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Estatuto Das Familias

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Porto Alegre, 2007

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Editora Magister Ltda.Alameda Coelho Neto, 20 / 3º andar

Porto Alegre – RS – [email protected]

www.editoramagister.com

IBDFAM – Instituto Brasileiro de Direito de FamíliaRua Tenente Brito Melo, 1223 / loja 06

Belo Horizonte – MG – [email protected]

www.ibdfam.org.br

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O Estatuto das FamíliasA complexidade da sociedade contemporânea

incita transformações de diversas ordens que inci-dem diretamente na realidade sociocultural e pri-vada dos cidadãos. Novos arranjos e composiçõesfamiliares se materializaram sem que a Lei tivessetempo de prever e proteger seus direitos. A garan-tia dessa pluralidade se encontra ameaçada, sendomister e oportuno um ordenamento jurídico bra-sileiro mais humanitário e inclusivo.

Atento às transformações, o IBDFAM, de acor-do com seus objetivos institucionais, desde marçode 2007, vem trabalhando na construção de umprojeto de lei para a criação do Estatuto das Famí-lias. Uma nova legislação que visa positivar um Di-reito de Família mais adequado às necessidades e àrealidade da sociedade contemporânea. Mais queuma reforma no Código Civil, o projeto desmem-bra o título que trata do Direito de Família e reestru-tura toda a matéria, criando um estatuto autônomo,com novas regras materiais e processuais.

O Estatuto das Famílias, além de incorporarvários projetos de lei específicos que tramitam noCongresso Nacional, busca soluções para conflitos

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e demandas familiares, a partir de novos valoresjurídicos como o afeto, o cuidado, a solidariedade ea pluralidade.

Preocupado não apenas em assegurar direitos,mas também em efetivá-los, o Estatuto regulou osaspectos processuais e procedimentais. Optou-se pelaceleridade, simplicidade, informalidade, fungibilidadee economia processual a fim de proporcionar a efeti-va concretização dos princípios constitucionais daigualdade, dignidade e solidariedade familiar.

No desafio de garantir essa tão sonhada plura-lidade, o IBDFAM contou com o apoio de cerca de4.000 associados que compõe o quadro social daentidade e, ainda, com a participação de centenasde juristas, professores e estudiosos do Direito deFamília do País.

O sopro de transformação já está dado. O Esta-tuto das Famílias já tramita no Congresso Nacional.Como um presente de aniversário, o projeto de leifoi protocolado no dia em que o IBDFAM comple-tou dez anos. Ainda há um longo caminho a trilhar...

Comissão de SistematizaçãoGiselda Maria Fernandes Novaes Hironaka (SP)

Luiz Edson Fachin (PR)Maria Berenice Dias (RS)

Paulo Luiz Netto Lôbo (AL)Rodrigo da Cunha Pereira (MG)

Rolf Madaleno (RS)Rosana Fachin (PR)

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Estatuto das Famílias:Justificativa

Razões fundamentais

O Livro de Direito de Família do Código Civilde 2002 foi concebido pela Comissão coordenadapor Miguel Reale no final dos anos sessenta e iní-cio dos anos setenta do século passado, antes dasgrandes mudanças legislativas sobre a matéria, nospaíses ocidentais, e do advento da Constituição de1988. O paradigma era o mesmo: família patriar-cal, apenas constituída pelo casamento, desigual-dade dos cônjuges e dos filhos, discriminação apartir da legitimidade da família e dos filhos, sub-sistência dos poderes marital e paternal. A partir daConstituição de 1988 operou-se verdadeira revo-lução copernicana, inaugurando-se paradigma fa-miliar inteiramente remodelado, segundo asmudanças operadas na sociedade brasileira, funda-do nos seguintes pilares: comunhão de vida conso-lidada na afetividade e não no poder marital oupaternal; igualdade de direitos e deveres entre oscônjuges; liberdade de constituição, desenvolvi-mento e extinção das entidades familiares; igualda-de dos filhos de origem biológica ou socioafetiva;garantia de dignidade das pessoas humanas que a

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integram, inclusive a criança, o adolescente e o ido-so. Nenhum ramo do Direito foi tão profundamen-te modificado quanto o direito de família ocidentalnas três últimas décadas do século XX.

Durante a tramitação do projeto do CódigoCivil no Congresso Nacional, após a Constituiçãode 1988, o Senado Federal promoveu esforço her-cúleo para adaptar o texto antes dela elaborado asuas diretrizes. Todavia, o esforço resultou frustran-te pois não se poderia adaptar institutos que apenasfaziam sentido como expressão do paradigma fa-miliar anterior à nova realidade, exigente de princí-pios, categorias e institutos jurídicos diferentes. Adoutrina especializada demonstrou à saciedade ainadequação da aparente nova roupagem normativa,que tem gerado intensas controvérsias e dificuldadesem sua aplicação.

Ciente desse quadro consultei o Instituto Bra-sileiro de Direito de Família-IBDFAM, entidadeque congrega cerca de 4.000 especialistas, profis-sionais e estudiosos do direito de família, e que tam-bém tenho a honra de integrar, se uma revisãosistemática do Livro IV da Parte Especial do Códi-go Civil teria o condão de superar os problemasque criou. Após vários meses de debates a comis-são científica do IBDFAM, ouvindo os membrosassociados, concluiu que, mais que uma revisão,seria necessário um estatuto autônomo, desmem-

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brado do Código Civil, até porque seria impres-cindível associar as normas de direito material comas normas especiais de direito processual. Não émais possível tratar questões visceralmente pesso-ais da vida familiar, perpassadas por sentimentos,valendo-se das mesmas normas que regulam asquestões patrimoniais, como propriedades, contra-tos e demais obrigações. Essa dificuldade, inerenteàs peculiaridades das relações familiares, tem esti-mulado muitos países a editarem códigos ou leisautônomos dos direitos das famílias.

Outra razão a recomendar a autonomia legalda matéria é o grande número de projetos de leisespecíficos, que tramitam nas duas Casas Legislati-vas, propondo alterações ao Livro de Direito deFamília do Código Civil, alguns modificando radi-calmente o sentido e o alcance das normais atuais.Uma lei que provoca a demanda por tantas mu-danças, em tão pouco tempo de vigência, não podeser considerada adequada.

Eis porque, também convencido dessas razões,submeto o presente projeto de lei, como Estatutodas Famílias, traduzindo os valores que estão con-sagrados nos princípios emergentes dos arts. 226 a230 da Constituição Federal. A denominação utili-zada, “Estatuto das Famílias”, contempla melhor aopção constitucional de proteção das variadas enti-dades familiares. No passado, apenas a família cons-

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tituída pelo casamento – portanto única – era obje-to do direito de família.

Optou-se por uma linguagem mais acessível àpessoa comum do povo, destinatária maior dessasnormas, evitando-se termos excessivamente técni-cos ou em desuso. Assim, por exemplo, em vez dedizer “idade núbil” alude-se a casamento da pessoarelativamente incapaz.

Entidades familiaresO Código Civil é iniciado com o casamento,

tal qual o Código de 1916, indiferente ao comandoconstitucional de tutela das demais entidades. OEstatuto, diferentemente, distribui as matérias, de-dicando o Título I a normas e princípios gerais apli-cáveis às famílias e às pessoas que as integram.Acompanhando os recentes Códigos e leis geraisde direito de família, o Estatuto enuncia em segui-da as regras gerais sobre as relações de parentesco.O título destinado às entidades familiares estabele-ce diretrizes comuns a todas elas, após o que passaa tratar de cada uma. Além do casamento, o Estatu-to sistematiza as regras especiais da união estável,da união homoafetiva e da família parental, na qualse inclui a família monoparental.

A Constituição atribui a todas as entidades fa-miliares a mesma dignidade e igual merecimentode tutela, sem hierarquia entre elas.

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Casamento, regime de bens e divórcio

O Capítulo do casamento é o mais extenso, dadaa importância que a sociedade brasileira a ele desti-na, sistematizando todas as matérias anexas ou co-nexas, de modo seqüenciado: existência, validade,eficácia, regime de bens, divórcio e separação. Aseparação dessas matérias feita pelo Código Civil,em direitos pessoais e direitos patrimoniais, não foibem recebida pela doutrina especializada, dada ainterconexão entre ele e o papel instrumental dossegundos. Além do mais, considerando que cadacidadão brasileiro integra ao menos uma família, alei deve ser compreensível pelo homem comumdo povo e não contemplar discutível opção doutri-nária.

Foram suprimidas as causas suspensivas do ca-samento, previstas no Código Civil, porque nãosuspendem o casamento, representando, ao con-trário, restrições à liberdade de escolha de regimede bens. Os impedimentos ao casamentos foramatualizados aos valores sociais atuais, com redaçãomais clara.

Simplificaram-se as exigências para a celebra-ção do casamento, civil ou religioso, e para o regis-tro público, com maior atenção aos momentos desua eficácia. Procurou-se valorizar a atuação do juizde paz na celebração do casamento civil.

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Suprimiu-se o regime de bens de participaçãofinal nos aqüestos, introduzido pelo Código Civil,em virtude de não encontrar nenhuma raiz na cul-tura brasileira e por transformar os cônjuges emsócios de ganhos futuros reais ou contábeis, poten-cializando litígios. Mantiveram-se, assim, os regi-mes de comunhão parcial, comunhão universal eseparação total. Por seu caráter discriminatório eatentatório à dignidade dos cônjuges, também foisuprimido o regime de separação obrigatório, quea Súmula 377 do STF tinha praticamente converti-do em regime de comunhão parcial. Definiu-se,com mais clareza, quais os bens ou valores que es-tão excluídos da comunhão parcial, tendo em vistaas controvérsias jurisprudenciais e a prática de so-negação de bens que devem ingressar na comunhão.

Privilegiou-se o divórcio como meio mais ade-quado para assegurar a paz dos que não mais dese-jam continuar casados, definindo em regras simplese compreensíveis os requisitos para alcançá-lo. Evi-tou-se, tanto no divórcio quanto na separação, ainterferência do Estado na intimidade do casal, fi-cando vedada a investigação das causas da separa-ção, que não devem ser objeto de publicidade. Oque importa é assegurar-se o modo de guarda dosfilhos, no melhor interesse destes, a fixação ou dis-pensa dos alimentos entre os cônjuges, a obrigaçãoalimentar do não-guardião em relação aos filhos

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comuns, a manutenção ou mudança do nome defamília e a partilha dos bens comuns.

A separação, o divórcio, a mudança de regimede bens extrajudiciais, mediante escritura pública,receberam regulamentação mais detida, quanto àsua facilitação, seus efeitos e à preservação dos in-teresses dos cônjuges e de terceiros.

União estável

O Estatuto procurou eliminar todas as assime-trias que o Código Civil ostenta em relação à uniãoestável, no que concerne aos direitos e deveres co-muns dos conviventes, em relação aos idênticosdireitos e deveres dos cônjuges. Quando a Consti-tuição se dirige ao legislador para que facilite a con-versão da união estável para o casamento, nãoinstitui aquela em estágio provisório do segundo.Ao contrário, a Constituição assegura a liberdadedos conviventes de permanecerem em união está-vel ou a converterem em casamento. Da mesmamaneira, há a liberdade de os cônjuges se divorcia-rem e constituírem em seguida, ou tempos depois,união estável entre eles, se não desejarem casar no-vamente. Uniformizaram-se os deveres dos convi-ventes, entre si, em relação aos deveres conjugais.

Optou-se por determinar que a união estávelconstitui estado civil de “convivente”, retomando-

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se a denominação inaugurada com a Lei nº 9.263/1996, que parece alcançar melhor a significação decasal que convive em união afetiva, em vez de com-panheiro, preferida pelo Código Civil. Por outrolado, o convivente nem é solteiro nem casado, de-vendo explicitar que seu estado civil é próprio,inclusive para proteção de interesses de terceiros comquem contrai dívidas, relativamente ao regime dosbens que por estas responderão.

