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Estoque de Carbono e Quantificação das emissões de GEE na Agropecuária
Brasileira
Bruno Alves Embrapa Agrobiologia
Workshop Embrapa Cerrados Mudanças Climáticas e Avaliação do Ciclo de Vida 23 de agosto de 2012. Planaltina, DF.
Importância da agropecuária nas emissões de gases de efeito estufa no Brasil
1994 2005
22%
78%
Agricultura
Outros
Percentagens das emissões do setor sobre o total do país, estimados em equivalentes de CO2 (MCT, 2011)
Agropecuária
19%
81% Agricultura
Outros
Redução do desmatamento em 80% em 2011
A agricultura vai ganhar maior atenção internacional
Análise do Ciclo de Vida
Produto
• Sustentabilidade ambiental (legislação) • Identificação de ineficiências
Insumos, práticas e processos
Uso e descarte
Análise do impacto
Análise do Ciclo de Vida
Inventário
Com base nos fluxos de entrada e saída, quantificam-se a energia, materiais e água utilizados no sistema analisado, e as liberações ambientais, como as emissões para o ar, resíduos sólidos e líquidos, entre outros.
Emissões de gases de efeito estufa das atividades agrícolas
Gases de efeito estufa (Forster et al., 2007 – 4º.report IPCC) – dados de 2005
• CO2 – PAG = 1
379 ppm (de 1995 a 2005 – 1,9 ppm/ano)
• CH4 – PAG = 23 CO2
1,774 ppm (~ 0 ppm/ano)
• N2O – PAG = 296 CO2
319 ppb (~ 0,27%/ano; ~0,8 ppb/ano)
De onde vêm os gases de efeito estufa na agricultura?
CH4
N2O
Solos de áreas
inundadas,
fermentação entérica,
queimadas
Queimadas, FBN,
Fertilizantes, resíduos e
solo
CO2 Decomposição da
MOS, queimadas
Fontes fósseis
Emissões fósseis - As estimativas de materiais e alguns insumos tem sido feitas com base nos artigos de Dr. David Pimentel (Cornell, EUA) – espaço para aprimoramento
No caso dos insumos, é necessária a informação sobre a pegada de carbono.
Qual o impacto??
Consumo de energia fóssil em operações agrícolas para produção de cana-de-açúcar nas condições brasileiras
Aproximadamente 25 % do total (Soares et al 2009)
Quantidade de energia requerida nas etapas de fabricação, transporte e aplicação de fertilizantes, em termos de N, P e K
(adaptado de GELLINGS & PARMENTER, 2004).
Equivalem a 3,3 a 6,6 kg CO2eq por kg de N aplicado ao solo
10 a 25 % das emissões com uso de N
(IFA, 2010)
Emissões fósseis = 41 % do total na fase agrícola
Emissões de gases de efeito estufa (CO2, N2O e CH4) durante as etapas de produção e distribuição de etanol de cana-de-açúcar.
(Soares et al 2009)
O efeito sobre os estoques de C do solo não foram contabilizados!
Como incluir as possíveis emissões ou remoções de CO2 pelo solo??
MOS
CO2
C-palha
C-raízes
Parte aérea
A matéria orgânica (carbono) do solo é o
resultado líquido da deposição de resíduos
e de sua decomposição.
CO2
CO2
CO2
CO2
CO2
CO2
Carbono no solo
Tempo (anos)
Ocorrendo mudança de uso do solo, ou no manejo, espera-se que haja uma mudança de estoque de C no solo (para mais ou para menos), mas de efeito finito, ou seja até que um novo equilíbrio seja atingido.
Esto
qu
e d
e C
do
so
lo
+ C
- C
Estoque de C anterior
Mudanças nos estoques de C de solo de textura média manejado continuamente com cevada
Sem adubação
Com NPK
Com estercos
Com estercos até 1871 e depois sem adubação
(Johnston et al. 2009)
Tempo (anos)
Uma dos problemas é a referência inicial de tempo para se estimar o estoque de C do solo
Esto
qu
e d
e C
do
so
lo
+ C/ano + C/ano
+ C/ano O estoque não se altera
Estoques de C do solo para a camada de 0-80 cm quantificados para os anos 1997, 2000, 2003 e 2009, para as rotações R1 (soja-milho-trigo-aveia-tremoço), R2 (soja-milho-tremoço) e R3 (milho-trigo-aveia), em plantio direto (NT) e convencional (CT).
