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 157 FEV/15 QUESTÕES PRÁTIC S QUESTÕES PRÁTICAS Para exemplicar, observe-se a seguinte grade classicatória c cia: Classicação Licitantes Produto manufaturado Valor ofertado Empresa comum “ A” Estr angeiro R$ 150,00 Empresa comum “BNacional R$ 155,00 Empresa comum “CNacional R$ 158,00 4º Microempresa “D” Nacional R$ 160,00 Emp re sa co mum “ E” Est r an ge iro R$ 17 0, 00 Microempresa “F” Nacional R$ 172,00 Microempresa “G” Estrangeiro R$ 180,00 8º Empresa comum “HNacional R$ 195,00 9º Empresa Comum “INacional R$ 198,00 De acordo com essa grade classicatória, e rea- lizado o cálculo de 20% sobre a proposta de menor valor (empresa “A ”), nos termos previstos no decreto em estudo, a margem de preferência previst a deverá ser concedida às empresas nacionais que es tverem dentro desse porcentual. No exemplo exposto, portan- to, alcançará as empresas “B”, “C”, “D” e “F”. Uma vez denida esta segunda grade, de modo que o preço ofertado pela, in casu, empresa “B” passa a ser considerado o de menor valor, caberá à Administração veri car se há ME ou EPPs, para ns de aplicação do art. 44 da LC nº 123/2006.  Assim, considerando-se a necessidade de aplicar a LC nº 123/2006, e se a licitação tver sido instaurada em uma das modalidades tradicionais, deverá ser con- ferido à microempresa “D” o direito de preferência, haja vista estar dentro do porcentual de 10% . Esta po- derá cobrir o preço ofertado pela empresa comum “B”. Se esta microempresa “D” cobrir a oferta da em- presa comum “B”, nos termos estabelecidos na LC nº 123/2006, a ME lograr-se-á vencedora do certame. Caso esta não cubra a proposta, e não havendo mais ME/EPP dentro do porcentual de 10%, a Administra- ção deverá retomar a margem de preferência prevista no decreto à empresa comum “B”. Em sendo adotado o pregão, nenhuma das MEs estaria enquadrada no porcentual de 5% no exemplo dado, e, portanto, passaria diretamente a margem de preferência do decreto em análise à empresa co- mum “B”, sagrando-se vencedora do certame, desde que atendidos os reclames habilitatórios, bem como a apresentação da declaração de cumprimento de regras de origem, na forma prevista pelo inc. II do § 2º do art. 2º do Dec. nº 7.756/2012. Desse modo, adotando-se esse procedimento, entende-se restarem respeitados tanto o direito de prefer ência do Dec. nº 7.756/2012 em análise quanto o direito de preferência da LC nº 123/2006 . Estatuto da Microempresa. Interpretação da nova redação do art. 48, incs. I e III, da LC nº 123/2006 dada pela LC nº 147/2014. Obrigatoriedade na ex- clusividade de partcipação de ME e EPP no processo licitatório cujo valor estmado do objeto não supere R$ 80.000,00. Aplicabilidade das novas regras inde- pendentemente de regulamentação. Tendo em vista a promulgação da LC nº 147/2014 que, entre outros, alterou o art. 48, inc. I, da LC nº 123/2006, há obriga- toriedade na exclusividade de par tcipação de ME e EPP nas licitações na modalidade convite? A cota de até 25% prevista pelo inc. III do mesmo disposi tvo se aplica somente às outras modalidades licitatórias? Essas alterações já estão em vigor ou haverá alguma regulamentação? No que pertne à regra contda no art. 48, inc. I, da LC nº 123/2006, com a alteração empreendida pela LC nº 147/2014, tem-se que a obrigatoriedade para instauração de uma licitação exclusiva para ME e EPP está atrelada ao valor limite de R$ 80.000,00, e não à modalidade licitatória adotada. Vale dizer, o art. 48, inc. I, da LC nº 147/2014 estabelece a obrigação de instauração de uma licitação exclusiva para MEs e EPPs cuja contratação não supere o montante de R$ 80.000,00, independentemente do seu objeto e da modalidade licitatória adotada. Vale lembr ar que, nos termos do art. 22, § 3º , da Lei nº 8.666/1993, 5 convite é modalidade de licitação entre interessados do ramo pertnente ao seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e convidados em número mínimo de 3 (três) pela unidade administra tva, a qual axará, em local apropriado, cópia do instrumento convocatório e o estenderá aos demais cadastrados na correspon- dente especialidade que manifestarem seu interesse com antecedência de até 24 (vinte e quatro) horas da apresentação das propostas. Esta modalidade somente poderá ser aplicada para valores até R$ 80.000,00, no caso de compras e serviços comuns (art. 23, inc. II, al. a, da LCC), e até 5. Lei nº 8.666, de 21 de junho de 19 93.

