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Estatuto do Direito de Oposição Lei 24/98, de 26 de Maio Este diploma tem uma importância fundamental para os membros dos órgãos autárquicos que exercem as suas funções na oposição. Tem um objectivo primordial que é o de assegurar o funcionamento democrático dos órgãos eleitos, assim como garantir determinados direitos aos membros dos Partidos Políticos. Objectivo Não afastando quaisquer outros direitos que sejam consagrados, antes acrescendo a eles, pretende o legislador que a actividade de acompanhamento, fiscalização e crítica das orientações políticas dos órgãos executivos, neste caso, das autarquias locais, seja feita de moldes mais eficazes, dotando a oposição de direitos de participação em áreas fundamentais. Definição de Oposição Para efeitos da presente lei entende-se por oposição os Partidos Políticos representados na Assembleia de Freguesia e não representados no Executivo da Junta. Membros da Oposição Idêntica situação, nos mesmos moldes, se aplica aos grupos de cidadãos eleitores. Embora a lei não seja totalmente clara neste aspecto, a titularidade do direito de oposição pertence tanto aos próprios Partidos Políticos através dos seus órgãos, como igualmente aos membros eleitos nas suas listas para os respectivos órgãos, desde que representantes da estrutura local do Partido, constituídos ou reconhecidos como tal. Desse modo, salvo estipulação em contrário, tanto uns como outros podem exercer os direitos previstos neste diploma. Art.º 3º da Lei nº 24/98 Direitos Consagrados A) Direito à informação Os titulares do direito de oposição têm o direito de serem informados sobre os assuntos de interesse para a autarquia sempre que o solicitarem. Definição Tal direito pode ser exercido directamente junto do próprio órgão executivo, devendo as informações serem prestadas num prazo de 30 dias. Prazo O direito aqui consagrado não colide com os direitos genéricos dos membros da Assembleia de Freguesia relativos a esta mesma matéria.

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Estatuto do Direito de Oposição

Lei 24/98, de 26 de Maio

Este diploma tem uma importância fundamental para os membros dos órgãos autárquicos que exercem as suas funções na oposição. Tem um objectivo primordial que é o de assegurar o funcionamento democrático dos órgãos eleitos, assim como garantir determinados direitos aos membros dos Partidos Políticos.

Objectivo

Não afastando quaisquer outros direitos que sejam consagrados, antes acrescendo a eles, pretende o legislador que a actividade de acompanhamento, fiscalização e crítica das orientações políticas dos órgãos executivos, neste caso, das autarquias locais, seja feita de moldes mais eficazes, dotando a oposição de direitos de participação em áreas fundamentais.

Definição de Oposição

Para efeitos da presente lei entende-se por oposição os Partidos Políticos representados na Assembleia de Freguesia e não representados no Executivo da Junta.

Membros da Oposição

Idêntica situação, nos mesmos moldes, se aplica aos grupos de cidadãos eleitores. Embora a lei não seja totalmente clara neste aspecto, a titularidade do direito de oposição pertence tanto aos próprios Partidos Políticos através dos seus órgãos, como igualmente aos membros eleitos nas suas listas para os respectivos órgãos, desde que representantes da estrutura local do Partido, constituídos ou reconhecidos como tal. Desse modo, salvo estipulação em contrário, tanto uns como outros podem exercer os direitos previstos neste diploma.

Art.º 3º da Lei nº 24/98

Direitos Consagrados

A) Direito à informação

Os titulares do direito de oposição têm o direito de serem informados sobre os assuntos de interesse para a autarquia sempre que o solicitarem.

Definição

Tal direito pode ser exercido directamente junto do próprio órgão executivo, devendo as informações serem prestadas num prazo de 30 dias.

Prazo

O direito aqui consagrado não colide com os direitos genéricos dos membros da Assembleia de Freguesia relativos a esta mesma matéria.

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Efectivamente nos termos da legislação que regula o funcionamento dos órgãos das autarquias locais, os membros das respectivas assembleias podem pedir as informações que entenderem convenientes para o exercício das suas funções.

Para o efeito, deverão dirigir um requerimento ao Presidente da Assembleia de Freguesia, que o encaminhará para o executivo da Junta, cujo Presidente se encontra obrigado a responder no prazo de 30 dias.

Arts. 4º da Lei nº 24/98, 17º, nº 1, alínea g) e 38º, nº 1, alínea d) da Lei nº 169/99

B) Direito de consulta previa

Os titulares do direito de oposição têm o direito de ser ouvidos sobre as propostas dos orçamentos e das opções do Plano.

Definição

Esta consulta nada tem a ver com a discussão que é feita no âmbito do órgão deliberativo, trata-se de um direito que é atribuído a quem não tem o poder executivo, a quem não detém o poder de elaborar tais documentos essenciais para a gestão de uma autarquia local e, por isso, no momento da sua feitura, devem ser consultados.

