelas receitas de turismo. Logoem 1977 estavam esgotadas as reservas em moeda estrangeira existentes em1973 2 6.A poltica industrial que se seguiu revoluo foi determinada pelas emer-gncias conjunturais. H muito que no se vivia uma aflio constante com abalana de pagamentos como se viveu nos anos entre 1977 e 1982. Mais nadahavia a fazer seno desvalorizar a moeda nacional para conter as importaes,o que deprimiu o crescimento do investimento, dada a sua tradicional dependn-cia da aquisio de bens intermdios no estrangeiro, protegendo por tabela osprincipais sectores industriais do pas, que eram, evidentemente, os mesmos desempre. O Estado mantinha-se presente. Contudo, alguns sinais de diversificaoindustrial apareceram com mais fora do que era costume, o que se deveu manuteno de um ritmo satisfatrio do crescimento das exportaes e do au-mento do consumo interno 2 7.S depois de meados da dcada de 70, sob a influncia de economistas entre-tanto emigrados para os Estados Unidos, que comearam a tomar voz algumas

    25 P a r a u m a d e s c r i o d o s p r i n c i p a i s s e c t o r e s e m q u e o E s t a d o e a b a n c a s e h a v i a m i n t e r e s s a d oa n t e s d e 1 9 7 4 , v . R i b e i r o et a l . , ( 1 9 8 7 ) .26 V . C r a v i n h o ( 1 9 8 6 , p p . 1 1 7 - 1 1 9 ) e, p a r a a e v o l u o d a s f in a n a s e x t e r n a s a t a o s a n o s m a i sr e c e n t e s , v. C o r k i l l ( 1 9 9 3 , p p . 4 6 - 5 2 ) .27 V . , p a r a o s a n o s i m e d i a t o s r e v o l u o , A b e l et a l . , ( 1 9 7 7 ) e, p a r a o p e r o d o m a i s r e c e n t e ,9 3 4 B a k l a n o f f ( 1 9 9 0 ) .

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    O Estado e a industrial izao em Portugalopinies que defendiam a reduo do peso do Estado na economia. Estas crticasa prticas h muitos estabelecidas no pas visavam sobretudo quebrar os excessosderivados das nacionalizaes, que tinham atingido os sectores mais importantesda economia. Defendia-se uma economia liberta da tutela do Estado porque sedefendia a ideia de que s assim Portugal poderia fazer face aos novos passosda sua gradual abertura ao exterior, nomeadamente a sua adeso CEE, quecomeou a ser debatida com o incio da dcada de 19802 8 . Talvez ainda no sepudesse imaginar na altura que a adeso Comunidade Europeia, em 1986, viriaa reforar o papel interventor do Estado, em particular na indstria, mas tambmna construo de infra-estruturas e, mais tarde, at na investigao universitria,dado que, com a adeso, o Estado portugus passou a administrar novas receitas,sob a forma de transferncias oramentais, a que se deu o nome de fundosestruturais2 9 .I I I . A INDUSTRIALIZAO

    Apesar dos avanos quanto cobertura estatstica da economia portuguesarelativamente aos anos mais recentes, o facto que as sries de que dispomospara a evoluo dos principais agregados macroeconmicos para o perodo entre1945 e 1990 so ainda bastante insatisfatrias 3 0.Para os anos anteriores a 1947, primeiro das contas nacionais portuguesas, asituao , evidentemente, pior. Dispomos de estimativas provisrias para ocrescimento do produto agrcola e industrial para os anos entre 1920 e 1939,baseadas nas estatsticas oficiais das principais produes nacionais, e para oproduto nacional em 1938, a partir das quais estimmos o crescimento da eco-nomia portuguesa no perodo anterior a 1947 3 1 .A periodizao aqui apresentada do crescimento do PIB em Portugal entre1920 e 1990 baseia-se na comparao das taxas de crescimento entre anos querepresentam mximos de produo , dado que essa a melhor forma de detectar asvariaes na tendncia do crescimento das variveis em causa, sendo prefervel auma periodizao definida a partir de datas consideradas com o m arcos de mudan-as polticas do pas. No quadro n. 2 esto patentes as taxas de crescimento daagricultura, da indstria e dos servio s para todo o perodo . A se podem observaralguns factos conhecidos do crescimento econmico em Portugal. A ideia de que

    28 O m e l h o r r e p o s i t r i o d e s s a s c r t i c a s e n c o n t r a - s e em V r i o s ( 1 9 7 7 e 1 9 8 0 ) . V . t a m b mM a c e d o e S e r f a t y ( 1 9 8 1 ) .29 U m a m e d i d a do a u m e n t o d o p e s o d o E s t a d o n a e c o n o m i a d a d a p e l o f a c t o de e m 1 9 9 2o i n v e s t i m e n t o p b l i c o r e p r e s e n ta r 1 7 % d o i n v e s t i m e n t o t o ta l n o p a s , c o n t r a 1 1 % e m 1 9 8 3 - 1 9 8 5 .V . A b e l M a t e u s ( 1 9 9 4 , p. 19).30 O m e l h o r t r a b a l h o d e c o m p i l a o d e e s t a t s t i c a s , q u e u l t r a p a s s a q u a i s q u e r e s f o r o s a n t e r io r e se s o b r e o q u a l a s s e n t a g r a n d e p a r te d a i n f o r m a o q u a n t it a t i v a e m q u e se b a s e i a o p r e s e n t e a r t i g o , o a p n d i c e e s t a t s t i c o e m N e v e s ( 1 9 9 4 ) .31 V . B a r d i n i et a l . , ( n o p r e l o ) . N u n e s et a l . , ( 1 9 8 9 ) a p r e s e n t a m e s t i m a t i v a s i n d i r e c t a s p a r a ae v o l u o d o P I B a n t e s d e 1 9 4 7 , a s q u a i s , c o n t u d o , n o s o f i v e i s p a r a a n l i s e s d e c u r t o OU m d i op r a z o . V . , p a r a a d i s c u s s o d e s s a s e s t im a t iv a s , L a i n s e R e i s ( 1 9 9 1 ) e N u n e s etal., 1 9 9 2 ) . 935

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    P edro Lainsos anos imediatos introduo da campanha do trigo, isto , de recrudescimentodo proteccionismo agrcola, em 1929, tinham sido anos de crescimento da produ-o cerealfera e da agricultura em geral, po r exem plo, co nfirmada pelo s v aloresdo quadro. So tambm bem conhecidos os limites desse crescimento autrcico,uma v ez que nem a agricultura portuguesa protegida ganhou capacidade de ex por-tao, nem o mundo dos anos 1930 era muito favorvel expanso das exporta-es. O lento crescimento agrcola verificado a partir da dcada de 50 tambmsobejamente conhecido, muito embora apaream dois curtos perodos de relativarecuperao de que pouco se tem falado. O primeiro foi logo a seguir SegundaGuerra Mundial, entre 1947 e 1951, no qual o produto agrcola cresceu ao ritmode 4,6% ao ano, e o segundo foi em anos mais recentes, entre 1980 e 1987, a quecorrespondeu uma taxa de crescimento anual de 2,4%.