Estatuto Da Microempresa. Interpretação Da Nova

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licitações micro empresa

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  • 157FEV/15

    QUESTES PRTICASQUESTES PRTICAS

    Para exemplifi car, observe-se a seguinte grade classifi catria fi ct cia:

    Classifi cao Licitantes Produtomanufaturado

    Valorofertado

    1 Empresa comum A Estrangeiro R$ 150,00

    2 Empresa comum B Nacional R$ 155,00

    3 Empresa comum C Nacional R$ 158,00

    4 Microempresa D Nacional R$ 160,00

    5 Empresa comum E Estrangeiro R$ 170,00

    6 Microempresa F Nacional R$ 172,00

    7 Microempresa G Estrangeiro R$ 180,00

    8 Empresa comum H Nacional R$ 195,00

    9 Empresa Comum I Nacional R$ 198,00

    De acordo com essa grade classifi catria, e rea-lizado o clculo de 20% sobre a proposta de menor valor (empresa A), nos termos previstos no decreto em estudo, a margem de preferncia prevista dever ser concedida s empresas nacionais que esti verem dentro desse porcentual. No exemplo exposto, portan-to, alcanar as empresas B, C, D e F.

    Uma vez defi nida esta segunda grade, de modo que o preo ofertado pela, in casu, empresa B passa a ser considerado o de menor valor, caber Administrao verifi car se h ME ou EPPs, para fi ns de aplicao do art. 44 da LC n 123/2006.

    Assim, considerando-se a necessidade de aplicar a LC n 123/2006, e se a licitao ti ver sido instaurada em uma das modalidades tradicionais, dever ser con-ferido microempresa D o direito de preferncia, haja vista estar dentro do porcentual de 10%. Esta po-der cobrir o preo ofertado pela empresa comum B.

    Se esta microempresa D cobrir a oferta da em-presa comum B, nos termos estabelecidos na LC n 123/2006, a ME lograr-se- vencedora do certame. Caso esta no cubra a proposta, e no havendo mais ME/EPP dentro do porcentual de 10%, a Administra-o dever retomar a margem de preferncia prevista no decreto empresa comum B.

    Em sendo adotado o prego, nenhuma das MEs estaria enquadrada no porcentual de 5% no exemplo dado, e, portanto, passaria diretamente a margem de preferncia do decreto em anlise empresa co-mum B, sagrando-se vencedora do certame, desde que atendidos os reclames habilitatrios, bem como a apresentao da declarao de cumprimento de regras de origem, na forma prevista pelo inc. II do 2 do art. 2 do Dec. n 7.756/2012.

    Desse modo, adotando-se esse procedimento, entende-se restarem respeitados tanto o direito de preferncia do Dec. n 7.756/2012 em anlise quanto o direito de preferncia da LC n 123/2006.

    Estatuto da Microempresa. Interpretao da nova redao do art. 48, incs. I e III, da LC n 123/2006 dada pela LC n 147/2014. Obrigatoriedade na ex-clusividade de parti cipao de ME e EPP no processo licitatrio cujo valor esti mado do objeto no supere R$ 80.000,00. Aplicabilidade das novas regras inde-pendentemente de regulamentao. Tendo em vista a promulgao da LC n 147/2014 que, entre outros, alterou o art. 48, inc. I, da LC n 123/2006, h obriga-toriedade na exclusividade de parti cipao de ME e EPP nas licitaes na modalidade convite? A cota de at 25% prevista pelo inc. III do mesmo dispositi vo se aplica somente s outras modalidades licitatrias? Essas alteraes j esto em vigor ou haver alguma regulamentao?

    No que perti ne regra conti da no art. 48, inc. I, da LC n 123/2006, com a alterao empreendida pela LC n 147/2014, tem-se que a obrigatoriedade para instaurao de uma licitao exclusiva para ME e EPP est atrelada ao valor limite de R$ 80.000,00, e no modalidade licitatria adotada. Vale dizer, o art. 48, inc. I, da LC n 147/2014 estabelece a obrigao de instaurao de uma licitao exclusiva para MEs e EPPs cuja contratao no supere o montante de R$ 80.000,00, independentemente do seu objeto e da modalidade licitatria adotada.

    Vale lembrar que, nos termos do art. 22, 3, da Lei n 8.666/1993,5

    convite modalidade de licitao entre interessados do ramo perti nente ao seu objeto, cadastrados ou no, escolhidos e convidados em nmero mnimo de 3 (trs) pela unidade administrati va, a qual afi xar, em local apropriado, cpia do instrumento convocatrio e o estender aos demais cadastrados na correspon-dente especialidade que manifestarem seu interesse com antecedncia de at 24 (vinte e quatro) horas da apresentao das propostas.

    Esta modalidade somente poder ser aplicada para valores at R$ 80.000,00, no caso de compras e servios comuns (art. 23, inc. II, al. a, da LCC), e at

    5. Lei n 8.666, de 21 de junho de 1993.

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    QUESTES PRTICASQUESTES PRTICAS

    R$ 150.000,00, para a execuo de obras ou servios de engenharia (art. 23, inc. I, al. a, da LCC).

