Estratégias de Intervenção em Crianças e Jovens com Deficiência Mental

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    Estratgias de Interveno em Crianas e Jovens

    com Deficincia Mental

    Incapacidade versus Deficincia

    No deve, como muitas vezes acontece, confundir-se incapacidade com

    deficincia (ver documentao relativa s classificaes, disponvel na

    plataforma). Primeira dever ser considerada como resultante dasegunda e inibidora do desempenho do sujeito. No caracterizando nunca

    a doena, deficincia na sua extenso e incidncia.

    A CIF (Classificao Internacional da Funcionalidade), segundo o Manual

    de Apoio Prtica (2008: 92), define incapacidade como sendo uma

    interaco dinmica entre a pessoa e factores contextuais. Esta viso

    integra um modelo inclusivo que pretende articular vrias dimenses da

    funcionalidade humana, ou seja, a funo biolgica, individual e

    social.

    Para a AAMR ( d i s p o n v e l n a p l a t a f o r m a ) i n c a p a c i d a d e ,

    significa a ausncia de capacidadepara concretizar uma tarefadentro dos padres considerados normais. Caracteriza-se pelo excesso

    ou falta na possibilidade de desempenho ou comportamento de uma

    actividade normal e resulta consequncia directa da deficincia ou da

    resposta do sujeito sobretudo ao nvel psicolgico, sensitivo e fsico.

    Pode ser permanente ou temporria, progressiva ou regressiva,

    reversvel ou irreversvel.

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    A incapacidade pode manifestar-se ao nvel do/a:

    Comportamento da conscincia de si e do outro;

    Relacionamento;

    Comunicao e fala;

    Audio e viso;

    Escrita;

    Cuidado e Higiene pessoais;

    Controle esfincteriano;

    Vesturio;

    Alimentao pessoal;

    Locomoo e Ambulao;

    Motricidade;

    Subsistncia (incapacidades no desempenho das tarefasdomsticas);

    Destreza;

    Actividades da vida diria e manuais;

    Dependncia e resilincia;

    Aptides Particulares

    ()

    A multiplicidade de deficincias e, consequentemente, incapacidades

    dificultam a integrao destes sujeitos.

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    1. Estratgias que podem ser adoptadas pelos professores aquando dotrabalho com alunos com NEE

    Podero ser tidas em considerao e implementadas determinadas

    estratgias de ensino/aprendizagem sugeridas por Mastropieri e

    Scruggs (1994):

    Colocar os alunos com nas primeiras fi las para melhor se

    perceber a problemtica e dificuldades do aluno;

    Estar atento apresentao oral, cuidando particularmente da

    estrutura gramatical, clareza do discurso, evitando as

    redundncias. Adequar o ritmo s necessidades do aluno e incutir

    o entusiasmo, promovendo o envolvimento;

    Desenvolver actividades incentivadoras da aprendizagem, como

    experincias multissensoriais por exemplo;

    Sempre que se mostre necessrio recorrer a adaptaes nas

    tarefas de leitura;

    Realizar intervalos durante a aula;

    Utilizar vrios mtodos de ensino;

    Enfatizar a explicao e os pontos mais importantes que se

    pretendem transmitir;

    Recorrer a tecnologias de suporte miltimdia (computadores

    vdeos, gravadores), visto o seu uso estimular e contribuir

    para o sucesso acadmico das crianas com NEE.

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    2. Estratgias em Crianas com Deficincia Mental (Nielsen,

    1999 e Speck, 1978, cit. In Bautista, 1997)

    Definir objectivos reais;

    Recorrer a objectos concretos;

    Dividir as actividades em pequenos segmentos e explicar mais

    que uma vez esses procedimentos;

    Recurso ao ensino individualizado. Este revela-se positivo quanto

    apreenso de conceitos, podendo ser criado na sala de aula

    espao para o desempenho de actividades tendo em conta uma

    referncia particular;

    Distribuir menos trabalhos escritos;

    Desempenhar tarefas que recorram a situaes do dia-a-dia

    por forma a desenvolver competncias de trabalho;

    Distribuir informao documentada quanto aos trabalhos a

    realizar;

    Integrar estes sujeitos em profisses no individualizadas;

    Considerar as suas potencialidades individuais;

