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Victor dos Santos Assumpção Estratégia de Controle de Turbina a Gás Dissertação de Mestrado Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica da PUC-Rio. Orientador: Prof. Sergio Leal Braga Co-orientador: Dr. Sandro Barros Ferreira Rio de Janeiro Junho de 2012

Estratégia de Controle de Turbina a Gás

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Descrição do sistema de controle de turbina.

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  • Victor dos Santos Assumpo

    Estratgia de Controle de Turbina a Gs

    Dissertao de Mestrado

    Dissertao apresentada como requisito parcial para obteno do ttulo de Mestre pelo Programa de Ps-Graduao em Engenharia Mecnica da PUC-Rio.

    Orientador: Prof. Sergio Leal Braga

    Co-orientador: Dr. Sandro Barros Ferreira

    Rio de Janeiro Junho de 2012

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0912546/CA

  • Victor dos Santos Assumpo

    Estratgia de Controle de Turbina a Gs

    Dissertao apresentada como requisito parcial para obteno do ttulo de Mestre pelo Programa de Ps-Graduao em Engenharia Mecnica da PUC-Rio. Aprovada pela Comisso Examinadora abaixo assinada.

    Prof. Sergio Leal Braga Orientador

    Departamento de Engenharia Mecnica PUC-Rio

    Dr. Sandro Barros Ferreira Co-orientador GT2 Energia

    Prof. Jos Alberto dos Reis Parise Departamento de Engenharia Mecnica PUC-Rio

    Dr. Carlos Eduardo Reuther de Siqueira PETROBRAS

    Prof. Jos Eugnio Leal Coordenador Setorial do Centro

    Tcnico Cientfico PUC-Rio

    Rio de Janeiro, 05 de Junho de 2012

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  • Todos os direitos reservados. proibida a

    reproduo total ou parcial do trabalho sem

    autorizao da universidade, do autor e do

    orientador.

    Victor dos Santos Assumpo

    Graduado em engenharia de controle e automao.

    Trabalha na GT2 Energia, como engenheiro de

    projetos, uma empresa voltada para o

    desenvolvimento de softwares de usinas trmicas,

    onde o controle destas usinas reproduzido ou

    desenvolvido.

    Ficha Catalogrfica

    CDD: 621

    Assumpo, Victor dos Santos

    Estratgia de controle de turbina a gs /

    Victor dos Santos Assumpo ; orientador:

    Srgio Leal Braga ; co-orientador: Sandro

    Barros Ferreira. 2012.

    108 f. : il. (color.) ; 30 cm

    Dissertao (mestrado)Pontifcia

    Universidade Catlica do Rio de Janeiro,

    Departamento de Engenharia Mecnica, 2012.

    Inclui bibliografia

    1. Engenharia mecnica Teses. 2.

    Turbinas a gs. 3. Controle de turbinas a gs.

    4. Gerao trmica. I. Braga, Srgio Leal. II.

    Ferreira, Sandro Barros. III. Pontifcia

    Universidade Catlica do Rio de Janeiro.

    Departamento de Engenharia Mecnica. IV.

    Ttulo.

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  • Aos meus pais, que me deram educao e condies para alcanar este objetivo.

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  • Agradecimentos

    Aos meus pais, Osvaldir e Ftima, e minha irm.

    Ao meu orientador, professor Sergio Leal Braga, pelo suporte junto PUC-Rio.

    Ao meu co-orientador, Dr. Sandro Barros Ferreira, pela oportunidade e

    orientao neste estudo.

    Ao Vincius Pimenta de Avellar, por todo o apoio e sugestes durante este

    trabalho.

    PUC-Rio, pela bolsa de iseno de ps-graduao.

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  • Resumo

    Assumpo, Victor dos Santos; Braga, Sergio Leal. Estratgia de

    Controle de Turbina a Gs. Rio de Janeiro, 2012. 108p. Dissertao de

    Mestrado Departamento de Engenharia Mecnica, Pontifcia Universidade Catlica do Rio de Janeiro.

    Aps um perodo de baixa nas bacias hidrogrficas, o Brasil investiu em

    novas fontes de gerao de energia eltrica. O gs natural um dos exemplos

    destas novas fontes de energia. Dentre as usinas usurias deste combustvel,

    existem aquelas que operam com turbinas a gs. Muitos estudos sobre

    modelagem de turbinas a gs, simulao de desempenho, diagnstico e controle

    comearam devido a importncia dessas usinas. Assim, torna-se necessrio que

    estas usinas trabalhem com segurana e confiabilidade. Para garantir esta

    estabilidade, necessrio o desenvolvimento de um sistema de controle, capaz

    de realizar esta operao de gerao de energia eltrica de forma satisfatria. O

    sistema de controle utilizado por estes equipamentos o objeto de estudo deste

    trabalho. Neste trabalho, foi utilizado um modelo computacional de uma turbina

    a gs com duas caractersticas principais: um modelo computacional do sistema

    de controle, desenvolvido com base em uma nova metodologia de controle de

    turbina a gs, e um modelo termodinmico existente de uma turbina a gs ligado

    rede brasileira. O sistema de controle utiliza a temperatura de sada da turbina

    a gs (TET), como um fator de correo, para ajustar a temperatura da entrada da

    turbina (TIT). Esta temperatura (TIT) utilizada como referncia para o controle

    de fluxo de combustvel injetado no interior da cmara de combusto. O modelo

    tambm controla o VIGV (ps diretoras mveis na entrada do compressor)

    atravs de uma curva utilizada no controle desta turbina a gs ligada rede

    brasileira. O modelo computacional ainda apresenta um clculo simplificado da

    composio molar dos gases de exausto desta mquina trmica. Esta

    caracterstica pode ser usada em combinao com um modelo de uma caldeira de

    recuperao de calor (HRSG), para simular uma condio de queima

    suplementar (duct burner), onde o principal objetivo aumentar a potncia

    produzida no ciclo. Os resultados da simulao foram comparados com os dados

    operacionais da usina brasileira.

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  • Palavras-chave

    Turbinas a gs; Controle de Turbinas a Gs; Gerao Trmica.

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  • Abstract

    Assumpo, Victor dos Santos; Braga, Sergio Leal (Advisor). Control

    Strategy of a Gas Turbine. Rio de Janeiro, 2012. 108p. MSc. Dissertation

    Departamento de Engenharia Mecnica, Pontifcia Universidade Catlica do Rio de Janeiro.

    After a period of water shortage, Brazil invested in new sources of

    electricity generation. Natural gas is an example of these new energy sources.

    Among these plants, some operate with gas turbines. Many studies about gas

    turbine modeling, performances simulation, diagnosis and control have started

    due the importance of these power plants. Thus, it is necessary that these plants

    work safely and reliably. To ensure this stability, it is necessary to develop a

    control system capable of performing this operation for generating electricity in

    a satisfactory manner. Then, the control system used by this equipment becomes

    the objective of this study. In this work, a computational model of a gas turbine

    was used with two main features: a developed computational model of control

    system based on a new methodology of gas turbine control and an existing

    thermodynamic model of a gas turbine connected to the Brazilian grid. The

    control system uses the turbine exhaust temperature (TET) as a corrective factor

    to adjust the turbine inlet temperature (TIT). TIT was used as a setpoint to

    control the fuel flow injected inside the combustor. The model also controls the

    IGV (Inlet Guide Vanes) by a control curve used in control of a specific gas

    turbine. There is a simplified calculation of the molar composition of the exhaust

    gas. This feature could be used in combination with a model of a heat recovery

    steam generator (HRSG) to simulate a condition with duct burners where the

    main objective is increase the cycle power. The results of simulation were

    compared to the operational data from the Brazilian power plant.

    Keywords

    Gas Turbine; Gas Turbine Control; Thermal Generation.

