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ESTRATÉGIAS DE GESTÃO DO CONHECIMENTO
Patrick Barros Barbosa Roberto Carlos Cavalcanti e Cavalcante
Hugo Rodrigues Ferreira
RESUMO:
Em uma sociedade altamente competitiva em que os mercados se tornaram ainda mais acirrados, as empresas se transformaram reféns de uma complexidade que as obriga a uma melhor gestão do conhecimento. A estrutura organizacional recebe de fatores externos inputs que são as mudanças provocadas pelo ambiente. Este ambiente é o ecossistema de mercado que interfere drasticamente nas políticas e na cultura da empresa. Deste modo, verifica-se que é necessário que o gestor identifique suas capacidades de negócio, como: pessoas, tecnologia da informação e portfólio. Ao mesmo tempo, é necessário um olhar top down que faça um redesenho de suas capacidades. A maioria dos gestores sabe que o capital humano é fundamental, mas não conseguem transformar esse ativo de forma eficaz em vantagem competitiva. Este artigo objetiva demonstrar estratégias de gestão do conhecimento, bem como analisar 15 papers do 16th European Conference e Journal of Knowledge Management utilizadas em diversos segmentos, na tentativa de aumentar a produtividade do trabalhador do conhecimento, tendo como foco estratégias de gestão do conhecimento.
Palavras-chave: Conhecimento, Gestão, Capital humano, Estratégias, Organização 1. Introdução
Observasse que, ao final de cada ciclo de século, a sociedade passa por
uma transformação de seus modelos econômicos e administrativos. No século
XV, houve uma mudança da relação econômica: do feudalismo para o
mercantilismo; no século XVIII, a primeira Revolução Industrial; século XIX, as
primeiras teorias administrativas como a Administração Científica e ao final do
século XX, surgiu uma nova abordagem administrativa denominada Knowledge
management (Gestão do Conhecimento), que o mundo empresarial está vivendo
e que transforma a informação aplicada à decisão no ativo mais valioso da
organização. A economia tradicional, composta por terra, capital e trabalho,
passa a incorporar também o conhecimento.
No quadro crescente de transformações em que a inovação é um fator
decisivo, não adianta falar em máquinas, processos ou pessoas se não for
possível aplicar o conhecimento de forma eficaz na organização. “Se você
conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem
batalhas. Se você se conhece, mas não conhece o inimigo, para cada vitória
ganha sofrerá também uma derrota. Se você não conhece nem o inimigo nem a si
mesmo, perderá todas as batalhas...” Sun Tzu (2006). A partir do exposto, faz-se
necessário conhecer primeiro a própria organização: produtos e/ ou serviços,
funcionários, processos e tecnologia. A partir desse conhecimento, deve-se em
segundo plano: analisar o ambiente externo. Em terceiro lugar é necessário que
se faça um planejamento estratégico que contemple o plano de ação de gestão do
conhecimento para o atingimento dos objetivos pré-estabelecidos. Para tanto, é
fundamental conhecer os processos críticos, para que não se desperdice tempo
em demandas não prioritárias. A estratégia pode ser utilizada para: necessidades
de colaboração, melhoria de processos e necessidades de inovação. Percebe-se
então, que a organização deve encontrar sua “lacuna do conhecimento” e a partir
de então, desenvolver estratégias de gestão do conhecimento para atingir a
produtividade.
O conhecimento é a informação aplicada a uma tomada de decisão em
determinado contexto. A capacidade da organização de trabalhar esse
conhecimento no contexto corporativo é conhecida como “gestão do
conhecimento”. Alguns autores citam o conhecimento como fonte de poder
Carmo apud Toffler (1970). O conhecimento passou de auxiliar do poder
monetário e da força física, à sua própria essência e é por isso que a batalha pelo
controle do conhecimento e meios de comunicação estão se acirrando no
mundo inteiro. “O conhecimento é fonte de poder”.
“No passado, as fontes de vantagem competitiva eram o trabalho e os
recursos naturais, agora e no próximo século, a chave para construir a riqueza
das nações é o conhecimento.” Druker (1993, p. 183).
Para Nonaka e Takeuchi (1997) o conhecimento pode ser tácito
(adquirido pela experiência das pessoas ou explícito (aquele contido na base de
dados e outros meios de formalização). Sendo que, deste modo o capital
intelectual é usado, tornando-se propriedade das organizações apenas quando é
disponibilizado voluntariamente a seu favor.
2. Referencial Teórico
O ciclo integrado da gestão do conhecimento de Dalkir (2005) é um modelo
desenvolvido de formatação e construção da gestão do conhecimento (GC). Ela
considera que a GC pode ocorrer, levando em consideração a cultura
organizacional, estratégias de GC, indicadores de GC, práticas de GC
interligados com um ciclo que começa com {Criação e/ou captação do
conhecimento}, após esta etapa ocorre uma avaliação {Compartilhamento e
disseminação do conhecimento}, depois uma contextualização {Internalização e
utilização do conhecimento}, fazendo com que o ciclo continue constantemente.
Nessa concepção, o gestor deve viabilizar esse ciclo estratégico na organização
para que ele possa inovar, a fim de conseguir atingir a finalidade pretendida.
A Equipe de GC no Ciclo Integrado de GC
Fonte: DALKIR, 2005
BATISTA (2008) propõe uma adaptação do ciclo PDCA a gestão do
conhecimento, criando o modelo KDCA (Knowledge), elaboração de um plano; (Do)
execução; (Check) verificação e (Act) correção e armazenamento. O objetivo do autor é
propor um modelo de gestão do conhecimento para a administração pública brasileira, a
partir da visão, missão, e os objetivos estratégicos da organização.