União homoafetiva

O estágio cultural que a sociedade brasileiravive, na atualidade, encaminha-se para o pleno re-conhecimento da união homoafetiva como entida-de familiar. A norma do art. 226 da Constituição éde inclusão – diferentemente das normas de exclu-são das Constituições pré-1988 –, abrigando gene-rosamente os arranjos familiares existentes nasociedade, ainda que diferentes do modelo matri-monial. A explicitação do casamento, da união es-tável e da família monoparental não exclui as demaisque se constituem como comunhão de vida afeti-va, com finalidade de família, de modo público econtínuo. Em momento algum a Constituição vedao relacionamento de pessoas do mesmo sexo. Ajurisprudência brasileira tem procurado preenchero vazio normativo infraconstitucional, atribuindo

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efeitos pessoais e familiares às relações entre essaspessoas. Ignorar essa realidade é negar direitos àsminorias, incompatível com o Estado Democráti-co. Tratar essas relações cuja natureza familiar saltaaos olhos como meras sociedades de fato, como seas pessoas fossem sócios de uma sociedade de finslucrativos, é violência que se perpetra contra o prin-cípio da dignidade das pessoas humanas, consagra-do no art. 1º, III, da Constituição. Se esses cidadãosbrasileiros trabalham, pagam impostos, contribu-em para o progresso do país, é inconcebível inter-ditar-lhes direitos assegurados a todos, em razão desuas orientações sexuais.

Filiação

A filiação é tratada de modo igualitário, poucoimportando a origem consangüínea ou socioafeti-va (adoção, posse de estado de filho ou insemina-ção artificial heteróloga). Almeja-se descortinar osparadigmas parentais, materno-filiais e paterno-fi-liais que podem apreender, no plano jurídico, a fa-mília como realidade socioafetiva, coerente com otempo e o espaço do Brasil de hoje, recebendo aincidência dos princípios norteadores da superaçãode dogmas preconceituosos.

Procurou-se distinguir com clareza, para se evi-tar as contradições jurisprudenciais reinantes nesta

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matéria, o que é dever de registro do nascimento,reconhecimento voluntário do filho, investigaçãojudicial de paternidade ou maternidade e impug-nação da paternidade e da maternidade ou da filia-ção. Nenhuma impugnação deve prevalecer quandose constatar a existência de posse de estado da filia-ção, consolidada na convivência familiar duradou-ra. A presunção da paternidade e da maternidade,antes fundada na necessidade de se apurar a legiti-midade do filho, passou a ser radicada na convi-vência dos pais durante a concepção, sejam elescasados ou não.

Abandonou-se a concepção de poder dos paissobre os filhos para a de autoridade parental, que,mais do que mudança de nomenclatura, é a vira-gem para a afirmação do múnus, no melhor inte-resse dos filhos, além de contemplar a solidariedadeque deve presidir as relações entre pais e filhos. Odireito de visita, já abandonado pelas legislaçõesrecentes, é substituído pelo direito à convivênciado pai não-guardião em relação ao filho e deste emrelação àquele. Os pais se separam entre si, mas nãodos filhos, que devem ter direito assegurado decontato e convivência com ambos. Também é esti-mulada, sempre que possível, a guarda comparti-lhada, no melhor interesse dos filhos.

A tutela das crianças e adolescentes teve suasregras simplificadas, procurando harmonizá-las

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com as constantes no Estatuto da Criança e do Ado-lescente, eliminando-se requisitos que se revelaraminúteis ou inibidores desse relevante múnus.

Quanto à adoção, e para se evitar as colisõescom o modelo sistematizado no Estatuto da Crian-ça e do Adolescente ou o paralelismo legal hoje exis-tente, ficaram enunciados neste projeto de Estatutoas normas e princípios gerais, disciplinando-se aadoção de maiores e remetendo-se ao ECA a ado-ção de crianças e adolescentes.

Alimentos

Os alimentos tiveram como matriz a máximarealização da solidariedade familiar, eliminando-seos resquícios de causas ou condições discriminató-rias. Manteve-se a obrigação alimentar, infinitamen-te, entre os parentes em linha reta e entre irmãos.Limitou-se em 25 anos a presunção de necessidadealimentar do filho, quando em formação educaci-onal. A partir daí exige-se a comprovação da neces-sidade. Esclareceu-se que a obrigação alimentar dosparentes em grau maior, por exemplo dos avós emrelação aos netos, é complementar, se os pais nãopuderem atendê-la integralmente.

Foi limitada a irrenunciabilidade dos alimen-tos à obrigação decorrente do parentesco, bem comose aboliu a vetusta idéia de valorar a culpa no rom-

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pimento das relações afetivas, eis que nada agregaao direito familiar.

Bem de família

O Estatuto não mais cuida do chamado bemde família voluntário ou convencional, de escassautilidade ou utilização na sociedade brasileira, prin-cipalmente por suas exigências formais e por geraroportunidades de fraudes a terceiros. Concluiu-seque a experiência vitoriosa do bem de família legal,introduzido pela Lei nº 8.009/1990, consulta sufi-cientemente o interesse da família em preservar daimpenhorabilidade o imóvel onde reside, sem qual-quer necessidade de ato público prévio e com ade-quada preservação dos interesses dos credores.

Curatela

A continuidade da curatela no âmbito do direi-to de família sempre foi objeto de controvérsiasdoutrinárias. Optou-se por mantê-la assim, tendoem vistas que as interferências com as relações fa-miliares são em maior grau.

Processo, procedimentos e revogações

O Estatuto está dividido em duas grandes par-tes, uma de direito material e outra de direito pro-

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cessual. Tal providência evita a confusão, ainda exis-tente no Código Civil, entre o que é constituição,modificação e extinção de direitos e deveres, de umlado, e os modos de sua tutela, principalmente ju-risdicional, de outro.

Na parte destinada ao processo e aos procedi-mentos, sistematizou-se os procedimentos disper-sos no próprio Código Civil, no Código de ProcessoCivil e em leis especiais, que restarão ab-rogadosou derrogados. Por exemplo, a habilitação para ocasamento, que o Código Civil trata em minúcias,é procedimento e não direito material.

Este Estatuto considera o processo como pro-cedimento em contraditório. Na ausência de con-traditório, tem-se apenas procedimento emsubstituição à antiga jurisdição graciosa ou volun-tária. As regras de processo e de procedimentos nasrelações de família não podem ser as mesmas doprocesso que envolve disputas patrimoniais, por-que os conflitos familiares exigem resposta diferen-ciada, mais rápida e menos formalizada, comoocorreu com o ECA. Daí a necessidade de concre-tizar os princípios da oralidade, celeridade, simpli-cidade, informalidade e economia processual, alémde preferência no julgamento dos tribunais. O Es-tatuto privilegia a conciliação, a ampla utilização deequipes multidisciplinares e o estímulo à mediaçãoextrajudicial.

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Por fim, são indicadas as leis e demais normasjurídicas que ficam revogadas expressamente, alémda cláusula geral de revogação tácita. A falta de re-vogação expressa de antigas leis sobre relações defamília tem levado a dúvidas, a exemplo da conti-nuidade ou não da vigência do Decreto-Lei nº3.200/1941, apesar do Código Civil de 2002.

Sala das Sessões, 25 de outubro de 2007.

Deputado Sérgio Barradas Carneiro

PT/BA

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Projeto de Lei Nº 2.285/2007(Do Dep. Sérgio Barradas Carneiro)

Título I – Das Disposições Gerais ...... arts. 1º a 9ºTítulo II – Das Relações DeParentesco ............................................... arts. 10 a 14Título III – Das Entidades Familiares arts. 15 a 69

Capítulo I – Das Disposições Comuns .. . arts. 15 a 20Capítulo II – Do Casamento ................... arts. 21 a 62

Seção I – Da Capacidade para oCasamento ........................................... art. 23Seção II – Dos Impedimentos .............. arts. 24 a 25Seção III – Das Provas do Casamento . arts. 26 a 27Seção IV – Da Validade do Casamento arts. 28 a 34Seção V – Dos Efeitos do Casamento .. arts. 35 a 37Seção VI – Dos Regimes de Bens ........ arts. 38 a 53

Subseção I – Disposições Comuns .... arts. 38 a 44Subseção II – Do Regime deComunhão Parcial ............................ arts. 45 a 50Subseção III – Do Regime daComunhão Universal ...................... arts. 51 a 52Subseção IV – Do Regime deSeparação de Bens ............................ art. 53

Seção VII – Do Divórcio e daSeparação ............................................. arts. 54 a 62

Subseção I – Do Divórcio .................. arts. 54 a 56Subseção II – Da Separação ................ arts. 57 a 58

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Subseção III – Disposições Comunsao Divórcio e à Separação ................. arts. 59 a 62

Capítulo III – Da União Estável ............. arts. 63 a 67Capítulo IV – Da União Homoafetiva .... art. 68Capítulo V – Da Família Parental ............ art. 69

Título IV – Da Filiação ......................... arts. 70 a 103Capítulo I – Disposições Gerais .............. arts. 70 a 77Capítulo II – Da Adoção .......................... arts. 78 a 86Capítulo III – Da Autoridade Parental .... arts. 87 a 95Capítulo IV – Da Guarda dos Filhos edo Direito de Convivência ..................... arts. 96 a 103

Título V – Da Tutela e da Curatela .... arts. 104 a 114Capítulo I – Da Tutela ............................. arts. 104 a 108Capítulo II – Da Curatela ........................ arts. 109 a 114

Título VI – Dos Alimentos ................... arts. 115 a 121Título VII – Do Processo e doProcedimento ......................................... arts. 122 a 266

Capítulo I – Disposições Gerais .............. arts. 122 a 137Capítulo II – Do Procedimento para oCasamento .............................................. arts. 138 a 163

Seção I – Da Habilitação ...................... arts. 138 a 145Seção II – Do Suprimento deConsentimento para o Casamento ..... art. 146Seção III – Da Celebração .................... arts. 147 a 152Seção IV – Do Registro do Casamento . arts. 153 a 154Seção V – Do Registro do CasamentoReligioso para Efeitos Civis ................ arts. 155 a 161Seção VI – Do Casamento emIminente Risco de Morte .................... arts. 162 a 163

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Capítulo III – Do Reconhecimento daUnião Estável e da União Homoafetiva . arts. 164 a 167Capítulo IV – Da Dissolução daEntidade Familiar ................................... art. 168 a 177

Seção I – Da Ação de Divórcio ............. arts. 168 a 172Seção II – Da Separação ....................... arts. 173 a 177

Capítulo V – Dos Alimentos ................... arts. 178 a 207Seção I – Da Ação de Alimentos .......... arts. 178 a 192Seção II – Da Cobrança dos Alimentos . arts. 193 a 207

Capítulo VI – Da Averiguação daFiliação .................................................... arts. 208 a 210Capítulo VII – Da Ação de Investigaçãode Paternidade ........................................ arts. 211 a 219Capítulo VIII – Da Ação de Interdição ... arts. 220 a 243Capítulo IX – Dos Procedimentos dosAtos Extrajudiciais .................................. arts. 244 a 266

Seção I – Do Divórcio .......................... arts. 245 a 249Seção II – Da Separação ....................... arts. 250 a 253Seção III – Do Reconhecimento e daDissolução da União Estável eHomoafetiva ........................................ arts. 254 a 258Seção IV – Da Conversão da UniãoEstável em Casamento ........................ arts. 259 a 262Seção V – Da Alteração do Regime deBens ..................................................... arts. 263 a 266

Título VIII – Das Disposições Finaise Transitórias .......................................... arts. 267 a 274

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TÍTULO IDAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1º Este Estatuto regula os direitos e deve-res no âmbito das entidades familiares.

Art. 2º O direito à família é direito fundamen-tal de todos.

Art. 3º É protegida como família toda comu-nhão de vida instituída com a finalidade de convi-vência familiar, em qualquer de suas modalidades.

Art. 4º Os componentes da entidade familiardevem ser respeitados em sua integral dignidadepela família, pela sociedade e pelo Estado.

Art. 5º Constituem princípios fundamentaispara a interpretação e aplicação deste Estatuto a dig-nidade da pessoa humana, a solidariedade familiar,a igualdade de gêneros, de filhos e das entidadesfamiliares, a convivência familiar, o melhor inte-resse da criança e do adolescente e a afetividade.