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  • Sumrio

    Nomenclatura 15

    1 Introduo 17

    2 Reviso Bibliogrfica 21

    3 Turbinas a Gs 38

    3.1. Ponto de Projeto (design point) 38

    3.2. Off-design 39

    3.3. Regime Transitrio 40

    3.3.1. Transitrio Trmico 40

    3.3.2. Transitrio Termodinmico 40

    3.3.3. Transitrio Mecnico 42

    4 Descrio da turbina a gs estudada 43

    5 Melhorias no modelo da turbina a gs 45

    5.1. Composio dos gases de exausto 45

    5.2. Injetores de combustvel 47

    6 Controle de Processos 50

    6.1. Controlador On-Off 52

    6.2. Controladores Proporcional, Proporcional Integral e Proporcional

    Integral Derivativo (PID) 52

    7 Controle de Turbinas a Gs 55

    7.1. Estratgias de Controle de Turbinas a Gs 58

    7.2. Metodologia de controle da turbina a gs estudada 63

    7.3. Metodologia de controle OTC 64

    7.4. Metodologia utilizada 66

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  • 8 Simulao 69

    9 Resultados da simulao 74

    9.1. Resultados para simulao de ponto de projeto 74

    9.2. Resultados para simulao em off-design 75

    9.3. Resultados para simulao em regime transitrio 77

    10 Concluso 87

    11 Trabalhos futuros 90

    12 Referncias Bibliogrficas 92

    13 Anexo 95

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  • Lista de figuras

    Figura 1 Diagrama de blocos simplificado para uma turbina de eixo

    simples para uma operao isolada [4]. 21

    Figura 2 Diagrama de blocos esquemtico de controle de turbinas a gs,

    com controle de VIGV [5]. 23

    Figura 3 Diagrama de blocos do controle do modelo da turbina

    a gs, apresentado em [15]. 29

    Figura 4 Sistema de controle MFA em cascata [20]. 32

    Figura 5 Configurao bsica de uma turbina a gs de ciclo simples e

    ciclo aberto. 38

    Figura 6 Comportamento dos injetores de combustvel do

    modelo computacional de uma turbina a gs, quando aplicado uma

    reduo de carga. 49

    Figura 7 Representao de um processo a ser controlado [35]. 51

    Figura 8 Sistema de malha aberta, sem realimentao [35]. 51

    Figura 9 Representao de um sistema de malha fechada [35]. 51

    Figura 10 Nvel hierrquico do DCS (Distributed Control System

    Sistema de Controle Distribudo) apresentado por Boyce [37]. 56

    Figura 11 Estratgia de controle de vazo de combustvel baseado em

    Rowen [4], onde TET a temperatura de exausto da turbina. 60

    Figura 12 Estratgia de controle para turbina a gs com

    compressor de geometria varivel [39]. 61

    Figura 13 Exemplo de configurao de uma usina em ciclo combinado

    com duas turbinas a gs, duas caldeiras de recuperao de calor e uma

    turbina a vapor [40]. 63

    Figura 14 Desenho esquemtico com a estratgia de controle OTC

    (Outlet Temperature Corrected) para uma turbina a gs especfica [26]. 66

    Figura 15 Dados operacionais da potncia mecnica (MW) requerida

    pelo sistema energtico, usadas como entrada do modelo computacional. 70

    Figura 16 Curvas com o comportamento da temperatura de sada da

    turbina, para diferentes valores de temperatura ambiente e aplicada uma

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  • reduo de carga [41]. 71

    Figura 17 Curva de configurao do modelo da turbina a gs, utilizada

    para avaliar o comportamento do modelo contra o resultado apresentado

    em [41]. 72

    Figura 18 Curva com a variao de potncia nominal e variao de heat

    rate em funo da temperatura ambiente, de uma turbina a gs especfica [42]. 75

    Figura 19 Curva de comparao entre a curva de operao de uma turbina

    a gs especfica com os resultados do modelo computacional para regime

    fora do ponto de projeto. 76

    Figura 20 Comparao entre os dados operacionais da velocidade de

    rotao do equipamento e os valores calculados pelo modelo da turbina a gs. 78

    Figura 21 Erro percentual entre os dados de operao e os resultados do

    modelo computacional para a velocidade de rotao. 78

    Figura 22 Comparao entre os dados operacionais da temperatura de

    descarga do compressor e os valores calculados pelo modelo da turbina a gs. 79

    Figura 23 Erro percentual entre os dados de operao e os resultados

    calculados pelo modelo computacional para a temperatura de sada

    do compressor. 80

    Figura 24 Comparao entre os dados operacionais da presso de

    descarga do compressor e os valores calculados pelo modelo da turbina a gs. 80

    Figura 25 Erro percentual entre os dados de operao e o resultado

    calculado pelo modelo computacional para a presso de sada do compressor. 81

    Figura 26 Comparao entre os dados operacionais do ngulo de

    fechamento das ps diretoras mveis do compressor e os valores calculados

    pelo modelo da turbina a gs. 82

    Figura 27 Erro percentual entre os dados de operao e o resultado

    calculado pelo modelo computacional para as ps diretoras mveis do

    compressor. 82

    Figura 28 Comparao entre os dados operacionais da vazo mssica

    de combustvel inserida na cmara de combusto e os valores calculados

    pelo modelo da turbina a gs. 83

    Figura 29 Erro percentual entre os dados de operao e o resultado do

    modelo computacional para a vazo mssica de combustvel. 84

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  • Figura 30 Comparao entre os dados operacionais da temperatura de

    sada da turbina e os valores calculados pelo modelo da turbina a gs. 85

    Figura 31 Erro percentual entre os dados de operao e o resultado

    calculado pelo modelo computacional para a temperatura de sada da turbina. 85

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  • Lista de tabelas

    Tabela 1 Capacidade de gerao de energia eltrica do Brasil ANEEL [3]. 18

    Tabela 2 Legenda para os tipos de empreendimento ANEEL [3]. 18

    Tabela 3 Lista de empreendimentos de gerao de energia eltrica

    em construo no Brasil ANEEL [3]. 19

    Tabela 4 Tabela que relaciona o valor percentual de carga com a

    temperatura corrigida pelo OTC [26]. 35

    Tabela 5 Tabela com o ajuste de temperatura realizado pelo OTC [26]. 35

    Tabela 6 Tabela com ajuste multiplicador em funo do valor

    percentual da carga [26]. 35

    Tabela 7 Dados de ponto de projeto da turbina a gs Siemens W501F,

    utilizada neste estudo [34]. 44

    Tabela 8 Comparao entre os dados operacionais e o modelo

    computacional para a condio de ponto de projeto para uma turbina

    a gs especfica. 74

    Tabela 9 Erro percentual entre a curva do fabricante e o modelo

    computacional para operao em off-design. 76

    Tabela 10 Resultados calculados pelo modelo computacional de uma

    turbina a gs especfica, utilizada neste estudo. 95

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  • Nomenclatura

    c Velocidade do fluido

    CIT Temperatura de entrada no compressor

    e Sinal de erro

    E Energia total

    F Fora

    g Acelerao da gravidade

    h Entalpia

    I Momento de inrcia

    k Ganho do controlador

    L Quantidade de movimento angular

    m Massa

    m Vazo mssica

    M Peso molecular

    OTC Outlet Temperature Corrected (Temperatura de sada corrigida)

    p Presso

    PCI Poder calorfico inferior

    Q Taxa de transferncia de calor

    R Constante universal dos gases

    t Tempo

    T Temperatura

    T2T Temperatura de sada do compressor

    u Sinal controlado

    V Volume

    VIGV Variable Inlet Guide Vanes (Ps diretoras mveis do compressor)

    VSV Variable Stator Vanes (Guias mveis no estator)

    W Taxa de transferncia de trabalho potncia

    y Frao molar

    z Altura

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  • Letras gregas

    Razo entre o calor especfico a presso constante e o calor

    especfico a volume constante

    Eficincia

    Velocidade angular

    ndices

    d Derivativo

    i Integral

    p Proporcional

    t turbina

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  • 1 Introduo

    O sistema energtico brasileiro est em fase de reestruturao nos ltimos

    anos. Segundo a Cmara de Comercializao de Energia Eltrica [1], a reforma do

    Setor Eltrico Brasileiro comeou em 1993 com a Lei n 8.631, que extinguiu a

    equalizao tarifria vigente e criou os contratos de suprimento entre geradores e

    distribuidores, e foi marcado pela promulgao da Lei n 9.074 de 1995, que criou

    o Produtor Independente de Energia e o conceito de Consumidor Livre. E, em

    1996, foi implantado o Projeto de Reestruturao do Setor Eltrico Brasileiro

    (Projeto RE-SEB), coordenado pelo Ministrio de Minas e Energia.

    As principais concluses do projeto foram: a necessidade de implantar a

    desverticalizao das empresas de energia eltrica, ou seja, dividi-las nos

    segmentos de gerao, transmisso e distribuio, incentivar a competio nos

    segmentos de gerao e comercializao, e manter os setores de distribuio e

    transmisso de energia eltrica, considerados como monoplios naturais, sob-

    regulao do Estado.

    Durante o ano de 2001, o pas passou por uma crise no abastecimento de

    gua das usinas hidreltricas, que resultou em um racionamento de energia

    eltrica. Este problema levou a discusses sobre os rumos do setor eltrico e, em

    2002, constituio do Comit de Revitalizao do Modelo do Setor Eltrico, que

    resultou em propostas de modificaes no setor.

    Uma das propostas adotadas para novos projetos de usinas para gerao de

    energia eltrica foi a utilizao de usinas termeltricas. Segundo Lora et al. [2], as

    projees de consumo de eletricidade e as perspectivas de expanso do sistema

    eltrico em todo o mundo indicam que as participaes dos leos combustveis, da

    hidroeletricidade e da energia nuclear devem cair nos prximos 20-25 anos. Por

    outro lado, as participaes do gs natural e fontes renovveis, exceto a

    hidroeletricidade, tendem a crescer.

    Assim, a utilizao de usinas trmicas que utilizam gs natural como

    combustvel apresentou uma das melhores oportunidades de negcio para a rea

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  • Introduo 18

    de gerao de energia, incentivada pela disponibilidade e baixa de preos do gs

    natural. As usinas termeltricas que utilizam turbinas a gs, seja para ciclo simples

    ou ciclo combinado, ganharam fora, e se tornaram uma das principais fontes de

    energia eltrica.

    Segundo a Agncia Nacional de Energia Eltrica, ANEEL [3], a capacidade

    de gerao de usinas trmicas no Brasil de aproximadamente 27 (26,62) %,

    divididas em 1492 usinas, totalizando uma potncia outorgada1 de 32.579.453

    kW, porm, com uma potncia fiscalizada2 de 31.011.369 kW. Estes dados so

    apresentados na Tabela 1. A legenda para o tipo de empreendimento de gerao

    de energia eltrica apresentada na Tabela 2.

    Tabela 1 Capacidade de gerao de energia eltrica do Brasil ANEEL

    [3].

    Tabela 2 Legenda para os tipos de empreendimento ANEEL [3].

    1 Potncia outorgada igual considerada no Ato de Outorga.

    2 A Potncia Fiscalizada igual considerada a partir da operao comercial da primeira

    unidade geradora.

    Tipo Quantidade Potncia Outorgada (kW) Potncia Fiscalizada (kW) %

    CGH 364 211.046 208.225 0,18

    EOL 66 1.333.638 1.324.242 1,14

    PCH 417 3.863.909 3.818.207 3,28

    UFV 6 5.087 1.087 0.00

    UHE 180 78.718.073 78.141.904 67,07

    UTE 1.492 32.579.453 31.011.369 26,62

    UTN 2 2.007.000 2.007.000 1,72

    Total 2.527 118.718.206 116.512.034 100.00

    Empreendimentos em Operao

    CGH Central Geradora Hidreltrica

    CGU Central Geradora Undi-Eltrica

    EOL Central Geradora Eolieltrica

    PCH Pequena Central Hidreltrica

    SOL Central Geradora Solar Fotovotaica

    UFV Usina Fotovoltaica

    UHE Usina Hidreltrica de Energia

    UTE Usina Termeltrica de Energia

    UTN Usina Termonuclear

    Legenda

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  • Introduo 19

    Porm, h uma lista de empreendimentos em construo, totalizando 41

    novas usinas termeltricas, que geraro 4.641.385 kW de potncia outorgada,

    conforme a Tabela 3.

    Tabela 3 Lista de empreendimentos de gerao de energia eltrica em

    construo no Brasil ANEEL [3].

    Assim, o desenvolvimento de projetos com a utilizao de turbinas a gs

    como mquina motriz geradora tem um potencial de crescimento considervel.

    Por ser uma rea relativamente nova no setor eltrico do pas, muitos estudos

    foram iniciados. Dentre estes estudos, encontram-se a modelagem de turbinas a

    gs, diagnsticos e controle.

    Este estudo visa simular uma nova metodologia de controle, aplicada a este

    tipo de mquina trmica. Apesar de existirem muitos fabricantes de controle de

    turbinas a gs no mundo (o mesmo no acontece aqui no Brasil), h um alto grau

    de complexidade associado ao controle deste equipamento. Existem vrias

    estratgias de controle associadas a vrias configuraes deste equipamento, sem

    contar em inmeras variveis controladas e na qualidade da operao, que so

    fundamentais para a utilizao desta mquina trmica no processo de gerao de

    energia eltrica.