Modelo de Gestão do Conhecimento para a administração pública
Fonte: BATISTA, 2012
Para Davenport e Prusak (1998), o conhecimento é uma mistura fluida de
experiência condensada, informação contextual, valores e insight experimentados, que
proporcionam uma estrutura para avaliação e incorporação de novas experiências e
informações. O que reflete uma transformação ou modificação de algo ou alguém.
Segundo esta propositura aquele que por intermédio de um dado consegue sintetizá-lo,
transformando isso em uma informação e a partir disso, seja capaz de agir de maneira
diferente e mais eficaz, podemos chamar de conhecimento.
Sveiby (2003) apresenta a seguinte classificação para abordar o campo da GC,
tanto em termos das áreas do conhecimento, que a compõem, quanto em relação aos
níveis de percepção, que caracterizam o processo: (1) Áreas de conhecimento e (2)
Níveis de percepção:
• (1) gestão de pessoas: envolve as áreas de filosofia, psicologia, sociologia e
administração, para o entendimento da dinâmica dos processos de criação e difusão de
conhecimento tácito;
• (1) gestão da informação: envolve as áreas de tecnologia e ciência da informação,
para a construção da base de conhecimento codificado.
• (2) perspectiva individual: inclui as motivações e as capacidades dos indivíduos;
• (2) perspectiva organizacional: inclui os recursos e as competências essenciais das
organizações.
Dessa forma, como afirmam Davenport e Prusak (1998, p.130), "a gestão do
conhecimento deve ser parte do trabalho de cada um dos membros da empresa". GC é,
pois, a gestão dos ativos intangíveis baseada, sobretudo, na competência dos
colaboradores de uma determinada organização.
3. Discussão
Em um mundo empresarial altamente competitivo em que o conhecimento das
pessoas é uma ferramenta imprescindível para a busca do resultado, ainda encontramos
empresas que são baseadas em estruturas antigas. Deste modo, este artigo faz uma
releitura de 15 papers apresentados na European Conference on Knowledge e
publicados no Journal of Knowledge Management. Ao mesmo tempo em que faz uma
ligação com o modelo Dalkir (2005) desenvolvido para a formatação e construção da
gestão do conhecimento (GC).
Os artigos da (16th European Conference) a serem discutidos são: - The Role of Student´s Satisfaction on the Strategy of a University; - Project and Knowledge Strategies: Examination of Cultural Influences; - Make Organisational Life Work; - Emergent Versus Deliberate Knowledge Management Strategy: Literature Review and Case Study Analysis; - Storytelling as a Knowledge Strategy in Higher Education Institutions; -Intellectual Capital Elements and Organizational Performance of Russian Manufacturing Companies; - Knowledge Strategy: An Integrated Approach for Managing Uncertainty. Os artigos do (Journal of Knowledge Management) a serem discutidos são: - Communities of Practice_The Organizational Frontier; - Davenport_DeLong-1998-Successful; - Heisig_KM_Frameworks_JKM_4_2009; - Artigo_Collaborative Climate; - Balancing act How to capture knowledge without killing it; - Managing organizational memory with intergenerational knowledge transfer; - Massaro_etal_2015_public_sector_knowledge_management_JKM; - What is a Chief Knowledge Officer.
3.1 Desenvolvendo as estratégias de gestão do conhecimento
DALKIR (2005), Knowledge management in theory and practice. Elsevier
Butterworth Heinemann: Burlington, MA, 2005. Cap. 9, p. 316-338. Propõe uma
abordagem baseada em problemas. Para que as organizações possam identificar o
melhor caminho para dsponibilizar o conhecimento. A importância de uma estratégia de
gestão do conhecimento se deve ao fato dos recursos humanos e financeiros serem
limitados. Adicionalmente tal estratégia deve suportar os objetivos de negócio a longo
prazo, identificar gaps entre o conhecimento atual e o desejado, as chamadas “lacunas”
do conhecimento.
BATISTA (2012), propõe uma visão geral no “Método Ipea para Elaborar e
Monitorar o Plano de Gestão do Conhecimento”, em que ele estabelece uma auto-
avaliação da empresa. Esse modelo tem como foco o resultado (excelência) para a
administração pública, onde ele trabalha com o ciclo KDCA. Segundo o autor, é
necessário que se faça uma gestão proativa do conhecimento. Tendo por base a visão;
missão; objetivos estratégicos; estratégia e metas, antes mesmo de identificar a lacuna
do conhecimento na organização o gestor deve realizar um alinhamento dos
direcionadores estratégicos com a meta organizacional.
Método Ipea para Elaborar e Monitorar o Plano de Gestão do Conhecimento.
Visão Geral
Fonte: BATISTA, 2012
Tendo como base os conceitos identificados na obra de Dalkir (2005), foi
desenvolvido um processo de captação de conteúdo nos artigos selecionados que podem
ser um norteador quanto a utilização de estratégias para a gestão do conhecimento.
Os papers analisados possuem complexidades de pesquisas distintas contudo
fornecem os caminhos de aplicação do conhecimento que cada autor identificou. Sendo
uma abordagem única ou sem conjunto. Dalkir (2005) apud Srikantajah and Koenig,
propõe que estratégia de Gestão do conhecimento é uma abordagem geral baseada em
problemas/questões para definir a estratégia operacional e objetivos com princípios de
KM especializados e abordagens.
Em The Role of Student´s Satisfaction on the Strategy of a University a autora
CORINA, Pelau, analisou por meio de uma pesquisa de satisfação os alunos da
Universidade de Estudos econômicos de Bucareste na Romênia. A autora verificou os
pontos fortes e fracos da universidade para poder comparar com o mercado e ao mesmo
tempo achar as lacunas que a instituição possuía no intuito perceber nos seus clientes
“alunos” o que os satisfaziam e o que não os satisfaziam.
