Lio 7 Estilos de cultoTexto Bblico: Efsios 5.19; Colossenses 3.16Introduo

Falar em estilos de culto coletivo falar em liturgia. Enquanto batistas usamos pouco o termo liturgia. Para alguns, liturgia coisa de catlico. Para outros, liturgia traz a ideia de algo formatado, quadrado, limitado. Nossa caminhada pelas lies anteriores nos permite entender que, na verdade, liturgia no nem uma coisa nem outra. Liturgia to somente a parte visvel do culto, a nossa tradicional ordem de culto, que contm os elementos de tudo o que acontece numa celebrao.Uma vez que liturgia algo secundrio em relao ao culto, a variao de estilos litrgicos em si no um problema. Problema seria a variao do culto, porque comprometeria a essncia. Mas, para facilitar o nosso entendimento, utilizaremos o termo culto entendendo-o, nesta lio, como liturgia. Com a devida explicao, passemos a refletir no tema de hoje: estilos de culto.1. Culto nas igrejas batistasDiferentemente das lies anteriores, comearemos esta com um pouco da histria do culto batista.H, pelo menos, trs teorias sobre a origem dos batistas. Sem entrar no mrito, pois o propsito aqui no este, uma dessas teorias afirma que a denominao batista nasceu na Inglaterra. Isso aconteceu por intermdio do ex-anglicano John Smyth, um pastor da ala separatista, que estava sendo perseguido. Face perseguio, Smyth mudou-se para a Holanda e desligou-se dos separatistas ingleses.Smyth era contrrio aos manuais litrgicos, pois entendia que esses livros eram obstculos adorao no culto. O culto de Smyth era longo, centrado no sermo, mas dando oportunidade para que os presentes debatessem o assunto explicado pelo pastor. Eram cultos parecidos com o modelo atual de Escola Bblica Dominical.

O Pastor Smyth tambm no permitia que fossem utilizados materiais impressos. Para ele, o importante era que a Palavra fosse pregada e que o Esprito Santo tivesse liberdade para orientar a ordem litrgica.Nos dias atuais, h vrias tendncias de estilos de culto nas igrejas batistas. Vejamos algumas:

A que segue uma estrutura de culto baseada em Isaas 6.1-8, transplantada pelos missionrios norte-americanos, que a ensinaram nos seminrios teolgicos. Essa liturgia seria tradicional ou erudita, porque praticamente s usada nas igrejas onde h ministros(as) de msica ou pastores que tenham sido alunos de seminrios da denominao.

Existe uma liturgia que se pode rotular como temtica, uma vez que nela so comemoradas datas de interesse denominacional, tais como: Dia de Misses Nacionais, de Misses Mundiais, do Pastor, de Educao Religiosa, alm de outras datas. Sendo assim, a ordem de culto visa prestigiar cantos e leituras que abordem o tema do dia.

A liturgia que segue o tema do sermo do pastor para aquele dia e que pode ser denominada de liturgia homiltica . Existem igrejas que mantm, no culto dominicial da noite, uma ordem de culto oriunda dos metodistas da fronteira. James White cita essa liturgia, que ficou conhecida como liturgia sanduche. Ela consiste, resumidamente, em msica, mensagem e msica, sempre com nfase evangelstica. Existe a liturgia renovada. Talvez seja a que mais esteja se expandindo dentro das igrejas batistas: aquela livre, espontnea, influenciada pelos neopentecostais. Sua estrutura praticamente igual das igrejas carismticas. Existem duas partes: a primeira, com o chamado perodo de louvor, em que inmeros cnticos so entoados, entremeados por oraes espontneas feitas pela equipe de cantores e instrumentistas que lideram o momento. A segunda parte consiste na exposio da Palavra. Ainda h aquelas igrejas que fazem uma mistura de muitos dos tipos descritos acima. Fica, ento, difcil, dar um nome para essa liturgia. Talvez o nome mais apropriado seja liturgia livre.