    Para este trabalho, a turbina a gs escolhida (Siemens Westinghouse

    W501F) composta por um nico eixo, um compressor de geometria varivel

    com 16 estgios de compresso, uma cmara de combusto composta por 16

    combustores (com quatro tipos de injetor por combustor piloto, estgio A,

    estgio B e estgio C) e uma turbina com 4 estgios de expanso.

    Tipo Quantidade Potncia Outorgada (kW) %

    CGH 1 848 0.00

    EOL 33 913.29 3,36

    PCH 51 645.179 2,37

    UHE 12 19.660.000 72,25

    UTE 41 4.641.385 17,06

    UTN 1 1.350.000 4,96

    Total 139 27.210.702 100.00

    Empreendimentos em Construo

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  • Introduo 20

    Um modelo computacional ser utilizado para anlise e implantao de um

    modelo de sistema de controle baseado na literatura. Esta turbina a gs est

    disponvel para operao, seja em ciclo simples ou em ciclo combinado.

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  • 2 Reviso Bibliogrfica

    Rowen [4] apresenta uma representao matemtica simplificada de uma

    turbina a gs, adequada para uma anlise dinmica do equipamento. O objetivo

    deste estudo a investigao da estabilidade dos sistemas de potncia, o

    desenvolvimento de estratgias de distribuio e planos de contingncia para

    sistemas com distrbios. As turbinas a gs descritas nesse artigo so turbinas a gs

    de ciclo simples, de eixo nico, utilizadas para gerao de energia. A Figura 1

    representa um diagrama de blocos simplificado para uma turbina a gs de eixo

    simples, seus controles e sistema de combustvel, representada como um servio

    isolado de gerao.

    Figura 1 Diagrama de blocos simplificado para uma turbina de eixo

    simples para uma operao isolada [4].

    O sistema de controle inclui o controle de velocidade (rotao), temperatura,

    acelerao e limites mnimos e mximos de combustvel. A representao do

    regulador de velocidade adequada para o controle iscrono e droop, e atua no

    erro de velocidade formado entre a velocidade de referncia somada a um setpoint

    digital, e a velocidade atual do sistema ou rotor. O regulador droop um

    controlador de velocidade puramente proporcional onde a sua sada proporcional

    ao erro de velocidade. Um regulador iscrono um controlador de velocidade

    formado por um controlador proporcional um controlador de reset, onde a taxa de

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  • Reviso Bibliogrfica 22

    mudana proporcional ao erro de velocidade. O controle de temperatura o

    mtodo utilizado para limitar a sada de temperatura de turbina a gs atravs de

    um valor de temperatura de queima pr-determinada, onde este valor

    independente da variao da temperatura ambiente ou caractersticas do

    combustvel. Devido dificuldade de medio desta temperatura no interior da

    cmara de combusto (temperatura de entrada na turbina, da sigla TIT, que

    significa turbine inlet temperature), a medio realizada atravs de pares de

    termopares com escudos de radiao incorporados, localizados ao final do ltimo

    estgio de expanso. Esta temperatura a temperatura do blade path ou TOT

    (turbine outlet temperature) Importante notar, que h um pequeno erro no

    transitrio devido s constantes de tempo associadas ao sistema de medio. O

    controle de acelerao usado, principalmente, durante a partida da turbina a gs,

    para limitar a taxa de acelerao do rotor antes de ele atingir a velocidade

    controlada. Assim, reduz-se o esforo trmico encontrado durante a partida. Esse

    controle tambm possui uma funo secundria durante a operao normal,

    atuando na reduo da vazo mssica de combustvel injetada e, com isso,

    limitando a tendncia de sobre velocidade no evento onde a turbina

    dessincronizada com o sistema.

    Essas trs funes de controle velocidade de rotao, temperatura de

    exausto e acelerao so todas entradas de uma funo de seleo de valor

    mnimo. A sada desta funo, que chamada de VCE, o menor valor dessas

    trs entradas, resultando em um menor valor de vazo de combustvel.

    Transferncias de um tipo de controle para outro so feitas sem amortecimentos e

    sem nenhum atraso de tempo. O valor de sada desse seletor de valor mnimo

    comparado com valores limitadores (mximo e mnimo). O limite superior (valor

    mximo) serve como um backup para o controle de temperatura e no utilizado

    em uma operao normal. J o limite inferior tem maior importncia durante a

    dinmica do sistema, ou seja, este limite escolhido para manuteno da vazo de

    combustvel adequada para garantir que a chama de combusto seja mantida no

    interior do sistema de combusto.

    O mesmo Rowen acrescenta, em um novo artigo [5], o controle das VIGVs

    (Variable Inlet Guide Vanes), as palhetas mveis no primeiro estgio do

    compressor, que regulam a vazo mssica de ar que entra no compressor. Alm de

    garantir a estabilidade do compressor (evitar efeitos de stall), este controle

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  • Reviso Bibliogrfica 23

    importante para a manuteno da temperatura de exausto da turbina a gs,

    quando esta opera em condio de ciclo combinado. Ainda h a presena de

    elementos chamados de bleed valves, que so utilizados para proteger a turbina a

    gs dos efeitos de surge e stall durante os procedimentos de partida e parada.

    Porm, o autor no aborda estes equipamentos Outra abordagem dada ao

    comportamento das caractersticas desses sistemas adicionais, a maneira como

    podem afetar o funcionamento das turbinas a gs durante a gerao de energia

    eltrica, considerando uma velocidade rotacional fixa, referente frequncia da

    rede. Assim, h um novo diagrama de blocos, Figura 2. possvel notar,

    comparado ao diagrama de blocos apresentado pela Figura 1, existem algumas

    modificaes, por exemplo, o controle das VIGVs. A lgica utilizada mantida, e

    assim, o sinal de VCE o menor valor entre a velocidade de rotao de entrada, a

    acelerao e partir de agora, de uma relao entre a temperatura de exausto e o

    ngulo da IGV que controla a vazo mssica de ar que entra no compressor.

    Figura 2 Diagrama de blocos esquemtico de controle de turbinas a

    gs, com controle de VIGV [5].

    Ravi et al. [6] apresentam um estudo de caso de uma turbina a gs

    especfica utilizada para operaes em terra, voltada para a propulso de veculos.

    Esta turbina projetada para abranger uma maior faixa de pontos de operao

    (velocidades) comparado com uma turbina de aplicaes aeronuticas. Uma

    turbina de dois eixos, onde a turbina de alta presso movimenta o compressor, e

    uma turbina livre de baixa presso que gera a potncia para a transmisso do

    SPEED GOVERNOR

    RAMPs

    s

    83.0

    )183.0(3 LOW

    VALUE SELECT

    NOTE 2

    X

    XXXX

    MAX

    MIN

    FUELLIMITS

    NOTE 3

    105.0

    1

    s

    RATIO VALVEPOSITIONER

    1

    1

    sCD

    105.0

    1

    s

    GAS CONTROL VALVE POSITIONER

    14.0

    1

    s

    GAS FUEL SYSTEM

    eCDSE

    COMBUSTOR

    1

    1

    1 s

    2f

    s

    100

    ACCELCONTROL

    NROTORSPEED

    DIFFERANTIATOR

    SS

    LOAD TORQUECOEFFICIENT

    s

    s

    T

    13.3

    FUELTEMP.

    CONTROL

    1f

    eCDSE

    0.8

    X

    15.2

    1

    s

    115

    1

    s

    UP

    DOWN

    GOVERNORSETPOINT

    1.0

    0.1 PU/SEC

    TURBINETORQUE

    3fMAX

    MIN

    IGVLIMITS

    13

    1

    s

    IGVACTUATOR

    s

    s

    4

    )1(2.0

    THERMOCOUPLE

    TM

    TRA

    150(MAX = 30)

    FUEL OVERRIDEBIAS

    ROTOR

    TURBINE

    IGV TEMPCONTROL

    1.0

    +

    +

    +

    +

    +

    + +

    +

    RADIATION SHIELD

    TX

    Wf

    -

    -

    -+

    -

    +

    +

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  • Reviso Bibliogrfica 24

    veculo. A turbina apresenta um recuperador inserido no caminho do ar, com o

    objetivo de pr-aquecer o ar que entra no combustor, resultando em uma maior

    eficincia. Outra caracterstica do equipamento o bocal de rea varivel da

    turbina, que ajuda a controlar a diviso do trabalho entre as duas turbinas.

    O artigo apresenta boas informaes sobre o controle da turbina a gs

    estudada. Apesar de no ser uma turbina a gs industrial, o mtodo utilizado para

    o controle semelhante ao caso de gerao de energia, onde os parmetros

    controlveis so os mesmos. Outra diferena o fato desta turbina a gs possuir

    dois eixos.

    Camporeale e Fortunato [7] apresentam a simulao do comportamento de

    turbinas a gs de alta eficincia, baseadas em ciclos avanados obtidos com

    recuperador, intercooler, economizador, injeo de vapor ou de gua. Descreve

    metodologias numricas para resolver equaes governantes no lineares e

    equaes diferenciais. O controle de velocidade de um rotor, operando atravs da

    vazo de combustvel, foi considerado em dois casos transitrios diferentes, onde

    h uma reduo repentina de potncia.

    Os autores apresentam uma breve descrio sobre esses equipamentos, junto

    com o mtodo numrico utilizado para resolver as principais equaes no

    lineares e, finalmente, o sistema de controle a ser adotado. O modelo matemtico

    computacional configurado de acordo com os equipamentos auxiliares utilizados

    na turbina a gs e seu comportamento em operaes fora de ponto de projeto e

    regime no permanente so descritos utilizando as variveis: temperatura, presso

    e a taxa de vazo mssica. A composio do combustvel tambm considerada

    para o modelo computacional. O modelo numrico definido por equaes

    algbricas no lineares e por equaes diferenciais. O mtodo utilizado com as

    equaes diferenciais o algoritmo de Newton-Raphson, com avaliao numrica

    da matriz Jacobiana atravs das diferenas finitas. Para a soluo de trocadores de

    calor, uma abordagem de diferenas finitas tambm utilizada com uma

    aproximao de segunda ordem da derivada parcial da temperatura no tempo e no

    espao. O sistema de controle utiliza um modelo dinmico no linear (( [8]) apud

    [7]) definido por uma matriz de estados.

    O modelo apresentado apresenta resultados que no so comparados com

    valores reais, portanto, no possvel validar esses valores. Falta informao

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  • Reviso Bibliogrfica 25

    sobre como definir essas matrizes de estado, alm de no definir cada elemento da

    equao. Por fim, no insere nenhuma referncia sobre o mtodo utilizado.