    Crescimento da economia portuguesa, 1920-1990(taxas de crescimento entre anos de mximo, em percentagem)[QU AD RO N.

    PIB

    1 9 2 3 - 1 9 3 41 9 3 4 - 1 9 3 71 9 3 7 - 1 9 4 71 9 4 7 - 1 9 5 11 9 5 1 - 1 9 5 71 9 5 7 - 1 9 6 51 9 6 5 - 1 9 7 31 9 7 3 - 1 9 8 01 9 8 0 - 1 9 9 01 9 2 3 - 1 9 4 71 9 4 7 - 1 9 7 31 9 7 3 - 1 9 9 0

    2]

    4, 5- 0 , 1

    1,73, 14, 25, 57,23, 52, 52, 85,42, 9

    A g r i c u l t u r a

    1 9 2 5 - 1 9 3 41 9 3 4 - 1 9 3 91 9 3 9 - 1 9 4 71 9 4 7 - 1 9 5 11 9 5 1 - 1 9 5 71 9 5 7 - 1 9 6 51 9 6 5 - 1 9 7 31 9 7 3 - 1 9 8 01 9 8 0 - 1 9 8 71 9 2 5 - 1 9 4 71 9 4 7 - 1 9 7 31 9 7 3 - 1 9 8 7

    4, 4- 2 , 0

    0,94,60,61,31,10,82, 41,61,61,6

    I n d s t r i a

    1 9 2 3 - 1 9 3 01 9 3 0 - 1 9 3 71 9 3 7 - 1 9 4 81 9 4 8 - 1 9 5 21 9 5 2 - 1 9 5 61 9 5 6 - 1 9 6 61 9 6 6 - 1 9 7 31 9 7 3 - 1 9 8 01 9 8 0 - 1 9 9 01 9 2 3 - 1 9 4 81 9 4 8 - 1 9 7 31 9 7 3 - 1 9 9 0

    6, 24, 32, 71,85, 88,68,62,82, 34, 17,02, 5

    S e r v i o s

    n . d .n . d .

    1 9 3 8 - 1 9 4 81 9 4 8 - 1 9 5 21 9 5 2 - 1 9 5 51 9 5 5 - 1 9 6 41 9 6 4 - 1 9 7 31 9 7 3 - 1 9 8 01 9 8 0 - 1 9 9 2

    n . a .1 9 4 8 - 1 9 7 31 9 7 3 - 1 9 9 2

    2,64,25,74,97,24, 73, 35, 73,8

    P o p u l a c

    1 9 2 3 - 1 9 3 41 9 3 4 - 1 9 3 71 9 3 7 - 1 9 4 71 9 4 7 - 1 9 5 11 9 5 1 - 1 9 5 71 9 5 7 - 1 9 6 51 9 6 5 - 1 9 7 31 9 7 3 - 1 9 8 01 9 8 0 - 1 9 9 01 9 2 3 - 1 9 4 71 9 4 7 - 1 9 7 31 9 7 3 - 1 9 9 0

    >1,31,31, 00,80,40,4- 0 , 51, 20,41, 20,20,7

    Nota . At 1939 a taxa de crescimento do PIB dada pela soma ponderada das taxas decrescimento do produto agrcola e industrial.Fonte: Bardini e t a l . , (no prelo).

    936

    O produto industrial cresceu mais rapidamente entre 1923 e 1930, diminuin-do no perodo seguinte, entre 1937 e 1952. O pessimismo demonstrado pelosanalistas a partir de 1947 revelou-se de certo modo justificado. Contudo, logo em1952 comeou um perodo de franca recuperao do crescimento industrial, aqual se acentuou de 1956 em diante at 1973. A interpretao desta periodizaopode trazer algumas concluses importantes, nomeadamente quanto explicaodo incio do fim da autarcia econmica ensaiado com a adeso EFTA. A quenos ocorre aqui a de que a autarcia foi abrandada em 1960 porque no sectorindustrial se tinham, entretanto, verificado alguns anos de expanso, que teropermitido o desenvolvimento da capacidade de exportar por parte de algunssectores industriais. O mesmo tipo de raciocnio se poder aplicar realizao

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    O Estado e a industrializao emPortugal

    [QUADRO N. 3]Crescimento do produto, emprego e produtividade

    (taxas de crescimento anual, em percentagem)

    TotalProduto:1950-19731973-19901950-1990Emprego:1950-19731973-19901950-1990Produtividade:1950-19731973-19901950-1990

    AgriculturaProduto:1950-19731973-19901950-1990Emprego:1950-19731973-19901950-1990Produtividade:1950-19731973-19901950-1990

    IndstriaProduto:1950-19731973-19901950-1990Emprego:1950-19731973-19901950-1990Produtividade:1950-19731973-19901950-1990

    ServiosProduto:1950-19731973-19901950-1990Emprego:1950-19731973-19901950-1990Produtividade:1950-19731973-19901950-1990