    Tem-se que as licitaes processadas por meio do convite para aquisio de bens ou prestao de servi-os comuns, cujo montante esti mado da contratao seja de at R$ 80.000,00, necessariamente devero ser desti nadas s MEs e EPPs. J na licitao proces-sada pela modalidade convite, cujo objeto almejado seja obra ou servio de engenharia, a obrigatoriedade da exclusividade para ME e EPP depender do valor esti mado da contratao. Em se tratando de licitao por itens, a obrigatoriedade de instaurao de uma licitao exclusiva dever ser avaliada em face do valor esti mado do item, independentemente da modalidade licitatria adotada.

    Reitere-se, portanto, que a obrigatoriedade de exclusividade de licitao para ME e EPP ocorre em razo do valor esti mado da licitao, e no em razo da modalidade adotada, nada obstando que esta seja processada por meio de prego, tomada de preos ou at mesmo concorrncia, e mesmo assim ser exclusiva para ME e EPP.

    Em relao ao art. 48, inc. III, da LC n 123/2006, a nova redao estabelece a obrigatoriedade de contem-plao de cota de at 25% do objeto para a contratao de MEs e EPPs nas aquisies de natureza divisvel. Na prti ca, essa previso legal tem o objeti vo de ampliar o universo de competi dores, criando, em favor de peque-nos e microempresrios, um acesso mais constante s licitaes pblicas. Assim, uma parcela do objeto deve-r obrigatoriamente ser direcionada s MEs e EPPs, nas hipteses em que o bem a ser adquirido seja divisvel e possa ser adquirido separadamente. E, assim como acima exposto, esse critrio independe da modalidade licitatria adotada.

    Vale salientar, por fi m, que as regras conti das nos arts. 47 e 48 da LC n 123/2006 (insero feita pela LC n 147/2014) independem de regulamentao. O pargr afo nico do art. 47 dessa lei, por sua vez, esta-belece que,

    no que diz respeito s compras pblicas, enquanto no sobrevier legislao estadual, municipal ou re-gulamento especfi co de cada rgo mais favorvel microempresa e empresa de pequeno porte, aplica-se a legislao federal.

    Estatuto da Microempresa. Art. 48, inc. III, da LC n 123/2006. Estabelecimento de cota de at 25% para aquisio de bens de natureza divisvel. Em ob-servncia ao art. 48, inc. III, da LC n 123/2006, com a nova redao dada pela LC n 147/2014, em um pro-cedimento licitatrio para aquisio de bens de natu-reza divisvel, cujo valor esti mado da contratao de R$ 4.000.000,00, foi estabelecida cota de 25% do obje-to para a contratao de MEs e EPPs, o que representa uma licitao no vultoso valor de R$ 1.000.000,00. As-sim, questi ona-se: est correto o procedimento, tendo em vista o desrespeito ao valor de R$ 80.000,00 im-posto pelo inc. I do art. 48 do mesmo diploma legal?

    As hipteses de licitaes diferenciadas contem-pladas no art. 48 da LC n 123/2006, com as alteraes empreendidas pela LC n 147/2014, so disti ntas e no se confundem.

    Considerando-se o exemplo citado, vale dizer, objeti vando a Administrao adquirir bens de natureza divisvel, cujo valor esti mado da contratao seja de R$ 4.000.000,00, a instaurao de uma licitao exclusiva para MEs e EPPs, com fundamento no art. 48, inc. I, da LC n 123/2006, restar afastada, j que supera o valor de R$ 80.000,00. Caber Administrao, entretanto, e em cumprimento ao disposto no inc. III do art. 48 da lei complementar em estudo, calcular 25% do quanti ta-ti vo deste objeto e desti n-lo a MEs e EPPs, ainda que o resultado desse clculo supere o valor esti mado de R$ 80.000,00 para esta contratao, vale dizer, a lici-tao diferenciada a que alude o inc. III do art. 48 no estar atrelada ao limite de R$ 80.000,00.

    Note-se, portanto, que: (i) a base de clculo a ser considerada pela Administrao para fi ns de defi nio da parcela a ser desti nada a estas pequenas empre-sas no ser o valor estimado da contratao, mas, sim, o quantitativo desse objeto; logo, poder no corresponder a R$ 1.000.000,00; (ii) a instaurao de uma licitao diferenciada fundada no inc. III do art. 48 em exame independe do valor estimado obtido para esta contratao especfica, ou seja, no est vinculada ao limite de R$ 80.000,00 estabelecido no art. 48, inc. I, da lei complementar em estudo.

    A adoo deste procedimento possibilitar, ou-trossim, e por fi m, que se sagrem vencedoras da disputa at duas empresas diversas, eventualmente com dois preos disti ntos, um no tocante cota de at