R2
60
75
90
105
120
ZT
CT
R3
Years
1997 2000 2003 2009
So
il C
sto
ck (
Mg
C h
a-1
)60
75
90
105
120
ZT
CT
A
B B
B
a
a a
b
ns ns ns ns
A AA
A
a aa
a
ns ns ns ns
R1
60
75
90
105
120
ZT
CT
AA
AA
bb
aa
ns ns ns *
Londrina, Paraná
Zotarelli et al 2012
Tempo (anos)
Outro problema é a referência de uso anterior (ponto de partida).
Esto
qu
e d
e C
do
so
lo
+ C/ano
+ C/ano
Histór. 2
Histórico 1
Mesmo manejo atual, estimativas de estoques de C do solo diferentes
Tempo
Nivel de equilibrio para o
sistema de cultivo
O efeito de determinado sistema de produção sobre a acumulação de C no solo vai depender do histórico do uso/manejo do solo
Estoque de C
Histórico 1
Histórico 2
Tempo (anos)
Esto
qu
e d
e C
do
so
lo
Mesmo manejo, iniciado em momentos em que os estoques de C do solo se encontravam em fases diferentes do processo de estabilização e em diferentes históricos
Diferentes históricos
Tempo (anos)
Brasil Cerrados CS CR Sul SS SR
Mu
dan
ça d
e e
sto
qu
e d
e C
do
so
lo
(M
g C
ha
-1 a
no
-1)
0
1
2
3
4
Variação anual de estoques de C do solo com o uso do plantio direto em comparação ao convencional
Brasil - mediana de +0,43 Mg C ha-1 ano-1, dentro de um intervalo que varia de +0,14 a +0,83 Mg C ha-1 ano-1, excluindo-se os outliers
(PBMC, 2012 – em preparação)
Incertezas nas estimativas de taxas de acumulação de estoques de C do solo
20 anos
Sistema 1
Sistema 2
Vegetação
nativa
Acumulação
Emissão
Tempo
Esto
que d
e C
do s
olo
Efeito do uso do solo sobre as mudanças nos estoques de C do solo
– IPCC 2006 - Estoque inicial de vegetação nativa, baseado em
combinação de solo e vegetação (clima)
Uma possibilidade: levar em conta o tempo de uso anterior, desde que se saiba que foi mantido relativamente inalterado por um período suficiente para que os estoques de C não estejam variando significativamente
Exemplo: Plantio convencional com soja-milho safrinha por mais de 20 anos (Centro Oeste?) Pastagens contínuas Cana-de-açúcar em manejo com queima em áreas de São Paulo O uso dos solos no ano de 1990 é uma referência inicial para iniciativas de mitigação
Deveríamos computar remoções ou taxas menores de perdas?
Se a referência for o sistema de plantio convencional, o plantio direto proporciona remoção de CO2 pelo solo. Se a vegetação nativa for a referência, em geral o uso do solo com lavouras ocasiona perdas de C do solo, independente do sistema ser convencional ou direto. Dependendo do referencial, a consideração do estoque de C do solo pode significar mais emissões de CO2 do que compensação de emissões de outros processos.
Mesmo com muitas incertezas, como considerar as taxas obtidas?
• Uma taxa de 0,4 Mg C ha-1 ano-1 não significa que é válida para 50 ou 100 anos.
• Na melhor das hipóteses, seria válida para 20 anos (tempo de estabilização dos estoques de C do solo).
• Como considerar o número para ACV?
Tempo (anos)
Tentativamente, poderia se estimar a taxa para um horizonte de 100 anos, seguindo a mesma tendência do que é feito para N2O e CH4
Estoque de C do solo
20 100
0,4 Mg C ha-1 ano-1
DC = 8 Mg C ha
0,08 Mg C ha-1 ano-1
Número para ACV
O tempo para a estabilização dos estoques de C do solo ?