    Silva et al. [9] apresentam o desenvolvimento de sistemas de controle para

    sistemas no lineares, que envolvem o uso de modelos computacionais de alto

    custo. Com o intuito de acelerar o processo de desenvolvimento e, permitir que

    outros projetos sejam avaliados, uma abordagem de baixo custo introduzida

    usando uma modelagem de complexidade varivel (VCM). Um modelo

    termodinmico no linear de uma turbina a gs utilizado para avaliar a seleo

    de projeto parar configuraes de controladores PI multivariveis. A anlise de

    regresso utilizada nos modelos para vrias respostas de controle. Estes modelos

    so usados para o projeto de um controlador feito com algoritmo gentico de

    mltiplos objetivos (MOGA), que combina as caractersticas de uma poderosa

    estratgia de otimizao evolucionria com o conceito de melhor resultado, para

    produzir solues ilustrativas de um problema de trade off. O resultado

    comparado ao modelo no linear original.

    A forma de controle apresentada no artigo dependente de uma boa

    utilizao de algoritmo gentico. Montar estas superfcies de respostas requer

    treinamento e familiarizao com o mtodo, pois os autores utilizam um mtodo

    de multidisciplinar, porm, no explicado de forma clara. Eles apenas fazem

    referncias a alguns trabalhos. O desenvolvimento do controle, junto com os seus

    ganhos tambm no est bem definida, gerando incertezas sobre como o

    controlador PI foi utilizado. Por fim, os resultados finais no mtodo MOGA no

    so confrontados com dados reais do equipamento. Assim, por melhores que

    sejam os resultados, no possvel verificar se estes resultados representam bem o

    equipamento estudado pelos autores.

    Kim et al. [10] apresentam uma nova modelagem de turbinas a gs, o

    sistema de controle aplicado e tambm os resultados da simulao de duas

    turbinas a gs durante o regime transitrio (partida, mudanas de carga,

    desligamento do equipamento, bem como condies anormais de operao como

    um caso de emergncia). O comportamento dinmico de um sistema que consiste

    de um fluido de trabalho e de partes girantes descrito atravs das leis de

    conservao e atravs de equaes de movimento. Para uma anlise completa das

    caractersticas dinmicas, clculos em regime transitrio tridimensionais so

    utilizados. Segundo os autores, a simulao unidimensional prov resultados com

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  • Reviso Bibliogrfica 26

    uma preciso suficiente para a simulao do equipamento como um todo. Para

    evitar uma maior complexidade na derivao das equaes governantes bsicas,

    os autores utilizam uma forma integral das equaes de conservao. Estas formas

    integrais das equaes so descritas pela equao da continuidade, equao do

    momento e equao da energia.

    Os autores utilizam compressores axiais de mltiplos estgios de turbinas a

    gs industriais geralmente so equipados com VIGV (Variable Inlet Guide Vane)

    e VSVs (Variable Stator Vanes). Trs variveis so dadas como condies limite:

    temperatura de entrada, presso de entrada e presso de sada. O mtodo

    multivarivel de Newton-Raphson utilizado para a soluo do conjunto de

    equaes. A equao de rotao considerando as inrcias, torques e cargas,

    tambm utilizada, onde o torque de carga alterado. Assim, h um

    desbalanceamento entre o torque desenvolvido e o torque de carga, resultando em

    uma alterao da velocidade rotacional.

    A funo de controle da rotao est associada ao controle do combustvel,

    modelando a vazo de combustvel que ser injetada. A temperatura de sada da

    turbina (TET) geralmente controlada no nvel mais alto possvel durante

    operaes em regime transitrio. controlada atravs do ngulo das VIGVs ou

    VSVs existentes no compressor. Este controle representado por uma

    combinao de um governador, atuadores e um sistema de medio. O sistema de

    controle inclui controle de rotao, temperatura, VIGV, acelerao e limitadores

    mximos e mnimos de vazo de combustvel e ngulo de VIGV. Os

    controladores so baseados na lgica de controle proporcional-integral (PI). Os

    parmetros do sistema descrevendo as caractersticas em regime permanente esto

    de acordo com os dados do fabricante, indicando que a modelagem dos

    componentes, especialmente o de compressor com geometria varivel, simulam a

    operao muito bem.

    Chivers e Milanovic [11] apresentam uma viso geral da rede eltrica no

    Reino Unido, onde a distribuio feita em uma tenso de 132 kV e est

    diretamente conectada aos clientes finais. Comenta tambm sobre a utilizao de

    fontes renovveis como a potncia resultante de um ciclo combinado de calor

    (combined heating power CHP). Outra fonte utilizada so as turbinas a gs com

    uma configurao de ciclo combinado, ou uma configurao CHP. A modelagem

    e a simulao da turbina a gs foi realizada atravs da famlia do software

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  • Reviso Bibliogrfica 27

    MATLAB/Simulink, utilizando uma ferramenta j existente no software chamado

    de Power System Blockset (PSB) especfica para anlises de sistemas de potncia.

    O artigo apresenta uma forma de controle para o sistema eltrico. Os autores

    s comentam sobre o controle, e os tipos de controle utilizados. No h uma

    descrio mais completa do controlador, s uma informao sobre a configurao

    do tipo de controle escolhido.

    Chakrabarti e Bandyopadhyay [12] apresentam uma proposta de controle

    eletrnico, usando uma realimentao peridica e constante. Algumas tcnicas de

    controle, dentre elas, o controle de realimentao de estado e o controle linear

    quadrtico, tambm so citadas no artigo.

    O artigo apresenta uma aplicao de controle interessante. Os resultados

    apresentados mostram uma boa resposta s perturbaes do sistema. A maior

    dificuldade reduzir a ordem do sistema, pois necessita de ajuda de um comando

    do programa MATLAB. Este mtodo provavelmente deve ser desenvolvido neste

    ambiente de programao, tornando-o limitado a este software. Mas apesar destes

    resultados, o artigo no mostra uma representao clara do modelo da turbina a

    gs, assim, no possvel dizer se o modelo est bem representado, e com isso,

    avaliar se o controle to bom quanto os resultados mostram.

    Oceanak e Baker [13] apresentam alguns elementos chave para o

    desenvolvimento e projeto de um sistema de controle digital genrico para o

    controle da vazo de combustvel de uma turbina a gs. Apresenta uma descrio

    de detalhes do desenvolvimento do controle, processo de desenvolvimento e ainda

    enfatiza a necessidade de uma modelagem com alta fidelidade e ferramentas para

    simulao, para promover um software robusto inicial de controle. A capacidade

    de processamento digital e as ferramentas de programao de softwares flexveis

    atuais permitem aos desenvolvedores de sistemas controle para turbinas a gs,

    desenvolver um sistema de controle simples que incorpora muitas opes sua

    funcionalidade. Os usurios podem, ento, configurar as opes necessrias

    dependendo do tipo de turbina a gs que desejam controlar. Esse tipo de controle

    genrico possui a capacidade de alcanar as especificaes da turbina de mltiplos

    projetos de fabricantes em vrias aplicaes de mercado.

    Apesar de mostrarem uma tcnica para desenvolver um controle genrico, a

    falta de resultados numricos um fator que atrapalha a verificao sobre a

    eficcia do modelo apresentado. O artigo apenas apresenta uma forma de

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  • Reviso Bibliogrfica 28

    desenvolvimento de um controlador para uma ou vrias turbinas a gs. Outro

    detalhe importante o fato dos autores ficarem presos ao sistema CORE (sistema

    de controle de combustvel), ou seja, todo o desenvolvimento do controle feito

    ao redor dele. provvel que seja um sistema comercial e, com isso, seria

    necessria aquisio de licena para sua utilizao.

    Schulke [14] apresenta uma estratgia de controle de rede redundante, que

    est longe de sistemas complexos, trplex caros ou TMR (Triple Modular

    Redundant) e segue em direo ao sistema de controle de rede e de dupla

    redundncia. O artigo se concentra na apresentao de um hardware de controle.

    O modelo de controle de combustvel e combusto utilizado baseado no pacote

    de turbinas a gs aero derivativas. O uso das comunicaes de rede em controle de

    turbinas a gs apresenta algumas vantagens, como reduo do custo total, reduo

    do tempo de instalao e do tempo de comissionamento. Expansibilidade do

    sistema e distribuio do processo so outras vantagens. O grande objetivo

    reduzir os custos para o desenvolvimento de um equipamento de controle

    utilizado em turbinas a gs aero derivativas. Os testes foram realizados em uma

    turbina a gs aero derivada com aplicao marinha, utilizando redundncia dupla

    e rede de I/O distribuda, para reduzir custos e melhorar sua disponibilidade.

    Outro objetivo utilizado para a reduo de custos minimizar a quantidade de

    cabos utilizados para montar essa rede, minimizando tambm atrasos enquanto se

    mantm um desempenho timo.

    O autor apresenta uma forma de construir um controlador. A parte lgica, o

    tipo de controle a ser utilizado no estudado nesse artigo. O grande objetivo

    construir um sistema fsico de controle que reduza os custos de montagem e

    tempo para comear a operao, substituindo grandes cabeamentos por sistemas

    de medio montados mais prximos a cada equipamento.

    Jurado e Carpio [15] apresentam um modelo de controle preditivo (Model

    predictive control MPC) que usado para minimizar, amortecer, as oscilaes

    da turbina a gs quando o sistema de distribuio de potncia submetido a algum

    distrbio. O modelo da turbina a gs utilizado foi dividido em sees. Atravs de

    cada seo, o estado termodinmico foi assumido como constante localmente, mas

    variante em relao ao tempo. A Figura 3 mostra o diagrama de blocos de controle

    da turbina a gs.

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  • Reviso Bibliogrfica 29

    Figura 3 Diagrama de blocos do controle do modelo da turbina a gs,

    apresentado em [15].

    A estratgia de controle MPC usa um modelo do sistema a ser controlado

    para prever a resposta em um intervalo futuro, chamado horizonte de previso.

    Esse controle foi baseado no Speedtronic Mark IV. O artigo apresentou o modelo

    de Hammerstein para a planta de uma turbina a gs e o mtodo MPC. O modelo

    se mostra adequado para uso em estudos de estabilidade de sistemas de potncia.

    O MPC projetado para turbinas a gs com o intuito de melhorar o desempenho

    dinmico do sistema. O modelo foi testado em um sistema simples de

    distribuio, e os resultados da simulao dos sistemas com e sem o MPC foram

    comparados. O modelo do MPC melhora o desempenho dinmico do sistema.

