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Julho de 2012 Diretiva Quadro Estratégia Marinha Estratégia Marinha para a subdivisão do Continente (versão para consulta pública)

Estratégia Marinha para a Subdivisão do Continente

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  • Julho de 2012

    Diretiva Quadro Estratgia Marinha

    Estratgia Marinha para a subdiviso do

    Continente (verso para consulta pblica)

  • Diretiva Quadro Estratgia Marinha PORTUGAL

    SUBDIVISO DO CONTINENTE

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    i

    NDICE

    I. ENQUADRAMENTO .................................................................................. 1

    II. COOPERAO REGIONAL ..................................................................... 7

    III. DELIMITAO DA SUBDIVISO ........................................................... 11

    1. Limites Geogrficos. .................................................................................. 11

    2. reas Classificadas. .................................................................................. 16

    2.1. Introduo ........................................................................................... 16

    2.2. reas Classificadas da subdiviso do continente ............................... 19

    IV. CARACTERIZAO DA SUBDIVISO .................................................. 31

    1. Caractersticas e estado ambiental atual das guas marinhas. ................ 32

    1.1. Caractersticas fsicas e qumicas ....................................................... 35

    1.1.1. Especificidades fsicas .................................................................. 35

    1.1.2. Especificidades qumicas .............................................................. 67

    1.2. Biodiversidade ..................................................................................... 70

    1.2.1. reas de avaliao ....................................................................... 70

    1.2.2. Metodologia e dados ..................................................................... 73

    1.2.3. Caracterizao da diversidade biolgica ...................................... 81

    1.3. Teias trficas ..................................................................................... 164

    1.3.1. reas de avaliao ..................................................................... 165

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    ii

    1.3.2. Metodologia e dados ................................................................... 166

    1.3.3. Caracterizao do estado da Teia Trfica .................................. 183

    2. Principais presses e impactos. .............................................................. 190

    2.1. Introduo ......................................................................................... 190

    2.2. Perdas e danos fsicos ...................................................................... 192

    2.2.1. reas de avaliao ..................................................................... 192

    2.2.2. Metodologia e dados ................................................................... 193

    2.2.3. Caracterizao da integridade dos fundos ................................. 223

    2.3. Rudo submarino ............................................................................... 261

    2.3.1. reas de avaliao ..................................................................... 263

    2.3.2. Metodologia e dados ................................................................... 263

    2.3.3. Caracterizao do rudo .............................................................. 267

    2.4. Lixo marinho ...................................................................................... 269

    2.4.1. reas de avaliao ..................................................................... 272

    2.4.2. Metodologia e dados ................................................................... 272

    2.4.3. Caracterizao do lixo ................................................................ 273

    2.5. Interferncia em processos hidrolgicos ........................................... 283

    2.5.1. reas de avaliao ..................................................................... 283

    2.5.2. Metodologia e dados ................................................................... 284

    2.5.3. Caracterizao das interferncias em processos hidrolgicos ... 288

    2.6. Contaminao por substncias perigosas ........................................ 292

    2.6.1. Introduo de compostos sintticos e de substncias e compostos no sintticos ................................................ 292

    2.6.2. Contaminantes nos peixes e mariscos para consumo humano . 306

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    iii

    2.6.3. Introduo de radionucldeos ...................................................... 316

    2.7. Enriquecimento em nutrientes e em matria orgnica ...................... 317

    2.7.1. reas de avaliao ..................................................................... 318

    2.7.2. Metodologia e dados ................................................................... 319

    2.7.3. Caracterizao das concentraes de nutrientes e efeitos diretos e indiretos do enriquecimento em nutrientes ....... 327

    2.8. Espcies no indgenas .................................................................... 342

    2.8.1. reas de avaliao ..................................................................... 343

    2.8.2. Metodologia e dados ................................................................... 344

    2.8.3. Caracterizao das espcies marinhas no indgenas introduzidas pelas atividades humanas ........................... 346

    2.9. Extrao seletiva de espcies ........................................................... 361

    2.9.1. reas de avaliao ..................................................................... 361

    2.9.2. Metodologia e dados ................................................................... 362

    2.9.3. Caracterizao por espcie ........................................................ 368

    2.10. Micrbios patognicos ..................................................................... 471

    2.11. Resumo das principais presses e impactos .................................. 472

    3. Anlise econmica e social. .................................................................... 482

    3.1. Anlise econmica e social da utilizao das guas marinhas ......... 482

    3.1.1. Introduo ................................................................................... 482

    3.1.2. Pesca comercial .......................................................................... 485

    3.1.3. Indstria transformadora dos produtos da pesca e da aquicultura ....................................................................... 507

    3.1.4. Aquicultura .................................................................................. 513

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    iv

    3.1.5. Apanha de algas e outros produtos para alimentao ............... 521

    3.1.6. Bioprospeo e extrao de recursos genticos ........................ 524

    3.1.7. Construo e reparao navais .................................................. 528

    3.1.8. Atividade porturia ...................................................................... 534

    3.1.9. Transporte martimo .................................................................... 551

    3.1.10. Turismo e lazer ......................................................................... 568

    3.1.11. Extrao de recursos geolgicos no energticos ................... 586

    3.1.12. Extrao de sal marinho ........................................................... 588

    3.1.13. Pesquisa e explorao de petrleo e gs ................................. 590

    3.1.14. Energias renovveis ................................................................. 598

    3.1.15. Obras de defesa costeira, conquista de terras e proteo contra cheias ................................................................... 604

    3.1.16. Cabos e pipelines submarinos .................................................. 607

    3.1.17. Captao e dessalinizao de gua ......................................... 612

    3.1.18. Imerso de resduos ................................................................. 618

    3.1.19. Descarga de guas residuais ................................................... 623

    3.1.20. Armazenamento de gas ............................................................ 627

    3.1.21. Defesa ...................................................................................... 629

    3.1.22. Atividades educativas e de investigao .................................. 632

    3.2. Anlise dos custos de degradao do meio marinho ........................ 638

    3.2.1. Introduo ................................................................................... 638

    3.2.2. Pesca ......................................................................................... 641

    3.2.3. Aquicultura .................................................................................. 647

    3.2.4. Transporte maritimo .................................................................... 650

    3.2.5. Atividades porturias .................................................................. 659

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    v

    3.2.6. Controlo de poluio de atividades em terra .............................. 664

    3.2.7. Preveno e combate poluio do mar ................................... 667

    3.2.8. Resumo dos custos de degradao ........................................... 669

    3.3. Resumo e propostas de ao futura ................................................. 670

    3.3.1. Resumo ...................................................................................... 670

    3.3.2. Propostas de ao futura ............................................................ 676

    V. AVALIAO DO ESTADO AMBIENTAL .............................................. 679

    1. A biodiversidade mantida. .................................................................... 682

    1.1. Introduo ......................................................................................... 682

    1.2. Definio do Bom Estado Ambiental ................................................. 684

    1.3. Critrios, indicadores e avaliao do estado ambiental .................... 684

    2. Espcies no indgenas. ......................................................................... 689

    2.1. Introduo ......................................................................................... 689

    2.2. Definio do Bom Estado Ambiental ................................................. 690

    2.3. Critrios, indicadores e avaliao do estado ambiental .................... 690

    3. Populaes de peixes e moluscos explorados comercialmente. ............ 695

    3.1. Introduo ......................................................................................... 695

    3.2. Definio do Bom Estado Ambiental ................................................. 697

    3.3. Critrios, indicadores e avaliao do estado ambiental .................... 697

    4. Cadeia alimentar marinha. ....................................................................... 708

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    vi

    4.1. Introduo ......................................................................................... 708

    4.2. Definio do Bom Estado Ambiental ................................................. 709

    4.3. Critrio, indicadores e avaliao do estado ambiental ...................... 709

    5. Eutrofizao antropognica. .................................................................... 713

    5.1. Introduo ......................................................................................... 713

    5.2. Definio do Bom Estado Ambiental ................................................. 714

    5.3. Critrios, indicadores e avaliao do estado ambiental .................... 715

    6. Integridade dos fundos marinhos. ........................................................... 720

    6.1. Introduo ......................................................................................... 720

    6.2. Definio do Bom Estado Ambiental ................................................. 722

    6.3. Critrios, indicadores e avaliao do estado ambiental .................... 722

    7. Alterao permanente das condies hidrogrficas. ............................... 725

    7.1. Introduo ......................................................................................... 725

    7.2. Definio do Bom Estado Ambiental ................................................. 726

    7.3. Critrios, indicadores e avaliao do estado ambiental .................... 727

    8. Contaminantes. ....................................................................................... 730

    8.1. Introduo ......................................................................................... 730

    8.2. Definio do Bom Estado Ambiental ................................................. 731

    8.3. Critrios, indicadores e avaliao do estado ambiental .................... 732

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    vii

    9. Contaminantes nos peixes e mariscos para consumo humano. ............. 742

    9.1. Introduo ......................................................................................... 742

    9.2. Definio do Bom Estado Ambiental ................................................. 743

    9.3. Critrios, indicadores e avaliao do estado ambiental .................... 743

    10. Lixo marinho. ......................................................................................... 747

    10.1. Introduo ....................................................................................... 747

    10.2. Definio do Bom Estado Ambiental ............................................... 747

    10.3. Critrios, indicadores e avaliao do Estado Ambiental ................. 748

    11. Energia e rudo submarino. ................................................................... 754

    11.1. Introduo ....................................................................................... 754

    11.2. Definio do Bom Estado Ambiental ............................................... 754

    11.3. Critrios, indicadores e avaliao do estado ambiental .................. 755

    VI. ESTABELECIMENTO DE METAS AMBIENTAIS E INDICADORES ASSOCIADOS (ART.10) ...................................................................... 757

    1. Introduo. ............................................................................................... 757

    2. Metas e objetivos existentes. ................................................................... 760

    3. Metas e indicadores especficos da DQEM. ............................................ 772

    3.1. Metas de Estado e indicadores associados ...................................... 772

    3.2. Metas Ambientais de Presso ou Impacto e indicadores associados .................................................................................. 778

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    viii

    3.3. Metas Operacionais e indicadores associados ................................. 780

    REFERNCIAS .............................................................................................. 785

    METADADOS ................................................................................................. 809

    ANEXO I ESTATUTOS DE PROTEO DAS ESPCIES DE RPTEIS, AVES E MAMFEROS MARINHOS QUE OCORREM NA SUBDIVISO DO CONTINENTE .......................................................... 871

    ANEXO II CADEIAS TRFICAS, INFORMAO COMPLEMENTAR ...... 876

    ANEXO III INTERDIES PESCA NA COSTA DA SUBDIVISO DO CONTINENTE ........................................................................................ 884

    ANEXO IV VALORES DE OXIGNIO DISSOLVIDO .................................. 885

    ANEXO V PROIBIES/AUTORIZAES DE LANAMENTO DE RESDUOS PRODUZIDOS A BORDO (ANEXO V DA CONVENO DE MARPOL) ................................................................ 887

    FICHA TCNICA ............................................................................................ 889

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    ix

    Lista de Acrnimos

    ACN Autoridade Competente Nacional

    AdI Agncia de Inovao

    AEM Autoestrada do Mar

    AIA Avaliao de Impacte Ambiental

    AICEP Agncia para o Investimento e Comrcio Externo de Portugal

    AIS Automatic Identification System (Sistema de Identificao Automtica de Navios)

    AMN Autoridade Martima Nacional

    ANACOM Autoridade Nacional das Telecomunicaes

    APA, I.P. Agncia Portuguesa do Ambiente, I.P.