    Portugal

    5 ,72,94,50,21,70,85 ,51,23,7

    1,31,21,3

    - 2 , 2- 2 , 8- 2 , 43 ,54,03 ,7

    7,62,55,41,81,81,85,80, 73,6

    6,03 ,75 ,01,63,82,5

    4,4- 0 , 12,5

    Espanha

    6,42,74,90,80,40,35,63,24,6

    2,61,32,1

    - 2 , 0- 4 , 6- 3 , 14,76,25 ,3

    8,22,15,62,7- 1 , 11,15,43,24,5

    6,13,34,91,01,51,74,11,73 ,1

    Itlia

    5,42,84,30, 10,80,45,32,03,8

    2,40,81,7

    - 4 , 3- 2 , 5- 3 , 57, 03,45,4

    7, 02,65 ,11,7- 0 , 60, 75,23 ,14,3

    5 ,03 ,14,22,32,52,42,70,61,8

    Frana

    4,82,53,80,30,10,24,52,43,6

    2,21,51,9

    - 3 , 1- 3 , 3- 3 , 25 ,55 ,05 ,3

    5 ,91,54,00,8- 1 , 5- 0 , 25 ,03 ,04,2

    4,43,13 ,91,11,61,33 ,31,52,6

    Dinamarca

    4 ,32 ,13 ,40, 80,40, 63 ,51,72 ,7

    1,23 ,82 ,3- 3 , 5- 2 , 7- 3 , 2

    4 ,86, 75 ,6

    4 ,71,53,31,0- 0 , 80, 23 ,72 ,33 ,1

    4 ,52 ,33 ,52 ,21,41,92 ,20, 91,7

    Sucia

    3 ,82 ,03 ,00, 40, 90, 63 ,41,22 ,4

    0, 50, 90, 6- 4 , 4- 2 , 9- 3 , 8

    5 ,13 ,84 ,5

    4 ,61,53,3

    0, 4- 0 , 60, 04 ,22 ,03 ,3

    3 ,72 ,43 ,23 ,51,82 ,80,20, 60,4

    Alemanha

    6,12 ,34 ,41,20,30,84 ,82 ,03 ,6

    2 ,61,62 ,2

    - 3 , 9- 4 , 1- 4 , 06, 85 ,96, 4

    6,81,04 ,31,6- 0 , 70,65 ,11,83 ,7

    5 ,73 ,34 ,72 ,61,62 ,23 ,01,62 ,4

    Reino Unido

    2 ,51,92 ,20, 40, 40, 42 ,11,51,8

    2 ,62 ,32 ,5- 2 , 6- 1 , 5- 2 , 2

    5 ,33 ,94 ,7

    2 ,71,12 ,00, 1- 1 , 7- 0 , 72 ,62 ,82 ,7

    2 ,32 ,42 ,40, 91,71,31,40, 71,1

    Fontes: Van Ark (1994, quadros n.os 1,2,4 e 7) e, para Portugal, estimado a partir de Neves (1994). 939

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    P edro LainsRecorde-se que em muitas anlises o crescimento agrcola aparece como umacondio importante alguns diriam necessria do desenvolvimento dosector industrial, pois funcionaria como principal factor de alargamento domercado interno de consumo de produtos industriais. Evidentemente que estasanlises no tomam em considerao que uma rpida industrializao no depen-

    de apenas do crescimento da procura, sobretudo apenas da procura interna, e,mais importante ainda, do consumo interno apenas do sector agrcola. A agricul-tura dificilmente poderia constituir um mercado importante para a indstria 3 4 .Em 1960, quando o produto da agricultura atingia 23% do valor do produtonacional em Portugal, ela adquiria dos restantes sectores da economia menos de10% do valor da sua produo, sendo a maior parte adquirida ao sector decomrcio e transporte3 5 .Aps 1 973 , ao co ntrrio do que sucedeu nos outros pases, onde diminui paula-tinamente o emprego industrial , a taxas entre -0,6% no caso da Itl ia e -1,7 %no caso do Reino Unido, o emprego industrial em Portugal continuou a crescer aoritmo que se verificara anteriormente a 1973, isto , 1,8% ao ano. Dado que oproduto industrial, como j vim os, sofreu uma quebra no seu ritmo de crescimento,houve uma notvel reduo da produtividade da mo-de-obra empregue na inds-tria entre 1973 e 19 90, baixando para um crescimento anual de 0,7%, quando tinhasido de 5 ,8% no perodo anterior. Igual observao se pode fazer relativamente aosector dos servios.Atendendo a que a evoluo do emprego esteve sob a influncia de factoresexgenos desde, pelo menos, meados da dcada de 50 at finais da dcada de 70,concretamente a emigrao e o retorno das antigas colnias portuguesas, pode-mos deduzir que, mantendo-se um ritmo constante de crescimento da produo,tero sido os movimentos no emprego que determinaram alteraes na produti-vidade do trabalho em Portugal, e no o contrrio. Assim, pode concluir-se quea reduo do crescimento da produtividade do trabalho depois de 1973 deveu--se, em certa medida, s alteraes acima referidas quanto migrao interna-cional dos trabalhadores po rtugueses. A leitura do grfico n. 2, o nde se apresen-tam as curvas de crescimento da populao total de Portugal e da populaoactiva, leva concluso adicional de que nos anos desde o incio da dcada de70 se comeou a pagar a factura da emigrao. Com efeito, o crescimento dafora de trabalho depois de 1970 aparece nesse grfico como a recuperao docrescimento tendencial iniciado antes da dcada de 50.O elevado crescimento do produto industrial entre 1923 e 1937 foi acom-panhado de um crescimento lento da mo-de-obra empregue (v. quadro n. 4),o que poder ser explicado pela maior procura de trabalho na agricultura, cujaproduo, graas proteco concedida aos cereais, aumentou naquele perodo,sem que tivesse havido alteraes significativas no emprego de capital no

    3 4 Segundo Rocha (1979, p. 833) os excedentes da balana de pagamentos verificados entre1960 e 1974 significaram que o dfice comercial na agricultura no constitua um problema.V. tambm Rocha (1984, pp. 95-97).94 0 3 5 V. Alves e Silva (1965, pp. 53-58).