    Apesar de apresentar alguns resultados, considerados satisfatrios pelos

    autores, o artigo no cita nenhuma fonte de onde os dados reais foram retirados e

    usados para a comparao presente nas figuras. Este modelo de controlar

    apresenta um grande custo computacional, devido necessidade de refazer

    configuraes de horizontes de previso a cada instante que o controlador

    acionado.

    Yee, Milanovic e Hughes [16] apresentam uma comparao entre alguns

    modelos existentes de turbina a gs. O primeiro modelo apresentado pelos autores

    um modelo derivado diretamente das propriedades e leis da Termodinmica,

    baseados no ciclo de Brayton. O segundo modelo considerado foi o modelo de

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  • Reviso Bibliogrfica 30

    Rowen [4]. Este modelo descrito e analisado junto com um terceiro modelo, o

    modelo da IEEE ( [17] apud [16]). Ainda apresentam outros modelos, porm os

    comentrios detalhados se restringem aos modelos discutidos anteriormente.

    Dentre eles, esto os modelos de turbinas a gs aeroderivativas, GAST,

    WECC/GG0V1, CIGRE e o modelo dependente da frequncia.

    O artigo apresenta apenas a comparao entre os modelos. Os resultados

    apresentam o mesmo comportamento, apesar de algumas variveis possurem

    valores distintos. Por ser uma comparao entre modelos, pode-se analisar em

    termos de controle, qual apresenta o melhor resultado, por exemplo, menor

    overshoot, menor tempo de assentamento, caractersticas tpicas de anlise de um

    controlador. Entretanto, somente com os resultados apresentados, no possvel

    dizer qual possui o melhor desempenho no controle da turbina a gs, pois no h

    comparao com dados, ou valores reais.

    Nelson e Lakany [18] investigam os benefcios da aplicao de estratgias

    de controle baseados na lgica fuzzy (FLC Fuzzy logic control) para turbinas a

    gs industriais. Eles investigam diferentes mtodos de projeto, desenvolvem uma

    estratgia FLC, utilizam uma simulao da usina em um ambiente de teste para

    melhorar a FLC e realizam testes para comparar a FLC com controles

    convencionais mais conhecidos. Abordam o caso do controle de temperatura de

    uma turbina a gs. O controle da vazo do combustvel regulado para controlar a

    potncia do equipamento. Por fim, citam alguns problemas, junto com a

    importncia de regular bem esse controle de combustvel, para reduzir ao mximo

    a emisso de poluentes, como a emisso de NOx. Novamente o modelo de Rowen

    [4] utilizado, onde o controle de temperatura configurado para alcanar o

    ponto timo de temperatura de queima. Algumas simplificaes foram feitas no

    modelo. Os controladores de velocidade e acelerao foram configurados para que

    o nico controlador atuante seja o da temperatura de sada da turbina. Este modelo

    possui um seletor de menor sinal onde o menor sinal vindo de cada controlador

    utilizado.

    Apresentam um controlador fuzzy que aparenta obter bons resultados. Porm

    existe uma dificuldade, que a configurao dos conjuntos fuzzy de entrada e o

    conjunto de sada, que no so apresentados. A configurao desses conjuntos

    algo que deve ser feito por um especialista, testado e talvez, reconfigurado,

    considerando apenas o controle de temperatura. Uma turbina a gs apresenta mais

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  • Reviso Bibliogrfica 31

    variveis controladas, tornando bem complexa esta configurao dos conjuntos

    fuzzy.

    Li [19] apresenta uma abordagem de adaptao do desempenho de ponto de

    projeto de uma turbina a gs, baseada na integrao de uma modelagem

    termodinmica e um algoritmo gentico desenvolvido com o intuito de se estimar

    os parmetros dos componentes em ponto de projeto. O autor ainda define uma

    funo objetivo (OF), que avalia o potencial de uma soluo x

    (simulada) e a

    forma (fitness), utilizada para representar a qualidade de potencial de qualquer

    soluo de adaptao e maximizada no processo de busca do algoritmo gentico

    com o intuito de alcanar a melhor soluo possvel. Apresenta o PYTHIA, um

    software de desempenho de turbinas a gs e diagnstico desenvolvido pela

    Universidade de Cranfield, que tem sido testado e validado durante muitos anos.

    Xu, Zheng e Yu [20] apresentam uma viso geral da tecnologia de controle

    de turbinas a gs existentes na poca do artigo. Os autores apresentam, tambm, a

    teoria de controle de modelo livre, um mtodo de definio deste modelo de

    controle, algoritmos de controle para o modelo livre adaptativo e suas vantagens,

    incluindo os problemas no resolvidos pelo controle considerado tradicional e o

    porqu de se utilizar esse novo mtodo proposto. Eles citam os tipos de

    controladores existentes e desenvolvem um novo mtodo. Este novo mtodo o

    controle adaptativo de modelo livre (MFA model-free adaptive), que uma

    tcnica de controle adaptativo sem a necessidade de se conhecer o modelo a ser

    controlado, usando os dados de I/O do sistema controlado para projetar o

    controlador, mesmo sem qualquer informao do sistema. Essa nova teoria foi

    estudada e desenvolvida por alguns professores como Han Zhigang e Wang Dejin

    ( [21] apud [20]). O algoritmo bsico de controle adaptativo do modelo livre

    apresentado nesse artigo baseado em redes neurais. Utilizando-se de conexes

    ajustveis para se extrair vantagens das mudanas de entrada, sada ou efeitos

    diferenciais da sada para entrada para melhorar estabilidade, velocidade e

    adaptabilidade do algoritmo. Utiliza uma estratgia de controle feedforward para

    eliminar distrbios. A Figura 4 um sistema com feedforward-feedback MFAC

    para controlar com vrios distrbios.

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  • Reviso Bibliogrfica 32

    Figura 4 Sistema de controle MFA em cascata [20].

    Neste artigo proposto aplicar o controle de modelo livre para turbinas a

    gs baseados em requisitos e condies atuais de tecnologias usadas em turbinas a

    gs. Os autores ainda afirmam que existem muitos aspectos que necessitam de

    uma pesquisa mais completa, principalmente quando se usa um modelo de

    controle livre para turbinas a gs, como: qual algoritmo do modelo de controle

    adotado, quando necessrio melhorar o algoritmo, como combinar MFA e outras

    abordagens de controle, como desenvolver as vrias estratgias de controle e

    algoritmos, como configurar os parmetros dos vrios controladores, como

    resolver problemas de aplicao prticas, entre outros. Apresentam uma forma de

    controle interessante, onde no necessrio utilizar um modelo matemtico do

    objeto e/ou equipamento a ser controlado. No entanto, o artigo s apresenta

    formas de configurao do controlador, sem apresentar uma simulao para testar

    o controlador. Com isso, no apresenta resultados, dados reais e muito menos a

    comparao para a validao do controlador proposto pelos autores.

    Parulekar e Gurgenci [22] apresentam um estudo sobre modelagem

    dinmica para se analisar a influncia da queima de um SYNGAS (gs resultante

    da mistura de monxido de carbono e hidrognio, que pode ser convertido em

    hidrognio ou queimado em uma turbina a gs para o ciclo combinado de

    potncia) no desempenho dinmico de uma turbina gs e tambm avaliar o

    comportamento da extrao de ar realizada em um compressor axial no

    desempenho geral da turbina a gs. O modelo dinmico consiste de um

    compressor de 17 estgios (controle de VIGVs e modelagem estgio por estgio),

    um modelo termodinmico do combustor, um modelo de resfriamento de turbina,

    um modelo de turbina de quatro estgios e por fim, modelagem do eixo. Ainda h

    uma avaliao sobre o comportamento da substituio do gs natural por este

    combustvel SYNGAS.

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  • Reviso Bibliogrfica 33

    Os autores apresentam resultados satisfatrios na modelagem da turbina a

    gs. Ainda apresentam resultados para respostas dinmicas baseados em dados de

    desempenho com extrao de ar mais uma diluio do SYNGAS em nitrognio.

    Estas respostas so testadas em situaes de rejeio de carga de at 66% por

    minuto. Entretanto, pelo fato de no terem acesso aos parmetros do projeto de

    turbinas a gs, o artigo levado com um mtodo genrico para a modelagem de

    turbinas a gs com SYNGAS como combustvel queimado. O modelo da malha

    de controle foi bem sucedido, utilizando malhas bsicas de controle usadas em

    turbinas a gs.

    Avellar [23] utiliza o modelo computacional de uma turbina a gs DESTUR

    [24], capaz de simular o desempenho deste equipamento. O autor apresenta a

    estratgia de desenvolvimento de seu modelo, apresentando a modelagem da

    turbina a gs em trs etapas, modelagem do ponto de projeto (baseado em [24] e

    [25]), modelagem da operao fora do ponto de projeto (baseado em [24] e [25]),

    tanto em plena carga quanto em carga parcial e, por fim, a modelagem do regime

    transitrio [24].

    Porm, este modelo computacional no possua um sistema de controle.

    Ento, o autor desenvolveu um sistema de controle para esta modelagem. Este

    sistema de controle baseado na metodologia tradicional, descrita por Rowen [5].

    Neste sistema de controle, so utilizados dois controladores PID, responsveis

    pelo controle da rotao e da temperatura de exausto da turbina, onde h a

    regulao da vazo de combustvel e a modulao da VIGV. Aps a insero das

    configuraes da turbina a gs modelada e das condies ambientais (presso,

    altitude e presso atmosfricas, a potncia requerida e a variao da temperatura

    ambiente so as principais entradas para a simulao do comportamento desta

    mquina trmica em diferentes condies de operao (ponto de projeto, off-

    design e regime transitrio).

    Junto ao modelo computacional (modelo computacional da turbina a gs

    [24] e o modelo computacional do controle desenvolvido pelo autor), Avellar [23]

    apresenta os resultados das simulaes para cada uma destas modelagens.

    Gadde et al. [26] apresentam uma nova metodologia de controle de turbinas

    a gs que baseada no controle de temperatura de exausto deste equipamento.

    Este tipo de controle realizado atravs de trs controles: controle de carga,

    controle OTC (Outlet Temperature Corrected), onde estes dois influenciam a

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  • Reviso Bibliogrfica 34

    insero de combustvel no interior do combustor e, por fim, o controle da posio

    das ps diretoras mveis do compressor. O autor apresenta duas equaes

    utilizadas nesta correo de temperatura. A equao(1) [26] e a equao (2) [26].