    APA, S.A. Administrao do Porto de Aveiro, S.A.

    APDL Administrao dos Portos do Douro e Leixes, S.A.

    APFF Administrao do Porto da Figueira da Foz, S.A.

    APL Administrao do Porto de Lisboa, S.A.

    APS Administrao do Porto de Sines, S.A.

    APSS Administrao dos Portos de Setbal e Sesimbra, S.A.

    APVC Administrao do Porto de Viana do Castelo, S.A.

    ARH Administrao da Regio Hidrogrfica (atualmente integrada na APA, I.P. em resultado de fuso, conforme Decreto-Lei n. 56/2012, de 12 de maro)

    BAU Business as Usual Scenario

    CAE Classificao das Atividades Econmicas

    CBO5 Carncia Bioqumica de Oxignio a 5 dias

    CE Comisso Europeia

    CFF Comprimento fora a fora

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    x

    CITES Convention on International Trade in Endangered Species of Wild Fauna and Flora (Conveno sobre o Comrcio Internacional das Espcies de Fauna e Flora Selvagens Ameaadas de Extino)

    CNUDM Conveno das Naes Unidas sobre o Direito do Mar

    COI Comisso Oceanogrfica Intersetorial

    COV Compostos orgnicos volteis

    CPUE Captura por unidade de esforo

    CQO Carncia Qumica de Oxignio

    Deciso COM 2010/477/UE

    Deciso da Comisso de 1 de Setembro de 2010 relativa aos critrios e s normas metodolgicas de avaliao do bom estado ambiental das guas marinhas (2010/477/UE). L 232/14, 2.9.2010

    DGAM Direo-Geral da Autoridade Martima

    DGEG Direo-Geral de Energia e Geologia

    DGPA Direo Geral das Pescas e Aquacultura (atualmente integrada na DGRM, conforme Decreto-Lei n. 49-A, de 29 de fevereiro)

    DGPM Direo-Geral de Poltica do Mar

    DGRM Direo-Geral de Recursos Naturais, Segurana e Servios Martimos

    DPP Departamento de Prospetiva e Planeamento e Relaes Internacionais (parte atualmente integrada na APA, I.P. em resultado de fuso, conforme Decreto-Lei n. 56/2012, de 12 de maro)

    DQA Diretiva Quadro da gua (Diretiva 2000/60/CE)

    DQEM Diretiva Quadro Estratgia Marinha (Diretiva 2008/56/CE)

    EM Estados-Membros

    EMAM Estrutura de Misso para os Assuntos do Mar (atualmente designada por EMEPC, sendo parte da sua misso e objetivos integrada na DGPM, conforme Decreto-Lei n. 7/2012, de 17 de janeiro)

    EMEPC Estrutura de Misso para a Extenso da Plataforma Continental

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    xi

    EMSA European Maritime Safety Agency (Agncia Europeia de Segurana Martima)

    EST Esquemas de Separao de Trfego

    ETAR Estao de Tratamento de guas Residuais

    ETC Emprego Equivalente a Tempo Completo

    FAO Food and Agriculture Organization of the United Nations (Organizao das Naes Unidas para a Alimentao e a Agricultura)

    FEP Fundo Europeu de Pescas

    GMDSS Sistema Global de Comunicaes de Socorro e Segurana Martima

    GNR Guarda Nacional Republicana

    ICCAT International Comission for the Conservation of Atlantic Tunas (Comisso Internacional para a Conservao do Atum do Atlntico)

    ICES International Council for the Exploration of the Sea (Conselho Internacional para a Explorao do Mar)

    ICNB Instituto da Conservao da Natureza e da Biodiversidade (atualmente integrado no ICNF em resultado de fuso, conforme Decreto-Lei n. 135/2012, de 29 de junho)

    ICNF Instituto da Conservao da Natureza e das Florestas, I.P.

    IDTI Investigao, Desenvolvimento Tecnolgico e Inovao

    IUCN International Union for Conservation of Nature (Unio Internacional para a Conservao da Natureza e dos Recursos Naturais)

    INE Instituto Nacional de Estatstica

    IPMA Instituto Portugus do Mar e da Atmosfera, I.P.

    IPTM Instituto Porturio e dos Transportes Martimos, I.P.

    JRC Joint Research Centre

    LNEG Laboratrio Nacional de Energia e Geologia

    LPUE Landing Per Unit Effort (Desembarque por unidade de esforo)

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    xii

    MARPOL Conveno Internacional para a Preveno da Poluio por Navios

    MSY Maximum Sustainable Yeld (Captura mxima sustentvel)

    NACE Nomenclatura Estatstica as Atividades Econmicas na Comunidade Europeia

    NAFO Northwest Atlantic Fisheries Organisation (Organizao de Pescas do Atlntico Noroeste)

    NEAFC North East Atlantic Fisheries Comission (Comisso de Pesca do Atlntico Nordeste)

    NOx xidos de Azoto

    NUT Nomenclatura de Unidade Territorial para fins estatsticos

    OCDE Organizao para a Cooperao e Desenvolvimento Econmico

    OMI Organizao Martima Internacional

    OSPAR Conveno para a proteo do meio marinho do Atlntico Nordeste (Conveno OSPAR)

    PGBH Plano de Gesto de Bacia Hidrogrfica

    PNAB-DCF Plano Nacional de Amostragem Biolgica, no mbito do Data Collection Framework da Poltica Comum de Pescas

    PNAND Plano Nacional de Acolhimento de Navios em Dificuldade

    PNMP Plano Nacional Martimo Porturio

    POEM Plano de Ordenamento do Espao Martimo

    PROMAR Programa Operacional Pesca, 2007-2013

    QRE Quadro de Recursos e Empregos

    QREN Quadro de Referncia Estratgico Nacional

    REN Rede Eltrica Nacional

    ROV Remotely operated underwater vehicle (Veculo submarino de operao remota)

    Somincor Sociedade Mineira de Neves Corvo, S.A.

    SIC Stio de Interesse Comunitrio

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    xiii

    SPEA Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves

    SOx xidos de Enxofre

    SPCC Sistema Porturio Comercial do Continente

    SSN SafeSeaNet (Sistema Europeu de Intercmbio de Informaes Martimas)

    STIFA Transporte Internacional Ferrovirio de Automveis, S.A.

    TAC Total Admissvel de Captura

    TMCD Transporte Martimo de Curta Distncia

    TMD Tamanho mnimo de desembarque

    TP Turismo de Portugal, I.P.

    TRH Taxa de Recursos Hdricos

    TRIVE Transportes Internacionais de Veculos, Lda

    UE Unio Europeia

    UNEP United Nations Environment Programme (Programa Ambiental das Naes Unidas)

    VAB Valor Acrescentado Bruto

    VMS Vessel monitoring system (Sistema de localizao de navios por satlite)

    VTS Vessel Traffic Service (Servio de Controlo de Trfego Martimo)

    ZEE Zona Econmica Exclusiva

    ZPE Zona de Proteco Especial

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    xiv

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    1

    I. ENQUADRAMENTO 1

    A Diretiva n.o 2008/56/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 2 17 de junho, designada por Diretiva Quadro Estratgia Marinha (DQEM), 3 determina o quadro de ao comunitria, no domnio da poltica para o meio 4 marinho, no mbito do qual os Estados-membros devem tomar as medidas 5 necessrias para obter ou manter um bom estado ambiental no meio marinho 6 at 2020. 7

    Complementarmente, foi publicada a Deciso da Comisso 8 n.2010/477/UE, de 1 de setembro, que estabelece os critrios e normas 9 metodolgicas de avaliao do bom estado ambiental das guas marinhas, 10 contribuindo, assim, para assegurar a coerncia da anlise e a comparao 11 entre regies ou sub-regies marinhas. 12

    A DQEM tem como objetivo a conservao dos ecossistemas 13 marinhos, assente numa abordagem ecossistmica na gesto das atividades 14 humanas, permitindo a utilizao sustentvel dos recursos, bens e servios 15 marinhos, constituindo, assim, o pilar ambiental da Poltica Martima Integrada 16 da Unio Europeia. So ainda objectivos da DQEM contribuir para a coerncia 17 e integrao das preocupaes ambientais nas diferentes polticas, 18 convenes e medidas legislativas, que tm impacto no meio marinho. 19

    A cooperao e coordenao a nvel internacional e regional esto 20 na base da DQEM, pelo que as obrigaes da Comunidade e dos 21 EstadosMembros assumidas no mbito de convenes internacionais e 22 regionais diretamente relacionadas com o ambiente marinho foram tidas em 23 conta, no s na sua elaborao, mas tambm na sua implementao. 24

    A Diretiva aplica-se s guas marinhas sob soberania ou jurisdio 25 dos Estados-Membros da Unio Europeia. Por guas marinhas entendem-se 26 as guas, fundos e subsolos marinhos sobre os quais um Estado-Membro 27 possua e/ou exera jurisdio em conformidade com a Conveno das Naes 28 Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM). 29

    Em 13 de outubro de 2010, foi publicado o Decreto-Lei n.o 108/2010, 30 alterado pelo Decreto-Lei n 201/2012, de 27 Agosto, que transpe para a 31 ordem jurdica interna a DQEM, e estabelece o regime jurdico das medidas 32 necessrias para garantir o bom estado ambiental das guas marinhas 33 nacionais at 2020. Este diploma preconiza, de acordo com a Diretiva, o 34 desenvolvimento de estratgias marinhas aplicveis s guas marinhas 35