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    P edro LainsCrescimento do produto e da produtividade industrial(taxas de crescimento entre anos de mximo, em percentagem)

    [QUADRO N. 4 ]

    1 9 2 3 - 1 9 3 01 9 3 0 - 1 9 3 71 9 3 7 - 1 9 4 81 9 4 8 - 1 9 5 21 9 5 2 - 1 9 5 61956-19661966-19731 9 7 3 - 1 9 8 01 9 8 0 - 1 9 9 01 9 2 3 - 1 9 4 81 9 4 8 - 1 9 5 61956-19731 9 7 3 - 1 9 9 0

    Produo

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    O Estado e a industrial izao em PortugalO perodo entre 1952 e 1956 marcou o incio da viragem mais importanteda industrial izao portuguesa, verif icando-se uma taxa de crescimento doproduto industrial de 5,8% ao ano a que correspondeu uma taxa de crescimentoda produtividade da mo-de-obra industrial de 3,7% ao ano. A partir de 1956,

    o crescimento do produto industrial foi ainda superior, mantendo-se at 1973,tendo o crescimento do emprego diminudo ligeiramente a partir de ento, im-plicando que o crescimento da produtividade do trabalho industrial se elevassea um nvel a todos os ttulos notvel , isto , de 6,9% ao ano entre 1956 e 1973.No perodo seguinte, entre 1973 e 1990, as tendncias associadas do cresci-mento do produto, emprego e da produtividade alteraram-se de modo muitosignificativo. No s se verificou um abrandamento do ritmo de crescimentoindustrial, como se verificou um aumento considervel na taxa de crescimentodo emprego na indstria, a que se associou, inevitavelmente, um mau compor-tamento para a evoluo da produtividade.Mas o ano de 1973 marcou uma outra alterao importante no crescimentoindustrial po rtugus, a saber, a diminuio da contribuio dos sectores de inds-trias bsicas e de maior intensidade de utilizao de capital para o crescimentodo produto industrial. Essa alterao est patente no quadro n. 5, onde se apre-senta a evoluo da composio da indstria portuguesa segundo os principaissectores. Segundo se pode ver, no houve grande alterao na composio daindstria portuguesa, sucedendo que as tendncias de transformao ocorridasat 1973, em que comearam a ganhar mais peso precisamente as indstrias debase a que se refere, em termos gerais, a metade inferior do quadro, se inverte-ram a partir daquele ano. Por exemplo, o sector da alimentao, bebidas e tabaco,cujo peso v inha a diminuir at atingir um v alor de 2 1 % do produto da indstriatransformadora em 1973, aumentou ligeiramente depois desse ano. O mesmosucedeu no caso do sector dos txteis, vesturio e calado, se bem que a inversode tendncia se tenha dado antes, em 1966: at este ano o peso deste sectordiminuiu, aumentando desde ento. Neste caso, a alterao de tendncia nopode deixar de estar associada explorao dos mercados da EFTA para aexportao de produtos da indstria txtil, na qual Portugal deveria seguramenteter algumas vantagens. Relativamente a sectores que esto presumivelmenteassociados a uma maior utilizao do factor capital, nomeadamente da qumicae borracha e dos produtos metlicos e material de transporte, verifica-se umatendncia inversa dos sectores acima mencionados, tendo o seu peso na pro-duo industrial total crescido at 1973 e diminudo desde ento.O crescimento dos sectores associados s indstrias bsicas, incluindo a pro-duo de energia, foi bastante acentuado at 1973, chegando o sector da meta-lurgia de base a atingir uma taxa de crescimento anual de 15,5% durante os oitoanos que decorreram entre 1958 e 1966 (v. quadro n. 6). O sector de qumicase borracha cresceu durante duas dcadas, entre 1953 e 1973, a uma taxa prximados 10% ao ano, o que significa um aumento de quase sete vezes do volume dap r o d u o n a q u e l e p e r o d o .

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    P edro LainsProduo industrial por sectores(em percentagem , a preos de 1990)

    [QUADRO N. 5]

    Indstria transformadora1. Alimentao, bebidas e tabaco2 . Txteis, v esturio e calado3 . Madeiras, cortias e mo bilirio4 . Papel, tipografia e editoriais5 . Qumicas e bo rracha6. Minerais no metlicos7. Metalurgia de base8. Produtos metlicos e materiais detransporte9. Diversos

    Indstria10. Indstria transformadora1 1 . Energia e minas1 2 . ConstruoTotal (m ilhes de contos)

    27,62 1 , 82 ,87,68,54 ,31,514,71,271,65,62 2 , 85 9 4 , 8

    2 4 , 819,811,97,69 ,44 ,22 ,618,31,567,55,427,11196,7

    1973

    2 1 , 02 3 , 48,97,210,64 ,42 ,32 1 , 01,271,55 ,72 2 , 82080,7

    1980

    2 2 , 12 4 , 46,86,49 ,35 ,62 ,52 1 , 51,471,46,22 2 , 32 5 5 9 , 0

    2 2 , 727 ,45 ,06,88 ,37,33 ,118,70,770,47,92 1 , 73 1 8 9 , 0

    Fonte: Calculado a partir de Neves (1994).Crescimento industrial por sectores(taxas de crescimento, em percentagem, a preos de 1990)

    [QUADRO N. 6]1953-- 1 9 5 9 ( a )

    Indstria transformadora1 . A l i m e n t a o , b e b i d a s e t a b a c o . .2 . T x t e i s , v e s t u ri o e c a l ad o . . . .3 . M a d e i r a s , c o r ti a s e m o b i l i r i o . .4 . P a p e l , t i p o g r a f i a e e d i t o r i a i s . . . .5 . Q u m i c a s e b o r r a c h a6 . M i n e r a i s n o m e t l i c o s7 . M e t a l u r g i a d e b a s e8 . P r o d u t o s m e t l i c o s e m a t e r i a i s d e

    t r a n s p o r t e9 . D i v e r s o sIndstria

    1 0. Indstria transformadora1 1 . Energia e minas1 2. ConstruoTotal (milhes de contos)

    4 ,75 ,65,110,7(b) 0,26,214,2

    11,712,47,8)11,16,57,5

    6,96,77,38 ,39 ,78,015,511,411,68 ,38 ,611,59 ,1

    1966-1973

    6,511,84 ,88 ,311,09 ,87,511,36,2

    9 ,18 ,95 ,68,2

    1973--1980

    3 ,83 ,61,01,21,26,83 ,93 ,45 ,23,04,42,73,0

    1980--1900

    2 ,33 ,3- 1 , 02 ,80,94 ,74 ,40,7-4,3

    2,14,62,02,2

    1958--1973

    6,79 ,26,28 ,310,38,811,711,39 ,08 ,78 ,88,78,7

    1973--1990

    2 ,93 ,4- 1 , 02 ,11,05 ,54 ,21,8- 0 , 52 ,54 ,52 ,32 ,5

    1958--1990

    4 ,76,12 ,35 ,05 ,37,17,76,13 ,95 ,36,55 ,25 ,4

    (a ) Preos de 1963.(b ) Qumicas e petrleo.(c) Electricidade.