    A equao(1) [26] utilizada para calcular valores de temperatura de

    exausto corrigida, que so utilizadas como referncia para o controle. Os

    parmetros utilizados: T2T (temperatura de sada do compressor), CIT

    (temperatura de entrada no compressor), RPM (velocidade de rotao da turbina a

    gs) e as constantes K1 (0.000022), K2 (0.00055), K3(0.36) e K4 (332.2),

    parmetros com nomenclatura difenciadas das apresentadas na norma ASME PTC

    223 [27] e norma ANSI/ISA S5.1

    4 [28]. Estas constantes so determinadas de

    acordo com as condies ou parmetros de operao especficos do local onde o

    equipamento se encontra, como altitude, condies ambientais de operao,

    perdas de presso na entrada e sada da turbina a gs, composio dos gases

    durante operao, temperatura do combustvel durante operao, folgas no

    compressor/turbina, temperatura do ar de resfriamento do rotor, temperatura de

    queima em carga base e posio da VIGV (ps diretoras mveis do compressor).

    3600

    RPM-1K4-CITKI3- CITK2CITK1-T2T=OCT 23 (1)

    O valor desta temperatura novamente corrigido de acordo com alguns ajustes,

    apresentados na

    Tabela 4, na Tabela 5 e na Tabela 6, que permitem o controle do equipamento

    para a temperatura corrigida baseado nas condies citadas anteriormente, como

    variaes na temperatura ambiente e rotao. Com relao a esta condio

    ambiental de temperatura, a temperatura de sada ser corrigida atravs de uma

    condio padro de 0 F, para que comparaes entre emisses e desempenho

    possam ser feitas mais facilmente para vrias condies ambientais.

    3 De acordo com a norma ASME PTC 22 [27], T2T a temperatura de exausto da turbina

    (TET turbine exhaust temperature), CIT a temperatura de entrada no compressor (compressor inlet temperature) e RPM a velocidade de rotao da turbina (turbine speed).

    4 De acordo com a norma ANSI/ISA S5.1 [28], as nomenclaturas corretas so T para

    temperatura (seguido do identificador do local onde esta temperatura medida) e S para

    velocidade de rotao (speed).

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  • Reviso Bibliogrfica 35

    Tabela 4 Tabela que relaciona o valor percentual de carga com a

    temperatura corrigida pelo OTC [26].

    % Carga OTC (F)

    50% 1066

    60% 1066

    70% 1066

    80% 1066

    90% 1066

    98% 1066

    Tabela 5 Tabela com o ajuste de temperatura realizado pelo OTC

    [26].

    CIT Ajuste OTC (F)

    -20 35,7

    0 28,7

    20 20,7

    40 11,7

    60 0,0

    80 -2,3

    100 -11,3

    120 -28,0

    Tabela 6 Tabela com ajuste multiplicador em funo do valor

    percentual da carga [26].

    % Carga Multiplicador

    50% 0

    60% 1

    70% 1

    80% 1

    90% 0,6

    98% 0

    A determinao do valor de referncia da OTC baseado em caractersticas

    de operao da turbina a gs, que pode ser selecionada por uma das seguintes

    condies: Temperatura de exausto mxima (1160 F), Setpoint ajustvel do

    OTC em carga parcial e setpoint mximo do OTC em carga parcial (equao (2)

    [26]).

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  • Reviso Bibliogrfica 36

    A lgica de controle para a modulao da VIGV e a demanda de

    combustvel pode ser configurada para selecionar a menor temperatura de setpoint

    do OTC, dentre essas trs condies citadas. A seleo do menor valor de

    temperatura protege o equipamento da sobre-queima, que causa danos srios

    turbina a gs. Tambm evita erros manuais como configurar um valor de

    temperatura acima dos limites de operao, gerando um desligamento da mquina.

    Em um sistema incorporado, a relao deve ser desenvolvida para evitar que a

    temperatura de queima ultrapasse uma temperatura mxima de aproximadamente

    2584 F na entrada da turbina, assim como o sistema da turbina W501F, utilizada

    como exemplo.

    A equao (2) [26] permite calcular um setpoint mximo para o valor de

    OTC para cargas parciais, baseado CIT (temperatura de entrada do compressor),

    %Load (carga normalizada da turbina a gs), RPM (rotao da turbina a gs),

    C0(1475.4), C1(0.74), C2(-690.8), C3(288.8), C4(-0.75), C5(-332.2), que so

    constantes relacionadas a curva de carga normalizada.

    3600

    RPM-1C5+(%Load)CITC4+

    (%Load)C3+(%Load)C2+CITC1+C0=OCT 2P

    (2)

    Esta patente apresenta um sistema de controle desenvolvido por um

    fabricante de turbinas a gs. No h resultados numricos apresentados para a

    turbina a gs especfica. H apenas uma comparao entre este sistema de controle

    e outro sistema de controle, tambm desenvolvido por este fabricante. Pelos

    autores da patente, o novo sistema de controle apresenta melhorias, permitindo ao

    equipamento uma operao mais linear, sem a presena de patamares.

    Assim, a proposta deste trabalho foi iniciar o estudo acadmico da

    metodologia de controle de temperatura corrigida (OTC - Siemens) de uma

    turbina a gs, utilizando um modelo computacional existente desta mquina

    trmica, o DESTUR [24] O modelo computacional semelhante ao apresentado

    por Avellar [23]. Este modelo computacional da turbina a gs [24] j possua um

    sistema de controle, desenvolvido por Avellar [23]. Porm, este modelo utiliza a

    metodologia de controle tradicional para turbinas a gs.

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  • Reviso Bibliogrfica 37

    Para este trabalho, algumas configuraes foram alteradas, para que as

    caractersticas da turbina a gs Siemens - Westinghouse W501F fossem inseridas

    no modelo. E, assim, o objetivo deste trabalho o desenvolvimento de um modelo

    computacional de controle baseado em uma adaptao desta nova estratgia de

    controle de turbinas a gs em conjunto com este modelo computacional de turbina

    a gs j existente [26], para ser utilizado como uma ferramenta de avaliao de

    desempenho. A avaliao dos resultados ser realizada atravs da comparao dos

    dados do modelo computacional com os dados operacionais de uma turbina a gs

    utilizada na gerao de energia do sistema brasileiro.

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  • 3 Turbinas a Gs

    Nos ltimos anos, as turbinas a gs foram utilizadas de vrias formas. O

    foco deste trabalho so as turbinas a gs industriais, utilizadas para a gerao de

    energia eltrica. Uma turbina a gs consiste basicamente de trs componentes,

    compressor, cmara de combusto e expansor como apresentado pela Figura 5.

    Figura 5 Configurao bsica de uma turbina a gs de ciclo simples e

    ciclo aberto.

    A modelagem, utilizada neste trabalho, realizada atravs do mtodo de

    anlise do caminho do gs (GPA Gas Path Analysis) e est dividida em trs

    etapas, modelagem do ponto de projeto (design point), modelagem de off-design e

    a modelagem em regime transitrio. Esta modelagem a mesma apresentada por

    Cohen et al. [25], Alves [24], citada e utilizada por Avellar [23].

    3.1. Ponto de Projeto (design point)

    O primeiro passo no projeto de uma turbina a gs o clculo termodinmico

    do ponto de projeto, levando-se em considerao as caractersticas e a finalidade

    para qual a mquina foi projetada. Nesta primeira etapa, devem ser conhecidos

    todos os parmetros de operao da turbina a gs, isto , as condies ambientes

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  • Turbinas a Gs 39

    de operao (usualmente as condies ISO), a potncia requerida, a eficincia dos

    componentes, as perdas de presso, a temperatura mxima do ciclo, que a

    temperatura na entrada da turbina, a razo de compresso e a vazo de

    combustvel.

    A modelagem matemtica para o clculo do comportamento e do

    desempenho trmico de projeto da turbina a gs foi baseada no mtodo

    apresentado por Cohen et al. [25], citado por Lora et al. [2] e Ferreira [29].

    3.2. Off-design

    Aps a configurao do ponto de projeto da turbina a gs, Avellar [23]

    apresenta uma simulao do desempenho do motor operando fora do seu ponto de

    projeto. Diferentemente da simulao no ponto de projeto, a operao fora do

    ponto de projeto da turbina a gs fortemente dependente das caractersticas do

    compressor e da turbina. Estes mapas so levantados durante o perodo de projeto

    dos equipamentos, no sendo disponibilizado pelos fabricantes. Para fins de

    simulao, usualmente so utilizados mapas conhecidos de outros compressores,

    disponveis na literatura e diferentes do componente que compe a turbina a gs

    analisada, porm com caractersticas semelhantes ao compressor em questo,

    viabilizando a utilizao destes nas simulaes.

    A modelagem da operao fora das condies de projeto baseada (i) nos

    parmetros aerodinmicos adimensionais e semi-adimensionais, (ii) na

    compatibilidade de rotao, na conservao da massa e na conservao de energia

    entre os componentes da turbina a gs, e (iii) no uso das caractersticas de cada

    um dos componentes, em particular, do compressor e da turbina.

    A seleo adequada dos parmetros adimensionais e semi-adimensionais

    permite determinar o desempenho da turbina a gs para todos os pontos de

    operao. Os parmetros adimensionais para a anlise de operao fora das

    condies de projeto so: rotao adimensional e vazo mssica adimensional

    Cohen et al. [25] e Walsh et al. [30].

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  • Turbinas a Gs 40

    3.3. Regime Transitrio

    A modelagem do regime transitrio de uma turbina a gs consiste na

    modelagem da inrcia das partes girantes, dinmicas do gs no volume de cada

    componente e a transferncia de calor entre as partes metlicas e o fluido (onde

    esta transferncia de calor influencia na dimenso dos seus componentes). Para

    uma anlise completa das caractersticas da dinmica de uma turbina a gs,

    clculos nas trs dimenses devem ser utilizados. Entretanto, essa simulao em

    trs dimenses requer um grande esforo computacional. Segundo Kim et al. [10],

    a simulao em uma nica dimenso apresenta resultados com uma preciso

    satisfatria.

    3.3.1. Transitrio Trmico

    A turbina a gs, durante um regime transitrio, apresenta uma transferncia

    de calor entre o gs e suas partes metlicas, resultando em um acmulo de energia

    trmica nessas partes metlicas. Esta energia trmica resultante da energia

    qumica liberada durante o processo de combusto do combustvel, alterando,

    assim, o seu regime de funcionamento. Durante a acelerao da turbina a gs, as

    partes metlicas absorvem energia do fluido (gs), enquanto que, durante a

    desacelerao, o processo oposto ocorre, ou seja, o metal retorna esta energia

    trmica para o fluido [24]. Neste trabalho, este transitrio trmico foi ignorado,

    pois no apresentou influncia significativa nos resultados do modelo

    computacional [31].