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    2

    nacionais que so parte integrante da regio marinha do Atlntico Nordeste e 36 das sub-regies da Costa Ibrica e da Macaronsia. 37

    Em conformidade com os requisitos da DQEM, e atendendo s 38 especificidades das guas marinhas nacionais, foi determinada, pelo 39 DecretoLei n.108/2010, alterado pelo Decreto-Lei n 201/2012, de 27 Agosto, 40 a elaborao de quatro estratgias marinhas referentes s seguintes 41 subdivises (ver Figura I-1): 42

    a) Subdiviso do continente, que inclui as guas marinhas 43 nacionais em torno do territrio continental, com exceo da 44 plataforma continental estendida, e integra a sub-regio do 45 Golfo da Biscaia e da Costa Ibrica. 46

    b) Subdiviso dos Aores, que inclui as guas marinhas 47 nacionais em torno do arquiplago dos Aores, com exceo 48 da plataforma continental estendida, e integra a sub-regio da 49 Macaronsia. 50

    c) Subdiviso da Madeira, que inclui as guas marinhas 51 nacionais em torno do arquiplago da Madeira, com exceo 52 da plataforma continental estendida, e integra a sub-regio da 53 Macaronsia. 54

    d) Subdiviso da plataforma continental estendida, que inclui a 55 plataforma continental situada para l das 200 milhas 56 nuticas, contadas a partir das linhas de base a partir das 57 quais se mede a largura do mar territorial. 58

    59

    A elaborao da estratgia marinha relativa subdiviso da 60 plataforma continental estendida, diz respeito a uma rea aproximada de 61 2150000km2. Estando em curso a concluso do Processo de Extenso da 62 Plataforma Continental (PEPC) no mbito da Organizao das Naes Unidas, 63 tendo em conta a vastido espacial da subdiviso e a escassez de dados e a 64 ausncia de conhecimento para o mar profundo, nesta fase, dar-se- especial 65 ateno s cinco reas Marinhas Protegidas do Alto Mar OSPAR situadas na 66 plataforma continental para alm das 200 milhas nuticas, reconhecidas no 67 mbito da Conveno OSPAR, relativamente s quais Portugal assumiu o 68 dever de proteger e preservar o meio marinho, leito e subsolo, das mesmas. 69

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    Figura I-1. Subdivises de Portugal nas quais se aplica a Diretiva Quadro Estratgia Marinha. 71

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    As estratgias marinhas para as subdivises que integram as guas 72 marinhas nacionais sero desenvolvidas de acordo com um plano de ao 73 composto por uma fase de preparao e uma fase de programas de medidas. 74

    A primeira parte da fase de preparao das estratgias marinhas, a 75 concluir at 15 de julho de 2012, de acordo com o n 2 do art. 7 do Decreto-Lei 76 n.o 108/2010, alterado pelo Decreto-Lei n 201/2012, de 27 Agosto, contempla 77 a avaliao inicial do estado ambiental atual das guas marinhas nacionais e 78 do impacto ambiental das atividades humanas nessas guas, a definio do 79 conjunto de caractersticas, parmetros e valores de referncia correspondente 80 ao bom estado ambiental das guas marinhas nacionais e o estabelecimento 81 de um conjunto de metas ambientais, e indicadores associados, com vista a 82 orientar o progresso para alcanar o bom estado ambiental do meio marinho. 83

    A avaliao inicial das guas marinhas nacionais inclui uma anlise 84 das caractersticas essenciais e do estado ambiental atual dessas guas, uma 85 anlise das principais presses e impactos, designadamente da atividade 86 humana, no estado ambiental dessas guas, que abranjam os principais efeitos 87 cumulativos e sinrgicos, tendo em considerao as listas indicativas 88 constantes dos quadros 1 e 2 do anexo I ao Decreto-Lei n.o 108/2010, alterado 89 pelo Decreto-Lei n 201/2012, de 27 Agosto, e ainda uma anlise econmica e 90 social da utilizao dessas guas e do custo de degradao do meio marinho. 91

    A segunda parte da fase de preparao, a terminar at 15 de Julho 92 de 2014, diz respeito ao estabelecimento e aplicao de um programa de 93 monitorizao para avaliao constante e atualizao peridica das metas 94 ambientais. 95

    fase de preparao segue-se a fase de programas de medidas, 96 que determina, at 2015, a concluso da elaborao de um programa de 97 medidas destinado prossecuo ou manuteno do bom estado ambiental 98 e, at 2016, iniciar a execuo do programa de medidas. 99

    Para o cumprimento da primeira parte da fase de preparao das 100 estratgias marinhas, no calendrio estabelecido pela DQEM, at 15 de julho 101 de 2012, foi criado atravs do Despacho n.o 3068/2012, de 1 de maro, um 102 Grupo de Trabalho Interinstitucional composto por elementos de diversas 103 entidades com competncias na rea da gesto do meio marinho. A 104 elaborao das estratgias marinhas referentes Subdiviso dos Aores e 105 Subdiviso da Madeira so da responsabilidade dos respetivos Governos 106 Autnomos, tal como previsto no Decreto-Lei n.o 108/2010, alterado pelo 107 Decreto-Lei n 201/2012, de 27 Agosto. 108

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    A nvel europeu foram criados igualmente grupos de trabalho 109 temticos que envolvem diversas instituies, como o ICES, o JRC, a 110 Comisso Europeia, as convenes marinhas regionais e representantes dos 111 estados membros, que elaboraram documentos de apoio ao desenvolvimento 112 das estratgias marinhas. 113

    Tendo subjacente o enquadramento referenciado, o presente 114 relatrio visa proceder caracterizao e avaliao inicial do estado ambiental 115 das guas marinhas nacionais, definio do bom estado ambiental e ao 116 estabelecimento de um conjunto de metas ambientais, ao nvel da subdiviso, 117 em cumprimento do disposto no artigo 7 , n 1, alnea a), e n 2, do Decreto-118 Lei n.o 108/2010, alterado pelo Decreto-Lei n 201/2012, de 27 Agosto, tendo 119 em conta os dados disponveis existentes e a anlise pericial de todas as 120 instituies que colaboraram na sua elaborao. 121

    O relatrio encontra-se estruturado em seis captulos que 122 respondem s obrigaes decorrentes da informao que foi solicitada aos 123 Estados-membros para dar cumprimento primeira parte da primeira fase da 124 elaborao das estratgias marinhas, que inclui dois captulos comuns s 125 estratgias-marinhas de todas as subdivises (Captulos I e II), e quatro 126 captulos (captulos III, IV, V e VI) relativos a cada subdiviso: 127

    o Captulo I Enquadramento breve introduo Diretiva 128 Quadro da Estratgia Marinha e qual a abordagem adotada 129 por Portugal; 130

    o Captulo II Cooperao regional relato sobre a cooperao 131 com os Estados-membros que partilham guas marinhas com 132 Portugal; 133

    o Captulo III Delimitao da Subdiviso apresentao dos 134 limites geogrficos da subdiviso, suas reas marinhas 135 classificadas e reas de avaliao consideradas; 136

    o Captulo IV Caracterizao da Subdiviso - descrio das 137 caractersticas fsicas, qumicas e biolgicas das guas e 138 fundos marinhos e determinao do estado ambiental atual 139 das guas marinhas; anlise das presses e impactos tendo 140 por base os descritores de presso elencados na Diretiva; 141 anlise econmica e social das atividades martimas e anlise 142 dos custos de degradao do meio marinho; 143

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    o Captulo V Avaliao do Estado Ambiental - definio e 144 avaliao do Bom Estado Ambiental do meio marinho tendo 145 por base a informao constante nos captulos anteriores; 146

    o Captulo VI Estabelecimento de Metas Ambientais e 147 Indicadores Associados - definio de metas ambientais para 148 a subdiviso, necessrias para obter ou manter um bom 149 estado ambiental no meio marinho at 2020. 150

    A metainformao correspondente aos dados utilizados nos 151 Captulos IV e V encontra-se discriminada no anexo Metadados, no final deste 152 documento. 153

    Finalmente, cabe referenciar que o presente relatrio corresponde 154 ao relatrio que vai ser submetido a consulta pblica tal como previsto no art. 155 16 do Decreto-Lei n.o 108/2010, alterado pelo Decreto-Lei n 201/2012, de 27 156 Agosto. 157

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    II. COOPERAO REGIONAL 158

    Sendo, regra geral, as questes ambientais e ecossistmicas 159 transversais e indiferentes s delimitaes entre estados, tal caracterstica 160 especialmente evidente no meio marinho, que tem uma natureza 161 intrinsecamente transfronteiria, como salientado no prembulo da DQEM. 162 Neste contexto, as estratgias marinhas elaboradas por cada Estado-Membro, 163 embora especficas das suas prprias guas, devero ter em conta a 164 perspetiva global da regio marinha a que pertencem, e, em particular, refletir 165 as ligaes e interaes com as guas dos Estados-Membros que partilham a 166 mesma subregio. 167

    Assim, deve proceder-se ao desenvolvimento coordenado das 168 estratgias marinhas, o que preconizado no artigo 5 da DQEM, 169 estabelecendo que os Estados-Membros que partilham uma regio ou 170 subregio marinha devem cooperar entre si, de modo a garantir a coerncia 171 dos mtodos de avaliao e monitorizao em todas as subdivises marinhas, 172 de modo a facilitar a comparabilidade dos resultados, em particular no que 173 concerne s respetivas avaliaes iniciais, definies de bom estado ambiental, 174 metas ambientais e indicadores associados, bem como aos programas 175 previstos de monitorizao e s medidas destinadas prossecuo ou 176 manuteno de um bom estado ambiental. De particular relevncia a 177 coordenao regional entre os Estados-Membros quando for aferido que no 178 foi atingido o bom estado ambiental na subregio, na fronteira entre as guas 179 marinhas dos Estados-Membros. Por outro lado, de acordo com o artigo 6 da 180 Diretiva, os Estados-Membros, de modo a assegurar a coordenao 181 anteriormente referida, utilizam, sempre que exequvel e adequado, as 182 estruturas existentes de cooperao institucional regional, incluindo as 183 abrangidas pelas convenes marinhas e regionais que cobrem a regio ou 184 sub-regio partilhada. 185

    No domnio jurdico nacional, o artigo 13 do Decreto-Lei 186 n.108/2010, de 13 de Outubro, alterado pelo Decreto-Lei n 201/2012, de 27 187 Agosto, prev que, quer ao nvel da preparao da avaliao inicial, quer na 188 elaborao dos programas de monitorizao, se dever ter em conta a 189 coerncia dos mtodos de avaliao e monitorizao em todas as subdivises 190 marinhas, de modo a facilitar a comparabilidade dos resultados, bem como 191 os impactos transfronteirios e as especificidades transfronteirias 192 relevantes. 193