Uma das formas para realizar a análise de gap é localizar quaisquer gaps do conhecimento. Uma boa forma de fazer isso é mais uma vez pesquisar ou entrevistar os principais interessados para descobrir quais tipos de conhecimento eles gostaria de ter em contraste com o que realmente tem.
(DALKIR, 2005, p.338)
Análise da Lacuna do Conhecimento Estratégico
Fonte: BATISTA, 2012
Entre os resultados obtidos podemos citar: todos os stakeholders da organização
são responsáveis pela satisfação do aluno/cliente e que também a estrutura física
influencia na sua satisfação direta. Verificou-se, também que o desenho de processo da
parte administrativa influenciou negativamente na percepção da satisfação dos alunos.
Os resultados da análise de gap devem ser validados através do retorno às partes interessadas que foram inicialmente envolvidas nas fases de coleta de informações e nas análises necessárias. As prioridades devem ser determinadas através do consenso das partes interessadas chaves da organização.
(DALKIR, 2005, p.338)
No paper Emergent Versus Deliberate Knowledge Management Strategy:
Literature Review and Case Study Analysis, os autores BOLISANI, Ettore; SCARSO,
Enrico e ZIEBA, Malgorzata, analisaram por meio de revisão de literatura e análise de
estudo de caso, o confrontamento de discussões entre estratégias de KM emergentes
versus deliberadas. Isto, pois alguns outros autores afirmam que apenas práticas
deliberadas, ou seja sistemáticas ou processual podem ser concebidas como KM. Por
outro lado existem outros autores que aceitam que estratégias de KM possam emergir e
se desenvolverem progressivamente dia-a-dia. O estudo em questão buscou distinguir
essas abordagens opostas quanto as estratégias citadas. Tomando por base a estratégia
de duas empresas, uma pequena localizada na Polônia e outra grande empresa,
multinacional, com sede na Itália. Foram selecionadas duas empresas de tamanho
opostas para verificar se a escala é um potencial fator de diferenciação da estratégia. Os
resultados alcançados demonstram que a abordagem da estratégia de gestão de
conhecimento está relacionada com o tamanho da empresa e que Na prática, pode-se
dizer que as principais características da estratégia emergente (ou seja, se concentrar em
prática diária e problemas locais, poucos recursos para investir em KM, a informalidade
da gestão, voluntarismo, sem utilização de modelos pré-definidos km, flexibilidade, etc)
parecem ser consistentes com características de pequenas empresas. Em vez disso, a
descrição de uma estratégia KM deliberada (ou seja, forte ligação com a posição
competitiva da empresa e estratégia esforça para pré-definir planos formais, grandes
recursos para investir em KM, atribuições e procedimentos formais, forte papel da
gestão de topo, como um promotor de planos km, etc.) pode encaixar melhor as grandes
corporações.
Em segundo lugar, uma abordagem emergente parece ser mais adequada para
uma estratégia de personalização ao mesmo tempo uma abordagem deliberada de uma
estratégia de codificação (Hansen et al, 1999). Na realidade, parece improvável que uma
atividade eficaz de codificação pode ser realizada sem um planejamento adequado e na
ausência de orientações claras.
Em Storytelling as a Knowledge Strategy in Higher Education Institutions as
autoras LEON, Ramona e VATAMANESCU, Elena, analisaram por meio de entrevistas
e aplicação de questionário ao corpo docente da Faculdade de Gestão da Romênia se a
narrativa como método (Storytelling) é usado na instituição de ensino superior Romeno
pelos docentes, por meio de entrevistas foi determinar que tipos de histórias são
freqüentemente partilhadas. O resultado das entrevistas revelou que o ato de contar
histórias é mais utilizado entre os docentes colegas do que em sala de aula. Um fator
que influencia é a idade, como fonte de atração interpessoal e de influencia mútua. Essa
situação também é percebida tanto nos docentes mais jovens quanto nos mais velhos.
Então o estudo concluiu sobre três hipóteses: 1) os docentes partilham suas experiências
fora de sala de aula com os seus colegas de profissão; 2) os docentes tem
disponibilidade para ouvir as histórias de seus colegas; 3) as histórias contadas são com
base no conhecimento cognitivo, emocional e espiritual; 4) a técnica de narrativa como
estratégia de conhecimento não é apoiada e incentivada através de políticas da
instituição de ensino superior. Concluído que o corpo docente e o alto escalão da
instituição falham no processo de integração dos agentes em alavancar as experiências
acadêmicas e profissionais e por fim na construção de uma forte cultura organizacional
baseada em uma arquitetura humana, participativa e colaborativa.
O Artigo_Collaborative Climate; os autores SVEIBY, Karl-Erik e SIMONS,
Roland, analisaram por meio de 8.277 entrevistas entre organizações públicas e
privadas, que investigou se o clima de colaboração é um dos principais fatores que
influenciam a eficácia de gestão do conhecimento. Relacionado a infraestrutura humana
em que para partilhar conhecimento é preciso haver um clima de colaboração. Após a
coleta de dados descobriu-se que o clima de colaboração tende a melhorar com a idade,
o nível de educação e papel gerencial. Ao contrário que se imagina o senso comum o
clima de colaboração parece melhorar de acordo com o tamanho da organização, pelo
menos até um determinado tamanho. O estudo também revelou que no momento
seguinte ao recrutamento há um sentimento positivo relativo a colaboração que se
deteriora durante os primeiros cinco anos posterior, melhorando novamente após este
período. O estudo revelou que a distancia é ruim para a colaboração e que o fator gênero
não impacta na percepção de clima colaborativo. Outra constatação é que o clima de
colaboração no setor privado é geralmente melhor do que no setor público. A melhoria
do clima de colaboração é um dos principais fatores de eficácia do trabalho de gestão do
conhecimento, ou seja, cuide do clima organizacional antes da estratégia de
implementação da KM.