    Criar uma relao directa com os objectos;

    Subdividir o ensino por etapas;

    Repetir vrias vezes o mesmo processo de aprendizagem;

    Associar a linguagem aco;

    Educar para as aprendizagens sociais e afectivas;

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    3. O Currculum

    Os alunos com deficincia mental esto sujeitos a um currculo com os

    mesmos princpios filosficos de qualquer outro curriculum que

    determinam a relao ensino/aprendizagem tendo em conta a concepo

    da pessoa, o modelo de sociedade e os princpios pedaggicos. Os

    objectivos educacionais a que obedece o sistema de ensino bsico

    so os mesmos para os alunos com deficincia mental, articulados na

    Lei n. 46/86 (Lei de Bases do Sistema Educativo. Desta forma, esses

    objectivos so os seguintes:

    reforo da formao geral;

    desenvolvimento de aptides genricas para a vida activa e

    hbitos de trabalho (Carrilho Ribeiro, 1990)

    Os objectivos estratgicos deste currculo pretendem-se especficos,pelo que devero:

    permitir ao aluno o mximo desenvolvimento pessoal nas suas

    vertentes individual e social, respeitando o direito diferena;

    incidir nos aspectos fsicos, afectivos e intelectuais, de forma

    global, em cada momento evolutivo e em funo dos diferentes

    contextos vivenciais (Van Gennep, 1985).

    O professor deve ter abertura e flexibilidade suficientes para explorar

    todos os meios por forma a contribuir para que os alunos adquiram o

    mximo de desenvolvimento pessoal e participem na vida familiar, no

    ciclo de amigos e na sociedade.

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    Segundo Zabalza (2000) o curriculum deve:

    Centrar-se na escola do ponto de vista do programa e atender a

    necessidades que resultem das condies sociais e culturais;

    Estar relacionado com os recursos do meio ambiente e ser

    flexvel, ou seja, deve poder ajustar-se s caractersticas do

    local, bairro ou lugar e utilizar todos os recursos disponveis do

    meio;

    Ser consensual, onde se renem esforos por parte de toda a

    comunidade social, inclusive por parte dos pais;

    Incidir, directa ou indirectamente, nas experiencias dos alunos,

    devendo integr-las num projecto formativo em que envolva o

    ensino desde o nvel pr-escolar at ao extra-escolar, bem como

    os domnios cognitivo e afectivo, a dinmica familiar, social e

    escolar.

    Para Leite (2003), o curriculum nacional deve ajustar-se s realidades

    locais, podendo este ajustamento ser conseguido atravs do projecto

    curricular da escola, devendo os professores assumir um papel activo.

    Segundo a A. no parece ser suficiente as escolas constiturem

    exclusivamente um meio/local de instruo, serem detentoras deinformao e limitarem-se a transmiti-la. Devem e tm de participar na

    educao e formao das crianas e jovens que a frequentam.

    Actualmente, verifica-se uma cada vez maior necessidade de, na escola

    e no curriculum, educar para a formao social e pessoal e para a

    cidadania de forma a q u e p o s s a m o s aprender a viver

    juntos, aprender a viver com os outros (Delors et al.,1996:.90).

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    Nesta perspectiva surgiu um novo conceito de curriculum assente no

    objectivo de criar condies p a r a que cada aluno aprenda a

    crescer, a ser e a tornar-se. Fala-se ento, num currculo vivido de

    aco que seja um curriculum real que se mostre capaz de inserir a

    criana e o jovem na sua realidade circundante. Defende-se, ento, a

    abertura da escola e dos seus tcnicos ao desenvolvimento de

    estratgias e criao de condies pedaggicas que englobem todos e

    promovam crescimento e autonomia.

    Bautista, (1997) defende ser benfico para as crianas com NEE ocontacto com as crianas da classe regular uma vez que a educao no

    produz efeito apenas pelas vias formais da relao professor/aluno, mas

    tambm atravs da imitao do comportamento observado e da

    interaco com os seus pares, fomentando-se assim, e

    consequentemente, a aprendizagem e o desenvolvimento individual.