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    Como referido no captulo I, as guas marinhas nacionais nas quais 194 tem aplicao a DQEM esto enquadradas na subregio do Golfo da Biscaia e 195 da Costa Ibrica e na subregio da Macaronsia, ambas integrantes da regio 196 marinha do Atlntico Nordeste. Portugal partilha aquelas subregies com 197 outros Estados-Membros, com Espanha e Frana no caso da subregio do 198 Golfo da Biscaia e da Costa Ibrica, e com Espanha no caso da subregio da 199 Macaronsia. 200

    Com o intuito de promover os adequados mecanismos de 201 cooperao no mbito da implementao da DQEM, foram realizadas em 202 Portugal trs reunies entre Espanha, Frana e Portugal, em 2009, 2011 e 203 2012. 204

    Na reunio de 2009, realizada a 26 de Outubro, foram discutidos os 205 aspetos introdutrios referentes forma como os Estados-Membros se 206 propunham dar cumprimento s obrigaes inerentes aplicao da DQEM, 207 em particular com o intuito do desenvolvimento das respetivas estratgias 208 marinhas. Neste mbito, os trabalhos versaram a definio das suas 209 subdivises, o estabelecimento de critrios comuns, a abordagem 210 ecossistmica requerida pela Diretiva e os conceitos associados, e o processo 211 de transposio da DQEM para a legislao nacional de cada pas. 212

    Na reunio de 2011, realizada a 23 de Maro, foram debatidos o 213 estado da arte relativo discusso realizada nos grupos comunitrios e na 214 OSPAR no mbito da DQEM; a transposio da Diretiva para as legislaes 215 nacionais, nomeadamente, a seleo das regies e subregies marinhas, a 216 designao das autoridades competentes e a integrao no plano de ao de 217 assuntos relativos Poltica Comum de Pescas; os conceitos e abordagens 218 inerentes avaliao inicial, definio do bom estado ambiental e de metas 219 ambientais; e os mtodos associados aos futuros trabalhos entre Portugal, 220 Espanha e Frana. 221

    A reunio de 2012 decorreu em dois dias, a 22 e 23 de Maro, tendo 222 subjacente a necessidade de articulao no contexto da elaborao das 223 estratgias marinhas em regies fronteirias. Os trabalhos de dia 22 foram 224 dedicados exclusivamente subregio da Macaronsia, tendo decorrido 225 apenas entre Portugal e Espanha, enquanto que no dia 23 foi abordada a 226 subregio do Golfo da Biscaia e da Costa Ibrica, entre Portugal, Espanha e 227 Frana. Os principais temas discutidos nesta reunio foram os seguintes: 228

    o Estado de implementao da DQEM incluiu uma breve 229 apreciao genrica por cada Estado-Membro do estado da 230

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    arte na respetiva implementao da DQEM, com identificao 231 de mais valias e constrangimentos no mbito do processo; 232

    o Avaliao inicial integrou apresentaes especficas sobre a 233 matria, detalhando as metodologias seguidas; 234

    o Descritores do Bom Estado Ambiental incluiu apresentaes 235 por cada Estado-Membro sobre a abordagem seguida, bem 236 como a atualizao dos progressos realizados sobre alguns 237 descritores at ao momento; 238

    o Determinao do Bom Estado Ambiental, de metas e de 239 indicadores ambientais realizaram-se apresentaes 240 relativas abordagem adotada sobre alguns dos descritores, 241 seguindo-se a atualizao dos progressos de implementao 242 realizados at ao momento; 243

    o Programas de monitorizao discutiram-se as 244 oportunidades-chave para cooperao a este nvel, bem 245 como eventuais oportunidades de financiamento; 246

    o Reporte do relatrio da DQEM e participao pblica incluiu 247 a discusso da abordagem seguida por cada Estado-Membro, 248 de forma a dar cumprimento s obrigaes da DQEM 249 referentes a 2012. 250

    251

    Por ltimo, de referir que foi acordado, entre as delegaes 252 presentes, dar especial ateno s caractersticas e ao estado ambiental das 253 correspondentes zonas fronteirias, assegurando a coerncia dos mtodos de 254 avaliao e monitorizao em todas as subdivises marinhas, de modo a 255 facilitar a comparabilidade dos resultados, em particular, no que concerne s 256 respetivas avaliaes iniciais, e dar enfse anlise de presses e impactos 257 de natureza transfronteiria no caso de ocorrncia naquelas zonas de reas de 258 avaliao que no atinjam o Bom Estado Ambiental. 259

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    III. DELIMITAO DA SUBDIVISO 261

    1. Limites Geogrficos. 262

    As reas marinhas sob jurisdio de Portugal fazem parte integrante 263 da regio marinha do Atlntico Nordeste e das seguintes subregies (ver 264 Figura III-1): 265

    o Sub-regio do Golfo da Biscaia e da Costa Ibrica; 266 o Sub-regio da Macaronsia. 267

    268

    269

    270

    271

    Figura III-1. Regies e subregies marinhas contempladas pela DQEM. A regio marinha 272 do Atlntico Nordeste compreende as subregies do Mar Cltico, do Golfo da Biscaia e 273 da Costa Ibrica, e da Macaronsia. Fonte: adaptado de EEA (2012). 274

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    Tendo em conta as especificidades das reas marinhas, ou seja as 275 suas caractersticas hidrogrficas, oceanogrficas e biogeogrficas, foram 276 consideradas para efeitos de implementao da DQEM as seguintes 277 subdivises (Figura I-1): 278

    a) Subdiviso do continente, que inclui as guas marinhas 279 nacionais em torno do territrio continental, com exceo da 280 plataforma continental estendida, e integra a sub-regio do 281 Golfo da Biscaia e da Costa Ibrica; 282

    b) Subdiviso dos Aores, que inclui as guas marinhas 283 nacionais em torno do arquiplago dos Aores, com exceo 284 da plataforma continental estendida, e integra a sub-regio da 285 Macaronsia; 286

    c) Subdiviso da Madeira, que inclui as guas marinhas 287 nacionais em torno do arquiplago da Madeira, com execeo 288 da plataforma continental estendida, e integra e sub-regio da 289 Macaronsia; 290

    d) Subdiviso da plataforma continental estendida, que inclui a 291 plataforma continental situada para l das 200 milhas 292 nuticas, contadas a partir das linhas de base a partir das 293 quais se mede a largura do mar territorial. 294

    Este relatrio diz respeito subdiviso do continente cujos limites 295 esto representados na Figura III-2. 296

    De modo a facilitar a caracterizao e avaliao do estado das 297 guas marinhas a nvel da regio ou sub-regio, a Diretiva prev que os 298 Estados-membros possam recorrer a reas de menores dimenses, 299 denominadas reas de avaliao. Este conceito foi desenvolvido ao nvel dos 300 grupos europeus de trabalho para a estratgia comum de implementao da 301 DQEM, donde resultaram diversos documentos orientadores com vista 302 adoo de uma abordagem coerente e compatvel entre os diferentes 303 Estadosmembros. 304

    Segundo SEC (2011), um bom critrio para a definio de reas de 305 avaliao ser a escolha de reas ecologicamente representativas, que podem 306 refletir diferentes escalas ecolgicas reveladas pela biodiversidade de uma 307 dada regio ou subregio e que constituam escalas que so efetivas para a 308 aplicao de medidas. 309

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    Figura III-2. Delimitao da subdiviso do continente. 311

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    Na subdiviso do continente as reas de avaliao foram definidas 312 caso a caso em funo da natureza das caractersticas do meio marinho e da 313 informao disponvel. Essencialmente foram utilizados os seguintes critrios 314 em isolado ou combinados: 315

    o Tipologia das guas costeiras definida no mbito da Diretiva 316 Quadro da gua (Bettencourt et al., 2004); 317

    o Batimetria; 318 o Geomorfologia, hidrodinmica e biologia; 319 o rea de ocorrncia das atividades econmicas; 320 o Transetos associados a campanhas de amostragem. 321

    Refere-se ainda que ao longo do texto foram consideradas as reas 322 da Reserva Natural das Ilhas Berlengas, do Parque Marinho Professor Lus 323 Saldanha e da rea denominada por Banco Gorringe. A escolha destas trs 324 reas resulta da necessidade de avaliar habitats em reas que por virtude das 325 suas caractersticas, localizao ou importncia estratgica merecem uma 326 referncia particular. O Parque Natural da Arrbida (que inclui o Parque 327 Marinho Professor Lus Saldanha) e a Reserva Natural das Berlengas so 328 reas com um regime de proteo especfico que podem providenciar 329 condies de referncia adequadas definio de metas ambientais no 330 contexto mais alargado da subdiviso do continente. 331

    As duas primeiras justificam-se pelo facto de, entre as reas 332 classificadas, apresentarem um conjunto de caratersticas nicas na subdiviso 333 do continente, que se traduzem no caso da Reserva Natural das Ilhas 334 Berlengas pela representatividade ao nvel da dimenso do habitat 1170 335 Recifes e no caso do Parque Marinho Lus Saldanha pela representatividade 336 do habitat 1110 Bancos de areia permanentemente cobertos por gua do mar 337 pouco profunda associado ao desenvolvimento e presena de um nmero 338 elevado de espcies marinhas, muitas delas raras em Portugal, como os 339 bancos de areia permanentemente submersos com pradarias de 340 fanerogmicas, que todavia, se encontram em acelerada regresso. tambm 341 representativo deste parque o habitat 1170 Recifes na zona do Cabo 342 Espichel. 343

    O Banco Gorringe foi considerado neste mbito dadas as suas 344 caratersticas geomorlgicas nicas relacionadas com a existncia de picos a 345 baixas profundidades que so caracterizados por uma riqueza especfica, 346 traduzida numa densa cobertura de algas e gorgnias de grandes dimenses e 347

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    da presena de um total de 857 espcies. Relativamente presena de 348 habitats classificados refere-se a presena do habitat 1170 Recifes e do 349 habitat Montes submarinos que faz parte parte integrante da lista de habitas 350 ameaados e/ou em declneo da Conveno OSPAR. 351

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    2. reas Classificadas. 352