Art. 6º São indisponíveis os direitos das crian-ças, dos adolescentes e dos incapazes, bem comoos direitos referentes ao estado e capacidade das pes-soas.

Art. 7º É dever da sociedade e do Estado pro-mover o respeito à diversidade de orientação sexual.

Art. 8º A lei do país em que tiver domicílio aentidade familiar determina as regras dos direitosdas famílias.

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Parágrafo único. Não se aplica a lei estrangeirase esta contrariar os princípios fundamentais dodireito brasileiro das famílias.

Art. 9º Os direitos e garantias expressos nestalei não excluem outros decorrentes do regime e dosprincípios adotados na Constituição, nos tratadose convenções internacionais.

TÍTULO IIDAS RELAÇÕES DE PARENTESCO

Art. 10. O parentesco resulta da consangüini-dade, da socioafetividade ou da afinidade.

Art. 11. São parentes em linha reta as pessoasque estão umas para com as outras na relação deascendentes e descendentes.

Art. 12. São parentes em linha colateral outransversal, até o quarto grau, as pessoas proveni-entes de um só tronco, sem descenderem uma daoutra.

Art. 13. Contam-se, na linha reta, os graus deparentesco pelo número de gerações, e, na colate-ral, também pelo número delas, subindo de um dosparentes até ao ascendente comum, e descendo atéencontrar o outro parente.

Art. 14. Cada cônjuge ou convivente é aliadoaos parentes do outro pelo vínculo da afinidade.

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§ 1º O parentesco por afinidade limita-se aosascendentes, aos descendentes e aos irmãos do côn-juge ou convivente.

§ 2º A afinidade se extingue com a dissoluçãodo casamento ou da união estável, exceto para finsde impedimento à formação de entidade familiar.

TÍTULO IIIDAS ENTIDADES FAMILIARES

CAPÍTULO IDAS DISPOSIÇÕES COMUNS

Art. 15. É dever da entidade familiar assegurarà criança, ao adolescente e ao idoso que a integrem,com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, àalimentação, à educação, ao lazer, à profissionaliza-ção, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdadee à convivência familiar e comunitária, além de co-locá-los a salvo de toda forma de negligência, dis-criminação, exploração, violência, crueldade eopressão.

Art. 16. As pessoas integrantes da entidade fa-miliar têm o dever recíproco de assistência, ampa-ro material e moral, sendo obrigadas a concorrer,na proporção de suas condições financeiras e eco-nômicas, para a manutenção da família.

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Art. 17. Qualquer pessoa integrante da entida-de familiar tem legitimidade para defendê-la emjuízo ou fora dele.

Art. 18. A gestão dos interesses comuns da en-tidade familiar incumbe aos integrantes civilmentecapazes, de comum acordo, tendo sempre em con-ta o interesse de todos os que a compõem.

Art. 19. A escolha do domicílio da entidade fa-miliar é decisão conjunta das pessoas que a inte-gram, observados os interesses de todo o grupa-mento familiar.

Parágrafo único. Admite-se a pluralidade do-miciliar para as entidades familiares.

Art. 20. O planejamento familiar é de livre de-cisão da entidade familiar, competindo ao Estadopropiciar recursos educacionais e financeiros parao exercício desse direito, vedado qualquer tipo decoerção por parte de instituições privadas ou pú-blicas.

CAPÍTULO IIDO CASAMENTO

Art. 21. O casamento é civil e produz efeitos apartir do momento em que os nubentes manifes-tam a vontade de estabelecer o vínculo conjugal e aautoridade os declara casados.

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Art. 22. O casamento religioso submete-se aosmesmos requisitos exigidos para o casamento civile produz efeitos a partir da data de sua celebração.

Parágrafo único. O casamento religioso, parater validade e equiparar-se ao casamento civil, pre-cisa ser levado a registro no prazo de noventa diasde sua celebração.

SEÇÃO IDA CAPACIDADE PARA O CASAMENTO

Art. 23. Para o casamento das pessoas relativa-mente incapazes é necessária autorização de ambosos pais, ou de seus representantes legais.

§ 1º Havendo divergência entre os pais é asse-gurado a qualquer deles recorrer a juízo.

§ 2º Até a celebração do casamento os pais ourepresentantes legais podem revogar justificada-mente a autorização.

§ 3º A denegação da autorização, quando in-justa, pode ser suprida judicialmente.

SEÇÃO IIDOS IMPEDIMENTOS

Art. 24. Não podem casar:

I – os absolutamente incapazes;

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II – os parentes na linha reta sem limitação degrau;

III – os parentes na linha colateral até o terceirograu, inclusive;

IV – os parentes por afinidade em linha reta;

V – as pessoas casadas.

Art. 25. Os impedimentos podem ser opostos,até o momento da celebração do casamento, porqualquer pessoa.

Parágrafo único. Se o celebrante, ou o oficialde registro, tiver conhecimento da existência de al-gum impedimento, será obrigado a declará-lo.

SEÇÃO IIIDAS PROVAS DO CASAMENTO

Art. 26. O casamento prova-se pela certidão doregistro civil.

§ 1º Justificada a falta ou perda do registro, éadmissível qualquer outra prova.

§ 2º O registro é levado a efeito no cartório dorespectivo domicílio, ou, em sua falta, no cartórioda cidade em que passarem a residir.

§ 3º Na dúvida entre as provas favoráveis e con-trárias, julga-se pelo casamento, se os cônjuges, cujocasamento se impugna, vivam ou viveram na possedo estado de casados.

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Art. 27. Quando a prova da celebração legal docasamento resultar de processo judicial, o registroda sentença no cartório do registro civil produz efei-tos desde a data do casamento.

SEÇÃO IVDA VALIDADE DO CASAMENTO

Art. 28. É nulo o casamento contraído:

I – pela pessoa absolutamente incapaz;

II – com infringência aos impedimentos legais.

III – por procurador, se revogada a procuraçãoantes da celebração do casamento.

Art. 29. A ação de nulidade do casamento podeser promovida por qualquer interessado ou peloMinistério Público.

Art. 30. É anulável o casamento:

I – dos relativamente incapazes;

II – por erro essencial quanto à pessoa do outrocônjuge, anterior ao casamento;

III – em virtude de coação;

IV – do incapaz de consentir ou manifestar, demodo inequívoco, o consentimento, no momentoda celebração;

V – por incompetência da autoridade celebran-te, salvo se tiver havido registro do casamento.

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Art. 31. O casamento do relativamente incapaz,quando não autorizado por seu representante legal,pode ser anulado em até cento e oitenta dias:

I – pelo menor, após adquirir maioridade;

II – por seus representantes legais a partir dacelebração do casamento.

Art. 32. Não se anula o casamento quando osrepresentantes legais do incapaz assistiram a cele-bração ou, por qualquer modo, manifestaram suaaprovação.

Art. 33. O prazo para ser intentada a ação deanulação do casamento é de cento e oitenta dias, acontar da data da celebração.

Art. 34. Embora anulável ou mesmo nulo, ocasamento em relação aos cônjuges e a terceirosproduz todos os efeitos até o trânsito em julgadoda sentença.

Parágrafo único. A nulidade ou anulação docasamento dos pais não produz efeitos em relaçãoaos filhos.

SEÇÃO VDOS EFEITOS DO CASAMENTO

Art. 35. O casamento estabelece comunhãoplena de vida, com base na igualdade de direitos edeveres dos cônjuges.

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Art. 36. As relações pessoais entre os cônjugesdevem obedecer aos deveres de lealdade, respeito eassistência, tendo ambos responsabilidade pela guar-da, sustento e educação dos filhos.

Art. 37. A direção da sociedade conjugal é exer-cida, pelos cônjuges, em colaboração, sempre nointeresse da família e dos filhos.

§ 1º Os cônjuges são obrigados a concorrer, naproporção de seus bens e dos rendimentos do seutrabalho, para o sustento da família e a educaçãodos filhos, qualquer que seja o regime de bens.

§ 2º Se qualquer dos cônjuges estiver impedi-do ou inabilitado, o outro exerce com exclusivida-de a direção da família, cabendo-lhe a administraçãodos bens.

SEÇÃO VIDOS REGIMES DE BENS

SUBSEÇÃO IDISPOSIÇÕES COMUNS

Art. 38. Podem os nubentes estipular, quantoaos seus bens, o que lhes aprouver.

§ 1º Os nubentes, mediante declaração ao ofi-cial de registro civil, podem escolher qualquer dosregimes de bens estabelecidos neste Estatuto.

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§ 2º Não havendo declaração, vigora o regimeda comunhão parcial de bens.

§ 3º Mediante escritura pública os nubentespodem estipular regime de bens não previsto nesteEstatuto, desde que não contrarie suas regras e prin-cípios.

§ 4º O regime de bens começa a produzir efei-tos na data do casamento e cessa com o fim da co-munhão de vida.

§ 5º Com a separação de fato cessa a responsa-bilidade de cada um dos cônjuges para com as dívi-das que vierem a ser contraídas pelo outro.

Art. 39. É admissível a alteração do regime debens, mediante escritura pública, promovida porambos os cônjuges, assistidos por advogado ou de-fensor público ressalvados os direitos de terceiros.

§ 1º A alteração não dispõe de efeito retroativo.

§ 2º A alteração produz efeito a partir da aver-bação no assento de casamento.

Art. 40. Independentemente do regime debens, qualquer dos cônjuges pode livremente:

I – administrar e alienar os bens particulares,exceto os bens móveis que guarnecem a residênciada família;

II – praticar os atos de disposição e administra-ção necessários ao desempenho de sua profissão;

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III – reivindicar os bens comuns, doados, gra-vados ou transferidos pelo outro cônjuge sem o seuconsentimento;

IV – demandar a resolução dos contratos de fi-ança e doação, realizados pelo outro cônjuge.

§ 1º As ações fundadas nos incisos III e IV com-petem ao cônjuge prejudicado e a seus herdeiros.

§ 2º O terceiro prejudicado tem direito regres-sivo contra o cônjuge que realizou o negócio jurí-dico, ou contra os seus herdeiros.

Art. 41. Pode o cônjuge, independentementeda autorização do outro:

I – comprar, ainda que a crédito, o necessário àmanutenção da família;

II – obter, por empréstimo, as quantias que taisaquisições possam exigir.

Parágrafo único. As dívidas contraídas para osfins deste artigo obrigam solidariamente ambos oscônjuges.

Art. 42. Nenhum dos cônjuges pode, sem au-torização do outro, exceto no regime da separação:

I – vender, doar, permutar, dar em pagamento,ceder ou gravar de ônus real os bens comuns;

II – pleitear, como autor ou réu, acerca dessesbens ou direitos;

III – prestar fiança.

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Parágrafo único. Cabe o suprimento judicial doconsentimento quando um dos cônjuges o deneguesem motivo justo, ou lhe seja impossível concedê-lo.

Art. 43. A anulação dos atos praticados semoutorga, sem consentimento, ou sem suprimentodo juiz, pode ser demandada pelo cônjuge a quemcabia concedê-la, ou por seus herdeiros, até um anoda homologação da partilha.

Art. 44. Quando um dos cônjuges não puderexercer a gestão dos bens que lhe incumbe, cabe aooutro:

I – gerir os bens, comuns ou não;

II – alienar os bens móveis comuns;

III – alienar os imóveis e os bens móveis, co-muns ou não, mediante autorização judicial.

SUBSEÇÃO IIDO REGIME DE COMUNHÃO PARCIAL

Art. 45. No regime de comunhão parcial, co-municam-se:

I – os bens adquiridos na constância do casa-mento, inclusive as economias derivadas de salári-os, indenizações, verbas trabalhistas rescisórias erendimentos de um só dos cônjuges;

II – os bens adquiridos por fato eventual, comou sem o concurso de trabalho ou despesa;

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III – os bens recebidos por doação, herança oulegado, em favor de ambos os cônjuges;

IV – as pertenças e as benfeitorias em bens par-ticulares de cada cônjuge;

V – os frutos dos bens comuns, ou dos particu-lares de cada cônjuge, percebidos na constância docasamento, ou pendentes quando cessada a vida emcomum.