    3.3.2. Transitrio Termodinmico

    O regime transitrio termodinmico definido por variaes nas equaes

    de conservao governantes (conservao de massa, momento e energia), que

    descrevem o comportamento da turbina a gs. Componentes volumosos, como a

    cmara de combusto, influenciam o desempenho durante este regime transitrio.

    Dentro destes volumes, um acmulo de massa ocorrer devido a variaes em

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  • Turbinas a Gs 41

    temperatura e presso, resultando em uma diferena entre a vazo mssica de ar a

    montante e a jusante do componente.

    Segundo [32] e [33], as equaes de conservao de massa (3), momento (4)

    e energia (5) so as equaes bsicas da modelagem do transitrio termodinmico

    de uma turbina a gs.

    mmmdt

    dmoi

    (3)

    iioo cmcm

    dt

    mcdF

    (4)

    o

    o

    ooi

    i

    ii gzc

    hmgzc

    hmWQdt

    dE

    22

    22

    (5)

    Segundo Avellar [23], estas equaes de conservao de massa, energia e

    movimento precisam ser reescritas para possibilitar a determinao da variao

    dos parmetros de presso, temperatura e vazo mssica dentro do volume dos

    componentes da turbina a gs. Assim, torna-se necessrio utilizar a equao de

    estado para um gs ideal (equao (6)).

    mRT

    pV

    dt

    d

    (6)

    Portanto, estas modificaes das equaes de conservao de massa, energia

    e movimento, com a utilizao da equao de gs ideal, representam o

    equacionamento utilizado na modelagem do equipamento estudado. O ponto de

    operao deve satisfazer as condies de conservao de massa e o balano de

    energia entre o compressor e a turbina (conectados pelo mesmo eixo). Estas

    condies resultam em um sistema de equaes no lineares, que so resolvidas

    pelo mtodo numrico de iterao de Newton-Rapshon. Avellar [23] apresenta as

    equaes semi-adimensionais que representam o comportamento termodinmico

    em cada componente da turbina a gs.

    De acordo com Camporeale, et al. [7], o modelo transitrio de cada

    componente da turbina a gs pode ser aproximado por seus modelos em off-

    design. No entanto, necessrio considerar um volume (chamado de plenum), que

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  • Turbinas a Gs 42

    consideram diferentes volumes de diferentes componentes (compressores, cmara

    de combusto, turbina, entre outros). Este plenum foi conectado a um

    componente, por exemplo, o compressor. Assim, o autor [7] considera toda a

    termodinmica do regime transitrio (conservao de massa, momento e energia)

    de cada equipamento. Segundo Avellar [23], os resultados apresentados pelo

    modelo computacional mostram que esse volume plenum pode ser ignorado.

    Alm disso, o esforo computacional foi reduzido, resultando em um menor

    tempo de execuo [23]. Assim, o transitrio termodinmico foi removido do

    modelo computacional.

    3.3.3. Transitrio Mecnico

    O transitrio de rotao de eixo (transitrio mecnico) fortemente

    dependente do momento de inrcia das partes girantes da turbina a gs (gerador,

    rotor do compressor e rotor da turbina). Uma variao entre os momentos

    angulares, que resultado de um desbalanceamento entre a potncia consumida

    pelo compressor e a potncia gerada pelo expansor, causado pela variao do

    torque entre estes componentes. Quando a potncia da turbina aumentada para

    um valor maior do que a potncia do compressor, a velocidade de rotao da

    turbina a gs acelerada. J quando o processo inverso ocorre, ou seja, a potncia

    consumida pelo compressor maior do que a potncia gerada pela turbina h uma

    desacelerao da velocidade de rotao da turbina a gs. Este transitrio mecnico

    definido pela equao (7).

    exLdt

    dI

    (7)

    Assim, somente o transitrio mecnico foi mantido [23] no modelo

    computacional. Mesmo presente, este modelo no apresentou variaes bruscas

    durante seu regime transitrio. Este efeito explicado pelo fato de o modelo da

    turbina a gs estar ligado frequncia da rede (considerao adotada para realizar

    uma simulao do comportamento do modelo da turbina a gs), que possui uma

    inrcia muito maior. Desta forma, a turbina a gs mantm uma velocidade de

    rotao prxima de 3600 RPM (60 Hz), com uma pequena faixa de oscilao.

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  • 4 Descrio da turbina a gs estudada

    A turbina a gs adotada para este estudo, uma turbina a gs Siemens

    Westinghouse W501F, uma turbina a gs industrial, utilizada para a gerao de

    energia em ciclo simples ou em ciclo combinado, onde, neste ltimo, utiliza

    caldeiras de recuperao de calor com queima suplementar e uma turbina a vapor.

    Esta mquina trmica est ligada ao sistema energtico brasileiro e possui a

    configurao bsica com um compressor, uma cmara de combusto e a turbina,

    com eixo nico.

    O compressor desta turbina a gs conta com 16 estgios de compresso,

    com uma razo de compresso de 16,1, eficincia de compresso em torno de

    88% e extrao de ar em torno de 17,5% para resfriamento. Este compressor ainda

    conta com ps diretoras mveis (VIGV), responsveis para o controle da

    estabilidade de operao do compressor, bem como para a manuteno da

    temperatura de sada da turbina a gs. Por estar ligado ao sistema energtico

    brasileiro, este compressor possui uma velocidade de rotao proporcional a 60

    Hz. Portanto, sua velocidade de rotao de 3600 RPM.

    A cmara de combusto composta por 16 combustores, onde cada

    combustor possui quatro tipos de injetores de combustvel (injetor piloto, injetor

    estgio A, injetor estgio B e injetor estgio C), com perda de presso em torno de

    6% e uma eficincia de combusto de aproximadamente 98%.

    O expansor (turbina) possui 4 estgios de expanso com eficincia de 91%

    para o processo de expanso e com um rendimento mecnico em torno de 99%.

    Assim como o compressor, a turbina tambm possui uma velocidade de rotao de

    3600 RPM, pois compressor e turbina esto no mesmo eixo.

    Esta turbina a gs est conectada diretamente a um gerador atravs do

    mesmo eixo que conecta o compressor e a turbina. Este equipamento no foi

    objeto de estudo, porm, foi considerada uma eficincia de gerador em torno de

    98%.

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  • Descrio da turbina a gs estudada 44

    A Tabela 7 apresenta as caractersticas em ponto de projeto desta turbina a

    gs, utilizada neste estudo. As caractersticas apresentadas desta mquina trmica

    referem-se utilizao do gs natural como combustvel e condies de operao

    ISO (presso de 1 atm, temperatura ambiente de 59 F ou 15 C, umidade relativa

    do ar em 60%, perdas de presso na entrada de 3,4 in H20 e perda de presso na

    sada de 5,0 in H2O), [34].

    As caractersticas apresentadas so a potncia produzida, a vazo mssica de

    exausto da turbina, a temperatura de exausto da turbina, a vazo mssica de

    combustvel e o poder calorfico do gs natural.

    Tabela 7 Dados de ponto de projeto da turbina a gs Siemens W501F,

    utilizada neste estudo [34].

    Turbina a Gs Unidade

    Potncia 183745 kW

    Vazo de sada 457,45 kg/s

    Temperatura de sada 1100 (594) F (C)

    Vazo de combustvel 9,938 kg/s

    PCIGN 50038,80 kJ/kg

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  • 5 Melhorias no modelo da turbina a gs

    O modelo da turbina a gs utilizada neste estudo contou com algumas

    modificaes. Essas modificaes foram inseridas para atender uma demanda de

    anlise da composio dos gases de exausto e, tambm, para ilustrar o

    comportamento dos injetores existentes em cada combustor da turbina a gs.

    5.1. Composio dos gases de exausto

    A composio dos gases de exausto um fator importante para a anlise de

    emisso desses gases. Alguns dos novos sistemas de controle desenvolvidos

    consideram essa anlise, buscando a reduo de alguns elementos, dentre eles o

    monxido de carbono (CO) e os xidos de nitrognio (NOx). Importante ressaltar

    que a combusto considerada completa neste estudo. Logo, a emisso de alguns

    poluentes descartada (considerada nula ou zero). Existem modelos mais

    completos que tratam da combusto incompleta (combusto real que ocorre em

    turbinas a gs).

    Neste estudo, a insero do clculo da composio dos gases de exausto foi

    utilizada para complementar um modelo de ciclo combinado de gerao de

    potncia, onde o modelo da caldeira de recuperao de calor (HRSG Heat

    Recovery Steam Generator) possua uma opo de queima suplementar. Uma

    breve descrio sobre o ciclo combinado e sobre sua estratgia de controle ser

    apresentada na seo 7.1.

    A queima suplementar ocorre atravs da injeo de uma pequena vazo

    extra de combustvel nos gases de exausto da turbina a gs. Essa nova injeo

    visa um aumento da temperatura desse gs, que utilizado para elevar a

    temperatura do vapor que alimenta uma turbina a vapor. Assim, h um aumento

    da potncia gerada pelo sistema de vapor, consequentemente, um aumento na

    potncia total do ciclo. Apesar deste aumento de potncia, a eficincia total do

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  • Melhorias no modelo da turbina a gs 46

    ciclo se reduz, devido a este aumento na vazo total de combustvel inserida no

    ciclo combinado.

    Portanto, este estudo no teve como objetivo o controle de emisses de

    poluentes, mas pode ser um ponto de partida para um novo estudo. Segundo a

    modelagem utilizada nesta HRSG, a composio dos gases de exausto seria

    necessria, como um parmetro de entrada do modelo. Portanto, era necessrio

    usar uma modelagem de clculo de emisses.

    Devido a esta demanda de queima suplementar, foi necessrio inserir no

    modelo da turbina a gs uma metodologia de clculo de composio de gases.

    Este clculo da composio dos gases de exausto baseado nas rotinas

    desenvolvidas e descritas por Ferreira [29]. Essas rotinas de clculo so AIR,

    FAR_FINDER e MIXER_RED.

    A primeira rotina utilizada AIR que calcula a composio do ar. Ela tem

    como entradas a altitude em metros, a temperatura do ar em Kelvin e a umidade

    relativa. Tem como retorno a presso e a composio qumica dos componentes

    do ar (nitrognio (N2), oxignio (O2), dixido de carbono (CO2), gua (H2O) e

    argnio (Ar)).

    A rotina FAR_FINDER recebe como parmetros de entrada o poder

    calorfico inferior (PCI), composio qumica molar e temperatura do

    combustvel, a composio qumica molar e temperatura do ar e a eficincia da

    combusto. Os valores calculados por essa rotina so a razo combustvel-ar e a

    composio molar dos produtos da combusto.