    2.1. Introduo 353

    A necessidade de uma melhor conservao e conhecimento da 354 biodiversidade costeira e marinha conduziu ao estabelecimento de reas 355 Marinhas Protegidas (AMP) que tm por objetivo a adoo de medidas 356 dirigidas para a proteo das comunidades e dos habitats marinhos sensveis, 357 de forma a assegurar a manuteno da biodiversidade marinha. As reas 358 Marinhas Protegidas foram definidas pela IUCN como qualquer rea intertidal 359 ou subtidal juntamente com a coluna de gua sobrejacente e flora, fauna, 360 caractersticas histricas e culturais associadas, sujeita a lei ou a outro meio 361 eficaz que proteja parte ou a totalidade do ambiente delimitado. 362

    Segundo a IUCN, uma rede de AMP pode ser definida como um 363 conjunto de reas marinhas protegidas individuais que funcionam em 364 cooperao e sinergia, a diversas escalas espaciais, e com vrios nveis de 365 proteo, de forma a cumprir objetivos ecolgicos mais eficaz e 366 abrangentemente do que as reas a nvel individual. 367

    As AMP constituem, portanto, estratgias emergentes para a 368 proteo e valorizao do ambiente marinho e gesto e uso sustentado dos 369 seus recursos, atravs da integrao harmoniosa das atividades humanas 370 (Lubchenco et al., 2003). 371

    Em Portugal, as reas com estatuto de proteo no meio marinho 372 traduzem de certa forma as caractersticas do ambiente marinho enquanto 373 espao que comporta alguns dos mais importantes ecossistemas a nvel 374 mundial. As caractersticas biogeogrficas, biofsicas e geomorfolgicas das 375 reas marinhas sob jurisdio nacional so base de uma vasta biodiversidade. 376 Os ambientes insulares ocenicos, o mar profundo e as plancies abissais, os 377 montes e bancos submarinos, a dorsal mdio-atlntica, os campos de fontes 378 hidrotermais, as riqussimas zonas estuarinas e lagunares, os grandes canhes 379 submarinos, as zonas de afloramento costeiro, os recifes rochosos, entre 380 outros, conferem a Portugal um patrimnio natural nico que importa valorizar e 381 proteger. A este patrimnio natural juntam-se valores arqueolgicos, culturais, 382 estticos e histricos, sendo as reas classificadas no meio marinho em 383 Portugal um espelho de toda esta diversidade. 384

    No quadro legal Portugus as designaes de reas com estatuto de 385 proteo no meio marinho tm lugar no mbito dos seguintes enquadramentos: 386

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    Legislao nacional 387

    o Lei n11/87, de 7 de abril, Lei de Bases do Ambiente considera, 388 entre outros, a estratgia Nacional de Conservao da Natureza e 389 o Ordenamento Integrado de Territrio a nvel regional e local, 390 incluindo a classificao e criao de reas, stios ou paisagens 391 protegidas sujeitas a estatutos especiais de conservao (artigo 392 27). No seu artigo 29 preconiza a implementao e 393 regulamentao de uma rede nacional contnua de reas 394 protegidas, abrangendo reas terrestres, reas interiores e 395 martimas; 396

    o Decreto-Lei n 142/2008, de 24 de julho define o regime jurdico 397 da Conservao da Natureza e da Biodiversidade e institui a rede 398 nacional de reas marinhas protegidas, que compreende as reas 399 protegidas delimitadas exclusivamente em guas martimas sob 400 jurisdio nacional e as reas de reservas marinhas e parques 401 marinhos delimitados nas reas protegidas; 402

    o Decreto-Lei n 140/99, de 24 de abril transpe para o direito 403 interno as Diretivas 79/409/CEE, do Conselho, de 2 de abril 404 (relativa conservao das aves selvagens) e 92/43/CEE, do 405 Conselho, de 21 de maio (relativa preservao dos habitats 406 naturais), ao abrigo das quais so criados um conjunto de stios 407 de interesse comunitrio a integrar na rede ecolgica europeia 408 designada por Rede Natura 2000. 409

    410

    Legislao da Unio Europeia 411

    o Resoluo do Comit de Ministros do Conselho da Europa n (98) 412 29, adotada em 18 de setembro de 1998 (reas Diplomadas do 413 Conselho da Europa) aplica-se a reas naturais ou 414 seminaturais adequadamente protegidas, com excecional 415 interesse do ponto de vista da diversidade biolgica, geolgica ou 416 paisagstica, que so patrocinadas pelo Conselho da Europa. O 417 Diploma Europeu para reas Protegidas do Conselho da Europa 418 atribuido em virtude do interesse cientfico, cultural ou esttico 419 da rea, se esta tiver um adequado sistema de proteo, 420 eventualmente em conjugao com programas de ao de 421 desenvolvimento sustentvel; 422

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    o Diretiva 79/409/CE, do Conselho, de 2 de abril (Diretiva Aves) 423 aplica-se s aves, aos seus ovos, ninhos e habitats, e impe a 424 necessidade de proteger reas suficientemente grandes e 425 representativas de cada um dos diferentes habitats que so 426 utilizados pelas vrias espcies. Esta diretiva regula tambm o 427 comrcio de aves selvagens, probe alguns mtodos de captura e 428 abate e limita a atividade de caa a um conjunto de espcies; 429

    o Diretiva 92/43/CEE, do Conselho, de 21 de maro (Diretiva 430 Habitats) tem como principal objetivo manter a Biodiversidade 431 atravs da conservao dos habitats naturais (anexo I da diretiva) 432 e de espcies de flora e de fauna selvagens (anexo II da diretiva) 433 considerados ameaados na Unio Europeia. 434

    435

    A Rede Natura 2000 (RN 2000) uma rede ecolgica para o espao 436 comunitrio da Unio Europeia resultante da aplicao das Diretivas 437 79/409/CEE (Diretiva Aves) e 92/43/CEE (Diretiva Habitats) que tem por 438 objetivo contribuir para assegurar a biodiversidade atravs da conservao 439 dos habitats naturais e da fauna e da flora selvagens no territrio europeu dos 440 Estados-Membros em que o Tratado aplicvel (Anexo I, nos 1 e 2). 441

    442

    Legislao internacional 443

    o Conveno das Naes Unidas sobre o Direito Mar (CNUDM), 444 assinada a 10 de dezembro de 1982, em Montego Bay 445 estabelece a ordem jurdica para os mares e oceanos, 446 estabelecendo o regime para as zonas martimas sob jurisdio 447 nacional e zonas martimas internacionais, promovendo a 448 conservao e utilizao equitativa e eficiente dos recursos, a 449 proteo e preservao do meio marinho. A CNUDM regula os 450 direitos e as obrigaes dos Estados relativamente ao uso dos 451 oceanos e dos seus recursos e proteo do ambiente marinho e 452 costeiro; 453

    o Conveno para a Proteo do Meio Marinho do Atlntico 454 Nordeste (OSPAR), assinada em Paris, em 1992 tem como 455 objetivo prevenir e combater a poluio, bem como proteger o 456 Atlntico Nordeste, contra os efeitos prejudicais de atividades 457 humanas, salvaguardando a sade pblica, preservando os 458

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    ecossistemas marinhos, quando possvel, restabelecendo as 459 zonas martimas que sofreram esses efeitos prejudiciais. Neste 460 mbito existe um grupo de trabalho associado s reas marinhas 461 protegidas e tem como objetivo a criao de uma rede 462 internacional de reas marinhas protegidas; 463

    o Conveno da Diversidade Biolgica, foi aberta para assinatura 464 na Conferncia das Naes Unidas sobre Ambiente e 465 Desenvolvimento, em 5 de junho de 1992 tem como objetivos a 466 conservao da diversidade biolgica, a utilizao siustentvel 467 dos seus componentese a partilha justa e equitativa dos 468 benefcios que advm da utilizao dos recursos genticos, 469 inclusivamente atravs do acesso adequado a esses recursos e 470 da transferncia apropriada de tecnologias relevantes, tendo em 471 conta todo os direitos sobre esses recursos e tecnologias, bem 472 como atravs de um financiamento adequado. Durante a 473 Conferncia das Partes (COP9), realizada em 2008, foram 474 adotados critrios cientficos para a identificao de reas 475 marinhas significativas em termos ecolgicos ou biolgicos no 476 alto-mar e para o estabelecimento de uma rede internacional de 477 reas marinhas ecolgica e biologicamente significativas. 478

    479

    480

    2.2. reas Classificadas da subdiviso do continente 481

    Na subdiviso do continente, no mbito da legislao nacional, 482 existem cinco reas protegidas com rea marinha que se encontram integradas 483 na Rede Nacional de reas Protegidas: Parque Natural do Litoral Norte (Figura 484 III-3), Reserva Natural das Berlengas (Figura III-4), Parque Natural da Arrbida 485 (Figura III-5), Reserva Natural das Lagoas de Santo Andr e Sancha e Parque 486 Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina (Figura III-6). Trs destas 487 reas classificadas o Parque Natural do Litoral Norte, a Reserva Natural das 488 Berlengas e o Parque Natural da Arrbida - tiveram as suas guas martimas 489 delimitadas de acordo com o ponto 4 do artigo 10 do Decreto-Lei 142/2008, de 490 24 de julho, respetivamente, como reserva marinha ou como parque 491 marinho. 492

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    493

    Figura III-3. Parque Natural do Litoral Norte. 494 495

    496

    Figura III-4. Reserva Natural das Berlengas. 497

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    498

    Figura III-5. Parque Natural da Arrbida (Parque Marinho Professor Luiz Saldanha). 499 500

    501

    Figura III-6. Reserva Natural das Lagoas de Santo Andr e Sancha e Parque Natural do 502 Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina. 503

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    Entre os ecossistemas protegidos incluem-se ecossistemas 504 estuarinos (Parque Natural Litoral Norte e Parque Natural Sudoeste Alentejano 505 Costa Vicentina), ecossistemas insulares (Reserva Natural das Berlengas), 506 ecossistemas lagunares (Reserva Natural Lagoa Santo Andr e da Sancha) e 507 habitats crticos e vulnerveis como as pradarias marinhas (Parque Natural da 508 Arrbida), possuindo todas elas uma forte identidade cultural associada s 509 comunidades piscatrias locais e s atividades que estas desenvolveram para 510 explorar os recursos marinhos. 511