    944 Fontes: Moura ( 1 9 7 3 , p. 155) para 1953-1959 e quadro anterior para o resto de perodo.

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    O Estado e a industrial izao em PortugalNo quadro n. 7 mede-se a contribuio do crescimento de cada sector para ocrescimento industrial, o que traduz no s a intensidade de crescimento sectorialcomo o peso de cada sector no produto industrial, no incio de cada perodoconsiderado. Nesse quadro se pode ver como os sectores da alimentao, bebidas

    e tabaco e dos txteis, vesturio e calado, apesar de terem crescido a taxas maisbaixas at 1973, acabaram por contribuir para o crescimento da produo daindstria transfo rmado ra po rtuguesa tanto quanto os sectores bsico s, precisamen-te porque tinham, partida, um peso mais importante na estrutura industrial dopas. De notar tambm que a importncia destes sectores no crescimento industrialaumentou a partir de 19 73, chegando o sector ligado s indstrias txteis a co ntri-buir com pouco mais de 4 0% do crescimento industrial entre 198 0 e 19 90. N o ladooposto podemos verificar que o sector da metalurgia de base, ao qual porventurase tem prestado maio r ateno, nunca contribuiu com mais de 6% para o crescimen-to industrial do pas, situando-se a sua contribuio no pero do anterior a 19 73 entre2 % e 3 % .

    Contribuies sectoriais para o crescimento da indstria (a )( tax as de c re sc ime nto , e m pe rc e n tage m, a pre os de 1990)

    [QUADRO N. 7]

    Indstria transformadora1 . Alimentao, bebidas e tabaco2 . T xteis, vesturio e calado3 . Madeiras, cortias e mobilirio4 . Papel, tipografia e editoriais5. Qumicas e borracha6. Minerais no metlicos7. Metalurgia de base8. Produtos metlicos e materiais detransporte9. Diversos

    Indstria1 0 . Indstria transformadora1 1 . Energia e minas1 2 . Construo

    1 9 5 3 --1959 (b )

    10,419,27,66,212,66,23,028,36,0

    -

    1 9 5 8 --1966

    23,417,911,57,710,14,22,920,61,765,75,329,0

    1966--1973

    18,026,16,47,011,64,62,223,11,0

    75,55,918,6

    1 9 7 3 --1980

    27,228,7- 3 , 02,94,310,23,1

    24,42,3

    71,28,320,4

    1 9 8 0 --1990

    25,840,8- 3 , 49,14,213,35,67,63,1

    67,212,820,0(a) As contribuies sectoriais [c(/)] foram estimadas a partir da expresso

    em que /-(/) so as taxas de crescimento dos nove sectores industriais considerados e a( i) so as ponderaes segundo o valoracrescentado de cada sector no incio de cada perodo.(b ) Preos de 1963.

    F o n t e s : Q u a d r o s n . o s 5 e 6 . 945

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    P edro LainsNo quadro n. 8 apresentam-se os resultados de um estudo sobre as fontes decrescimento do produto industrial entre os anos para que se dispe de matrizesintersectoriais40. Uma primeira leitura daquele quadro mostra que o produtoindustrial portugus cresceu essencialmente a vender para o mercado interno,seguindo-se-lhe as exportaes e a substituio de importaes em grau de im-

    portncia. Esta ordem de contribuio dos vrios factores de crescimento daprocura no foi, evidentemente, igual em todos os sectores de que trata o mesmoquadro. preciso tambm notar que a importncia das exportaes aumentouentre 1959-1964 e 1970-1974 (e, possivelmente, ainda mais no perodo seguinte,para que no dispomos de informao deste tipo), a passo com o aumento daimportncia do mercado interno de procura final, enquanto o mercado de subs-tituio das importaes teve uma evoluo negativa. Do grupo das indstriasviradas essencialmente para o mercado interno destacam-se os sectores bsicosdas indstrias de produtos metlicos, da metalurgia bsica e dos produtos mine-rais no metlicos, assim como os sectores de bens de consumo ligados alimen-tao e ao vesturio (neste caso, at 1970). Virados essencialmente para a expor-tao, encontramos sectores baseados, quer na utilizao intensiva do factorabundante (mo-de-obra), quer na utilizao dos recursos naturais, respectiva-mente os txteis (a partir de 1964) e o papel e pasta para papel.

    Fontes de crescimento do produto industrial(em percentagem)[QUADRO N. 8]

    Alimentao, bebidas e tabacoTxteisVesturio e caladoMadeiras, co rtias emobilirioPapel, tipografia e editoriaisProdutos qumicosPetrleo e carvoMinerais no metlicosMetalurgia de baseProdutos metlicosCo nstruo e reparao navalDiversosIndstria

    Procura final1959--1964

    9 07068 03 4671079 9636874 62 5 98 5

    -197068

    - 1 87872206542466264415771

    1 9 7 0 -- 1 9 7 4

    117524457481035510114098408494

    Exportaes1959--1964- 34 62 93 93 83 7- 8172 011- 6 64 117

    1964--197021752455693455263824712721

    1 9 7 0 -

    16818065645917115418931623

    Substituiode importaes1959--1964

    4- 5412 3- 31883 33 9- 2 0 4- 3 91

    - 1- 3- 6- 3

    182- 1 2- 81

    - 2 5- 1 9- 1 7- 5- 2- 4 619- 1- 9 2- 7- 9

    - 1 1Nota . A diferena para 100% da soma em linha corresponde s alteraes nos coeficientestcnicos de produo, de importncia reduzida em termos gerais, com excepo dos efeitos nega-tivos na reparao e construo naval.Fonte: Cravinho (1982 , pp . 275 , 278 e 281) ; v . tambm Rocha ( 1 9 8 1 , p . 2 9 9 ) .

    946 4 0 Cravinho (1982) ; v . tambm Rocha (1981) .