No paper Harmonization of knowledge management – comparing 160 KM
frameworks around the globe, o autor HEISIG, Peter, entre os anos de 1995 e 2003,
se utilizando de métodos de análise de conteúdo quantitativos (descritivas) e
qualitativos (prescritivas) em instituições privadas, associações e organismos de
normalização em todo o mundo, buscou por intermédio de 160 modelos utilizados,
consolidar e harmonizar conceitos e fatores que influenciam no sucesso da gestão do
conhecimento (GC). A investigação também verificou as semelhanças e diferenças de
utilização de categorias, projetos e normatizações para o melhor entendimento do
assunto. Ao final o autor chegou a conclusão que não existe um consenso sobre o
assunto e que ainda há a necessidade de desenvolver novas pesquisas e práticas sobre
KM e que apesar da ampla gama de termos usados ainda existe uma necessidade de
desenvolver um entendimento melhorado na pesquisa e prática.
A auditoria de conhecimento serve ao propósito de fornecer informações baseadas em evidências e conhecimento dos estados de conhecimento das unidades auditadas no lançamento de um novo programa de KM. A auditoria de conhecimento é também extremamente útil como uma revisão regular e avaliações de práticas de KM existentes na companhia. Entrevistas com interessados-chaves pode ajudar a identificar conhecimentos necessários para definir um map de
conhecimento. (DALKIR, 2005, p.323)
No paper Communities of practice: the organizational frontier, os autores
WENGER, Etienne C.; SNYDER, William, buscaram por intermédio de entrevistas a
consultores norte americanos, nas empresas Hill’s Pet Nutrition e na Hewlett- Packard,
verificar como estas organizações privadas trabalhavam a troca de conhecimento. Entre
os itens verificados, a captação do conhecimento, a resolução de problemas, promoção e
difusão de melhores práticas além do desenvolvimento de competências foram
analisadas. Dentro dos resultados obtidos, percebeu-se que equipes são instituídas
formalmente para projetos específicos e possuem um tempo de duração definido, e que
seus membros são escolhidos pelos gestores conforme as habilidades de cada
participante. Já as Comunidades de prática são informais e auto-organizáveis, ou seja,
os participantes definem sua agenda e suas lideranças. A adesão a Comunidade de
prática (COP) é livre dependendo apenas do conhecimento e vontade do participante em
aderir ao tema da COP. No ano de pesquisa do artigo, 2000, os autores previam que
entre 5 e 10 anos as Comunidades de práticas teriam discussões tão comuns quanto
unidades de negócio e equipes que tinham na época.
BATISTA (2012) descreve a alfabetização informacional como “Um conjunto
de habilidades que levam o indivíduo a reconhecer a necessidade da informação e a
capacidade de localizar, avaliar e usar efetivamente a informação necessária”, porém
para tanto, como uma estratégia de Gestão do Conhecimento (GC), deve ocorrer o
compartilhamento do conhecimento na organização que pode ocorrer com o
envolvimento da alta direção, como forma de mudança da cultura organizacional, na
propositura de comunidades de prática. Wenger (1998) define COPs como “Grupos de
pessoas que compartilham uma paixão por alguma coisa que eles sabem como fazer e
que interagem regularmente com outras pessoas para aprender como fazer melhor”.
Segundo Nonaka e Takeuchi (1997), as Comunidades de prática, podem
contribuir para o aprendizado organizacional e isso envolve quatro modos de conversão
do conhecimento: (socialização), que ocorre quando há uma interação entre os
indivíduos da organização; (externalização), que é a codificação do conhecimento tácito
em explícito; (combinação), que é a junção e a combinação de conhecimentos existentes
e a (internalização), que ocorre quando o indivíduo capta o conhecimento e as
experiências compartilhadas por meio da socialização, externalização, combinação,
mudando assim, o seu modo de agir e pensar.
Comunidades de prática são grupos de pessoas que compartilham uma preocupação, um conjunto de problemas ou uma paixão sobre um tema e que aprofundam seu conhecimento e experiência nesta área, interagindo em uma base contínua. (Mendes, L; URBINA, apud Wenger, McDermott e Snyder (2002))
Wenger (1998) pesquisou essas comunidades de prática, na busca de um
conceito geral. Mesmo sofrendo várias críticas, como relação a marginalização de poder
e também a falta de um conceito efetivo sobre o que é uma comunidade de prática, ele
buscou se aprofundar sobre o tema, assim como de apresentar a complexidade e as
várias terminologias envolvidas. Ele de alguma forma mostra que se deve conhecer a sí
primeiro, por intermédio de seus colaboradores, para depois buscar entender os fatores
críticos e que para isso quatro temáticas são relevantes: comunidades (aprender
pertencendo), prática (aprender fazendo), significado (aprender pela experiência) e
identidade (aprender sendo ou tornando-se). Ele discorre também que o trabalhador
passa mais tempo no trabalho do que em sua própria casa, ou seja, em torno de seus
colegas e clientes e que devido a especialização do trabalho ele interage com poucas
pessoas. Deste modo, surgem as pequenas comunidades, com características de
informalidade e de alguma forma de caráter familiar. As comunidades de prática
contribuem para que a organização possa potencializar sua capacidade de geração de
conhecimento de acordo com Wenger et al.