    No mbito da legislao comunitria, na subdiviso do continente 512 existem presente data oito Zonas de Proteco Especial (ZPE) da Diretiva 513 Aves (Diretiva 79/409/CEE) com rea marinha - Esturios dos Rios Minho e 514 Coura, Ria de Aveiro, Ilhas Berlengas (Figura III-7), Cabo Espichel, Lagoa de 515 Santo Andr, Lagoa da Sancha (Figura III-8), Costa Sudoeste (Figura III-9), Ria 516 Formosa (Figura III-10), tendo-se optado por apresentar apenas aquelas que 517 tm uma rea marinha delimitada. 518

    Para alm da importncia da rea costeira das ZPE citadas, a rea 519 marinha tambm local de descanso e alimentao de aves invernantes e 520 ainda das migradoras de passagem nas suas rotas migratrias. 521

    522

    ZPE Ilhas Berlengas PTZPE0009 523

    Conjunto de ilhas rochosas, Berlenga, Estelas, Farilhes e Forcadas, 524 localizadas ao largo da costa ocidental portuguesa, entre 5,6 e 9,7 milhas 525 nuticas para noroeste do Cabo Carvoeiro. 526

    Importante local de reproduo de aves marinhas, utilizado 527 regularmente por algumas espcies caractersticas do nordeste atlntico. 528 Alberga numerosa populao reprodutora de gaivota-de-patas-amarelas Larus 529 cachinnans (ca. 20000 aves em 2005) cuja superabundncia constitui fator de 530 perturbao para outras espcies e degrada o coberto vegetal da ilha. 531

    Constitui o limite meridional da nidificao do airo Uria aalge no 532 litoral ibrico e representa, nas costas europeias, o limite norte da rea de 533 nidificao da pardela-de-bico-amarelo Calonectris diomedea. No arquiplago 534 existe uma colnia de Panho da Madeira Oceanodroma castro, que ganha 535 maior importncia por ser a nica conhecida prximo das costas da Europa 536 continental. 537

    O arquiplago das Berlengas constitui ainda local de nidificao 538 regular do Falco-peregrino Falco peregrinus. 539

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    540

    Figura III-7. Zona de Proteo Especial das Ilhas Berlengas. 541

    542

    543

    544

    ZPE Lagoa de Santo Andr PTZPE0013 545

    Lagoa costeira separada do mar por uma estreita faixa de dunas. 546 Esta lagoa situa-se entre as mais importantes zonas hmidas nacionais para as 547 aves, onde foram recenseadas 106 espcies de aves aquticas, incluindo 13 548 de Passeriformes. 549

    Para o total de indivduos registados contriburam de forma 550 significativa poucas espcies, entre elas: Galeiro Fulica atra, 551 Mergulhopequeno Tachybaptus ruficolis, Pato-de-bico-vermelho Netta rufina, 552 Guincho Larus ridibundus, Gaivota-dasa-escura Larus fuscus, Pato-trombeteiro 553 Anas clypeata e Pato-real Anas platyrhynchos. A gara-vermelha Ardea 554 purpurea mantm na Lagoa da Sancha uma importante colnia nidificante que 555 utiliza os poos de Santo Andr e a vrzea como locais de alimentao. 556

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    557

    Figura III-8. Zonas de Proteo Especial da Lagoa de Santo Andr e da Lagoa da Sancha. 558

    559

    560

    561

    Como fator mais saliente em relao comunidade de aves 562 aquticas da lagoa, salienta-se a ocorrncia do Pato-de-bico-vermelho, sendo 563 este o local mais importante do pas quanto presena desta espcie no 564 Inverno, e tambm do Galeiro, que apresenta nmeros muito elevados em 565 relao totalidade das zonas hmidas nacionais. A zona possui ainda grande 566 valor para a passagem de passeriformes migradores trans-saharianos, 567 ciconiformes e limcolas. 568

    569

    570

    ZPE Lagoa da Sancha PTZPE0014 571

    Esta lagoa destaca-se como local importante nas migraes 572 outonais de passeriformes trans-saharianos, alm de constituir um local de 573

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    reproduo para espcies que se encontram ameaadas em grande parte da 574 respetiva rea de distribuio europeia. 575

    Esta lagoa atravessou aparentemente um processo de 576 empobrecimento da diversidade de espcies de aves aquticas nidificantes, 577 sendo contudo de grande importncia devido existncia de uma colnia 578 nidificante de Gara-vermelha Ardea purpurea, e tambm como local de refgio 579 para Anas platyrhynchos e Netta rufina, e de reproduo para Ixobrychus 580 minutus. ainda de referir a presena da guia-sapeira Circus aeruginosus. 581

    A ocorrncia de Camo Porphyrio porphyrio durante a Primavera 582 tambm foi confirmada, embora se desconhea se a espcie nidifica ou no na 583 rea. De inverno, espcies como Phalacrocorax carbo, Larus ridibundus e 584 Larus fuscus utilizam regularmente o espelho da gua para repousar. 585

    586

    587

    ZPE Costa Sudoeste PTZPE0015 588

    A ZPE da Costa Sudoeste reconhecidamente uma das reas com 589 maior importncia para a conservao da avifauna, constituindo um importante 590 corredor migratrio para aves planadoras, aves marinhas e passeriformes 591 migradores trans-saharianos. A diversidade que alberga (cerca de 230 592 espcies de presena regular e cerca de 40 de presena irregular ou acidental, 593 incluindo dezenas de espcies migradoras de passagem), e as particularidades 594 que algumas populaes apresentam, conferem-lhe um valor inigualvel no 595 contexto da conservao das aves a nvel nacional e internacional. Entre as 596 espcies mais emblemticas destacam-se a guia de Bonelli Hieraaetus 597 fasciatus, a guia-cobreira Circaetus gallicus, o falco-peregrino Falco 598 peregrinus, a gralha-de-bico-vermelho Pyrrhocorax pyrrhocorax e o pombo-599 das-rochas Columba livia. Constitui o nico local a nvel mundial onde a 600 cegonha-branca Ciconia ciconia nidifica em falsias marinhas e o ltimo local 601 de nidificao de guia-pesqueira Pandion haliaetus em Portugal. 602

    Fora do perodo reprodutor, as reas de agricultura extensiva no 603 planalto adjacente costa so importantes para algumas espcies de aves 604 esteprias, com realce para o siso Tetrax tetrax, o alcaravo Burhinus 605 oedicnemus, o abibe Vanellus vanellus e a tarambola-dourada Pluvialis 606 apricaria. 607

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    608

    Figura III-9. Zona de Proteo Especial da Costa Sudoeste. 609

    610

    611

    ZPE da Ria Formosa PTZPE0017 612

    Este sistema lagunar de grandes dimenses constitui a mais 613 importante rea hmida do sul do pas, pela sua diversidade e complexidade 614 estrutural, estando protegido a sul por uma srie de ilhas barreira, separadas 615 entre si por barras mveis, algumas fixas artificialmente, que estabelecem a 616 comunicao entre a Ria e o Oceano. 617

    A Ria constitui uma das reas mais importantes do pas para as 618 aves migratrias com particular destaque para limcolas como a 619 Tarambolacinzenta Pluvialis squatarola, a Seixoeira Calidris canutus ou o 620 Borrelho-pequeno-de-coleira Charadrius dubius e alguns anatdeos. A avifauna 621 nidificante tambm muito importante, destacando-se a presena de 622 importantes populaes reprodutoras de Gara-branca-pequena Egretta 623 garzetta, Camo Porphyrio porphyrio, Perna-longa Himantopus himantopus, 624 Borrelho-de-coleira-interrompida Charadrius alexandrinus e Andorinha-do-mar-625 aa Sterna albifrons. 626

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    627

    Figura III-10. Zona de Proteo Especial da Ria Formosa. 628

    629

    630

    As reas de canial dentro da IBA so importantes para a passagem 631 de passeriformes migradores durante a migrao outonal. Esta zona hmida 632 abriga habitualmente pelo menos 20000 aves aquticas. Abriga habitualmente 633 1% dos indivduos das populaes de Egretta garzetta, Himantopus 634 himantopus, Burhinus oedicnemus, Charadrius alexandrinus, Sterna albifrons 635 (em poca de reproduo) e Phalacrocorax carbo, Platalea leucorodia, Anas 636 penelope, Anas clypeata e Charadrius alexandrinus (em poca hibernada). 637

    638

    A subdiviso do continente est inserida na regio biogeogrfica 639 marinha Atlntica da Diretiva Habitats onde ocorrem os habitats marinhos 1110 640 Bancos de areia permanentemente cobertos por gua do mar pouco 641 profunda, 1140 Lodaais ou areais a descoberto na mar baixa, 1150 642 Lagunas costeiras, 1160 Enseadas e baas pouco profundas, 1170 643 Recifes, 8330 Grutas marinhas submersas ou semi-submersas e 1180 644 Estruturas submarinas originadas por emisses gasosas. 645

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    Decorrentes da Diretiva Habitats (Diretiva 92/43/CEE) foram 646 designados sete Stios de Importncia Comunitria (SIC) com rea marinha 647 Litoral Norte (Figura III-11), Peniche/Santa Cruz (Figura III-12) Sintra/Cascais, 648 Esturio do Tejo, Arrbida/Espichel, Esturio do Sado e Costa Sudoeste, 649 tendo-se optado por apresentar apenas aquelas que tm rea marinha 650 delimitada. 651

    652

    653

    SIC Litoral Norte PTCON0017 654

    O stio apresenta um formato linear, albergando a costa norte de 655 Portugal, onde ocorrem bancos de areia (1110) e recifes (1170) com uma 656 assinalvel diversidade de algas marinhas. 657

    658

    659

    660

    661

    Figura III-11. Stio de Importncia Comunitria do Litoral Norte. 662

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    663

    Figura III-12. Stio de Importncia Comunitria de Peniche/Santa Cruz. 664

    665

    666

    667

    SIC Peniche/Santa Cruz PTCON0056 668

    Este stio abrange prados salgados atlnticos (1330) existentes a 669 Norte de Peniche, sendo esta uma das duas nicas reas de ocorrncia deste 670 habitat na regio biogeogrfica Mediterrnica, e recifes (1170) que se dispem 671 ao longo da costa. 672

    673

    674

    SIC Arquiplago da Berlenga PTCON0006 675

    Stio localizado a Noroeste do Cabo Carvoeiro e composto pelas 676 ilhas rochosas Berlenga e Farilhes e pela rea marinha em seu redor. 677

    Neste Stio de Importncia Comunitria merecem especial ateno 678 os recifes (1170), de origem rochosa, bem como as grutas marinhas 679

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    submersas ou semi-submersas (8330), onde vivem comunidades bentnicas 680 de fauna e flora marinhas, e onde ocorrem comunidades no bentnicas 681 associadas, em aprecivel estado de conservao. 682