    A rotina MIXER_RED recebe como parmetros de entrada a vazo mssica

    e composio molar de dois gases distintos. Ela tem como parmetro calculado a

    composio molar final desses dois gases misturados. Este clculo realizado

    atravs da equao (8).

    2

    2

    1

    1

    2

    22,

    1

    11,

    ,

    M

    m

    M

    m

    M

    my

    M

    my

    y

    ii

    finali

    (8)

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  • Melhorias no modelo da turbina a gs 47

    Onde finaliy , a frao molar de cada elemento presente no gs resultante da

    mistura, 1,iy , 1m e 1M so frao molecular, vazo mssica e peso molecular,

    respectivamente, do primeiro gs, enquanto 2,iy , 2m e 2M so frao molecular,

    vazo mssica e peso molecular, respectivamente, do segundo gs.

    Para a realizao destes clculos, foram necessrias algumas modificaes

    na modelagem em dois dos principais componentes da turbina a gs (cmara de

    combusto e turbina).

    O primeiro ponto de insero no interior do modelo da cmara de

    combusto, onde h o clculo da composio do ar que entra na cmara de

    combusto. Em seguida, utiliza-se a rotina FAR_FINDER para se descobrir a

    composio dos gases resultantes da combusto.

    A partir do valor de composio molar dos gases resultantes da combusto

    encontrados dentro do combustor, necessrio descobrir a nova composio

    resultante da mistura desse gs resultante com o ar retirado do compressor,

    utilizado para resfriamento dos componentes da turbina a gs. Assim, o segundo

    ponto de calculo inserido no interior do modelo da turbina, onde a composio

    deste gs resultante calculada.

    Os gases principais resultantes do clculo do so nitrognio (N2), oxignio

    (O2), dixido de carbono (CO2), gua (H2O) e argnio (Ar). A variao dos

    valores de cada um desses gases muito pequena. Porm, ela pode ser vista se

    avaliarmos as curvas separadamente. Entretanto, por serem valores pequenos, sua

    alterao no tem importncia.

    5.2. Injetores de combustvel

    A cmara de combusto da turbina a gs utilizada neste estudo possui

    dezesseis combustores, onde em cada combustor, existem quatro diferentes tipos

    de injetores. Cada injetor tem uma responsabilidade, desde o processo de partida

    da turbina a gs, deix-la autossustentvel (sem auxlio do motor de partida) e, por

    fim, alcanar sua carga de base.

    Os injetores existentes nessa turbina a gs so chamados de injetor Piloto,

    estgio A, estgio B e estgio C. O injetor Piloto um injetor convencional (a

    mistura com o ar feita pouco antes de sua queima) enquanto os injetores do

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  • Melhorias no modelo da turbina a gs 48

    estgio A, B e C so do tipo pr-misturado, ou seja, a mistura combustvel ar

    feita antes do ponto de combusto. Este tipo de combustor ainda possui os

    chamados swirlers que provocam uma rotao no ar, permitindo uma melhor

    mistura entre ar e combustvel.

    O injetor Piloto o principal responsvel durante o perodo de partida do

    equipamento. Conforme a velocidade de rotao e a carga normalizada da turbina

    a gs aumentam, at que ela se torne autossustentvel, a vazo de injeo de

    combustvel atravs do injetor Piloto diminui enquanto o estgio A aumenta at

    injetar uma vazo de combustvel superior.

    Aps a sincronizao com a rede e, com o aumento de demanda da carga

    (potncia) normalizada, o estgio B comea a injetar combustvel (em proporo

    igual ao dos outros injetores). Por fim, a partir de 50% de carga normalizada, o

    estgio C entra em ao. A partir deste momento, o estgio A e estgio B so os

    principais responsveis pela manuteno do funcionamento da turbina a gs. Os

    valores relacionados ao percentual de injeo de cada um desses injetores foram

    retirados de uma curva de configurao da turbina a gs especfica, objeto de

    estudo deste trabalho.

    A Figura 6 apresenta o resultado da simulao com o comportamento desses

    quatro injetores, ao longo de uma simulao de reduo de carga aplicada ao

    modelo da turbina gs. Estes resultados so frutos da utilizao das equaes de

    customizao do percentual de injeo em cada injetor. Esta curva relaciona a

    potncia normalizada com o valor percentual de injeo. A reduo de carga

    utilizada na simulao ser apresentada na seo 8.

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  • Melhorias no modelo da turbina a gs 49

    Figura 6 Comportamento dos injetores de combustvel do modelo

    computacional de uma turbina a gs, quando aplicado uma reduo de

    carga.

    Esta modificao foi realizada para atender a uma necessidade de exibio

    dos valores de injeo de combustvel em cada um dos injetores. A configurao

    deste valor de injeo de combustvel feita de acordo com a curva de operao

    desta turbina a gs, que relaciona o valor de carga normalizada com o valor

    percentual de injeo de cada um deles.

    A alterao deste valor dada no interior do modelo da cmara de

    combusto, onde o valor de vazo de combustvel necessria para o controle do

    equipamento calculado. A partir deste valor total de combustvel, o valor de

    cada injetor , ento, calculado.

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  • 6 Controle de Processos

    Em muitos processos h a necessidade de se alcanar um desempenho ideal

    e de forma automtica. A engenharia de controle foi fundamentada a partir destas

    premissas. Existem muitos processos que a preciso exigida superior

    capacidade humana, ou ento, estes processos ocorrem em um ambiente que pode

    trazer riscos a integridade fsica e mental do homem. Assim, transformar este

    processo em um processo autocontrolvel foi um passo fundamental para o

    desenvolvimento da humanidade.

    Segundo Dorf, et al. [35], os engenheiros de controle esto preocupados

    com o conhecimento e o controle de seus ambientes, geralmente chamados de

    sistemas, para promover produtos de grande utilizao e econmicos para a

    sociedade. Os objetivos dessa dupla formada pelo conhecimento e controle so

    complementares entre si, pois sistemas de controle efetivos necessitam ser bem

    interpretados e modelados. O desafio atual de engenheiros de controle a

    modelagem e o prprio controle de sistemas complexos como sistemas de controle

    de trfego, processos qumicos e sistemas robticos. Controle baseado na teoria

    da realimentao e na anlise linear de sistemas, integrando o conceito de redes e

    comunicao.

    Um sistema de controle uma interconexo de componentes formando uma

    configurao de sistema que promover uma resposta desejvel do sistema. A

    base para essa anlise desse sistema obtida atravs de uma anlise linear, que

    assume uma relao de causa-efeito para os componentes do sistema. Um

    componente ou processo a ser controlado pode ser representado atravs de um

    bloco (Figura 7). A relao entre entradas/sadas representam esta relao de

    causa-e-efeito do processo, que por sua vez, representa o processamento dos sinais

    de entradas disponibilizados nas variveis de sada.

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  • Controle de Processos 51

    Figura 7 Representao de um processo a ser controlado [35].

    O controle de malha aberta utiliza um atuador e um controlador para obter a

    resposta desejada. Um sistema de malha aberta um sistema sem realimentao

    (Figura 8). Em sistemas de controle que utilizam esta abordagem, o sinal de sada

    raramente alcana o valor desejado, valor de setpoint, deixando um offset (termo

    utilizado para indicar uma diferena residual) entre o sinal de sada e o valor

    desejado.

    Figura 8 Sistema de malha aberta, sem realimentao [35].

    J os sistemas de controle que utilizam a realimentao, chamados de

    sistemas de malha fechada (Figura 9), utilizam esse offset deixado pelo controle

    de malha aberta como entrada para gerar uma nova sada adequada. Em sistemas

    de malha fechada, este offset utilizado como um sinal de erro, que a diferena

    entre o sinal de sada e o valor de setpoint desejado.

    Figura 9 Representao de um sistema de malha fechada [35].

    A partir dos controladores de malha fechada, possvel introduzir as

    definies dos controladores utilizados. Todos estes controladores recebem este

    sinal de erro como entrada. Dentre estes controladores, possvel classifica-los

    como controladores de duas posies ou on-off, controladores proporcionais,

    controladores integrais, controladores proporcional-integrais, controladores

    proporcional-derivativos e controladores proporcional-integral derivativos.

    ProcessoEntrada Sada

    Controlador Atuador ProcessoSada

    DesejadaSada

    Controlador Atuador ProcessoSada

    DesejadaSada

    SensorSinal de Instrumentao

    Erro

    -

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  • Controle de Processos 52

    6.1. Controlador On-Off

    O primeiro deles o controlador on-off (liga-desliga). Neste tipo de

    controlador, a sada assume apenas dois valores, o sinal igual a zero, que

    representa o modo desligado e um sinal igual a um valor definido, que representa

    o modo ligado.

    Este tipo de controlador o mais simples e barato, por isso bastante

    utilizado em sistemas de controle domsticos. Pode ser utilizado para controlar a

    temperatura de um ambiente, sala, quarto, atravs de um aparelho condicionador

    de ar ou um aquecedor. Exemplo, a temperatura desejada da sala 20 C e a

    temperatura atual da sala 25 C. O controlador on-off ligaria o aparelho

    condicionador de ar at que a temperatura alcance o valor de 20 C. Quando esta

    temperatura se torna inferior a este valor, o controlador desliga o aparelho. A

    temperatura volta a aumentar at que o controlador ligar novamente o aparelho.

    Este tipo de controle no adequado para utilizaes onde se deseja uma grande

    preciso no sinal de sada do processo.

    6.2. Controladores Proporcional, Proporcional Integral e Proporcional Integral Derivativo (PID)

    O segundo tipo de controlador citado o controlador proporcional. Neste

    tipo de controlador, o sinal de controle um sinal proporcional ao erro. Assim,

    sempre haver um erro estacionrio, ou erro residual. O controlador proporcional

    representado pela equao (9), onde u(t) o sinal de sada do controlador, Kp

    representa o ganho proporcional e, e(t), representa o sinal de erro, que a

    diferena entre o sinal de medido pela instrumentao e o sinal de referncia

    (setpoint).

    )t(eK)t(u p (9)

    Com o objetivo de corrigir, ou reduzir, este erro residual, um termo integral

    inserido no controlador proporcional, transformando este controlador em

    proporcional integral. A ao integral ocorre como resultado da integrao ou

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  • Controle de Processos 53

    somatrio do erro. Porm, a insero do termo integrador pode resultar em uma

    desvantagem devido a uma m configurao do ganho integral, um somatrio

    excessivo de erro, mesmo quando este erro se torna muito pequeno. Assim, o

    s