Estratégia e Indicadores de GC no Ciclo Integrado de GC
Fonte: DALKIR, 2005
Para que a gestão do conhecimento possa
efetivamente sustentar a sobrevivência e o desenvolvimento da
organização, ela precisa de várias ferramentas, sendo uma das
mais utilizadas e eficientes as comunidades de prática Dalkir
(2005).
Deste modo, segundo esses entendimentos, as organizações devem se voltar para
as comunidades de prática, para que possam entender as suas verdadeiras necessidades
para que possam tomar decisões mais eficientes.
No paper Successful knowledge projects, os autores DAVENPORT, Thomas et
al. Al investigaram 31 projetos em 24 organizações e os fatores que influenciavam o
sucesso ou o fracasso de um projeto de Gestão do Conhecimento (GC). Para tanto
examinam as diferenças e semelhanças entre os projetos, a partir do qual se
desenvolvem uma tipologia. Observou-se que todos os projetos tiveram alguém
responsável pela iniciativa. Na pesquisa, foram identificados quatro grandes tipos de
objetivos: 1) criação de repositórios de conhecimento, 2) melhoramento do acesso ao
conhecimento, 3) desenvolvimento de um ambiente de conhecimento, e 4) gestão do
conhecimento como um ativo. Como conclusões sobre a pesquisa, os autores
identificam fatores que parecem caracterizar um projeto de sucesso: gestão de patentes,
Infraestrutura tecnológica, gestão de papéis e responsabilidades como ativos de projetos
específicos, tempo de maturação suficiente para o desenvolvimento do projeto,
motivação do pessoal quanto o compartilhamento de conhecimento, Objetivos claros e
pertinentes a cultura organizacional, transferência do conhecimento por meio de internet
e face-a-face, apoio dos gestores seniors e cultura orientada na KM.
No paper Make Organisational Life Work, o autor Sharp (2003), realizou em um
período de 10 anos, uma pesquisa-ação (investigação e prática). O artigo teve como
objetivo desenvolver um processo que facilitasse a definição de conhecimento por parte
dos participantes da organização. Como não houve um consenso sobre o significado do
termo conhecimento, segundo o autor muitas organizações não sabem gerir o
conhecimento dos seus colaboradores e não sabem aplicá-lo às necessidades
organizacionais. Dentre os resultados obtidos o autor sugere o desenvolvimento de cafés
de conhecimento como fator que favorece a troca de ideias ou pontos de vista sobre
assuntos específicos que possam contribuir para o desenvolvimento do conhecimento na
organização.
LEASK, M. et.al. propõem que seja incentivado o surgimento de cafés do
conhecimento nas organizações e que se reúnam pessoas com interesses mútuos para
uma conversa aberta e criativa, sendo que essa reunião deve ter ênfase no diálogo, no
compartilhamento de idéias que possam construir alternativas em torno de um problema
e que tenha como conseqüência o surgimento de uma cultura interna de integração sem
julgamentos e sim no aprofundamento de um determinado assunto.
No Project and Knowledge Strategies: Examination of Cultural Influences, os
autores SZABÓ, Lajos e CSEPREGI, Anikó, realizaram por meio de investigação e
tabulação de dados em organizações da Hungria, pesquisa na busca de entender como a
utilização da gestão do conhecimento pode contribuir com as estratégias das empresas,
se tornando uma vantagem competitiva perante o ambiente externo. Entre as conclusões
dos autores podemos citar: a percepção das empresas quanto a importância da
descentralização de poder, (empowerment) dos níveis mais baixos da organização, visto
que estes podem captar mais facilmente informações de mercado, ajudando assim na
construção da estratégia da empresa. Porém, isso só ocorre quando há uma cultura
organizacional que favoreça tal empoderamento. Verificou-se dentre as organizações
que obtinham vantagem competitiva, semelhanças culturais de comportamento de seus
colaboradores que foram classificados em: (servo obediente, integrador centralizador,
descentralizador, integrador e inovador independente), sendo que este último tem como
característica está focado no ambiente externo e na diferenciação.
Uma vez que a estratégia esteja definida, a organização
terá um caminho (road map) que pode ser usado para
identificar e priorizar iniciativas, ferramentas e
abordagens de KM de tal forma que possa suportar
objetivos de negócio de longo prazo. Projetos
específicos são então definidos a fim de endereçar gaps
específicos que foram identificados e aceitos como
prioritários pelas áreas de maior prioridade. (DALKIR,
2005, p.329)
O modelo proposto por Terra (2001), a Gestão do Conhecimento pode ser
entendida a partir de sete dimensões da prática gerencial, quais sejam: cultura
organizacional, aprendizado com o ambiente, visão e estratégia da alta gerência,
estruturas organizacionais, políticas de recursos humanos, sistemas de informação e
comunicação, e mensuração de resultados.
A cultura organizacional se refere ao desenvolvimento de uma mudança interna
que geralmente ocorre de forma top down, sendo que ela pode ser rígida (não
adaptativa) ou flexível (inovadora). Para o sistema atual, esta última parece ser a mais
recomendável, pois dá uma maior abertura para que as pessoas troquem conhecimento
entre si de forma mais ampla, assim permitindo que elas inovem e tenham espaço para a
experimentação. A cultura organizacional demanda um tempo de transformação que
ocorrerá a longo prazo e será um aprendizado contínuo dentro da organização.
No paper Public Sector Knowledge Management: A structures literature revies,
de MASSARO, Maurizio , DUMAY, John e GARLLETI, Andrea, os autores realizaram
uma revisão literária que teve como ponto de partida a elaboração de um protocolo de
pesquisa que descreveu as fontes de informação e ferramentas de suporte e principal
informação bucada. Em seguida, foram utilizados os dez períodicos mais importantes, a
fim de identificar os artigos relevantes. Através da leitura de três mil e novecentos
abstracts, foram selecionados duzentos e cinquenta e cinco artigos relevantes e após
uma analise final foram escolhidos cento e oitenta artigos.