    Deve ainda referir-se, relativamente s estratgias de aprendizagem e

    reabilitao de crianas com deficincia mental, que essencial que

    dentro da sala de aula seja criado um ambiente de interaces positivas

    de forma a suscitar o interesse e a ateno da criana e para atingir os

    objectivos gerais e especficos (complementar a informao com a

    leitura dos documentos relativos s estratgias comportamentais j

    disponveis na plataforma).

    4. Princpios da aprendizagem compatveis com diferentes NEE

    Os princpios que a seguir se enumeram permitem conhecer e

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    sintetizar parte do que se considera ser a base da aprendizagem

    compatvel com o crebro na sala de aula inclusiva e assim realizar uma

    prtica pedaggica dinmica, activa e enriquecedora, tanto para os

    alunos, como para os docentes.

    1) A aprendizagem interactiva e colaborativa porque o crebro

    um rgo social: atravs da cooperao e da partilha de pareceres

    e de opinies nos trabalhos em equipa, a aprendizagem torna-se

    mais significativa. A interaco com os outros pode alterar alguns

    condicionamentos genticos, melhorar os processos cognitivos,

    melhorar a ateno e a memria e alterar a resposta perante os

    estmulos stressantes;

    2) Partir dos conceitos pr-adquiridos pelos alunos: atravs da

    ligao/ancoragem das novas informaes s j adquiridas que os

    alunos conseguem aprender e apreender a informao de forma mais

    duradoura/eficaz.

    3) As diferentes emoes, a ansiedade e o stress podem constituir

    factores impeditivos da aprendizagem. Desta forma o professor dever

    dirigir a sua aula incutindo o sentimento de segurana e confiana naaprendizagem dos alunos, valorizando os seus pequenos progressos (no

    devendo exteriorizar a sua (do docente) frustrao face a tentativas

    mal sucedidas);

    4) A aprendizagem envolve sempre processos conscientes e

    inconscientes: os alunos devem ser levados a reflectir sobre as

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    suas aquisies para uma melhor auto-avaliao dos conhecimentos.

    5) A aprendizagem processada pelos diversos caminhos neurais:

    o crebro envolve-se como um todo na aprendizagem e as memrias vo-

    se armazenando um pouco por todo o crebro, da dever haver um

    reforo das estratgias atravs da multi-estimulao da aprendizagem

    para garantir um melhor inpute armazenamento da informao.

    6) Cada crebro tem uma organizao nica e aprende de forma

    diferente: o docente deve olhar para cada aluno como um ser

    exclusivo, diferente de todos os outros e trabalhar de forma

    diferenciada, tirando partido dos seus pontos fortes e estimulando

    os seus pontos fracos.

    7) Os alunos precisam de viver com hbitos saudveis para poder

    aprender melhor: hbitos como a alimentao e o sono, so

    fundamentais para proporcionar ao crebro e ao corpo os nutrientes e o

    descanso que precisam para obter um funcionamento eficaz. A

    abundante ingesto de gua, tambm , fundamental para limpar o

    organismo dos educandos e levar oxignio a todas as clulas. Corpo

    e mente devem estar cuidados e em boas condies para que aaprendizagem tambm possa ser potenciada.

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    Bibliografia e Referencias Bibliogrficas

    Bautista, R. (1997). Necessidades Educativas Especiais. Lisboa: DinaLivro

    Educao Especial: Manual de Apoio Prtica, (2008). Ministrio da Educao,Direco Geral de Inovao e de Desenvolvimento Curricular. Lisboa.

    Leite, C. (2003). Para uma escola curricularmente inteligente. Porto: Edies ASA.

    Madureira, M. & Leite, T. (2003). Necessidades Educativas especiais. Lisboa:Universidade Aberta.

    Morato, P.P. (1998). Deficincia Mental e Aprendizagem. Lisboa: Edio doSecretariado Nacional para a Reabilitao e Integrao das Pessoas com Deficincia.

    Nielsen, l. (1999). Necessidades Educativas Especiais na Sala de Aula.Porto: PortoEditora.

    Rodrigues, D. (2003). Perspectivas sobre a Incluso: Da Educao Sociedade.

    Porto: Porto Editora.

    Santos, S. & Morato, P.P. (2002). Comportamento Adaptativo. Porto: Porto Editora.

    Verdugo, M. e Bermejo, B. (2001). Atraso Mental, Adaptao Social e Problemas deComportamento.Amadora. McGraw-Hill