    683

    684

    SIC Arrbida / Espichel - PTCON0010 685

    O Stio marcado pela cadeia da Arrbida, sujeita ao clima 686 mediterrnico, mas sob forte atlanticidade, dada a proximidade do oceano. A 687 costa da Arrbida/Espichel apresenta, em geral, fundos de baixa profundidade 688 e que se encontram bem limitados pela linha de costa escarpada e pelas 689 grandes profundidades dos canhes de Setbal e Lisboa. 690

    Localizada num vasto sector da costa portuguesa onde os fundos 691 arenosos dominam, os fundos rochosos (1170) da costa da Arrbida 692 constituem uma particular exceo, j que resultam essencialmente da 693 fragmentao da prpria arriba. Sublinhe-se a existncia de grutas total ou 694 parcialmente submersas (8330). 695

    A orientao a sul deste litoral, sendo nica na costa ocidental 696 portuguesa, oferece uma proteo eficaz aos ventos dominantes do quadrante 697 Norte e ondulao, o que promove a reproduo, o desenvolvimento e a 698 presena de um elevado nmero de espcies marinhas, muitas delas raras em 699 Portugal, caso dos bancos de areia permanentemente submersos com 700 pradarias de Zostera marina (1110), habitat que, todavia, se encontra em 701 acelerada regresso. 702

    703

    704

    SIC Costa Sudoeste PTCON0012 705

    O Stio da Costa Sudoeste apresenta uma grande diversidade de 706 habitats costeiros que apresentam ambientes de substratos mvel e rochoso 707 muito diversificados e estruturados, onde ocorrem recifes (1170) e grutas 708 marinhas submersas ou semi-submersas (8330). Uma ocorrncia 709 especialmente emblemtica corresponde adaptao ecolgica da populao 710 de lontra (Lutra lutra), que ao longo da Costa Sudoeste utiliza ambientes 711 marinhos, sendo a nica em Portugal (e uma das poucas na Europa) com estes 712 hbitos. 713

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    IV. CARACTERIZAO DA SUBDIVISO 714

    Neste captulo efetua-se a caracterizao do estado atual da 715 subdiviso do continente, nas vrias vertentes preconizadas pela Diretiva 716 Quadro Estratgia Marinha. Deste modo, no subcaptulo 1 descrevem-se as 717 caractersticas fsicas, qumicas e biolgicas das guas e fundos marinhos da 718 subdiviso tendo em considerao as listas indicativas constantes da Tabela I 719 do Anexo III da Diretiva, e procede-se determinao do estado atual da 720 biodiversidade e das teias trficas marinhas, de acordo com o Descritores 1- A 721 diversidade biolgica mantida e o Descritor 4-Cadeias trficas, 722 respetivamente, estabelecidos pela Deciso COM 2010/477/CE. No 723 subcaptulo 2 consideramse as presses e impactos que atuam sobre o 724 ecossistema marinho da subdiviso do continente tendo em considerao as 725 listas indicativas constantes da Tabela II do Anexo III da Diretiva, e que 726 correspondem aos restantes descritores previstos pela referida deciso. Para 727 os vrios critrios correspondentes aos descritores considerados na Diretiva, 728 foram analisados os indicadores para os quais os dados disponveis viabilizam 729 uma avaliao objetiva e quantitativa, ou, quando esta no possvel, 730 qualitativa. 731

    O resultado da caracterizao do estado atual associado a cada 732 indicador utilizado e a respetiva tendncia, sempre que estimvel, so 733 acompanhados de um grau de confiana com trs escales BAIXO, MDIO e 734 ELEVADO o qual reflete as limitaes encontradas ao nvel da informao 735 disponvel e da anlise realizada. A caracterizao e avaliao do estado atual 736 das guas e fundos marinhos da subdiviso do continente, e dos respetivos 737 ecossistemas e correspondentes presses e impactos, constitui a base para a 738 classificao do Bom Estado Ambiental da subdiviso realizada no captulo V. 739

    No subcaptulo 3 procede-se anlise econmica e social da 740 utilizao das guas marinhas da subdiviso do continente, tendo-se optado 741 pela abordagem da Contas econmicas das guas marinhas (Marine Water 742 Accounts). 743

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    1. Caractersticas e estado ambiental atual das guas 744 marinhas. 745

    A DQEM prev no seu artigo 8, 1a) uma anlise das caratersticas 746 essenciais e do estado ambiental atual das guas marinhas, baseada na lista 747 indicativa dos elementos constantes da Tabela I do Anexo III, que dizem 748 respeito s caratersticas fsicas e qumicas, aos tipos de habitat e s 749 caractersticas biolgicas e hidromorfolgicas. Esta anlise deve ter em conta 750 elementos relativos s guas costeiras, s guas de transio e s guas 751 territoriais abrangidas pelas disposies relevantes da legislao comunitria 752 em vigor, em especial da Diretiva 2000/60/CE (Diretiva Quadro da gua) e ter 753 em conta, ou utilizar como base, outras avaliaes relevantes, tais como as 754 efetuadas em conjunto no contexto das convenes marinhas regionais, 755 conforme determinado no artigo 8, 2. da DQEM. 756

    De forma a dar cumprimento a estes requisitos, este captulo est 757 organizado segundo a lista indicativa dos elementos constantes da Tabela I do 758 Anexo III e teve em conta a informao referente aos descritores de estado e 759 respetivos indicadores que so utilizados praa a caraterizao do estado das 760 guas marinhas. 761

    Deste modo, a seco 1.1 deste subcaptulo inclui uma descrio 762 relativa s propriedades fsicas e qumicas das guas marinhas, com exceo 763 dos nutrientes e oxignio, que so abordados no subcaptulo 2 - Principais 764 presses e impactos. A seco 1.2 inclui: i) informao sobre os principais tipos 765 de habitats incluindo uma caracterizao dos habitats predominates e ii) uma 766 descrio das especificidades biolgicas, a qual no inclui a avaliao dos 767 stocks de pesca, nem o inventrio da ocorrncia temporal, abundncia e 768 distribuio geogrfica das espcies no indgenas (ambos realizados no 769 subcaptulo 2). Refere-se ainda que a descrio da dinmica das populaes, 770 distribuio natural e avaliao do estado atual de espcies classificadas ao 771 abrigo da Diretiva Aves e Habitas ser considerada aquando do reporte destas 772 Diretivas (DG Environment, 2012b). Na seco 1.3, procede-se 773 caracterizao e determinao do estado atual das teias trficas do 774 ecossistema marinho. 775

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    776

    Figura IV-1. Batimetria das guas marinhas nacionais nas quais se aplica a Diretiva Quadro Estratgia Marinha. 777

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    778

    Figura IV-2. Batimetria da subdiviso do continente. 779

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    1.1. Caractersticas fsicas e qumicas 780

    781

    1.1.1. Especificidades fsicas 782

    Topografia e batimetria dos fundos marinhos 783

    As caractersticas morfolgicas dos fundos das guas marinhas 784 nacionais nas quais se aplica a DQEM (Figura IV-1) apresentam uma grande 785 diversidade, tanto no que diz respeito gama de profundidades envolvidas, 786 que se estendem at quase 6000 m, como no que concerne ao tipo de 787 estruturas presentes, que incluem, entre outras, a plataforma continental 788 geolgica, montes submarinos e plancies abissais. Esta riqueza morfolgica 789 abrange, em particular, o fundo marinho da subdiviso do continente, cuja 790 batimetria se encontra representada na Figura IV-2. 791

    Da observao geral da batimetria existente para a subdiviso do 792 continente (Figura IV-2) pode-se considerar a separao nas seguintes zonas: 793

    o Zona a norte do Canho da Nazar (Minho Nazar); 794 o Zona entre o Canho da Nazar e Setbal; 795 o Zona entre Setbal e o Canho de So Vicente; 796 o Zona sul do Algarve. 797

    798

    Na zona a Norte do Canho da Nazar (Figura IV-3) a plataforma 799 continental geolgica constituda por uma vasta superfcie de aplanao com 800 pendor regular e suave entre o domnio costeiro e os 160m de profundidade, 801 apresentando uma extenso entre 35 km e 60 km. A plataforma continental 802 geolgica bordejada por um talude bem marcado, o qual afetado pela 803 presena do Canho Submarino do Porto ao largo da desembocadura do Rio 804 Douro, e o Vale de Aveiro a oeste da Ria de Aveiro, os quais apresentam 805 cabeceiras encaixadas no talude superior. Ao largo, a norte, em domnio batial 806 e abissal, observa-se a existncia de trs montanhas submarinas, a Montanha 807 do Porto, Vigo e Vasco da Gama, que se estendem desde os 1865 m de 808 profundidade (topo da Montanha do Porto) at profundidades superiores a 809 5000 m, onde se desenvolve a designada Plancie Abissal Ibrica. 810

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    811 Figura IV-3. Batimetria na zona a norte do Canho da Nazar. 812

    813 Figura IV-4. Batimetria na zona entre o Canho da Nazar e Setbal. 814

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    A zona a norte do canho da nazar faz fronteira, a sul, com um 815 setor particularmente distinto da plataforma continental geolgica, o Esporo da 816 Estremadura, caracterizado por uma morfologia de plataforma que se projeta 817 cerca de 100 km para alm do alinhamento do talude superior da plataforma 818 adjacente (ver Figura IV-4). A separao entre estes domnios faz-se ao longo 819 do Canho da Nazar, vale particularmente profundo com uma extenso de 820 150 km, iniciando-se a profundidades de 15 m junto costa e estendendo-se 821 at aos 5000 m sob forma de um leque submarino mal definido. Dentro desta 822 zona, ainda em domnio de plataforma, observa-se a presena de dois deltas 823 submarinos associados s desembocaduras dos rios Tejo e Sado. No domnio 824 ocenico, a oeste do Esporo da Estremadura e em continuidade com este, 825 regista-se a existncia do Monte Tore, a cerca de 300 km da linha de costa, 826 cujo ponto de menor profundidade se situa a 2121 m, e no qual se insere a 827 Caldeira de Albacora com uma profundidade mxima superior a 5500 m e um 828 dimetro aproximado de 100 km. O alinhamento morfolgico Esporo da 829 Estremadura Montanha de Tore marca a fronteira que separa a Plancie 830 Abissal Ibrica, a norte, da Plancie Abissal do Tejo, a sul. 831