Art. 46. Excluem-se da comunhão:I – os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e

os que lhe sobrevierem, na constância do casamen-to, por doação ou sucessão, e os sub-rogados emseu lugar;

II – os bens adquiridos com valores exclusiva-mente pertencentes a um dos cônjuges ou em sub-rogação dos bens particulares;

III – as obrigações anteriores ao casamento, sal-vo se reverterem em proveito comum;

IV – as obrigações provenientes de ato ilícito,salvo reversão em proveito do casal;

V – os bens cuja aquisição tiver por título causaanterior ao casamento;

VI – os bens de uso pessoal, os livros e instru-mentos de profissão.

§ 1º Os instrumentos de profissão incluem-sena comunhão quando houver a participação dooutro na sua aquisição.

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§ 2º Presumem-se adquiridos na constância docasamento os bens móveis, quando não provadoque o foram em data anterior.

Art. 47. A gestão do patrimônio comum com-pete a ambos os cônjuges.

§ 1º É necessária a anuência de ambos os côn-juges para os atos, a título gratuito, que impliquemcessão do uso ou gozo dos bens comuns.

§ 2º Em caso de malversação dos bens comuns,ou de outra hipótese similar, pode ser atribuída agestão a apenas um dos cônjuges ou antecipada apartilha.

Art. 48. Os bens da comunhão respondempelas obrigações contraídas por qualquer doscônjuges para atender aos encargos da família,às despesas de gestão e às decorrentes de impo-sição legal.

Art. 49. A gestão dos bens constitutivos do pa-trimônio particular compete ao cônjuge proprietá-rio, salvo estipulação diversa.

Art. 50. As dívidas, contraídas por qualquer doscônjuges na administração e em benefício de seusbens particulares, não obrigam os bens comuns.

Parágrafo único. As dívidas contraídas por qual-quer dos cônjuges obrigam os bens do outro narazão do proveito que houver auferido.

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SUBSEÇÃO IIIDO REGIME DA COMUNHÃO UNIVERSAL

Art. 51. O regime de comunhão universal im-porta a comunicação de todos os bens presentes efuturos dos cônjuges e de suas dívidas.

Art. 52. São excluídos da comunhão:

I – os bens doados ou herdados com a cláusulade incomunicabilidade e os sub-rogados em seu lu-gar;

II – as dívidas anteriores ao casamento, salvo sereverterem em proveito comum;

III – as obrigações provenientes de ato ilícito;

IV – os bens de uso pessoal, os livros e instru-mentos de profissão.

§ 1º Os instrumentos de profissão entram nacomunhão se foram adquiridos com esforço dooutro cônjuge.

§ 2º A incomunicabilidade não se estende aosfrutos, quando se percebam ou vençam durante ocasamento.

SUBSEÇÃO IVDO REGIME DE SEPARAÇÃO DE BENS

Art. 53. O regime da separação de bens impor-ta incomunicabilidade completa dos bens adquiri-dos antes e durante o casamento.

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Parágrafo único. Os bens ficam na administra-ção exclusiva do respectivo cônjuge, que os poderálivremente alienar ou gravar de ônus real.

SEÇÃO VIIDO DIVÓRCIO E DA SEPARAÇÃO

SUBSEÇÃO IDO DIVÓRCIO

Art. 54. O divórcio dissolve o casamento civil.

§ 1º O divórcio direto se dá após a separação defato por mais de dois anos.

§ 2º A separação de fato se configura quandocessa a convivência entre os cônjuges, ainda queresidindo sob o mesmo teto.

Art. 55. O divórcio pode ser litigioso ou con-sensual.

Parágrafo único. O divórcio consensual podeser judicial ou extrajudicial.

Art. 56. A separação de fato põe termo aos de-veres conjugais e ao regime de bens.

SUBSEÇÃO IIDA SEPARAÇÃO

Art. 57. É facultado aos cônjuges pôr fim à so-ciedade conjugal, mediante separação judicial ouextrajudicial.

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§ 1º A iniciativa da separação pode ser de umou de ambos os cônjuges.

§ 2º A separação de corpos pode ser deferidapelo juiz antes ou no curso do processo.

§3º A separação de corpos põe termo aos deve-res conjugais e ao regime de bens.

Art. 58. Após um ano da separação de corpos ouda separação judicial ou extrajudicial, o divórcio podeser requerido por um ou por ambos os cônjuges.

SUBSEÇÃO IIIDISPOSIÇÕES COMUNS AO DIVÓRCIO E À

SEPARAÇÃO

Art. 59. No divórcio e na separação são neces-sários:

I – definir a guarda e a convivência com os fi-lhos menores ou incapazes;

II – dispor acerca dos alimentos;III – deliberar sobre a manutenção ou alteração

do nome adotado no casamento; eIV – descrever e partilhar os bens.Parágrafo único. A partilha de bens pode ser

levada a efeito posteriormente.Art. 60. O divórcio e a separação não modifi-

cam os direitos e deveres dos pais em relação aosfilhos.

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Art. 61. O pedido de divórcio ou de separaçãocompete exclusivamente aos cônjuges.

Parágrafo único. Quando um dos cônjuges es-tiver acometido de doença mental ou transtornopsíquico, somente é possível o divórcio ou a sepa-ração judicial, devendo o incapaz ser representadopor curador, ascendente ou irmão.

Art. 62. O divórcio e a separação consensuaispodem ser realizados por escritura pública, com aassistência de advogado ou defensor público:

I – não tendo o casal filhos menores ou incapa-zes; ou

II – quando as questões relativas aos filhos me-nores ou incapazes já se encontrarem judicialmen-te definidas.

CAPÍTULO IIIDA UNIÃO ESTÁVEL

Art. 63. É reconhecida como entidade familiara união estável entre o homem e a mulher, confi-gurada na convivência pública, contínua, duradourae estabelecida com o objetivo de constituição defamília.

Parágrafo único. A união estável constitui esta-do civil de convivente, independentemente de re-gistro, e deve ser declarado em todos os atos da vidacivil.

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Art. 64. A união estável não se constitui:I – entre parentes na linha reta, sem limitação

de grau;II – entre parentes na linha colateral até o ter-

ceiro grau, inclusive;III – entre parentes por afinidade em linha reta.Parágrafo único. A união formada em desacor-

do aos impedimentos legais não exclui os deveresde assistência e a partilha de bens.

Art. 65. As relações pessoais entre os convi-ventes obedecem aos deveres de lealdade, respeitoe assistência recíproca, bem como o de guarda, sus-tento e educação dos filhos.

Art. 66. Na união estável, os conviventes po-dem estabelecer o regime jurídico patrimonial me-diante contrato escrito.

§ 1º Na falta de contrato escrito aplica-se às re-lações patrimoniais, no que couber, o regime dacomunhão parcial de bens.

§ 2º A escolha do regime de bens não tem efei-to retroativo.

Art. 67. A união estável pode converter-se emcasamento, mediante pedido formulado pelo casalao oficial de registro civil, no qual declarem quenão têm impedimentos para casar e indiquem oregime de bens que passam a adotar, dispensada acelebração.

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Parágrafo único. Os efeitos da conversão se pro-duzem a partir da data do registro do casamento.

CAPÍTULO IVDA UNIÃO HOMOAFETIVA

Art. 68. É reconhecida como entidade familiara união entre duas pessoas de mesmo sexo, quemantenham convivência pública, contínua, dura-doura, com objetivo de constituição de família, apli-cando-se, no que couber, as regras concernentes àunião estável.

Parágrafo único. Dentre os direitos assegura-dos, incluem-se:

I – guarda e convivência com os filhos;II – a adoção de filhos;III – direito previdenciário;IV – direito à herança.

CAPÍTULO VDA FAMÍLIA PARENTAL

Art. 69. As famílias parentais se constituementre pessoas com relação de parentesco entre si edecorrem da comunhão de vida instituída com afinalidade de convivência familiar.

§ 1º Família monoparental é a entidade forma-da por um ascendente e seus descendentes, qual-quer que seja a natureza da filiação ou do parentesco.

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§ 2º Família pluriparental é a constituída pelaconvivência entre irmãos, bem como as comunhõesafetivas estáveis existentes entre parentes colaterais.

TÍTULO IVDA FILIAÇÃO

CAPÍTULO IDISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 70. Os filhos, independentemente de suaorigem, têm os mesmos direitos e qualificações,proibidas quaisquer designações e práticas discri-minatórias.

Art. 71. A filiação prova-se pelo registro denascimento.

§ 1º Os pais devem registrar os filhos no prazode trinta dias do nascimento.

§ 2º Também se prova a filiação por qualquermodo admissível em direito, quando houver possede estado de filho.

Art. 72. Os filhos não registrados podem serreconhecidos pelos pais, conjunta ou separadamen-te.

§ 1º O reconhecimento dos filhos é feito:

I – por documento particular ou escritura pú-blica;

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II – por testamento, ainda que incidentalmentemanifestado;

III – por manifestação direta e expressa peranteo juiz, mesmo que o reconhecimento não haja sidoo objeto único e principal do ato que o contém.

§ 2º O ato de reconhecimento deve ser levadoao registro de nascimento.

§ 3º O reconhecimento pode preceder o nasci-mento do filho ou ser posterior ao seu falecimen-to, se ele deixar descendentes.

§ 4º O reconhecimento não pode ser revoga-do, nem mesmo quando feito em testamento.

§ 5º São ineficazes a condição e o termo apos-tos ao ato de reconhecimento.

Art. 73. Presumem-se filhos:

I – os nascidos durante a convivência dos geni-tores à época da concepção;

II – os havidos por fecundação artificial homó-loga, desde que a implantação do embrião tenhaocorrido antes do falecimento do genitor;

III – os havidos por inseminação artificial hete-róloga, desde que realizada com prévio consenti-mento livre e informado do marido ou doconvivente, manifestado por escrito, e desde quea implantação tenha ocorrido antes do seu faleci-mento.

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Art. 74. O filho registrado ou reconhecido podeimpugnar a paternidade, desde que não caracteri-zada a posse do estado de filho em relação àqueleque o registrou ou o reconheceu.

Parágrafo único. O filho maior não pode serregistrado ou reconhecido voluntariamente sem oseu consentimento.

Art. 75. O filho não registrado ou não reconhe-cido pode, a qualquer tempo, investigar a paternida-de ou a maternidade, biológica ou socioafetiva.

Parágrafo único. A sentença que julgar proce-dente a investigação produz os mesmos efeitos doreconhecimento voluntário.

Art. 76. Cabe ao marido, ao convivente ou àmulher o direito de impugnar a paternidade ou amaternidade que lhe for atribuída no registro civil.

§ 1º Impugnada a filiação, se sobrevier a mortedo autor, os herdeiros podem prosseguir na ação.

§ 2º Não cabe a impugnação da paternidade oumaternidade:

I – em se tratando de inseminação artificial he-teróloga, salvo alegação de dolo ou fraude;

II – caso fique caracterizada a posse do estadode filho.

Art. 77. É admissível a qualquer pessoa, cujafiliação seja proveniente de adoção, filiação socioa-

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fetiva, posse de estado ou de inseminação artificialheteróloga, o conhecimento de seu vínculo genéti-co sem gerar relação de parentesco.

Parágrafo único. O ascendente genético poderesponder por subsídios necessários à manutençãodo descendente, salvo em caso de inseminação ar-tificial heteróloga.

CAPÍTULO IIDA ADOÇÃO

Art. 78. A adoção deve atender sempre ao me-lhor interesse do adotado e é irrevogável.

Parágrafo único. A adoção de crianças e adoles-centes é regida por lei especial, observadas as regrase princípios deste Estatuto.

Art. 79. A adoção atribui a situação de filho aoadotado, desligando-o de qualquer vínculo com ospais e parentes consangüíneos, salvo quanto aosimpedimentos para o casamento e a união estável.

Parágrafo único. Mantêm-se os vínculos de fi-liação entre o adotado e o cônjuge, companheiroou parceiro do adotante e respectivos parentes.

Art. 80. Não podem adotar os ascendentes e osirmãos do adotando.

Art. 81. Tratando-se de grupo de irmãos de-vem prioritariamente ser adotados por uma mes-ma família, preservados os vínculos fraternos.