Os pesquisadores desenvolveram um framework de codificação, a partir de um
outro que fora criado por Broadbent e Guthriel (2008). Com o objetivo de adotar uma
abordagem sistemática, formal para extrair informações relevantes, a partir de estudos
primários.
Analisando os resultados, constatou-se que dos cento e oitenta artigos mais
relevantes, 55% forma publicados após 2010, oque sugere um crescimento na
quantidade de artigos no setor público. No entanto, esse número crescente representado
pelo indicador Citation Index(CI), representa uma queda no indicador Citations Per
Year(CPI), Esses indicadores eram utilizados para medir a relevância do artigo, do autor
e do periódico. No entanto, não foi possível medir precisamento o tempo entre uma
publicação e o aparecimento de uma citação. Pesquisas similares não consideram
estudos publicados a até dois anos, por que não há tempos suficiente para que sejam
citados. Um outro achado relevante refere-se à localização da origem dos artigos, sendo
que a Ásia é a maior produtora, com 27% dos artigos. Além disso, a pesquisa mostrou
que 36% das pesquisas focavam em KM como um processo e que apenas 15% focavam
como estratégia. Os autores fizeram uma reflexão sobre a motivação do estudo,
baseand-se no argumento de que o setor público apresenta um contexto de pesquisa
particular, causado por um nível diferente de representatividade, responsabilidade e
responsividade. Desta forma, os autores esperavam encontrar uma ampla variedade de
projetos de pesquisa e tentativas de entender as práticas de KM nas organizações desse
setor. No entanto, este não foi o caso. Ao invés disso, eles descobriram que a literatura
de KM o setor público é fragmentada, dominada por pesquisas não relacionadas, em
especial nas áreas de educação e pesquisa.
No paper Managing organizational memory with intergenerational knowledge
transfer de Jean François Harvey, o autor trata sobre a preocupação das empresas em
preservar o conhecimento na organização, uma vez que, com o envelhecimento da
população, muitos de seus trabalhadores estão se aposentando e levando consigo o
conhecimneto adquirido após anos de trabalho, o que traz o risco da chamada amnésia
corporativa.
O artigo busca o entendimento sobre a forma como uma organização endereça a
questão da necessidade de transferir o conhecimento entre as gerações, ou seja, entre os
trabalhadores mais próximos da aposentadoria e os que ingressaram recentemente no
mercado de trabalho. A estratégia inovadora de transferência de conhecimento entre
enfermeiras próximas a aposentadorias e as chamadas novatas demonstra que é
fundamental o estudo e a implantação de tais mecanismos em organizações que
enfrentem esse desafio. A fim de entender tal objetivo, foram apresentados dois
modelos, o fonte-receptor e o de troca mútua.
No modelo fonte-receptor apresenta desafios significativos, por requerer a
demonstração de capacidade de absorção por parte do receptor. Alguns autores
acreditam que o melhor modelo é o de troca mútua, embora na época da criação do
artigo, não houvesse uma comprovação sobre qual a melhor prática.
A atenção dos líderes é fundamental para esse processo, uma vez que trata-se de
uma missão crítica. Esse desafio envolve entrevistas, mentorizações, narrativas,
comunicadades de prática e treinamentos. No entanto, a comunicação presencial é um
dos fatores críticos de sucesso.
A proximidade entre fonte e receptor pode ser cognitiva, organizacional,
institucional, social e geográfica. Algumas destas dimensões são relevantesm uma vez
que grande parte do conhecimento tácito é profundamente enraizado em ações
comprometimento e envolvimento. O conhecimento flui mais facilmente se as relações
individuais forem fortes. Quanto mais densa a rede de relacionamentos, maior a vontade
dos indivíduos de investir tempo e energia para que a transferência de conhecimento
ocorra.
A pesquisa adotou uma abordagem exploratória através de estudo de caso. Os
dados foram coletados a partir de observações sem participação, grupos de trabalho,
análise de documentos e entrevistas semi-estruturadas. A anáise foi realizada
concomitantemente com a sua coleta. Apó as análises, foi identificado que as atividades
anteriores ao modelo de transferência de conhecimento, percebeu-se o valor tanto do
modelo fonte-receptor, quanto o de troca mútua.
Para que as organizações mantenham o seu estado atual e evoluam no futuro, o
valor dos funcionários antigos não pode ser subestimado. As organizações tem que
buscar o melhor grupo de pessoas e promover a interação entre elas.
No paper, What is a Chief Knowledge Officer de EARL, Michael e SCOTT, Ian
os autores retratam o surgimento do cargo de Chief Knowledge Officer ou (CKO), que
possui a missão de iniciar, guiar e coordenar os programas de gerenciamento do
conhecimento. Os autores realizaram um estudo com vinte CKOs residentes nos Estados
Unidos e na Europa, a fim de entender seus papéis e obter insights sobre a prática de
gestão do conhecimento.
No estudo foram identificados três pontos convergentes: (i) a necessidade do
conhecimento como fonte sustentável da vantagem competitiva; (ii) o reconhecimento
de que as empresas não estão realizando um bom trabalho no gerenciamento do
conheciemnto e (iii) o reconhecimento do potencial que o conhecimento tem na geração
de valor e a falta da exploração sobre isso.
O papel do CKO ainda é novo e imaturo, não havendo ainda uma descrição
detalhada sobre o que compete a esses profissionais. Os CKOs pesquisados tiveram que
descobrir e desenvolver a visão sobre como o gerenciamento do conhecimento faria a
diferença na organização.