Momento do exercício deste direito

Antes da sua apresentação no órgão deliberativo, os partidos políticos, através dos seus representantes, devem ser consultados para se pronunciarem sobre os documentos em causa, fazendo, nesse momento, as sugestões e propostas que julguem convenientes.

Propostas dos Partidos da oposição

As propostas que sejam apresentadas devem ser feitas por escrito e, em caso de recusa pelo órgão executivo, apresentadas na sessão da Assembleia convocada, para que passem a constar da respectiva acta.

C) Direito de participação

No âmbito das atribuições das autarquias e das competências dos seus órgãos, neste caso dos órgãos deliberativos, devem os membros da oposição pronunciarem-se sobre todos os assuntos de interesse local, tendo os responsáveis pelas áreas em causa a obrigação de atenderem às considerações expostas.

Definição

É fundamental conjugar este direito genérico previsto no Estatuto do Direito de oposição com as diversas normas que regem os modos de participação política, nomeadamente a Lei nº 169/99.

Neste direito de participação enquadra-se igualmente, a presença, participativa ou não, conforme os casos, nos actos e actividades oficiais.

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O critério básico que permite aferir se justifica a participação dos membros da oposição será a relação directa que tenha com a competência ou actividade desenvolvida pelo órgão de que faz parte.

Actos Oficiais

Um acto que justificará a presença dos titulares do direito da oposição será, por exemplo, a cerimónia de entrega de verbas resultantes dos protocolos de delegação de competências da Câmara Municipal na Junta de Freguesia, pois a sua eficácia depende da ratificação pelo órgão deliberativo.

Art.º 6º da Lei nº 24/98

D) Direito de depor

No que concerne à constituição de comissões ou grupos de trabalho para a realização de livros brancos, relatórios, inquéritos, inspecções, sindicâncias ou outras formas de averiguação, os partidos da oposição podem e devem fazer-se representar através de um representante designado para o efeito.

Definição

Para que isso suceda basta que o assunto em estudo esteja relacionado com matéria de interesse relevante a nível local.

O exercício deste direito pode concretizar-se no âmbito das Comissões ou Grupos de Trabalho criados no órgão deliberativo, como têm também uma abrangência mais genérica para aquelas situações, cuja importância local é fundamental, no entanto, o seu acompanhamento está a ser feito de forma exterior ao órgão deliberativo.

Exercício do direito

Sempre que suceda uma questão enquadrada neste âmbito e os autarcas do PS não sejam chamados a intervir, devem denunciar essa situação e requerer a sua participação imediata.

Art. 8º da Lei 24/98 e 17º, nº 1, alínea m), 1) da Lei nº 169/99

Relatório de Avaliação

O órgão executivo é obrigado a apresentar anualmente um relatório de avaliação de cumprimento e respeito pelos direitos e garantias constantes do próprio estatuto da oposição.

Esse relatório deve ser elaborado até ao fim do mês de Março do ano seguinte àquele a que se refere.

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Prazo

Deve ser enviado aos titulares do direito de oposição já definidos anteriormente, devendo igualmente ser publicado por edital.

Divulgação

O presente relatório tem por objectivo analisar a relação estabelecida entre o órgão executivo e os partidos e representantes políticos da oposição. Pretende ser uma forma de controlo e de prova de observância dos direitos que são consagrados aos partidos não representados nos órgãos executivos.

Objectivo

Desse relatório devem constar todas as intervenções da oposição relativamente aos direitos que lhe são atribuídas bem como a posição assumida pelos membros do órgão executivo.

Conteúdo

Uma vez recebidos os relatórios de avaliação, devem os partidos da oposição pronunciarem-se sobre ele, fazendo referência aos direitos que não foram respeitados no período a que se refere, assim como comentarem o texto apresentado pelo órgão executivo.

Resposta ao relatório de avaliação

A resposta dos membros da oposição deverá ser feita, preferencialmente, por escrito.

Forma

Aconselha-se que, quando se mostrar útil, devem os membros da oposição requerer a discussão no órgão deliberativo, tanto do relatório de avaliação como da respectiva resposta.

Discussão no órgão deliberativo

Para tanto, deverão fazer um requerimento dirigido ao Presidente do órgão deliberativo manifestando tal intenção.

Sempre que o órgão executivo não apresente o relatório em causa, os autarcas do PS devem exigi-lo, bem como dar conhecimento ao Gabinete Autárquico, dessa situação.

Art. 10º da Lei 24/98, 38º, nº 1, alínea t); 34º, nº 6, alínea e); 87º, nº 2 da Lei nº

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