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Parágrafo único. Somente é admitido o des-membramento mediante parecer técnico indicati-vo da inexistência de laços afetivos entre os irmãos,ou se a medida atender aos seus interesses.

Art. 82. A morte dos adotantes não restabeleceo parentesco anterior.

Art. 83. O adotado pode optar pela substitui-ção ou adição do sobrenome do adotante.

Art. 84. As relações de parentesco se estabele-cem entre o adotado e o adotante e entre os paren-tes deste.

Art. 85. A adoção obedece a processo judicial.

§ 1º A adoção pode ser motivadamente impug-nada pelos pais.

§ 2º É indispensável a concordância do adotan-do.

Art. 86. Os efeitos da adoção começam a partirdo trânsito em julgado da sentença, exceto se o ado-tante vier a falecer no curso do procedimento, casoem que terá força retroativa à data do óbito.

CAPÍTULO IIIDA AUTORIDADE PARENTAL

Art. 87. A autoridade parental deve ser exerci-da no melhor interesse dos filhos.

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§ 1º Compete a autoridade parental aos pais;na falta ou impedimento de um deles, o outro aexerce com exclusividade.

§ 2º O filho tem o direito de ser ouvido, noslimites de seu discernimento e na medida de seuprocesso educacional.

§ 3º Aos pais incumbe o dever de assistênciamoral e material, guarda, educação e formação dosfilhos menores.

Art. 88. A dissolução da entidade familiar nãoaltera as relações entre pais e filhos.

Art. 89. Compete aos pais:

I – representar os filhos até dezesseis anos e as-sisti-los, após essa idade, até atingirem a maiorida-de;

II – nomear-lhes tutor por testamento ou do-cumento particular.

Art. 90. Extingue-se a autoridade parental:

I – pela morte dos pais ou do filho;

II – pela emancipação;

III – pela maioridade;

IV – pela adoção;

V – por decisão judicial.

Art. 91. Constituindo os pais nova entidadefamiliar os direitos e deveres decorrentes da auto-

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ridade parental são exercidos com a colaboração donovo cônjuge ou convivente ou parceiro.

Parágrafo único. Cada cônjuge, convivente ouparceiro deve colaborar de modo apropriado noexercício da autoridade parental, em relação aos fi-lhos do outro, e de o representar quando as cir-cunstâncias exigirem.

Art. 92. Os pais, no exercício da autoridadeparental, são gestores dos bens dos filhos.

Parágrafo único. Não podem os pais alienar, ougravar de ônus real os imóveis dos filhos, nem con-trair, em nome deles, obrigações que ultrapassemos limites da simples administração, salvo por ne-cessidade ou evidente interesse da prole, medianteprévia autorização judicial.

Art. 93. Sempre que no exercício da autorida-de parental colidir o interesse dos pais com o dofilho, a requerimento deste ou do Ministério Pú-blico, o juiz deve nomear-lhe curador especial.

Art. 94. Perde por ato judicial a autoridade pa-rental aquele que não a exercer no melhor interes-se do filho, em casos como assédio ou abuso sexual,violência física e abandono material, moral ou afe-tivo.

§ 1º A perda da autoridade parental não impli-ca a cessação da obrigação alimentar dos pais e nemafeta os direitos sucessórios do filho.

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§ 2º Os pais que perdem a autoridade parentaltambém perdem os direitos sucessórios em relaçãoao filho.

Art. 95. É possível, no melhor interesse do fi-lho, o restabelecimento da autoridade parental pormeio de decisão judicial.

CAPÍTULO IVDA GUARDA DOS FILHOS E DO DIREITO À

CONVIVÊNCIA

Art. 96. A guarda dos filhos e o direito à convi-vência devem ser definidos nos casos de:

I – separação dos pais;

II – divórcio;

III – invalidade do casamento;

IV – dissolução da união estável e da união ho-moafetiva;

V – de os pais não coabitarem.

Art. 97. Não havendo acordo entre os pais, deveo juiz decidir, preferencialmente, pela guarda com-partilhada, salvo se o melhor interesse do filho re-comendar a guarda exclusiva, assegurado o direitoà convivência do não-guardião.

Parágrafo único. Antes de decidir pela guardacompartilhada, sempre que possível, deve ser ou-

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vida equipe multidisciplinar e utilizada a mediaçãofamiliar.

Art. 98. Os filhos não podem ser privados daconvivência familiar com ambos os pais, quandoestes constituírem nova entidade familiar.

Art. 99. O não-guardião pode fiscalizar o exer-cício da guarda, acompanhar o processo educacio-nal e exigir a comprovação da adequada aplicaçãodos alimentos pagos.

Art. 100. O direito à convivência pode ser es-tendido a qualquer pessoa com quem a criança ouo adolescente mantenha vínculo de afetividade.

Art. 101. Quando a guarda é exercida exclusi-vamente por um dos genitores é indispensável as-segurar o direito de convivência com o não-guar-dião.

Parágrafo único. O direito à convivência familiarpode ser judicialmente suspenso ou limitado quan-do assim impuser o melhor interesse da criança.

Art. 102. As disposições relativas à convivênciafamiliar dos filhos menores estendem-se aos maio-res incapazes.

Art. 103. Verificando que os filhos não devempermanecer sob a guarda do pai ou da mãe, o juizdeve deferir a guarda a quem revele compatibilida-de com a natureza da medida, de preferência le-

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vando em conta o grau de parentesco e relação deafetividade.

Parágrafo único. Nesta hipótese deve ser asse-gurado aos pais o direito à convivência familiar, salvose não atender ao melhor interesse da criança.

TÍTULO VDA TUTELA E DA CURATELA

CAPÍTULO IDA TUTELA

Art. 104. As crianças e os adolescentes são pos-tos em tutela quando a nomeação for feita pelospais em testamento ou documento particular, pro-duzindo efeitos com a morte ou perda da autorida-de parental.

Art. 105. É ineficaz a nomeação de tutor pelopai ou pela mãe que, ao tempo de sua morte, nãoexercia a autoridade parental.

§ 1º Nomeado mais de um tutor sem indica-ção de precedência, entende-se que a tutela foi atri-buída ao primeiro, e que os outros lhe sucederãopela ordem de nomeação.

§ 2º É possível a instituição de dois tutoresquando constituem uma entidade familiar.

Art. 106. Quem institui um menor de idadeherdeiro, ou legatário seu, pode nomear-lhe cura-

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dor especial para os bens deixados, ainda que o be-neficiário se encontre sob a autoridade parental, oututela.

Art. 107. Na falta de tutor nomeado pelos paisou no caso de recusa, o órfão deve ser colocado emfamília substituta nos termos da legislação especial.

Art. 108. O tutor deve se submeter às mesmasregras da autoridade parental, sob pena de destitui-ção judicial do encargo.

CAPÍTULO IIDA CURATELA

Art. 109. Rege-se o instituto da curatela peloprincípio do melhor interesse do curatelado.

Art. 110. Estão sujeitos à curatela:

I – os que, por enfermidade ou deficiência men-tal, não tiverem o necessário discernimento para aprática dos atos da vida civil;

II – os que, mesmo por causa transitória, nãopuderem exprimir a sua vontade;

III – os ébrios habituais, os viciados em tóxi-cos, e os que, por deficiência mental, tenham dis-cernimento reduzido;

IV – os excepcionais sem desenvolvimentomental completo.

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Art. 111. É nomeado curador, preferencialmen-te:

I – o cônjuge, o convivente ou o parceiro dointerdito;

II – o ascendente ou o descendente que se de-monstrar mais apto.

Parágrafo único. Na falta das pessoas mencio-nadas neste artigo, compete ao juiz a escolha docurador.

Art. 112. Não pode ser curador:I – quem não tem a livre administração de seus

bens;II – quem tem obrigações para com curatelado,

ou direitos contra ele;III – o inimigo do curatelado;IV – o condenado por crime contra a família;V – o culpado de abuso em curatela anterior.Art. 113. Quem esteja impossibilitado ou li-

mitado no exercício regular dos atos da vida civil,pode requerer que lhe seja dado curador para cui-dar de seus negócios ou bens.

Parágrafo único. O pedido pode ser formuladopor quem tenha legitimidade para ser nomeadocurador.

Art. 114. O curador tem o dever de prestarcontas de sua gestão de dois em dois anos.

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TÍTULO VIDOS ALIMENTOS

Art. 115. Podem os parentes, cônjuges, convi-ventes ou parceiros pedir uns aos outros os alimen-tos de que necessitem para viver com dignidade ede modo compatível com a sua condição social.

§ 1º São devidos os alimentos quando o ali-mentando não tem bens suficientes a gerar renda,nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria man-tença.

§ 2º Os alimentos devem ser fixados na pro-porção das necessidades do alimentando e dos re-cursos do alimentante.

§ 3º Os alimentos devidos aos parentes são ape-nas os indispensáveis à subsistência, quando o ali-mentando der causa à situação de necessidade.

§ 4º Se houver acordo, o alimentante pode cum-prir sua obrigação mediante o fornecimento demoradia, sustento, assistência à saúde e educação.

Art. 116. O direito a alimentos é recíproco en-tre pais e filhos, e extensivo a todos os parentes emlinha reta, recaindo a obrigação nos mais próximosem grau, uns em falta de outros, e aos irmãos.

Parágrafo único. A maioridade civil faz cessar apresunção de necessidade alimentar, salvo se o ali-mentando comprovadamente se encontrar em for-

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mação educacional, até completar vinte e cinco anosde idade.

Art. 117. Se o parente que deve alimentos emprimeiro lugar não estiver em condições de supor-tar totalmente o encargo, serão chamados a con-correr os de grau imediato.

§ 1º Sendo várias as pessoas obrigadas a prestaralimentos, todas devem concorrer na proporção dosrespectivos recursos.

§ 2º A responsabilidade alimentar entre paren-tes tem natureza complementar quando o parentede grau mais próximo não puder atender integral-mente a obrigação.

Art. 118. Se, fixados os alimentos, sobreviermudança da situação financeira do alimentante, ouna do alimentando, pode o interessado requerer aexoneração, a redução ou majoração do encargo.

Art. 119. A obrigação alimentar transmite-seao espólio, até o limite das forças da herança.

Art. 120. O crédito a alimentos é insuscetívelde cessão, compensação ou penhora.

Art. 121. Com o casamento, a união estável oua união homoafetiva do alimentando, extingue-seo direito a alimentos.

§ 1º Com relação ao alimentando, cessa, tam-bém, o direito a alimentos, se tiver procedimento

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indigno ofensivo a direito da personalidade do ali-mentante.

§ 2º A nova união do alimentante não extinguea sua obrigação alimentar.

TÍTULO VIIDO PROCESSO E DO PROCEDIMENTO

CAPÍTULO IDISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 122. Os processos nas relações de famíliaorientam-se pelos princípios da oralidade, celeri-dade, simplicidade, informalidade, fungibilidade eeconomia processual.

Parágrafo único. As ações previstas neste Esta-tuto têm preferência de tramitação e julgamento.

Art. 123. As ações decorrentes deste Estatutosão da competência das Varas de Família e os recur-sos devem ser apreciados por Câmaras Especializa-das em Direito de Família dos Tribunais de Justiça,onde houver.

§ 1º Enquanto não instaladas varas e câmarasespecializadas, as ações e recursos serão processa-dos e julgados nas varas e câmaras preferenciais, aserem indicadas pelos tribunais.

§ 2º As varas e câmaras especializadas ou comcompetência preferencial devem ser dotadas de

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equipe de atendimento multidisciplinar e de con-ciliadores.

Art. 124. As ações pertinentes às relações defamília podem tramitar em segredo de justiça quan-do for requerida justificadamente pelas partes.

Art. 125. As medidas de urgência podem serpropostas durante o período de férias forenses edevem ser apreciadas de imediato.

Art. 126. Nas questões decorrentes deste Esta-tuto a conciliação prévia pode ser conduzida porjuiz de paz ou por conciliador judicial.

Parágrafo único. Obtida a conciliação, o termorespectivo é submetido à homologação do juiz dedireito competente.

