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ESTATUTO DA TERRA MS. GLAUCIA MARTINS BATALHA

Estatuto Da Terra

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ESTATUTO DA TERRAMS. GLAUCIA MARTINS BATALHA

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Em 10 de novembro de 1964 foi promulgada a Emenda Constitucional n° 10, que possibilitou a inserção na competência da União de legislar sobre Direito Agrário.

Logo depois, o Estatuto da Terra foi criado pela Lei 4.504, de 30-11-1964.

Importa notar que no momento de edição de ambas o Brasil se encontrava em uma nova estrutura de poder, qual seja, o regime militar.

1. INTRODUÇÃO

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Pode-se dizer portanto que o Estatuto da Terra trata-se de obra do regime militar que acabava de ser instalado no país através do golpe militar de 31-3-1964.

OBS:Na verdade, a criação do Estatuto da Terra está intimamente ligada ao clima de insatisfação reinante no meio rural brasileiro e ao temor do governo e da elite conservadora pela eclosão de uma revolução camponesa.

A criação do Estatuto da Terra e a promessa de uma reforma agrária foi a estratégia utilizada pelos governantes para apaziguar, os camponeses e tranqüilizar os grandes proprietários de terra.

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Em sendo assim, o Estatuto da Terra nasceu com o escopo de disciplinar o uso, ocupação e relações fundiárias no país.

As metas estabelecidas pelo Estatuto da Terra eram basicamente duas:

1) a execução de uma reforma agrária; e o 2) desenvolvimento da agricultura.

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É o que podemos retirar da mensagem nº 33, na exposição de motivos do Estatuto do Terra, no item “O PROBLEMA POLÍTICO E SOCIAL”. Vejamos:

5. São óbvias as razões para essa atribuição de prioridade. A necessidade de se dar à terra uma nova regulamentação, modificando-se a estrutura agrária do País, é de si mesma evidente, ante os anseios de reforma e justiça social de regiões de assalariados, parceiros, arrendatários, ocupantes e posseiros que não vislumbram, nas condições atualmente vigentes no meio rural, qualquer perspectiva de se tornarem proprietários da terra que cultivam. A ela se soma, entretanto, no sentido de acentuar-lhe a urgência, a exasperação das tensões sociais criadas, quer pelo inadequado atendimento das exigências normais no meio agrário, como assistência técnica e financiamentos, quer pela proposital inquietação, quer para fins políticos subalternos, o Governo anterior propagou pelas áreas rurais do País, contribuindo para desorganizar o sistema de produção agrícola existente, sem o substituir por outro mais adequado.

 

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6. Ao invés de dar ao problema uma solução de direção e construção, a ação governamental só se exerceu na exasperação das tensões no agravamento das contradições do sistema rural brasileiro, levando a inquietação a toda a parte, tanto ao campo como às áreas urbanas, tão dependentes de abastecimento na interdependência que a industrialização e a concentração urbana estabelecem com relação ao sistema agrícola.

7. As tentativas de solução por encaminhamento do Governo revelaram-se todas irrealistas e inviáveis, já que o de que se cuidava era menos de encontrar a fórmula ou fórmulas de equilíbrio, do que excitar expectativas, acenar com perspectivas de favorecimento de classes em detrimento de outras, sem sinceridade e sem o propósito de resolver o problema com equanimidade e dentro de nossas possibilidades reais. Não é lícito, porém, utilizar-se o desamparo e o desespero do povo como armas políticas. Não é honesto criar perspectivas risonhas, mas vãs e temerárias. Menos ainda quando se trata de classes desfavorecidas que não devem ser enganadas com ilusórias esperanças.

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  8. Foi esse o ambiente social político que o atual

Governo encontrou implantado no País com relação a problema tão grave e profundo. Não poderia o Governo permitir que o problema da Reforma Agrária continuasse sendo simplesmente verbalizado por políticos inescrupulosos, que num acinte às próprias idéias que pregavam, adquiriam imensos latifúndios. Por isso, tratou de dar prioridade absoluta à questão, estudando e encaminhando soluções econômicas e jurídicas dentro das reais possibilidades do País, conjugando fórmulas tendentes a forçar as atuais estruturas agrárias a uma rápida e efetiva modificação, como se verá no exame que adiante se fará do projeto. Quer, antes, caracterizar esta proposição como uma realística, equilibrada, honesta e correta solução do problema agrário brasileiro.

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OBS3: Tais motivos políticos vieram modificar todo sistema agrário até então vigente.

Do autonomismo do Direito Civil, passou-se para um dirigismo estatal do Direito Agrário. Ou seja, afastou-se o sistema de liberdade de ação das partes em qualquer questão agrária, para uma forte e coercitiva tutela estatal de proteção favorável ao trabalhador rural.

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OBS4: Ressalta-se que o Estatuto da Terra foi o primeiro instrumento a definir a função social da propriedade rural. Apesar da sua inserção no direito brasileiro ter ocorrido na Constituição Federal de 1937.

Além disso, pela primeira vez um instrumento jurídico buscou proteger os recursos naturais, ao inserir sua conservação como elemento para atender a função da propriedade. Considerou a conservação dos recursos naturais dever do proprietário.