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    O Estado e a industrial izao em PortugalConfrontando a evoluo da produo de cada um dos sectores contemplados noquadro n. 8 com o tipo de mercado para que produziam predominantemente,po demo s verificar que os diferentes ritmo s de crescimento sectorial no se associamao predomnio de qualquer das fontes de procura atrs consideradas. Assim, porexemplo, os sectores em que a procura final (interna) foi mais importante do que asexp ortaes isto , produ tos metlico s, metalurgia bsica e produtos minerais nometlicos apresentam taxas de crescimento to elevadas como as do sector dopapel e pasta, que teve nas ex portaes a maior fonte de procura. Do m esmo mo dose pode notar que as alteraes da importncia relativa dos mercados interno eexterno como sucedeu no caso do s txteis, vesturio e cal ado no se associama alteraes nos ritmos de crescimento das respectivas produes. A partir desteselementos conclui-se que a procura para produtos industriais, quer nos mercadosinternos (incluindo aqueles ligados agricultura), quer nos mercados externos, nodeterminou de forma inequvoca o ritmo de expanso da indstria portuguesa, pelomenos no perodo de mais intenso crescimento terminado em 1973. Com estaconcluso no se pretende negar o papel que a procura pode ter no processo deindustrializao, mas to-s relativiz-lo: a influncia dos factores de mercadodeterminaram certamente a estrutura da indstria portuguesa, mas no tiveramefeitos claros no seu ritmo de crescimento. Deste m o d o , a maior importncia relativadas indstrias txteis e de produtos alimentares cujo peso relativo nunca desceua menos de um tero do produto industrial em todo o perodo aqui estudado dever ser associada ao baixo nvel de rendimento per cap i ta em Portugal e aoco rrespon dente baix o nvel de procura de bens industriais de consumo no essencial.As alteraes verificadas nas contribuies sectoriais para o crescimento do

    produto industrial vo a par com a diminuio da taxa mdia de crescimento daindstria portuguesa, que passou de 8,6% ao ano entre 1956 e 1973 para menosde 3 % entre 1 973 e 199 0 (v. quadro n. 4 ), embora o crescimento industrial portu-gus continuasse a ser superior ao crescimento das indstrias dos pases represen-tados no quadro n. 3 , com ex cepo da Itlia. Como v imo s, foi o forte crescimentoda populao empregue no sector que marcou a diferena para Po rtugal, traduzin-do-se num menor crescimento da produtividade da mo-de-obra industrial.O abrandamento posterior a 1973 poder ter derivado dos custos de transiode um tipo de industrializao em que se concentraram recursos nos sectorespesados para um outro tipo de industrializao mais dependente na indstrialigeira. difcil avaliar os custos de oportunidade provocados pelo enquadra-mento que o Estado ter imposto aos primeiros passos da industrializao recenteda economia portuguesa. No entanto, deve notar-se que isso levou criao deuma srie de infra-estruturas indstrias bsicas, obras pblicas ou rede elctrica que teriam ajudado expanso dos restantes sectores industriais, no meadamen-te aqueles ligados s indstrias ligeiras. A este propsito, deve mencionar-setambm que possvel que o sucesso de alguns futuros ramos exportadores estejarelacionado com este processo de substituio de importaes, como se verificouem outros pases4 1 .

    41 V., entre a vasta bibliografia sobre o assunto, Ahmad (1976). 947

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    P edro LainsDada a crescente importncia que, historicamente, os mercados externosassumem numa pequena economia aberta em desenvolvimento, a industrializa-o tem tambm de corresponder ao padro das vantagens do pas relativamenteao exterior. Contudo, em comparao com outros pequenos pases da Europa,Portugal mantinha-se ainda em 1985 como um dos menos abertos ao comrcio

    externo 4 2 .No incio da dcada de 70 Portugal era ainda um pas relativamente pobre emcapital fisico e humano, facto que espelha o baix o nv el de rendimento per cap i tae reflecte o facto de os nveis de formao de capital fixo terem sido, emPortugal, sempre inferiores aos do resto da Europa, sendo a desvantagem maiorquanto educao e formao profissional do que quanto ao capital fixo 4 3 . importante notar que a relao entre a qualificao da fora de trabalho e onvel de riqueza de cada pas bastante menos ntida do que aquela que aexistente entre a riqueza e o montante de capital por habitante 4 4 . A Jugoslvia,por exemplo, tendo um PIB per cap i ta semelhante ao portugus, apresentava em1970 nveis de escolarizao e de qualificao do trabalho bastante mais eleva-dos do que os do nosso pas, chegando a aproximar-se dos valores atingidos naEuropa ocidental. Destas diferenas pode concluir-se que a formao de umafora de trabalho qualificada depende em menor grau do nv el de riqueza do pasrelativamente ao que acontece com a formao do capital. Esta concluso impo rtante no que diz respeito s potencialidades de especializao internacionalnum pas como Portugal, uma vez que aponta para que seja mais acessvel odesenvolvimento de vantagens comparativas baseadas em trabalho qualificadodo que em capital. Mais adiante constataremos a existncia de alguns produtosmanufacturados portugueses ligados a sectores com utilizao intensiva de mo--de-obra qualificada, que mostraram ter sucesso nos mercados externos4 5 .As diferenas nas dotaes de factores produtivos reflectem-se, evidentemente,na estrutura da produo e do emprego industriais, analisadas no quadro n. 9, noqual se classificam as indstrias e as exportaes industriais de vrios pasessegundo as intensidades de utilizao de capital, trabalho especializado e noespecializado. Da sua leitura se conclui que os sectores com utilizao maisintensiva de trabalho no qualificado predominam na estrutura industrial portu-guesa, semelhana do que acontece nos outros pases do Sul europeu a repre-sentados. As indstrias que no utilizam significativamente bens de capital na suaproduo constituem a maior parte, sendo o caso de Portugal relativamente extre-m o , sobretudo no que diz respeito distribuio do emprego.

    42 V . D r z e e W y p l o s z ( 1 9 8 6 , p. 6 3 5 ) e N e v e s ( 1 9 9 4 , p. 6 9 ) .43 V . O N U ( 1 9 8 1 , c a p . 4 . 8 ) .44 V. Leamer (1984, pp. 274-276).4 5 Tomando como referncia o perodo 1968-1978, Pontes (1981, pp. 224-225) concluiu queo contedo tecnolgico das exportaes industriais de Portugal era prximo do das exportaes dospases europeus da OCDE, ao passo que o contedo de qualificao da fora de trabalho ou de94 8 capital humano eram significativamente inferiores.