Art. 127. As ações relativas ao mesmo núcleofamiliar devem ser distribuídas ao mesmo juízo,ainda que não haja identidade de partes.

Art. 128. Em qualquer ação e grau de jurisdi-ção, deve ser buscada a conciliação e sugerida a prá-tica da mediação extrajudicial, podendo serdeterminada a realização de estudos sociais, bemcomo o acompanhamento psicológico das partes.

Art. 129. A critério do juiz ou a requerimentodas partes o processo pode ficar suspenso enquan-to os litigantes se submetem à mediação extrajudi-cial ou a atendimento multidisciplinar.

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Art. 130. O Ministério Público deve intervirnos processos judiciais em que houver interessesde crianças, adolescentes e incapazes.

Art. 131. É das partes o ônus de produzir asprovas destinadas a demonstrar suas alegações,competindo ao juiz investigar livremente os fa-tos e ordenar de ofício a realização de quaisquerprovas.

Parágrafo único. Inverte-se o ônus da prova,ficando o encargo probatório a quem contrapõeinteresse indisponível de criança, adolescente e in-capaz.

Art. 132. O juiz pode adotar em cada caso asolução mais conveniente ou oportuna para aten-der o direito das partes, à luz dos princípios desteEstatuto.

Art. 133. Em todas as ações pode ser concedi-da a antecipação de tutela, bem como cumuladasmedidas cautelares.

Parágrafo único. A apreciação do pedido limi-nar ou da tutela antecipada não depende da préviamanifestação do Ministério Público.

Art. 134. Na inexistência de prova inequívoca,ou não se convencendo o juiz da verossimilhançadas alegações, para a apreciação da medida liminar,pode designar audiência de justificação, a ser reali-zada no prazo máximo de dez dias.

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§ 1º A requerimento do autor, a audiência dejustificação pode realizar-se sem a intimação do réu,caso haja a possibilidade de sua presença compro-meter o cumprimento da medida.

§ 2º O autor pode comparecer acompanhadode no máximo três testemunhas.

§ 3º Apreciado o pedido liminar, com a ouvidado Ministério Público, deve o juiz designar audi-ência conciliatória.

§ 4º Da decisão liminar cabe pedido de re-consideração, no prazo de cinco dias.

§ 5º Da decisão que aprecia o pedido de recon-sideração cabe agravo de instrumento.

Art. 135. Nas ações concernentes às relaçõesde família deve o juiz designar audiência de conci-liação, podendo imprimir o procedimento sumá-rio.

Art. 136. Não obtida a conciliação, as partespodem ser encaminhadas a estudo psicossocial oua mediação extrajudicial.

Parágrafo único. Cabe ao juiz homologar o acor-do proposto pelo conciliador ou mediador com as-sistência dos advogados ou defensores públicos.

Art. 137. Aplicam-se subsidiariamente as dis-posições processuais constantes na legislação ordi-nária, e especial.

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CAPÍTULO IIDO PROCEDIMENTO PARA O CASAMENTO

SEÇÃO IDA HABILITAÇÃO

Art. 138. A habilitação para o casamento é feitaperante o oficial do Registro Civil da residência dequalquer dos nubentes.

Art. 139. O pedido de habilitação deve ser for-mulado por ambos os nubentes, ou por procura-dor com poderes especiais, mediante declaração dainexistência de impedimento para o casamento.

Parágrafo único. O pedido deve ser acompa-nhado dos seguintes documentos:

I – certidão de nascimento ou documento equi-valente;

II – comprovação do domicílio e da residênciados nubentes;

III – declaração de duas testemunhas, parentesou não, que atestem conhecê-los e afirmem nãoexistir impedimento para o casamento;

IV – em caso de casamento anterior, certidãode óbito do cônjuge falecido, registro da sentençade divórcio ou da anulação do casamento;

V – havendo necessidade de autorização, docu-mento firmado pelos pais, pelos representantes le-gais ou ato judicial que supra a exigência.

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Art. 140. O oficial deve extrair edital, que per-manece afixado durante quinze dias nas circuns-crições do Registro Civil da residência de ambos osnubentes.

Art. 141. É dever do oficial do Registro escla-recer aos nubentes a respeito dos fatos que podemocasionar a invalidade do casamento, bem comosobre os diversos regimes de bens.

Art. 142. Os impedimentos devem ser opostospor escrito e instruídos com as provas do fato ale-gado, ou com a indicação do lugar onde as provaspossam ser obtidas.

Art. 143. O oficial do Registro deve apresentaraos nubentes ou a seus representantes a oposição.

Parágrafo único. Pode ser deferido prazo razoá-vel para a prova contrária aos fatos alegados.

Art. 144. Verificada a inexistência do fato im-peditivo para o casamento, é extraído o certificadode habilitação.

Art. 145. A eficácia da habilitação é de noventadias, a contar da data em que foi extraído o certifi-cado.

SEÇÃO IIDO SUPRIMENTO DE CONSENTIMENTO

PARA O CASAMENTO

Art. 146. Recusando um dos pais ou o repre-sentante a autorização para o casamento do relati-

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vamente incapaz, cabe ao outro pedir o suprimen-to judicial do consentimento.

§ 1º Recusada a autorização, o procedimentopode ser intentado pelo Ministério Público ou cu-rador especial nomeado pelo juiz.

§ 2º Quem recusar a autorização, deve justifi-car a recusa no prazo de cinco dias.

§ 3º O juiz pode determinar a realização deaudiência ou a produção de provas, devendo deci-dir em até cinco dias.

SEÇÃO IIIDA CELEBRAÇÃO

Art. 147. O casamento deve ser celebrado pelojuiz de paz em dia, hora e lugar previamente agen-dado.

Parágrafo único. Na falta do juiz de paz é com-petente a autoridade celebrante na forma da orga-nização judiciária de cada Estado.

Art. 148. A solenidade é realizada na sede docartório, ou em outro local, com toda a publicida-de, a portas abertas, e na presença de pelo menosduas testemunhas, parentes ou não dos nubentes.

Art. 149. Presentes os nubentes, as testemu-nhas e o oficial do Registro, o juiz de paz, ouvindodos nubentes a afirmação de que pretendem casar

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por livre e espontânea vontade, os declara casados,em nome da lei.

Art. 150. A celebração do casamento é imedia-tamente suspensa se algum dos nubentes:

I – recusar a solene afirmação da sua vontade;II – declarar que sua manifestação não é livre e

espontânea;III – mostrar-se arrependido.Parágrafo único. O nubente que der causa à sus-

pensão do ato não pode retratar-se no mesmo dia.Art. 151. Um ou ambos os nubentes podem

ser representados mediante procuração outorgadapor instrumento público, com poderes especiais ecom o prazo de noventa dias.

§ 1º A revogação da procuração somente podeocorrer por escritura pública e antes da celebraçãodo casamento.

§ 2º Celebrado o casamento, sem que a revo-gação chegue ao conhecimento do mandatário, oato é inexistente, devendo ser cancelado.

Art. 152. O casamento de brasileiro, celebradono estrangeiro, perante a autoridade consular, deveser registrado em cento e oitenta dias, a contar doretorno de um ou de ambos os cônjuges ao Brasil.

Parágrafo único. O registro deve ser feito nocartório do domicílio dos cônjuges em que resi-diam ou onde passarão a residir.

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SEÇÃO IVDO REGISTRO DO CASAMENTO

Art. 153. Celebrado o casamento, o oficial la-vra o assento no livro de registro devendo constar:

I – os nomes, nacionalidade, data e lugar donascimento, profissão e residência dos cônjuges;

II – os nomes, nacionalidade, data de nascimen-to dos pais, consignando o falecimento de algumdeles;

III – a data e cartório que expediu o certificadode habilitação;

IV – os nomes, nacionalidade e domicílio dastestemunhas;

V – o regime de bens do casamento e a identi-ficação da escritura do pacto antenupcial;

VI – o nome que os cônjuges passam a usar.Art. 154. O assento do casamento é assinado

pelo juiz de paz, os cônjuges e por duas testemu-nhas.

SEÇÃO VDO REGISTRO DO CASAMENTO RELIGIOSO

PARA EFEITOS CIVIS

Art. 155. Os nubentes habilitados para o casa-mento podem casar perante autoridade ou minis-tro religioso.

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Art. 156. O assento do casamento religioso,subscrito pela autoridade ou ministro que o cele-brar, pelos nubentes e por duas testemunhas, deveconter os mesmos requisitos do registro civil.

Art. 157. A autoridade ou ministro celebrantedeve arquivar a certidão de habilitação que lhe foiapresentada, devendo, nela, anotar a data da cele-bração do casamento.

Art. 158. No prazo de trinta dias, a contar dacelebração, qualquer interessado pode apresentar oassento do casamento religioso ao cartório do re-gistro civil que expediu o certificado de habilita-ção.

§ 1º O oficial deve proceder o registro do casa-mento no prazo de vinte e quatro horas.

§ 2º Se o documento referente à celebração docasamento religioso omitir algum requisito, a faltadeve ser suprida por declaração de ambos os côn-juges tomada por termo pelo oficial.

Art. 159. Do assento deve conter a data da ce-lebração, o lugar, o culto religioso.

Art. 160. O casamento religioso, celebrado sema prévia habilitação perante o oficial de registro ci-vil, pode ser registrado no prazo de noventa dias,mediante requerimento dos cônjuges, com a provado ato religioso e os demais documentos exigidospara a habilitação do casamento.

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Parágrafo único. Processada a habilitação, o ofi-cial procede ao registro do casamento religioso,devendo atender aos mesmos requisitos legais.

Art. 161. O casamento produz efeito a contarda celebração religiosa.

SEÇÃO VIDO CASAMENTO EM IMINENTE RISCO DE

MORTE

Art. 162. Quando algum dos nubentes estiverem iminente risco de morte, não obtendo a pre-sença do juiz de paz, pode o casamento ser celebra-do na presença de quatro testemunhas, que nãotenham com os nubentes relação de parentesco.

Art. 163. Realizado o casamento, devem as tes-temunhas comparecer perante o cartório do regis-tro civil mais próximo, dentro de dez dias, devendoser tomada a termo a declaração de:

I – que foram convocadas por parte do enfermo;II – que este parecia em perigo de morte, mas

apresentava plena capacidade para manifestar suavontade;

III – que, em sua presença, declararam os nu-bentes, livre e espontaneamente, receber-se em ca-samento.

§ 1º Autuado o pedido e tomadas as declara-ções a termo, o oficial do registro civil deve proce-

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der as diligências para verificar se os nubentes po-diam ter-se habilitado, colhendo a manifestação dosobrevivente, em quinze dias.

§ 2º Comprovada a inexistência de impedimen-tos, o oficial procede ao registro no livro do Regis-tro dos Casamentos.

§ 3º O casamento produz efeito a partir da datada celebração.

§ 4º Serão dispensadas estas formalidades se oenfermo convalescer e ambos ratificarem o casa-mento na presença do juiz de paz e do oficial doregistro.

§ 5º Neste caso fica dispensada a habilitação parao casamento.

CAPÍTULO IIIDO RECONHECIMENTO DA UNIÃO ESTÁVEL

E DA UNIÃO HOMOAFETIVA

Art. 164. É facultado aos conviventes e aos par-ceiros, de comum acordo, requerer em juízo o re-conhecimento de sua união estável ou da uniãohomoafetiva.

Art. 165. Dissolvida a união, qualquer dos con-viventes ou parceiros pode ajuizar a ação de reco-nhecimento de sua existência.

Parágrafo único. Na petição inicial deve a parteautora:

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I – identificar o período da convivência;

II – indicar o regime da guarda dos filhos;

III – comprovar a necessidade de alimentos oudeclarar que deles não necessita;

IV – indicar o valor dos alimentos necessários àmantença dos filhos;

V – descrever os bens do casal e apresentar pro-posta de divisão.

Art. 166. A ação deve ser instruída com o con-trato de convivência, se existir, e a certidão de nas-cimento dos filhos.

Parágrafo único. A descrição dos bens do casale a proposta de partilha é facultativa.

Art. 167. Ao receber a petição inicial, o juiz deveapreciar o pedido liminar de alimentos provisóriose designar audiência conciliatória.