As estimativas do modelo sugerem, para alguns casos, tempos de estabilização superiores a 30 anos
Variação nos estoques de C do solo (0-17,5 cm) em experimento de longo prazo com culturas anuais com manejos diferenciados (Bayer et al, 2006)
Quantificação das emissões de CO2
do solo
Avaliação de fluxos de CO2 – micrometeorlógicos
Balanço de C do solo
Monitoramentos de longo prazo
Cronossequências
Validação da cronossequência
Histórico de vegetação (análise isotópica de 13C pode ajudar)
Mesmo solo (mineralogia e textura)
Densidade do solo em profundidade
Localização na paisagem
Textura do solo em uma cronossequência floresta – pastagem - cana-de-açúcar
Validação da cronossequência
Histórico de vegetação (análise isotópica de 13C pode ajudar)
Mesmo solo (mineralogia e textura)
Densidade do solo em profundidade
Localização na paisagem
Validação da cronossequência
Histórico de vegetação (análise isotópica de 13C pode ajudar)
Mesmo solo (mineralogia e textura)
Densidade do solo em profundidade
Localização na paisagem
13C
-28-26-24-22-20-18
Depth (cm)0
20
40
60
80
100
Sugar Cane
Native vegetation
Pasture
Possível cronossequência Floresta – pastagem – cana-de-açúcar (RM Boddey – não publicado)
A matéria orgânica do solo guarda o sinal isotópico do resíduo que a originou. C4 – 13C de -12‰ C3 – 13C de -27‰
Validação da cronossequência
Histórico de vegetação (análise isotópica de 13C pode ajudar)
Mesmo solo (mineralogia e textura)
Densidade do solo em profundidade
Localização na paisagem
Profundidade de amostragem
C-total do solo
pro
fun
did
ade
Profundidade de amostragem Geralmente, a metodologia do IPCC é referência, com profundidade padrão de 30 cm.
Plantio direto
Plantio convencional
30 cm
Críticas quanto ao potencial do plantio direto em proporcionar um efeito positivo para os estoques de C do solo
Poderia ter o mesmo estoque mudando apenas a distribuição do C no perfil
Dados do Brasil mostram que seria mais correto considerar
a camada de 100 cm
A avaliação do estoque de C apenas na camada de 30 cm subestima em média 37% da taxa de remoção em relação a amostragem até 100 cm de profundidade.
Rotações com plantio de
leguminosas no inverno
(maior produção de resíduos
e mais N para formar MOS)
trigo/soja
aveia/milho
Latossolos amostrados em 30 e 100 cm de
profundidade.
Boddey et al. (Global Change Biology)
Taxa de acumulo de C Mg/ha/ano
0-30cm
Ta
xa
de
ac
um
ulo
de
C M
g/h
a/a
no
0-1
00cm
Deasfios para utilizar os estoques de C do solo em inventários de GEE para estudos de ACV
• Disponibilidade de dados bem referenciados no tempo, obtidos de estratégias de amostragem e análises laboratoriais adequadas.
• Exercícios teóricos , validados internacionalmente, que apontem taxas de mudanças de estoques de C para o horizonte da análise , considerando-se os fatores ambientais (modelagem de dados).
Emissões de N2O e CH4
Estimativas de índices para computar emissões de N2O
2OS1CRBNAMSNdireta2 EFFEFFFFFONN
Emissão direta decorrente do aumento de N disponível do solo
Emissão direta de N2O pelo cultivo de solos orgânicos
Combinação de dados de atividade com variáveis acessórias
Situação atual: temos que ir para o campo de forma organizada!!
Qualidade do resultado depende de:
1.Desenho da câmara
2.Forma e frequência de amostragem
3.Duração das amostragens
Produção de N2O do solo em área de arroz de terras altas sob PD em
Goiânia-GO
12/12 26/12 09/01 23/01 06/02 20/02 06/03 20/03 03/04 17/04
g
N-N
2O
m-2
h-1
0
50
100
150
200
Llu
via (
mm
)
0
20
40
60
80
A
BControl (sin fertilizante)
Fertilizado (30 + 60 kg N ha-1
)
Aplicación del fertilizante
5 dias
Ch
uva
s
Efeito de doses de N na forma de uréia, sobre os fluxos de N2O do solo
28/02 14/03 28/03 11/04 25/04 09/05 23/05 06/06 20/06
Pre
cip
itaç
ão (
mm
)
0
10
20
30
40
50
60
70
Tem
per
atu
ra (
ºC)
0
5
10
15
20
25
30
35
Precipitação
Temperatura média
28/02 14/03 28/03 11/04 25/04 09/05 23/05 06/06 20/06
ug N
2O
-N m
-2 h
-1
0
100
200
300
400
500
600
0 kg de N ha-1
40 kg de N ha-1
80 kg de N ha-1
120 kg de N ha-1
160 kg de N ha-1
Dias após a aplicação de ureia
0 30 60 90 120 150
% N
-N2O
0
20
40
60
80
100
1o ciclo
2o
ciclo
3o
ciclo
01/10 01/12 01/02 01/04 01/06 01/08 01/10 01/12 01/02 01/04 01/06
g N
-N2
O m
-2 h
-1
0
100
200
300
400
500
ploughing
disc harrowing
3º Cycle
N Fertilization2º Cycle
N Fertilization
1º Cycle
N Fertilization
Control (ploughed area) Urea (ploughed area)Control (non-ploughed area)
Fluxos de N2O na cultura do capim elefante após preparo do solo e aplicação de fertilizante nitrogenado
Emissão de N2O cumulativa, proveniente do fertilizante. Percentual da emissão total atribuída ao fertilizante.