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    O Estado e a industrial izao em PortugalIntensidade de utilizao dos factores na indstria

    (em percentagem)[QUADRO N. 9]

    Produo mdia dos anos 1970 e1978:sectores industriais (a)

    Capital e trabalho qualificadoTrabalho qualificadoTrabalho no qualificadoCapital

    Exportao 1965 e1978:sectores industriais (b)

    Capital e trabalho qualificado:19651978

    Trabalho qualificado:19651978

    Trabalho no qualificado:19651978

    Capital:19651978

    Portugal

    15,724,040,120,7

    Portugal

    1819

    412

    7063

    85

    Grcia

    19,714,838,627,0

    Grcia

    3739

    2611

    3046

    75

    Espanha

    22,425,633,718,3

    Espanha

    3550

    1918

    3527

    95

    Jugoslvia

    20,727,633,618,2

    Jugoslvia

    3230

    2231

    4035

    65

    Europaocidental

    26,033,523,317,3

    Itlia

    3836

    2121

    3638

    55

    (a) Sectores definidos segundo a intensidade de utilizao dos factores produtivos.(b ) CEE dos nove, excluindo a Frana e a Jugoslvia. No que diz respeito produo e ao emprego, as alteraes na estrutura deutilizao dos factores no foram significativas; da apresentarem-se os valores mdios.Fontes: ONU (1981, pp. 4.11-4.14, e 1982, p. 124).

    As ligaes entre a estrutura industrial e a estrutura das exportaes soevidentes. Portugal especializou-se, em consequncia, na exportao de produtosintensivos na utilizao de trabalho no qualificado. Podemos ainda observar algoque significar uma mudana e aqu e j se fez referncia: o aumento entre 1965e 1978 do peso dos sectores deexportao industrial que utilizam mais intensa-mente trabalho especializado (embora no capital), acompanhado da diminuiodo sector de utilizao intensiva de trabalho no qualificado. O elevado nvel deagregao doquadro n. 9 esconde, evidentemente, algumas diferenas entrepases. Por exemplo, em Itlia pas que hoje uma po tncia industrial mundial atingia-se em 1978 uma elevada proporo deexportaes do sector de utili-zao intensiva de trabalho no qualificado, superior daEspanha ou daJugoslvia. Um exemplo do que escondido o facto de a composio do sectorque utiliza intensivamente mo-de-obra no qualificada ser diferente: Portugal 949

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    O Estado e a industrial izao em Portugaldas quais sobressaem a desvalorizao cambial e a conteno dos salrios reais,assim como de algumas medidas conjunturais de apoio s empresas em dificul-dades e aos prprios retornados.O perodo de intensa industrializao das dcadas de 60 e 70 marcou-se pelodesenvolvimento de determinados sectores industriais bsicos. Numa econo-mia pequena e cada vez mais aberta, como a portuguesa, o dinamismo destessectores dependia da capacidade de concorrncia no espao necessrio suaexpanso, os mercados internacionais. Ora, estes mercados, transformados peloschoques petrolferos de 1973 e 1979, apresentavam condies de concorrnciacada vez mais duras, sobretudo para um pas perifrico sem grande capacidadenegociai5 0.As alternativas via seguida para a rpida industrializao do ps-guerra, emPortugal, no eram provavelmente muitas. Xavier Pintado (1964) aponta um factobem conhecido dos economistas do desenvolvimento: apesar da abundncia demo-de-obra, a deciso por determinados investimentos intensivos na utilizaode capital poderia ser racional, uma vez que o capital, se bem que escasso emtermos macroeconmicos, no o era tanto quando se tratava das decises concre-tas dos empresrios, dado que as taxas de juro eram mantidas a nveis relativa-mente baixo s graas aco da po ltica mo netria e tambm po rque as iniciativasde investimento eram em nmero insuficiente, sendo a procura de capital baixarelativamente oferta. Este autor recorda-nos ainda que a carncia de iniciativasempresariais na indstria estava intimamente relacionada com o grau de risco damaior parte dos investimentos, os quais incidiam sobre ramos ainda pouco ex-plorados, dado o carcter incipiente da industrializao portuguesa.A expanso da indstria das dcadas de 50 e 60 no teve precedentes nanossa histria econmica e abriu perspectivas ao desenvolvimento de certasindstrias bsicas e de bens de equipamento, assim como a certos investimentosde grande alcance, de que se podem apontar como exemplos a Lisnave e ocomplexo de Sines. A rentabilidade desses investimentos, no entanto, implicavaa possibilidade de exportao, uma vez que o mercado interno no era, mesmoassim, suficiente5 1 . Essa possibilidade veio a ser seriamente comprometida pelodesaceleramento da economia mundial depois de 1973.A propriedade dos grandes projectos industriais encontrava-se nas mos dealguns potentados econmicos e financeiros que vieram a ser desalojados com asnacionalizaes de 11 de Maro de 1975. Quer porque o volume de recursosfinanceiros envolvidos era grande, quer porque se sentiu a necessidade polticade controlar esta parte estratgica da produo industrial, a poltica do novoproprietrio, o Estado portugus, foi a de dar continuidade aos mesmos projectosindustriais.A drenagem de recursos que eles representaram (e representam) para a eco-nomia nacional carece de uma avaliao correcta. O que significam relativamen-

    50 V . a a n l i s e d a e v o l u o d o s m e r c a d o s m u n d i a i s ( 1 9 6 0 - 1 9 7 6 ) r e l e v a n t e s p a r a P o r t u g a l e mC o n s t n c i o et a l . , ( 1 9 8 4 , p p . 9 5 - 9 7 ) .51 V . R i b e i r o et a l . , ( 1 9 8 7 , p p . 3 8 - 4 7 ) . 951