2. Princpios para o cultoDiante de tantos estilos, no seria sbio brigar por um ou mais deles. De igual forma, no o melhor caminho buscar uma uniformidade. Creio que o razovel primar pelos princpios que fazem de ns o que somos. Destacarei dois elementos fundamentais para a nossa reflexo: MSICA. Esta uma das questes mais importantes quando se fala em zelo pela liturgia, porque a msica fica mais facilmente gravada em nossas mentes. A seleo das msicas para o culto cristo deve ser muito bem feita, passando um rigoroso pente fino.Quando se fala em seleo de msicas para o culto, deve-se levar em conta a comunidade de f. No devemos moldar a liturgia esquecendo-nos das pessoas que participam do culto. O telogo Erik Routley afirmou que a qualidade bsica para que uma msica sirva liturgia que ela seja acessvel s pessoas comuns. Ao usar o termo comuns, ele se referiu variedade de pessoas que vo aos cultos: gente de classes sociais diferentes, de idades diversas, de culturas distintas. Regra geral, as msicas que ficam em nossa mente e que nos pegamos cantarolando no dia a dia tm essas caractersticas. Geralmente so simples, com frases musicais curtas e repeties que ajudam a grav-las.Pensando na msica para o culto, deve-se tambm pensar na sua teologia. Nossas crenas, como batistas, precisam transparecer nas msicas que cantamos. muito triste mentir, mesmo que seja cantando com a congregao no culto. Cantar o que no se cr, s porque est bonbando na mdia, incoerente.DOUTRINA. O mau uso do termo desgatou um pouco o valor da doutrina em algumas igrejas. H pessoas que tm verdadeiro pavor quando se fala em doutrina, pois pensam logo em algo limitador da adorao. Doutrina no limitadora, norteadora. Toda igreja tem uma doutrina, mesmo que assuma no t-la. Ns, batistas, temos nosso corpo de doutrinas. So esses os ensinos que devemos proclamar no culto: ensinos de Cristo. Doutrina a forma como sistematizamos, no dia a dia da comunidade de f, o aprendizado dos ensinamentos de Cristo, exarados na Palavra.

Descuidar da doutrina entregar o culto coletivo aos devaneios dos modismos. possvel um culto vibrante, dinmico, participativo e bem doutrinado, pois doutrina est acima de estilo de culto. Para pensar e agir

Na maioria das vezes, mais importante do que conhecer o porqu de alguma coisa saber o para que.Certa vez uma pessoa perguntou ao pastor o que ele achava de orar com a mo para cima. O pastor respondeu que achava a mesma coisa de orar com a mo para baixo.

Quando a igreja se prende s coisas secundrias ela se perde no caminho. Devemos nos focar no essencial, no que faz o culto ser verdadeiramente culto.H uma velha ilustrao de uma igreja que se dividiu em trs por causa de uma bobagem. Um professor da EBD comeou a pensar que, se Ado no tinha nascido da barriga de uma mulher, no teria cordo umbilical, logo, no teria umbigo. Ento ele comeou a defender a tese de que Ado no tinha umbigo. Um grupo concordou, outro grupo discorcou efusivamente e outro ficou na dvida, esperando o grupo vencedor para se unir a ele. Foi uma confuso, porque havia aquele irmo que no falava com o outro porque no cria no umbigo de Ado.

muito triste quando a igreja, que tem tanta coisa para fazer por Cristo, se prende a detalhes insignificantes, como o umbigo de Ado. Fujamos dessas mediocridades e avancemos na qualidade litrgica que Deus merece.

Leituras Dirias

Segunda: Salmos 74 e 75Tera: Salmos 76 e 77Quarta: Salmo 78Quinta: Salmos 79 e 80Sexta: Salmos 81 e 82Sbado: Salmos 83 e 84Domingo: Salmo 85 Denise Frederico, nossa irm em Cristo e membro de uma igreja batista da CBB, publicou algumas obras interessantes sobre esse assunto, que foram teis durante as pesquisas de preparao das lies. Indico, nesta ocasio, a leitura de FREDERICO, Denise. O que liturgia? Rio de Janeiro: MK, 2004.

Adaptao de FREDERICO, Denise. A msica na igreja evanglica brasileira. Rio de Janeiro: MK, 2007. p.119.

Homiltica, numa explicao simples e direta, a arte de preparar e pregar sermes. Por isso, falar em liturgia homiltica significa dizer que a ordem de culto (liturgia) ser elaborada luz do assunto da mensagem (homiltica).