Uso do solo
Ciclo de
avaliação1
(dias)
N-Fertilizante
(fonte kg N ha-1) Tipo de solo
FE baseado em
área de
referência (%)
Londrina, PR Latossolo
Vermelho
distroférrico
Milho SP rotação (ano 1 e 2) 136/141 Uréia – 80 0,05/0,04
Milho PD rotação (ano 1 e 2) 136/141 Uréia – 80 0,09/0,03
Passo Fundo, RS
Latossolo
Vermelho
escuro
Trigo PD rotação 137 Uréia – 40 0,13
Soja/trigo PD (ano 1 e 2) 1 ano Fert+Res –
120/116
0,56/0,81
Soja/trigo PC (ano 1 e 2) 1 ano Fert+Res –
126/133
0,47/0,52
Milho/trigo PD 1 ano Fert+Res – 162 0,41
Milho/trigo PC 1 ano Fert+Res – 141 0,70
Sorgo/trigo PD 1 ano Fert+Res – 193 0,24
Sorgo/trigo PC 1 ano Fert+Res – 193 0,29
Santo Antônio de Goiás, GO
Latossolo
Vermelho
Escuro
Milho PD sucessão 140 Uréia – 80 0,22
Arroz sequeiro PD (ano 1 e 2) 133/132 Uréia – 90 0,13/0,14
Feijão irrigado PD 149 Uréia – 80 0,12
Seropédica, RJ
Milho SP 120 Uréia – 50 0,16
Milho SP 120 Uréia – 100 Argissolo
Vermelho
Amarelo
0,35
Milho SP 120 Uréia – 150 0,33
Capim elefante 180 Uréia – 40 0,18
Capim elefante 180 Uréia – 80 0,22
Capim elefante 180 Uréia – 120 0,22
Capim elefante 180 Uréia – 160 0,37
Fator de emissão de N2O
obtido de estudos feitos no
Brasil em solos agrícolas
Fator de emissão direta Dados medidos no Brasil
Média geral 0,30 % (0,20 – 0,47%)
Fator de emissão direta IPCC
1% (0,3 – 3%)
Fluxos de N2O de excretas de bovinos em pastagem de braquiaria em Santo Antonio de Goiás (verão)
-200
1800
3800
5800
7800
9800
11800
18/nov 7/jan 26/fev 17/abr 6/jun
g
N-N
2O
m-2
h-1
Controle
Urina
Fezes
FEurina = 2,57 e 1,61 %
FEfezes = 0,14 e 0,29 %
FEurina = 0,01%
FEfezes = 0,00%
verão inverno
excreta excreta
(Lessa, Madari, Urquiaga, Boddey e Alves -Em preparação)
Emissões de N2O da urina e fezes de bovinos
Esses dados preliminares indicam que o fator de emissão de N da urina está entre ~1,2 a 1,4 % e o N das fezes 0,1 a 0,2 %.
O valor do “Tier 1” do IPCC é 2%.
Em condições de pastagens extensivas raramente mais de 60 % do N se encontra excretado na urina, logo o fator de emissão ponderada ficaria ao redor de 0,5 a 0,7 %.
Emissões indiretas
• Volatilização de amônia e NOx
• Lixiviação e escorrimento superficial
• FracGASF – 10% / Medidos (0 – 73 %)
• FracLEACH- 30% / ??
• EF4 – 0,010 EF5 – 0,025 (altíssima incerteza)
Tempo
Carbono
do solo
N2O e CH4
Novo equilíbrio
Cumulativas
O estoque de C estabiliza com o tempo, mas as emissões de N2O se mantém
Obrigado!
Bruno Alves – [email protected]