    O Canho de Setbal constitui o limite norte da Plataforma Sudoeste 832 a Sul. Esta plataforma (Figura IV-5) distingue-se das outras pelo facto de 833 apresentar um pendor suave e constante desde o seu limite junto costa at 834 aos 1000 m. Neste setor, em domnio ocenico, desenvolve-se a Plancie 835 Abissal do Tejo, a qual delimitada a sul pela presena do Banco de Gorringe, 836 montanha submarina quase emergente (Monte Ormonde a 48 m e Gettysburg a 837 25 m de profundidade). 838

    Entre o Canho Submarino de So Vicente e a desembocadura do 839 Guadiana desenvolve-se a plataforma algarvia (Figura IV-6), caracterizada por 840 uma largura reduzida (7 km a 28 km) e bordo bem marcado a 110 m e 150 m de 841 profundidade. Neste domnio destaca-se a presena do Canho de Portimo, 842 que se desenvolve perpendicularmente costa a partir do bordo da plataforma 843 algarvia at profundidades superiores a 4000 m. 844

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    845 Figura IV-5. Batimetria na zona entre Setbal e o Canho de So Vicente. 846

    847 Figura IV-6. Batimetria na zona sul do Algarve. 848

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    Reserva Natural das Ilhas Berlengas 849 A Reserva Natural (Figura III-4) das Ilhas Berlengas enquadra o 850

    arquiplago das Berlengas, situado na plataforma continental geolgica da 851 subdiviso do continente e formado por trs grupos de ilhas e ilhus: Ilha da 852 Berlenga e recifes associados, Farilhes e Estelas. As ilhas de maior dimenso 853 atingem uma altitude de cerca de 90 m, enquanto que os restantes ilhus e 854 rochedos (mais de cinquenta) so de pequena dimenso, por vezes, apenas 855 aflorando superfcie do mar. As ilhas apresentam arribas muito escarpadas, 856 nalguns casos praticamente verticais. 857

    O Canho da Nazar, uma estrutura marcante na batimetria desta 858 zona, corta o extremo norte e nordeste da ZPE alargada das Berlengas (Figura 859 IV-7). O canho, com 227 km de extenso, apresenta uma direo NE-SW 860 nesta zona e cria declives abruptos na batimetria, afetando a margem norte e 861 oeste do Farilho Grande onde a profundidade desce at abaixo da isbata dos 862 1000 m em apenas 4 km. Na restante rea, a batimetria tpica da zona de 863 plataforma continental geolgica, onde se insere, com profundidades que 864 descem suavemente desde o sop das ilhas, a cerca de 40 m de profundidade, 865 at isbata dos 150 m (Queiroga et al., 2008). 866

    867

    868 Figura IV-7. Batimetria da Zona de Proteo Especial das Ilhas Berlengas. 869

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    Parque Marinho Professor Luiz Saldanha 870 No Parque Marinho Professor Luiz Saldanha (Figura III-5), parte 871

    marinha integrante do Parque Natural da Arrbida, a batimetria apresenta 872 morfologias distintas entre a sua costa oeste, a restante rea do Parque virada 873 a sul, e o extremo este junto ao Portinho da Arrbida (ver Figura IV-8). No 874 extremo oeste do Parque a batimetria desce da costa at ao limite da rea 875 protegida, de forma regular, atingindo profundidades mximas na ordem dos 876 40 m, com declives que rodam os 1,7%. J na costa virada a sul, o Parque 877 apresenta uma plataforma suave mas mais inclinada, at aos 40 m, com 878 declives que variam entre os 2% e os 8%. Esta plataforma seguida de um 879 talude que em poucos metros atinge profundidades que vo at aos 120 m na 880 zona do Cabo Espichel, a maior profundidade atingida nesta rea protegida. O 881 Parque Marinho Professor Luiz Saldanha apresenta profundidades mximas 882 que vo diminuindo progressivamente de oeste para este, at valores na ordem 883 dos 60 m a 70 m imediatamente antes da zona do Portinho da Arrbida. O 884 extremo este do Parque, junto ao Portinho da Arrbida, muito baixo e plano, 885 atingindo apenas os 10 m de profundidade (Henriques et al., 2011). 886

    887

    888

    Figura IV-8. Batimetria do Parque Marinho Professor Luiz Saldanha. 889

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    Banco Gorringe 890 O Banco Gorringe uma elevao submarina situada na subdiviso 891

    do continente a cerca de 200 km a sudoeste de Portugal Continental. Esta 892 elevao, com uma orientao geral NE-SW, faz parte de um alinhamento 893 morfolgico que se prolonga desde o Arquiplago da Madeira ao extremo sul 894 da subdiviso do continente. Este alinhamento desenhado pelas ilhas da 895 Madeira e de Porto Santo, pelos montes submarinos de Siene, Ampre e 896 Coral-Patch e pelo Banco do Gorringe. 897

    O Banco Gorringe est enraizado entre duas plancies abissais 898 profundas. A norte e noroeste existe a Plancie Abissal do Tejo, que atinge 899 profundidades superiores a 5000 m, e a sul a Plancie Abissal da Ferradura, 900 que delimita o Banco do Gorringe perto dos 4500 m de profundidade. 901

    A zona de topo do Banco Gorringe pode-se considerar desenhada 902 pela isbata dos 1000 m (Figura IV-9), a partir de onde se elevam dois picos 903 principais separados por uma zona em forma de sela. Estes dois picos, 904 denominados de Ormonde, a nordeste, e Gettysburg, a sudoeste, tm os seus 905 topos a profundidades de 48 m e 25 m, respetivamente. 906

    907

    908 Figura IV-9. Batimetria do Banco Gorringe. 909

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    A diferena de profundidades entre a base do Banco Gorringe, a 910 5000 m, e os seus pontos mais elevados, prximos dos 25 m, mostra um relevo 911 submarino de grandes dimenses e de vertentes caracterizadas por declives 912 acentuados e imponentes. 913

    914

    Tipos de fundos marinhos 915

    A cartografia dos sedimentos superficiais e afloramentos rochosos, 916 obtida no mbito do Programa SEPLAT, permite identificar as seguintes reas 917 de cobertura sedimentar: 918

    o Plataforma Norte desde a fronteira a norte e o canho 919 submarino da Nazar; 920

    o Esporo da Estremadura entre o canho submarino da 921 Nazar e o paralelo do cabo Raso; 922

    o Desembocadura do Tejo entre o paralelo do cabo Raso e o 923 cabo Espichel; 924

    o Plataforma Sudoeste entre o cabo Espichel e o cabo de So 925 Vicente; 926

    o Plataforma Algarvia entre o cabo de So Vicente e a 927 desembocadura do rio Guadiana. 928

    A Plataforma Norte (Figura IV-10) apresenta uma cobertura 929 sedimentar em cerca de 80% da rea, destacando-se uma extensa mancha 930 areno-cascalhenta que se define entre a linha de costa e a profundidade de 931 cerca de 100 m. A norte da desembocadura do rio Douro a cobertura torna-se 932 predominantemente arenosa, registando-se a presena de um corpo lodoso 933 bem marcado que se define na plataforma Galaico-Minhota, depositado no 934 Fosso do Pontal da Galega. Ao largo do rio Douro e a norte do canho 935 submarino da Nazar observa-se a presena de dois corpos lodosos de grande 936 extenso localizados na transio da plataforma mdia para a plataforma 937 externa. O domnio de plataforma externa coberto por areias lodosas, 938 observando-se uma extensa cobertura areno-cascalhenta carbonatada na 939 adjacncia da cabeceira do vale de Aveiro. 940

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    941 Figura IV-10. Tipos de fundos marinhos na Plataforma Norte. (R/cinzento: rocha; Ver 942 Tabela IV.1 para a descrio dos cdigos dos sedimentos). 943

    944 Figura IV-11. Tipos de fundos marinhos no Esporo da Estremadura. (R/cinzento: rocha; 945 Ver Tabela IV.1 para a descrio dos cdigos dos sedimentos). 946

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    O Esporo da Estremadura (Figura IV-11) caracterizado por uma 947 cobertura sedimentar escassa, correspondendo a cerca de 50% da rea total. 948 O sedimento predominantemente arenoso em toda a sua extenso, 949 destacando-se a presena do Corpo Lodoso da Ericeira, presente entre os 950 100 m e os 120 m de profundidade e com aproximadamente 20km de extenso, 951 o qual se distingue de modo singular do resto da cobertura sedimentar. 952

    A rea da Desembocadura do Tejo (Figura IV-12) marcada pela 953 assinatura sedimentar associada descarga do rio Tejo, observando-se um 954 delta submarino arenoso em domnio costeiro, complementado por um extenso 955 corpo lodoso depositado a uma profundidade entre os 100 m e 150 m. 956

    957

    958

    959

    960

    961

    962

    Figura IV-12. Tipos de fundos marinhos na Desembocadura do Tejo. (R/cinzento: rocha; 963 Ver Tabela IV.1 para a descrio dos cdigos dos sedimentos). 964

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    965 Figura IV-13. Tipos de fundos marinhos na Plataforma Sudoeste. (R/cinzento: rocha; Ver 966 Tabela IV.1 para a descrio dos cdigos dos sedimentos). 967

    968 Figura IV-14. Tipos de fundos marinhos na Plataforma Algarvia. (R/cinzento: rocha; Ver 969 Tabela IV.1 para a descrio dos cdigos dos sedimentos). 970

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    A Plataforma Sudoeste (Figura IV-13) apresenta uma cobertura 971 predominantemente arenosa, destacando-se a presena do delta submarino 972 arenoso associado desembocadura do rio Sado e uma faixa areno-973 cascalhenta adjacente ao arco Tria-Sines observvel at profundidade de 974 100 m. O bordo da plataforma marcado pela presena de uma extensa faixa 975 areno-cascalhenta a qual faz fronteira com areias lodosas e lodos a oeste. 976

    A Plataforma Algarvia (Figura IV-14) apresenta um registo variado 977 que pode ir desde a areia cascalhenta at ao lodo. Existe uma faixa arenosa 978 ininterrupta em domnio de plataforma interna (at aproximadamente 30 m de 979 profundidade), a qual marca a fronteira para um domnio predominantemente 980 lodoso que se desenvolve em profundidade, o qual mais extenso na metade 981 leste desta rea. Em contraste, a oeste, o bordo de plataforma assinala a 982 presena de areias carbonatadas, observando-se, por outro lado, a presena 983 de um corpo lodoso perto da costa que se destaca entre os 50 m e 100 m de 984 profundidade, apresentando 10 km de extenso. 985

    986

    Reserva Natural das Ilhas Berlengas 987 A maior parte do f