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    P edro Lainste a um recurso escasso no pas o capital pode ser avaliado pelo crescentepeso da formao bruta de capital fixo em sectores como o das indstrias qu-micas e dos derivados de petrleo, que atingiu 47% do valor acumulado doinvestimento nacional entre 1974 e 1978 5 2 . Num nvel mais desagregado, omesmo tipo de consideraes se impe: o sector txtil, por exemplo, apresentahoje em dia uma estrutura de produo em forma de pirmide em que a fiaoproduz mais do que a tecelagem pode consumir e esta mais do que o necessriopara a indstria do vesturio. Esta estrutura desajustada relativamente s van-tagens comparativas do pas, uma vez que as fases mais baixas da produo soaquelas que utilizam mais intensivamente o factor capital. Do mesmo modo, osector das indstrias electro-mecnicas e mecnicas tem uma estrutura distorcidarelativamente s principais caractersticas da economia envolvente. Enquanto, noseu conjunto, representam uma parcela do valor do produto industrial inferior mdia dos nove primeiros pases da CEE (cerca de metade), a construo naval,um ramo tipicamente da indstria pesada, representa uma propo ro tripla da quese verifica no mesmo conjunto de pases (ou seja, 15% contra 5%), ao passo queos sectores mais leves, como o das maquinarias no elctricas, atingem menosde metade do respectivo peso da Comunidade (16% contra 34%) 5 3 .At aos nossos dias, de uma forma ou de outra, a aco das autoridadeseconmicas antes e depois da democracia tem-se pautado por uma deci-dida interveno na economia, quer atravs de investimentos em determinadossectores, quer por via da regulamentao dos mercados de factores e bens. Estasintervenes produzem muitas vezes indicaes de mercado contraditrias paraos agentes econmicos privados. Krugman e Macedo (1981) caracterizaram aeconomia portuguesa do perodo ps-revolucionrio como uma economia demercado politizada, em que o papel dos preos na distribuio dos rendimentosjustifica o seu controle poltico, mas em que a sua funo relativamente sdecises de produzir no substituda pelo controle centralizado das quantidadesproduzidas5 4 . interessante notar que, apesar da ruptura do sistema poltico, o sistemaeconmico no que diz respeito a este ponto ou a o utros j atrs referidos (v . g.,os inv estimentos no s sectores bsicos) no ter sofrido uma com parvel revo -luo. Efectivamente, a economia corporativa do Estado Novo tambm se podequalificar para a designao de economia de mercado politizada. Embora ocondicionamento industrial implicasse de alguma forma o controle da produo,isso s se fazia a nvel da capacidade instalada, enquanto os preos eram, tantoquanto se sabe, efectivamente controlados, sendo isso igualmente justificado porrazes de ordem distributiva, agora debaixo da ideia de preo justo.Sem querer empolar as semelhanas dos regimes econmicos anterior e pos-terior revoluo, deve ainda referir-se uma outra que se reporta igualmente

    52 B a n c o M u n d i a l ( 1 9 8 1 , p p . 2 - 4 ) .53 V . B a n c o M u n d i a l ( 1 9 8 1 , p . 6 7 ) .9 5 2 54 K r u g m a n e M a c e d o ( 1 9 8 1 , p . 5 4 ) .

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    P edro Lainsassim como da economia e da indstria em Portugal. Com isso no quisemoschegar a concluses definitivas, mas sim ordenar alguns factos a partir dos quaisse pudessem estabelecer algumas relaes importantes.O resultado mais interessante diz respeito importncia dos comportamen-tos demogrficos para a evoluo dos nveis de produtividade do trabalho e,mais importante talvez, para a transformao da estrutura da indstria portugue-sa. A ideia de que Portugal um pas de mo-de-obra barata relativamente aosseus principais parceiros comerciais , em termos gerais, correcta. Dessa ideiano resulta necessariamente, contudo, a concluso de que o crescimento indus-trial deve obrigatoriamente concentrar-se nos sectores de utilizao mais inten-siva de mo-de-obra, por oposio aos de maior uti l izao de capital , uma vezque no interessam apenas os nveis relativos desses factores em determinadomomento, mas tambm as diferenas nos respectivos ritmos de crescimento aolongo do tempo.

    A emigrao, que se reflectiu na curva da evoluo da populao portuguesaat 1973, implicou um baixo crescimento da mo-de-obra e, porventura, o seuencarecimento relativo. Esse facto ter levado necessidade de investir em sec-tores de maior utilizao relativa de capital, parte dos quais promovidos peloEstado, sob os auspcios de polticas econmicas rotuladas de diferentes modos.Mais do que vontade de favorecer interesses econmicos ou de controlar deter-minados sectores econmicos, os investimentos do Estado Novo na chamadaindstria pesada e a criao de grupos econmicos privados em sectores comoa siderurgia, a indstria qumica ou a construo nav al, com o se verificou a partirda dcada de 60, podem estar associados ao fraco crescimento da mo-de-obraresultante da emigrao. Deve notar-se que neste caso possvel defender ahiptese de que a emigrao foi de facto a causa, e no a consequncia, uma vezque ela foi determinada por um factor exgeno, a saber, o diferencial de produ-tividade, traduzido no diferencial de salrios, entre as economias europeias dosegundo ps-guerra e Portugal, e o excesso de procura de trabalho na Europa dops-guerra.Parte considervel do fraco crescimento da produtividade industrial em Por-tugal a partir de 1973 deveu-se precisamente ao reverso do que acontecera noperodo anterior, isto , ao fim da emigrao e ao retorno de populao dasantigas colnias. Portugal teve de suportar o maior crescimento demogrficoregistado na Europa ocidental neste perodo. Apesar de o produto nacional por-tugus ter sido aquele que mais cresceu no quadro dos pases com que se com-parou neste artigo, por causa do crescimento da populao, o crescimento derendimento per cap i ta foi dos mais baixos. Do mesmo modo, o crescimento daprodutividade industrial foi afectado pelo facto de a mo-de-obra empregue nosector ter crescido consideravelmente, ao contrrio do que sucedeu nos outrospases.Pode ser que o perodo decorrido desde o fim da Segunda Guerra Mundialaos nossos dias tenha sido demasiadamente curto para que Portugal vencesse o954 desnvel de rendimento mdio relativamente s economias mais desenvolvidas da

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    O Estado e a industrial izao em PortugalEuropa ocidental. Se isso verdade, torna-se escusado andar procura de causasde atraso para a industrializao da economia portuguesa.Se esquecermos o problema do atraso, podemos encontrar alguns sinais derelativo sucesso da economia portuguesa e da sua indstria, entre os quais seencontram as elevadas taxas de crescimento verificadas nas mais de duas dcadasat 1973, assim como a adaptao s mudanas da economia internacional depoisdesse ano. Contudo, o sucesso, em absoluto, foi o facto de a economia ter sidocapaz de absorver em larga medida o aumento da oferta de trabalho, resultantedas alteraes nas correntes migratrias, e no de quaisquer medidas de polticaeconmica, mesmo que isso tenha sido feito custa de um menor crescimentoda produtividade do trabalho e do produto nacional.

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