O estudo deixou claro que a primeira geração de CKOs terá que articular
programas de conhecimento em suas organizações. Para isso tem que investir uma boa
parte do tempo em comunicação, articulando com outros gerentes que estejam dispostos
a ajudar para então identificar oportunidades de melhoria.
Os CKOs possuem duas competências principais: são tecnologistas e
ambientalistas. Eles encorajam e uniciam investimentos em tecnologia da informação e
também no ambiente social.
As necessidades de habilidade de liderança são evidentes no estudo. Os CKOs se
veem como construtores, pois estão iniciando um novo ciclo, uma nova atividade,
capacidade ou função. Else conhecem os riscos de aceitar o novo papel e tem que
demonstrar um comportamento empreendedor.
O suporte e recursos necessários incluem inicialmente um patrocínio de alto
nível. Idealmente os projetos de grenciamento do conhecimento são custeados
corporativamnte. A maioria deles tem equipes pequenas, entre três e doze pessoas,
costumeiramente trabalhando com consultores especialistas. Tanto os orçamentos
quanto as equipes são determinados pelas necessidades e progressos de um programa de
gerenciamento do conhecimento corporativo. Existem razões estratégicas suficientes
para sugerir que o gerenciamento do conhecimento como conceito e prática sobreviverá.
Esse profissionais estão descobrindo que o gerenciamento do conhecimento
compreende uma ampla agenda e que a realização de progressos substanciais leva
tempo.
No artigo Intellectual Capital Elements and Organizational Performance of
Russian manufacturing Companies, as autoras ANDREEVA, Tatiana e GARANINA,
Tatiana partem da afirmação de diversos autores de que na economia do século vinte e
um, o valor de uma companhia é criado principalmente por ativos intangíveis. Pessoas
com seus conhecimentos, habilidades para inovar, cultura organizacional entre outros
ativos tem demonstrado ser os ativos mais importantes para o desenvolvimento das
companhias.
As autoras questionam se tal afirmação também é verdadeira para o mercado
emergente da Russia. A questão sobre como o capital intelectual (IC) e seus elementos
trabalham para emergir mercados permanece sub-pesquisada as evidências limitadas
que existem contrastam com as constatações desenhadas para os países desenvolvidos.
Há que se observar que a Rússia possui um contexto específico em comparação com
outros países da região. Apesar de alguns estudos sobre IC na companhias russas
tenham sido publicados, as questões relacionadas à relevância geral do capital
intelectual permanecem abertas.
Este paper pesquisa sobre duas questões: (i) Qual o papel do capital intelectual
na criação de valor para as companias no contexto russo?; (ii) Quais são os elementos
do capital intelectual mais relevanes para o desenvolvimento das companhias russas?
O método utilizado na pesquisa consistia em amostras e suas métricas. Os dados para
esse projeto foram coletados de Janeiro a Março de 2015, a partir de um projeto de
pesquisa entitulado "Managing intellectual capital for organizational performance: do
knowledge management pratices matter?". Uma vez que as perguntas de pesquisa para
esse projeto cobriram um número de práticas de gerenciamento formais, as autoras
focaram em empresas com pelo menos cem funcionários, a fim de assegurar tais
práticas são formalizadas nas companhias-alvo. A idéia original das pesquisadoras era
focar em empresas de manufatura e serviços, mas perceberam que as empresas de
serviços eram muito menores, que as de manufaturas. Para evitar o uso de conjuntos de
dados desbalanceados optaram por não considerar as empresas de serviços, focando
exclusivamente das companhias de manufatura.
Para assegurar relativa representatividade e variedade nos dados seriam cobertas
24 regiões da Russia e 11 setores. Seiscentas e quinze companhias foram
randomicamente selecionadas e contactadas por telefone convidando as pessoas
encarregadas por RH, CEOs ou gerentes de alto nível para responder ao questionário.
Destas, 240 responderam à pesquisa, resultando em uma taxa de resposta de 39%,
considerada alta para as companhias russas.
O problema de medir os componentes de capital intelectual é polêmico e
complicado. A abordagem escolhida para essa terefa foi a de St-Pierre and Audet
(2011), pois o método poderia fornecer insight amplos e profundos sobre o fenômeno
estudado. As métricas de IC firam adaptadas de literaturas prévias onde aplicáveis e
também desenvolvidas dentro da equipe de liderança do projeto. As métricas para o
desempenho organizacional foram emprestadas de Delaney e Huselid (1996). Todas as
métricas foram baseadas em uma escala de cinco pontos (1-Discorda Fortemente, 5 -
Concorda Fortemente).
Os pesquisadores realizaram a análise em dois estágios. O primeiro, uma análise
exploratória do fator físico para verificar a confiabilidade e validade das escalas de
medida (Hurley et al., 1997). Então foi aplicada a análise de regressão que permitiu
definir o impacto dos diferentes elementos de IC no desempenho da organização. No
primeiro passo foi verificado que os dados apresentavam um boa consistência interna e
validade mediante os valores obtidos em todas as escalas. No passo seguinte indicou
que apenas os capitais humanos e estutural têm impacto no desempenho da organização.
No artigo Knowledge Strategy: An Integrated Approach for Managing
Uncertainty, BRATINU, Constantin e BOLISANI, Ettore apresentam a estratégia do
conhecimento como uma nova construção semântica que reflete a integração do
gerenciamento do Conhecimento com o gerenciamento estratégico. Trata-se de uma
construção com o objetivo de criar um novo valor através do conhecimento,
considerando-o um recurso estratégico para a tomada de decisões gerenciais. A forma
como a estratégia do conhecimento e seu planejamento pode ser vista é afetada pela
consideraçao da incerteza e turbulência ambiental. O Planejamento é baseado em um
pensamento racional, determinístico e linear, consiste na decomposição do objetivo total
em componentes e alocação de recursos para atingir sequencialmente cada um deles. A
estratégia do conhecimento se encaixa nessa categoria apenas quando se está inserido
em um ambiente altamente previsível.