Parágrafo único. A sentença deve fixar os ter-mos inicial e final da união.

CAPÍTULO IVDA DISSOLUÇÃO DA ENTIDADE FAMILIAR

SEÇÃO IDA AÇÃO DE DIVÓRCIO

Art. 168. A ação de divórcio pode ser intentadapor qualquer um dos cônjuges ou por ambos.

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§ 1º O cônjuge acometido de doença mentalou transtorno psíquico é representado por curador,ascendente ou irmão.

§ 2º A inicial deve ser acompanhada da certidãode casamento e certidão de nascimento dos filhos.

Art. 169. Não tendo havido prévia separação,deve a inicial:

I – indicar a data da separação de fato;II – identificar o regime de convivência com os

filhos menores;III – declinar a dispensa dos alimentos ou a

necessidade de um dos cônjuges de percebê-los;IV – indicar o valor dos alimentos necessários à

mantença dos filhos.Art. 170. Ao receber a inicial o juiz deve apre-

ciar o pedido liminar de alimentos provisórios.Art. 171. Havendo filhos menores ou incapa-

zes deve ser designada audiência conciliatória.Art. 172. No divórcio consensual, não existin-

do filhos menores ou incapazes ou estando judi-cialmente decididas as questões a eles relativas, édispensável a realização de audiência.

SEÇÃO IIDA SEPARAÇÃO

Art. 173. Qualquer dos cônjuges pode propora ação de separação.

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Art. 174. Qualquer dos cônjuges, conviventesou parceiros pode propor a ação de separação decorpos.

§ 1º A parte autora pode pleitear, justificada-mente, sua permanência no lar ou requerer o afas-tamento da parte-ré.

§ 2º Havendo alegação da prática de violênciadoméstica aplica-se a legislação especial.

Art. 175. Na inicial da ação de separação deve aparte-autora:

I – indicar o regime de convivência com os fi-lhos menores;

II – declarar que dispensa alimentos ou com-provar a necessidade de percebê-los;

III – indicar o valor dos alimentos necessários àmantença dos filhos.

Parágrafo único. A ação deve ser instruída coma certidão de casamento ou contrato de convivên-cia, se existir, e a certidão de nascimento dos filhos.

Art. 176. Ao receber a petição inicial o juiz deveapreciar o pedido de separação de corpos e decidirsobre os alimentos.

Parágrafo único. Não evidenciada a possibili-dade de risco à vida ou à saúde das partes e dosfilhos, o juiz pode designar audiência de justifica-ção ou de conciliação para decidir sobre a separa-ção de corpos.

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Art. 177. Comparecendo a parte-ré e concor-dando com a separação de corpos, pode a ação pros-seguir quanto aos pontos em que inexista consenso.

CAPÍTULO VDOS ALIMENTOS

SEÇÃO IDA AÇÃO DE ALIMENTOS

Art. 178. Na ação de alimentos, o autor deve:

I – comprovar a obrigação alimentar ou trazeros indícios da responsabilidade do alimentante emprover-lhe o sustento;

II – declinar as necessidades do alimentando;

III – indicar as possibilidades do alimentante.

Art. 179. Ao despachar a inicial, o juiz deve fi-xar alimentos provisórios e encaminhar as partes àconciliação ou designar audiência de instrução ejulgamento.

§ 1º Os alimentos provisórios são devidos edevem ser pagos desde a data da fixação.

§ 2º Quando da citação deve o réu ser cientifi-cado da incidência da multa de 10% sempre queincorrer em mora de quinze dias.

Art. 180. Se o devedor for funcionário públi-co, civil ou militar, empregado da iniciativa priva-

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da, perceber rendimentos provenientes de vínculoempregatício, ou for aposentado, o juiz deve fixaros alimentos em percentual dos seus ganhos.

Parágrafo único. O desconto dos alimentos seráfeito dos rendimentos do alimentante, independen-temente de requerimento do credor, salvo acordo.

Art. 181. Na audiência de instrução e julga-mento o juiz colhe o depoimento das partes.

§ 1º Apresentada a contestação, oral ou escrita,havendo prova testemunhal o juiz ouve a testemu-nha, independentemente do rol.

§ 2º Ouvidas as partes e o Ministério Público,o juiz profere a sentença na audiência ou no prazomáximo de dez dias.

Art. 182. Da sentença que fixa, revisa ou exo-nera alimentos cabe recurso somente com efeitodevolutivo.

Parágrafo único. Justificadamente, o juiz, ou orelator, pode agregar efeito suspensivo ao recurso.

Art. 183. Fixados alimentos definitivos em va-lor superior aos provisórios cabe o pagamento dadiferença desde a data da fixação. Caso os alimen-tos fixados em definitivo sejam em valor inferioraos provisórios, não há compensação, não dispon-do a decisão de efeito retroativo.

Art. 184. Na ação de oferta de alimentos o juiznão está adstrito ao valor oferecido pelo autor.

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Art. 185. Cabe ação revisional quando os ali-mentos foram fixados sem atender ao critério daproporcionalidade ou quando houver alteração nascondições das partes.

Art. 186. A ação de alimentos pode ser cumu-lada com qualquer demanda que envolva questõesde ordem familiar entre as partes.

Art. 187. Havendo mais de um obrigado, épossível mover a ação contra todos, ainda que odever alimentar de alguns dos réus seja de naturezasubsidiária ou complementar.

Parágrafo único. A obrigação de cada um dosalimentantes deve ser individualizada.

Art. 188. O empregador, o órgão público ouprivado responsável pelo pagamento do salário,benefício ou provento, no prazo de até quinze dias,tem o dever de:

I – proceder ao desconto dos alimentos;

II – encaminhar a juízo cópia dos seis últimoscontracheques ou recibos de pagamento do salário;

III – informar imediatamente quando ocorrera rescisão do contrato de trabalho ou a cessação dovínculo laboral.

Art. 189. Rescindido o contrato de trabalho doalimentante, serão colocadas à disposição do juízo

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trinta por cento de quaisquer verbas, rescisórias ounão, percebidas por ato voluntário do ex-emprega-dor ou por decisão judicial.

§ 1º Desse crédito, mensalmente será liberado,em favor dos alimentandos, o valor do pensiona-mento, até que os alimentos passem a ser pagos poroutra fonte pagadora.

§ 2º Eventual saldo será colocado à disposiçãodo alimentante.

Art. 190. Fixada em percentual sobre os rendi-mentos do alimentante, a verba alimentar, salvoajuste diverso, incide sobre:

§ 1º A totalidade dos rendimentos percebidos aqualquer título, excluídos apenas os descontos obri-gatórios, reembolso de despesas e diárias;

§ 2º O 13º salário, adicional de férias, gratifica-ções, abonos, horas extras e vantagens recebidas aqualquer título.

Art. 191. A cessação do vínculo laboral não tor-na ilíquida a obrigação. Os alimentos, neste caso,correspondem ao último valor descontado.

Art. 192. Os alimentos podem ser desconta-dos de aluguéis e de outras rendas ou rendimentosdo alimentante, a serem pagos diretamente ao cre-dor.

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SEÇÃO IIDA COBRANÇA DOS ALIMENTOS

Art. 193. Fixados os alimentos judicialmente acobrança será levada a efeito como cumprimentode medida judicial.

Art. 194. Podem ser cobrados pelo mesmo pro-cedimento os alimentos fixados em escritura pú-blica de separação e divórcio ou em acordo firmadopelas partes e referendado pelo Ministério Público,Defensoria Pública ou procurador dos transatores.

Art. 195. A cobrança dos alimentos provisóri-os bem como dos alimentos fixados em sentençasujeita a recurso se processa em procedimento apar-tado.

Art. 196. Os alimentos definitivos, fixados emqualquer demanda, podem ser cobrados nos mes-mos autos.

Art. 197. Cabe ao juiz tomar as providênciascabíveis para localizar o devedor e seus bens, inde-pendentemente de requerimento do credor.

Art. 198. A multa incide sobre todas as parce-las vencidas há mais de quinze dias, inclusive asque se venceram após a intimação do devedor.

Art. 199. Recaindo a penhora em dinheiro, ooferecimento de impugnação não obsta a que o cre-dor levante mensalmente o valor da prestação.

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Parágrafo único. Sem prejuízo do pagamentodos alimentos, o débito executado pode ser des-contado dos rendimentos ou rendas do devedor,de forma parcelada, contanto que, somado à parce-la devida, não ultrapasse cinqüenta por cento deseus ganhos líquidos.

Art. 200. Para a cobrança de até seis parcelas dealimentos, fixadas judicial ou extrajudicialmente, odevedor é citado para proceder ao pagamento dovalor indicado pelo credor, no prazo de três dias,provar que o fez ou justificar a impossibilidade deefetuá-lo.

Parágrafo único. Somente a comprovação defato imprevisível que gere a impossibilidade abso-luta de pagar serve de justificativa para o inadim-plemento.

Art. 201. O magistrado pode, a qualquer tem-po, designar audiência conciliatória, para o fim deajustar modalidades de pagamentos.

§ 1º Inadimplido o acordo, resta vencida a tota-lidade do débito, sem prejuízo do cumprimento dapena de prisão.

§ 2º Se o devedor não pagar, ou o magistradonão aceitar a justificação apresentada, decretará aprisão pelo prazo de um a três meses.

Art. 202. A prisão é cumprida em regime semi-aberto. Em caso de novo aprisionamento, o regimeé o fechado.

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Art. 203. O devedor se exime da prisão com-provando o pagamento das parcelas executadas, dasprestações vencidas até a data do adimplemento,dos juros e da correção monetária.

Art. 204. Cumprida a prisão, e não levado aefeito o pagamento, a cobrança prossegue nos mes-mos autos, pelo rito da execução por quantia certa.

Parágrafo único. Sobre a totalidade do débito esobre as parcelas vencidas até a data do pagamentoincide multa, a contar da data da citação.

Art. 205. As custas processuais e os honoráriosadvocatícios podem ser cobrados nos mesmos autos.

Art. 206. Citado o réu, deixando de procederao pagamento, o juiz determina a inscrição do nomedo devedor no Cadastro de Proteção ao Credor deAlimentos e demais instituições públicas ou priva-das de proteção ao crédito.

§ 1º O juiz deve comunicar o valor e o númerodas prestações vencidas e não pagas.

§ 2º A determinação não depende de requeri-mento do credor.

§ 3º Quitado o débito, a anotação é canceladamediante ordem judicial.

Art. 207. Em qualquer hipótese, verificada apostura procrastinatória do devedor, o magistradodeve dar ciência ao Ministério Público dos indíciosda prática do delito de abandono material.

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CAPÍTULO VIDA AVERIGUAÇÃO DA FILIAÇÃO

Art. 208. Comparecendo o pai ou a mãe paraproceder ao registro de nascimento do filho menorde idade somente em seu nome, o Oficial do Re-gistro Civil deve comunicar ao Ministério Público,com as informações que lhe foram fornecidas paraa localização do outro genitor.

Art. 209. O Ministério Público deve notificaro indicado como sendo genitor, para que, no prazode dez dias se manifeste sobre a paternidade oumaternidade que lhe é atribuída.

§ 1º Confirmada a paternidade ou a materni-dade, lavrado o termo, o oficial deve proceder oregistro.

§ 2º Negada a paternidade ou a maternidade,ou deixando de manifestar-se, cabe ao MinistérioPúblico propor a ação investigatória.

Art. 210. A iniciativa conferida ao MinistérioPúblico não impede a quem tenha legítimo inte-resse de intentar a ação de investigação.

CAPÍTULO VIIDA AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO DE

PATERNIDADE

Art. 211. Proposta ação investigatória por me-nor de idade ou incapaz, havendo forte prova indi-

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ciária da paternidade, biológica ou socioafetiva, ojuiz deve fixar alimentos provisórios, salvo se o au-tor declarar que deles não necessita.

Art. 212. Havendo registro civil é necessária acitação daqueles indicados no respectivo assento.

Art. 213. Postulando o autor sob o benefícioda assistência judiciária, é de responsabilidade doréu os encargos necessários para a produção dasprovas, se ele não gozar do mesmo benefício.