As organizações, em sua busca contínua para conseguir uma vantagem
competitiva, em um ambiente turbulento de negócios, adotam o pensamento e o
pensamento estratégico que representam uma nova abordagem. O pensamento
estratégico é baseado em entropias, é não linear, probabilístico e criativo. As estratégias
do conhecimento devem ser capazes de responder a incertezas e ausência de
conhecimento, intrinsicamente lingado à dinâmica dos negócios.
Esse artigo foi concebido com o objetivo de responder a três perguntas: (i) Qual
a definiçao de estratégia do conhecimento e como este termo pode ser relacionado às
questões mais gerais do pensamento estratégico e do planejamento estratégico nas
organizações? (ii) Quais são as limitações de uma abordagem racional para a estratégia
do conhecimento em ambientes turbulentos e sob incertezas? (iii) Quais são os modelos
das dinâmicas do conhecimento que podem ser aplicadas a estratégias do conhecimento
formuladas? Como método de pesquisa uma ampla pesquisa literária tanto no campo do
gerenciamento do conhecimento quanto no campo do gerenciamento estratégico, uma
análisa comparativa entre das definições mais relevantes, e uma abordagem conceitual
no entendimeno do processo de planejamento estratégico conforme aplicado ao
conhecimento e ao gerenciamento do conhecimento.
Em um ambiente de negócios de mudanças rápidas quando o futuro se aproxima
de forma acelerada, o pensamento operacional baseado em objetivos de curto prazo não
são suficientes. O pensamento estratégico é sobre criar e implementar estratégias para
vencer uma concorrência genérica, desde um campo de batalhas até o ambiente de
negócios. É um processo mental orientado a buscar o futuro que espessa sua filosofia
sobre vida, trabalho, competição e vitórias.
O modelo de pensamento probabilístico é baseado em eventos que não são
certezas. O futuro é cheio de incertezas e é uma abordagem errada extrapolar a
tendências atuais usando um pensamento determinístico. Incertezas refletem um
espectro geral de ausência de conhecimento, tanto no campo dos negócios como no
tempo. Nos negócios lidamos com incertezas geradas pelo ambiente interno e também
pelo ambiente externo às organizações
Não existe ainda um consenso absoluto sobre o que a definição de estratégia do
conhecimento, uma das definições mais aceitas é a de Zach (1999) que vê a estratégia
do conhecimento como a abordagem geral que uma organização adota para alinhar seus
recursos de conhecimento e capacidades aos requisitos intelectuais de sua estratégia de
negócios. Em princípio, a formulação de uma estratégia de conhecimento deveria ser
relacionada com a estratégia corporativa da empresa.
As estratégias de conhecimento genéricas são aquelas que podem ser
desenvolvidas em qualquer organização, de acordo com a visão da organização e suas
dinâmicas do conhecimento. Os gerentes podem aumentar o nível médio de
conhecimento da organização através da adoção de uma estratégia de conhecimento
compartilhado. Para organizações que querem aumentar seus recursos intangíveis, mas
que não tem poder creativo suficiente para adquirir conhecimento pode ser uma boa
escolha.
O planejamento estratégico do conhecimento pode ser visto como a abordagem
que a companhia adota para formular sua estratégia de conhecimento, assim como é
feito para estratégias de negócios e corporativas. Isso implica em definir aspectos
essenciais como, por exemplo, a conexão da forma como o conhecimento é visto pela
companhia e o link com a estratégia corporativa. As companhias podem decidir por
elementos como estes de diferentes formas.
A literatura de KM mostra um grande esforço da sistematização que tem levado
à definição de esquemas úteis e classificações que podem ajudar na tentativa de
formular conhecimento e estratégias de KM nas companhias. No entanto, o potencial
real e utilidade destes esquemas pode ser mal entendido sem uma reflexão no
significado atual do pensamento estratégico quando aplicado ao conhecimento. A idéia
deste paper é que a estratégia do conhecimento e o planejamento de uma companhia
requerem uma combinação e um diálogo contínuo entre diferentes abordagens.
4. Conclusão
Ao fazer a releitura dos papers, verificou-se que as estratégias da gestão do
conhecimento são um meio usado para mobilizar conhecimento com vista a atingir o
objetivo organizacional. As estratégias de GC deverão ser implementadas para aumentar
a efetividade do trabalho em gerenciamento do conhecimento e do trabalhador do
conhecimento e que atualmente não há nas culturas organizacionais de forma geral a
aplicação dessa estratégia no planejamento estratégico. As estratégias de GC podem ser
utilizadas para: i) necessidades de colaboração; ii) necessidades de melhoria de
desempenho; iii) necessidades de inovação, entre outras. É importante que se aplique as
estratégias de GC em processos críticos, aqueles prioritários a organização e que é
importante que se verifique as lacunas do conhecimento. Para que a gestão do
conhecimento possa efetivamente sustentar a sobrevivência e o desenvolvimento da
organização, ela precisa de várias ferramentas, sendo uma das mais utilizadas e
eficientes as comunidades de prática. Propõe-se que seja incentivado o surgimento de
cafés do conhecimento nas organizações e que se reúnam pessoas com interesses
mútuos para uma conversa aberta e criativa com ênfase no diálogo, no
compartilhamento de idéias que possam construir alternativas em torno de um
problema.
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