Art. 214. Deixando o réu de submeter-se à pe-rícia ou de injustificadamente proceder ao pagamen-to do exame, opera em favor do autor a presunçãode veracidade dos fatos alegados na inicial.

Parágrafo único. A declaração da filiação deveser apreciada em conjunto com outras provas.

Art. 215. A ausência de contestação enseja aaplicação dos efeitos da revelia.

Art. 216. A procedência do pedido desconsti-tui a filiação estabelecida anteriormente no registro.

Parágrafo único. A alteração do nome deve aten-der ao melhor interesse do investigante.

Art. 217. Transitada em julgado a sentença deveser expedido mandado de averbação ao registro civil.

Art. 218. A sentença de procedência dispõe deefeito declaratório desde a data do nascimento doinvestigado.

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Art. 219. A improcedência do pedido de filia-ção não impede a propositura de nova ação diantedo surgimento de outros meios probatórios.

CAPÍTULO VIIIDA AÇÃO DE INTERDIÇÃO

Art. 220. A interdição pode ser promovida:I – pelo cônjuge, companheiro ou parceiro;II – pelos parentes consangüíneos ou afins;III – pelo representante da entidade em que se

encontra abrigado o interditando;IV – pelo Ministério Público.Art. 221. O Ministério Público só promoverá

interdição:I – em caso de doença mental grave;II – se não existir ou não promover a interdição

alguma das pessoas designadas nos incisos I, II e IIIdo artigo antecedente;

III – se, existindo, forem incapazes as pessoasmencionadas no inciso antecedente.

Art. 222. Cabe ao autor especificar os fatos querevelam a incapacidade do interditando para regera sua pessoa e administrar os seus bens.

Parágrafo único. Justificada a urgência o juizpode nomear curador provisório ao interditandopara a prática de determinados atos.

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Art. 223. O interditando é intimado para com-parecer à audiência de interrogatório.

§ 1º O juiz deve ouvir o interditando pessoal-mente acerca de sua vida, negócios, bens, consig-nando sua impressão pessoal sobre as condições dointerrogando.

§ 2º O juiz, quando necessário, pode compare-cer no local onde se encontra o interditando paraouvi-lo.

Art. 224. No prazo de cinco dias contados daaudiência, o interditando pode contestar o pedido,através de advogado.

Art. 225. Cabe ao juiz nomear perito para pro-ceder ao exame do interditando.

Parágrafo único. O juiz pode dispensar a perí-cia quando notória a incapacidade.

Art. 226. Apresentado o laudo pericial, apósmanifestação das partes, se necessário, o juiz desig-na audiência de instrução e julgamento.

Art. 227. A escolha do curador é feita pelo juize deve recair na pessoa que melhor atenda aos inte-resses do curatelado.

Art. 228. Não pode ser nomeado curador:I – quem não tem a livre administração de seus

bens;II – quem tem obrigações para com o curatela-

do, ou direitos contra ele;

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Art. 229. Decretada a interdição, o juiz fixa oslimites da curatela segundo o estado ou o desen-volvimento mental do interdito.

Art. 230. Transitada em julgado, a sentença éinscrita no Registro de Pessoas Naturais.

Art. 231. O curador é intimado a prestar com-promisso no prazo de cinco dias.

Art. 232. Prestado o compromisso, o curadorassume a administração dos bens do interdito.

Art. 233. Havendo meio de recuperar o inter-dito, o curador deve buscar tratamento apropria-do.

Art. 234. O interdito pode ser recolhido emestabelecimento adequado, quando não se adapteao convívio doméstico.

Art. 235. A autoridade do curador estende-se àpessoa e aos bens dos filhos menores do curatela-do, que se encontram sob a guarda e responsabili-dade do curatelado ao tempo da interdição.

Art. 236. O curador deve prestar contas de suagestão de dois em dois anos, ficando dispensado sea renda for menor que três salários mínimos men-sais.

Art. 237. O Ministério Público, ou quem te-nha legítimo interesse, pode requerer a destituiçãodo curador.

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Art. 238. O curador pode contestar o pedidode destituição no prazo de cinco dias.

Art. 239. Ao deixar o encargo é indispensável aprestação de contas.

Art. 240. Em caso de extrema gravidade, o juizpode suspender do exercício da curatela, nomean-do interinamente substituto.

Art. 241. Extingue-se a interdição, cessando acausa que a determinou.

Parágrafo único. A extinção da curatela podeser requerida pelo curador, pelo interditado ou peloMinistério Público.

Art. 242. O juiz deve nomear perito para avali-ar as condições do interditado. Após a apresentaçãodo laudo, quando necessário, designa audiência deinstrução e julgamento.

Art. 243. Extinta a interdição, a sentença é aver-bada no Registro de Pessoas Naturais.

CAPÍTULO IXDOS PROCEDIMENTOS DOS ATOS

EXTRAJUDICIAIS

Art. 244. Os atos extrajudiciais devem ser subs-critos pelas partes e pelos advogados.

Parágrafo único. O advogado comum ou decada uma das partes deve estar presente no ato daassinatura da respectiva escritura.

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SEÇÃO IDO DIVÓRCIO

Art. 245. Os cônjuges podem promover o di-vórcio por escritura pública.

Parágrafo único. Os cônjuges devem apresen-tar as certidões de casamento e de nascimento dosfilhos, se houver.

Art. 246. Devem os cônjuges declarar:I – a data da separação de fato;II – o valor dos alimentos destinado a um dos

cônjuges ou a dispensa de ambos do encargo alimentar;III – a permanência ou não do uso do nome;IV – facultativamente, os bens do casal e sua

partilha.Parágrafo único. Não é necessária a partilha dos

bens para o divórcio.Art. 247. Havendo filhos menores ou incapa-

zes é necessário comprovar que se encontram sol-vidas judicialmente todas as questões a eles relativas.

Art. 248. Lavrada a escritura, deve o tabeliãoenviar certidão ao Cartório do Registro Civil emque ocorreu o casamento, para averbação.

§ 1º A certidão do divórcio deve ser averbadano registro de imóvel onde se situam os bens e nosregistros relativos a outros bens.

§ 2º O envio da certidão aos respectivos regis-tros pode ser levado a efeito por meio eletrônico.

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Art. 249. A eficácia do divórcio se sujeita à aver-bação no registro do casamento.

SEÇÃO IIDA SEPARAÇÃO

Art. 250. É facultada aos cônjuges a separaçãoconsensual extrajudicial.

Art. 251. A separação consensual extrajudicialde corpos cabe aos cônjuges, aos conviventes e aosparceiros.

Art. 252. A separação consensual pode ser le-vada a efeito por escritura pública, na hipótese de:

I – não existir filhos menores ou incapazes docasal;

II – estarem solvidas judicialmente todas as ques-tões referentes aos filhos menores ou incapazes.

Art. 253. Na escritura deve ficar consignado oque ficou acordado sobre pensão alimentícia, e, sefor o caso, sobre os bens comuns.

SEÇÃO IIIDO RECONHECIMENTO E DA DISSOLUÇÃO

DA UNIÃO ESTÁVEL E HOMOAFETIVA

Art. 254. Os conviventes e os parceiros podem,a qualquer tempo, buscar o reconhecimento daunião por escritura pública, indicando:

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I – a data do início da união;

II – o regime de bens.

Art. 255. Encontrando-se os conviventes ou osparceiros separados, a dissolução da união pode serrealizada mediante escritura pública, devendo serindicado:

I – o período da convivência;

II – o valor dos alimentos ou a dispensa do en-cargo;

III – facultativamente, a descrição dos bens e asua divisão.

Art. 256. Havendo filhos menores ou incapa-zes, as questões a eles relativas devem ser solvidasjudicialmente.

Art. 257. Lavrada a escritura, cabe ao tabeliãoencaminhar certidão ao Cartório do Registro Civilda residência dos conviventes ou parceiros, a seraverbada em livro próprio.

Parágrafo único. A união é averbada no re-gistro de nascimento dos conviventes e dos par-ceiros.

Art. 258. Havendo bens deve proceder-se aoregistro na circunscrição dos imóveis e nos demaisregistros relativos a outros bens.

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88

SEÇÃO IVDA CONVERSÃO DA UNIÃO ESTÁVEL EM

CASAMENTO

Art. 259. Os conviventes podem, de comumacordo e a qualquer tempo, converter a união está-vel em casamento.

Art. 260. O pedido é formulado ao Oficial doRegistro Civil das Pessoas Naturais onde residem,devendo os conviventes:

I – comprovar que não estão impedidos de ca-sar;

II – indicar o termo inicial da união;

III – arrolar os bens comuns;

IV – declinar o regime de bens;

V – apresentar as provas da existência da uniãoestável.

Art. 261. Lavrada a escritura, deve o tabeliãoenviar certidão ao Registro Civil em que ocorreu ocasamento, para averbação.

§ 1º A certidão do divórcio deve ser averbadano registro de imóvel onde se situam os bens e nosregistros relativos a outros bens.

§ 2º O envio da certidão aos respectivos regis-tros pode ser levado a efeito por meio eletrônico.

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Art. 262. A conversão somente tem efeito pe-rante terceiros após ser registrada perante o regis-tro civil.

SEÇÃO VDA ALTERAÇÃO DO REGIME DE BENS

Art. 263. A alteração consensual do regime dosbens pode ser formalizada por escritura pública, semprejuízo do direito de terceiros.

Art. 264. A alteração deve ser averbada na cer-tidão de casamento e no registro de imóveis dosbens do casal.

Art. 265. Caso os cônjuges, ou apenas um de-les, seja empresário, a alteração deve ser averbadana Junta Comercial e no registro público de em-presas mercantis.

Art. 266. A alteração só produz efeito peranteterceiros após a averbação no registro imobiliário edemais registros relativos a outros bens.

TÍTULO VIIDAS DISPOSIÇÕES FINAIS E

TRANSITÓRIAS

Art. 267. É ineficaz qualquer ato, fato ou ne-gócio jurídico que contrariar os princípios estabe-lecidos na Constituição Federal, em tratados ou

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convenções internacionais das quais seja o Brasilsignatário e neste Estatuto.

Art. 268. Todos os tratados e convenções in-ternacionais que assegurem direitos e garantias fun-damentais de proteção aos integrantes da entidadefamiliar têm primazia na aplicação do presente Es-tatuto.

Art. 269. Todas as remissões feitas ao CódigoCivil que expressa ou tacitamente foram revogadaspor este Estatuto, consideram-se feitas às disposi-ções deste Estatuto.

Art. 270. A existência e a validade dos atos, fa-tos e negócios jurídicos, constituídos antes da en-trada em vigor deste Estatuto, obedecem ao dispostona Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 e nas leisanteriores, mas os seus efeitos, produzidos após avigência deste Estatuto, aos preceitos dele se su-bordinam.

Art. 271. Salvo disposição em contrário desteEstatuto, mantém-se a aplicação das leis especiaisanteriores naquilo que não conflitarem com regrasou princípios nele estabelecidos ou dele inferidos.

Art. 272. Até que por outra forma se discipli-nem, continuam em vigor as disposições de natu-reza processual, administrativa ou penal, constantesde leis cujos preceitos ou princípios se coadunemcom este Estatuto.

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Art. 273. Este Estatuto entra em vigor um anoda data de sua publicação.

Art. 274. Fica revogado da Lei nº 10.406, de 10de janeiro de 2002 (Código Civil), o Livro IV – DoDireito de Família (arts. 1.511 a 1.783), os arts. 732a 745; 852 a 854; 877 e 878; 888, II e III; os arts.1.120 a 1.124-A da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de1973 (Código de Processo Civil), o Decreto-Lei nº3.200/1941 (casamento de parentes em 3º grau), aLei nº 5.478/1968 (Lei de Alimentos), os arts. 70 a76 da Lei nº 6.015/1973 (Lei dos Registros Públi-cos), a Lei nº 6.515/1977 (Lei do Divórcio) e a Leinº 8.560/1992 (investigação oficiosa da paternida-de).

Page 92: Estatuto Das Familias

Uma famíliaque cresce de fato

e de direito.

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